• Nenhum resultado encontrado

O ESTADO EM MARCHA PARA O OESTE: A EXPEDIÇÃO RONCADOR-XINGU E O PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO BRASIL CENTRAL ( )

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O ESTADO EM MARCHA PARA O OESTE: A EXPEDIÇÃO RONCADOR-XINGU E O PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO BRASIL CENTRAL ( )"

Copied!
9
0
0

Texto

(1)

O ESTADO EM MARCHA PARA O OESTE: A EXPEDIÇÃO RONCADOR-XINGU E O PROJETO DE INTEGRAÇÃO DO BRASIL CENTRAL (1938-1948)

Thays Fregolent de Almeida1

À guisa de introdução

Costuma-se associar o período conhecido como Era Vargas às políticas centradas, sobretudo, no mundo do trabalho e da indústria. Entretanto o recorte iniciado pela chamada Revolução de 1930 e encerrado com a deposição de Getúlio Vargas em 1945 também foi pródigo em iniciativas voltados para o território nacional, de modo que os fundos territoriais2 do país foram palco de uma série de políticas de expansão do controle estatal. Esses anos assistiram a criação de vários órgãos e agências federais com o objetivo de produzir informações sobre o território nacional, desenvolver iniciativas que implicassem o seu redesenho e promover ações para uma ocupação supostamente mais racional e equilibrada do Brasil.

O ano de 1938 foi decisivo na guinada do Estado rumo ao Brasil de dentro a partir da criação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e do lançamento da Marcha para o Oeste. A proposta era "organizar uma nova nação" a partir do enfrentamento de uma série de questões comuns à "realidade" brasileira conformadas por sua condição colonial, tais quais a existência de "arquipélagos populacionais" no interior e a alta concentração demográfica litorânea. Durante esse período buscou-se mensurar, mapear e quantificar o Brasil, isto é, realizar operações voltadas para a produção de conhecimento sobre o país que permitissem a formulação de políticas capazes de superar problemas vistos como entraves para seu desenvolvimento. Foi o caso da política da Marcha para o Oeste empenhada na integração e no aproveitamento econômico dos fundos territoriais do país.

É fato que tais políticas não foram inauguradas no governo de Getúlio Vargas. Pelo contrário, a expansão territorial constitui uma das tônicas da história nacional, cuja gênese remonta à própria condição colonial brasileira (MORAES, 2002). Ademais, a partir da ordem

1

Graduada em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e mestranda em História Social com fomento CAPES pela mesma instituição. e-mail: thaysfregolent@gmail.com

2 A categoria “fundos territoriais”, formulada pelo geógrafo Antônio Carlos Robert Moraes, foi elaborada a partir

do diálogo com as noções de “território” e “território usado”, de Milton Santos. Segundo a formulação de Moraes, os “fundos territoriais” são espaços formais que ainda não haviam sido ocupados, mas que já apareciam representados na cartografia sob a jurisdição de alguma autoridade, isto é, trata-se de verdadeiras “reservas de espaço para a expansão futura da ação colonizadora”. Ver: MORAES, 2002.

(2)

republicana instaurada em 1889, a questão territorial passou a assumir centralidade crescente no âmbito das políticas de Estado. Foi o caso do projeto para a interiorização da Capital Federal com a criação da Comissão Exploradora do Planalto Central, as iniciativas em torno da demarcação e proteção das fronteiras nacionais com os países vizinhos, o projeto de expansão das linhas telegráficas realizado pela Comissão Rondon, os projetos para o povoamento e controle do espaço agrário através da criação e campos de cooperação, entre outras iniciativas.

Entretanto, o que singulariza o período varguista é a combinação entre uma política voltada para a ampliação do mercado interno através da integração econômica do interior do país e a criação de um sofisticado aparelho burocrático empenhado em realizar o investimento em setores estratégicos, como a orientação de migrações e promoção de infraestrutura de transporte e comunicação (BORGES, 2004). Do mesmo modo, esses anos ficaram marcados pela intensa produção de discursos por parte de escritores, intelectuais, burocratas e outras categorias com forte conexão com as novas agências estatais criadas ao longo do período e que se empenhavam na legitimação e na viabilização desse conjunto de políticas. Em suma, esses anos foram centrais para o início de uma política organizada voltada para a incorporação subordinada, sobretudo, do Brasil Central ao capitalismo nacional alinhado aos interesses de setores urbanos e industriais do Sudeste (SOARES, 2013; MACIEL, 2011).

O objetivo do presente texto é apresentar as bases da política da Marcha para o Oeste, cuja atuação se deu, fundamentalmente, em duas frentes: a instalação de Colônias Agrícolas Nacionais e o projeto de penetração do Brasil Central, cuja ponta de lança foi a Expedição Roncador-Xingu (1943-1948). O texto busca realizar uma análise centrada nesta última frente que, lançada através da mobilização da memória pública acerca dos bandeirantes do período colonial, recebeu apoio não apenas político, mas econômico, do setor industrial paulista.

O Brasil Central

De início, se faz necessário destacar que o projeto da Marcha para o Oeste não teve sua atuação restrita a apenas uma região específica. Entretanto, a maior parte de suas atividades ficaram concentradas no que na época era convencionado chamar de Brasil Central, e que atualmente corresponde, com alguma margem de erro, a atual região do Centro-Oeste.

Marcada por praticamente quatro séculos por uma limitada integração econômica, assim como pela ausência de uma frente duradoura de povoamento desde o período após o surto minerador colonial, a região ficou restrita a pecuária e produção de alguns gêneros alimentícios,

(3)

entretanto, restrito ao abastecimento local pois a distância dos centros consumidores inviabilizava tanto a exportação quanto o cultivo de gêneros em escala de subsistência. Durante a Primeira República as primeiras políticas voltadas para sua integração passaram a ser instauradas através da ampliação da malha ferroviária, o que representou um passo decisivo para impulsionar a ocupação e desenvolvimento da região através da ampliação dos núcleos agrícolas e pecuaristas, sobretudo em em Goiás que virou um dos principais entrepostos comerciais que fazia ligação entre o Triângulo Mineiro, Mato Grosso e São Paulo (SOARES, 2013: 52-55). Esse foi um marco importante que facilitou a comunicação, o escoamento e o abastecimento de mercadorias para região, aproximando-a dos grandes centros.

Ainda assim, foi apenas a partir de 1938, com a Marcha para o Oeste, que a região recebeu uma atenção sistemática e organizada voltada para sua integração ao capitalismo nacional. A condição de relativo isolamento vivido pelo Brasil Central até esse período, compunha uma realidade desafiadora para o desenvolvimento do país e para a viabilização de uma política nacionalista centralizadora e interventora, sobretudo, com com a emergência da Segunda Guerra Mundial enquanto pano de fundo. É nesse sentido que o Brasil Central foi eleito foco das atividades desenvolvidas nesse período, constituindo a principal fronteira a ser expandida na primeira metade do século XX. A necessidade de expansão da fronteira agrícola para essa região encontrava-se alinhada a política de substituição de importações, pois visava elevar a produção de gêneros alimentícios para subsidiar os centros urbano-industriais, assim como para ampliar o fornecimento de matéria-prima.

Ainda nos interessa chamar a atenção para os nexos entre a centralidade que militares e geógrafos, assim como a linguagem geopolítica, assumiram dentro da máquina varguista junto ao processo de reorganização territorial levado a cabo nesses anos. A presença de argumentos geopolíticos era recorrente nos relatório e pareceres do Estado de modo a justificar a criação de territórios e demais iniciativas pautadas pela necessidade de assegurar a segurança e a soberania nacional. Na linguagem da geopolítica, os “vazios” eram ameaças à realização do poder nacional brasileiro, e para domar esses espaços, emergiu a campanha que talvez melhor sintetizou as políticas territoriais varguistas – a Marcha para o Oeste.

A Marcha para o Oeste

As bases da política denominada Marcha para o Oeste foram lançadas pelo próprio presidente Getúlio Vargas em saudação aos brasileiros no primeiro dia de 1938, primeiro ano

(4)

do Estado Novo. No ato, o presidente bradou: "o verdadeiro sentido de brasilidade é a Marcha para o Oeste" (VARGAS, 1938: 124). Promovida como uma medida fundamental para o progresso e o desenvolvimento do país, a Marcha foi utilizada como um mecanismo para justificar a guinada autoritária do governo, que agora seria responsável por comandar e conduzir, através de um sofisticado aparelho burocrático, a ampliação e a valorização do mercado interno através de investimento em setores estratégicos, tais quais a orientação de migrações e promoção de infraestrutura de transporte e comunicação.

Através da apropriação da memória pública acerca dos antigos bandeirantes e à luz do ímpeto expansionista e desbravador a eles associados através de um longo processo político e historiográfico, o novo projeto foi mobilizado e legitimado a partir da articulação de intelectuais e ideólogos estadonovistas. Cassiano Ricardo, expoente do movimento verde-amarelo, ala conservadora modernista que buscava captar a brasilidade através do culto cívico e poético ao território nacional, é um personagem central dessa articulação (VELLOSO, 1993). O escritor paulista atuou na linha de frente dos mecanismos de difusão da ideologia e dos projetos governamentais e desempenhou papel fundamental na operação que elegeu o bandeirantismo enquanto máxima da brasilidade. Através da publicação, em 1940, da obra Marcha para Oeste: a influência da bandeira na formação política e social do Brasil, Ricardo procurou legitimar as políticas autoritárias do Estado Novo ao evocar o sentido patriótico e nacionalista da Marcha (ESTERCI, 1972; VELHO, 1979). Valendo-se do culto à tradição e ao heroísmo, o autor evocou as bandeiras do período colonial como as origens da construção nacional, responsável por moldar, inclusive, o caráter político e social da nação. Assim, o culto ao “espírito bandeirante”, apropriado e reafirmado pelo Estado Novo e seus intelectuais, acabou por forjar a identidade nacional no movimento de conquista do Oeste (COELHO, 2010).

Para animar o sentido expansionista da brasilidade, Getúlio Vargas empreendeu, no ano de 1940, uma série de viagens para o interior do país. Primeiro presidente da república a visitar não apenas a região Centro-Oeste, mas também uma área indígena, Vargas proferiu uma série de discursos em defesa da soberania e da segurança do território nacional. Na recém inaugurada Goiânia, primeira cidade planejada do Centro-Oeste, o presidente evocou o projeto da Marcha enquanto "o reatamento da campanha dos construtores da nacionalidade, dos bandeirantes e dos sertanistas, com a integração dos modernos processos de cultura" (VARGAS, 1940. Apud NEIVA, 1942: 233). Essas viagens eram destinada não apenas a divulgar e mobilizar a

(5)

população em torno do novo projeto de colonização, mas também a simbolizar a emergência de um governo federal todo-poderoso capaz de realizar a integração nacional.

É importante destacar que a produção de uma narrativa voltada para a valorização do trabalho e do trabalhador brasileiro, marca da chamada Era Vargas e uma das principais políticas impulsionadas a partir de 1930, foi novamente enfatizada durante o projeto de ocupação do interior, pois sua ocupação deveria se dar através do trabalho voltado para a expansão da fronteira agrícola. É nesse sentido que Alcir Lenharo compreende as políticas da Marcha para o Oeste como a face rural das políticas sociais aplicadas nos centros urbanos, empenhadas na construção de um novo conceito de trabalhador: disciplinado, produtivo e empenhado no "desenvolvimento do progresso da Nação" (LENHARO, 1986: 15). Desse modo, compreendemos que o projeto de valorização do trabalho e do trabalhador nacional e as políticas de expansão e colonização do oeste faziam parte do mesmo programa ideológico nacionalista. O projeto modernizador impulsionado por Vargas, seja nos meios urbanos ou rural implicava na transformação da antiga noção degradante de trabalho, fruto da história escravocrata brasileira.

Ademais, a política de colonização impulsionada nos anos 1940 visava direcionar e fixar levas de trabalhadores nacionais para as novas fronteiras agrícolas, de modo a tentar desestimular os deslocamentos para os grandes centros urbanos, sobretudo, Rio de Janeiro e São Paulo3. Ao passo que era crescente o processo de êxodo rural entre a classe trabalhadora, sobretudo, a nordestina e mineira, o Governo passou sustentar o direcionamento de levas de trabalhadores para o Centro-Oeste através de novas políticas sociais, tal qual as Colônias Agrícolas Nacionais, e por iniciativas efetivas de expansão dos meios de transporte e comunicação para as novas áreas de expansão da fronteira. Ainda vale destacar que esse projeto de criação de uma nova realidade agrícola, compatível com o desenvolvimento urbano/industrial da época, não se baseou em um amplo processo de reforma da propriedade de terra, mas foi realizado sob o impulso de um Estado com forte vocação centralizadora e autoritária

3 O deslocamento de trabalhadores rurais para os grandes centros urbanos entre os anos de 1940 e 1980 foi

responsável por inverter decisivamente a curva de concentração da população brasileira que, em 1930, ainda contava com 70% de seus habitantes em zonas rurais, enquanto que em 1980 os mesmo 70% encontravam-se em cidades. Fonte: Distribuição da população total brasileira nas áreas rurais e urbanas entre 1940 e 1970 / Serviço Nacional de Recenseamento. Anuário estatístico do Brasil 1962. Rio de Janeiro: IBGE, v.23, 1962.

(6)

De todo modo, a mobilização da política da Marcha para o Oeste consistiu numa importante etapa do "bandeirantismo estatal" do século XX, isto é, do processo de retomada da interiorização do país (GOMES, 2013: 72). Não à toa, o Estado Novo elegeu o bandeirante enquanto grande personagem da Marcha, de modo que o espírito desbravador e expansionista a ele associado passou a ser promovido enquanto importante traço da identidade nacional. Fato é que a existência de vastas porções do território nacional com baixa (ou mesmo baixíssima) densidade populacional e, supostamente, contendo vastos recursos, foi um elemento central mobilizado pela retórica do governo que acabou por ser sintetizada na frase "Brasil, país do futuro" (VELHO, 1979: 132). A construção desse país se daria, quase que essencialmente, através da realização das políticas de expansão e ocupação das fronteiras, atividade orientada pelo Estado, mas desempenhada pelos trabalhadores nacionais, cuja tarefa, na prática, era ocupar e tornar produtiva as regiões interioranas do país.

Com a entrada formal do Brasil na Guerra, em 1942, as vastas porções "desabitadas" do território nacional, passaram, cada vez mais, a agravar as preocupações de controle sobre essas regiões mais distantes e desconectadas do poder estatal. É nesse sentido que, em meados de 1943, deu-se início a etapa de penetração do maciço central brasileiro, trabalho desempenhado pela Expedição Roncador-Xingu junto a Fundação Brasil Central.

A Expedição Roncador-Xingu de São Paulo ao Brasil Central

Estabelecida em 3 de junho de 1943, através da Portaria nº 77 da Coordenação de Mobilização Econômica (CME), a ERX tinha por objetivo a criação das vias de comunicação com o Amazonas através do desbravamento desde o rio Araguaia até a área dos formadores do Rio Xingu, na época considerada uma “das mais desconhecidas da terra” (BRASIL, PORTARIA nº 77 de 03/06/1943). Ponta de lança da Marcha para o Oeste, a Roncador-Xingu deveria realizar o estabelecimento de pontos de comunicação radiotelegráfica, a incorporação à rota aérea nacional, o rastreamento das riquezas minerais e o encaminhamento de levas de migrantes para a região. Conforme mostra o relato deixado por alguns de seus expedicionários, o ambicioso projeto a ser executado foi sendo redimensionado na medida em que a Roncador-Xingu avançava sertão à dentro. Os problemas e entraves que assolaram a frente de expansão iam desde a falta de recursos e dificuldades de comunicação e planejamento dos trabalhos, até conflitos relacionados ao contato com diversas populações indígenas que habitavam as regiões percorridas (VILLAS BÔAS, 1994; OLIVEIRA, 1976).

(7)

Ainda assim, no rastro dos mil e quinhentos quilômetros de picadas abertas pela Expedição, viriam a nascer cerca de quarenta e duas cidades e vilas, além de estradas de rodagem e campos de pouso – boa parte transformadas em bases militares (GALVÃO, 2014). Ao passo que a abertura dos caminhos era realizada pela vanguarda da expedição, ficava a cargo da Fundação Brasil Central o estabelecimento de uma infraestrutura básica, de modo a atrair populações para as áreas recém-ocupadas e iniciar um processo de urbanização. Além de presidir e administrar o planejamento e a regulação do aparato estatal nos espaços percorridos pela Roncador-Xingu, a Fundação possuía sob seu poder de atuação as "zonas compreendidas nos altos rios Araguaia, Xingu e no Brasil Central e Ocidental" (BRASIL, DECRETO nº 5878 De 04/10/1943), uma região tão vasta que nem mesmo os responsáveis pela empreitada sabiam nomear com precisão os seus limites de atuação.

A importância da Fundação Brasil Central na malha de poder varguista é demonstrada pelo nome escolhido para ocupar o cargo da presidência. O ex-tenente João Alberto Lins de Barros (1897-1955) era simplesmente o então diretor da Coordenação de Mobilização Econômica, espécie de superministério criado em 1942 para regular a economia em tempos de esforço de guerra. Lins de Barros tinha extensa folha de serviços prestadas à Revolução, dentre eles, fora interventor em São Paulo em 1931, nomeação que deu início ao que seria um longo conflito entre Getúlio Vargas e o estado de São Paulo. Nos anos 1940, ele foi novamente escolhido para a tarefa de angariar o apoio político e econômico de importantes setores da sociedade brasileira, especialmente a elite industrial paulista, para a viabilização da Expedição Roncador-Xingu.

A vigorosa divulgação da Expedição à luz dos “grandiosos feitos bandeirantes” realizada através d'O Estado de S. Paulo, o mais importante jornal paulista da época, acabou por garantir generosas doações mobilizadas por ninguém menos que o influente economista Roberto Simonsen – na época, presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) –, de modo a aparelhar e viabilizar as atividades da Roncador-Xingu. Notamos que na década de 1940, a memória acerca dos antigos bandeirantes, estimulada por intelectuais paulistas em pleno acordo com as pretensões hegemônicas da elite do estado, já havia se consolidado como o lastro histórico do empreendedorismo e da identidade paulista. De modo que, a promoção tanto a Marcha quanto da Expedição, sob a luz da memória pública acerca dos antigos bandeirantes, não é fortuita, pelo contrário, revela a preocupação do Governo Federal em contemplar o discurso regional paulista e a proeminência do estado de São Paulo nos rumos

(8)

da política nacional. Afinal, o projeto da Marcha para o Oeste encontrava-se alinhada aos interesses mais gerais da elite industrial do Sudeste, especialmente a paulista (SCHNEIDER, ALMEIDA, 2019; MACIEL, 2011).

Isso posto, ressaltamos que para compreender as motivações e os interesses acerca da criação e da viabilização da Expedição Roncador-Xingu e para desvelar a articulação feita entre o governo federal e a elite industrial paulista, se faz necessário explorar e articular tanto as questões de ordem econômica, quanto as de ordem cultural, pois ambas as esferas, embora muitas vezes tratadas separadamente, no plano concreto encontram-se profundamente interligadas.

BIBLIOGRAFIA

BORGES, Barsanufo Gomide. A fronteira na formação do espaço brasileiro (1930-1980). In Escritas da História: intelectuais e poder / Élio Cantalício Serpa ET AL. (Orgs.). – Goiânia: Ed. Da UCG, 2004

BRASIL. Portaria nº 77 de 03/06/1943 Disponível em

https://www.jusbrasil.com.br/diarios/2328230/pg-11-secao-1-diario-oficial-da-uniao-dou-de-04-06-1943. Acessado em 13 de setembro de 2020

BRASIL, DECRETO-LEI Nº 5.878 de 04/10/1943. Disponível em

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/1937-1946/Del5878.htm. Acessado em 13 de setembro de 2020.

COELHO, George Leonardo Seabra. Marcha para o Oeste: entre a teoria e a prática. Dissertação (Mestrado em História), Universidade Federal de Goiás (UFG), Goiás, 2010. ESTERCI, Neide. “O mito da democracia no país das bandeiras”. Dissertação (Mestrado em Antropologia), Universidade Federal Rio de Janeiro, 1972. Dissertação de Mestrado em antropologia social. UFRJ.

GALVÃO, Maria Eduarda Capanema Guerra. “A Expedição Roncador-Xingu e a tarefa de ocupar, civilizar e urbanizar o Brasil Central”. Rio de Janeiro, agosto, 2014. FGV. (dissertação de mestrado).

GOMES, Angela de Castro. População e Sociedade. In: SCHWARCZ, Lilia Moritz. História do Brasil Nação: 1808-2010. Vol. 4. Olhando para dentro: 1930-1964. Rio de Janeiro, Objetiva, 2013.

LENHARO, Alcir. Sacralização da Política. Campinas, SP: Papirus, 1986.

MACIEL, Dulce Portilho. Estado e território no Centro-Oeste brasileiro (1943-1967) Fundação Brasil Central (FBC): a instituição e inserção regional no contexto sócio-cultural e econômico nacional. Anais do XXVI Simpósio Nacional de História – ANPUH. São Paulo, julho 2011. MAIA, João Marcelo Ehlert. Estado Território e imaginação espacial. O caso da Fundação Brasil Central. Rio de Janeiro: FGV, 2012.

MENEZES, Maria Lucia Pires. Parque Indígena do Xingu - A construção de um território estatal. UNICAMP, 2000.

MORAES, Antônio Carlos Robert. Território e História do Brasil. São Paulo: Hucitec, 2002. NEIVA, Arthur Hehl. A imigração e a colonização no governo Vargas. Cultura Política, Rio de Janeiro, ano II, n.21, 10 nov. 1942.

(9)

OLIVEIRA, Acary de Passos. Roncador-Xingu roteiro de uma expedição. Barra do Garças, Araguaia 1943 - Rio das mortes. Xavantina 1944. Goiás: Oficina Gráfica UFG, 1976.

SCHNEIDER, Alberto Luiz; ALMEIDA, Thays Fregolent de. A Expedição Roncador-Xingu: (novos e velhos) bandeirantes na conquista da Fronteira Oeste. Revista de Ciências Sociais, Fortaleza, v. 49, n. 3, p. 243-287, nov. 2018/fev. 2019.

SOARES, Herick Vazquez. A incorporação subordinada do centro-oeste ao capitalismo brasileiro: uma interpretação histórica. 2013. Dissertação (Mestrado em História) – Programa de Pós Graduação em História Econômica do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), 2013.

VARGAS, Getúlio. A Nova Política do Brasil. Vol. V. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1938.

VELHO, Otávio Guilherme. Capitalismo Autoritário e Campesinato. São Paulo: Difel, 1979. VELLOSO, Mônica Pimenta. A brasilidade verde-amarela: nacionalismo e regionalismo paulista. Estudos Históricos, Rio de Janeiro, vol. 6, n. 11, 1993, p. 89-112.

VILLAS BÔAS, Orlando e Cláudio. A Marcha para o Oeste – A epopeia da Expedição Roncador-Xingu. São Paulo. Companhia das Letras – 2012. (1ª edição 1994)

Referências

Documentos relacionados

de lôbo-guará (Chrysocyon brachyurus), a partir do cérebro e da glândula submaxilar em face das ino- culações em camundongos, cobaios e coelho e, também, pela presença

A ideia da pesquisa, de início, era montar um site para a 54ª região da Raça Rubro Negra (Paraíba), mas em conversa com o professor de Projeto de Pesquisa,

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

No entanto, maiores lucros com publicidade e um crescimento no uso da plataforma em smartphones e tablets não serão suficientes para o mercado se a maior rede social do mundo

Neste estudo foram estipulados os seguintes objec- tivos: (a) identifi car as dimensões do desenvolvimento vocacional (convicção vocacional, cooperação vocacio- nal,

Estudos sobre privação de sono sugerem que neurônios da área pré-óptica lateral e do núcleo pré-óptico lateral se- jam também responsáveis pelos mecanismos que regulam o

•   O  material  a  seguir  consiste  de  adaptações  e  extensões  dos  originais  gentilmente  cedidos  pelo 

Para essa discussão, selecionamos o programa musical televisivo O fino da bossa, apresentado por Elis Regina e Jair Rodrigues, na TV Record de São Paulo, entre os anos de 1965 e