QUIROPTEROS DO MUNICIPIO DE LINHARES,
EST
ADO DO ESPIRITO SANTO, BRASIL
(MAMMALIA, CHIROPTERA)*
ADRIANO L. PERACCHI* * e SILA T. DE ALBUQUERQUE Instituto de Biologia, Universidadc Federal Rural do Rio de Janeiro - 23851 -970 Seropedica, RJ
RESUMO
Vma Iista dos quir6pteros que ocorrem no municipio de Linhares, Estado do Espirito Santo
e
apresentada, sendo inciuidas, tambem, citac;6es anteriores da literatura. Trinta e aito especies sao encontradas na regHio, das quais dezessete sao assinaladas pela primeira vez. Dados sabre a reproduc;ao das especies capturadas sao fornecidos.Palavras-chave: morcegos, reproduc;ao de morcegos.
ABSTRACT
Bats from Linhares
country,
Espirito Santo State, Brazil (Mammalia, Cbiroptera)
A list of bats collected in the Linhares county, Espirito Santo State, Brazil is given. Citations previously referred in the literature are also included. Thirty eight species were recorded, sev~ enteen for the first time in the region. Comments about reproduction of the captured species are included.Key words: bats, reproduction of bats.
INTRODUc;:Ao
A partir de dezembro de 1970 demos inicio ao estudo dos quir6pteros do municipio de Linha-res, Estado do Espirito Santo, movidos, principal-mente, pela existencia de fJorestas representativas da cobertura vegetal que outrora recobria 0 vale do Rio Doce, indubitavelmente, uma das mais es -petaculares forma<;6es florestais do sudeste brasi -leiro. Inicialmente, desenvolvemos nossos trabalhos na Esta<;ao Experimental de Linhares, atualmente pertencente
a
Empresa Capixaba deReccbido em 14 dejunho de 1991 Aceito em 20 de maio de 1992 Distribuido em 30 de novembro de 1993
·Trabalho elaborado 1I0S laborat6rios da Area de Zoologia do Instituto de Biologia da UFRRJ, com oauxilio do CNPq. uBolsista do CNPq.
Pesquisa Agropecuaria que mantem, pr6ximo
a
sede do municfpio, extensa area recoberta por flo-resta pouco afetada pela a,lio do homern. Poste-riormente, gra<;as a acordo firmado entre a Universidade Federal Rural.do Rio de Janeiro e a Companhia Vale do Rio Doce, foi possivel desen-volver, tambem, trabalhos de campo na Reserva Florestal mantida por aquela Campanhia a 30 km da sede do municipio. No presente trabalho apre-sentamos lista das especies de quir6pteros coleci o-nados, bern como alguns dados biono~cos a respeito.MATERIALE METODOS
Os trabalhos de campo foram desen~olvidos na Esta<;ao Experimental de Linhares e oa Reserva
576 ADRIANO L PERACCHI c SILA T. DE ALBUQUERQUE
Florestal da Companhia Vale do Rio Dace, ambas no municipio de Linhares.
A Esta,ao Experimental de Linhares estii 10-calizada a 19°25'S e 40003'W, jonto
a
margem di-reita do Rio Dace, pr6ximoa
sede do municipio,com altitude media de 30 m acima do olvel do
mar e ocupa uma area de cerca de 1.611 ha, dos
quais 1.200 recobertos por Floresta Alta de Terra
Firme.
A Reserva Florestal da C.V.R.D. situa-se en-tre as paralelos 19°06' e 19°18'S e as meridianos
39°45' e 40019'W, ocupa urna area de 21.787 ha,
com altitudes entre 28 e 65 m acima do nive} do
mar, topografia levemente ondulada e Iimita-se a noroeste com a Reserva Biol6gica de Sooretama, constituiodo assim, em conjunto, a maior area
com floresta natural continua do Estado do Espiri-to SanEspiri-to (Jesus, 1987). Segundo PeixoEspiri-to e Gentry (1990) a vegeta,ao da area apresenta-se com ca-racteristicas fisionomicas e floristicas distintas da Floresta Atlantica em sua forma rnais tfpica. Pei-xoto (1982) corrobora Lima (1966) que a
denomi-nou bileia bahiana, sugerindo que a vegeta~ao
apresenta correla~6es com a floresta amazonica, devendo seT tratada, entretanto, como forrna~ao distinta. A cobertura primitiva encontrada e
tipica-mente florestal, formada por f10resta ombr6fila
se-midecidua. Apesar de existirern outras forma~6es
vegetais na Reserva, nela predomina a Floresta
Alta de Terra Firme, que ocupa mais de 68% da area total. Os nossos trabalhos de campo foram
desenvolvidos, exclusivamente, em areas
recober-tas par esse tipo de forma,ao vegetal.
A Floresta Alta de Terra Firme apresenta ca-racterlsticas de uma f10resta pluvial tropical, cujas arvores do dassel atingem 40 m de altura. Heins-dijk el al. (1965) assinalam mais de 100 especies
com diametro na altura do peito de 25 cm ou
mais. Devido a escassez de vegeta~ao herbacea ou
arbustiva no seu interior, pode-se andar livre mente
entre as arvores.
Segundo Peixoto e Gentry (loc. cil.) a hileia
bahiana do norte do Espirito Santo, dentro dos
pa-rametros estabelecidos par Koppen (1936) pode
ser incluida na regiao climatica Am. 0 c1ima na regiao e quente e untido e a media anual de
preci-pita~ao e de 1.403 mm, com uma esta~ao seca, embora distinta, bastante suave, de maio a
setem-bra; somente julho e agosto, com taxa de
precipi-ta<;3.o em torno de 33 rnm, apresentam taxa
Rev. Bra~"il. BioI., 53 (4):575-581
inferior a 60 mm de chuva. 0 mes mais chuvoso
e
janeiro, com uma taxa media de 242 mm. A media anual de temperatura e de 23,6°C, comtemperatu-ras extremas em julho (15,6°C) e em fevereiro (27,4°C).
Os quir6pteros foram capturados, principal -mente,
a
noite, corn 0 auxilio de redes de espera("mist nets") armadas, de preferencia, no interior au na borda da mata. Parte do material coleciona-do foi taxidermizada e parte conservada em alcoa I
700GL, ap6s fixa,ao em formal 10%. Todos as
exemplares foram incorporados
a
cole~ao A.L. Peracchi, atualmente depositada no Instituto de Biologia da U.F.R.R.1.Mais recentemente, iniciamos a coleta de
fe-zes de cada exemplar de morcego frugivoro captu -rado a fim de se verificar a presen~a de sementes
que eram postas a germinar visando a posterior identifica.ao.
As especies assinaladas com asterisco sao aqueJas registradas pela primeira vez no munici-pio de Linhares. Todas as especies anterionnente registradas para a regiao foram tam bern relaciona-das, incluindo-se os autores das respectivas obser
-va~6es. Na cita'S30 das especies adotou-se a ordem sistemMica proposta par Cabrera (1958).
RESULTADOS
Emballonuridae
Rhynchonycleris Peters, 1867 Rhynchonycteris naso (Wied, 1820) Linhares, ES: Ruschi (1965)
Em dezembro de 1970 capturamos, com au-xflio de pu~, cinco femeas e urn macho dessa es
-pecie, que estavam pausados sob uma ponte no
Corrego Barra Seca. Esses exemplares nao se en-contravam em fase de reprodu~ao.
Material examinado - 6 exemplares: 5
99
e 1 Cf.Saccopleryx Illiger, 1811
Saccop/eryx ieptura (Schreber, 1744)
Linhares, ES: Ruschi (1952)
Em janeiro de 1984 foi colecionado urn ma-cho, com auxilio de rede armada proximo a·
pe-queno lago rodeado parcialmente por mata. Esse individuo nao se encontrava em fase de reprodu
-,ao.
QUIROPTEROS DO MUNIciPIO DE LINHARES, ESTADO DO EspiRITO SANTO, BRASIL 577
Phyllostomidae
Micronycteris Gray, 1866 Micronycteris megalotis (Gray, 1842) Foram colecionados urn macho e uma fe-mea, nos meses de janeiro e fevereiro, respectiva
-mente, que DaD se encontravam em fase de
reproduc;ao.
Material examinado - 2 exemplares: 1 CI e 1 9.
Micronycteris minuta (Gervais, 1855)
Dessa especie, assinalada por n6s pela
pri-meira vez para 0 Estado do Espfrito Santo
(Perac-chi e Albuquerque, 1985) foram colecionadas seis
femeas inativas nos meses de janeiro, julho e de -zembro, bern como urn macho que naa se
encoo-trava em fase de reprodugao, em dezembro. Material examinado - 7 exemplares: 6
99
e 1 CI.Micronycteris hirsuta (Peters, 1869) £Specie conhecida no Brasil somente da Amazonia e por nos assinalada pela primeira vez para 0 Estado do Espfrito Santo (peracchi e Albu-querque, 1985). 0 unico exemplar colecionado era urn macho, nao se encontrava em fase de re-produ~iio e foi obtido em junho.
Material examinado - 1 exemplar: 1 CI. Micronycteris nicefori (Sanborn, 1949)
Especie tambem conbecida no Brasil someo-te da Amazonia e por nos assinalada para 0 Estado
do Espfrito Santo (Peracchi e Albuquerque, 1985). Obtivemos no mes de dezembro, na beira da mata, uma femea e dois machos que nao se encontravam em fase de reprodu~iio.
Material examinado - 3 exemplares: 2 CICI e 1
9.
Micronycteris brachyotis (Dobson, 1878) Urn macho colecionado em setembro, oa beira da mata, nao se eneontrava ern fase de re -produ~ao. Esse exemplar nos permitiu amp liar a distribui9ao geognUica da especie, conhecida, no Brasil, da Amazonia (Peracchi e Albuquerque, 1985).
Material examinado - 1 exemplar: 1 Cf. Tonatia Gray, 1827 Tonatia brasiliensis (Peters, 1866)
Dois machos que nao se encontravam em fase de reprodu9ao foram colecionados em junho, com redes armadas nas proximidades de pequeno
lago na beira da mata. No mes de dezembro eo-contramos pequeno grupo dessa especie, abrigado no oeo de urn cupinzeiro arb6reo ativo de Nasuti-termes sp., situado
a
aproximadamente 1,50 ill de altura, oa beira de urn talhao de Pinnus elliotii. Esse grupo era formado por urn casal, que nao se encontrava em fase de reprodu~ao e urn machojo-vern.
Material examinado - 5 exemplares: 4 cJCI e 1
9
.
Mimon Gray, 1847
*Mimon crenulatum (Geoffroy, 1810) Ern fevereiro foram capturados dois machos e uma femea que nao se encontravam em fase de reprodu~iio.
Material examinado - 3 exemplares: 2 CICI e 1
9.
Phyllostomus Lacepecte, 1799 * Phyllostomus discolor (Wagner, 1843)
Nos meses de dezembro capturamos dez fe-meas, das quais duas estavam gravidas, bern como cinco machos, sendo que tres em fase de reprodu-~ao. Duas femeas e urn macho eolecionados em janeiro estavam inativos.
Material examinado - 18 exemplares: 12
99
e 6ClCI.
Phyllostomus hastatus (Pallas, 1767) Dessa espeeie, muito freqiiente oa regiao, capturamos nos meses de dezembro, vinte femeas, sendo duas lactantes e tres gravidas e sete machos que nao se eocontravam em fase de reprodlu:;ao. Em janeiro colecionamos urn macho e uma femea inativos, bern como urn macho jovem. Outra fe -mea obtida em junho tambem estava inativa. Material examinado - 31 exemplares: 22 99 e 9 ClCI.
Trachops Gray, 1847 Trachops cirrhosus (Spix, 1823)
Foram capturadas duas femeas, no mes de julho, que nao se encontravam em fase de repro -dugao. 0 trato digestivo desses exemplares estava vazio.
Material examinado - 2 exemplares: 2
99.
Chrotopterus Peters, 1865 Chrotopterus auritus (Peters, 1856) Uma femea gravida foj capturada no mes de setembro e urn macho, que nao se encontrava em578 ADRIANO L PERACCHI e SILA T. DE ALBUQUERQUE
fase de reprodu~ao, em janeiro. Chamau a nossa
atenc;ao 0 porte avantajado da femea capturada,
que pesou 118,6 g e cujo antebra~o mediu 89,2
mm.
0
feto dessa femca mediu 34,4 mm decom-primento total.
0
trato digestivQ dos exemplarescapturados estava vazia.
Material examinado - 2 exemplares: 1
er
e 1<?
Glossophaga Geoffroy, 1818 Glossophaga soridna (pallas, 1766)
Vma das especies comuns na regiao, tendo
side colecionados em dezembro dais machos
ina-tivos e seis femeas, das quais uma lactante, bern
como dais machos e uma femea em janeiro, e au
-tra temea em fevereiro que DaD se encontravam
em fase de reprodu~ao.
Urn exemplar foi capturado na aria da mata
quando visitava as flares de Bauhinia sp.
Material examinado - 11 exemplares: 8
<? <?
e 3erer
.
Anoura Gray, 1838 Anoura caudifer (Geoffroy, 1818) Capturamos uma femca
dessa
espec
i
e em
dezembro, que nao se encontrava em fase de
re-produ~ao.
Material examinado - 1 exemplar: 1
<?
Choeroniscus Thomas, 1928
'Choeroniscus minor (Peters, 1868)
Colecionamos urn exemplar dessa especie,
conbecida somente do norte do Brasil, que apesar
de estar com a cranio danificado nao deixou
duvi-das quanta
a
sua determinac;:ao, mormente ap6s compara~ao com a foto apresentada por Husson(1962). Esse exemplar, urn macho, foi capturado
em dezembro e nao se encontrava em fase de
re-produ~ao.
Material examinado - 1 exemplar: 1 d .
Carollia Gray, 1838
'Carollia brevicauda (Wied, 1824)
Cinco exemplares dessa especie POliCO
co-mum foram capturados, seodo uma femea em
fe-vereiro e quatro machos em janeiro e fevereiro, e
nenhurn deles se encontrava em fase de
reprodu-~ao.
Material examinado - 5 exemplares: 4
erer
e 1<?
Rev. Brasil. Bioi., 53 (4):575-581Carollw perspicilillta (L., 1758) Confonne ocorre em outras regioes, essa
es-pecie e uma das mais frequentes na area. Trinta e
uma femeas foram capturadas nos meses de
janei-ro, fevereiro e dezembro e triota e seis machos nos
meses de janeiro, fevereiro, julho e dezembro. De
nove femeas colecionadas em fevereiro, duas esta
-yam gravidas e cas dezenove obtidas em
dezem-bro, uma era lactante e duas estavam em gesta~ao.
Foram tambem observadas ferneas gravidas no
mes de setembro. Dos quinze machos obtidos em
dezembro, dois eram monorquidios e os demais nao se apresentavam em fase de reprodu<;ao. Na area estudada essa especie e dispersora de
semen-tes de Piper mollicomum Kunth.
Material examinado - 67 exemplares: 36
erer
e 31<?<?
Rhinophylill Peters, 1865
• Rhinophylla pumilio Peters, 1865 Especie tambem freqliente na regiao,
ocor-rendo com rnais freqiiencia em areas abert3s do
que no interior da mata, 0 que de certa forma con-firma as observa~6es de Reis e Peracchi (1987)
realizadas na Amazonia. Tres capturas realizadas
em area cultivada com baoaoeiras, na oria da
mata, proporcionaram a coleta de sete exemplares
em duas delas e cinco na terce ira, enquanto que
redes armadas no interior da mata permitiram so
-mente 0 colecionarnento de urn ou dais
exempla-res. De doze temeas capturadas em dezembro,
quatro estavamm gravidas e de ooze machos,
qua-Ira eram rnonorquidios. Urn macho sexualmente
inativo e tres femeas foram colecionados em
ja-neiro, sendo que destas, uma estava gravida. Duas
femeas obtidas em fevereiro e julbo nao se encon
-travam em fase de reprodu<;ao. Especie dispersora
de sementes de Piper arboreum Aublet.
Material examinado - 29 exemplares: 17
<?<?
e 12erer.
Sturnira Gray, 1842
Sturnira lilium (Geoffroy, 1810)
Esp6cie freqliente na regiao. Treze femeas e
quatorze machos foram capturados nos meses de
junho, julho, setembro e dezembro e nao se
en-contravam em fase de reprodu~ao. Vma femea
jo-vern foi colecionada em seternbro.
Material examinado - 28 exemplares: 14
erer
e 14~
QUIROPTEROS DO MUNICiPIO DE LINHARES~ ESTADO DO ESpiRITO SANTO, BRASIL 579
*
Sturnira tildae de la Torre, 1959Especie igualmente camum na
regiao.
Detreze femeas capturadas em dezembro sete
esta-yarn gravidas e uma era lactante, enquanto nove
machos colecionados no mesma mes nae se
en-contravam em fase de reproduc;ao. Urn macho
ob-tido em janeiro estava escrotado. Uma temea e
dais machos capturados em junho e Dutro macho
colecionado em setembro DaD se apresentavam em
fase de reprodu~ao.
Material examinado - 27 exemplares: 14
99
e 13e50.
Uroderma Peters, 1865
*Urodenna magnirostrum Davis, 1968
Espccic conhecida no Brasil da Amazonia e
do Nordeste (Willig, 1983) e relacionada pela pri
-meifa vez para a Sudeste brasileiro, ampliando
consideravelmente a sua distribuic;ao geogratica.
Quatro machos e tres femeas capturados em
de-zembro DaO se encontravam em fase de
reprodu-~iio.
Material examinado - 7 exemplares: 4 00 e 3
99·
Platyrrhinus Saussure, 1860
Adotamos as ponderac;6es de Gardner e
Fer-rell (1990) referentes
a
priori dade de PlatyrrhinusSaussure, 1860 sobre Vampyrops Peters, 1865.
Platyrrhinus lineatus (Geoffroy, 1810)
Linhares, ES: Ruschi (1954)
Ruschi (1954) em sua lista dos morcegos do
Estado do Espfrito Santo relaciona Vampyrops
/i-neatus sacrillus Thomas como ocorrente na
re-giiio. Entretanto, Sanborn (1955) nao reconhece a
validade dessa subespecie, com 0 que
concorda-mos.
* Platyrrhinus recifinus (Thomas, 1901)
Especie freqiiente na regiao. Quinze machos
capturados em dezembro nao se encontravam em
fase de reproduc;ao, enquanto que de onze femeas obtidas no mesmo mes, uma estava gravida. Tres
machos colecionados em junho, outro em janeiro
e uma femea em fevereiro estavam sexualmente
inativos.
Comparando
°
nosso material comexempla-res de V lineatus procedentes de outras areas do
sudeste brasileiro concluimos pela validade das
duas especles, nao confirmando as suspeitas de
Rouk e Carter (1972), Jones Jr. e Carter (1976) e
Honacki ef al. (1982).
Material examinado - 31 exemplares: 1900 e 12
99
Vampyressa Thomas, 1900
*Vampyressa pusilla (Wagner, 1843) Sete femeas foram capturadas em dezembro,
sendo que uma estava gravida e outra era lactante;
quatro machos colecionados em dezembro e outro
em julho nao se encontravam em fase de
reprodu-~ao.
Material examinado - 12 exemplares: 7
99
e 500.
Chiroderma Peters, 1860 *Chiroderma villosum Peters, 1860
Especie poueo comum na regiao. Cinco
fe-meas e urn macho capturados em dezembro e uma
femea colecionada em janeiro nao se encontravam
em fase de reprodu~ao.
Material examinado -7 exemplares: 6
99
e 10.Artibeus Leach, 1821 *Artibeus cinereus (Gervais, 1855) Quatro machos coleeionados em dezembro, dois em junho e urn em janeiro nao se en eontra
-yam em fase de reproduc;ao. 19ualmente, tres
fe-meas capturadas em junho e uma em fevereiro estavam sexualmente inativas. Owen (1987) reco-menda a aplicac;ao do nome Dermanura Gervais,
1855 para as pequenas especies de Artibeus,
sepa-rando-as das grandes, que permaneceriam com
esse nome generico. Contudo, no presente
traba-lho preferimos nao adotar essa separa~ao.
Material examinado - 11 exemplares: 7 00 e 4
99
·
Artibeus sp.
Quarenta e tres exemplares de Artibeus,
tambem de pequeno porte, porem diferentes de A.
cinereus, foram colecionados e estao seodo objeto de estudo.
Material examinado - 43 exemplares: 23 00 e 20
99
*Artibeusfimbriatus (Gray, 1838)
Dessa especie poueo frequente na regtao,
eapturamos urn macho e uma femea em dezembro
580 ADRIANO L. PERACCHI~e SllA T. DE ALBUQUEKQUE
e em janeiro, bern como autra fernea em junho,
to-dos sexualmente inativos.
Material examinado - 5 exemplares: 2 CfCf e 3
99
·
Artibeusjamaicensis (Leach, 1821)
Adotamos as receotes proposi~6es de
Han-dley (1989) para a diferencia~ao das especies
gran des de Artibeus, apesar de nao tef sido
passi-vel coofinnar, no material disponivel, a validade de alguns caracteres apontados por aquele autor.
Urna femea sexualmente inativa foi colecionada
em dezembro e urn macho monorquideo em
janei-ro.
Material examinado - 2 exemplares: 1
9
e 1 Cf.* Artibeus lituratus (Olfers, 1818)
Especie frequente na regiao. De quato12e fe-meas colecionadas em dezembro, duas eram lac-tantes, duas estavam gravidas e uma era juvenil.
De dez machos capturados em dezembro, dais se
encontravam em fase de reprodu~ao e aito
esta-yam sexualmente inativos. Em janeiro foram cole-cionadas quatro femeas sexualmente inativas e
uma femea lactante, bern como urn macho que nao se encontrava em fase de reproduC;ao e urn ju-venit, alem de terem side observadas outras
fe-meas lactantes. Ern fevereiro foram capturados nove machos e cinco femeas sexualmente inativas e uma gravida. Uma femea colecionada em junho nao se encontrava em fase de reproduc;ao. Femeas gravidas e machos sexualmente ativos foram ob
-servados em setembro. Especie dispersora de
se-mentes de Cecropia spp. e Ficcus spp.
Material examinado - 47 exemplares: 26
99
e 21CfCf.
*Artibeus obscurus (Schinz, 1821)
Especie muito comum oa regiao. Sete
fe-meas e vinte e dais machos sexual mente inativos foram capturados em dezembro, bern como urn macho monorquideo. Em janeiro foram coleciona-dos seis machos que nao se encontravam em fase
de reproduc;ao, bern como uma femea gravida e
duas sexualmente inativas. Machos e femeas obti-dos em fevereiro, junho, julho e setembro nan se
apresentavam em fase de reprodu~ao.
Material examinado - 68 exemplares: 43 CfCf e 25
99
Rev. Brasil. Biol., 53 (4):575-581
Pygoderma Peters, 1863
* Pygoderma bilabiatum (Wagner, 1843)
Especie pouco com urn na regiao. Urn macho
e uma femea colecionados em fevereiro e junho, respectivamente, Dao se encontravam em fase de
reprodu~ao.
Material examinado -
2
exemplares:1
Cf e1
9.
Desmodontidae
Desmodus Wied, 1824
Desmodus rotundus (Geoffroy, 1810)
Uma unica femea foi capturada em jullio, com rede de espera armada no interior da mata e nao se encontrava em fase de reproduc;ao.
Material examinado - 1 exemplar: 1
9
.
Vespertilionidae
Myotis Kaupp, 1824
Myotis nigricans (Schinz, 1821)
Dessa especie, comum na regiao, foram co-lecionados triota e seis exemplares, par meio de redes de espera, armadas na arIa da mata. Seis machos capturados em dezembro se encontravam em fase de reproduc;ao, enquanto quatro outros
machos e uma femea estavam sexualmente
inati-vos. Sete femeas obtidas em janeiro nao se
cncon-travam em fase de reproduc;ao, enquanto de nove machos capturados nesse mes, cinco estavam
se-xualmente inativos, dois eram monarquideos e
dois estavam em fase de reprodu~o. Machos e fe
-meas obtidos em fevereiro estavam sexualmente
inativos, mas em junho obtivemos uma femea e urn macho igualmente inativos, bern como dois machos em fase de reprodu~ao.
Material examinado - 36 exemplares: 25 CfCf e 11
99·
Eptesicus Rafinesque, 1820
• Eplesicus diminutus Osgood, 1915
Cinco exemplares foram colecionados na orla da mata, com redes de espera. Urn macho ob-tido em junho estava em fase de reprodu~ao, en
-quanta os demais exemplares, capturados em fevereiro e dezembro. bern como uma femea obti-da em janeiro estavam sexual mente inativos. Material examinado - 5 exemplares: 4 CfCf e 1
9.
QUIROPTEROS DO MUNlCfplO DE LINHARES, ESTADO DO EspfRITO SANTO, BRASIL 581
Molossidae
Molossus Geoffroy, 1805 *Molossus molossus (Pallas, 1766)
Duas femeas foram obtidas de uma colonia
que se abrigava no forro de uma das casas da
Es-tac;ao Experimental de Linhares. Essa colonia
coa-bitava com Molossus ater e as femeas rcferidas, capturadas ern janeiro, naD se apresentavam em fase de reproduc;ao,
Material examinado - 2 exemplares: 2 99,
Molossus ater Geoffroy, 1805
Dais machos, que DaD se encontravam em
fase de reproduc;ao foram capturados em janeiro,
quando deixavam 0 abrigo diurno mencionado
acima. Vma femea capturada em janeiro e urn
ma-cho colecionado em dezembro, oa arIa da mata,
tambem naD se apresentavam em fase de
reprodu-<';30. Molossus molossus eM. ater sao especies co
-muns oa regiao e sao vistas, freqiientemente, voando proximo ou acima da copa das altas arvo
-res da regiao.
Material examinado - 4 exemplares: 3 C5C5 e 1
9
.
AgradecimenlOs - Agradecemos ao ConseJho Nacional de
Desenvolvimento Cientffico e Tecnol6gico (CNPq) pelos auxilios financeiros concedidos e
a
Companhia Vale do Rio Doce, especialmente a Renato C. de Jesus e Eno Miranda de Cardoso, pclas facilidades proporcionadas para 0 desen-volvimento dos trabalhos de campo na Reserva Florestal man-tida par aquela Companhia no municfpio de Linhares. Agradecemos, igualmente, aos colegas Antonio Marcus Tan-nure e Sansiio D.L. Raimundo pelo auxnio nos trabalhos de
campo.
REFERENCIAS BIBLIOGRM'ICAS
CABRERA, A., 1958, Catalogo de los mamfferos de America
del Sur. Rev. Mus. Argent. Cienc. nat., Cien. zool.,
4(1), XV! + 307 pp,
GARDNER, A. L. and FERRELL, C. S., 1990, Comments on the nomenclature of some neotropical bats (Mammalia: Chiroptera). Proc. BioI. Soc. Wash., 103(3): 501-508.
HANDLEY, C. 0., JR., 1989, The Artibeus of Gray] 838, pp.
443-468. In K.H. Redford e J.F. Eisenberg (eds.),
Ad-vances in Neotropical Mammalogy, 614 pp. Sandhill
Crane Press, Gainesville, USA.
HE!NSDUK, D" MACEDO, J. G. DE, ANDEL, S, e AS·
COLY, R. B., 1965, A floresta do Norte do Espirito
Santo. Bol. Dep. Rec. Nat. Ren., Min. Agric., 7: 1-69.
HONACKI, H. J., KINMAN, E. K. and KOEPPL, W. J. (cds.),
1982, Mammal species of the world. A taxonomic and geographic reference. The A<;soc. Syst. Coil., Kansas. 694 pp.
HUSSON, A. M., 1962, Thc bats of Suriname. Zool. Verh.,
Leiden, 58: 1-282,39 figs., 30 pis.
JESUS, R. M. DE, 1987, Mata AtHintica de Linhares: aspectos
florestais, pp. 35-71. III An. Seminario sobre desen-volvimento economico e impacto ambicntal em areas
do tr6pico umido brasileiro. A experiencia da CVRD. RJ., C.VRD., 336 p,
JONES JR., J. K. and CARTER, D. c., 1976, Annotated
check-list, with keys to subfamilies and genera. In Biology of
bats of the new world, family PhyJlostomatidae. Part I.
Spec. Pub!. Mus. Texas Tech Vlliv., 10: 1-218.
KOPPEN,
w.,
1936, Das Geographische system der klimate.111 Koppen, W. et Geiger, V. ed., Handbuch der
Klima-tologie Vol. 1. Teil C. Gebr. Borntrage, Berlim.
LIMA, D. A, 1966, Vegetagao.ln Atlas do Brasil II-H. Cons.
Nac. Geografia, lBGE.
OWEN, R. D., 1987, Phylogenetic analyses of the bat
subfam-ily Stenodermatinae (Mammalia Chiroptera). Spec.
Pub!. Mus. Texas Tech Vntv., 26: 1-65.
PEIXOTO, A L., 1982, Consideragoes preliminares sobre a flora e a vegetagao da Reserva Florestal da Companhia Vale do Rio Doce (Linhares, Espirito Santo). Cadernos
de Cultura, Ser. Botfinica, 1: 41-47.
PEIXOTO, A. L. e GENfRY, A, 1990, Divcrsidade e com-posi~ao floristica da mata de tabuleiro na Reserva Florestal de Linhares (Espirito Santo, Brasil). Rev.
Bras. Bot. -no prclo.
PERACCHI, A. L. c ALBUQUERQUE, S. T., 1985, Consi dc-ra~6cs sabre a distribui~ao geogratica de algumas especies do genero Micronycteris Gray, 1866 (Mam
-malia, Chiroptcra, Phyllostomidae). Arq. Univ. Fed.
Rur. Rio del., 8(1-2): 23-26.
REIS, N. R. e PERACCm, A. L., 1987, Quir6pteros da rcgiao de Manaus, Amazonas, Brasil (Mammalia, Chiroptera).
Bo!. Mus. Par. Emilio Goeldi, ser. Zool., 3(2):
161-182.
ROUK, C. S. and CARTER, D. c., 1972, A new species of
Vampyrops (Chiroptcra : Phyllostomatidae) from South
America. Gcc. Pap. Mus. Texas Tech Ulliv., 1: 1-7.
RUSCHI, A., 1952, Morcegos do Estado do Espirito Santo lX. Bal. Mus. Bioi. Mello Leitiio, Zool., 10: 1-19. RUSCHI, A, 1954, Morcegos do Estado do Espirito Santo
XX. Bo!. Mus. BioI. Mello Leitiio, Zool., 22A: 1-22.
RUSCH!, A, 1965, Lista dos mamiferos do Estado do Espirito Santo. Bo!. Mus. BioI. Mello Leitiio, Zool., 24A: 1-40.
SANBORN, C.
c.,
1955, Remarks on the bats of the genusVampyrops. Fieldiana, Zoo!., 37: 403-413.
WILLIG, M. R., 1983, Composition, microgcographic
vari-ation and sexual dimorphism in caatingas and cerrado
bat communities from Northeast Brazil. Bull. Carnegie
Mus. Nat. Hist., 23: 1-131.