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JUVENATRIX Fanzine de Horror & Ficção Científica ANO 30 Número 213 AGOSTO 2020

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Academic year: 2021

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JUVENATRIX – Fanzine de Horror & Ficção Científica

ANO 30 – Número 213 – AGOSTO 2020

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JUVENATRIX – 30 anos – Desde Janeiro de 1991 – total 4.886 páginas

“A morte é apenas o começo... de uma eterna vida de dor...”

Editor – RR

Capa: “Devorado Vivo” (1976)

Contra-Capa: “E-book Memória dos Fanzines # 1”

Blog: www.juvenatrix.blogspot.com.br / E-mail: renatorosatti@yahoo.com.br

Lançamento dessa edição: 01/08/2020 – São Paulo/SP

Distribuição gratuita por e-mail através de arquivo PDF

METAL EXTREMO

Música:

The Beauty of Suffering

/

Banda:

Venomous Breath

(PB)

/

Álbum:

The Ritual of the Blind

Dead

(2020)

Venomous Breath (Campina Grande/PB)

Metal Archives:

https://www.metal-archives.com/bands/Venomous_Breath/3540379283

Contatos / e-mail:

venomous.breath@gmail.com

Men's desires can be their ruin. Dreams are a breeding ground. To sow the seeds of torment. Now there is no return.

The box was opened and they came. Creatures from the unknown. Hungry for pain and flesh. Angels to some,

demons to others. The Lament Configuration. Is spreading fear and madness. Heavy chains ripping your skin. An

eternity to suffering. Cenobites in an evil form. Will tear your soul apart. Maze of torment before the eyes.

Foolishness is wait for the sky. I’m the way. Come with us. Hell waits. Experience our pleasures. Jesus wept. And

you will too. I am pain. And I'm inside you. Shallow are the words of all. Without mercy to those who cry. Time

has come don need to fight. They take control and bring you down. Solve the puzzle and turn the key. Such sights,

too much to see. The hellbound heart possess your life. The beauty of suffering rules mankind.

(3)

Celebrando uma década de atividades da banda “Thrashera” (RJ), com todos os sons disponíveis para

streaming e download no Bandcamp. Confira em:

https://thrashera.bandcamp.com/

thrashera666@gmail.com

https://thrashera.bandcamp.com/

https://thrasheradiscography.blogspot.com/

https://www.facebook.com/Thrashera666/

http://www.youtube.com/user/Thrashra666999

http://www.facebook.com/groups/thrashera666/

https://www.instagram.com/officialthrashera/

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NOTÍCIAS & DIVULGAÇÃO & CURIOSIDADES

Trecho do conto “A Exumação”, de H. P. Lovecraft, do livro “O Mundo Fantástico de H. P. Lovecraft – Volume 2”,

Editora Clock Tower (2020), sobre a humanidade.

“... Por fim removi o último pedaço de terra solta e, com os dedos tremendo, puxei a tampa pesada.

Cedeu quase nada. Quando me preparei para levantá-la de uma vez, um odor fétido e nauseabundo

agrediu minhas narinas. Fiquei paralisado de horror...”

Livro “O Mundo Fantástico de H. P. Lovecraft – Volume 2”

Autor: H. P. Lovecraft

Tradução: Guilherme Sant’Anna, Daniel Dutra e Marcos Almeida Jr. Preço: R$ 57,99 (320 páginas / 16 x 23 cm)

Editora Clock Tower: (www.editora-clocktower.com.br) (www.facebook.com/editoraclocktower)

Resumo do livro:

O volume 2 de “O Mundo Fantástico de H.P. Lovecraft” da “Editora Clock Tower” é um livro com contos escritos por Lovecraft como escritor fantasma. São aqui apresentados pela primeira vez no Brasil e constituem a fronteira final quanto à tradução das obras de ficção desse grande autor.

Fanzine: “Reboco Caído” # 54 (Junho 2020) e # 55 (Julho 2020)

“Reboco Caído” – Foram lançadas as edições 54 (Junho de 2020) e 55 (Julho 2020), editadas por Fábio da Silva Barbosa, 12 páginas, arquivo PDF.

Conteúdo: poemas, textos, entrevistas com as bandas de metal extremo “GomorraA” (# 54) e “Obscure Relic” (# 55). Contatos: Caixa Postal 21819 – Porto Alegre/RS – CEP 90050-970

e-mail: fsb1975@yahoo.com.br

Fanzine de quadrinhos: “Quadrinhos Independentes” # 163 (Maio / Junho 2020)

“Quadrinhos Independentes” – Foi lançada a edição 163 (Maio / Junho de 2020), editada por Edgard Guimarães, com 36 páginas, formato meio ofício e impressão digital.

Conteúdo: quadrinhos, artigos, anúncios, ilustrações, seção de cartas dos leitores e divulgação de fanzines.

Acompanha o encarte “Voos N´O Tico-Tico” # 5, “Séries Obscuras (2)”, 12 páginas, de autoria de Francisco Dourado. Contatos: A/C Edgard Guimarães – Rua Capitão Gomes 168 – Brasópolis/MG – CEP 37530-000

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Fanzine de divulgação de fanzines e outras produções: “Aaahhrte!” # 20.15 e # 20.16

(Mensagem de divulgação)

AAAHHrte é um zine-colagem de acontecimentos interessantes encontrados por aí. O objetivo é apenas divulgar e prestigiar

obras criativas, sem qualquer finalidade comercial. Distribuição gratuita.

https://partesforadotodo.blogspot.com/2020/07/aaahhrte-20-15.html http://partesforadotodo.blogspot.com/2020/07/aaahhrte-20-16.html

Wagner Nyhyhwh

wnyhyw@gmail.com / http://partesforadotodo.blogspot.com/ / https://www.facebook.com/Nyhyhwh/

Disponível o E-book “Memória dos Fanzines #1” – Download gratuito

http://www.murder-records.com/444998089

Já se encontra disponível para download gratuito o E-Book “Memória dos Fanzines” #1, material que reúne cinquenta postagens da coluna “Memória dos Fanzines”, publicadas desde 2018 no Blog “Metal Reunion Zine” por Alexandre Chakal e Renato Rosatti.

Este projeto teve colaboração e participação ativa de Fabio da Silva Barbosa (“Reboco Caído Zine”), que realizou algumas entrevistas com Zineiros das antigas, coletando depoimentos e contribuições extra de outras publicações independentes, com a sua incansável pesquisa nas artes literárias editadas em diversas partes do Brasil, assim como alguns países da América do Sul e Europa. Este E-book contem 183 páginas e 600 capas e informações de zines de várias épocas.

O material está disponível para download gratuito na “Cadaveric Noise Bibilotech”, um espaço virtual que a Murder Records resolveu abrir como um cemitério destinado à Fanzines, Manifestos, Livros e outras publicações independentes relacionadas com as artes do submundo.

Em paralelo, os editores informam que também já está em andamento o projeto Memória dos Fanzines” #2 e convidamos todos os interessados em enviar as suas contribuições e participações na próxima edição não deixem de entrar em contato.

MEMÓRIA DOS FANZINES

Contatos:

memoriadosfanzines@gmail.com

https://memoriadosfanzines.blogspot.com/

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DOWNLOAD FREE HERE

The new E-Book entitled “Memória dos Fanzines” #1 is already available for free download and gathers fifty posts from the column “Memória dos Fanzines”, published since 2018 in the Blog “Metal Reunion Zine” by Alexandre Chakal and Renato Rosatti.

This project had the collaboration and active participation of Fabio da Silva Barbosa (“Reboco Caído Zine”), who carried out some interviews with Zineiros from the old ones, collecting testimonies and extra contributions from other independent publications, with his tireless research in the literary arts edited in various parts of Brazil, as well as some countries in South America and Europe. This E-book contains 183 pages and 600 covers and information on zines from various eras.

The material is available for free download in the “Cadaveric Noise Bibilotech”, a virtual space that” Murder Records” decided to open this cemetery for Fanzines, Manifestos, Books and other independent publications related to the arts of the underworld. In parallel, the editors inform that the project Memory of the Fanzines #2 is also in progress and we invite all those interested in sending their contributions and participate in the next edition do not hesitate to contact us.

Contact:

memoriadosfanzines@gmail.com

https://memoriadosfanzines.blogspot.com/

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Era uma vez no final dos anos 80 que eu assisti este clássico do western numa saudosa fita VHS. Agora

pude rever, após 30 anos, na plataforma de streaming Netflix. "

Era Uma Vez no Oeste

" (Once Upon a

Time in the West, Itália / EUA, 1968). Direção de Sergio Leone. Com Charles Bronson, Henry Fonda,

Jason Robards, Claudia Cardinale. Clássico eterno. Patrimônio histórico do Cinema.

CONTOS

Diários da pandemia:

Saborosa Quarentena…

por Wagner Teixeira

Dia 1

Logo no primeiro dia de quarentena Demitido.

Tudo bem. Dane-se.

Odiava mesmo aquele emprego. Ela o consolava.

Poderiam agora passar muito mais tempo juntos. Deliciosamente isolados.

Hmmm…

Dia 7

Uma semana de paixão intensa. Perfeito.

Tesão enlouquecida por toda a casa, Dias e noites sem fim,

Posições inéditas, Cômodos inexplorados, Experimentações inesperadas…

Dia 28

Amor cada vez mais insaciável. Mais e mais agressivamente insaciável.

Ela revela seus fetiches mais sádicos. Arranhões e mordidas sangrentas eram Apenas preliminares…

Dia 42

Mordida não arranca apenas sangue, Mas um grande pedaço de pele. Reclama de dor, enquanto ela… Ela mastigava o naco de carne...

Dia 45

Beijos e mordiscadas logo abaixo do umbigo Os lábios gulosos vão descendo...

Mas a afasta,

Quase um reflexo automático. Que foi? Não quer uma chupada? Hã, hoje não, querida, estou indisposto.

Dia 77

Ela liquida a última garrafa de vinho Amanhã terá que sair para procurar comida

Mas não pensa nisso Hoje vai dormir extasiada Após mais uma sublime refeição.

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O Convento do Inferno

por Allan Fear

CAPÍTULO 1

A noite era fria, mas Justine se contorcia debaixo do edredom, ela sentia um calor, como chamas ardentes, que lambiam suas pernas nuas.

Justine parecia estar em transe sonambúlico, contorcendo-se enquanto um gemido lhe escapava dos lábios.

A pobre moça balançava a cabeça, agitando seus longos cabelos pretos que se soltaram do elástico que os prendia. Em sua mente ela via a face do padre Jacob, seus finos e grisalhos cabelos que tentavam, sem sucesso, esconder-lhe a calvície e seus olhos por baixo dos óculos de grau, olhos selvagens que faiscavam um brilho vermelho, diabólico e famintos a fitavam intensamente.

Ela sentia as mãos quentes do padre tocando porcamente em seu corpo, ela sentia sua língua rastejar como um verme por seu rosto.

Apesar de todo o horror ela sentia uma guisa de prazer, o doce e amargo pecado que ansiava por consumi-la.

Justine estava tão perto de fazer seus votos de castidade e se tornar uma freira para a alegria de sua querida mãe. Mas ali estava ela, em um dos quartos de hóspede do Convento de Santa Mira, era para que ela descansasse após um dia de orações e devoção. Mas novamente aquele pesadelo sujo, emergia dos mais ocultos lugares de seu subconsciente para atormentá-la.

Quando Justine sentiu sua calcinha ser arrancada e algo quente como fogo tocar em sua vagina, ela ergueu-se de seu leito com um grito agudo.

Na penumbra de uma quietude lúgubre, os olhos de Justine pousaram em uma sombra que flutuava sobre sombras. Justine tinha a respiração ofegante, o suor lhe escorria da face, ela forçou a vista para ver o que era aquilo à sua frente. Talvez fosse apenas miragens, pedaços oníricos de seus pesadelos.

Mas para a surpresa de Justine, a sombra começou a ganhar um contorno tênue e olhos vermelhos surgiram de suas entranhas, faiscando como chamas infernais. Então a sombra articulou de palavras surdas de um timbre estranho e descomunal e disse-lhe:

“Há pecado em você noviça, eu pude sentir o gosto da profanação escorrendo por sua boceta, você anseia por ser consumida pelas chamas do prazer!”

Aturdida ante as palavras sujas e porcamente pronunciadas, Justine foi tomada por arrepios intensos e horripilantes e começou a fazer o sinal da cruz e orar ao altíssimo para que afugentasse aquele ser maligno à sua frente, que em verdade não era fruto de seus pesadelos, mas sim o próprio diabo manifestado.

CAPÍTULO 2

Justine despertou pela manhã sentindo uma aflição que atormentava seu coração. Ela se lembrava de cada minucioso pedaço dos maus momentos da noite passada. O diabo havia demorado a partir, e não foi senão deixando os ecos de suas risadas maléficas retumbando nas paredes do aposento.

Justine foi para o banheiro, despiu-se e entrou no chuveiro, deixando que a água morna lhe limpasse, começou a passar a esponja ensaboada em seu corpo. Era uma mulher de 23 anos, no auge de sua beleza, tinha belas e sensuais curvas. Quando nova desejava se casar com um príncipe encantado que a levasse embora daquela aldeia onde morava com a mãe, mas devido a desilusão com garotos e a insistência da mãe que ela entrasse para o convento, ela decidiu seguir o caminho da castidade.

Um leve gemido escapou dos lábios de Justine quando ela percebeu que estava demasiado tempo limpando suas partes íntimas. Um arrepio lhe subiu pelas costas até chegar na nuca. Ela parou, respirou fundo e desligou o chuveiro.

O diabo a havia provocado e ela precisava de forças para não se deixar cair nas suas tentações. Ainda no banheiro ela fez uma breve oração, mas então sentiu mãos fortes a pegarem pelos braços e a jogarem na parede.

-Não banque a inocente, você é uma puta! – Ela ouviu a voz sussurrar porcamente em seu ouvido direito enquanto o

corpo do estranho era pressionado contra o dela. –Você tem fetiches profanos!!

Reunindo sua coragem Justine se virou e encarou uma noviça com olhos tomados por um brilho amarelo e um sorriso sujo na face.

CAPÍTULO 3

A noviça gritou quando o Padre Jacob adentrou o banheiro e começou a exorcizá-la, o reverendo usava uma cruz de prata na mão e era acompanhado de várias irmãs de caridade, incluindo a madre superiora.

Justine corou quando os olhos do padre fitaram seu corpo nu. Ela pegou uma toalha e se cobriu.

-Não há onde se esconder na casa de Deus, demônio! – Gritou o padre colocando a cruz sobre o peito da possessa que gritava.

-Não fique aí parada irmã Justine – Gritou a Madre superiora. –Vá se vestir se não quer acabar como essa pobre miserável que sucumbiu ante as tentações de satã.

***

Logo a noite fria retornou. Duas irmãs ajudaram Justine a vestir o hábito religioso. Era hora de fazer os votos, ela podia ouvir os cantos do coro que antecipavam a cerimônia.

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Justine e outras cinco irmãs se preparavam para fazerem seus votos. A outra mulher, a que havia sido possuída não estava entre elas, de certo havia sido excluída. O padre Jacob comandava a cerimônia do altar santo.

Justine sabia que tão logo fizesse os votos o diabo não mais a atormentaria, ela seria uma mulher de deus. Ela acenou timidamente para sua mãe que estava entre os convidados.

Tudo era tão lindo, Justine estava pronta, o dia enfim havia chegado e o diabo não havia conseguido arrastá-la para a perdição.

Justine e as demais moças foram chamadas para subirem no altar para fazerem os votos. O coração de Justine estava disparado, mas os olhos cheios de júbilo e alegria de sua mãe a confortavam. A hora havia chegado.

Mas quando começou a fazer os juramentos, Justine sentiu ondas de calor subirem por suas pernas. Ela tentou ignorar e continuou seu discurso.

Em uma olhada de relance, quando se afastou do ambão onde repousava o livro santo, Justine viu a fumaça negra como carvão serpenteando por suas pernas e penetrando em seu órgão genital.

-Oh! – Gemeu Justine apavorada quando aquelas sombras nefastas e sujas invadiram suas entranhas, fazendo-a sentir uma terrível aflição.

Justine estremeceu quando ouviu a risada satânica em sua mente e soube que o diabo a havia possuído.

Lágrimas frias começaram a rolar pela face pálida de Justine a medida que seu coração se enchia de dor e desespero.

CAPÍTULO 4

Justine sentiu densas trevas frias entorpecerem seus sentidos e mergulhou em uma escuridão suja e gosmenta como piche.

Justine pegou uma espátula sobre o ambão, cortou a palma da mão direita e com seu sangue riscou, com os dedos, símbolos antigos no chão da igreja ante o assombro de todos presentes. Então ela pronunciou dialetos antigos e tudo a sua volta se estremeceu.

-Ela está possuída! – Gritou o Padre Jacob apontando-lhe um dedo. Mas logo seus olhos cheios de terror se voltaram para as demais noviças e viu-as se contorcerem e ficarem possessas por forças tenebrosas. Seus olhos foram tomados pelo preto e pelo vermelho infernal.

O padre tentou iniciar o exorcismo, mas Justine se colocou em sua frente, desabotoou suas calças e tocou em seu membro.

-Nada disso padre, é hora de brincarmos com o fogo da perdição. – Sussurrou Justine em seu ouvido, mas a voz já

não era a sua, mas sim uma voz sombria e gutural. –Estamos tomando esse convento!!

O padre gritou em protesto, mas Justine lambeu a orelha dele e em seguida seus lábios se tocaram. Da boca da possessa derramou uma fumaça preta que penetrou garganta abaixo do padre.

-Deixe-me entrar padre, eu despertarei seus desejos mais primitivos nesta noite de luxúria. – Falou Justine, seus

olhos vermelhos faiscando de desejos e fascínio.

CAPÍTULO 5

A igreja se tornou um pandemônio enquanto muitos corriam para se salvar. Mas as noviças possessas haviam segurado as outras freiras, incluindo a madre superiora e com elas praticavam atos libidinosos, depositando em suas bocas um pouco daquela fumaça escura.

-Arrrrgghhhh!!! – O grito explodiu da boca de Justine ante aquele pandemônio herege. Os olhos da possessa foram

tomados pelo horror. –Mas que diabos? Eu não posso acreditar, é você maldito?

A fumaça que o padre havia engolido foi expelida por sua boca como piche fervendo e começou a pingar no chão. - É chegado o momento! – Sussurrou o padre exibindo um sorriso frio nos lábios manchados de gosma preta. –Há quanto tempo um grande ministro e seus conselheiros do inferno não se reúnem diante de mim. Seu tempo de diversão acabou Abbadon!!

CAPÍTULO 6

-Quem é este que vós fazei recuar, mestre Abbadon? – Indagou uma das noviças possessa, que como as demais, reuniram-se ao redor do padre.

-É o Arcanjo Miguel quem está possuindo o corpo do padre! – Falou Abbadon pelo corpo de Justine. -Quando expeli minhas trevas para dentro dele, eu senti sua luz queimar-me.

O padre Jacob ergueu suas mãos e pronunciou dialetos antigos e ante suas palavras um círculo azul se formou ao redor do altar, fazendo todo o chão começar a girar e afundar-se terra adentro à medida que todo o convento se estremecia e vinha a baixo.

As possessas gritavam em total desespero. Os olhos do padre cintilavam em um azul límpido enquanto seguia com sua terrível providência divina.

-Maldito, estás a manifestar a terrível prisão da providência divina, mas com isso estás ciente de que matará as noviças assim como o padre que estás a possuir? – Indagou Abbadon que possuía Justine, lutando para não cair diante do turbilhão que se aprofundava terra adentro. –Pior que isso, está ciente de que ficará preso conosco por toda a eternidade nas entranhas deste maldito planetinha?

-Deus agradece aos mártires por seus sacrifícios pela humanidade, embora apenas seus corpos irão perecer na prisão, visto que suas almas já estão a caminho do paraíso. – Falou o padre exibindo um sorriso ofuscado pela fumaça cinzenta e as

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faixas de brilho de luz azul que envolvia todo o altar. –Mas engana-te Abbadon, em pensar que Miguel, o príncipe e regente das milícias celestes, estará convosco nesta prisão, eu sou apenas o Padre Jacob, a luz que brilha eu meu interior nada mais é do que um pouco da graça que Miguel me concedeu para realizar este feito!!

-Desgraçado! Isso não é possível, fomos enganados...- as palavras de Abbadon findaram-se quando o turbilhão parou e a prisão celestial se estabeleceu nas entranhas da terra. Um silêncio frio e escuro reinou soberano à medida que a poeira cinzenta se assentava.

-Vejo que sobreviveu à queda Padre Jacob – Falou Abbadon no corpo de Justine. –Você nos selou nestes corpos, e agora que estamos presos aqui pela eternidade vamos profanar seu corpo incontáveis vezes e descontar em você toda nossa ira infernal!

Atrás de Justine as demais noviças possessas se ergueram com seus olhos brilhantes.

-É tudo o que eu mais desejo. – Disse o padre Jacob exibindo um sorriso e despindo-se de sua batina rasgada e manchada. –Em vida eu não pequei senão em pensamentos, tudo o que eu mais desejava além de servir a Deus era poder me entregar as chamas do pecado e ser consumido pelo desejo. Eu jamais pensei que pudesse ter ambas as coisas...

Abbadon ficou sem palavras quando Jacob a pegou nos braços e beijou-a loucamente.

-Vocês humanos... – Balbuciou Abbadon aturdida, incapaz de esboçar uma reação. –Nós sentimos inveja da perspicácia imunda de seres tão perversos capazes de enganar anjos e demônios com tamanha naturalidade.

Me Dê a Sua Alma!

por Allan Fear

CAPÍTULO 1

Lá fora a tempestade era furiosa. Os trovões rugiam como bestas ferozes e lançavam seus raios de luz fantasmagórica como fogo riscando os céus.

Em seus aposentos, dentro de um círculo mágico, procurando o feitiço certo em um Grimorio antigo, Arthur, um velho ocultista, estava aterrorizado ante o demônio infernal que veio das masmorras do submundo para buscar sua alma.

-Seu tempo acabou, humano! Eu te servi com fortuna, mulheres, luxo e maravilhas que apenas um presidente

do inferno poderia proporcionar. Mas é hora de pagar. Eu vim por sua alma! Dê ela para mim! Hahaha.

A voz profunda ecoou na mente do magista assustado, aterrorizando-o. Ele sabia que o tempo era curto e que sua vida estava por um fio de teia de aranha meio partido de cair nas profundezas do abismo.

CAPÍTULO 2

O homem se esforçava para ler aqueles textos antigos enquanto a chama da tocha tremia em sua mão ante a presença daquele mal frio e hediondo que lhe rodeava. Ele precisava achar o feitiço certo para mandar o demônio de volta para o inferno. Sua vida dependia disso.

Arthur sentiu o gélido calafrio do horror lhe percorrer as costas quando o livro foi arrancado de sua mão por forças invisíveis.

Um sorriso de escárnio brilhou nos lábios do diabo. A criatura das trevas estava à frente do círculo mágico e havia tomado uma silhueta quase humana, de pele vermelha, chifres pontudos na cabeça, barbicha e olhos infernais.

-Agora veremos quanto tempo você aguenta dentro deste círculo mágico! – Disse o diabo em tom de zombaria. –Já não lhe resta mais nada, nenhuma esperança, meu velho Arthur. Sua doce alma é minha.

CAPÍTULO 3

Gritando maldições, o ocultista usou a tocha na esperança de afugentar o diabo que avançava sobre ele. Neste preciso instante o homem percebeu o medo nos olhos infernais do demônio.

-ARRRGH! Fogo maldito! Vejo que ainda lhe resta uma defesa, mas esta chama não ficará acesa para sempre. Logo ela se extinguirá assim como sua vida, cão maldito!

O brilho de esperança faiscou nos olhos cansados de Arthur, ele não tinha lido nada sobre demônios temerem fogo comum, mas eis o trunfo que ele tinha na manga. Era sua chance de derrotar o diabo.

Com um grito furioso de bravura Arthur lançou a tocha na entidade malfazeja e ouviu seu urro de dor estremecer o aposento à medida que seu corpo exalava uma fumaça negra e era tomado pelas chamas que lhe envolveram.

Ele havia conseguido derrotar o diabo?

CAPÍTULO 4

Os olhos de Arthur se encheram de terror quando viu as chamas se alastrarem à sua volta. As labaredas devoraram o piso e os móveis, lambendo as paredes e subindo ao teto.

-Hahaha... A risada demoníaca começou e Arthur viu o sorriso infernal do demônio, como se as chamas não lhe fizessem mal algum.

Aquele demônio traiçoeiro o havia enganado. Fingiu temer o fogo como estratégia para obrigar Arthur a tomar uma difícil decisão.

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-Agora você poderá escolher entre queimar dentro deste círculo mágico ou vir direto para minhas garras. A escuridão dentro de mim anseia por devorar sua alma imunda!

O fogo se alastrou pelo aposento, queimando a estante de livros e se espalhando sobre o piso de tacos-corridos. -Nãããããooooo!!! - Gritou o velho quando sentiu as chamas invadiram o círculo mágico e lamberem sua face, fazendo o fedor de sua barba queimando penetrar suas narinas.

Desesperado Arthur começou a correr, deixando o círculo mágico que agora ardia em chamas. O pobre tolo tentou chegar à porta, mas com um ataque rápido, o diabo o envolveu com seus braços, tocando, não seu corpo, mas sua alma.

-Não deveria temer esse gélido fogo que anseia por fritar sua carne, - Sussurrou-lhe o diabo fazendo sua alma

estremecer ante um calafrio mortal. –pois que sua alma queimará pela eternidade no escaldante fogo infernal!

Pobre Arthur, ele havia se tornado um homem rico e poderoso da noite para o dia após fazer um pacto com o diabo, obteve poder de derrotar facilmente seus inimigos e conquistar belas mulheres, mas agora ele entenderá que nada é de graça e que o preço pelos anos de boa vida, serão pagos com sua preciosa alma que, por séculos, servirá de lenha para as fornalhas infernais, até que nenhum traço de humanidade lhe reste e ele esteja apto a servir como um soldado nas legiões tenebrosas que compõe os exércitos do inferno.

RESENHAS DE LITERATURA

Flash Forward

por Marcello Simão Branco

Flash Forward

(idem), Robert J. Sawyer. Tradução de Ana Carolina Mesquita. Capa de Igor Campos.

Rio de Janeiro: Galera Record, 2014. 382 páginas. Lançamento original de 1999.

Em julho de 2012 físicos do CERN (Centro Europeu de Pesquisa Nuclear), em Genebra, na Suíça, realizaram um experimento de aceleração de partículas com o objetivo de encontrar o Bóson de Higgs. Este componente supremamente ínfimo da natureza seria a peça fundamental que formaria as partículas subatômicas e, por extensão, toda a matéria do universo. O evento foi cercado por alguma polêmica, pois alguns grupos de esotéricos e religiosos temeram que o acelerador de partículas pudesse alterar a tessitura da realidade, talvez criando um miniburaco negro que pudesse engolir a própria Terra.

Em termos de ficção científica a concretização deste temor foi abordada de forma brilhante por David Brin em seu romance

Terra (Earth), publicado em Portugal pela coleção Europa-América, nos. 182 e 183 (1991). Mas em Flash Forward, ocorre um

outro fenômeno tão ou mais surpreendente e improvável: No ano de 2009, quando a experiência para a descoberta do Bóson de Higgs é realizada toda a humanidade perde os sentidos. Fica neste estado por dois minutos e dezessete segundos. E durante

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este período cada pessoa se vê 21 anos à frente, no qual cada um sente o fenômeno por meio de sua consciência no futuro, ou seja, em 2030.

Aqueles que estavam em movimento no momento do evento sofrem acidentes ou morrem: em escadas, carros, aviões etc. Milhares perdem a vida em todo o mundo. Mas afora esta tragédia imediata o evento altera de várias maneiras as vidas das pessoas em toda a parte. Pense: como você reagiria se pudesse saber como seria o seu futuro daqui a 21 anos? Para muitas pessoas o futuro é interessante: está com saúde, casou e tem filhos, progrediu na carreira, realizou algum sonho antigo. Mas para muitos outros os objetivos se mostraram um fracasso: sofre de doença grave, relacionamentos sem futuro, carreiras malsucedidas, e o pior: escuridão. Várias pessoas não viram nada, numa indicação de que, então, não terão futuro porque não estarão vivas.

Tal é o caso de um dos cientistas que participam da experiência, o grego Theo Procopides. Com apenas 28 anos, teria 49 duas décadas depois. Mas nada viu. Como vaticina de maneira lúgubre seu chefe, Lloyd Simcoe, é porque ele estará morto em 2030. Mas Simcoe também vê seus planos mais imediatos serem abalados: prestes a casar com Michico Tamura, sua assistente, constatou que sua visão o mostra numa cama com outra mulher, que ele ainda nem chegou a conhecer. E para piorar Tamiko, a filha pequena do primeiro casamento de Michico, morre atropelada por causa do flashforward. Você planejaria um futuro com alguém que não vai estar com você?

Mas as consequências também assumem contornos coletivos, em termos econômicos e tecnológicos. Como o evento ocorreu às 17 horas em Genebra, vislumbrou situações de possíveis vantagens econômicas (de saber como tal produto ou segmento estará) ou tecnológicas (com possíveis invenções). Isso porque boa parte das visões relatadas pelos habitantes da Ásia relatou situações desconexas e sem sentido. Claro, estavam dormindo, e viram seus sonhos. Por outro lado, morreram menos do que os ocidentais, acordados em sua maioria na hora do fenômeno.

No início não estava claro que o flashforward havia sido provocado pela experiência de alta energia, mas evidências indiretas foram sendo compostas até ficar claro de que se tratava de algum fenômeno estranho, que levou ao desmaio de sete bilhões de pessoas. Um dos efeitos secundários inquietantes é que nenhum aparelho de gravação registrou as pessoas desmaiadas ou os acidentes. Não filmou nada, só estática. Uma explicação oferecida pelos cientistas – mas que não me convenceu totalmente – é que com a ausência de qualquer consciência humana durante o flashforward, é como se a realidade tivesse ficado suspensa. Uma evidência do efeito observador na teoria quântica.

Depois de evitar realizar novamente o experimento e de ficar claro de que deviam alguma explicação pública para o ocorrido, Simcoe anuncia a provável conexão e, embora ele e o CERN não sejam imediatamente culpabilizados, é claro que há uma percepção geral de que alguma responsabilidade eles têm pelo que aconteceu.

Sawyer poderia ter desenvolvido a história numa espécie de mosaico, que pudesse mostrar o ponto de vista de vários personagens, em diferentes partes do mundo. Talvez reunindo seus destinos ou não, para mostrar as muitas nuances possíveis de como o fenômeno afetou as mais diversas vidas. Talvez com isso o romance ganhasse no desenvolvimento de dramas particulares, e o romance provavelmente seria maior. Contudo, ele optou por apresentar os dramas das pessoas diretamente envolvidas com a deflagração do evento: os físicos do CERN. De como afetou suas vidas pessoais e profissionais.

Neste aspecto, obviamente, o futuro mais inquietante é o de Procopides. Será mesmo que a escuridão representa a morte? Se sim, poderia haver alguma maneira de evitá-la, já que há um conhecimento prévio de sua ocorrência? Ele divulga publicamente seu problema na internet e encontra pessoas que teriam compartilhado a visão do momento de sua morte, como a de um menino de sete anos que daqui a 21 anos será o policial que investigará o seu assassinato. Mas o drama de Procopides não para aí. Seu irmão mais novo, um escritor talentoso comete suicídio ao descobrir que não teria o futuro de sucesso que imaginava.

Mas será que o futuro seria mesmo imutável? No fundo o livro faz uma ampla discussão sobre se existe livre-arbítrio ou tudo já está determinado. Talvez alguma contribuição religiosa ou mística também pudesse ser incluída, na voz de alguns personagens, mas a discussão fica restrita mesmo às teorias da física. Mesmo assim não deixa de ser altamente instigante acompanhar os diferentes argumentos a defender um ou outro ponto de vista. Acredito que o futuro é aberto, e cada um traça o seu destino, a cada segundo de vida. Mas quase fui levado a crer que a visão determinista prevalece, como defendida por Simcoe. Ele se baseou nas teorias de Minkowski, de que a estrutura da realidade seria uma espécie de bloco que conteria passado, presente e futuro. E ao transitarmos pelos diferentes trechos deste espaço poderíamos constatar o que já passou e o que irá ocorrer. Embora seja sugestiva, a observação de Michico ajuda a entender porque Simcoe, no seu íntimo, a defende: seria um álibi para todas as mortes ocorridas. Ele não teria tido responsabilidade porque já estava tudo traçado no continuum inscrito no bloco de Minkowski. Sobretudo pela morte da sua enteada, a razão maior da crise de relacionamento entre os dois, até mais do que a visão dele com outra mulher. Mas aos poucos alguns fatos vão mostrando que o futuro pode ser mudado. Principalmente quando pessoas dão cabo da própria vida, como o irmão de Procopides.

Então era preciso tirar tudo isso a limpo. Não principalmente para eles, mas a maioria das pessoas que ansiavam por uma nova visão que confirmasse ou não seu porvir. Com autorização da ONU a experiência é repetida, mas às 5 horas da manhã, em Genebra, ou seja, invertendo o horário da primeira vez e dando a chance ao Oriente de, eventualmente, vislumbrar mais seus futuros e eventuais ganhos em termos econômicos e tecnológicos. É claro que tudo desta vez é preparado para que as pessoas não sejam pegas de surpresa e se acidentem.

Mas será que haverá um novo vislumbre do futuro? E, afinal de contas, o que o teria provocado? Num laboratório de pesquisas físicas no Canadá, surge a hipótese de que o flashforward teria ocorrido por um súbito aumento da ocorrência de neutrinos na Terra no momento da experiência. Os neutrinos são partículas quase sem massa que vagam pelo universo sem nenhuma resistência. No sistema solar são produzidos principalmente pelas explosões nucleares no interior do Sol, e trilhões deles preenchem o nosso planeta – e nossos corpos – em frações de segundo, mas sem interação alguma com outros átomos e moléculas. Neste caso, contudo, o aumento repentino não teria sido provocado pelo Sol, mas pelo acréscimo de neutrinos ainda

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em vigência pela explosão da supernova 1987A, a maior de uma estrela observada pela humanidade em 383 anos, ocorrida em 1987 na estrela supergigante azul Sanduleak, na Grande Nuvem de Magalhães, a 170 mil anos-luz da Terra.

De certa forma, a não imutabilidade do destino e a descoberta da provável causa do flashforward, causa alívio nas pessoas, fazendo-as perder o receio de repetir a experiência, justamente na data: 21 de outubro de 2030. Mas como seria possível reproduzir o fenômeno, totalmente fortuito na interação dos neutrinos? É enviada uma sonda em direção aos restos da supernova, com um sistema de alerta para determinar o próximo pico de atividade dos neutrinos. Com isso haveria a chance de repetir um novo flashforward. Contudo, se o futuro não é imutável, parte das visões vislumbradas em 2009 se tornaram realidade. Inclusive para Simcoe, Michico e Procopides.

Flash Forward acrescenta mais um aspecto interessante ao tema da viagem no tempo, um dos mais clássicos da ficção

científica. Se os viajantes não comparecem de corpo presente à outra época, eles têm visões do que pode vir a ocorrer com eles. Nesse sentido lembra um pouco o porviroscópio, uma máquina de visualizar o futuro, imaginada por Monteiro Lobato em seu romance O Presidente Negro (1926). Mas o que dá um ganho substancial à obra é o tratamento realista da premissa: O que aconteceria ao mundo se um fenômeno desses acontecesse? Além disso, uma narrativa vigorosa, que soma ao tema fascinante, personagens críveis e humanos que faz com que o interesse pela leitura só cresça a cada página.

O romance foi uma das sensações da ficção científica no final do século XX, embora não tenha vencido o Prêmio Nebula como afirma a Record na capa do livro, mas sim o Aurora, prêmio canadense de FC, em 2000. Foi adaptado numa cultuada série de TV entre 2009 e 2010, que durou apenas uma temporada. Mas o que este livro sobretudo demonstra é como o vigor das boas ideias bem desenvolvidas sustenta uma narrativa criativa e inteligente de ficção científica.

RESENHAS DE CINEMA

Devorado Vivo (Eaten Alive, 1976)

O diretor americano Tobe Hooper (1943 / 2017) é um nome bastante conhecido no cinema de Horror, mas teve uma carreira irregular, alternando entre filmes significativos e sempre lembrados pelos fãs, com outros de qualidade menor e geralmente esquecidos. Seu maior trabalho certamente é o eterno clássico “O Massacre da Serra Elétrica” (1974), com sua história sangrenta que iniciou uma extensa franquia e contribuiu como inspiração e influência para uma grande produção que veio a seguir.

Sua filmografia inclui títulos como “Poltergeist, o Fenômeno” (1982), apesar que nesse caso os rumores indicam que boa parte da direção foi do produtor Steven Spielberg, além de outros filmes divertidos como o “slasher” “Pague Para Entrar, Reze Para Sair” (1981), a ficção científica “Força Sinistra” (1985), e o violento “Devorado Vivo” (Eaten Alive, 1976).

A história desse último é bem simples. Numa pequena cidade americana, um veterano soldado perturbado, Judd (Neville Brand, rosto conhecido pela série de TV de Western “Laredo”), é o dono de um hotel fuleiro chamado “Starlight”, localizado num pântano com um lago sinistro habitado por um enorme crocodilo sempre faminto e à espera da carne de animais ou dos eventuais hóspedes do hotel.

Para entrar no cardápio do réptil assassino, temos uma família em crise formada pelo estranho pai, Roy (William Finley), a histérica mãe Faye (Marilyn Burns, que já tinha sido a “scream queen” de “O Massacre da Serra Elétrica”) e a filha pequena Angie (Kyle Richards). Além também de Harvey Wood (Mel Ferrer), um pai de família com uma doença terminal, que junto com a filha Libby (Crystin Sinclaire), está procurando desesperadamente sua outra filha desaparecida, Clara (Roberta Collins). Para completar o time de hóspedes (ou vítimas), ainda temos o jovem arruaceiro Buck (Robert Englund, que mais tarde seria o popular vilão Freddy Krueger na franquia “A Hora do Pesadelo”) e sua namorada Lynette (Janus Blyth). E para

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investigar as mortes misteriosas temos o Xerife Martin (Stuart Whitman, da série de TV de Western “Cimarron”, e que faleceu em 16/03/2020 aos 92 anos).

Com o sucesso de “O Massacre da Serra Elétrica”, o diretor Tobe Hooper ficou em evidência e criou-se grande expectativa para seu próximo filme. Porém, numa comparação, é inevitável salientar que o conjunto da obra de “Devorado Vivo” é bem inferior. Mas ainda assim, o filme é bastante divertido e um destaque na carreira de Hooper pela alta dose de violência nas mortes sangrentas, pelas cenas de nudez gratuita e pelo elenco interessante, com muitos rostos conhecidos e atores experientes, pois além de todos os nomes já citados anteriormente, ainda temos Carolyn Jones, a Morticia da série de TV “A Família Addams”, no papel da Srta. Hattie, a proprietária de um bordel.

O roteiro, co-escrito por Kim Henkel (também de “O Massacre...”), foi inspirado num caso real de um “serial killer” que supostamente matava pessoas e alimentava seus jacarés de estimação com os cadáveres. Em “Devorado Vivo”, quase todas as ações se passam no hotel, com os hóspedes sendo violentamente atacados pelo perturbado Judd, portando uma enorme foice, lutando para não servirem de comida para o crocodilo. Os efeitos também são bem toscos, apesar que o réptil carnívoro de borracha ainda é muito mais interessante que os similares artificiais gerados por computador vistos numa infinidade de filmes modernos.

As filmagens foram feitas em estúdio, com pouca iluminação e a montagem dos cenários de um hotel barato e uma piscina simulando um lago onde vive o crocodilo falso, com o uso de muita névoa artificial para criar uma atmosfera sinistra e ajudar a esconder os defeitos de uma produção de baixo orçamento. O filme teve vários outros nomes alternativos como “Death Trap”, “Horror Hotel”, “Slaughter Hotel” e “Starlight Slaughter”.

(RR – 01/05/20)

O Tesouro do OVNI (1988)

É inegável que boa parte do cinema fantástico bagaceiro italiano é divertido, pois temos uma infinidade de filmes tranqueiras com roteiros repletos de absurdos, para a satisfação dos apreciadores do estilo. Um exemplo disso é a tralha “O

Tesouro do OVNI” (Top Line, 1988), já começando pelo título brasileiro no mínimo hilário. É uma co-produção entre Itália e

Colômbia (as filmagens ocorreram em Cartagena, na região caribenha do país sul americano) dirigida por Nello Rossati (sob o pseudônimo Ted Archer), e que apesar da grande semelhança com meu sobrenome, não é meu parente.

A história é uma salada misturando elementos de aventura com ficção científica, explorando diversas temas como civilizações perdidas (o ouro dos astecas) com queda de disco voador, passando por robôs assassinos e alienígenas gosmentos hostis que querem invadir nosso planeta, além de conspiração governamental envolvendo o serviço secreto americano (CIA) e russo (KGB). Sem esquecer que a polícia e o exército colombianos são corruptos e ainda tem um nazista colecionador de tesouros.

Para completar, vale citar alguns nomes importantes que agregam muito valor ao elenco, como o ator italiano Franco Nero, com um currículo tão extenso que passa dos 200 filmes, e o veterano americano George Kennedy (1925 / 2016), outro rosto conhecido pela imensa carreira. Depois de tudo isso, dá para imaginar o nível de bizarrice, atiçando a curiosidade para ver o filme.

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Um escritor falido e alcoólatra, Ted Angelo (Franco Nero), está na Colômbia pesquisando materiais para um livro sobre a história das civilizações que foram colonizadas pelos espanhóis nos séculos XV e XVI. Depois de ter contato com uma adaga asteca, ele decide procurar mais artefatos preciosos nas montanhas de Cartagena. Ele encontra uma caverna com uma caravela espanhola e uma nave espacial em seu interior, além de muitos objetos de ouro dos astecas.

A partir daí, o escritor aventureiro se envolve numa perigosa rede de intrigas e conspirações, acompanhado da jovem June (Deborah Barrymore), que conheceu depois do assassinato misterioso de seu amigo vendedor de antiguidades Alonso Quintero (William Berger). Eles são perseguidos por mercenários interessados no tesouro e agentes secretos interessados em ocultar a existência do OVNI, enfrentando problemas com sua editora, a ex-esposa americana Maureen De Havilland (Mary Stavin), com um perigoso nazista antiquário, Heinrich Holzmann (George Kennedy), e um robô alienígena assassino (Rodrigo Obregón).

“O Tesouro do OVNI” é uma produção de baixo orçamento e roteiro hilário de tão ruim. Começa basicamente como um filme comum de aventura tendo o primeiro terço meio arrastado, apesar dos tiroteios e perseguições, e um destaque é a perseguição insana entre jipes numa estrada estreita nas montanhas. Porém, o que realmente irá despertar interesse para os apreciadores do cinema bagaceiro está na metade para o final, onde temos uma maior relevância para os elementos de ficção científica tranqueira, garantindo a diversão com uma grande quantidade de bizarrices. Principalmente com um ciborgue tosco no estilo “Exterminador do Futuro” e um alienígena gosmento (filmado propositalmente com cenas escuras para esconder os defeitos), concebido com aqueles efeitos especiais típicos da década de 80 do século passado, sem o artificial uso de imagens geradas por computador.

O filme foi lançado no Brasil na época dos vídeos VHS, pela VIC e também recebeu o nome alternativo original “Alien Terminator”.

(RR – 12/05/20)

O Peixe Assassino (1979)

Entre meados dos anos 70 e 80 do século passado, foram lançados muitos filmes explorando o tema de animais marinhos assassinos, inspirados pelo sucesso comercial de “Tubarão” (Jaws, 1975), de Steven Spielberg. Além da própria franquia criada por esse filme que se tornou um clássico, com três sequências lançadas em 1978, 1983 e 1987, tivemos ainda vários outros filmes como “Orca: A Baleia Assassina” (1977), “Piranha” (1978), “Piranhas 2: Assassinas Voadoras” (1981), “O Último Tubarão” (1981), “O Peixe Assassino” (Killer Fish, 1979), entre outros.

Esse último é uma bagaceira co-produzida pela Itália, França e Brasil, com direção de Antonio Margueriti (sob o pseudônimo Anthony M. Dawson), cineasta responsável por divertidas tranqueiras italianas de ficção científica dos anos 60 como “Destino: Espaço Sideral” e “O Planeta dos Desaparecidos”, lançadas num único DVD por aqui pela “Works Editora” por volta de 2007. As filmagens ocorreram em Angra dos Reis (RJ), e no elenco temos nomes conhecidos do cinema americano como Lee Majors (o ciborgue da nostálgica série de TV “o Homem de Seis Milhões de Dólares”, 1974 / 1978), James Franciscus (“De Volta ao Planeta dos Macacos”, 1970), e Karen Black (“A Casa dos 1000 Corpos”, 2003).

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Na história, um grupo de ladrões americanos de joias está no Brasil, formado principalmente por Lasky (Lee Majors) e Kate Neville (Karen Black), além do mentor Paul Diller (James Franciscus), ex-funcionário de uma refinaria de óleo que tem esmeraldas guardadas num cofre. Eles roubam as pedras preciosas após explodirem reservatórios de combustível na usina, aproveitando a confusão do incêndio. Para despistar as autoridades policiais, eles escondem as pedras no fundo de um lago, para retirarem somente depois que os movimentos de busca diminuíssem.

Mas, o lago está repleto de piranhas, causando atritos e desconfiança no grupo de ladrões e espalhando o horror para quem entrasse nessas águas, incluindo um barco de turismo que ficou à deriva depois de enfrentar a fúria de um tornado. O barco estava levando entre seus passageiros uma equipe profissional de sessão de fotos, com o fotógrafo irritante Ollie (Roy Brocksmith), a modelo Gabrielle (Margaux Hemingway) e sua empresária Ann (Marisa Berenson).

“O Peixe Assassino” tem um roteiro muito simples e cheio de clichês, contando uma história banal sobre ladrões de joias, com intrigas e traições entre eles, e com o elemento de horror como pano de fundo através de piranhas assassinas comendo gente num lago (aproveitando a onda no cinema naquele período, explorando criaturas aquáticas carnívoras). O primeiro terço do filme é bastante arrastado, até que finalmente acontece a primeira morte sutil provocada pelas piranhas. Mas, infelizmente elas somente irão sangrar a tela com um pouco de violência mais para o final. Aliás, num total de 100 minutos de projeção, poderia ter uma redução de pelo menos 15 minutos, eliminando vários momentos tediosos sem envolver os peixes assassinos, que certamente são o maior interesse no filme.

Os efeitos especiais são bem toscos, mas garantem alguma diversão com as filmagens utilizando maquetes e miniaturas no desastre da refinaria, e no rompimento de uma barragem por um tornado falso, com uma consequente inundação que espalhou piranhas para todos os lados. Também tem o fato hilário da performance totalmente desinteressada de Lee Majors, um dos principais nomes do elenco, que no meio de cenas que deveriam ser carregadas de tensão, com a ameaça mortal das piranhas, ele parece excessivamente tranquilo e alheio ao perigo, eliminando qualquer credibilidade nos momentos de ataques.

O filme recebeu também outro título por aqui, “Perigo no Lago”, quando foi exibido na televisão. É uma produção de baixo orçamento com história ambientada no Brasil e tem algumas curiosidades como a menção ao dinheiro da época (final dos anos 70), o cruzeiro, e a aparição no desfecho de um avião comercial da Varig, empresa que controlou boa parte da aviação brasileira e que agora não existe mais. O ator italiano Anthony Steffen (1930 / 2004), conhecido pelas inúmeras participações em filmes do gênero “spaghetti western”, também fez parte do elenco de “O Peixe Assassino”.

Apesar de todos os muitos defeitos, “O Peixe Assassino” ainda vale uma conferida pelas cenas sangrentas com as piranhas e pela curiosidade geral da ambientação da história no Rio de Janeiro.

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Referências

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