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Urbanização e seus impactos sobre os recursos hídricos 1

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Urbanização e seus impactos sobre os recursos hídricos

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Juliana de Fátima da Silva – IFTM – univetju@hotmail.com Aires Humberto de Oliveira – IFTM – aireshumberto@icloud.com

Renato do Valle Jr. Farias – IFTM – renato@iftm.edu.br Vera Lúcia Abdala – IFTM – vlabdala@iftm.edu.br Valter Machado Fonseca – pesquisa.fonseca@gmail.com

Resumo

O presente artigo trabalhou alguns conceitos relativos aos impactos que são gerados no meio urbano, quando relacionados aos recursos hídricos ali presentes. Nesse aspecto foram levantados dados relativos à estudos que já foram realizados a respeito do referido tema em outras localidades do país, aliado à isso foi levantado dados preliminares sobre as nascentes urbanas da cidade de Araxá – MG. Nessa cidade existe um projeto em andamento para mapeamento e caracterização inicial das nascentes e da percepção ambiental da população no entorno da mesma, esse estudo tem sido desenvolvido pelos mesmos autores do presente artigo. Nesse sentido esse artigo visa mostrar dados preliminares do referido estudo que vem sendo feito na cidade, usando as nascentes como demonstrativo dos impactos que são gerados no meio urbano e seus efeitos nos recursos hídricos.

Palavras-chave: Recursos Hídricos. Nascentes Urbanas. Impactos. Meio Urbano.

Introdução

Atualmente grandes são os impactos causados pelos diversos usos do solo no ambiente urbano. As atividades que são ali desenvolvidas podem vir a lançar efluentes líquidos ou gasosos, além de resíduos sólidos contaminando os diversos recursos naturais necessários para a manutenção da vida e das diversas atividades indispensáveis para o desenvolvimento, seja ela qual for. Levando-se em conta os recursos hídricos, esses impactos são ainda mais sentidos uma vez que todas as atividades sejam elas industriais, domésticas ou rurais, necessitam dele para que

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2 possam se desenvolver, seja como recurso primário ou como meio de lançamento dos efluentes gerados. Mancuso & Santos (2003) demonstraram a importância da água para alguns dos setores que mais a consomem, sendo eles: 65% utilizada pela agricultura, 25% pelas indústrias e 10% para diversos tipos de consumo urbano.

De acordo com Braga et al (2005), poluição do solo urbano advêm das diversas atividades econômicas típicas das áreas urbanas como indústrias, comércio, serviços diversos associados a quantidade de resíduos gerados pela quantidade excessiva de casas em um ambiente restrito.

Finnotti et al (2009), cita que os resíduos urbanos dispostos de forma inadequada são lixiviados pela água precipitada e podem vir a contribuir com a carga de poluentes que são direcionados para os rios. Outro tipo de impacto demonstrado pela autora diz respeito a remoção da vegetação das microbacias urbanas de uma forma geral para ocupação. Levando-se em conta a importância que essas áreas representam para a manutenção da qualidade e quantidade dos recursos hídricos o impacto dessa retirada é bastante significativo.

Outro ponto tratado pela mesma autora diz respeito as mudanças que o meio urbano causa no regime do ciclo hidrológico. Todas as etapas do mesmo são modificadas de alguma forma devido ao processo de urbanização. (FINNOTTI et al, 2009).

Trabalhar a questão das pressões sofridas pelo recursos hídricos no meio urbano representa algo muito complexo uma vez que deve-se levar em conta todos os fatores que incidem sobre o mesmo. Nesse aspecto existem algumas formas utilizadas para que se possa trabalhar e gerir todas as pressões direcionadas, nesse caso, para os recursos hídricos.

Uma dessas formas é o monitoramento dos recursos hídricos em meio urbano. Para essa técnica se faz necessário o conhecimento dos pontos críticos bem como das interferências sofridas nesses pontos para que, nesse caso, possa se trabalhar essas interferências. Para uma boa gestão é necessário conhecer a fundo o que se está a gerir, caso contrário essa gestão estará fadada ao fracasso.

Visando caracterizar essa importância o presente trabalho visou a revisão bibliográfica de alguns aspectos fundamentais para o monitoramento urbano bem como a demonstração de uma rede de monitoramento que está sendo implantada na cidade de Araxá, localizada no Alto Paranaíba, no estado de Minas Gerais.

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3 1. LEIS IMPORTANTES SOBRE O MEIO AMBIENTE URBANO

Infelizmente vemos nos grandes centros urbanos uma disparidade de acesso a recursos. Uma mesma região pode demonstrar duas realidades muito diferentes socialmente falando.

Foto 1: Área de mata ciliar em Araxá - MG Foto 2: Área de mata ciliar em Araxá - MG

Fonte: Autores, 2013 Fonte: Autores, 2013

Analisando essas duas fotos fica evidente a diferença de acesso de duas regiões próximas 200 metros na cidade de Araxá. A primeira foto representa uma área de mata ciliar de uma nascente urbana que se localiza ao lado do Centro Administrativo da Prefeitura de Araxá. Essa área é muito valorizada economicamente uma vez que está próxima aos órgãos municipais mais importantes da cidade. Essa valorização é observada na foto pela cerca que percorre todo o perímetro da nascente. Há certa preocupação da população com relação a importância da mata ciliar, e os órgãos públicos se mobilizam para realizarem atividades de conservação na área. Já a segunda foto mostra uma outra área a 200 metros de distância da primeira onde não há nenhuma preocupação com cercas, não são realizadas atividades de conservação e os moradores não possuem muito entendimento sobre conservação de mata ciliar, mas, em contrapartida, são mais pré-dispostos a atividades de conscientização do que o grupo de pessoas citados anteriormente.

Nesse contexto é possível observar que o Artigo 225 da Constituição Federal não é seguido nos centros urbanos. Em uma distância de 200 metros observou-se duas situações completamente diferentes.

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4 Seguindo a temática de análise de algumas leis referentes a áreas urbanas cita-se a Lei 11.445 de 2007, que trata sobre as diretrizes nacionais para o saneamento básico, dentre outros pontos. Nessa lei foram destacadas alguns artigos importantes, sendo eles:

Artigo 2º: Os serviços públicos de saneamento básico serão prestados com base nos seguintes princípios fundamentais: V – adoção de métodos, técnicas e processos que considerem as peculiaridades locais e regionais;

Artigo 48: A União, no estabelecimento de sua política de saneamento básico, observará as seguintes diretrizes:

V – melhoria da qualidade de vida e das condições ambientais e de saúde pública;

No segundo artigo selecionado observa-se a importância de se levar em conta as peculiaridades de cada região na questão da implantação do saneamento básico. O Brasil sendo um país continental possui singularidades em diversas regiões, e essas singularidades devem ser levadas em consideração, sejam elas relacionadas a operacionalidade do sistema de saneamento, questões sociais, financeiras, dentre outras.

No quadragésimo oitavo artigo verifica-se uma diretriz muito importante na Política Nacional de Saneamento Básico que é a melhoria continuada da qualidade de vida e condições ambientais e de saúde pública. Nesse artigo é verificado novamente o direito de acesso a todos a um meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Observando-se a temática do segundo artigo aqui destacado e seguindo a temática de análise da legislação brasileira sobre recursos hídricos e meio urbano, destaca-se a Lei 9.433 de 1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, dentre outros. Nessa lei observa-se novamente a questão da adequação da gestão às diversidades regionais do Brasil em seu artigo terceiro.

Artigo 3º: Constituem diretrizes gerais de ação para implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos: II – adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas, bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas regiões do Brasil;

Ao analisarmos a questão da importância da mata ciliar para áreas urbanas deve-se analisar a lei 12.651 de 2012 que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. Dentre alguns artigos importantes dessa lei pode-se citar os seguintes:

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5 Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por:

II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas;

Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei:

II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de:

b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas;

IV - as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros;

Analisando esses pontos aqui selecionados verifica-se o que vem a ser mata ciliar ou área de preservação permanente. Os artigos mostram a importância dessas áreas para a preservação dos recursos hídricos bem como outros fatores que estão atrelados aos mesmos, como a paisagem e a estabilidade geológica, dentre outros. Outro ponto importante dos trechos destacados é a metragem do raio das áreas de preservação permanente para nascentes, haja visto que cada cursos d’água possui uma metragem diferente. Um dos pontos mais importantes no trecho é a questão dessas áreas em ambientes urbanos que na lei anterior, Lei 4.771 de 1.965, era estipulada a metragem de acordo com o plano diretor e a lei de uso e ocupação do solo do município, já na presente lei que substitui a anterior é estabelecido o valor de 30 metros para zonas urbanas. Outro ponto bastante relevante é a questão da função de contenção da erosão e asseguração do bem-estar-público que essas áreas representam para a micro-região que estão inseridas. Fica estipulado o valor de 50 metros de raio mínimo para nascentes.

Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades:

I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha;

VII - assegurar condições de bem-estar público;

Ainda de acordo com a mesma Lei, as áreas de preservação permanente são destinadas, dentre outras, as finalidades de proteger contra riscos de deslizamento de terra e rocha bem como conter enchentes, se esse artigo fosse obedecido em áreas urbanas os diversos problemas causados, principalmente nas áreas urbanas, não ocorreriam, pois essas áreas estariam executando sua real função de contenção. Outro ponto importante, também relatado no trecho destacado se refere

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6 à questão de bem estar público assegurado pelas áreas de preservação permanente.

Foto 3: Área de preservação permanente conservada em Araxá - MG

Fonte: Google earth 2013

Foto 4: Áreas de preservação permanente sem conservação em Araxá - MG

Fonte: Google earth 2013

Nas duas fotos acima é possível verificar novamente a disparidade de conservação de áreas de preservação permanente na cidade de Araxá – MG. Na Foto 3 tem-se uma área conservada em uma região valorizada do ponto de vista imobiliário, corresponde a área da Foto 1. Nesse caso a área de preservação permanente realiza toda a sua função estipulada por lei. No caso da Foto 4 tem-se duas áreas de preservação permanente. A área 1 corresponde a Foto 2, caracteriza-se por caracteriza-ser uma área com mata mas que não decaracteriza-sempenha sua função estipulada por lei. Já no caso da área 2 não há nem mesmo vegetação não havendo com isso o que é garantido por lei.

Finotti et al (2009), salienta a importância da vegetação para a distribuição de água em um manancial. Segundo a autora essas áreas contribuem no processo de

Área de Preservação Permanente conservada. Área de Preservação Permanente 1 –

com mata sem conservação. Área de Preservação Permanente 2 - sem mata conservada.

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7 interceptação, precipitação interna, escoamento pelo tronco e fluxos de água no solo, além do deflúvio final da bacia. Regula ainda o microclima e a conservação do solo.

As funções hidrológicas desses ecossistemas podem ser resumidas da seguinte forma:

 Estabilizam a área crítica, que são as ribanceiras do rio, pelo desenvolvimento e pela manutenção de um emaranhado radicular;

 Funcionam como tampão e filtro entre os terrenos mais altos e o ecossistema aquático, participando do controle do ciclo de nutrientes na bacia hidrográfica, pela ação tanto do escoamento superficial quanto da absorção de nutrientes do escoamento subsuperfical pela vegetação ciliar;

 Atuam na diminuição e filtragem do escoamento superficial, impedindo ou dificultando o carreamento de sedimentos para o sistema aquático, e contribuindo, dessa forma, para a manutenção da qualidade da água nas bacias hidrográficas;

 Promovem a integração com a superfície da água, proporcionando cobertura e alimentação para peixes e outros componentes da fauna aquática;

 Por meio de suas copas, interceptam e absorvem a radiação solar, contribuindo para a estabilidade térmica dos pequenos cursos d’água;

LIMA (2003) apud FINOTTI et al (2009), página 55 e 56. O trecho acima reforça a ideia da lei 12.651 de 2012, que mostra toda a importância das áreas de preservação permanente.

2. IMPACTOS ADVERSOS DO MEIO AMBIENTE URBANO

Analisando os diversos tipos de impactos acarretados no espaço urbano pode-se, inicialmente, selecionar alguns dos impactos positivos muita das vezes não observados, dentre eles:

 Acesso a escolas;

 Acesso a saúde e medicamentos;

 Acesso a benefícios públicos e privados;

 Maior diversidade de empregos oferecidos;

Levando-se em conta que os fatores acima são pontos garantidos por lei, esses “impactos positivos” são garantias de qualquer cidadão e, portanto, uma obrigação do gestor municipal.

Ao analisar-se os impactos negativos, observa-se que esses são mais enfáticos e de solução mais complicada do que quando observados em ambiente rural.

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8 Philippi Jr (2009) página 5, diz que o meio ambiente urbano é caracterizado por ser um ecossistema onde as mudanças são mais significativas, ocasionando características muito alteradas. Dentre as principais características deste ambiente o autor destaca as seguintes:

 Alta densidade demográfica;

 Relação desproporcional entre ambiente construído e ambiente natural;

 Importação de energia para manter o sistema em funcionamento;

 Elevado volume de resíduos;

 Alteração significativa da diversidade biológica nativa, com a retirada das florestas e a importação de espécies vegetais e animais;

 Desbalanceamento dos principais ciclos biogeoquímicos, como o ciclo d’água, do carbono, do nitrogênio e do fósforo; impermeabilização do solo e a alteração de cursos d’água;

É possível verificar que todas essas pressões sucumbem para diversos tipos de mudanças no ambiente. O mesmo autor relatou essas mudanças, no caso climáticas, de acordo com o seguinte quadro:

Quadro 1: Média de mudanças climáticas locais observadas nos espaços urbanos em relação à área

rural

INDICADOR DE MUDANÇA MÉDIA DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS LOCAIS

OBSERVADAS NOS ESPAÇOS URBANOS EM RELAÇÃO À ÁREA RURAL

Material particulado 10 vezes maior Temperatura 0,5 a 1,5% (aumento) Precipitação 5 a 15% (aumento) Umidade relativa 6% menor

Velocidade dos ventos 25% menor Fonte: Ehrlich apud Philippi Jr 2009

Neste quadro é possível verificar algumas das diversas modificações ocasionadas por fatores como os descritos anteriormente pelo autor. A quantidade de resíduos, a aglomeração de pessoas, a falta de espaços naturais capazes de amortecer os diversos tipos de impactos do meio construído, dentre diversos outros tipos de fatores ocasionam as modificações relatadas anteriormente no quadro 1.

Outro ponto importante da urbanização se relaciona com a modificação na quali-quantidade dos recursos hídricos.

Finotti et al (2009), relaciona uma bacia do meio urbano com uma no meio rural. De acordo com a autora em uma bacia no meio rural existem diversos fatores

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9 que solubilizam a intensidade de uma precipitação no espaço e no tempo. A vegetação amortece a força e velocidade das chuvas antes que a mesma intercepte o solo. No espaço urbano não há esse fator devido à alta impermeabilização do solo e falta de espaços arborizados, o que aumenta o escoamento superficial e conseqüentemente o risco a enchentes. Outro ponto das áreas urbanas citado pela autora é o fato da alta contribuição de sedimentos dessas regiões para os cursos d’água que a perpassam, causando o assoreamento a jusante das mesmas.

Quadro 2: Impactos ambientais urbanos e suas conseqüências para a dinâmica das nascentes

IMPACTOS CONSEQUÊNCIAS GERAIS

NO SISTEMA HÍDRICO

CONSEQUÊNCIAS PARA AS NASCENTES

Impermeabilização do solo  Aumento da quantidade e da velocidade do escoamento superficial.

 Redução da recarga de aqüíferos.

 Intensificação dos processos erosivos, aumento da carga sedimentar para os cursos d’água, assoreamento e inundações.

 Descaracterização.

 Redução da vazão.

 Desaparecimento.

Resíduos (combustível, esgoto, lixões, etc.)

 Poluição das águas subterrâneas.

 Redução na qualidade da água.

Retirada de água subterrânea  Rebaixamento do nível freático.  Redução da vazão.  Desaparecimento. Substituição da cobertura vegetal  Intensificação dos processos erosivos, assoreamento, inundações.  Diminuição da retenção de água.  Aumento da energia dos fluxos superficiais.

 Descaracterização.  Redução da vazão.  Desaparecimento. Construções  Drenagem de nascentes.  Aterramento.  Descaracterização.  Desaparecimento. Canalização de rios  Aumento da

velocidade e da energia dos fluxos.  Alteração no padrão de influêcia/efluência dos rios.  Descaracterização.  Redução da vazão.

Ilha de calor  Alteração no padrão de chuvas.

 Alteração no padrão de recarga.

 Alteração da vazão.

Fonte: Fellipe [s. d.]

Nesse quadro Fellipe [s. d.] demonstra os impactos das atividades urbanas sobre as nascentes que se encontram no mesmo espaço. É possível verificar que

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10 todos os impactos são comuns à áreas urbanas o que agrava ainda mais a situação dos recursos hídricos como um todo.

3. MONITORAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

A ideia inicial do monitoramento de qualquer área dever ser a aquisição de informações para a tomada de decisão pelo gestor, seja ele público ou privado. Saber como está o recurso hídrico de interesse é de fundamental importância para que se possa, ao mesmo tempo, utilizá-lo e geri-lo da melhor forma possível.

De acordo com Derísio (2007), a rede de monitoramento ajuda no que diz respeito à visão do conjunto das amostras que serão realizadas em diversos pontos. Os pontos escolhidos para a coleta não necessariamente precisão ter correlação entre si, devem estar localizados em lugares estratégicos que demonstrem a evolução da qualidade da água. Os pontos representam uma rede de monitoramento da qualidade da água.

4. NASCENTES URBANAS NA CIDADE DE ARAXÁ – MG – LEVANTAMENTO PRELIMINAR

A Prefeitura Municipal de Araxá através de seu plano diretor estratégico aprovado em 2002 propôs a recuperação e preservação das nascentes nos limites da área urbana do município de 93,52 km firmando em 13/06/2007, em convênio de cooperação mútua, com a COPASA – Companhia de Saneamento de Minas Gerais, para recuperação, preservação e conservação de nascentes.

Através de proposta inicial elaborada pelo IPDSA - Instituto de Planejamento e Desenvolvimento Sustentável de Araxá indicou 17 nascentes para serem cercadas.

Atualmente um grupo de 7 pessoas tem percorrido as nascentes citadas pelo IPDSA e COPASA, além de visitar e quantificar algumas outras nascentes não relatadas pelos referidos órgãos públicos.

Inicialmente já foram mapeadas 9 nascentes em duas regiões da cidade, sul e sudoeste. Como o projeto ainda não foi totalmente finalizado serão apresentados aqui apenas dados iniciais das nascentes já catalogadas.

A ideia é localizar todas as nascentes geograficamente, verificar a presença ou ausência de mata ciliar, realizar questionário com a população para que se possa verificar o grau de percepção ambiental dos mesmos nas diversas regiões da

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11 cidade. Outro ponto que será levantado é a aplicação da metodologia do índice de impacto ambiental microscópio para nascentes, sugerido por Gomes et al (2005). Essa metodologia é descrita a seguir:

Quadro 3: Metodologia do índice de impacto ambiental macroscópico para nascentes PARÂMETRO

MACROSCÓPIO

RUIM (1) MÉDIO (2) BOM (3)

Cor da água Escura Clara Transparente

Odor Forte Com odor Não há

Lixo ao redor Muito Pouco Não há Materiais flutuantes (lixo

na água)

Muito Pouco Não há

Espumas Muito Pouco Não há

Óleos Muito Pouco Não há

Esgoto Visível Provável Não há

Vegetação Degrada ou ausente Alterada Bom estado Usos Constante Esporádico Não há

Acesso Fácil Difícil Sem acesso

Equipamentos urbanos A menos de 50 metros Entre 50 e 100 metros A mais de 100 metros

Fonte: Gomes et al (2005)

Quadro 4: Classificação das nascentes quanto aos impactos macroscópicos (somatória dos pontos)

CLASSE GRAU DE PROTEÇÃO PONTUAÇÃO

A Ótimo 31 – 33 B Bom 28 – 30 C Razoável 25 – 27 D Ruim 22 – 24 E Péssimo Abaixo de 21 Fonte: Gomes et al (2005) 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando todos os autores supra citados verifica-se a importância das áreas de preservação permanente no regime hidrológico dos ambientes urbanos. Essas áreas são asseguradas por lei, e devem ser mantidas tanto em ambientes rurais quanto em ambientes urbanos.

Os impactos causados pelo ambiente urbano são vários e podem, muitas das vezes levar a morte grandes quantidades de pessoas, como no caso de desmoronamentos em áreas susceptíveis a tal ocorrência.

Com isso o monitoramento de recursos hídricos em áreas urbanas é de fundamental importância para que se tenha condições de tomar decisões e gerir de forma técnica e correta os recursos hídricos que perpassam o este ecossistema tão modificado.

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12 O monitoramento das nascentes urbanas na cidade de Araxá – Minas Gerais, iniciou-se com a ideia de levantamento de dados, qualificação das mesmas através de protocolos de avaliação rápida como a metodologia do índice de impacto ambiental macroscópico para nascentes. Após o levantamento desses dados, será montada uma rede de monitoramento fixa para que se possa usar as nascentes, que tiverem condições para tal, para educação ambiental, além da recuperação daquelas que demonstrarem essa necessidade. Outro ponto é a realização de questionários para que se possa ter uma ideia inicial da percepção da população com relação a problemática das nascentes em ambiente urbano.

REFERÊNCIAS

BRAGA, Benedito et al. Introdução à Engenharia Ambiental: O desafio do desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. 318 p. DERÍSIO, José Carlos. Introdução ao Controle da Poluição Ambiental. 3ª São Paulo: Signus, 2007.

FELLIPE, M. F.; JUNIOR, A. P. M. Impactos ambientais macroscópicos e qualidade das águas em nascentes de parques municipais em Belo Horizonte – MG. Belo Horizonte – MG. P. 08 - 23. Setembro 2008.

FINOTTI, Alexandra R. et al. Monitoramento de recursos hídricos em áreas urbanas. Caxias do Sul: Educs, 2009. 272 p.

GOMES, P. M.; MELO, C. VALE, V.S. Avaliação dos impactos ambientas em nascentes na cidade de Uberlândia – MG: análise macroscópica. Revisa sociedade e natureza. Uberlândia, 17 (32), p. 103 – 120, jun. 2005a.

MEDAUAR, Odete. Coletânea de Legislação Ambiental, Constituição Federal. 12. ed. São Paulo: Revista Dos Tribunais, 2012. 1275 p.

PHILLIPI JUNIOR, Arlindo. Saneamento, saúde e ambiente: fundamentos para um desenvolvimento sustentável. 2. ed. São Paulo: Manole Ltda, 2008. 842 p. ROCHA, Maria Beatriz Brandão.Levantamento do meio físico do município de Araxá – MG, utilizando técnicas de geoprocessamento. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006. 194 p.

SANCHÉZ, Luis Enrique. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo: Oficina de Textos, 2008. 495 p.

Referências

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