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Possibilidades de aplicação de ferramentas de análise da ventilação natural durante a concepção de projetos arquitetônicos

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SBQP 2009

Simpósio Brasileiro de Qualidade do Projeto no Ambiente Construído

IX Workshop Brasileiro de Gestão do Processo de Projeto na Construção de Edifícios

18 a 20 de Novembro de 2009 – São Carlos, SP – Brasil

Universidade de São Paulo

Possibilidades de aplicação de ferramentas de

análise da ventilação natural durante a concepção

de projetos arquitetônicos

Application possibilities for natural ventilation analysis tools during the architectural design process

Cristiane BUENO

Arquiteta e Urbanista, Mestranda pela Escola de Engenharia de São Carlos - USP | e-mail: cbueno@sc.usp.br | CV Lattes:http://lattes.cnpq.br/2049901634471620 |

Karin Maria Soares CHVATAL

Professora Doutora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Escola de Engenharia de São Carlos - USP | e-mail: karin@sc.usp.br | CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/1750922177137097 |

RESUMO

Na maior parte dos climas brasileiros, a ventilação natural deve ser uma das estratégias de projeto para garantir o conforto e a economia de energia nos edifícios. Para garantir a eficácia dessa estratégia é essencial pensar nos seus requisitos desde a fase de concepção do projeto, e há programas computacionais que podem auxiliar nesse processo. O objetivo desse trabalho é o levantamento de algumas das principais ferramentas de simulação computacional de ventilação disponíveis e análise de suas potencialidades de uso para estudantes, profissionais e pesquisadores da área de projeto do edifício. As ferramentas foram classificadas de acordo com suas características e possibilidades de utilização, abrangendo-se vários aspectos, tais como os dados de entrada, existência ou não de bancos de dados, os tipos de análises possíveis e de resultados, entre outros. Os resultados dessa classificação foram colocados em tabelas, de modo a facilitar a comparação dos programas e a seleção do(s) mais adequado(s) para o caso em questão.

Palavras-chave: Ventilação natural. Ferramentas de projeto. Simulação computacional.

ABSTRACT

In most Brazilian climates, natural ventilation should be one of the strategies for design to ensure the comfort and energy saving in buildings. To ensure the effectiveness of this strategy is essential to think of your requirements during the design process, and there are computer software that can assist in this process. The aim of this work is the survey of some of the main ventilation computer simulation tools available and analysis of its potential use for students, professionals and researchers in the building design field. The tools were classified according to their characteristics and possibilities of use, analyzing various aspects such as data entry, databases availability, types of possible analysis and results, among others. The classification results are placed in tables to facilitate software comparison and selection of the more appropriate software for each case.

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INTRODUÇÃO

Em grande parte dos climas encontrados no Brasil, a ventilação natural deve ser uma das estratégias de projeto para se garantir a qualidade e a economia de energia dos edifícios. A Norma NBR 15220 (ABNT, 2005), que apresenta o Zoneamento Bioclimático Brasileiro, indica a ventilação natural como estratégia de condicionamento térmico passivo em 7 das 8 zonas nas quais o país foi subdividido. Esse tipo de recomendação é oriundo da plotagem dos dados climáticos médios de várias cidades brasileiras em uma versão adaptada para o Brasil da Carta Bioclimática de GIVONI (1992). As recomendações para a ventilação natural variam entre ventilação cruzada permanente, durante todo o ano, para a zona 8, ventilação cruzada no Verão, nas zonas 2, 3 e 5 e ventilação seletiva (nos períodos quentes, quando a temperatura exterior for menor que a interior), nas zonas 4, 6 e 7 (Figura 1).

Figura 1- Zonas bioclimáticas brasileiras. Fonte: ABNT (2005).

Pensar nos requisitos de ventilação natural durante as primeiras etapas de desenvolvimento do projeto é essencial para garantir a eficácia dessa estratégia. É nessa fase inicial que são definidos a implantação, a orientação, a volumetria, a proporção geral entre área transparente e opaca e os principais materiais constituintes do edifício. Através da adoção de edifícios naturalmente ventilados, ou mesmo de sistemas híbridos, nos quais o condicionamento artificial é acionado apenas quando a ventilação natural não for suficiente para gerar o conforto, garante-se a redução de seu consumo de energia. Nesses casos, o condicionamento artificial não é considerado como um elemento paliativo, mas é adotado de forma consciente.

Um desafio ao arquiteto é conciliar as necessidades de ventilação com as exigências de insolação do local, além de tantas outras exigências projetuais, e ter como resultado final um edifício que seja confortável, funcional e apresente qualidade estética. Esse processo de síntese é extremamente complexo.

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Existem programas computacionais que simulam com elevado grau de confiabilidade o movimento de ar no interior dos edifícios. No entanto, justamente devido à sua complexidade, a sua utilização restringe-se a pesquisadores e especialistas, sendo mais adequados para avaliações do desempenho de projetos que necessitam de análises específicas ou para edifícios já existentes. Também encontram-se disponíveis ferramentas computacionais mais simples, as quais constituem fortes aliadas no processo de concepção conceitual, sendo de grande interesse sua divulgação entre estudantes, profissionais e pesquisadores da área (AUGENBROE, 2002).

Tendo em vista a importância da ventilação natural e com o intuito de contribuir para a utilização de ferramentas computacionais desde a fase de concepção de projetos arquitetônicos, surgiu o presente trabalho, que apresenta um levantamento de softwares simples, voltados especificamente à ventilação natural. Essas ferramentas podem tanto contruibuir para a prática projetual, quanto serem utilizadas no âmbito do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da EESC/USP, devido ao seu grande apelo didático.

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OBJETIVOS

Levantamento e classificação de ferramentas de análise da ventilação natural de edifícios com relação à suas possibilidades de aplicação em projetos arquitetônicos, desde a fase de concepção, onde são definidas a sua implantação, orientação, a volumetria do edifício, a proporção geral entre área transparente e opaca e os seus principais materiais constituintes. A intenção final é incentivar o uso dessas ferramentas no âmbito do curso de graduação em Arquitetura e Urbanismo da EESC/USP, além de contribuir para o seu uso durante a prática projetual.

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MÉTODO DE PESQUISA

Primeiramente foi feita uma busca na bibliografia sobre o tema para a coleta das principais ferramentas existentes. Os programas foram devidamente referenciados, com indicação do endereço onde podem ser encontrados para download. Após uma verificação preliminar, foram definidos critérios de classificação que pudessem representar o seu potencial de uso. Esses critérios são apresentados na sequência, subdivididos em duas categorias (possibilidades de utilização e características das ferramentas). As informações referentes aos mesmos foram coletadas através da utilização propriamente dita dos softwares.

(A) Possibilidades de utilização das ferramentas.

• Tipos de análises possíveis. Aspecto colocado em primeiro lugar, para possibilitar a indicação direta do potencial de uso do programa em questão. Indica-se também se as análises são qualitativas ou quantitativas.

• Dados de entrada. Indica os dados de entrada necessários para o funcionamento do programa.

• Forma de entrada de dados. Indica o nível de complexidade da entrada dos dados. • Tipos de resultados. Forma de apresentação dos resultados (se visual, numérica ou

em gráficos).

• Fase de projeto para aplicação. Se durante a concepção, estudo preliminar ou anteprojeto.

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(B) Características das ferramentas.

• Disponibilidade. Se gratuita ou não, e se há versão demonstrativa (demo). • Modelo de base.

• Banco de dados. Existência ou não de bancos de dados climáticos, de materiais, ou outros. Características específicas desse banco de dados.

• Limitações ou informações adicionais. São indicadas as restrições do programa nos mais variados aspectos, como por exemplo, no banco de dados, na disponibilidade do programa, nos dados de entrada, etc, ou quaisquer informações adicionais que sejam necessárias.

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram escolhidas 13 ferramentas para análise, cujas informações são indicadas nas Tabelas 1 e 2, de acordo com os critérios de classificação estabelecidos na metodologia. Na Tabela 1, tem-se as possibilidades de utilização das ferramentas e na Tabela 2, algumas de suas características. Dessa forma, é possível ter-se as informações essenciais sobre cada programa de forma objetiva, o que facilita a comparação entre as possibilidades existentes e a escolha do mais adequado para o caso em questão.

Programa Tipos de análises possíveis Dados de entrada Forma de entrada dos dados Tipos de resultado s Fase de projeto para aplicação 1. Analysis Bio (LABEEE, 2009a) Qualitativa (análise do clima com indicação das estratégias bioclimáticas, dentre as quais pode estar a necessidade de ventilação natural) Dados climáticos de temperatura e umidade relativa do relativa do ar

Fácil Visual Concepção

2. Sol-Ar (LABEEE, 2009b)

Quantitativa e qualitativa (a) Rosa dos ventos do local (b) Desenho de máscaras de sombra na Carta Solar (a) Escolha da cidade do banco de dados ou inserção do arquivo de dados anuais (b) latitude, dimensões dos dispositivos de proteção, etc. Fácil (preencher os dados) (a) Visual e numérico (rosa dos ventos) (b) Visual (máscara de sombra na carta solar) Concepção Estudo preliminar Anteprojeto 3. Climaticus (FAUUSP, 2005) Quantitativa (a) Coleta de dados climáticos de ventos (b) Desempenho térmico do edifício (a) Escolha da cidade do banco de dados (b) volume do ambiente, pé direito, aberturas, etc. Fácil (preencher os dados) Numérico (tabela e gráfico) Concepção Estudo preliminar Anteprojeto

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Programa Tipos de análises possíveis Dados de entrada Forma de entrada dos dados Tipos de resultados Fase de projeto para aplicação 4. Arquitrop (RORIZ; BASSO, 1990) Quantitativa (a) Coleta de dados climáticos de ventos (b) Desempenho térmico do edifício (a) Escolha da cidade do banco de dados (b) dimensões do edifício, materiais, aberturas etc. Fácil (preencher os dados) Numérico (tabela e gráfico) Concepção Estudo preliminar Anteprojeto 5. Fluxovento (CARVALHO; MARTHA, 2005) Qualitativa (direção e sentido do fluxo de ar no ambiente) Modelo em planta ou em corte Fácil (desenho no próprio programa) Visual (fluxo de ar em planta e em corte) Concepção Estudo preliminar Anteprojeto 6. Chaminé (ALUCCI, 2006) Quantitativa (condições de ventilação para remoção da carga térmica devido ao efeito chaminé) Volume do ambiente, pé direito, aberturas, etc. Fácil (preencher os dados) Numérico (tabela e gráfico) Concepção Estudo preliminar Anteprojeto 7. Lesocool (FLOURENTZOU et al, 1996). Quantitativa (potencial de resfriamento e o risco de sobreaquecimen to em um edifício ventilado mecânica ou naturalmente) Área e material da primeira camada da parede, a dimensão das aberturas, etc. Fácil (preencher os dados) Numérico (tabela e gráfico) Concepção Estudo preliminar Anteprojeto 8. Aiolos 1.0 (REHVA, 2009) Quantitativa (fluxo de ar global da edificação, otimização do tamanho das aberturas, entre outros) Volume do ambiente, pé direito, aberturas, etc. Preenchim ento dos valores de dificuldade mediana Numérico (tabela e gráfico) Estudo preliminar Anteprojeto 9. Aeoluz MZ (CASTRO; BASTOS; VIRGONE, 2004) Quantitativa Volume do ambiente, pé direito, aberturas, etc. Preenchim ento dos valores de dificuldade mediana Numérico (tabela e gráfico) Estudo preliminar Anteprojeto 10. Contam (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2009a) Quantitativa Modelo em planta, volume do ambiente, pé direito, aberturas, informações do sistema de ar condicionado, etc. Desenho e preenchime nto dos valores complexos Numérico Estudo preliminar Anteprojeto

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Programa Tipos de análises possíveis Dados de entrada Forma de entrada dos dados Tipos de resultados Fase de projeto para aplicação 11. Comis (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2009b) Quantitativa Volume do ambiente, pé direito, aberturas, informações do sistema de ar condicionado, etc. Preenchim ento dos valores complexo Numérico Estudo preliminar Anteprojeto 12. Airpak (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2009c) Quantitativa e Qualitativa Modelo em planta ou em corte, e informações de volume do ambiente, pé direito, aberturas, etc. Preenchim ento dos valores e desenho no próprio programa de dificuldade mediana Numérico Visual Concepção Estudo preliminar Anteprojeto 13. EnergyPlus (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2009d) Quantitativa Volume do ambiente, pé direito, aberturas, informações do sistema de ar condicionado, etc. Preenchim ento dos valores complexo Numérico Estudo preliminar Anteprojeto

Tabela 1. Possibilidades de utilização das ferramentas (continuação) Programa Modelo de base Disponibi-lidade Banco de dados Limitações / Informações adicinais 1. Analysis Bio (LABEEE, 2009a) Carta bioclimática de GIVONI adaptada

Gratuito Possui - Banco de dados de várias cidades brasileiras, com possibilidade de inclusão de novos dados;

- Restrito apenas à análise climática e identificação das estratégias bioclimáticas. 2. Sol-Ar (LABEEE, 2009b) Obtenção da rosa dos ventos para freqüência de ocorrência dos ventos e velocidade média para cada estação do ano em oito orientações (N, NE, L, SE, S, SO, O, NO).

Gratuito Possui - Banco de dados de ventos das principais capitais brasileiras, com possibilidade de inclusão de novos dados (arquivo de dados anuais).

3. Climaticus (FAUUSP,

2005)

Monozona Gratuito Possui - banco de dados de ventos das principais capitais brasileiras, com possibilidade de inclusão de novos dados (arquivo de dados anuais). Tabela 2. Características das ferramentas

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Programa Modelo de base Disponibi-lidade Banco de dados Limitações / Informações adicinais 4. Arquitrop (RORIZ; BASSO, 1990)

Monozona Gratuito Possui - banco de dados de ventos não atualizado (de 1970 a 1990).

5. Fluxovento (CARVALHO; MARTHA, 2005)

Gráfico Gratuito Não possui

- ferramentas limitadas para desenho no software;

- o vento tem sempre a mesma direção. A planta deve ser desenhada de forma rotacionada de modo a representar a incidência correta dos ventos predominantes do local;

- incapacidade de simulação para plantas complexas.

6. Chaminé (ALUCCI, 2006)

Monozona Gratuito Não

possui

- cálculo de efeito chaminé de forma isolada, não considerando interações com ventilação cruzada. 7. Lesocool

(FLOURENTZOU

et al, 1996).

Multizona Pago, com versão demo disponível para download Não possui

- não pode simular paredes de múltiplas camadas e finas;

- o período de simulação não deve exceder a poucos dias;

- as zonas devem ser ventiladas em série, sem bifurcação.

8. Aiolos 1.0 (REHVA, 2009)

Multizona Pago Possui - dificuldade de acesso ao software; - complexidade de entrada de dados. 9. Aeoluz MZ (CASTRO; BASTOS; VIRGONE, 2004)

Multizona Pago Não

possui

- dificuldade de acesso ao software e de informações sobre o mesmo.

10. Contam 2.4 (U.S. DEPARTMENT

OF ENERGY, 2009a)

Multizona Gratuito Não possui

- complexidade de entrada de dados.

- interface pouco amigável.

11. Comis (U.S. DEPARTMENT

OF ENERGY, 2009b)

Multizona Gratuito Não possui

- complexidade de entrada de dados.

- interface pouco amigável.

12. Airpak (U.S. DEPARTMENT

OF ENERGY, 2009c)

Multizona Pago, com versão demo disponível para download Não possui - dificuldade de acesso ao software; - complexidade de entrada de dados. 13. EnergyPlus (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2009d)

Multizona Gratuito Não possui

- complexidade de entrada de dados.

- interface pouco amigável.

Tabela 2. Características das ferramentas (continuação)

O primeiro passo durante a fase de concepção do projeto constitui na análise do clima do local, para a verificação das estratégias bioclimáticas mais adequadas, dentre as quais a ventilação natural pode ou não estar incluída. Portanto, a primeira ferramenta indicada é o programa Analysis Bio (LABEEE, 2009a), que faz um diagnóstico do clima do local e fornece

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as recomendações de projeto, através da carta bioclimática de Givoni adaptada. Não é, portanto, um software de ventilação natural propriamente dito, mas é extremamente útil durante a fase de concepção, para a indicação do quanto essa estratégia pode ser necessária.

Em seguida, para que o projeto apresente adequadas condições de ventilação natural, devem ser considerados os ventos predominantes do local. Nesse caso, os softwares SOL-AR (LABEE, 2009b), Climaticus (FAUUSP, 2005) e Arquitrop (RORIZ; BASSO, 1990), podem ser importantes ferramentas de apoio, uma vez que possuem bancos de dados com informações de velocidade e direção dos ventos de algumas das principais cidades brasileiras, com acesso gratuito e interface amigável.

Já a partir do momento em que se iniciam os primeiros desenhos do edifício, pode ser utilizado o software Fluxovento. Ele fornece os fluxos de ventilação de forma gráfica, a partir da inserção da planta do edifício (a qual deve ser desenhada de forma simplificada no próprio software), posicionada de acordo com a direção do vento predominante na localidade. O produto final da simulação é substancialmente gráfico, bidimensional e qualitativo, não fornecendo nenhum resultado numérico de fluxos de ventilação. Entretanto seu uso pode ser bastante útil para posicionamento de aberturas de forma a estabelecer estratégias eficientes de ventilação cruzada na fase de concepção projetual (CARVALHO; MARTHA, 2005). A maior limitação desse programa é sua ferramenta de desenho, que só permite geometrias muito simples.

A ventilação natural pode dar-se não somente devido aos ventos, mas também devido à diferença de temperatura e para tal consideração, há o programa Chaminé (ALUCCI, 2006), desenvolvido pelo Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (LABAUT). Os dados de entrada são o volume do ambiente, pé-direito, diferença de temperatura interna e externa, características das aberturas e carga térmica a ser removida. O software fornece informações da zona neutra de ventilação, vazões de entrada e saída de ar e número de renovações, fornecendo como produto final uma avaliação das condições de ventilação para remoção de carga térmica. Por ser bastante simplificado, de entendimento imediato, também pode ser utilizado nas fases de concepcão projetual e anteprojeto, para análise e definição de estratégias de ventilação por efeito chaminé.

Outra ferramenta que pode ser bastante útil é o programa Lesocool, um programa simples para a avaliação do potencial de ventilação de resfriamento, que calcula o potencial de arrefecimento e o risco de sobreaquecimento em um edifício ventilado mecânica ou naturalmente. Pode também levar em conta os ganhos de calor convectivo ou radiativo. Os parâmetros de entrada necessários são a temperatura externa, a superfície e material da primeira camada da parede, a dimensão das aberturas e os horários para ganho de calor e ventilação. O programa tem uma interface padrão para não-especialistas em construção e uma edição profissional, com mais funções. Este software não pode simular paredes de múltiplas camadas e finas, e o período de simulação não deve exceder a poucos dias. Para a modelagem multizona, as zonas devem ser ventiladas em série, sem bifurcação (FLOURENTZOU et al, 1996).

Para análises um pouco mais detalhadas, o Aiolos é um software que apresenta variadas potencialidades de simulação, entre as quais podemos salientar: simulação do fluxo de ar global de uma edificação através de taxas simuladas em cada zona independentemente; cálculo das taxas de fluxo de ar através de cada uma das aberturas no edifício; simulação do processo de otimização para a determinação do tamanho adequado para a abertura; simulação de modelos paramétricos para o cálculo do coeficiente de pressão sobre superfícies exteriores e simulação de modelos térmicos para a avaliação do impacto das diferentes estratégias de ventilação natural sobre o comportamento térmico do edifício (REHVA, 2009).

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Uma variação nacional da ferramenta citada acima, o Aeoluz MZ, simula os fluxos de ar internos ao edifício em suas múltiplas zonas a partir da inserção de dados de dimensões externas do edifício, direção do vento conforme a fachada principal, velocidade do vento de acordo com o clima, densidade urbana do entorno, volumes das zonas, área e pé direito de cada zona, número de pessoas na zona, temperatura interna, porcentagem de fumantes, tipo de ambiente interno e atividade realizada na zona, assim como dados sobre as aberturas (CASTRO; BASTOS; VIRGONE, 2004).

Quando se deseja efetuar estudos mais detalhados, que se baseiam em métodos de maior complexidade, há a necessidade de uso de programas que demandam maior tempo de aprendizagem e conhecimento mais aprofundado dos fenômenos físicos envolvidos. Como por exemplo, o software Contam 2.4, que requer os seguintes dados de entrada: representação gráfica esquemática do edifício, como os conjuntos de paredes que formam as zonas; dados de temperatura das zonas; fugas do fluxo de ar através das paredes e pisos; sistemas de ventilação mecânica e de fluxos; fontes contaminantes; eficiências de filtragem e dados meteorológicos e contaminantes do ambiente. Os produtos finais da simulação consistem em gráficos de zonas de pressão, concentrações de contaminantes e renovações de ar, taxas de fluxo aéreo inter-zonal e de todo o edifício com o seu exterior (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2009a). Apesar de oferecer resultados abrangentes, a dificuldade de inserção de dados e trabalho com a interface do software acabam por restringir o seu uso, que fica limitado a profissionais especializados.

Outro software complexo é o Comis (Conjunction of Multizone Infiltration Specialists), que simula a distribuição de fluxos de ar e transporte de poluição para edifícios de estrutura multizona, levando em consideração ventos, efeito chaminé e ventilação mecânica (sistemas de condicionamento do ar). A partir da inserção de dados dos sistemas de ventilação mecânica e natural, horários de operação e dados climáticos, o software fornece informações sobre a ventilação por hora, assim como também pode oferecer representações gráficas. (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2009b). Sua interface e utilização complexas, exigem alto grau de conhecimento e especialização, dificultando também a disseminação de seu uso durante o processo de projeto de arquitetura.

Mais um exemplo de programa complexo é o Airpak, um software de prototipagem virtual que permite uma modelagem precisa do fluxo de ar, transferência de calor, transporte de contaminantes, e conforto térmico no sistema de ventilação, bem como a construção de fluxos externos. Para a entrada de dados é necessário construir modelos com as ferramentas no próprio software ou importados com geometrias do Autocad, especificando o sistema de ventilação, incluindo tipos, taxas de fluxo de ar, temperaturas, locais de captação e difusão de ar; definindo cargas térmicas internas e as condições. Os produtos finais do software são animações, imagens e taxas de ventilação, podendo ainda gerar automaticamente relatórios detalhados quantitativos especificados pelo usuário (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2009c).

Finalmente, outro programa bastante difundido atualmente para a análise do desempenho termo-energético de edificações, o EnergyPlus (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2009d). No que se refere mais especificamente à ventilação natural, o programa permite a sua simulação através de um método de cálculo que usa como base o modelo AIRNET (WALTON, 1989), o qual pode ser considerado simplificado, se comparado aos modelos CFD (“computational fluid dynamics”). A sua maior limitação é não calcular o coeficiente de pressão do vento em edifícios de formato não retangular. Nesses casos, os coeficientes já devem ser fornecidos diretamente ao programa, podendo ser obtidos em ensaios de túnel de vento, programas CFD ou em publicações específicas. Os dados de saída do programa relacionados à ventilação natural são os seguintes: volume de ar e o número de renovações por hora provenientes do exterior em cada zona, o volume referente às trocas de ar interiores, em cada zona térmica e as cargas térmicas devido à ventilação (U.S. DEPARTMENT OF ENERGY, 2009 e).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre os softwares disponíveis podemos encontrar ferramentas de menor ou maior complexidade, e consequentemente fornecedoras de resultados mais ou menos acurados e específicos. Importante notar que as ferramentas citadas nesse estudo abrangem as necessidades de análise que ocorrem desde o processo de concepção conceitual do projeto do edifício. A escolha do programa a ser utilizado está diretamente relacionada com a demanda por tipos diferentes de informações, complexidade de análise e exatidão dos resultados.

Programas mais simplificados demonstram-se extramamente úteis como ferramentas de apoio à concepção de estratégias de ventilação natural nas estapas iniciais de projeto, funcionando muitas vezes não como ferramentas de análise propriamente dita, mas, mais efetivamente, como instrumentos de apoio à tomada de decisão pelo projetista. Por outro lado, ferramentas de maior complexidade são ideais para casos que requerem uma avaliação quantitativa mais acurada, fornecendo resultados de forma mais confiável e com menores aproximações.

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REFERÊNCIAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 15220: Desempenho Térmico de edificações. Parte 3: Zoneamento Bioclimático brasileiro e diretrizes construtivas para habitações unifamiliares de interesse social. Rio de Janeiro, 2005.

ALUCCI, M. Chaminé 2.5. Universidade de São Paulo, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, LABAUT - Softwares de Conforto. São Paulo, 2006. Disponível em

http://www.usp.br/fau/pesquisa/laboratorios/labaut/conforto/index.html. Acessado em:

17.mar.2009.

AUGENBROE, Godfried. Trends in building simulation. Building and Environment. Volume 37, Issues 8-9, Agosto-Setembro 2002, páginas 891-902.

CARVALHO, C. V. A. e MARTHA, L. F.. FLUXOVENTO – Programa para Análise de Ventilação em Ambientes Construídos – Versão 1.0. Rio de Janeiro, 2005. Disponível em

http://www.tecgraf.puc-rio.br/etools/fluxovento/. Acessado em: 17.mar.2009.

CASTRO, E.B.P.; BASTOS, L. e VIRGONE J. AEOLUZ MZ – Um Código Computacional para Predição da Ventilação Natural e Qualidade do Ar nas Edificações. Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2004.

FEDERATION OF EUROPEAN HVAC ASSOCIATIONS (REHVA). What can Aiolos do? Project Save 13 - Energy Efficient Integrated Building Design in Urban Environment. Disponível em www.ee.uni-lj.si/SAVE13/aiolos.pdf. Acessado em: 20.mar.2009.

FLOURENTZOU, F.; VAN DER MAAS, J. e ROULET, C.-A. Lesocool. 1996. Leso-PB: Solar Energy and Building Physics Laboratory. Disponível em

http://lesowww.epfl.ch/transfert/logiciels/lesocool/lesocool-e.html. Acessado em: 22.jul.2009.

GIVONI, Baruch. Comfort, climate analysis and building design guidelines. Energy and Buildings. Volume 18, July 1992.

LABORATÓRIO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFICAÇÕES, LABEEE. Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Engenharia Civil. Analysis Bio, versão 2.1.5. 2009a. Disponível em http://www.labeee.ufsc.br/downloads/tabela_software.html.

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LABORATÓRIO DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA DE EDIFICAÇÕES, LABEEE. Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Engenharia Civil. Analysis Sol-ar. Versão 6.2. 2009b. Disponível em http://www.labeee.ufsc.br/downloads/tabela_software.html.

RORIZ, M.; BASSO, A. ARQUITROP Versão 3.0, São Carlos, SP, 1990.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO, FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO (FAUUSP). Softwares de Conforto. LABAUT. São Paulo, 2005. Disponível em

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Energy, Office of Building Technologies. disponível em

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energyplus/documentation.cfm. Acesso em 15-05-2009.

WALTON, G. N. (1989). AIRNET – A computer program for building airflow network modeling. NISTIR 89-4072. National Institute of Standards and Technology, Gaithersburg, Maryland, EUA.

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AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi apoiado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).

Referências

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