• Nenhum resultado encontrado

SECO, Lucas & PATRÃO, Mauro - Cálculo 2

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "SECO, Lucas & PATRÃO, Mauro - Cálculo 2"

Copied!
288
0
0

Texto

(1)
(2)

Agradecemos as sugestões dos colegas do MAT-UnB e dos estudantes do Cál-culo 2 que utilizaram alguma das versões desse livro, o que permitiu uma con-siderável melhoria no conteúdo e na apresentação do texto.

(3)

Sumário 1 1 Introdução 5 2 Sequências e séries 15 2.1 Limite de Sequências . . . 15 Propriedades do limite . . . 21 Sequências e funções . . . 23 Sequência de Fibonacci . . . 27 Sequências monótonas . . . 29 2.2 Séries . . . 31 Teste da divergência . . . 38 Série harmônica . . . 39 Séries telescópicas . . . 42 Séries geométricas . . . 44

Operações com séries . . . 49

Séries de potências . . . 53

Operações com séries de potências . . . 56

2.3 Testes de convergência . . . 59

Teste da cauda . . . 59

Teste da comparação . . . 61

Teste da convergência absoluta . . . 64

Teste da série alternada . . . 68

Teste da raiz . . . 71

Teste da razão . . . 75

Teste da integral . . . 79

3 Séries de potências 85

(4)

3.1 Domínio de séries de potências . . . 85

Derivada de séries de potências . . . 94

Integral de séries de potências . . . 98

Unicidade dos coeficientes . . . 104

3.2 Série de Taylor . . . 106

Série binomial . . . 111

Polinômio de Taylor . . . 114

Calculadora científica . . . 121

Exponenciais, potências e suas inversas . . . 122

Trigonométricas hiperbólicas e suas inversas . . . 124

Trigonométricas e suas inversas . . . 125

4 Equações diferenciais 127 4.1 Equação diferencial ordinária . . . 127

Sistemas de EDOs . . . 134

4.2 EDO separável . . . 139

Catenária . . . 143

4.3 EDO linear de 1ª ordem . . . 148

4.4 EDO linear de 2ª ordem . . . 155

Solução geral . . . 159

Solução da homogênea . . . 161

Solução da não-homogênea . . . 169

4.5 Coeficientes constantes . . . 174

Equação característica . . . 174

Raízes reais distintas . . . 175

Raiz real única . . . 176

Raízes complexas . . . 178

4.6 Coeficientes variáveis . . . 180

Mecânica quântica . . . 180

Oscilador harmônico . . . 181

Átomo de hidrogêneo . . . 183

Existência e unicidade de soluções . . . 185

Soluções por séries de potências . . . 189

5 Transformada de Laplace 197 5.1 Propriedades da transformada . . . 197

Linearidade da transformada . . . 198

(5)

Deslocamento . . . 205 Mudança de escala . . . 208 Derivada da transformada . . . 212 Injetividade da transformada . . . 215 5.2 Transformada inversa . . . 218 Funções racionais . . . 219

5.3 Funções definidas por partes . . . 233

5.4 Transformada de sistemas . . . 241

A Apêndice 245 A.1 Sequência monótonas . . . 245

A.2 Integral imprópria . . . 247

A.3 Exponencial complexa . . . 249

Funções com valores complexos . . . 251

A.4 Continuidade de séries de potências . . . 256

A.5 Derivada de séries de potências . . . 260

A.6 Soluções por séries de potências . . . 263

A.7 Regra de Cramer . . . 270

A.8 EDO linear de ordem superior . . . 272

Solução da homogênea . . . 273

(6)
(7)

C

A

P

Í

1

I

NTRODUÇÃO

O Cálculo é o estudo do movimento: a quantidades que se movem são dadas por funções, os limites de funções fornecem as tendências dessas des, e as derivadas de funções fornecem as taxas de variação dessas quantida-des. Já a integral é a antiderivada: dada a taxa de variação de uma quantidade, quem é a quantidade? No Cálculo 1 vimos diversos exemplos e aplicações de limites, derivada e integral de funções polinomiais, trigonométricas, expo-nenciais e suas combinações.

Derivar e calcular os limites de uma dada função é fácil, uma vez que se conheça as regras básicas. No entanto, integrar nem sempre é fácil! Ainda assim, para estudar o movimento, a integral é a ferramenta mais importante: pense na situação em que você está pilotando um veículo, seja um carro ou um foguete de posicionamento de um satélite. Você quer chegar em algum lugar, portanto está interessado na posição do veículo, no entanto você não controla a posição do veículo diretamente: você tem controle da velocidade (freios) e da aceleração do veículo. Ou seja, você tem controle das taxas de variação da quantidade, e com isso quer encontrar a quantidade: você quer integrar!

Nesse curso de Cálculo 2 vamos, num certo sentido, melhorar a integral. O primeiro passo para isso será aumentar o nosso repertório de funções: quanto mais funções tivermos, mais funções conseguiremos integrar e mais

(8)

movi-mentos poderemos descrever.

Por exemplo, a área abaixo da conhecida curva de sino de Gauss está rela-cionada ao cálculo de certas probabilidades. Como calcular a integral definida

Z b a e−x2d x =? b a e−x2

Para calculá-la usando Cálculo 1, precisamos primeiro calcular a integral in-definida obtendo uma primitiva de e−x2 (isto é, uma função cuja derivada é

e−x2). Porém essa primitiva não é nenhuma das funções do Cálculo 1, e nem mesmo nenhuma combinação delas!

Por outro lado, é muito fácil obter a derivada e a integral indefinida um polinômio de grau n

c0+ c1x + c2x2+ · · · + cnxn

uma vez que

(c0 + c1x + c2x2 + · · · + cnxn)0 = c1 + c22x + · · · + cnnxn−1 e que Z (c0 + c1x + c2x2 + · · · + cnxn ) d x = c0x + c1 x2 2 + c2 x3 3 + · · · + cn xn+1 n + 1 +C

Será que toda função pode ser dada por um polinômio?

Cada vez que derivamos um polinômio seu grau diminui por um. Assim, depois de derivar n + 1 vezes um polinômio de grau n temos que o polinômio zera. Por outro lado temos que

(9)

( cos(x))00= − cos(x) ( sen(x))00= − sen(x)

o que mostra que nenhuma das funções ex, cos(x), sen(x) é dada por um polinômio.

Mas e se considerarmos “polinômios infinitos"?

Exemplos

1) A soma de todos os termos da progressão geométrica de razão x

1 + x + x2+ · · · + xn+ · · · 1 +x +x2 · · · 0 é um polinômio infinito.

Se x é um número entre 0 e 1, a potência xnfica cada vez menor à medida que n cresce. Podemos obter o valor dessa soma infinita à partir da semelhança dos seguintes triângulos retângulos

(10)

1 +x +x2 · · · 1 x x 2 1 − x x − x2 A B C

Observe que a hipotenusa do primeiro e do segundo triângulo verde têm a mesma inclinação pois

1 − x 1 =

x − x2 x

e, como elas têm um ponto em comum, essas duas hipotenusas formam uma reta. Repetindo esse raciocínio obtemos uma reta de

C até B e, portanto, um triângulo retângulo ABC tal que AC = 1 e AB = 1 + x + x2+ · · · + xn+ · · ·

Como o triângulo ABC é semelhante ao primeiro triângulo verde, segue que AB está para AC assim como 1 está para 1 − x, de modo que

1 + x + x2+ · · · + xn+ · · · = 1 1 − x

Mais adiante veremos que essa igualdade vale para qualquer x ∈ (−1,1). Por exemplo, para x =12temos

1 +1 2+ 1 4+ · · · + µ 1 2 ¶n + · · · = 1 1 −12 = 2

(11)

2 1 +1 2 +1 4 0 · · ·

Faz sentido então falar do polinômio infinito 1+x +x2+· · ·+xn+ · · · , desde que tomemos o cuidado de considerar apenas valores de

x em (−1,1).

2) 1

1 + x é dado por um polinômio infinito? Temos que 1 1 + x = 1 1 − (−x) = 1 + (−x) + (−x)2+ (−x)3+ (−x)4+ · · · + (−x)n+ · · · = 1 − x + x2− x3+ x4− x5+ · · · + (−1)nxn+ · · · para x ∈ (−1,1). 1

1 + x2 é dado por um polinômio infinito? Temos que 1 1 + x2 = 1 1 − (−x2) = 1 + (−x2) + (−x2)2+ (−x2)3+ (−x2)4· · · + (−x2)n+ · · · = 1 − x2+ x4− x6+ x8− + · · · + (−1)nx2n+ · · ·

para −x2∈ (−1, 1), ou seja, para x ∈ (−1, 1).

3) Vimos que ex não é um polinômio finito, pois (ex)0= ex. Será que é um polinômio infinito? Fazendo

ex = c0 + c1x + c2x2 + c3x3 + c4x4 + · · ·

(12)

grau n. Fazendo x = 0, temos

e0 = c0 + c10 + c202 + c303 + c404 + · · · ∥

1 = c0

de modo que c0= 1 é o coeficiente da potência de grau 0. Deri-vando termo a termo temos que

(ex)0 = c1 + c22x + c33x2 + c44x3 + · · · Usando então que

(ex)0 = c1 + c22x2 + c33x2 + c44x3 + · · · ∥

ex = c0 + c1x + c2x2 + c3x3 + · · ·

e igualando os coeficientes das potências de mesmo grau, temos que c1= c0= 1 =⇒ c1= 1 c22 = c1= 1 =⇒ c2= 1 2 c33 = c2=1 2 =⇒ c3= 1 3! c44 = c3= 1 3! =⇒ c4= 1 4! Segue que, em geral

cn= 1 n! de modo que ex = 1 + x + 1 2!x 2 + 1 3!x 3 + 1 4!x 4 + · · ·

(13)

Veremos mais adiante que isso pode ser feito rigorosamente e que a igualdade acima vale para todo x ∈ R. Observe que

(ex)0 = ( 1 + x + 1 2!x 2 + 1 3!x 3 + 1 4!x 4 + · · · )0 = 1 + 1 2!2x + 1 3!3x 2 + 1 4!4x 3 + · · · = 1 + x + 1 2!x 2 + 1 3!x 3 + · · · = ex

4) Já comentamos que a área abaixo da conhecida curva de sino de

Gauss, dada por

Z b

a

e−x2d x

está relacionada ao cálculo de certas probabilidades.

Podemos calcular essa integral usando o polinômio infinito para ex e fazendo e−x2 = 1 + (−x2) + 1 2!(−x 2 )2 + 1 3!(−x 2 )3 + · · · = 1 − x2 + 1 2!x 4 − 1 3!x 6 + · · · para x ∈ (−∞,∞), de modo que

R e−x2d x = x − x3 3 + 1 2! x5 5 − 1 3! x7 7 + · · · +C para todo x ∈ R.

5) Vimos que sen(x) não é um polinômio finito, pois ( sen(x))00 = − sen(x). Será que é um polinômio infinito? Fazendo

(14)

temos que sen0(x) = c1 + c22x + c33x2 + c44x3 + · · · sen00(x) = c22 + c33 · 2x + c44 · 3x2 + c55 · 4x3 + · · · Fazendo x = 0, temos sen(0) = c0 + c10 + c202 + c303 + · · · ∥ 0 = c0 sen0(0) = c1 + c220 + c3302 + c4403 + · · · 1 = c1

de onde concluímos que c0= 0 e c1= 1. Usando que

sen00(x) = c22 + c33 · 2x + c44 · 3x2 + c55 · 4x3 + · · · ∥

− sen(x) = −c0 − c1x − c2x2 − c3x3 + · · · e igualando os coeficientes das potências de mesmo grau, temos que c22 = −c0= 0 =⇒ c2= 0 c33 · 2 = −c1= −1 =⇒ c3= −1 3! c44 · 3 = −c2= 0 =⇒ c4= 0 c55 · 4 = −c3= 1 3! =⇒ c5= 1 5! Segue que sen(x) = x − 1 3!x 3 + 1 5!x 5 − 1 7!x 7 + 1 9!x 9 + · · · Veremos mais adiante que isso pode ser feito rigorosamente e que a igualdade acima vale para todo x ∈ R.

(15)

Usando que cos(x) = sen0(x) podemos facilmente escrever cos(x) como um polinômio infinito

cos(x) = (x − 1 3!x 3 + 1 5!x 5 − 1 7!x 7 + · · · )0 = 1 − 1 3!3x 2 + 1 5!5x 4 − 1 7!7x 6 + · · · = 1 − 1 2!x 2 + 1 4!x 4 − 1 6!x 6 + · · · para todo x ∈ R.

Sabemos que cos(x) é uma função par e sen(x) é uma função ímpar, isto é

cos(−x) = cos(x) e sen(−x) = − sen(x)

Observe que no polinômio infinito para cos(x) aparecem apenas potências pares e no polinômio infinito para sen(x) aparecem ape-nas potências ímpares. Coincidência?

(16)
(17)

C

A P Í

2

S

EQUÊNCIAS E SÉRIES

2.1

L

IMITE DE

S

EQUÊNCIAS

O limite de sequências expressa a ideia de aproximações sucessivas, que é uma das ideias fundamentais do Cálculo 2. Por exemplo, podemos aproxi-mar a área de uma circunferência de raio 1 pela área an do polígono regular

de n lados inscrito nessa circunferência: quanto maior o número n de lados, mais próximo a área anfica da área da circunferência.

Mais geralmente, uma sequência é uma lista ordenada e infinita de núme-ros reais

a0, a1, a2, a3, . . . , an, . . .

Denominamos a0 de 0-ésimo termo da sequência, a1de 1-ésimo termo da sequência, a2de 2-ésimo termo da sequência e assim por diante. Numa

(18)

po-sição genérica n, aparece an, o n-ésimo termo da sequência, denominado

termo geral da sequência. Muita vezes, denotamos à sequência acima

sim-plesmente pelo seu termo geral an. Podemos visualizar uma sequência como

uma progressão infinita de pontos da reta real.

a3 a2 a0 a1 an

0

Uma sequência anpode começar em n = 0, n = 1, n = 2, etc: em geral não

nos interessa os valores dos primeiros termos de uma sequência an mas sim

seu valor limite: o valor do qual a sequência an se aproxima a medida que

n cresce para o infinito. Para isso, olhamos a sequência ancomo uma função

a(n) que para cada natural n associa o valor real a(n) = ane definimos o limite

da sequência usando a mesma definição do limite no infinito de funções reais lim

n→∞an= limn→∞a(n)

como ilustrado na figura abaixo, onde limn→∞an= a.

n+1 n−1 n ... ... 7 6 5 4 3 2 1 0 ... ... a an ...

(19)

Exemplos

1) Considere uma corda de um instrumento musical vibrando presa

a duas extremidades. No primeiro harmônico dessa corda, o pri-meiro nó ocorre apenas na outra extremidade. No segundo harmô-nico dessa uma corda, o primeiro nó ocorre na metade da corda. No terceiro harmônico dessa uma corda, o primeiro nó ocorre em um terço da corda, e assim em diante.

1 1/2 1/3 1/4 1/5 1/6 1/7

Isso dá origem à sequência harmônica

an= 1 n Claramente, temos lim n→∞ 1 n = 0

(20)

2) an= n, é a sequência dos números naturais

0, 1, 2, 3, . . . , n, . . .

bn= 2n, é a sequência dos números pares

0, 2, 4, 6, . . . , 2n, . . .

cn= 2n + 1, é a sequência dos números ímpares

1, 3, 5, 7, . . . , 2n + 1,... Claramente, temos lim n→∞an= limn→∞bn= limn→∞cn= ∞ 3) an= (−1)né a sequência alternada 1, −1,1,−1,...,(−1)n, . . . 1 −1 0 Observe que a2n= 1 e a2n+1= −1

Temos que limn→∞an não existe, uma vez que a sequência

alter-nada não se aproxima de nenhum valor à medida que n cresce para o infinito.

4) Seja ana área do polígono regular de n lados inscrito na

circun-ferência de raio 1, n ≥ 3. Podemos calcular a área an se notarmos

que ela consiste de n triângulos com lados iguais de comprimento 1 e ângulo 2π/n entre eles.

(21)

2π

n

π n

É fácil ver que cada um desses triângulos tem altura cos(π/n) e base 2 sen(π/n) de modo que sua área é

cos(π/n) sen(π/n) = sen(2π/n) 2

onde usamos a fórmula da soma de arcos de seno. Somando a área desses n triângulos obtemos a área do polígono, dada por

an= n

sen(2π/n) 2 Intuitivamente, devemos ter

lim

n→∞an= π

pois essa é a área da circunferência de raio 1. Porém, como mostrar isso rigorosamente?

5) Nesse exemplo vamos ver a importância de se ter uma noção

ri-gorosa de limite de sequências. Considere a hipotenusa de um tri-ângulo rettri-ângulo de catetos com comprimento 1. Essa hipotenusa tem, portanto, comprimentop2.

(22)

p 2

1

1

Vamos tentar aproximar sucessivamente o comprimento dessa hi-potenusa com o comprimento cnde “escadas” que vão do começo

ao fim da hipotenusa, com cada vez mais degraus

c0 c1 c2 c3 c4

Pelo desenho, temos a impressão de que, quanto maior n, mais próximo o comprimento das escadas ficam do comprimento da hi-potenusa. Mas, de fato, é isso que está acontecendo?

Não! Observe que o comprimento de cada escada é sempre o mesmo cn= 2 para todo n. (Por quê?) Segue que cné uma

sequên-cias constante e

lim

n→∞cn= 2

Em geral, quando não houver risco de mal entendidos, o limite de anserá

denotado simplesmente por

lim an= a

ficando subentendido que n → ∞. Outra notação, que será menos utilizada, é

an→ a

(23)

Observe que, para o limite de uma sequência, não importa onde a sequên-cia começa mas sim onde a sequênsequên-cia “termina”: os valores de an quando n

tende ao infinito. Em particular, se lim an= a então

lim an+1= a e lim an−1= a

pois quando n tende ao infinito, ambos n − 1 e n + 1 também tendem ao infi-nito.

P

ROPRIEDADES DO LIMITE

Todas as propriedades válidas para limite no infinito de funções reais também são válidas para limite de sequências. Em particular, valem as regras do limite da soma, produto e quociente.

Proposição 2.1

Sejam lim ane lim bnexistem , então

(S) lim an+ bn = lim an+ lim bn

(P) lim anbn = lim anlim bn

(Q) liman

bn =

lim an

lim bn

, se lim bn6= 0

Valem também a monotonicidade e o teorema do sanduíche.

Proposição 2.2

Temos que

(A) Se an≤ bn, então lim an≤ lim bn.

(B) Se an≤ cn≤ bne lim an= lim bn= c, então lim cn= c.

Dizemos que uma sequência é limitada se ela não se afasta indefinida-mente da origem, mais precisaindefinida-mente, se existe um R > 0 tal que |an| < R para

(24)

direita da origem seu limite é infinito, e se uma sequência se afasta indefi-nidamente para a esquerda da origem seu limite é menos infinito. Temos as sequintes propriedades.

Proposição 2.3

Temos que

(A) Se ané limitada e lim bn= ∞, então lim

an

bn = 0.

(B) Se lim an= 0 e an> 0, então lim

1

an = ∞.

(C) Se lim an= ∞ e an≤ bn, então lim bn= ∞.

Exemplo

Vamos considerar a sequência an=

10n

n! e perceber que, para obter

seu limite, só importa o que acontece para n grande. Temos que

a0= 1 < a1= 10 < a2= 100

2! = 50 < a3= 1000

3! = 166, 6 . . . Por outro lado, para n > 10 temos que

an= 10n n! = 10 n · 10 n − 1· · · 10 11 | {z } cada fator≤1 ·10 10 10! ≤ 10 n · 1 · · · 1 · 1010 10! = 10 n 1010 10!

de onde segue que

0 ≤ an

10

n

1010 10!

Como 10/n → 0, e 1010/10! é uma constante, segue do teorema do Sanduíche que

(25)

S

EQUÊNCIAS E FUNÇÕES

Vimos que que podemos considerar uma sequência ancomo uma função

finida nos naturais n = 0,1,2,3,.... No Cálculo 1 estudamos funções f (x) de-finidas para x num intervalo. Veremos que em algumas situações podemos usar limite de funções do Cálculo 1 para calcular limite de sequências.

Dizemos que L é o limite de f (x) quando x tende para a e denotamos lim

x→af (x) = L

quando para toda sequência xncom xn6= a e lim xn= a temos

lim f (xn) = L

como ilustrado na figura abaixo.

x1 x1 x2 x3 a L f f (x1) f (x2) f (x3)

Observe que nessa definição podemos ter a = ±∞ ou L = ±∞ ou ambos.

Proposição 2.4

(A) Se lim xn= a então

lim f (xn) = lim x→af (x)

(26)

(B) Se, além disso, f (x) é contínua em x = a, então lim f (xn) = f (lim xn)

Prova:

O item (A) é consequência da definição de limite de funções. Para o item (B), se f é contínua em a, temos que

lim

x→af (x) = f (a).

Pelo item (A) temos então que lim f (xn) = lim

x→af (x) = f (a) = f (lim xn)

onde trocamos a por lim xn, uma vez que a = lim xn.

Proposição 2.5

(A) Se an= f (n) então

lim an= lim x→∞f (x)

desde que esse último limite exista.

(B) Se, além disso, bn= g (n) e limx→∞g (x) existe, então

liman bn = limx→∞ f (x) g (x)= limx→∞ f0(x) g0(x) desde que esse último limite exista e que tenhamos

(27)

Prova:

O item (A) é consequência da definição de limite de funções, uma vez que

n é uma sequência que tende ao infinito.

O item (B) é consequência do item (A) e da Regra de L’Hospital.

Uma maneira mais prática de escrever a regra de L’Hospital para sequên-cias é liman bn = lim(an) 0 (bn)0

onde (an)0 e (bn)0 denotam as derivadas em relação a n, lembrando que a

regra se aplica desde que tenhamos

lim an= lim bn= 0 ou lim an= lim bn= ±∞

Exemplos

1) Considere a sequência an= cos(2πn). Sabemos que

an= cos(2πn) = 1

para todo n, de modo que essa sequência é constante e lim an= 1

Será que podemos afirmar que

lim cos(2πn)= lim?

x→∞ cos(2πx)

Não, pois o limite à direita não existe! Só podemos usar uma fun-ção real f (x) para calcular o limite de uma sequência anquando o

limite da função real existe: se o limite da função real não existe, nada podemos dizer sobre a sequência.

(28)

2) Vimos que a área do polígono regular de n lados inscrito na

cir-cunferência de raio 1 é dada por

an= n sen(2π/n) 2 Temos que lim an = lim n→∞n sen(2π/n) 2 = lim n→∞ sen(π2/n) 2/n fazendo x = 2/n → 0 = lim x→0 sen(πx) x indeterminação 0/0, L’Hospital = lim x→0 π cos(πx) 1 = π cos(0) = π Isso prova que lim an= π.

3) Escrevendo ex= exp(x) temos que n p e = en1 = expµ 1 n ¶ de modo que limpn e = limexpµ 1 n ¶ = exp µ lim1 n ¶ = exp(0) = 1

onde podemos passamos o limite para dentro de exp(x) pois essa é uma função contínua.

4) Temos que lim n en = lim (n)0 (en)0= lim 1 en = 0,

uma vez que

(29)

5) Temos que lim log³ n n + 1 ´ = log ³ lim n n + 1 ´ = log(1) = 0

onde passamos o limite para dentro de log(x) pois essa é uma fun-ção contínua e usamos que

lim n n + 1= lim (n)0 (n + 1)0= lim 1 1= 1. pois lim n = ∞ = limn + 1.

S

EQUÊNCIA DE

F

IBONACCI

Agora consideramos um exemplo bastante curioso, a denominada sequência

de Fibonacci dada por anda seguinte maneira: seus dois primeiros passos são

iguais a um, ou seja, a1= a2= 1. Para obtermos os demais passos, utilizamos a seguinte fórmula

an+2= an+1+ an

Os 10 primeiros passos dessa sequência são apresentados na seguinte lista 1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, . . .

Essa sequência claramente possui limite infinito. Entretanto é possível mos-trar que a sequência das razões de Fibonacci

1 1, 2 1, 3 2, 5 3, 8 5, 13 8 , 21 13, 34 21, 55 34, . . . dada pelas razões

rn=

an+1 an

(30)

é de fato convergente e determinar o seu limite. Vamos aqui supor que rn→ φ

e determinar que éφ. Em primeiro lugar observamos que

rn+1=an+2 an+1 = an+1+ an an+1 = 1 + an an+1 = 1 + a1 n+1 an = 1 + 1 rn , o que mostra que

rn+1= 1 + 1

rn

Pelas regras da soma e do quociente, segue que lim rn+1= 1 + 1

lim rn

Por outro lado, se n → ∞, então n + 1 → ∞, de modo que lim rn+1= lim rn= φ

de modo que

φ = 1 +1 φ

Multiplicando a igualdade acima porφ, temos que esse limite é solução da seguinte equação quadrática

φ2

− φ − 1 = 0 cuja única solução positiva é

φ = 1 +

p 5 2

denominada razão áurea. Esse número mágico, conhecido desde a antigui-dade, é obtido geometricamente dividindo-se um dado segmento em dois pe-daços, de modo que a proporção do todoφ sobre a maior das partes 1 coincida com a proporção entre a maior das partes 1 e a menor das partesφ − 1, como ilustrado na figura abaixo.

(31)

0 1 φ

A razão áureaφ é então qualquer uma destas duas proporções idênticas e sa-tisfaz φ 1 = 1 φ − 1

S

EQUÊNCIAS MONÓTONAS

Intuitivamente um a sequência é monótona se ela vai sempre para a direita ou sempre para a esquerda. Mais precisamente, an é monótona quando é

crescente a1≤ a2≤ a3≤ · · · ≤ an≤ an+1≤ · · · a1 a2 a3 an ou quando é decrescente · · · ≤ an+1≤ an≤ · · · ≤ a3≤ a2≤ a1 a1 a2 a3 an Exemplos

1) As sequências an=1ne bn= n são monótonas.

(32)

Quando uma sequência é monótona e limitada, existe uma constante po-sitiva R que limita todos os valores da sequência por cima

a1≤ a2≤ a3≤ · · · ≤ R

a1 a2 a3 an R

ou tal que −R limita todos os valores da sequência por baixo −R ≤ · · · ≤ a3≤ a2≤ a1 a1 a2 a3 an −R Exemplos

1) A sequência an=1né monótona e limitada.

2) A sequência bn= n é monótona porém não é limitada.

A seguinte proposição, demonstrada no apêndice, nos dá um critério in-direto para saber se uma sequência monótona tem ou não limite.

Proposição 2.6

Seja anuma sequência monótona. Então

(A) Se ané limitada, então lim an= a, para algum a ∈ R, e

(33)

2.2

S

ÉRIES

As séries expressam a ideia de somas com infinitas parcelas, que é uma das ideias fundamentais do Cálculo 2. Por exemplo, uma maneira de aproximar a área de uma circunferência de raio 1 usando apenas a área de triângulos é começar com a área a0do triângulo inscrito, a essa área somar a área a1de três triângulos apoiados nos lados do triângulo anterior, a essas duas áreas somar a área a2 de seis triângulos apoiados nos lados dos triângulos anteriores, e assim em diante.

a0 a1 a2

a0 a0+ a1 a0+ a1+ a2

Quanto maior n, mais próximo a soma a0+ a1+ a2+ . . . + an fica da área da

circunferência. Assim, a soma das infinitas parcelas a0+ a1+ a2+ · · · + an+ · · ·

seria a área da circunferência: mas o que é uma soma de infinitas parcelas? Mais geralmente, dada uma sequência an, queremos analisar a soma dos

seus infinitos termos

a0+ a1+ a2+ · · · + an+ · · ·

denominada de série de an. Para isso, a partir da lista horizontal original

(34)

denominada agora sequência das parcelas da série de an, consideramos a

se-guinte lista vertical

s0 = a0 s1 = a0+ a1 s2 = a0+ a1+ a2 .. . sm = a0+ a1+ a2+ · · · + am .. .

denominada sequência das somas parciais da série de an, cujo termo geral sm

é denominado m-ésima soma parcial de an.

a0 +a1 +a2 0 · · · s0 s1 s2 sm−1 sm +am · · · A série de ané definida pelo limite das somas parciais de an

lim

m→∞sm= a0+ a1+ a2+ · · · + an+ · · ·

Observe que fazemos essa soma infinita de modo seriado: somando primeiro

a0, depois somando a1, depois somando a2e assim em diante, por isso damos a essa soma infinita o nome de série. Muitas vezes, será conveniente utilizar-mos a seguinte notação de somatório.

Notação

1) A m-ésima soma parcial de ané denotada por

sm= m

X

n=0

(35)

2) A série de ané denotada por ∞ X n=0 an= lim m→∞ m X n=0 an= a0+ a1+ a2+ · · · + an+ · · ·

Temos as seguintes definições básicas sobre séries numéricas.

Definições

Dizemos que a série numérica

1) Converge: Quando lim sm= s ∈ R e escrevemos

∞ X

n=0

an= s

2) Diverge: Quando lim sm não existe ou quando lim sm = ±∞.

Nesse último caso escrevemos ∞ X

n=0

an= ±∞

e dizemos que a série diverge para ±∞.

Exemplos 1) A série ∞ X n=0 1 2n = 1 + 1 2+ 1 4+ · · · + 1 2n+ · · ·

(36)

é a soma de todos os termos da progressão geométrica de razão 1 2. 1 +1 2 +1 4 0 · · ·

A sequência das suas parcelas é dada por 1,1 2, 1 4, ··· , 1 2n, ···

enquanto a sequência das suas somas parciais é dada por

s0 = 1 s1 = 1 + 1 2 s2 = 1 + 1 2+ 1 4 .. . sm = 1 + 1 2+ 1 4+ · · · + 1 2m .. .

É possível observar geometricamente que

sm= 2 − 1 2m 2 1 +1 2 +1 4 0 · · · −1 4

(37)

o que será provado mais adiante. Segue que lim sm= 2

de modo que a série ∞ X n=0 1 2n = 1 + 1 2+ 1 4+ 1 8+ · · · = 2. converge. 2) Considere a série ∞ X n=1 1 = 1 + 1 + 1 + ··· + 1 + ···

A sequência das suas parcelas é dada por 1, 1, 1, ··· ,1,···

enquanto a sequência das suas somas parciais é dada por

s1 = 1 s2 = 1 + 1 s3 = 1 + 1 + 1 .. . sm = m vezes z }| { 1 + 1 + 1 + ··· + 1 .. . Segue que lim sm= lim m = ∞

de modo que a série ∞ X

n=1

1 = 1 + 1 + 1 + ··· + 1 + ··· = ∞.

(38)

3) Considere a série

∞ X

n=0

(−1)n= 1 − 1 + 1 − 1 + · · · + (−1)n+ · · ·

A sequência das suas parcelas é dada por 1, −1,1,−1,··· ,(−1)n, ···

enquanto a sequência das suas somas parciais é dada por

s0 = 1 s1 = 1 − 1 = 0 s2 = 1 − 1 + 1 = 1 s2 = 1 − 1 + 1 − 1 = 0 .. . sm = ½ 1, m par 0, m ímpar .. .

Segue que lim smnão existe, de modo que a série

∞ X

n=0

(−1)n= 1 − 1 + 1 − 1 + · · · + (−1)n+ · · ·

apenas diverge.

Uma maneira de visualizar uma sérieP∞

n=0ané visualizar a sequência das

parcelas ancomo uma função de n, e observar que o valor de cada parcela an

pode ser visualizado como a área de um retângulo de altura ane base 1. Assim,

(39)

... n 5 4 3 2 1 0 ... a n ... a0 a1 a2 a3 a4 a5 ... 6 n+1 Se a sérieP∞

n=0anconverge, é intuitivo que as parcelas anda soma se

tor-nam cada vez menores. De fato, temos o seguinte resultado.

Proposição 2.7 ∞ X n=0 anconverge =⇒ lim an= 0 Prova:

Como a série converge, temos que lim sm = s ∈ R. Temos que as somas

parciais são dadas por

sn−1 = a0+ a1+ a2+ · · · + an−1

sn = a0+ a1+ a2+ · · · + an−1+ an

Subtraindo, obtemos que

an= sn− sn−1

de modo que

(40)

uma vez que

lim sn= s = lim sn−1

T

ESTE DA DIVERGÊNCIA

Lendo o resultado anterior anterior de uma outra maneira temos o seguinte critério para divergência de uma série numérica.

Proposição 2.8: Teste da divergência

lim an          6= 0 =⇒ ∞ X n=0 andiverge = 0 =⇒ inconclusivo Prova:

Se a série convergisse, pelo resultado anterior, deveríamos ter lim an= 0.

Logo, se lim an6= 0, a série não pode convergir e portanto a série diverge.

Quando lim an= 0, tanto a série pode convergir, como no caso da série

geométrica de razão12, quanto a série pode divergir, como no caso da série harmônica, que será analisada na próxima seção.

Exemplos

1)

∞ X

n=1

(41)

o limite de suas parcelas é lim 1 6= 0.

2)

∞ X

n=0

(−1)n= 1 − 1 + 1 − 1 + · · · diverge, pelo Teste da Divergência, pois o limite de suas parcelas é lim(−1)n6= 0.

Observe que nos exemplos acima pudemos concluir que as séries em questão divergem sem olhar para suas somas parciais: olhamos apenas para o termo geral e, como ele não tende a zero, a série diverge. Porém, o Teste da Divergência é inconclusivo quando as parcelas tendem a zero.

S

ÉRIE HARMÔNICA

A série harmônica é dada pela soma dos termos da sequência harmônica ∞ X n=1 1 n = 1 + 1 2+ 1 3+ 1 4+ 1 5+ · · · + 1 n+ · · · ... 1 ... 2 3 4 5 6 7 8

A sequência das suas parcelas é dada por 1,1 2, 1 3, 1 4, 1 5, ··· , 1 n, ···

(42)

enquanto a sequência das suas somas parciais é dada por s1 = 1 s2 = 1 + 1 2 s3 = 1 + 1 2+ 1 3 .. . sm = 1 + 1 2+ 1 3+ · · · + 1 m .. . Suas parcelas são tais que

lim1

n = 0

mas, ainda assim, vale o seguinte resultado.

Proposição 2.9

A série harmônica diverge, mais precisamente ∞ X n=1 1 n = ∞ Prova:

Vamos dar uma idéia da demonstração: uma maneira mais rigorosa de provar isso será vista mais adiante. A idéia é organizar os termos da soma

(43)

infinita da série da seguinte maneira (veja figura abaixo) ∞ X n=1 1 n = 1 ≥ 1 2 +1 2 ≥ 1 2 +1 3+ 1 4 ≥ 1 4+ 1 4= 1 2 +1 5+ 1 6+ 1 7+ 1 8 ≥ 1 8+ 1 8+ 1 8+ 1 8= 1 2 +1 9+ 1 10+ 1 11+ · · · + 1 16 ≥ 1 16+ 1 16+ 1 16+ · · · + 1 16= 1 2 + · · ·

de modo que, somando um número suficiente de termos, as somas parci-ais da série crescem de meio em meio e assim tendem ao infinito. Segue que a série harmônica diverge para o infinito.

... 1 ... 2 1 4 1 4 1 2 1 8 1 2 1 8 1 8 1 8 3 4 5 6 7 8

(44)

S

ÉRIES TELESCÓPICAS

Uma série

∞ X

n=0

ané denominada telescópica quando seu termo geral é da forma

an= rn− rn+1

A sequência das suas parcelas é dada por

r0− r1, r1− r2, r2− r3, ··· ,rn− rn+1, ···

Nesse tipo de série, há o cancelamento da segunda parte de cada termo com a primeira parte do termo seguinte, de modo que nas somas parciais so-bram apenas a primeira parte do primeiro termo e a segunda parte do último termo. s0 = r0− r1 s1 = (r0r1) + (r1− r2) = r0− r2 s2 = (r0r1) + (r1−r2) + (r2− r3) = r0− r3 .. . sm = (r0r1) + (r1−r2) + (r2−r3) + ··· + (rm− rm+1) = r0− rm+1 .. . Temos então que

∞ X

n=0

an= r0− lim rm+1

quando esse limite existe. As séries telescópicas são um dos raros casos onde conseguimos determinar o valor da série, quando ela converge.

Exemplos 1) A série ∞ X n=2 1 n(n − 1)= 1 2 · 1+ 1 3 · 2+ 1 4 · 3+ 1 5 · 4+ · · · converge ou diverge? Temos que lim 1 n(n − 1)= 0

(45)

soma parcial é dada por sm= 1 2+ 1 6+ · · · + 1 m(m − 1)

Uma vez que o termo geral se decompõe em duas partes (verifique!) 1 n(n − 1)= 1 n − 1− 1 n

segue que em cada soma parcial

sm = µ 1 −   1 2 ¶ + µ   1 2−  1 3 ¶ + µ   1 3− · · · − 1 m − 1 ! + Ã 1 m − 1− 1 m ! = 1 − 1 m

sobram apenas a primeira parte do primeiro termo e a segunda parte do último termo. Segue que

lim sm= lim 1 −

1

m = 1

de modo que a série converge e, mais ainda, que ∞ X n=2 1 n(n − 1)= 1 2) A série ∞ X n=1 log³ n n + 1 ´ = logµ 1 2 ¶ + logµ 2 3 ¶ + logµ 3 4 ¶ + logµ 4 5 ¶ + · · · converge ou diverge? Temos que lim log ³ n n + 1 ´ = 0

(46)

soma parcial é dada por sm= log µ 1 2 ¶ + logµ 2 3 ¶ + · · · + log ³ m m + 1 ´

Uma vez que o termo geral se decompõe em duas partes log

³ n

n + 1

´

= log(n) − log(n + 1) segue que em cada soma parcial

sm = ¡log(1) −log(2)¢ + ¡ log(2) − log(3)¢ + ¡ log(3) − ··· · · · −log(m)¢ + ¡

 

log(m) − log(m + 1)¢ = − log(m + 1)

sobra apenas a segunda parte do último termo. Segue que lim sm= lim − log(m + 1) = −∞

de modo que ∞ X n=1 log ³ n n + 1 ´ = −∞

S

ÉRIES GEOMÉTRICAS

A soma de todos os termos da progressão geométrica de razão x fornece a série

X

n=0

xn= 1 + x + x2+ · · · + xn+ · · ·

conhecida como série geométrica de razão x. A sequência das suas parcelas é dada por

(47)

enquanto a sequência das suas somas parciais é dada por s0 = 1 s1 = 1 + x s2 = 1 + x + x2 .. . sm = 1 + x + x2+ · · · + xm .. .

Para que valores da razão x a série converge?

Primeiro vamos investigar para que valores de x as parcelas tendem a zero.

Proposição 2.10

Temos que

|x| < 1 =⇒ lim xn= 0 |x| ≥ 1 =⇒ lim xn6= 0

Prova:

Se x = 0 então xn= 0 para todo n e então lim xn= 0. Logo, podemos supor que x 6= 0. Temos que

|xn| = |x|n = elog |x|n = en log |x| Segue que lim n→∞|x n | = lim n→∞e n log |x|=    0, |x| < 1 1, |x| = 1 ∞, |x| > 1

(48)

uma vez que    log |x| < 0, |x| < 1 log |x| = 0, |x| = 1 log |x| > 0, |x| > 1 O resultado segue, pois

lim n→∞|x n | = 0 se e só se lim n→∞x n = 0

Agora vamos determinas para quais razões x a série geométrica converge.

Proposição 2.11 Temos que |x| < 1 =⇒ ∞ X n=0 xn= 1 1 − x |x| ≥ 1 =⇒ ∞ X n=0 xndiverge Prova:

Se |x| ≥ 1, temos que lim xn6= 0, de modo queP∞

n=0xndiverge, pelo Teste

da Divergência.

Se |x| < 1, temos que lim xn= 0, de modo que o Teste da Divergência é inconclusivo. Consideramos então as somas parciais

(49)

e observamos que

xsm= x + x2+ x3+ · · · + xm+1

se parece muito com sm. De fato, subtraindo um do outro,

(1 − x)sm= 1 − xm+1

Como 1 − x 6= 0, podemos isolar sme obter

sm=1 − x m+1

1 − x Pelas regras de limite, segue que

lim sm=

1 1 − x. onde usamos que lim xm+1= 0. Isso mostra que

∞ X

n=0

xn= 1

1 − x quando |x| < 1, como queríamos.

As séries geométricas são mais um dos raros casos onde conseguimos de-terminar o valor da série, quando ela converge.

Exemplos 1) Temos que ∞ X n=0 1 2n = 1 + 1 2+ 1 4+ 1 8+ · · · + 1 2n+ · · ·

(50)

é a série geométrica de razão 1/2, portanto ∞ X n=0 1 2n = ∞ X n=0 µ 1 2 ¶n = 1 1 −12 = 2 2 1 +1 2 +1 4 0 · · · 2) Temos que ∞ X n=0 (−1)n 3n = 1 − 1 3+ 1 9− 1 27+ · · · + (−1)n 3n + · · ·

é a série geométrica de razão −1/3, portanto ∞ X n=0 (−1)n 3n = ∞ X n=0 µ −1 3 ¶n = 1 1 −¡−13¢ = 3 4 1 −1 3 0 +1 9 · · · 3 4

(51)

3) Temos que

∞ X

n=0

2n= 1 + 2 + 4 + 8 + · · · + 2n+ · · ·

é a série geométrica de razão 2, portanto diverge, uma vez que |2| ≥ 1. 4) Temos que ∞ X n=0 (−1)n= 1 − 1 + 1 − 1 + · · · + (−1)n+ · · ·

é a série geométrica de razão −1, portanto diverge, uma vez que | − 1| = 1 ≥ 1.

O

PERAÇÕES COM SÉRIES

Quando as séries são convergentes, a soma de duas séries e o produto de uma série por uma constante sempre podem ser escritas como uma nova série.

Proposição 2.12 Se ∞ X n=0 ane ∞ X n=0 bnconvergem, então (S) ∞ X n=0 (an± bn) converge e ∞ X n=0 (an± bn) = ∞ X n=0 an± ∞ X n=0 bn

(52)

(C) ∞ X n=0 c anconverge e ∞ X n=0 c an= c µ X n=0 an

onde c é uma constante.

Prova: Como ∞ X n=0 ane ∞ X n=0

bnconvergem, temos que

lim m→∞ m X n=0 an= ∞ X n=0 an lim m→∞ m X n=0 bn= ∞ X n=0 bn

são números reais. (S) Temos que

m

X

n=0

(an+ bn) = (a0+ b0) + (a1+ b1) + (a2+ b2) + ··· + (am+ bm)

= (a0+ a1+ a2+ · · · + am) + (b0+ b1+ b2+ · · · + bm) = m X n=0 an+ m X n=0 bn

Usando a regra do limite da soma, segue que ∞ X n=0 (an+ bn) = lim m→∞ m X n=0 (an+ bn) = lim m→∞ m X n=0 an+ lim m→∞ m X n=0 bn = ∞ X n=0 an+ ∞ X n=0 bn

(53)

Para ∞ X n=0 (an− bn), a prova é a mesma. (C) Temos que m X n=0

c an = ca0+ ca1+ ca2+ · · · + cam

= c(a0+ a1+ a2+ · · · + am) = c m X n=0 an

Usando a regra do limite do produto, segue que ∞ X n=0 c an = lim m→∞ m X n=0 c an = c lim m→∞ m X n=0 an = c ∞ X n=0 an Exemplos

1) Combinando duas séries geométricas que convergem temos

∞ X n=0 µ 1 2n− (−1)n 3n(S) = ∞ X n=0 µ 1 2 ¶n − ∞ X n=0 µ −1 3 ¶n = 2 −3 4= 5 4

(54)

2) A seguinte série se parece com uma geométrica de razão12 ∞ X n=0 1 2n+1 = 1 2+ 1 4+ 1 8+ · · · (C ) = 1 2 µ 1 +1 2+ 1 4+ · · · ¶ = 1 22 = 1 logo ela converge para 1. De outro modo

∞ X n=0 1 2n+1 = ∞ X n=0 1 2 1 2n (C ) = 1 2 µ X n=0 1 2n ¶ = = 1 22 = 1

3) A seguinte série se parece com uma geométrica de razão 13, mas começa dois termos adiante

∞ X n=2 1 3n = 1 9+ 1 27+ 1 81+ · · · (C ) = 1 9 µ 1 +1 3+ 1 9+ · · · ¶ = 1 9 3 2= 1 6

(55)

logo ela converge para16. De outro modo ∞ X n=2 1 3n = ∞ X n=0 1 3n+2 = ∞ X n=0 1 32 1 3n (C ) = 1 32 µ ∞ X n=0 1 3n ¶ = = 1 9 3 2= 1 6

S

ÉRIES DE POTÊNCIAS

Agora podemos definir rigorosamente um polinômio infinito como a série de potências

c0+ c1x + c2x2+ · · · + cnxn+ · · ·

Mais precisamente, fixando um valor para x, consideramos as parcelas

c0, c1x, c2x2, . . . , cnxn, . . . e as somas parciais s0 = c0 s1 = c0+ c1x s2 = c0+ c1x + c2x2 .. . sm = c0+ c1x + c2x2+ · · · + cmxm .. .

Assim, uma série de potências é o somatório infinito de potências ∞

X

n=0

(56)

com infinitos coeficientes

c0, c1, c2, . . . , cn

Para cada valor fixado de x obtemos uma série numérica: dizemos que a série de potências converge em x quando essa série numérica converge. Em

x = 0 a série de potências converge para seu coeficiente constante (de grau

zero) uma vez que ∞ X

n=0

cn0n= c0+ c10 + c202+ · · · + cn0n+ · · · = c0

Em quais outros valores de x a série de potências converge?

Exemplos

1) Todo polinômio é uma série de potências. Por exemplo, o

polinô-mio

1 − x + 7x3 de grau 3 é uma série de potênciasP∞

n=0anxn, com coeficientes

da-dos por

a0= 1, a1= −1, a2= 0, a3= 7 e an= 0 para n > 3.

Mais geralmente, um polinômio

b0+ b1x + ··· + bkxk

de grau k é uma série de potências P∞

n=0anxn, com coeficientes

dados por

a0= b0, a1= b1, . . . , ak= bk e an= 0 para n > k.

2) A série geométrica de razão x pode ser vista como uma série de

potências ∞ X n=0 xn= 1 + x + x2+ · · · + xn+ · · · com coeficientes 1, 1, 1, . . . , 1, . . .

(57)

Já vimos que a série geométrica converge se, e só se, x ∈ (−1,1).

3) Considere a série de potências

∞ X n=1 1 nx n = x +1 2x 2 +1 3x 3 + · · · + 1 nx n + · · · com coeficientes 0, 1,1 2, 1 3, . . . , 1 n, . . .

Note que o termo constante é nulo e por isso c0= 0. Para que valo-res de x ela converge?

Por exemplo, para x = 1 obtemos a série harmônica ∞ X n=1 1 n = 1 + 1 2+ 1 3+ · · · + 1 n+ · · · que diverge.

4) Na introdução vimos a seguinte série de potências

∞ X n=0 1 n!x n = 1 + x +1 2x 2+1 6x 3+ · · · + 1 n!x n + · · · com coeficientes 1, 1,1 2, 1 6, . . . , 1 n!, . . .

Para que valores de x ela converge?

Por exemplo, para x = 1 obtemos a série numérica ∞ X n=0 1 n!= 1 + 1 + 1 2+ 1 6+ · · · + 1 n!+ · · · ela converge?

(58)

cada valor de x fixado. Portanto, precisamos de mais ferramentas para decidir quando uma série numérica converge ou diverge.

OPERAÇÕES COM SÉRIES DE POTÊNCIAS

Assim como os polinômios, a soma de duas séries de potências é uma série de potência, assim como o produto de uma série de potências por uma potência também é uma série de potências.

Proposição 2.13

Se, para x, a séries ∞ X n=0 cnxne ∞ X n=0 dnxnconvergem, então (S) ∞ X n=0 cnxn+ ∞ X n=0 dnxn= ∞ X n=0 (cn+ dn)xn (P) xk ∞ X n=0 cnxn= ∞ X n=0 cnxn+k Prova: Temos que ∞ X n=0 cnxn+ ∞ X n=0 dnxn= ∞ X n=0 (cnxn+ dnxn) = ∞ X n=0 (cn+ dn)xn e também que xk ∞ X n=0 cnxn= ∞ X n=0 xkcnxn= ∞ X n=0 cnxn+k

É importante observar que, para escrever a soma de duas séries de potên-cias como uma única série de potênpotên-cias, devemos observar se os limites dos

(59)

somatórios são os mesmos e se podemos colocar xn em evidência, como na demonstração acima. Por exemplo, considere a seguinte expressão

x3 ∞ X n=0 1 n!x n + ∞ X n=1 1 nx n

A expressão pode ser escrita como ∞ X n=0 1 n!x n+3+X∞ n=1 1 nx n

Se somarmos essas duas séries de potências, obtemos ∞ X n=0 µ 1 n!x n+3+1 nx n¶ (2.1) e não conseguimos escrever a expressão acima como uma série de potências, uma vez que não podemos colocar xn+3em evidência, pois aparece apenas na primeira parcela dentro dos parênteses, e também não podemos colocar xn em evidência, pois aparece apenas na segunda parcela dentros do parênteses. O que devemos fazer, antes de tentarmos somar as duas séries de potências, é reescrevermos a primeira série

∞ X n=0 1 n!x n+3

de modo que o fator xn+3seja substituido pelo o fator xn. Isso pode ser feito através de uma substituição no índice do somatório. Definimos m = n + 3, de modo n = m −3. Quando n = 0, temos que m = 3, e quando n → ∞, temos que

m → ∞. Efetuando essa substituição na série acima obtemos que

∞ X n=0 1 n!x n+3= X∞ m=3 1 (m − 3)!x m (2.2)

Substituindo a expressão 2.2 na expressão 2.1, obtemos a expressão ∞ X m=3 1 (m − 3)!x m + ∞ X n=1 1 nx n

Se tentarmos somar as duas séries de potências, encontramos agora dois obs-táculos. Primeiro as letras usadas como índices dos somatório são diferentes.

(60)

Como a letra usada para o índice do somatório é indiferente, podemos tro-car uma delas, de modo que as duas letras voltem a coincidir. Como estamos acostumados com a letra n, vamos volar a utilizar essa letra no primeiro so-matório, de modo que a expressão acima se torna igual a

∞ X n=3 1 (n − 3)!x n + ∞ X n=1 1 nx n

O segundo obstáculo é que os limites dos somatórios não são os mesmos. Para isso, podemos separar as primeiras parcelas da série cujo limite inferiror co-meça antes, nesse caso a segunda série na expressão acima, de modo que

∞ X n=3 1 (n − 3)!x n + x +1 2x 2 + ∞ X n=3 1 nx n

Podemos então transformar a expressão acima na série de potências

x +1 2x 2 + ∞ X n=3 µ 1 (n − 3)!+ 1 nxn

cujos coeficientes são

c0= 0, c1= 1, c2= 1 2, cn= 1 (n − 3)!+ 1 n para n ≥ 3. Exemplo Temos que x3 ∞ X n=0 1 n!x n = ∞ X n=0 1 n!x 3 xn = ∞ X n=0 1 n!x n+3 = ∞ X m=3 1 (m − 3)!x m = ∞ X n=3 1 (n − 3)!x n

(61)

Ou seja, temos que x3 µ 1 + x +1 2x 2 + 1 3!x 3 + · · · ¶ = x3+ x4+1 2x 5 + 1 3!x 6 + · · ·

2.3

T

ESTES DE CONVERGÊNCIA

Vamos desenvolver critérios indiretos que, em algumas situações, vão nos per-mitir decidir se uma dada série numérica converge ou diverge sem precisar-mos manipular suas somas parciais. O lado ruim desses critérios indiretos é que não vamos saber o valor para o qual série converge ou diverge, mas ape-nas se ela converge ou diverge.

T

ESTE DA CAUDA

Temos que ∞ X n=0 an = a0+ a1+ · · · + an+ · · · = (a0+ a1+ · · · + ak−1) + (ak+ ak+1+ · · · + an+ · · · ) = (a0+ a1+ · · · + ak−1) + ∞ X n=k an

onde a primeira soma é finita e a segunda soma é infinita. Essa segunda soma é a k-ésima cauda da série

∞ X n=0 an, dada por ∞ X n=k an= ak+ ak+1+ · · · + an+ · · ·

(62)

... n k+1 k ... 1 0 ... a n ... a0 a1 ak ak+1 ... ... k−1 ak−1

Proposição 2.14: Teste da Cauda

A cauda ∞ X n=k anconverge ⇐⇒ a série ∞ X n=0 anconverge A cauda ∞ X n=k andiverge ⇐⇒ a série ∞ X n=0 andiverge Prova:

Para m ≥ k, temos que a soma parcial da série ∞ X n=0 anfica m X n=0 an = a0+ a1+ a2+ · · · + am = (a0+ a1+ a2+ · · · + ak−1) + (ak+ ak+1+ · · · + am) = k−1 X n=0 an+ m X n=k an

(63)

Uma vez que

k−1X n=0

an= a0+ a1+ a2+ · · · + ak−1

é uma quantidade finita que não depende de m, o resultado segue.

T

ESTE DA COMPARAÇÃO

Temos que a série

∞ X

n=0

|an| é tal que suas somas parciais sm formam uma

sequência crescente

s0 = |a0|

s1 = |a0| + |a1|

s2 = |a0| + |a1| + |a2| ..

.

sm = |a0| + |a1| + |a2| + · · · + |am|

sm+1 = |a0| + |a1| + |a2| + · · · + |am| + |am+1|

.. .

Neste caso, o limite lim sm sempre existe e temos então apenas duas

possibi-lidades

Propriedades

1) Converge: se o limite lim sm é finito e, nesse caso, escrevemos

∞ X

n=0

|an| < ∞

2) Diverge pro infinito: se o limite lim sm é infinito e, nesse caso,

escrevemos

∞ X

n=0

(64)

A mesma análise acima também vale para as caudas, de modo que sempre podemos escrever ∞ X n=k |an| ≤ ∞.

Proposição 2.15: Teste da comparação

Se 0 ≤ |an| ≤ |bn| para n ≥ k então ∞ X n=k |an| ≤ ∞ X n=k |bn| de modo que ∞ X n=k |an| = ∞ =⇒ ∞ X n=k |bn| = ∞ ∞ X n=k |bn| < ∞ =⇒ ∞ X n=k |an| < ∞

(65)

|bn| |b0| |b1| |b2| ... n 2 1 0 ... |an| ... |a0| |a1| |a2| ... n+1 Prova: Se 0 ≤ |an| ≤ |bn| para n ≥ k então m X n=k |an| ≤ m X n=k |bn|

Pela monotonicidade do limite de sequências, segue que ∞ X n=k |an| ≤ ∞ X n=k |bn| Se ∞ X n=k

|an| = ∞ então a desigualdade acima “empurra” a outra cauda

para que ∞ X n=k |bn| = ∞. Se ∞ X n=k

|bn| < ∞ então a desigualdade acima “empurra” a outra cauda

para que ∞ X

n=k

(66)

Exemplo

A série 2-harmônica é a série dada por ∞ X n=1 1 n2= 1 + 1 4+ 1 9+ 1 16+ 1 25· · · + 1 n2+ · · · Ela converge ou diverge?

Observe que ela tem termos positivos, e também que seu termo geral é tal que

1

n2< 1

n(n − 1)

para todo n ≥ 2. Por comparação, segue que ∞ X n=2 1 n2≤ ∞ X n=2 1 n2− n = 1 < ∞

Pelo Teste da cauda, segue que a série ∞ X

n=1

1

n2 converge. Assim, enquanto a série harmônica

∞ X n=1 1 n diverge, a série 2-harmônica ∞ X n=1 1 n2 converge.

T

ESTE DA CONVERGÊNCIA ABSOLUTA

Vamos ver a seguir que a convergência da série dos valores absolutos implica na convergência da série original.

(67)

Proposição 2.16

Se

∞ X

n=0

|an| = |a0| + |a1| + |a2| + · · · < ∞

então ∞ X n=0 an= a0+ a1+ a2+ · · · converge. ... ... a0 a1 a2 a 3 a4 |a2| |a3| |a4| a5 Prova:

Separamos as partes positiva e negativa de an, escrevendo

an= bn+ cn onde bn= ½ an, an≥ 0 0, an< 0

(68)

... b0 b1 b5 e cn= ½ 0, an≥ 0 an, an< 0 ... c2 c 3 c4 Temos que 0 ≤ bn= |bn| ≤ |an| e também que 0 ≤ −cn= |cn| ≤ |an|.

Pelo teste da comparação, segue que ∞ X n=0 bn≤ ∞ X n=0 |an| < ∞ e também que ∞ X n=0 −cn≤ ∞ X n=0 |an| < ∞.

(69)

Pela regra da multiplicação por constantes, temos que (−1) ∞ X n=0 −cn= ∞ X n=0 cn

converge. Pela regra da soma, segue que ∞ X n=0 bn+ ∞ X n=0 cn = ∞ X n=0 bn+ cn = ∞ X n=0 an converge.

Quando a série dos valores absolutos converge, dizemos que a série ori-ginal converge absolutamente. O resultado acima mostra que toda série que converge absolutamente de fato converge. Mas existem séries que conver-gem, mas não convergem absolutamente.

Exemplos 1) Temos que ∞ X n=1 (−1)n n2 converge absolutamente, uma vez que

∞ X n=1 ¯ ¯ ¯ ¯ (−1)n n2 ¯ ¯ ¯ ¯= ∞ X n=1 1 n2< ∞.

2) Vamos ver a seguir que a série harmônica alternada

∞ X

n=1

(−1)n

n

(70)

que ∞ X n=1 ¯ ¯ ¯ ¯ (−1)n n ¯ ¯ ¯ ¯= ∞ X n=1 1 n = ∞.

Uma série que converge, mas não converge absolutamente, é chamada de série condicionalmente convergente.

T

ESTE DA SÉRIE ALTERNADA

A proposição a seguir, denominada teste da série alternada, afirma que são sempre convergentes as séries cujos termos alternam o sinal e cujo valor ab-soluto desses termos decresce para zero.

Proposição 2.17

Se an= |(−1)nan| é decrescente e lim an= 0, então

∞ X n=0 (−1)nan= a0− a1+ a2− a3+ · · · converge. Prova: Considere

s2k= a0− a1+ a2− a3+ · · · − a2k−3+ a2k−2− a2k−1+ a2k

Como an> 0 e an− an+1> 0 para todo n, temos que s2k > 0. Temos

tam-bém que

(71)

de modo que

0 < s2k< s2k−2< · · · < s2< s0

Segue que s2k é uma sequência decrescente e limitada, de modo que existe s tal que

lim s2k= s. Além disso, temos que

s2k+1= s2k− a2k+1 de modo que

lim s2k+1= lim s2k− lim a2k+1= s

uma vez que, pelo teorema do sanduíche, lim a2k+1= 0, já que 0 < a2k+1<

ak. Como a sequência dos smcom m par e com m ímpar convergem para

o mesmo s, não é difícil mostrar que a lim sm = s, mostrando que a série

converge.

Exemplos

1) Temos que a série harmônica alternada

∞ X

n=1

(−1)n1

n

converge, uma vez que é uma série alternada e que ¯ ¯ ¯ ¯(−1) n1 n ¯ ¯ ¯ ¯= 1 n

decresce para zero. Mas não converge absolutamente, uma vez que ∞ X n=1 ¯ ¯ ¯ ¯(−1) n1 n ¯ ¯ ¯ ¯= ∞ X n=1 1 n = ∞

(72)

somar primeiro as parcelas positivas e depois as parcelas negativas? A soma de suas parcelas positivas é dada por

1 2+ 1 4+ · · · + 1 2n+ · · · = ∞ X n=1 1 2n

Como podemos colocar o fator 12em evidência, segue que 1 2+ 1 4+ · · · + 1 2n+ · · · = 1 2 ∞ X n=1 1 n = ∞

pois apareceu 12 vezes a série harmônica, que diverge para o infi-nito. Por que isso aconteceu? Porque, apesar da série harmônica alternada convergir, ela não converge absolutamente. Sua conver-gência depende da ordem que somamos os termos. Se somarmos alternadamente as parcelas positivas e negativas, a série converge pois há cancelamentos. Se somarmos primeiro as parcelas positi-vas e depois as parcelas negatipositi-vas, a série diverge. É por essa razão que, nesse caso, dizemos que a ´serie converge condicionalmente, pois a convergência depende da ordem que as parcelas são soma-das. 3) Temos que ∞ X n=2 (−1)n 1 n log(n)

converge, uma vez que é uma série alternada e que ¯ ¯ ¯ ¯(−1) n 1 n log(n) ¯ ¯ ¯ ¯= 1 n log(n)

decresce para zero. Mas não converge absolutamente, uma vez que ∞ X n=2 ¯ ¯ ¯ ¯(−1) n 1 n log(n) ¯ ¯ ¯ ¯= ∞ X n=2 1 n log(n)= ∞

(73)

4) Temos que ∞ X n=1 (−1)nn + 1 n

não converge, pois apesar de ser uma série alternada e de ¯ ¯ ¯ ¯(−1) nn + 1 n ¯ ¯ ¯ ¯= n + 1 n

ser decrescente, este não decresce pra zero, portanto o Teste da sé-rie alternada não se aplica. Porém, como o termo geral não tende a zero, a série diverge pelo Teste da divergência.

T

ESTE DA RAIZ

Se tomamos o termo geral xn de uma série geométrica com razão x e extraí-mos a raiz n-ésima do seu módulo, obteextraí-mos de volta o módulo da razão

n p

|xn| = |x|

Como a convergência de uma série de uma série geométrica depende do mó-dulo de sua razão ser menor ou maior que um, definimos para uma série nu-mérica qualquer o módulo de sua razão no infinito pelo seguinte limite

lim

n→∞

n p

|an|

e obtemos o seguinte resultado.

(74)

Temos que limpn |an|                      < 1 =⇒ ∞ X n=0 anconverge > 1 =⇒ ∞ X n=0 andiverge = 1 =⇒ inconclusivo Prova:

A idéia é comparar a série dos módulos com uma série geométrica. 1) Se limpn |an| < 1, então n

p

|an| fica abaixo de 1 para n grande e,

por-tanto, abaixo de algum x < 1 positivo para n maior que algum k, isto é

n p

|an| < x < 1 para n ≥ k

Elevando ambos os lados a n-ésima potência temos |an| < xn para n ≥ k

e então as caudas das respectivas séries satifazem ∞ X n=k |an| < ∞ X n=k xn ≤ ∞ X n=0 xn= 1 1 − x < ∞

(75)

onde a série geométrica converge pois sua razão satisfaz 0 < x < 1. Pelo Teste da cauda, segue que

∞ X

n=0

|an| < ∞. Pelo Teste da convergência

absoluta, segue que ∞ X

n=0

anconverge.

2) Se limpn |an| > 1, então, existe k, tal que

n p

|an| > 1 para n ≥ k

Elevando ambos os lados a n-ésima potência, temos |an| > 1 para n ≥ k

o que mostra que lim |an| 6= 0 e, portanto, que lim an6= 0. Pelo Teste da

divergência, segue que ∞ X

n=0

andiverge.

3) Para mostrar que o caso limpn |an| = 1 é inconclusivo, vamos dar um

exemplo em que essa conta é satisfeita mas a série diverge e dar um outro exemplo em que essa conta é satisfeita mas a série converge. A série harmônica

∞ X

n=1

1

n diverge e é tal que

lim n s ¯ ¯ ¯ ¯ 1 n ¯ ¯ ¯ ¯= lim 1 n p n = 1 A série 2-harmônica ∞ X n=1 1

n2converge e é tal que

limn s ¯ ¯ ¯ ¯ 1 n2 ¯ ¯ ¯ ¯= lim 1 (pn n)2 = 1

(76)

Exemplos 1) ∞ X n=0 n2 2n converge?

Pelo Teste da raiz

lim n s ¯ ¯ ¯ ¯ n2 2n ¯ ¯ ¯ ¯= (limpnn)2 2 = 1 2< 1 segue então que a série converge.

2) ∞ X n=1 (−3)n n3 converge? Pelo Teste da raiz

lim n s ¯ ¯ ¯ ¯ (−3)n n3 ¯ ¯ ¯ ¯= 3 (limpn n)3= 3 > 1 segue então que a série diverge.

3) Para quais valores de x a série de potências

∞ X n=1 1 nx n converge? O Teste da raiz permite que testemos diversos valores de x ao mesmo tempo: pelo Teste da raiz

lim n s ¯ ¯ ¯ ¯ 1 nx n ¯ ¯ ¯ ¯= |x| n p n= |x|

segue então que a série converge se |x| < 1, e diverge se |x| > 1. Para |x| = 1, isto é, para x = 1 ou x = −1 o teste da raiz não se aplica e te-mos que substituir esses valores diretamente na série de potências.

Para x = 1 a série de potências fica ∞ X n=1 1 n(1) n = ∞ X n=1 1 n

Referências

Documentos relacionados

Considerando a abertura das possibilidades de organização de formação de treinadores, no que à sua responsabilidade diz respeito 1 , a posição da FNK-P neste âmbito, foi

6 Os métodos algébricos proposto por Al-Khowarizmi, descritos em al-jabr w´al Muqabala, contribuíram significativamente para o desenvolvimento de algoritmos para a

Os principais métodos de controle da doença são a aplicação de fungicidas (que aumenta o custo da produção), estabelecimento de períodos de vazio sanitário e o uso de

Na 1ª rodada de cada dia de competição, a equipe de arbitragem deverá se apresentar em cada quadra de jogo com 60 (sessenta) minutos de antecedência ao horário

[r]

Quero ir com o avô Markus buscar a Boneca-Mais-Linda-do-Mundo, quero andar de trenó, comer maçãs assadas e pão escuro com geleia (17) de framboesa (18).... – Porque é tão

Em primeiro lugar, como a pecuária é menos intensiva em capital que a agricultura, mais produtores irão escolher a pecuária quando os preços da terra estiverem baixos em

Combating illegal deforestation and land grabbing generates incentives for producers to improve their productivity, thereby inducing farmers to intensify their pastures or switch