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Estudo do Impacto da Automatização do Sistema de Pintura e Despintura de Aeronaves

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Academic year: 2021

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Estudo do Impacto da Automatização do Sistema de

Pintura e Despintura de Aeronaves

João Pedro Santos Ferreira

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia Aeroespacial

Orientadores:

Prof. Filipe Szolnoky Ramos Pinto Cunha

Prof. Paulo Miguel Nogueira Peças

Júri

Presidente: Prof. Fernando José Parracho Lau

Orientador: Prof. Filipe Szolnoky Ramos Pinto Cunha

Vogais: Eng. Cláudia Sofia Tavares Magalhães

Prof. António Manuel Relógio Ribeiro

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”S ˆe todo em cada coisa. P ˜oe quanto ´es No m´ınimo que fazes.” Ricardo Reis

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Agradecimentos

Com o t ´ermino desta tese de mestrado, chega ao fim um longo e intenso per´ıodo acad ´emido dedicado ao estudo de Engenharia Aeroespacial. Como tal, n ˜ao podia deixar de expressar o meu agradecimento a todos aqueles que permitiram a realizac¸ ˜ao deste trabalho, bem como a conclus ˜ao do curso.

Em primeiro lugar, quero agradecer aos Professores Filipe Cunha e Paulo Pec¸as pela possibilidade de explorar este tema e pela disponibilidade e orientac¸ ˜ao prestada ao longo da realizac¸ ˜ao de todo o trabalho.

Da mesma forma, quero agradecer `a OGMA pela oportunidade de desenvolver este projeto em parceria com uma empresa de reconhecido valor no setor aeron ´autico. Em particular, agradec¸o `a Engª. Cl ´audia Magalh ˜aes pela forma como me recebeu, orientou e forneceu informac¸ ˜ao essencial para a realizac¸ ˜ao deste estudo.

Expressar a minha gratid ˜ao, tamb ´em, ao Lu´ıs Casquilho e a todos os funcion ´arios da ´area de pintura da OGMA que, com a sua boa disposic¸ ˜ao e disponibilidade para ajudar, contribu´ıram com apoio e bom ambiente ao longo dos tempos em que estive na empresa. Em especial, quero agradecer aos meus companheiros de jornada: Mariana, Daniel e Laura.

Tamb ´em quero deixar uma palavra ao Gonc¸alo, ao Pedro a a todos os amigos e colegas que, ao longo dos ´ultimos anos, me ajudaram a superar a tarefa dif´ıcil, mas intelectualmente enriquecedora, de completar um curso no Instituto Superior T ´ecnico.

`

A Raquel, quero agradecer todo o carinho, compreens ˜ao, motivac¸ ˜ao e bons momentos vividos em conjunto. N ˜ao h ´a d ´uvida que o teu apoio nas fases menos boas foi fundamental para chegar ao fim deste curso!

Por fim, mas n ˜ao menos importante, quero expressar a minha profunda gratid ˜ao aos meus pais, Jo ˜ao e Cristina, pela educac¸ ˜ao que me deram e pelo seu encorajamento e investimento na minha formac¸ ˜ao acad ´emica. Sem eles, nada disto seria poss´ıvel. Agradecer tamb ´em `a minha irm ˜a, Rita, pelo seu companheirismo e paci ˆencia.

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Resumo

A globalizac¸ ˜ao impulsionou a utilizac¸ ˜ao do avi ˜ao como meio de transporte, o que levou a um au-mento do n ´umero de passageiros e, consequentemente, do n ´umero de aeronaves. O revestiau-mento org ˆanico do avi ˜ao, vulgo esquema de pintura, ´e condic¸ ˜ao fundamental para a aeronavegabilidade. No entanto, a pintura tem um tempo de vida ´util limitado, sendo necess ´aria a sua substituic¸ ˜ao recorrente-mente. Para acompanhar o crescimento do setor aeron ´autico, fabricantes e empresas de manutenc¸ ˜ao de aeronaves t ˆem procurado alternativas aos atuais m ´etodos de pintura e despintura utilizados, na sua maioria manuais, demorados e dispendiosos. Neste sentido, o avanc¸o tecnol ´ogico verificado na ´area da automatizac¸ ˜ao faz com que esta se afigure como uma soluc¸ ˜ao natural para optimizar o processo de manutenc¸ ˜ao do revestimento org ˆanico das aeronaves.

´

E com esse intuito que se realizou uma parceria com uma empresa do setor aeron ´autico, a OGMA - Ind ´ustria Aeron ´autica de Portugal, no sentido de se efetuar um estudo sobre uma soluc¸ ˜ao autom ´atica aplic ´avel `a sua ´area de neg ´ocio de pintura e despintura de aeronaves e perceber de que forma a implementac¸ ˜ao deste projeto teria impacto. Idealizando o procedimento para a intervenc¸ ˜ao das ae-ronaves, s ˜ao obtidos os tempos e recursos necess ´arios para cada um dos processos. Estes resulta-dos s ˜ao, por fim, compararesulta-dos com os resultaresulta-dos atuais para dar a conhecer o impacto causado pela implementac¸ ˜ao do projeto em causa.

Palavras-chave:

Manutenc¸ ˜ao Aeron ´autica, Pintura Industrial, Despintura, Automatizac¸ ˜ao, Impacto, Viabilidade.

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Abstract

Globalization has boosted the use of airplane as a means of transport, which has led to an incre-ase in the number of passengers and, consequently, the number of aircraft. The airplane coating is a fundamental condition for airworthiness. However, the paint has a limited shelf life, which is required to be replaced repeatedly. In order to keep up with the growth of the aircraft industry, aircraft manufac-turers and maintenance companies have been looking for alternatives to the current painting and paint removal methods used, mostly manual, time-consuming and costly, as well as potentially dangerous for operators. In this sense, the technological advance verified in the area of automation makes this seem like a natural solution to optimize the maintenance of the aircraft finish system.

With this in mind, OGMA, an aircraft maintenance company, was associated with this study, in order to find an effective automatic solution for its activity and to be aware of the impact it would cause. Thus, during this work the knowledge of the current process is used to propose an effective automated solution for the OGMA painting and paint removal process. By idealizing the procedure for the aircraft interventions, the necessary times and resources are obtained for each one of the operations. These results are, finally, compared with the current results to determine a point of view about the impact caused by the implementation of the project.

Keywords:

Aircraft Maintenance, Industrial Painting, Paint Stripping, Automation, Impact, Via-bility.

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Conte ´

udo

Agradecimentos . . . v

Resumo . . . vii

Abstract . . . ix

Lista de Tabelas . . . xiii

Lista de Figuras . . . xv

Lista de S´ımbolos . . . xvii

Gloss ´ario . . . xix

1 Introduc¸ ˜ao 1 1.1 OGMA-Ind ´ustria Aeron ´autica de Portugal . . . 1

1.1.1 Instalac¸ ˜oes e Equipamentos . . . 2

1.1.2 Avi ˜oes Intervencionados . . . 3

1.2 Motivac¸ ˜ao . . . 4

1.3 Objetivos . . . 5

1.4 Estrutura da Tese . . . 5

2 Estado d’Arte 7 2.1 Pintura e Despintura de Aeronaves . . . 7

2.1.1 M ´etodos e Equipamentos de Despintura . . . 10

2.1.2 M ´etodos e Equipamentos de Pintura . . . 13

2.2 Automatizac¸ ˜ao na Ind ´ustria . . . 14

2.2.1 Pintura e Despintura Automatizada . . . 17

2.2.2 Automatizac¸ ˜ao na Aeron ´autica . . . 18

3 Pintura e Despintura na OGMA 23 3.1 Manutenc¸ ˜ao do Revestimento do Avi ˜ao . . . 23

3.1.1 Processo de Despintura . . . 23

3.1.2 Processo de Pintura . . . 25

3.2 Requisitos de Qualidade . . . 28

4 Caso de Estudo: Pintura e Despintura Automatizada na OGMA 29 4.1 Especificac¸ ˜oes e Requisitos . . . 29

(12)

4.2 Processo de Automatizac¸ ˜ao . . . 30

4.2.1 Equipamentos de Operac¸ ˜ao . . . 33

4.2.2 Navegac¸ ˜ao e Seguranc¸a . . . 37

4.2.3 Controlo e Programac¸ ˜ao . . . 38

4.2.4 Outras Considerac¸ ˜oes . . . 39

4.3 Procedimento Operacional . . . 39

4.3.1 Trajet ´oria do Robot e Abordagem `a Aeronave . . . 40

4.3.2 Pintura . . . 44

4.3.3 Despintura . . . 46

4.4 Tempos de Operac¸ ˜ao . . . 47

4.4.1 Pintura . . . 47

4.4.2 Despintura . . . 49

4.5 Estudo de Custos . . . 50

4.5.1 Custos de Automatizac¸ ˜ao . . . 50

4.5.2 Custos de Operac¸ ˜ao . . . 52

5 Impacto da Automatizac¸ ˜ao da Pintura e Despintura da OGMA 55 5.1 Operac¸ ˜ao . . . 56

5.1.1 Processo de Manutenc¸ ˜ao . . . 56

5.1.2 Tempo de Processo . . . 58

5.1.3 Material . . . 61

5.2 Custos de Operac¸ ˜ao . . . 63

5.2.1 Pintura . . . 63

5.2.2 Despintura . . . 64

5.3 Outros Impactos . . . 65

5.3.1 Qualidade, Consist ˆencia e Previsibilidade . . . 65

5.3.2 Custo Ambiental . . . 65

5.4 Viabilidade de Implementac¸ ˜ao . . . 66

6 Conclus ˜ao 73 6.1 Trabalhos Futuros . . . 74

Bibliografia 75

(13)

Lista de Tabelas

3.1 Caracter´ısticas t ´ecnicas dos m ´etodos de projec¸ ˜ao utilizados na OGMA . . . 26

4.1 Componentes do robot . . . 32

4.2 Caracter´ısticas da Nanobell 2 . . . 35

4.3 Selec¸ ˜ao do m ´etodo de despintura . . . 36

4.4 Massa e posic¸ ˜ao relativa do centro de massa de cada um dos componentes do robot . . 42

4.5 Custos dos componentes dos robots . . . 51

4.6 Custos dos equipamentos de operac¸ ˜ao dos robots . . . 51

4.7 Custo final dos robots . . . 52

4.8 Pot ˆencia dos componentes do robot . . . 53

4.9 Custos com manutenc¸ ˜ao ao longo dos anos para cada robot . . . 54

5.1 Caracter´ısticas das aeronaves de exemplo . . . 55

5.2 Tempo do processo de pintura autom ´atica das aeronaves de exemplo . . . 56

5.3 Tempo do processo de despintura autom ´atica das aeronaves de exemplo . . . 56

5.4 Reduc¸ ˜ao de horas-homem com o sistema autom ´atico: pintura . . . 60

5.5 Reduc¸ ˜ao de horas-homem com o sistema autom ´atico: despintura . . . 61

5.6 Consumo de tinta, com o processo manual e autom ´atico, para um AMGP . . . 62

5.7 Consumo de tinta, com o processo manual e autom ´atico, para um AEMP . . . 62

5.8 Quantidade de material de isolamento economizada com o sistema autom ´atico . . . 62

5.9 Quantidade de despintor e ´agua n ˜ao utilizados com o sistema autom ´atico . . . 62

5.10 Valor por litro das tintas e produto despintor aplicados . . . 63

5.11 Diferenc¸a nos custos de pintura com o processo autom ´atico . . . 64

5.12 Diferenc¸a nos custos de despintura com o processo autom ´atico . . . 64

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Lista de Figuras

1.1 Vista a ´erea das instalac¸ ˜oes da OGMA . . . 2

1.2 Construc¸ ˜ao do hangar de pintura da OGMA . . . 3

1.3 Estimativa da evoluc¸ao do n ´umero de avi ˜oes em operac¸ ˜ao . . . 4

2.1 Aeronave civil na fase final do processo de pintura . . . 7

2.2 Diagrama do processo de manutenc¸ ˜ao do revestimento de uma aeronave . . . 8

2.3 Esquema das camadas que comp ˜oe o revestimento do avi ˜ao . . . 9

2.4 Despintura qu´ımica de uma aeronave . . . 10

2.5 Despintura mec ˆanica de uma aeronave . . . 12

2.6 Despintura a laser de uma aeronave . . . 12

2.7 Variac¸ ˜ao do n ´umero de robots ao longo dos anos . . . 15

2.8 Automated Spray Method em ac¸ ˜ao . . . 19

2.9 Robotic Aircraft Finishing System em ac¸ ˜ao . . . 20

2.10 Advanced Robotic Laser Coating Removal System em ac¸ ˜ao . . . 21

3.1 Diagrama com as etapas do processo de despintura . . . 23

3.2 Diagrama com as etapas do processo de pintura . . . 25

3.3 M ´etodos de aplicac¸ ˜ao de tinta . . . 27

4.1 Esboc¸o da estrutura autom ´atica selecionada . . . 30

4.2 Representac¸ ˜ao gr ´afica daquilo que ser ´a o Laser Coating Removal . . . 31

4.3 Representac¸ ˜ao gr ´afica do robot . . . 32

4.4 Principais dimens ˜oes do robot . . . 33

4.5 Taxas de transfer ˆencia de v ´arios tipos de pistolas . . . 34

4.6 Rotary Bell selecionada para aplicar no robot, Nanobell 2 . . . 35

4.7 Laser selecionado, produzido pela CleanLaser . . . 37

4.8 Sensor laser rotativo BEACON . . . 38

4.9 Trajet ´oria do robot em torno do avi ˜ao . . . 40

4.10 Exemplo da divis ˜ao da superf´ıcie do avi ˜ao em v ´arias faixas . . . 41

4.11 Forc¸as que atuam sobre o robot em repouso . . . 41

4.12 Forc¸a resultante no movimento do robot . . . 42

(16)

4.14 Trajet ´orias de pintura . . . 44

4.15 Sequ ˆencia de despintura das faixas do avi ˜ao . . . 46

4.16 Gr ´afico da velocidade em func¸ ˜ao do tempo das deslocac¸ ˜oes do robot . . . 48

5.1 Distribuic¸ ˜ao temporal pelas v ´arias etapas da pintura de um AMGP . . . 57

5.2 Distribuic¸ ˜ao temporal pelas v ´arias etapas da pintura de um AEMP . . . 57

5.3 Distribuic¸ ˜ao temporal pelas v ´arias etapas da despintura de um AMGP . . . 57

5.4 Distribuic¸ ˜ao temporal pelas v ´arias etapas da despintura de um AEMP . . . 57

5.5 Tempo de aplicac¸ ˜ao de tinta, com o processo manual e autom ´atico, para um AMGP . . . 58

5.6 Tempo de pintura de um AMGP com o processo manual e autom ´atico . . . 59

5.7 Tempo de aplicac¸ ˜ao de tinta, com o processo manual e autom ´atico, para um AEMP . . . 59

5.8 Tempo de pintura de um AEMP com o processo manual e autom ´atico . . . 59

5.9 Tempo de despintura de um AMGP com o processo manual e autom ´atico . . . 60

5.10 Tempo de despintura de um AEMP com o processo manual e autom ´atico . . . 60

5.11 Precis ˜ao da espessura do revestimento aplicado manual e automaticamente . . . 65

5.12 Comparac¸ ˜ao dos res´ıduos gerados atrav ´es da despintura qu´ımica e a laser . . . 66

5.13 Nº de avi ˜oes a intervencionar para recuperar o investimento inicial - pintura . . . 67

5.14 Nº de avi ˜oes a intervencionar para recuperar o investimento inicial - despintura . . . 67

5.15 Nº de avi ˜oes a intervencionar para recuperar o investimento inicial - pintura e despintura 67 5.16 VAL para o projeto de implementac¸ ˜ao do sistema de pintura autom ´atica . . . 69

5.17 VAL para o projeto de implementac¸ ˜ao do sistema de despintura autom ´atica . . . 69

5.18 VAL para o projeto de implementac¸ ˜ao do sistema de pintura e despintura autom ´atica . . 70

5.19 Variac¸ ˜ao do VAL em relac¸ ˜ao `a taxa de desconto . . . 71

(17)

Lista de S´ımbolos

a Acelerac¸ ˜ao

Aaviao ´Area da Superf´ıcie do Avi ˜ao Apass ´Area Coberta por uma Passagem CF0 Cash Flow de Investimento

CFi Cash Flow do Ano i

d Dist ˆancia

DF T Dry Film Thickness F Forc¸a M ´axima

j Velocidade de Despintura do Laser Lvao Largura da Faixa

m Massa Total do Robot N Forc¸a de Reac¸ ˜ao Normal P Pot ˆencia

P C Pratical Coverage Qt Quantidade de tinta

r Taxa de Desconto

Sh Proporc¸ ˜ao de Superf´ıcies Horizontais

Sv Proporc¸ ˜ao de Superf´ıcies Verticais

SV R Solid Volume Ratio tdesp Tempo de Despintura tpass Tempo de uma Passagem T E Transfer Eficiency

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T C Theoretical Coverage

Vh Velocidade de Pintura para Superf´ıcies Horizontais

Vv Velocidade de Pintura para Superf´ıcies Verticais

W Trabalho

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Gloss ´ario

AEMP Avi ˜ao Executivo de M ´edio Porte AMGP Avi ˜ao Militar de Grande Porte APR Automatic Paint Robot

ARLCRS Advanced Robotic Laser Coating Removal System

ASM Automated Spray Method ATEX ATmosphere EXplosibles CEO Chief Executive Officer

CLP Controlador L ´ogico Program ´avel DFT Dry Film Thickness

EPI Equipamento de Protec¸ ˜ao Individual FTPP Ficha T ´ecnica do Produto de Pintura HH Hora-homem

HVLP High Volume Low Pressure LCR Laser Coating Removal MPW Medium Pressure Water

MRO Maintenance, Repair and Overhaul PC Pratical Coverage

PMB Plastic Media Blasting

PRI Prazo de Recuperac¸ ˜ao do Investimento RAFS Robotic Aircraft Finishing System SVR Solid Volume Ratio

TC Theoretical Coverage TE Transfer Eficiency TIR Taxa Interna de Retorno USAF United States Air Force VAL Valor Atual L´ıquido

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(21)

Cap´ıtulo 1

Introduc¸ ˜ao

Globalizac¸ ˜ao deixou de ser um conceito difuso do futuro para ser a realidade do presente, num Mundo em constante evoluc¸ ˜ao. O avi ˜ao, como meio de transporte r ´apido, seguro e moderno, afigurou-se como um dos principais ve´ıculos impulsionadores da globalizac¸ ˜ao. Nos dias de hoje, a aviac¸ ˜ao desempenha um papel essencial na sociedade, comprimindo tempo e espac¸o, rompendo fronteiras e negando a geografia como um obst ´aculo.

A pintura ´e, geralmente, a primeira impress ˜ao que ´e transmitida para algu ´em quando olha para uma aeronave pela primeira vez. Al ´em disso, o revestimento org ˆanico protege a estrutura da aeronave, permitindo que opere em condic¸ ˜oes de seguranc¸a. Durante a vida ´util do avi ˜ao, a pintura pode ser aplicada e removida por v ´arias vezes para garantir a sua boa condic¸ ˜ao ou para alterar a personalizac¸ ˜ao exterior da aeronave, como acontece, por exemplo, quando o aparelho muda de operadora a ´erea.

Apesar de em outras ind ´ustrias o processo de pintura j ´a ser completamente automatizado h ´a mais de 50 anos, a manutenc¸ ˜ao do revestimento de uma aeronave continua a ser, na sua maioria, realizada de forma manual. No entanto, o aumento do n ´umero de aeronaves e a forte concorr ˆencia neste setor faz com que, cada vez mais, as empresas que intervencionam os avi ˜oes procurem soluc¸ ˜oes para melhorar a ´area da despintura e pintura.

´

E com este objetivo em mente que a OGMA, empresa portuguesa que se dedica `a manutenc¸ ˜ao de aeronaves, aceitou fazer uma parceria para a realizac¸ ˜ao desta dissertac¸ ˜ao de mestrado com o objetivo de encontrar uma soluc¸ ˜ao autom ´atica para a pintura e despintura da empresa e estudar o impacto que a sua implementac¸ ˜ao causaria na mesma.

1.1

OGMA-Ind ´

ustria Aeron ´autica de Portugal

A ’OGMA – Ind ´ustria Aeron ´autica de Portugal’ ´e uma empresa sediada em Alverca que se de-dica `a prestac¸ ˜ao de servic¸os de manutenc¸ ˜ao de aeronaves, bem como `a fabricac¸ ˜ao de estruturas aeron ´auticas.

Esta organizac¸ ˜ao, j ´a centen ´aria, surge a 29 de Junho de 1918, com a designac¸ ˜ao de ’Parque de Material Aeron ´autico’, ao abrigo da reorganizac¸ ˜ao do ’Servic¸o Aeron ´autico Militar’. Inicialmente, o

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’par-que’ tinha como objetivo fabricar, guardar e fornecer material aeron ´autico, bem como formar mec ˆanicos especializados no ramo da aeron ´autica. Dez anos depois, o nome ´e alterado para ’Oficinas Gerais de Material Aeron ´autico’, designac¸ ˜ao que originou o atual acr ´onimo adotado pela empresa.

Nos primeiros tempos, a OGMA atuava sobretudo na construc¸ ˜ao, sob licenc¸a, de v ´arias aeronaves utilizadas pela Forc¸a A ´erea Portuguesa. Em 1955 surge o primeiro contrato internacional, com a Mari-nha dos EUA, e, 4 anos mais tarde, com a Forc¸a A ´erea do mesmo pa´ıs. Em 1966, a empresa inicia-se nos servic¸os de manutenc¸ ˜ao com os avi ˜oes C-130 e P-3 Orion e os helic ´opteros Puma e Alouette. Em 1993, a OGMA torna-se um Centro de Manutenc¸ ˜ao Autorizado Rolls-Royce para a reparac¸ ˜ao de motores desta marca.

´

E em 2004 que se d ´a uma importante mudanc¸a no percurso da OGMA: 65% da empresa passa a ser detida pelo grupo Embraer, um dos maiores fabricantes de avi ˜oes no panorama Mundial. Os restantes 35% continuam a pertencer ao estado portugu ˆes, atrav ´es da empresa Empordef.

Atualmente, a OGMA ocupa uma ´area superior a 440 000 m2 e conta nos seus quadros com mais

de 1700 colaboradores. Com a integrac¸ ˜ao no grupo Embraer, a ´area de Manutenc¸ ˜ao, Reparac¸ ˜ao e Re-vis ˜ao Geral (MRO) passou a intervencionar tamb ´em avi ˜oes ciRe-vis, obtendo certificac¸ ˜ao para v ´arios tipos de avi ˜oes desse fabricante. Tamb ´em a ´area de fabricac¸ ˜ao de aeroestruturas cresceu, posicionando-se como fornecedor de v ´arias empresas de renome no ramo aeron ´autico, como a Boeing, Airbus, Lockheed Martin, etc.. Mais recentemente, a OGMA passou a fabricar parte dos componentes do novo avi ˜ao KC-390, lanc¸ado pela Embraer [1].

Figura 1.1: Vista a ´erea das instalac¸ ˜oes da OGMA [1]

1.1.1

Instalac¸ ˜

oes e Equipamentos

Na OGMA, a ´area de MRO representa aproximadamente 70 % da receita total. A pintura e despin-tura de aeronaves, sendo uma etapa fundamental no processo de manutenc¸ ˜ao aeron ´autica, represen-tam, portanto, um ponto de m ´aximo interesse para a continuidade dos bons resultados que a empresa tem vindo a alcanc¸ar [1].

Com o objetivo de melhorar as condic¸ ˜oes para a pintura e despintura das aeronaves, mas tamb ´em com a firme intenc¸ ˜ao de alavancar esta ´area na busca de novas oportunidades de neg ´ocio, a OGMA investiu na construc¸ ˜ao de um hangar de pintura (Figura 1.2). A n´ıvel tecnol ´ogico, foram avaliadas e

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implementadas v ´arias soluc¸ ˜oes que permitissem otimizar o uso do hangar, como por exemplo soluc¸ ˜oes de iluminac¸ ˜ao LED, de tratamento de ar atrav ´es da recuperac¸ ˜ao do calor depositado e de tratamento de efluentes (res´ıduos provenientes da pintura). No entanto, aquilo que representa um maior avanc¸o relativamente `a forma como se pintavam as aeronaves na OGMA anteriormente ´e, sem d ´uvida, o sis-tema de circulac¸ ˜ao de ar Down-draft, em que o ar ´e insuflado pelo topo da cabine e extra´ıdo por baixo, promovendo uma melhor deposic¸ ˜ao da tinta e, consequentemente, aumentando a qualidade do produto final.

Figura 1.2: Construc¸ ˜ao do hangar de pintura da OGMA [1]

O hangar est ´a preparado para receber aeronaves de pequeno e grande porte (alcanc¸a a pintura de um A321), por vezes at ´e em simult ˆaneo j ´a que podem existir duas naves separadas, uma de maior e outra de menor dimens ˜ao, al ´em da possibilidade de efetuar intervenc¸ ˜oes em pec¸as soltas nas v ´arias estufas de pintura de dimens ˜oes inferiores, existentes numa das laterais do hangar. Todo este espac¸o pode tamb ´em funcionar como estufa, o que acelera e otimiza o processo de secagem das tintas aplica-das. O hangar conta ainda com uma zona de preparac¸ ˜ao de produtos de pintura e uma ´area de apoio `a manutenc¸ ˜ao. Esta infraestrutura ficou pronta em Julho de 2016 e representou um investimento de oito milh ˜oes de euros [2].

1.1.2

Avi ˜

oes Intervencionados

O hangar de pintura da OGMA foi constru´ıdo tendo em conta, n ˜ao s ´o as dimens ˜oes das aeronaves que habitualmente realizam a manutenc¸ ˜ao na empresa, mas tamb ´em outras que poder ˜ao vir a faz ˆe-lo no futuro.

Dentro do ramo da aviac¸ ˜ao civil, destacam-se as fam´ılias de avi ˜oes Embraer ERJ e Embraer E-Jets. Tamb ´em a fam´ılia de avi ˜oes A-320 da Airbus e os jatos executivos Dassault Falcon podem vir a ser intervencionados neste espac¸o.

No ramo da aviac¸ ˜ao militar destacam-se as intervenc¸ ˜oes nos avi ˜oes C-130 e P-3 Orion, produ-zidos pela Lockheed e as intervenc¸ ˜oes em F-16. Com menos frequ ˆencia, surgem os servic¸os de manutenc¸ ˜ao em pequenos avi ˜oes militares como os CASA C-212 Aviocar e EADS C-295, bem como pontuais reparac¸ ˜oes em helic ´opteros. Do fabricante Embraer, numa perspetiva de futuro, h ´a condic¸ ˜oes para pintar/despintar o recente KC-390 [1].

(24)

1.2

Motivac¸ ˜ao

A aviac¸ ˜ao, sendo considerada uma ´area propulsora da globalizac¸ ˜ao, acaba por ser, igualmente, impulsionada por ela. Assim, tem-se assistido a um aumento do n ´umero de passageiros de ano para ano e prev ˆe-se que o crescimento continue no futuro. Segundo a International Air Transport Association, ´e esperado que se atinjam 7,2 bili ˜oes de passageiros em 2035, quase o dobro dos 3,8 bili ˜oes de viajantes verificados em 2016. Para dar resposta `a procura por voos, tamb ´em ´e esperado que at ´e 2037 mais que duplique o n ´umero de avi ˜oes atualmente em operac¸ ˜ao (Figura 1.3) [3].

Figura 1.3: Estimativa da evoluc¸ao do n ´umero de avi ˜oes em operac¸ ˜ao [3]

O aumento do n ´umero de avi ˜oes, por sua vez, provocou um aumento do volume de neg ´ocio das empresas de manutenc¸ ˜ao de aeronaves. No entanto, na maior parte destas empresas, o processo de decapagem e pintura continua a ser um processo manual e pouco evolu´ıdo tecnologicamente. Estes m ´etodos t ˆem em comum o facto de serem dispendiosos, demorados e produzirem grandes quantidades de efluentes l´ıquidos e gasosos poluentes. Al ´em disso, estes m ´etodos exigem operadores altamente qualificados. [4].

Com a lista de avi ˜oes em espera para ser intervencionados a aumentar e a alta competic¸ ˜ao no setor, as empresas do setor aeron ´autico est ˜ao a procurar soluc¸ ˜oes para melhorar os seus servic¸os. A dificuldade e esforc¸o f´ısico impl´ıcito nestes trabalhos, a falta de produtividade e as falhas na qualidade do produto final est ˜ao a aguc¸ar ainda mais a necessidade de mudanc¸a [5].

´

E aqui que entra a automatizac¸ ˜ao. Os sistemas automatizados s ˜ao geralmente considerados al-tamente eficientes, melhorando potencialmente a competitividade das empresas em que s ˜ao imple-mentados. Abordando especialmente a ´area da pintura, a automatizac¸ ˜ao deste sistema poderia trazer grandes benef´ıcios, tanto para as empresas como para os operadores. A aplicac¸ ˜ao de tinta de forma robotizada pode levar a reduc¸ ˜oes de material na ordem dos 30 a 50%, o que significaria tamb ´em uma reduc¸ ˜ao de peso acrescentado ao avi ˜ao pelo seu revestimento e, consequentemente, melhorias na efici ˆencia de operac¸ ˜ao da aeronave [6].

Assim, este estudo vai de encontro `as pretens ˜oes do mercado, constituindo um apoio para a an ´alise ao investimento num sistema de pintura e despintura autom ´atica, tanto para a OGMA, como para outras

(25)

empresas que se dediquem `a manutenc¸ ˜ao do revestimento de aeronaves.

1.3

Objetivos

O principal objetivo do presente estudo ´e estimar o impacto e calcular a viabilidade da implementa-c¸ ˜ao de um sistema autom ´atico para a pintura e despintura de aeronaves numa empresa que se dedique a esse neg ´ocio.

Para cumprir o objetivo principal, surgem uma s ´erie de objetivos secund ´arios. Pretende-se que este estudo encontre uma soluc¸ ˜ao autom ´atica que v ´a de encontro `as necessidades do trabalho. Pretende-se encontrar um procedimento de operac¸ ˜ao para a soluc¸ ˜ao automatizada. E, por fim, pretende-se estimar os tempos envolvidos na intervenc¸ ˜ao dos avi ˜oes e os custos de investimento e operac¸ ˜ao.

1.4

Estrutura da Tese

A presente dissertac¸ ˜ao de mestrado est ´a estruturada em seis distintos cap´ıtulos, incluindo este onde ´e realizada uma breve introduc¸ ˜ao ao tema.

No Cap´ıtulo 2 ser ´a exposta a revis ˜ao bibliogr ´afica sobre o tema desta tese, focando a pintura e despintura na aeron ´autica e o estado atual da automatizac¸ ˜ao na ind ´ustria em geral e neste setor em particular.

No Cap´ıtulo 3 ser ´a feita uma descric¸ ˜ao do estado atual do processo de pintura e despintura de aeronaves na OGMA.

No Cap´ıtulo 4 ser ´a explorada a melhor soluc¸ ˜ao de automatizac¸ ˜ao do sistema de pintura e despintura da OGMA. Ap ´os se obter uma proposta de soluc¸ ˜ao, ser ´a idealizado um procedimento de atuac¸ ˜ao e um estudo dos tempos e custos associados `a operac¸ ˜ao.

No Cap´ıtulo 5 ser ´a apresentado um estudo sobre o impacto que a implementac¸ ˜ao do sistema de pintura e despintura automatizada provocaria na empresa, bem como uma an ´alise de viabilidade a este investimento.

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Cap´ıtulo 2

Estado d’Arte

2.1

Pintura e Despintura de Aeronaves

A superf´ıcie de uma aeronave est ´a exposta a condic¸ ˜oes adversas e rigorosas durante o per´ıodo de voo. Assim, o revestimento org ˆanico da superf´ıcie desempenha um papel preponderante na protec¸ ˜ao da aeronave contra a corros ˜ao resultante do contacto com o meio ambiente nas referidas condic¸ ˜oes. Na aviac¸ ˜ao militar, al ´em da protec¸ ˜ao das superf´ıcies, a pintura desempenha ainda um relevante papel na camuflagem do avi ˜ao, tornando-o mais dif´ıcil de detetar pelos radares inimigos durante as miss ˜oes. J ´a na aviac¸ ˜ao civil, assegurar uma boa apar ˆencia est ´etica da aeronave ´e uma das func¸ ˜oes da pintura, tal como a sinalizac¸ ˜ao atrav ´es de ins´ıgnias de seguranc¸a e as personalizac¸ ˜oes finais que identificam a companhia a ´erea para a qual o avi ˜ao opera. Al ´em do j ´a mencionado, o revestimento org ˆanico da aero-nave torna mais f ´acil a manutenc¸ ˜ao e lavagem da mesma, conferindo-lhe uma menor vulnerabilidade `a sujidade e ao ´oleo [7–9].

Figura 2.1: Aeronave civil na fase final do processo de pintura [10]

Pese embora uma correta aplicac¸ ˜ao da tinta e uma boa qualidade da mesma possa aumentar o tempo de vida ´util do revestimento da aeronave, os m ´etodos e tecnologias utilizados atualmente para pintar um avi ˜ao t ˆem uma validade inferior a uma d ´ecada, normalmente de 5 a 6 anos [11]. Ap ´os este per´ıodo comec¸a-se a verificar deteriorac¸ ˜oes na tinta como fissuras ou falta de ader ˆencia da tinta, o que

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pode p ˆor em causa a sua efici ˆencia na protec¸ ˜ao das superf´ıcies. Isto acontece devido `a ac¸ ˜ao de agentes ambientais e ir ´a depender de v ´arios fatores como a agressividade do meio em que a aeronave voa e a quantidade de horas de operac¸ ˜ao [12]. Assim, chegado o fim do per´ıodo de vida ´util do revestimento org ˆanico do avi ˜ao, surge a necessidade de realizar a remoc¸ ˜ao da pintura antiga e a aplicac¸ ˜ao de uma nova.

A manutenc¸ ˜ao do revestimento de uma aeronave ´e um processo extenso e n ˜ao envolve apenas a remoc¸ ˜ao e a aplicac¸ ˜ao da tinta. Todos os trabalhos seguem procedimentos que est ˜ao bem especifica-dos em manuais t ´ecnicos. Segundo o manual t ´ecnico da Forc¸a A ´erea especifica-dos Estaespecifica-dos Uniespecifica-dos da Am ´erica (USAF) [9] o processo ´e composto por: preparac¸ ˜ao para a despintura, despintura, preparac¸ ˜ao e trata-mento da superf´ıcie para pintura, pintura e, por ´ultimo, inspec¸ ˜ao do revestitrata-mento org ˆanico de pintura aplicado (Figura 2.2).

Figura 2.2: Diagrama do processo de manutenc¸ ˜ao do revestimento de uma aeronave

A preparac¸ ˜ao para a despintura envolve a limpeza da aeronave e o isolamento das superf´ıcies que n ˜ao podem entrar em contacto com os qu´ımicos que normalmente s ˜ao utilizados nos processos de despintura. J ´a a preparac¸ ˜ao para a pintura ´e considerada como uma das etapas mais importantes para atingir um bom resultado final neste processo, uma vez que uma superf´ıcie suja ou engordurada n ˜ao permitir ´a uma pintura de qualidade [8].

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A operac¸ ˜ao de decapagem do revestimento antigo da aeronave ´e dado o nome de despintura. Al ´em da manutenc¸ ˜ao de rotina, segundo a refer ˆencia [13], a pintura original de uma aeronave deve ser removida caso:

• a superf´ıcie de um painel ou ´area da aeronave apresente a pintura deteriorada;

• a tinta ou outros materiais para reparo de um defeito n ˜ao sejam compat´ıveis com os materiais utilizados na pintura existente, impedindo assim o retoque;

• haja suspeitas ou evid ˆencias de corros ˜ao sob uma camada de tinta aparentemente em bom es-tado.

Existem v ´arias formas de executar o processo de despintura de uma aeronave. No entanto, o m ´etodo mais utilizado ´e a despintura qu´ımica, no qual decapantes qu´ımicos s ˜ao aplicados na superf´ıcie do avi ˜ao [9].

Depois da remoc¸ ˜ao do revestimento da aeronave, ´e feita uma cuidadosa inspec¸ ˜ao para detetar fissu-ras ou outros danos causados pela corros ˜ao ou por qualquer outro motivo ligado `a utilizac¸ ˜ao da mesma. Muitas vezes, o facto da aeronave estar despintada ´e aproveitado para a realizac¸ ˜ao de intervenc¸ ˜oes de manutenc¸ ˜ao ou reparac¸ ˜oes mais profundas. Ap ´os isto, a aeronave ter ´a de ser pintada novamente.

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Na pintura de aeronaves, na grande maioria dos casos, a tinta ´e aplicada a spray com um sistema de baixa press ˜ao e alto volume (conhecido pelo termo em ingl ˆes, High Volume Low Pressure), respons ´avel por criar uma camada muito fina de pintura. No entanto, existem outros equipamentos habilitados para pintar um avi ˜ao [9].

Geralmente, o revestimento final da aeronave ´e composto por tr ˆes camadas: tratamento de su-perf´ıcie (pr ´e-tratamento), prim ´ario e tinta de acabamento (Figura 2.3). O pr ´e-tratamento ´e, normal-mente, um composto qu´ımico `a base de cromatos que ´e aplicado no metal da superf´ıcie, formando uma pel´ıcula de convers ˜ao (cromatac¸ ˜ao). Posteriormente aplicam-se os revestimentos org ˆanicos: o prim ´ario (em ingl ˆes primer ), de base resina ep ´oxi ou poliuretano, e a tinta de acabamento (em ingl ˆes topcoat), de base resina poliuretano ou polisulfito. Devido a aspetos de seguranc¸a, costumam ainda ser pintadas no exterior da aeronave v ´arias ins´ıgnias e sinalizac¸ ˜oes. Por motivos est ´eticos e publicit ´arios, ao topcoat podem tamb ´em ser acrescentados esquemas que identifiquem a companhia a que pertence o avi ˜ao [14].

Figura 2.3: Esquema das camadas que comp ˜oe o revestimento do avi ˜ao

A tinta, geralmente, apresenta tr ˆes componentes: resina como material de revestimento, pigmento para a cor e solventes para reduzir a mistura a uma viscosidade vi ´avel. Na aeron ´autica a escolha da tinta ´e um processo que deve ser criterioso j ´a que o revestimento enfrenta condic¸ ˜oes peculiares como grandes variac¸ ˜oes de temperatura e press ˜ao, tempestades de granizo, res´ıduos da pista e derrames de ´oleo e de combust´ıvel. Assim, as tintas a aplicar `a aeronave devem ser as recomendadas pelo fabricante da mesma, sob pena do revestimento ficar danificado com a operac¸ ˜ao do avi ˜ao, ou at ´e causar danos na superf´ıcie do mesmo. A aplicac¸ ˜ao da tinta deve ainda ser feita por t ´ecnicos especializados e seguir as condic¸ ˜oes de pintura recomendadas pelo fabricante da mesma, tais como a temperatura, humidade relativa, ventilac¸ ˜ao do espac¸o, equipamentos apropriados e ordem de aplicac¸ ˜ao [12].

Pintar uma aeronave comercial pode demorar cerca de 15 dias, dependendo do tamanho da fusela-gem e de qu ˜ao complicado ´e o esquema de cores adotado pela companhia a ´erea [11].

Apesar do car ´acter utilit ´ario da pintura de uma aeronave, a tinta provoca um aumenta de peso `a mesma. Por isso, ´e importante que sejam cumpridas as espessuras m ´aximas e m´ınimas aprovadas pelo fabricante, sob pena do avi ˜ao ficar com a distribuic¸ ˜ao de peso afetada [7]. Por exemplo, o avi ˜ao Airbus A380, que possui uma superf´ıcie exterior de 4400 m2, requer tr ˆes camadas de tinta que pesam

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2.1.1

M ´etodos e Equipamentos de Despintura

A finalidade do processo de despintura de uma aeronave ´e a remoc¸ ˜ao completa das camadas de tinta sem que ocorra qualquer dano nas superf´ıcie em que estas est ˜ao aplicadas. Antes de se iniciar o processo, para se escolher o m ´etodo de despintura mais adequado, deve ser assegurado um equil´ıbrio entre o m ´aximo poder de remoc¸ ˜ao e a m ´axima protec¸ ˜ao para o equipamento que vai sofrer a despintura. Uma grande variedade de materiais e m ´etodos podem remover os sistemas de revestimento. Os m ´etodos mais usuais na ind ´ustria aeron ´autica t ˆem sido a despintura qu´ımica e mec ˆanica. No entanto, a despintura ´otica, recorrendo `a tecnologia laser, comec¸a a ser cada vez mais explorada e at ´e utilizada por v ´arias organizac¸ ˜oes que fazem despintura de aeronaves. De seguida ser ´a explicado em que consiste cada um dos m ´etodos acima referidos, tendo por base as indicac¸ ˜oes do manual t ´ecnico da USAF [9].

Despintura Qu´ımica

A decapagem atrav ´es de produtos qu´ımicos ´e a mais antiga e usual t ´ecnica de remoc¸ ˜ao de tinta. Este tipo de despintura foi especialmente desenvolvido para superf´ıcies met ´alicas.

Primeiramente, a superf´ıcie estrutural ´e lavada para remover a sujidade, gordura, ´oleo e outras poss´ıveis fontes de contaminac¸ ˜ao do processo de despintura. Os componentes e materiais que n ˜ao precisam/podem ser despintados, como por exemplo a borracha, silicone, cola, adesivos, pl ´astico, ma-teriais comp ´ositos e componentes eletr ´onicos ou avi ´onicos, como equipamentos de radar e antenas, s ˜ao removidos ou cobertos com fita de alum´ınio antes de ser aplicado o despintor qu´ımico. O decapante ´e pulverizado ou espalhado com escovas ou rodos na superf´ıcie da tinta a ser removida e ´e deixado a amolecer e a levantar as camadas de revestimento. Este processo pode variar entre 10 minutos e v ´arias horas, dependendo da temperatura, humidade, efici ˆencia do despintor e condic¸ ˜oes da pintura que est ´a a ser removida. A tinta amolecida e o excesso de solvente s ˜ao ent ˜ao removidos utilizando raspadores de borracha dura e jato de ´agua. O despintor ´e reaplicado, caso necess ´ario, em ´areas em que a pintura n ˜ao tenha cedido, repetindo o processo acima. Ap ´os tr ˆes aplicac¸ ˜oes, caso a pintura n ˜ao tenha sa´ıdo na totalidade, ´e necess ´ario recorrer ao m ´etodo de despintura mec ˆanica para finalizar o processo de remoc¸ ˜ao.

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As principais vantagens da utilizac¸ ˜ao deste m ´etodo s ˜ao o pouco investimento em equipamento e o excelente resultado final, quando todos os procedimentos s ˜ao cumpridos. Al ´em disso, este m ´etodo n ˜ao necessita de m ˜ao de obra muito especializada, sendo composto por procedimentos acess´ıveis a qualquer operador.

J ´a as desvantagens formam uma longa lista. Em primeiro lugar, este m ´etodo gera um grande volume de efluentes l´ıquidos e gasosos poluentes que necessitam de ser tratados e que podem ser prejudiciais para a sa ´ude dos t ´ecnicos caso ocorra o contacto direto. Como resultado, a ind ´ustria aeron ´autica foi forc¸ada a tomar medidas que restringissem a decapagem qu´ımica com decapantes com base em diclorometano e a fornecer melhores condic¸ ˜oes aos trabalhadores a n´ıvel de ventilac¸ ˜ao e EPIs (Equipamentos de Protecc¸ ˜ao Individual) no local de trabalho.

Al ´em disto, a despintura qu´ımica ´e incompat´ıvel com superf´ıcies em comp ´osito, material que ´e cada vez mais utilizado na ind ´ustria aeron ´autica. Mesmo o alum´ınio, superf´ıcie em que supostamente este m ´etodo ´e mais eficaz, pode ser danificado se ficar demasiado tempo em contacto com o decapante.

Por fim, este m ´etodo requer o devido isolamento de todas as ´areas sens´ıveis ao decapante ou `a humidade, sob pena dessas superf´ıcies ou componentes ficarem danificados [17].

Despintura Mec ˆanica

Em alternativa `a via qu´ımica, caso esta seja impratic ´avel por quest ˜oes legais, complexidade estru-tural ou devido `a fraca resist ˆencia qu´ımica do material em si, como ´e o caso dos comp ´ositos, opta-se pelos m ´etodos mec ˆanicos.

O processo mec ˆanico de remoc¸ ˜ao de tinta recorre `a utilizac¸ ˜ao de lixas, `a projec¸ ˜ao de part´ıculas abrasivas ou `a projec¸ ˜ao de um jato de ´agua.

A mais recente tecnologia de projec¸ ˜ao, Plastic Media Blasting (PMB), foi criada com o intuito de substituir a decapagem qu´ımica, e ´e referenciada por ser uma via mais econ ´omica, r ´apida e segura. Este m ´etodo utiliza part´ıculas de pl ´astico, projetando-as a uma press ˜ao entre 0,28 e 0,41 M P a, a cerca de 30 a 60 cm da superf´ıcie que se pretende despintar. O material abrasivo pode ser reutilizado pelo menos dez vezes (caso haja um sistema de recolha e de separac¸ ˜ao), o que gera menos res´ıduos face ao uso dos decapantes qu´ımicos [17].

Outro m ´etodo mec ˆanico autorizado para as aeronaves militares ´e o Medium Pressure Water (MPW), que consiste na projec¸ ˜ao de um jato, composto por uma soluc¸ ˜ao aquosa de bicabornato de s ´odio, na superf´ıcie que se pretende despintar. Normalmente utiliza-se uma press ˜ao a rondar os 100 M P a, com um fluxo de 11 litros por minuto, a 5 a 10 cm da superf´ıcie que se pretende despintar. Este m ´etodo ´e frequentemente utilizado como complemento ao m ´etodo qu´ımico, nomeadamente para limpeza da aeronave ap ´os a atuac¸ ˜ao dos decapantes [17].

Embora os processos mencionados sejam autorizados e utilizados na ind ´ustria aeron ´autica, a de-capagem mec ˆanica tem diversos inconvenientes, tais como necessitar de um investimento elevado em equipamentos, requerer profissionais qualificados e envolver riscos consider ´aveis de danificar o metal, o que pode levar `a necessidade de reparac¸ ˜ao ou substituic¸ ˜ao do componente se o grau de degradac¸ ˜ao for elevado [19].

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Figura 2.5: Despintura mec ˆanica de uma aeronave [18]

Despintura ´Otica

Um laser ´e um dispositivo que amplifica as ondas de luz e as concentra num ´unico feixe de energia estreito e intenso. Atrav ´es desta tecnologia, os sistemas baseados em laser s ˜ao usados em muitas aplicac¸ ˜oes em setores t ˜ao diversos como a medicina, a metal ´urgica e a eletr ´onica.

A remoc¸ ˜ao de pintura a laser ´e uma tecnologia recente que ´e vista como uma alternativa aos m ´etodos de despintura atualmente em uso. A energia do laser ´e focada na superf´ıcie e ´e absorvida pelo revestimento, resultando na decomposic¸ ˜ao e remoc¸ ˜ao da pintura, causando apenas um aumento m´ınimo na temperatura do substrato [17, 19].

Dentro da tecnologia de remoc¸ ˜ao de pintura a laser existem v ´arias t ´ecnicas e equipamentos. Assim, existem lasers que removem a pintura atrav ´es da vaporizac¸ ˜ao da mesma, enquanto outros fazem com que a camada de tinta simplesmente se “solte” da superf´ıcie em que foi aplicada. No primeiro m ´etodo, ondas cont´ınuas vaporizam camadas finas do sistema de revestimento que sofrem combust ˜ao assim que entram em contacto com o oxig ´enio da atmosfera, ou seja, os lasers de onda cont´ınua aplicam energia por um longo per´ıodo de tempo, aquecem o material e queimam-no. Como ´e f ´acil danificar o substrato, os lasers de onda cont´ınua exigem treino, controlos e diagn ´osticos extensivos para remover tinta com seguranc¸a. J ´a o outro m ´etodo, atrav ´es de feixes n ˜ao cont´ınuos, ou de pulso, cria uma onda de choque na camada de pintura que provoca fissuras no resto do revestimento, levando `a sua remoc¸ ˜ao [22].

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A remoc¸ ˜ao do revestimento a laser ´e um processo que pode ser aplicado numa grande varie-dade de substratos, incluindo metal, comp ´ositos e pl ´asticos, o que constitui uma grande vantagem em comparac¸ ˜ao com m ´etodos em que o mesmo n ˜ao se verifica. Al ´em disso, foi demonstrado nos ´ultimos anos que um sistema de remoc¸ ˜ao de revestimento assistido por laser tem o potencial de ofe-recer melhorias ambientais significativas e uma grande reduc¸ ˜ao dos res´ıduos causados pelo processo de despintura. Por fim, apesar do grande investimento que tem de ser feito no equipamento, a despin-tura a laser tem custos operacionais muito reduzidos, o que resulta em ganhos que podem facilmente compensar o esforc¸o inicial.

Como maior desvantagem ´e apontado o facto desta tecnologia ser relativamente recente e, portanto, n ˜ao haver um grau de conhecimento como aquele que se possui na ´area da despintura qu´ımica ou mec ˆanica [21, 22].

2.1.2

M ´etodos e Equipamentos de Pintura

Existem v ´arios m ´etodos para a aplicac¸ ˜ao de tinta numa aeronave e nos seus componentes. Entre os mais comuns est ˜ao a imers ˜ao, pincelagem e pulverizac¸ ˜ao com pistola. Apesar de todos estes m ´etodos poderem ser utilizados, ´e a pulverizac¸ ˜ao com pistola que ´e respons ´avel pela cobertura da maior parte da superf´ıcie do avi ˜ao, devido a ser um m ´etodo r ´apido e que produz camadas de tinta de boa qualidade e uniformidade [9].

Todos os sistemas de pulverizac¸ ˜ao t ˆem v ´arias semelhanc¸as b ´asicas: deve haver uma fonte ade-quada de ar comprimido, um reservat ´orio ou tanque que fornec¸a o material de acabamento e um dispo-sitivo que controle a proporc¸ ˜ao de ar e tinta que s ˜ao ejetados numa nuvem atomizada (spray ) contra a superf´ıcie a ser revestida. Seguidamente ser ˜ao apresentados alguns tipos diferentes de pistolas, bem como as suas principais caracter´ısticas.

Pistola High Volume Low Pressure

Com esta pistola, o material de revestimento ´e atomizado por um grande volume de ar a baixa press ˜ao. Ou seja, ar a baixa press ˜ao, igual ou inferior a 0,7 bar, ´e usado para atomizar a tinta na “cabec¸a” da pistola, enquanto um grande volume de ar empurra o material de revestimento em direc¸ ˜ao

`a mesma, formando um padr ˜ao muito suave e de baixa velocidade.

Durante a aplicac¸ ˜ao, a pistola HVLP deve ser mantida mais pr ´oxima da superf´ıcie (max. 15 cm) do que uma pistola de pulverizac¸ ˜ao de ar convencional, devido `a menor velocidade das part´ıculas de tinta. Isto representa uma vantagem na medida em que o pintor pode estar mais pr ´oximo da superf´ıcie que est ´a a preencher.

As pistolas HVLP atingem taxas de transfer ˆencia de cerca de 65 a 75 %, o que diminui considera-velmente o excesso de pulverizac¸ ˜ao (overspray ) quando comparado com as pistolas de tinta convenci-onais, resultando numa cobertura mais consistente e num melhor acabamento geral. A maior taxa de transfer ˆencia tamb ´em representa poupanc¸as a n´ıvel da quantidade de tinta gasta [9, 23].

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Pistola Airless

A pistola de spray airless, como o pr ´oprio nome indica, n ˜ao funciona atrav ´es da press ˜ao do ar mas sim atrav ´es da press ˜ao hidr ´aulica, que ´e a respons ´avel pelo fornecimento do material de revesti-mento para a “cabec¸a” da pistola e de o atomizar, expulsando-o por bicos de pulverizac¸ ˜ao especiais. Esses bicos podem aumentar at ´e cem vezes a press ˜ao e s ˜ao respons ´aveis pela criac¸ ˜ao do leque de pulverizac¸ ˜ao.

A aplicac¸ ˜ao de tintas por este m ´etodo requer cuidados de seguranc¸a redobrados por parte do pintor, devido `as elevadas press ˜oes envolvidas. A dist ˆancia entre o bico da pistola airless e a superf´ıcie a ser pintada deve ser entre 25 e 50 cm.

Este m ´etodo permite a aplicac¸ ˜ao de tintas com elevadas quantidades de s ´olidos por volume sem a necessidade de diluic¸ ˜ao e em espessuras elevadas. No entanto, estima-se que a taxa de transfer ˆencia se encontre apenas entre os 50 e 65 % [9, 23].

Pistola Eletrost ´atica

Este m ´etodo de pintura consiste na adic¸ ˜ao, aos m ´etodos atr ´as descritos, de uma carga ele-trost ´atica. O produto de pintura est ´a em contacto com um el ´ectrodo, percorrido por uma corrente el ´ectrica, respons ´avel pela induc¸ ˜ao de uma certa carga eletrost ´atica neste mesmo material. Desta forma, as part´ıculas de tinta, carregadas eletricamente, s ˜ao atra´ıdas para a pec¸a de trabalho, que tem de se encontrar devidamente ligada `a terra. As pistolas para a aplicac¸ ˜ao de tinta desta forma t ˆem de ser especialmente concebidas para suportarem as cargas el ´ectricas, n ˜ao colocando em causa a inte-gridade f´ısica dos t ´ecnicos. O equipamento de pintura eletrost ´atica pode ser alimentado por uma fonte el ´etrica externa ou por uma fonte el ´etrica contida dentro da pr ´opria pistola.

Com este m ´etodo, o excesso de pulverizac¸ ˜ao ´e bastante reduzido e as ´areas de dif´ıcil revestimento s ˜ao pintadas de maneira mais eficaz. Assim, a taxa de efici ˆencia desta forma de pulverizac¸ ˜ao encontra-se numa gama entre 65 e 90%.

No entanto, e efic ´acia deste m ´etodo n ˜ao se mant ´em constante em todas as superf´ıcies pintadas. Devido ao efeito Faraday, cantos internos, fendas e cavidades s ˜ao prop´ıcios a repelir as part´ıculas de tinta. Al ´em disso, a efici ˆencia torna-se mais baixa em materiais comp ´ositos que geralmente n ˜ao apresentam uma boa condutividade el ´etrica [23, 24].

2.2

Automatizac¸ ˜ao na Ind ´

ustria

A automatizac¸ ˜ao industrial pode ser definida como a “operac¸ ˜ao controlada automaticamente de um aparelho, processo ou sistema por meio de dispositivos mec ˆanicos ou eletr ´onicos que substituem o trabalho humano”. Basicamente, a automatizac¸ ˜ao ´e a substituic¸ ˜ao do homem pela m ´aquina para o desempenho de tarefas, o que pode envolver movimento, recolha de dados e tomada de decis ˜ao. A automatizac¸ ˜ao, portanto, cobre uma ampla matriz de dispositivos, m ´aquinas e sistemas que v ˜ao desde simples operac¸ ˜oes de transporte at ´e aos complexos sistemas de monitorizac¸ ˜ao e controle utilizados

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nas centrais nucleares [25].

Na “Ind ´ustria 4.0” ´e cada vez mais evidente a opc¸ ˜ao pela aplicac¸ ˜ao nos processos industriais de v ´arias t ´ecnicas, novas tecnologias e equipamentos espec´ıficos com o objetivo de aumentar a sua efici ˆencia, fiabilidade ou previsibilidade e, assim, acompanhar as tend ˆencias de um mercado onde a concorr ˆencia ´e cada vez mais intensa. Em suma, o principal objetivo ´e a criac¸ ˜ao de condic¸ ˜oes para produzir o melhor produto com o menor custo.

O intensificar da procura por soluc¸ ˜oes automatizadas ´e bem representado pelos dados da comerciali-zac¸ ˜ao de robots industriais a n´ıvel mundial: no ano de 2016 foram instalados cerca de 294 mil unidades, quando em 2012 estes valores tinham sido pouco mais de metade, 159 mil. Este crescimento acentuado deveu-se principalmente `a iniciativa de pa´ıses onde o setor autom ´ovel ´e parte importante da ind ´ustria local, como por exemplo o Jap ˜ao, onde existem 1562 robots industriais por cada 10 mil operadores deste ramo [26]. Segundo um estudo realizado em 2018, levado a cabo pela International Federation of Robotics, prev ˆe-se que em 2020 mais de 3 milh ˜oes de robots industriais ser ˜ao utilizados em f ´abricas de todo o Mundo (Figura 2.7). A cumprir-se esta previs ˜ao, a quantidade de robots operacionais mais do que duplicar ´a em apenas sete anos (2014-2020) [27].

Figura 2.7: Variac¸ ˜ao do n ´umero de robots ao longo dos anos [27]

Esta mobilizac¸ ˜ao em torno da automatizac¸ ˜ao de sistemas adv ´em dos v ´arios benef´ıcios que da´ı s ˜ao retirados. Os principais objetivos da automatizac¸ ˜ao industrial podem ser resumidos nos seguintes pontos [25, 28]:

Melhorar a Produtividade: Com recurso `a automatizac¸ ˜ao consegue-se um aumento do n ´umero de itens produzidos por hora.

Reduzir o Custo de Produc¸ ˜ao: Utilizando m ´aquinas e equipamentos autom ´aticos diminui-se a necessidade de m ˜ao-de-obra humana, reduzindo os custos com pessoal e, consequentemente, o custo de produc¸ ˜ao.

Aumentar a Qualidade do Produto: Em trabalhos repetitivos, feitos pelos t ´ecnicos, ´e dif´ıcil man-ter a mesma qualidade em todas as pec¸as, enquanto um sistemas automatizado consegue manman-ter sempre o mesmo padr ˜ao de qualidade.

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Melhorar as condic¸ ˜oes de trabalho dos t ´ecnicos: Atrav ´es da automatizac¸ ˜ao, trabalhos perigo-sos ou pouco ergon ´omicos passam a ser realizados por uma m ´aquina, passando o operador a ter um papel de supervis ˜ao. Desta forma, aumenta-se a seguranc¸a e previnem-se os acidentes no local de trabalho.

Substituir as inspec¸ ˜oes peri ´odicas e controlos manuais: Na atividade industrial existem v ´arias operac¸ ˜oes que s ˜ao complexas para um operador humano, mas que s ˜ao facilmente executadas por um sistema automatizado, como por exemplo o controlo da press ˜ao e temperatura de um local. Desta forma s ˜ao poupados recursos humanos e, na maior parte dos casos, aumenta-se a fiabilidade do processo.

A automatizac¸ ˜ao ´e aplicada em v ´arios setores da produc¸ ˜ao industrial. Em 2016, a n´ıvel Mundial, 70% dos robots em funcionamento encontravam-se nos segmentos da ind ´ustria autom ´ovel, eletr ´onica e metalo-mec ˆanica. Na pr ´atica, isto resulta principalmente em soluc¸ ˜oes para processos de moldagem de chapa, maquinagem, soldadura e pintura [27]. No entanto, s ˜ao v ´arias as atividades econ ´omicas onde a automatizac¸ ˜ao tem sido aplicada: a ind ´ustria de minerac¸ ˜ao, de espac¸o, de papel, entre outras... O processo de embalagem de produtos em v ´arias ind ´ustrias tamb ´em ´e, por norma, um processo automati-zado, desde a confec¸ ˜ao de embalagens at ´e `a selagem do produto final. Apesar da parte mais vis´ıvel da automatizac¸ ˜ao estar ligada `a rob ´otica, tamb ´em nas ind ´ustrias qu´ımicas, petroqu´ımicas e farmac ˆeuticas se nota a utilizac¸ ˜ao desta ferramenta com o uso de transdutores de press ˜ao, caudal, temperatura entre outras vari ´aveis pass´ıveis de ser controladas [25].

No passado, os sistemas automatizados eram sistemas fechados que controlavam individualmente cada processo de uma instalac¸ ˜ao, mas, com o passar do tempo e a evoluc¸ ˜ao da tecnologia, rapidamente se passou para um panorama em que a automatizac¸ ˜ao se estende a todos os sistemas da planta industrial, fazendo com que estes atuem de uma forma integrada e otimizada, focada no produto final.

Um sistema automatizado ´e composto pela parte operacional e pela parte de controlo. A parte operacional ´e a respons ´avel pela atuac¸ ˜ao direta no processo, sendo composta pelo conjunto de todos os elementos f´ısicos que tornam poss´ıvel a realizac¸ ˜ao da tarefa desejada, como por exemplo motores, cilindros, compressores, v ´alvulas e pist ˜oes, e tamb ´em dispositivos de detec¸ ˜ao e navegac¸ ˜ao, como sen-sores indutivos, capacitivos, sensen-sores de vis ˜ao ou ultrass ´onicos. A parte de controlo ´e composta pelo conjunto de todos os equipamentos utilizados na programac¸ ˜ao do sistema. Geralmente ´e utilizado um CLP (Controlador L ´ogico Program ´avel) que ´e considerado o c ´erebro da automatizac¸ ˜ao industrial, j ´a que ´e este que estabelece a comunicac¸ ˜ao com todos os componentes do sistema automatizado de forma a reconhecer as entradas, processar a l ´ogica e atualizar as sa´ıdas. Neste processo s ˜ao tamb ´em aplica-dos v ´arios dispositivos eletr ´onicos, tais como computadores, microcontroladores, Sistemas Digitais de Controlo Distribu´ıdo ou Controlos Num ´ericos Computorizados [28, 29].

Os robots s ˜ao uma forma particular da automatizac¸ ˜ao. Na maioria dos casos, esta ´e a soluc¸ ˜ao mais flex´ıvel e economicamente vi ´avel para a automatizac¸ ˜ao de um processo, sem que sejam necess ´arias grandes alterac¸ ˜oes no ch ˜ao de f ´abrica e podendo estes aparelhos ser rentabilizados em diferentes tarefas. Os robots acabam por ser um meio para a utilizac¸ ˜ao das ferramentas que lhes s ˜ao aplicadas,

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como pistolas de pintura, garras ou sistemas de soldadura. A utilizac¸ ˜ao de robots, bem como de outros equipamentos que permitam uma automatizac¸ ˜ao do sistema de produc¸ ˜ao, implicam, no entanto, custos elevados. Assim, a implementac¸ ˜ao ou n ˜ao deste processo depende da tipologia e da dimens ˜ao da atividade econ ´omica em quest ˜ao, devendo ser bem estudada a sua viabilidade [30].

2.2.1

Pintura e Despintura Automatizada

Dentro da vasta gama de aplicac¸ ˜oes para os sistemas automatizados, destaca-se a ´area da pintura. Estima-se que em 2023 este mercado movimente mais de 2700 milh ˜oes de euros, com uma taxa composta de crescimento anual de 10,4% no per´ıodo entre 2016 e 2023. Empresas como a Kawasaki Robotics, ABB, Fanuc, Yaskawa, Kuka Robotics e Durr Systems s ˜ao algumas das l´ıderes de mercado deste setor [31].

Um “Robot de Pintura” distingue-se dos restantes devido a duas caracter´ısticas que, apesar de n ˜ao serem exclusivas, s ˜ao muito pr ´oprias desta ´area: s ˜ao constru´ıdos com brac¸os rob ´oticos `a prova de explos ˜ao, para que possam ser utilizados em ambientes inflam ´aveis como o criado pela pulverizac¸ ˜ao de tintas, e t ˆem a capacidade de controlar todos os par ˆametros de pulverizac¸ ˜ao, desde a press ˜ao do ar at ´e ao fluxo de tinta, contribuindo para a qualidade do produto final [32].

O crescimento evidente na utilizac¸ ˜ao de robots de pintura ´e uma consequ ˆencia clara da reac¸ ˜ao a algumas limitac¸ ˜oes encontradas no desempenho desta atividade por parte das empresas do setor. Caso n ˜ao sejam providenciadas as devidas condic¸ ˜oes de seguranc¸a, como ventilac¸ ˜ao das instalac¸ ˜oes ou EPIs, a aplicac¸ ˜ao de tinta por pulverizac¸ ˜ao ´e uma tarefa que afeta a sa ´ude e bem-estar dos t ´ecnicos devido `a possibilidade de explos ˜ao na combinac¸ ˜ao de tinta inflam ´avel e ar, emiss ˜ao de fumos t ´oxicos no ambiente de pintura e a possibilidade de doenc¸as cancer´ıgenas e problemas de audic¸ ˜ao devido ao ru´ıdo do bico da pistola de pulverizac¸ ˜ao. A utilizac¸ ˜ao de robots vem, tamb ´em, contornar a necessidade de pintores altamente qualificados, eliminando os defeitos normalmente encontrados nas superf´ıcies de pintura como os escorridos e o overspray. A estes fatores podem ser somados o aumento de con-sist ˆencia, precis ˜ao e previsibilidade na pintura de grandes componentes dentro de um tempo otimizado, devido `a confiabilidade, capacidade e precis ˜ao dos programas desenvolvidos para controlar o robot [32].

Inicialmente, os robots de pintura usavam um princ´ıpio de programac¸ ˜ao em que o t ´ecnico segurava o brac¸o do robot e o levava pelo caminho necess ´ario. O robot registava esse caminho e repetia-o. Desta forma, era poss´ıvel que as trajet ´orias fossem criadas rapidamente, no entanto, esses robots tinham capacidade limitada para edic¸ ˜ao das mesmas. Assim, foram desenvolvidos programas que permitem uma programac¸ ˜ao off-line das trajet ´orias de pintura utilizando apenas uma simulac¸ ˜ao computorizada do robot, do ambiente de trabalho e do produto a ser pintado.

Existem diversos processos de pintura que podem ser manipulados por sistemas de robots, incluindo tintas `a base de solvente e ´agua, bem como tintas de dois componentes e tamb ´em tinta em p ´o. Cada um deles requer equipamentos de entrega e aplicac¸ ˜ao diferentes. Os robots podem manusear pistolas de pulverizac¸ ˜ao atomizadas com ar padr ˜ao, pistolas eletrost ´aticas e tamb ´em rotary-bells eletrost ´aticas,

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a mais recente tecnologia no que toca `a aplicac¸ ˜ao de tinta [25].

Concluindo, as melhorias introduzidas pelos robots de pintura podem ser resumidas nos seguintes pontos [33, 34]:

Repetibilidade - Devido `a capacidade de programar o robot para pintar continuamente padr ˜oes repetitivos, pode-se garantir que todas as ´areas do produto sejam efetivamente cobertas de forma igual. Al ´em disso, dificilmente haver ´a variac¸ ˜oes significativas entre a pintura de v ´arios produtos. • Seguranc¸a - Os brac¸os de pintura rob ´oticos evitam a exposic¸ ˜ao dos t ´ecnicos ao ambiente t ´oxico

gerado pela aplicac¸ ˜ao de tinta e aos perigos que significam o manuseamento de pistolas ele-trost ´aticas.

Produtividade - Um brac¸o rob ´otico pode pulverizar 8 horas por dia sem interrupc¸ ˜ao. Os fun-cion ´arios precisam de tempo de pausa, podem adoecer e costumam ter dificuldades de concentra-c¸ ˜ao em tarefas repetitivas.

Qualidade - A automatizac¸ ˜ao do processo de pintura traz maior consist ˆencia e menos defeitos para o produto final.

Pese embora as melhorias descritas, a utilizac¸ ˜ao de robots tamb ´em tem alguns constrangimentos, tais como [33]:

Custo - Um robot de pintura pode ter um alto prec¸o inicial associado. Al ´em do custo do produto, podem haver custos adicionais associados `a instalac¸ ˜ao, programac¸ ˜ao e formac¸ ˜ao para operar o robot.

Manutenc¸ ˜ao - Como qualquer dispositivo mec ˆanico, um robot de pintura exige manutenc¸ ˜ao de rotina para evitar a degradac¸ ˜ao do equipamento. Al ´em disso, podem surgir avarias que exigem reparo e, por isso, aumentam os encargos com manutenc¸ ˜ao.

Desafios com a Variabilidade de Produtos - A programac¸ ˜ao dos robots leva algum tempo, pelo que, em atividades em que a forma dos produtos muda frequentemente podem haver algumas dificuldades de implementac¸ ˜ao.

2.2.2

Automatizac¸ ˜ao na Aeron ´autica

Durante v ´arios anos, a ind ´ustria aeron ´autica, considerada como uma ´area tecnologicamente evolu´ı-da, resistiu `a vaga de automatizac¸ ˜ao que invadiu a ind ´ustria em geral. Esta relut ˆancia `a automatizac¸ ˜ao deveu-se `a especificidade deste sector: a grande dimens ˜ao das aeronaves, a alta precis ˜ao requerida e o baixo volume de produc¸ ˜ao fizeram com que a automatizac¸ ˜ao na aeron ´autica fosse um enorme desafio.

No entanto, o aumento da procura de avi ˜oes tem feito com que os principais fabricantes tenham lon-gas listas de clientes em espera, o que significa algumas oportunidades de neg ´ocio perdidas. Assim, a automatizac¸ ˜ao da produc¸ ˜ao afigurou-se como uma das medidas a tomar para acelerar o processo e,

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desde ent ˜ao, a ind ´ustria aeron ´autica tem feito esforc¸os no sentido de desenvolver sistemas persona-liz ´aveis, adapt ´aveis e capazes de oferecer fiabilidade e precis ˜ao [35].

Devido `as caracter´ısticas j ´a apresentadas, os robots perfilam-se como as ferramentas de menor custo para muitas operac¸ ˜oes de fabricac¸ ˜ao aeron ´autica: perfurac¸ ˜ao, fixac¸ ˜ao (rebitagem), pintura e produc¸ ˜ao de pec¸as em materiais comp ´ositos s ˜ao algumas das tarefas j ´a realizadas por estes equi-pamentos. A juntar a isto, alavancados pelo incessante avanc¸o na tecnologia, surgem os processos de manufatura aditiva e fixac¸ ˜ao livre de rebites que podem transformar a forma como a aeronave ´e fabricada [5].

Al ´em dos j ´a mencionados benef´ıcios da automatizac¸ ˜ao dos processos, este avanc¸o tecnol ´ogico tem tamb ´em o benef´ıcio de atrair clientes e, assim, ganhar terreno face `a concorr ˆencia [36].

Os principais fabricantes de avi ˜oes t ˆem estado atentos `as inovac¸ ˜oes que se t ˆem verificado no campo da automatizac¸ ˜ao. A Boeing possui instalac¸ ˜oes em todo o mundo equipadas com robots de perfurac¸ ˜ao e fixac¸ ˜ao. Na ´area da pintura aeron ´autica, esta empresa foi pioneira ao desenvolver um sistema au-tom ´atico para pintar as asas do seu modelo B-777 (Figura 2.8). O sistema, denominado por Auau-tomated Spray Method (ASM), ´e composto por dois robots montados em carris e est ´a a substituir 35 a 40 pin-tores, possuindo ainda a capacidade para aplicar duas tintas diferentes, a diferentes espessuras, ao mesmo tempo [5, 37].

Figura 2.8: Automated Spray Method em ac¸ ˜ao [38]

J ´a a Airbus planeia fazer grandes investimentos em automatizac¸ ˜ao para combater os atrasos na entrega de avi ˜oes comerciais. Na sua f ´abrica em Cadiz, Espanha, foi recentemente lanc¸ado um projeto para implantar robots humanoides para executar tarefas de montagem repetitivas [39].

Tamb ´em a Embraer fez uma parceria com o Instituto Tecnol ´ogico de Aeron ´autica, do Brasil, para desenvolver a automatizac¸ ˜ao na ind ´ustria aeron ´autica. Al ´em disso, segundo informac¸ ˜oes da pr ´opria Embraer, os avi ˜oes produzidos na f ´abrica brasileira j ´a s ˜ao pintados de forma autom ´atica.

Na ´area que diz respeito a esta dissertac¸ ˜ao, a pintura e despintura autom ´atica na ind ´ustria ae-ron ´autica, contam-se ainda muitos outros projetos, alguns ainda em desenvolvimento e outros j ´a em funcionamento:

(40)

A Lockheed Martin, empresa respons ´avel pela concec¸ ˜ao dos avi ˜oes militares F-16 e C-130, entre outros, desenvolveu um sistema de pintura aut ´onoma para o seu modelo F-35. Este sistema ficou conhecido como Robotic Aircraft Finishing System (RAFS) e compreende tr ˆes robots FANUC, cada um com seis graus de liberdade, montados num sistema de carris. Estes robots est ˜ao equipados com longas pistolas de pintura, o que lhes permite atingir todas as superf´ıcies do avi ˜ao a ser pintado (Figura 2.9). O RAFS j ´a pinta este tipo de avi ˜oes desde 2008 [40].

Figura 2.9: Robotic Aircraft Finishing System em ac¸ ˜ao [40]

Outro projeto nesta ´area est ´a a ser desenvolvido por uma start-up holandesa, LR Systems, em cooperac¸ ˜ao com o Southwest Research Institute. Este projeto est ´a a tentar juntar a pintura e a des-pintura de um avi ˜ao no mesmo dispositivo rob ´otico: o Automatic Paint Robot (APR) e o Laser Coating Removal (LCR) (Figura 4.2) partilham a mesma estrutura f´ısica, com 7 + 3 graus de liberdade. Tanto um como o outro s ˜ao soluc¸ ˜oes de ´ultima gerac¸ ˜ao, integradas, escal ´aveis e totalmente aut ´onomas. No caso do APR, a empresa revela que a utilizac¸ ˜ao deste robot limita simultaneamente o uso excessivo de tinta, reduz o tempo de processamento, diminui a carga de trabalho do pessoal e suporta uma operac¸ ˜ao cont´ınua 24 horas por dia, 7 dias por semana. Este sistema est ´a preparado para 7 processos diferentes: lavagem, lixagem, limpeza, pintura por spray, pintura com rotary bell, secagem por raios UV e impress ˜ao. J ´a no caso do LCR, al ´em da capacidade de trabalho sobre-humana, a LR Systems afirma que com a utilizac¸ ˜ao do seu laser de CO2de alta pot ˆencia, controlado por um ciclo fechado de

300 Hz, resultar ´a uma despintura r ´apida, eficiente e com um ´ındice de poluic¸ ˜ao muito abaixo do dos m ´etodos convencionais. A velocidade de despintura atual ´e de 40 m2/hpara uma espessura de tinta de

180 micr ´ometros. Potencialmente, um sistema de 2 robots LCR a despintar um avi ˜ao C-130 poderiam terminar o trabalho em 11 horas [4].

Nesta ´area da despintura h ´a j ´a projetos que foram implementados com sucesso. E o caso do´ Advanced Robotic Laser Coating Removal System (ARLCRS), desenvolvido pelo National Robotics En-gineering Center e a Concurrent Technologies Corporation para remover os revestimentos dos avi ˜oes da forc¸a a ´erea americana, USAF (Figura 2.10). Este sistema consiste na associac¸ ˜ao de uma fonte de laser comercialmente dispon´ıvel, um scanner e um sistema de captura de part´ıculas que s ˜ao montados numa base rob ´otica m ´ovel com sensores de monitorizac¸ ˜ao da superf´ıcie. Uma equipa de robots fun-ciona cooperativamente para remover o revestimentos da aeronave de maneira r ´apida e eficiente. Os ARLCRS j ´a s ˜ao utilizados na despintura de avi ˜oes militares F-16 e C-130. Nestas condic¸ ˜oes, reduziram

(41)

os dias de operac¸ ˜ao em mais de 50%: de sete para tr ˆes dias para os F-16 e de dez para cinco dias para os C-130 [41].

(42)
(43)

Cap´ıtulo 3

Pintura e Despintura na OGMA

3.1

Manutenc¸ ˜ao do Revestimento do Avi ˜ao

Na OGMA, os processos de pintura e despintura do exterior da aeronave acontecem, principal-mente, devido `a necessidade de desenvolver trabalhos de manutenc¸ ˜ao na estrutura da aeronave. Este processo segue r´ıgidas especificac¸ ˜oes internas que foram realizadas de acordo com os manuais e especificac¸ ˜oes t ´ecnicas fornecidas pelos fabricantes dos avi ˜oes intervencionados.

Assim, o avi ˜ao ´e inicialmente despintado. Findo este processo ´e deslocado para os hangares de manutenc¸ ˜ao onde permanece v ´arios dias, semanas ou at ´e meses, dependendo dos trabalhos a cumprir. Por fim, regressa ao hangar de pintura onde lhe ´e aplicado um novo revestimento.

Nesse sentido, apesar da OGMA adotar o esquema de manutenc¸ ˜ao recomendado pela Forc¸a A ´erea Americana, j ´a representado pelo diagrama da Figura 2.2, o processo n ˜ao decorre continuamente, ha-vendo a paragem para manutenc¸ ˜ao entre o processo de pintura e o processo de despintura.

3.1.1

Processo de Despintura

O m ´etodo de remoc¸ ˜ao de tinta na OGMA ´e a despintura qu´ımica, auxiliada pela despintura mec ˆanica em casos em que haja a impossibilidade de aplicar a primeira, ou por requisito contractual com o cliente.

Como mostra o diagrama da Figura 3.1, quando o avi ˜ao chega ao hangar de pintura iniciam-se os trabalhos de preparac¸ ˜ao do mesmo para a remoc¸ ˜ao da pintura e isolam-se os componentes sens´ıveis aos produtos qu´ımicos. Ap ´os isto, aplica-se o produto despintor qu´ımico, remove-se a tinta que foi levantada pelo mesmo e, por fim, aplica-se o tratamento anticorrosivo e removem-se os isolamentos.

(44)

Cada uma destas etapas ser ´a abordada de seguida, explicitando a sua execuc¸ ˜ao na OGMA, bem como os meios e materiais envolvidos [42].

Preparac¸ ˜ao do Avi ˜ao

Antes de se iniciar o processo de despintura qu´ımica, ocorre uma inspec¸ ˜ao da superf´ıcie do avi ˜ao quanto ao seu estado de limpeza, uma vez que a presenc¸a de ´oleo, massa ou outras mat ´erias estranhas prejudicam a efici ˆencia do produto despintor. Caso a aeronave esteja excessivamente suja ´e necess ´ario lavar a sua superf´ıcie antes da aplicac¸ ˜ao do produto despintor.

A lavagem da aeronave ´e, por norma, realizada por grupos de duas pessoas, munidos de pistolas com ´agua `a press ˜ao, utilizando plataformas manuais e el ´etricas.

Isolamento

Para remover a pintura da aeronave ´e necess ´ario proteger as ´areas que n ˜ao devem entrar em contacto com o produto despintor ou com a ´agua utilizada para lavar a superf´ıcie do avi ˜ao e remover o decapante. Por norma, fecham-se todas as janelas, portas e escotilhas da aeronave e isolam-se as frestas entre a estrutura e esses componentes. Outros elementos, como os trens de aterragem, mo-tores, equipamentos hidr ´aulicos, rolamentos, pneus, borrachas, pl ´asticos vedantes, antenas, sistemas avi ´onicos e materiais comp ´ositos tamb ´em devem ser isolados.

Para estas ac¸ ˜oes de isolamento ´e utilizado papel de alum´ınio, fita de alum´ınio e pl ´asticos resistentes ao produto qu´ımico utilizado. Os t ´ecnicos aplicam estes materiais com o aux´ılio de plataformas el ´etricas e manuais.

Aplicac¸ ˜ao de Despintor e Lavagem

A aplicac¸ ˜ao do produto despintor inicia-se pela superf´ıcie superior da aeronave, com recurso a uma pistola de baixa press ˜ao. Deixa-se atuar o produto qu´ımico at ´e que a tinta fica amolecida ou empolada (normalmente este processo demora cerca de uma hora, dependendo do estado do revestimento) e, de seguida, esfrega-se toda a superf´ıcie com uma escova. Neste processo n ˜ao se deve deixar secar o produto despintor sob pena de se tornar dif´ıcil a sua remoc¸ ˜ao e poder originar corros ˜ao na superf´ıcie em que est ´a aplicado. Se necess ´ario, aplica-se uma nova camada de despintor nas ´areas onde a tinta n ˜ao foi suficientemente amolecida, repetindo-se a escovagem depois da tinta se mostrar amolecida ou empolada. A tinta solta e despintor devem ser removidos da superf´ıcie do avi ˜ao recorrendo a ´agua sob press ˜ao e aquecida a uma temperatura entre 38 e 49º C, comec¸ando pela parte de baixo do avi ˜ao at ´e ao cimo. As operac¸ ˜oes de despintura repetem-se at ´e que a tinta seja completamente removida, bem como os cord ˜oes de massa vedante existentes nas juntas da superf´ıcie da aeronave. Ap ´os despintura, a aeronave deve ser lavada com uma soluc¸ ˜ao de ´agua e detergente alcalino.

O manuseamento dos produtos qu´ımicos deste procedimento exige a utilizac¸ ˜ao de Equipamentos de Protec¸ ˜ao Individual (EPI) tais como luvas de borracha, avental, ´oculos de protec¸ ˜ao, m ´ascara de respirac¸ ˜ao e botins de borracha, al ´em de um fato especial que proteja todo o corpo e vestu ´ario.

Referências

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