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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.385.860 - CE (2013/0170318-6)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS

RECORRENTE : M DIAS BRANCO S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS

ADVOGADOS : ERICK MACEDO E OUTRO(S)

LEONARDO AVELAR DA FONTE

RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL

ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

EMENTA

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL.

INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. MANDADO DE SEGURANÇA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. VALORES DEDUZIDOS ANTERIORMENTE DA BASE TRIBUTÁVEL DO IRPJ E CSLL. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL. ART. 53 DA LEI N. 9.430/1996. ATO DECLARATÓRIO DA SRF N. 25/2003. LEGALIDADE. ARTS. 2º DA LEI N. 7.689/88, 67, XI, DECRETO-LEI N. 1.598/77, 108, § 1º, 149, V, E 150, § 4º, DO CTN. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE LEI INVOCADOS. SÚMULA 211/STJ.

1. Cuida-se, na origem, de mandado de segurança impetrado para afastar a exigência de IRPJ e CSLL sobre os valores referentes à restituição (inclusive compensação) de tributo indevidamente recolhido.

2. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando a prestação jurisdicional é dada na medida da pretensão deduzida.

3. A essência da controvérsia posta no recurso especial é a legalidade do art. 1º do Ato Declaratório Interpretativo da SRF n. 25/2003, que dispõe sobre a tributação de valores restituídos ao contribuinte pessoa jurídica, por força de sentença judicial em ação de repetição de indébito, tendo em vista o disposto no art. 53 da Lei n. 9.430/1996.

4. O Tribunal de origem manteve a sentença que denegou a segurança ao concluir que as normas de apuração do IRPJ aplicam-se, no que couber, à CSLL ex vi do art. 28 da Lei n. 9.430/96, e que, não obstante o legislador tenha havido por bem não mencionar o lucro real no art. 53 da Lei n. 9.430/96 – que faz referência tão somente ao lucro arbitrado ou presumido –, existem na legislação tributária normas concernentes ao regime do lucro real, tais como o art. 6º, § 2º, a e b, do Decreto-Lei n. 1.598/77 c/c Documento: 1407602 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: Página 1 de 19

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o art. 249, inciso I, do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99.

5. Embora a interpretação literal do art. 53 da Lei n. 9.430/96 possa levar à conclusão de que os valores recuperados, correspondentes a despesas deduzidas anteriormente da receita do contribuinte somente poderiam ser adicionados ao lucro presumido ou arbitrado, mas não ao lucro real, como a regra de adições e exclusões, para a definição da base de cálculo do IRPJ é típica do regime de apuração pelo lucro real, infere-se que o espírito do legislador foi tão somente positivar a possibilidade de adicionar, mesmo na sistemática do lucro presumido ou do lucro arbitrado, os valores ressarcidos ao contribuinte.

6. Independente da previsão contida no art. 53 da Lei n. 9.430/1996, que apenas explicita que o raciocínio é válido para os casos de tributação pelo lucro presumido ou arbitrado, é da própria hipótese de incidência do imposto de renda (arts. 43, II, e 44, do CTN) que decorre a exigência do tributo.

7. O mesmo raciocínio se aplica à alegação de que o art. 53 da Lei n. 9.430/1996 não consta do rol do art. 28 da mesma lei como passível de aplicação à apuração da base de cálculo e ao pagamento da CSLL, haja vista a existência de outras "normas da

legislação vigente" que possibilitam a incidência da exação.

8. Pacificado pela Primeira Seção do STJ, em acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC (REsp 1.138.695/SC, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 31/05/2013), entendimento de que os juros incidentes na repetição do indébito tributário se incluem na base de cálculo do IRPJ e da CSLL, dessume-se que a verba principal não foje à tributação.

9. Descumprido o necessário e indispensável exame pela Corte de origem de dispositivos de lei invocados, apto a viabilizar a pretensão recursal da recorrente, a despeito da oposição dos embargos de declaração. Incidência da Súmula 211/STJ.

10. Não configura contradição afirmar a falta de prequestionamento e afastar indicação de afronta ao art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez que é perfeitamente possível o julgado se encontrar devidamente fundamentado sem, no entanto, ter decidido a causa com base nos preceitos jurídicos desejados pela postulante, pois a tal não está obrigado.

Recurso especial conhecido em parte e improvido.

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ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por unanimidade, conheceu em parte do recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Og Fernandes, Mauro Campbell Marques (Presidente) e Assusete Magalhães votaram com o Sr. Ministro Relator.

Dr(a). ERICK MACEDO, pela parte RECORRENTE: M DIAS BRANCO S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS

Brasília (DF), 12 de maio de 2015(Data do Julgamento)

MINISTRO HUMBERTO MARTINS Relator

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RECURSO ESPECIAL Nº 1.385.860 - CE (2013/0170318-6)

RELATOR : MINISTRO HUMBERTO MARTINS

RECORRENTE : M DIAS BRANCO S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS

ADVOGADOS : ERICK MACEDO E OUTRO(S)

LEONARDO AVELAR DA FONTE

RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL

ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator):

Cuida-se de recurso especial interposto por M DIAS BRANCO S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS, com fundamento no art. 105, inciso III, alínea "a", da Constituição Federal, contra acórdão proferido pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região assim ementado (fls. 156/157, e-STJ):

TRIBUTÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. ATO DECLARATÓRIO DA SRF N. 25/2003. LEGALIDADE. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. VALORES DEDUZIDOS ANTERIORMENTE DA BASE TRIBUTÁVEL DO IRPJ E CSLL. DECADÊNCIA. FATO GERADOR. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA. SENTENÇA MANTIDA.

1. Trata-se de apelação interposta em face de sentença que denegou a segurança, em feito no qual a impetrante objetivava não se submeter à incidência de Imposto de Renda Pessoa Jurídica – IRPJ e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL sobre valores recebidos a título de restituição ou compensação de indébito tributário, bem como compensar os valores recolhidos a tal título com débitos referentes a quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil.

2. Na caso sub examine, a apelante se insurge contra o Ato Declaratório Interpretativo SRF n. 25/2003, mormente em relação ao seu artigo 1º, que prevê a incidência do imposto de renda sobre valores recuperados (restituídos) em razão de recolhimento indevido, quando ditos valores forem objeto de dedução do Lucro Real e da CSLL.

3. É cediço que a base de cálculo do IRPJ é montante real, arbitrado ou presumido, da renda ou dos proventos tributáveis (artigo 44 do Código Tributário Nacional). Sendo certo também que o lucro real é definido como o lucro líquido do exercício, ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou

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autorizadas pela legislação tributária (artigo 6º, do Decreto-Lei 1.598/77, repetido pelo artigo 247, do RIR/99).

4. Se o imposto pago indevidamente fora, em período anterior, objeto de dedução da base tributável do IRPJ e da CSLL, tendo com isso se apurado um lucro menor e consequentemente havido recolhimento a menor desses tributos, e uma vez ocorrida a restituição desse indébito, deve tal valor, agora, por óbvio, ser oferecido à tributação, isto é, ser adicionado à base imponível daqueles tributos, que antes sofrera a dedução, salvo se comprovada a não dedução em período anterior no qual o contribuinte tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro real, o que não se observa no caso dos autos.

5. Como bem asseverou, com acerto, o MM. Juiz a quo trata-se o valor restituído de efetiva disponibilização de receita, pois “o indébito não apenas coincide valorativamente com a anterior dedução da receita do contribuinte, mas com esta se confunde, de modo que se revela lícito adicioná-lo ao patrimônio tributável do devedor ”.

6. A lógica contida no ato impugnado refere-se ao IRPJ e a CSLL, uma vez que o valor restituído a título de tributo pago indevidamente teve influência na base de cálculo desses tributos, havendo de ser feita a recomposição dessa base; diferente do que ocorre com o PIS/PASEP e com a COFINS, em que a repetição desse indébito em nada influenciou a base tributável dessas contribuições.

7. Não merece acolhimento a alegação da apelante de que o Ato Declaratório Interpretativo não guarda correspondência com o ato legal a que se propõe regulamentar - art. 53 da Lei n. 9.430/96 -, já que este dispositivo legal faz menção ao lucro arbitrado ou presumido, e não ao lucro real. A sistemática de adições e exclusões para a definição da base de cálculo do IRPJ é típica do regime de apuração pelo lucro real. Por certo, o legislador houve por bem não mencionar o lucro real no referido dispositivo, já que existe na legislação tributária previsão para tanto (Decreto-Lei n. 1.598/77 c/c RIR/99).

8. Reputa-se descabida a asserção da apelante de que o Ato Declaratório Interpretativo visa, na verdade, a alargar o prazo decadencial. A norma contida no ADI SRF n. 25/03, ao prever que a restituição de valor referente a tributo pago indevidamente integraria a base de cálculo do IRPJ, nada mais fez que evidenciar a hipótese legal de incidência do imposto de renda decorrente do acréscimo patrimonial atual, passível de adição à sua base de cálculo.

9. Destarte, ausente o direito líquido e certo alegado, a

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solução jurídica no caso, de fato, converge para a denegação da segurança.

10. Apelação improvida.

Rejeitados os embargos de declaração opostos (fl. 194, e-STJ).

No presente recurso especial, a empresa recorrente alega, preliminarmente, ofensa ao art. 535, inciso II, do CPC, porquanto, apesar da oposição dos embargos de declaração, o Tribunal de origem não se pronunciou sobre pontos necessários ao deslinde da controvérsia, a saber: (i) impossibilidade de utilização da analogia para efeito de exigir tributo, em afronta ao art. 108, § 1º, do CTN, argumento isoladamente capaz de justificar a concessão da segurança; (ii) o art. 249 do do RIR/99 trata de assunto diverso ao debatido nos autos, e a sua utilização para justificar a cobrança atacada configura emprego de analogia, proibido para essa finalidade pelo art. 97 do CTN; e (iii) a hipótese prevista no ADI 25/2003 não gera a incidência do IRPJ e da CSLL, em qualquer hipótese e, portanto, esse normativo fere a legalidade tributária estrita, pois cria hipóteses novas de ajustes de bases de cálculo de tributo sem expressa disposição em lei – formal e material – que determine expressamente, em detrimento dos arts. 43 do CTN, 67, XI, do Decreto-Lei n. 1.598/77, 2º da Lei n. 7.689/1988 c/c art. 187, § 1º, "a", da Lei n. 6.404/1976, que firmam a hipótese de incidência e a base de cálculo dos tributos em discussão.

Aponta afronta ao art. 535, inciso I, do CPC, em decorrência da contradição existente no acórdão regional, "na medida em que usa, para

justificar um entendimento - o de que o art. 53 da Lei n. 9.430/1996, com regulamentação dada pelo art. 1º do ADI 25/2003, aplicar-se-ia à CSLL -, justamente o dispositivo de lei que indica o contrário - o art. 28 da Lei n. 9.430/1996, que exclui o tal art. 53 da mesma lei do rol dos aplicáveis à CSLL"

(fl. 215, e-STJ).

Aduz, no mérito, que o acórdão recorrido, ao prestigiar a orientação disposta no Ato Declaratório Interpretativo SRF n. 25/2003, contrariou as disposições contidas nos arts. 53 da Lei n. 9.430/96, Decreto-Lei n. 1.598/77 c/c RIR/99, e 43, 44, 108, § 1º, 149, V c/c 150, § 4º, todos do CTN, porquanto "os

valores referentes a restituição de indébito tributário não devem compor a base de cálculo do IRPJ e da CSLL, uma vez que não ostentam a natureza jurídica de receita, mas de mera recomposição de patrimônio" (fl. 218, e-STJ).

Sustenta, outrossim, que "o mero cotejo do ADI 25/2003 com o art.

53 da Lei ni. 9.430/96 é suficiente para observar o conflito normativo. Isto é, para se verificar que o ato administrativo, apesar ter sido editado com o suposto propósito de regulamentar a norma legal, não se conteve aos limites que o ato superior o impõe" , porquanto "(a) o art. 53 da Lei n. 9.430/96 trata

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exclusivamente da apuração do IRPJ pelo regime do lucro presumido ou do lucro arbitrado; (b) o art. 53 da Lei n. 9.430/96 não trata de IPRJ apurado pelo lucro real; (c) o art. 53 da Lei ni. 9.430/96 não aborda a CSLL; (d) apesar disso, o ADI n. 25/2003 trata da apuração do IRPJ pela sistemática do lucro real e também contém disposição expressa quanto à apuração da base de cálculo da CSLL" (fl. 222, e-STJ).

Defende que "O ADI 25/2003 propõe-se a disciplinar o art. 53 da

Lei 9.430/96 e, a despeito do que afirma a decisão recorrida, nada tem a ver com o art. 6º do Decreto-Lei ni. 1.598/77, o qual, diga- se, trata de matéria totalmente estranha à tratada nos autos" (fl. 228, e-STJ).

Apresentadas as contrarrazões (fls. 251/256, e-STJ), sobreveio o juízo de admissibilidade positivo da instância de origem (fls. 258/259, e-STJ).

É, no essencial, o relatório.

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TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL.

INEXISTÊNCIA DE VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC. MANDADO DE SEGURANÇA. REPETIÇÃO DE INDÉBITO. VALORES DEDUZIDOS ANTERIORMENTE DA BASE TRIBUTÁVEL DO IRPJ E CSLL. HIPÓTESE DE INCIDÊNCIA. ACRÉSCIMO PATRIMONIAL. ART. 53 DA LEI N. 9.430/1996. ATO DECLARATÓRIO DA SRF N. 25/2003. LEGALIDADE. ARTS. 2º DA LEI N. 7.689/88, 67, XI, DECRETO-LEI N. 1.598/77, 108, § 1º, 149, V, E 150, § 4º, DO CTN. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO DOS DISPOSITIVOS DE LEI INVOCADOS. SÚMULA 211/STJ.

1. Cuida-se, na origem, de mandado de segurança impetrado para afastar a exigência de IRPJ e CSLL sobre os valores referentes à restituição (inclusive compensação) de tributo indevidamente recolhido.

2. Inexiste violação do art. 535 do CPC quando a prestação jurisdicional é dada na medida da pretensão deduzida.

3. A essência da controvérsia posta no recurso especial é a legalidade do art. 1º do Ato Declaratório Interpretativo da SRF n. 25/2003, que dispõe sobre a tributação de valores restituídos ao contribuinte pessoa jurídica, por força de sentença judicial em ação de repetição de indébito, tendo em vista o disposto no art. 53 da Lei n. 9.430/1996.

4. O Tribunal de origem manteve a sentença que denegou a segurança ao concluir que as normas de apuração do IRPJ aplicam-se, no que couber, à CSLL ex vi do art. 28 da Lei n. 9.430/96, e que, não obstante o legislador tenha havido por bem não mencionar o lucro real no art. 53 da Lei n. 9.430/96 – que faz referência tão somente ao lucro arbitrado ou presumido –, existem na legislação tributária normas concernentes ao regime do lucro real, tais como o art. 6º, § 2º, a e b, do Decreto-Lei n. 1.598/77 c/c o art. 249, inciso I, do Regulamento do Imposto de Renda – RIR/99.

5. Embora a interpretação literal do art. 53 da Lei n. 9.430/96 possa levar à conclusão de que os valores recuperados, correspondentes a despesas deduzidas anteriormente da receita do contribuinte somente poderiam ser adicionados ao lucro presumido ou arbitrado, mas não ao lucro real, como a regra de adições e exclusões, para a definição da base de cálculo do IRPJ é típica do Documento: 1407602 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: Página 8 de 19

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regime de apuração pelo lucro real, infere-se que o espírito do legislador foi tão somente positivar a possibilidade de adicionar, mesmo na sistemática do lucro presumido ou do lucro arbitrado, os valores ressarcidos ao contribuinte.

6. Independente da previsão contida no art. 53 da Lei n. 9.430/1996, que apenas explicita que o raciocínio é válido para os casos de tributação pelo lucro presumido ou arbitrado, é da própria hipótese de incidência do imposto de renda (arts. 43, II, e 44, do CTN) que decorre a exigência do tributo.

7. O mesmo raciocínio se aplica à alegação de que o art. 53 da Lei n. 9.430/1996 não consta do rol do art. 28 da mesma lei como passível de aplicação à apuração da base de cálculo e ao pagamento da CSLL, haja vista a existência de outras "normas da

legislação vigente" que possibilitam a incidência da exação.

8. Pacificado pela Primeira Seção do STJ, em acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC (REsp 1.138.695/SC, Rel. Ministro Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 31/05/2013), entendimento de que os juros incidentes na repetição do indébito tributário se incluem na base de cálculo do IRPJ e da CSLL, dessume-se que a verba principal não foje à tributação.

9. Descumprido o necessário e indispensável exame pela Corte de origem de dispositivos de lei invocados, apto a viabilizar a pretensão recursal da recorrente, a despeito da oposição dos embargos de declaração. Incidência da Súmula 211/STJ.

10. Não configura contradição afirmar a falta de prequestionamento e afastar indicação de afronta ao art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez que é perfeitamente possível o julgado se encontrar devidamente fundamentado sem, no entanto, ter decidido a causa com base nos preceitos jurídicos desejados pela postulante, pois a tal não está obrigado.

Recurso especial conhecido em parte e improvido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO HUMBERTO MARTINS (Relator):

DA ESSÊNCIA DA CONTROVÉRSIA

Discute-se na presente ação mandamental a legalidade do art. 1º do Ato Declaratório Interpretativo da SRF n. 25/2003, que dispõe sobre a tributação Documento: 1407602 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: Página 9 de 19

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de valores restituídos ao contribuinte pessoa jurídica, por força de sentença judicial em ação de repetição de indébito, tendo em vista o disposto no art. 53 da Lei n. 9.430/1996, verbis : - Lei n. 9.430/1996 Capítulo V DISPOSIÇÕES GERAIS (...) Seção II

Normas sobre o Lucro Presumido e Arbitrado (...)

Art. 53. Os valores recuperados, correspondentes a custos e despesas, inclusive com perdas no recebimento de créditos, deverão ser adicionados ao lucro presumido ou arbitrado para determinação do imposto de renda, salvo se o contribuinte comprovar não os ter deduzido em período anterior no qual tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro real ou que se refiram a período no qual tenha se submetido ao regime de tributação com base no lucro presumido ou arbitrado.

- Ato Declaratório Interpretativo da SRF n. 25/2003

O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF nº 259, de 24 de agosto de 2001 , e tendo em vista o disposto no art. 53 da Lei nº 9.430, de 1996, e o que consta do processo nº 13603.001166/2002-76, declara:

Art. 1º Os valores restituídos a título de tributo pago indevidamente serão tributados pelo Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), se, em períodos anteriores, tiverem sido computados como despesas dedutíveis do lucro real e da base de cálculo da CSLL.

O Tribunal de origem negou provimento ao recurso de apelação da recorrente, ao manter a sentença que denegou a segurança, por seus próprios fundamentos, consignando ainda que as normas de apuração do IRPJ aplicam-se, no que couber, à CSLL ex vi do art. 28 da Lei n. 9.430/99, verbis :

Capítulo II

CONTRIBUIÇÃO SOCIAL SOBRE O LUCRO LÍQUIDO Seção I

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Apuração da Base de Cálculo e Pagamento Normas Aplicáveis

Art. 28. Aplicam-se à apuração da base de cálculo e ao pagamento da contribuição social sobre o lucro líquido as normas da legislação vigente e as correspondentes aos arts. 1º a 3º, 5º a 14, 17 a 24-B, 26, 55 e 71. (Redação dada pela Lei nº 12.715, de 2012)

Asseverou, nesse contexto, que, não obstante o legislador tenha havido por bem não mencionar o lucro real no art. 53 da Lei n. 9.430/96, que faz referência tão somente ao lucro arbitrado ou presumido, existem na legislação tributária normas de regência concernente ao regime do lucro real, quais sejam, art. 6º, § 2º, a e b, do Decreto-Lei n. 1.598/77 c/c o art. 249, inciso I, do Decreto n. 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda - RIR/99), verbis:

- Decreto-Lei n. 1.598/77

Art 6º - Lucro real é o lucro líquido do exercício ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação tributária.

(...)

§ 2º - Na determinação do lucro real serão adicionados ao lucro líquido do exercício:

a) os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real;

b) os resultados, rendimentos, receitas e quaisquer outros valores não incluídos na apuração do lucro líquido que, de acordo com a legislação tributária, devam ser computados na determinação do lucro real.

- Decreto n. 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda)

Art. 249. Na determinação do lucro real, serão adicionados ao lucro líquido do período de apuração (Decreto-Lei nº 1.598, de 1977, art. 6º, § 2º):

I - os custos, despesas, encargos, perdas, provisões, participações e quaisquer outros valores deduzidos na apuração do lucro líquido que, de acordo com este Decreto, não sejam dedutíveis na determinação do lucro real;

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Defende a empresa recorrente, em resumo, que os arts. 6º, § 2º, a e

b, do Decreto-Lei n. 1.598/77 e 249, inciso I, do RIR/99 tratam de assunto

diverso ao debatido nos autos, e a sua utilização para justificar a cobrança de IRPJ e CSLL configura emprego de analogia, proibido para essa finalidade pelos arts. 97 e 108, § 1º, do CTN e pelo princípio da legalidade estrita.

Ressalta, quanto ao ADI SRF n. 25/2003, que "o ato

administrativo, apesar ter sido editado com o suposto propósito de regulamentar a norma legal, não se conteve aos limites que o ato superior o impõe" , porquanto "(a) o art. 53 da Lei n. 9.430/96 trata exclusivamente da apuração do IRPJ pelo regime do lucro presumido ou do lucro arbitrado; (b) o art. 53 da Lei n. 9.430/96 não trata de IPRJ apurado pelo lucro real; (c) o art. 53 da Lei ni. 9.430/96 não aborda a CSLL; (d) apesar disso, o ADI n. 25/2003 trata da apuração do IRPJ pela sistemática do lucro real e também contém disposição expressa quanto à apuração da base de cálculo da CSLL" (fl. 222, e-STJ).

DA INEXISTÊNCIA DE AFRONTA AO ART. 535 DO CPC

Inicialmente, observo inexistente a alegada violação do art. 535, inciso II, do CPC, pois a prestação jurisdicional foi dada na medida da pretensão deduzida, como se depreende da análise do acórdão recorrido, que enfrentou, motivadamente, os temas abordados no recurso de apelação, ora tidos por omitidos.

Na verdade, a questão não foi decidida conforme objetivava a recorrente, uma vez que foi aplicado entendimento diverso. É cediço, no STJ, que o juiz não fica obrigado a manifestar-se sobre todas as alegações das partes, nem a ater-se aos fundamentos indicados por elas ou a responder, um a um, a todos os seus argumentos, quando já encontrou motivo suficiente para fundamentar a decisão, o que de fato ocorreu.

Ressalte-se, ainda, que cabe ao magistrado decidir a questão de acordo com o seu livre convencimento, utilizando-se dos fatos, provas, jurisprudência, aspectos pertinentes ao tema e da legislação que entender aplicável ao caso concreto.

Nessa linha de raciocínio, o disposto no art. 131 do Código de Processo Civil:

"Art. 131. O juiz apreciará livremente a prova, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes; mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento."

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Em suma, nos termos de jurisprudência pacífica do STJ, o magistrado não é obrigado a responder todas as alegações das partes se já tiver encontrado motivo suficiente para fundamentar a decisão, nem é obrigado a ater-se aos fundamentos por elas indicados, como ocorreu na hipótese ora em apreço.

Nesse sentido, ainda, os precedentes:

PROCESSO CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. SERVIÇO DE FORNECIMENTO DE ÁGUA. CEDAE. ART. 535, II DO CPC. AUSÊNCIA DE OMISSÃO. INSTALAÇÃO DE HIDRÔMETRO E COBRANÇA POR ESTIMATIVA. FALTA DE PREQUESTIONAMENTO. SÚMULA 211/STJ. INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA. RESPONSABILIDADE CIVIL. REVISÃO DO JULGADO. NECESSIDADE DE REEXAME FÁTICO-PROBATÓRIO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

1. O Tribunal de origem apreciou fundamentadamente a controvérsia, não padecendo o acórdão recorrido de qualquer omissão, contradição ou obscuridade, razão pela qual não há que se falar em violação ao art. 535 do CPC.

2. É inadmissível Recurso Especial quanto a matéria que não foi apreciada pelo Tribunal de origem, a despeito da oposição de Embargos Declaratórios - Súmula 211/STJ.

(...)

4. Agravo Regimental desprovido.

(AgRg no AREsp 281.621/RJ, Rel. Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 19/3/2013, DJe 3/4/2013)

AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. NÃO OCORRÊNCIA. ILEGITIMIDADE ATIVA. REEXAME DE PROVAS. ÓBICE DA SÚMULA 7/STJ.

1. Inocorrência de maltrato ao art. 535 do CPC quando o acórdão recorrido, ainda que de forma sucinta, aprecia com clareza as questões essenciais ao julgamento da lide, não estando magistrado obrigado a rebater, um a um, os argumentos deduzidos pelas partes.

(...)

3. AGRAVO REGIMENTAL DESPROVIDO.

(AgRg nos EDcl no REsp 1.353.405/SP, Rel. Ministro Documento: 1407602 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: Página 1 3 de 19

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Superior Tribunal de Justiça

PAULO DE TARSO SANSEVERINO, TERCEIRA TURMA, julgado em 2/4/2013, DJe 5/4/2013)

AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL CIVIL. VIOLAÇÃO DO ARTIGO 535 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. INEXISTÊNCIA. CONTRATO DE REPRESENTAÇÃO COMERCIAL. RESCISÃO. ART. 42, § 3º, DA LEI Nº 4.886/65. INDENIZAÇÃO. CABIMENTO. REEXAME DE PROVAS. SÚMULA Nº 7/STJ.

1. Não há falar em negativa de prestação jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisão, solucionando a controvérsia com a aplicação do direito que entende cabível à hipótese, apenas não no sentido pretendido pela parte.

(...)

3. Agravo regimental não provido.

(AgRg no REsp 1.296.089/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 21/3/2013, DJe 3/4/2013)

DO MÉRITO

Extrai-se dos autos que o objetivo do mandado de segurança impetrado pela recorrente é afastar a exigência de IRPJ e CSLL sobre os valores referentes à restituição (inclusive compensação) de tributo indevidamente recolhido pelo sujeito passivo, por considerá-la absolutamente indevida.

O writ of mandamus foi impetrado contra ato do Delegado da Receita Federal do Brasil em Fortaleza/CE visando a obtenção de ordem jurisdicional que lhe assegure o direito: a) de não se submeter às incidências de Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas – IRPJ e de Contribuição Social sobre o Lucro Líquido – CSLL, sobre valores recebidos a título de restituição ou compensação de indébito tributário; e b) de compensar os valores recolhidos a tal título com débitos referentes a quaisquer tributos administrados pela Receita Federal do Brasil.

Conforme referido na sentença, a Receita Federal do Brasil, com base no art. 1º do Ato Declaratório interpretativo SRF n. 25/2003, entende ser devida a incidência de IRPJ e CSLL sobre os valores objeto de repetição de indébito tributário, quando tais valores tiverem sido deduzidos da receita do contribuinte.

Confira-se novamente a redação da norma em comento:

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Superior Tribunal de Justiça

- Ato Declaratório Interpretativo da SRF n. 25/2003

O SECRETÁRIO DA RECEITA FEDERAL, no uso da atribuição que lhe confere o inciso III do art. 209 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal, aprovado pela Portaria MF nº 259, de 24 de agosto de 2001 , e tendo em vista o disposto no art. 53 da Lei nº 9.430, de 1996, e o que consta do processo nº 13603.001166/2002-76, declara:

Art. 1º Os valores restituídos a título de tributo pago indevidamente serão tributados pelo Imposto sobre a Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) e pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), se, em períodos anteriores, tiverem sido computados como despesas dedutíveis do lucro real e da base de cálculo da CSLL.

Como bem exposto pelas instâncias ordinárias, a interpretação literal do dispositivo acima transcrito poderia levar à conclusão de que os valores recuperados, correspondentes a despesas deduzidas anteriormente da receita do contribuinte, somente poderiam ser adicionados ao lucro presumido ou arbitrado, mas não ao lucro real. E é esse o sentido atribuído pela empresa recorrente à norma.

Todavia, como a regra de adições e exclusões, para a definição da base de cálculo do IRPJ, é típica do regime de apuração pelo lucro real, infere-se que o espírito do legislador foi tão somente positivar a possibilidade de adicionar, mesmo na sistemática do lucro presumido ou do lucro arbitrado, os valores ressarcidos ao contribuinte.

Acrescente-se que a quantia eventualmente recuperada de despesas, tributárias ou não, que em dado exercício foram excluídas da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, configura acréscimo patrimonial, de modo que o valor restituído deve ser adicionado à referida base no período de apuração em que ele se tornar disponível.

Logo, independentemente da previsão contida no art. 53 da Lei n. 9.430/1996, que apenas explicita que o raciocínio é válido para os casos de tributação pelo lucro presumido ou arbitrado, é da própria hipótese de incidência do imposto de renda (arts. 43, II e 44, do CTN) que decorre a exigência do tributo.

O mesmo raciocínio se aplica à alegação de que o art. 53 da Lei n. 9.430/1996 não consta do rol do art. 28 da mesma lei como passível de aplicação à apuração da base de cálculo e ao pagamento da CSLL, haja vista a existência Documento: 1407602 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: Página 1 5 de 19

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Superior Tribunal de Justiça

de outras "normas da legislação vigente" que possibilitam a incidência da exação.

Logo, não merece reforma o entendimento firmado pelo Tribunal de origem.

Agregue-se, dentro da ótica de que para fins de incidência tributária a regra é que o acessório segue a sorte do principal, que a Primeira Seção do STJ pacificou entendimento, em acórdão submetido ao regime do art. 543-C do CPC, no sentido de que os "juros incidentes na repetição do indébito tributário,

inobstante a constatação de se tratarem de juros moratórios, se encontram dentro da base de cálculo do IRPJ e da CSLL, dada a sua natureza de lucros cessantes, compondo o lucro operacional da empresa a teor art. 17, do Decreto-lei n. 1.598/77, em cuja redação se espelhou o art. 373, do Decreto n. 3.000/99 - RIR/99, assim como o art. 9º, §2º, do Decreto-Lei nº 1.381/74 e art. 161, IV do RIR/99, estes últimos explícitos quanto à tributação dos juros de mora em relação às empresas individuais" (REsp 1.138.695/SC, Rel. Ministro

Mauro Campbell Marques, Primeira Seção, DJe 31/05/2013)

Nesse contexto, firmada a orientação de que os juros incidentes na repetição do indébito tributário se incluem na base de cálculo do IRPJ e da CSLL, dessume-se que a verba principal não foje à tributação.

DA AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO

Da análise detida dos autos, observa-se a ausência de prequestionamento pela Corte de origem acerca dos arts. 2º da Lei n. 7.689/88, 67, XI, Decreto-Lei n. 1.598/77, 108, § 1º, 149, V, e 150, § 4º, do CTN. Ressalte-se que, não obstante tenha se pronunciado acerca da melhor exegese da legislação tributária de regência que justifica a exação que ora se pretende afastar, não analisou as disposições contidas nos referidos dispositivos legais.

Logo, não foi cumprido o necessário e indispensável exame da questão pela decisão atacada, apto a viabilizar a pretensão recursal da recorrente, a despeito da oposição dos embargos de declaração.

Assim, incide no caso o enunciado da Súmula 211 do Superior Tribunal de Justiça, verbis:

"Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo."

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Superior Tribunal de Justiça

Oportuno consignar que esta Corte não considera suficiente, para fins de prequestionamento, que a matéria tenha sido suscitada pelas partes, mas sim que a respeito tenha havido debate no acórdão recorrido.

Esclareça-se, por fim, que não configura contradição afirmar a falta de prequestionamento e afastar indicação de afronta ao art. 535 do Código de Processo Civil, uma vez que é perfeitamente possível o julgado se encontrar devidamente fundamentado sem, no entanto, ter decidido a causa à luz dos preceitos jurídicos desejados pela postulante, pois a tal não está obrigado.

Nesse sentido, os recentes julgados:

"1. Inexiste negativa de prestação jurisdicional quando o órgão julgador a quo fundamenta satisfatoriamente seu entendimento, sendo desnecessário que o magistrado refute todos os argumentos suscitados pelas partes.

2. Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo. Incidência da Súmula n. 211/STJ.

3. Não há contradição em se afastar a alegada violação do artigo 535 do CPC e, ao mesmo tempo, não se conhecer do mérito da demanda por ausência de prequestionamento, desde que o acórdão recorrido esteja adequadamente fundamentado. Precedentes."

(AgRg no REsp 1.181.095/RS, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 16/10/2014, DJe 29/10/2014)

"2. No que tange à alegada violação aos artigos 4º da Lei 4.595/64, 219, 397 e 405 do Código Civil, não houve o prequestionamento da questão, razão pela qual incide a Súmula 211 desta Corte.

3. Não configura contradição afirmar a falta de prequestionamento e afastar indicação de afronta ao artigo 535 do Código de Processo Civil, uma vez que é perfeitamente possível ao julgado se encontrar devidamente fundamentado sem, no entanto, ter decidido a causa à luz dos preceitos jurídicos desejados pelas partes. Precedentes."

(AgRg no AREsp 508.461/SC, Rel. Ministro RAUL ARAÚJO, QUARTA TURMA, julgado em 16/09/2014, DJe 16/10/2014)

"1. 'Não configura contradição afirmar a falta de prequestionamento e afastar indicação de afronta ao art. 535 do

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Superior Tribunal de Justiça

Código de Processo Civil, uma vez que é perfeitamente possível ao julgado se encontrar devidamente fundamentado sem, no entanto, ter decidido a causa à luz dos preceitos jurídicos desejados pela postulante. Precedentes do STJ' (AgRg no AREsp 338.874/RS, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/05/2014, DJe 22/05/2014)."

(AgRg no AREsp 462.831/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 19/08/2014, DJe 25/08/2014)

"III. Inadmissível Recurso Especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo (Súmula 211/STJ).

IV. "Não configura contradição o afirmar a falta de prequestionamento e afastar indicação de afronta ao artigo 535 do Código de Processo Civil, uma vez que é perfeitamente possível o julgado se encontrar devidamente fundamentado sem, no entanto, ter decidido a causa à luz dos preceitos jurídicos desejados pela postulante, pois a tal não está obrigado" (EDcl no REsp 463.380/RS, 1ª Turma, DJ de 13.6.2005)" (STJ, REsp 1.401.028/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, DJe de 01/10/2013)."

(AgRg no REsp 1201449/SP, Rel. Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEXTA TURMA, julgado em 17/10/2013, DJe 25/11/2013)

Ante o exposto, conheço em parte do recurso especial e nego-lhe provimento.

É como penso. É como voto.

MINISTRO HUMBERTO MARTINS Relator

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Superior Tribunal de Justiça

CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA

Número Registro: 2013/0170318-6 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.385.860 / CE Números Origem: 00041848420114058100 1000039072011 157579020094058100 41848420114058100

510039383 529357 52935701

PAUTA: 07/05/2015 JULGADO: 12/05/2015

Relator

Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. CARLOS EDUARDO DE OLIVEIRA VASCONCELOS Secretária

Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : M DIAS BRANCO S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS ADVOGADOS : ERICK MACEDO E OUTRO(S)

LEONARDO AVELAR DA FONTE RECORRIDO : FAZENDA NACIONAL

ADVOGADO : PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

ASSUNTO: DIREITO TRIBUTÁRIO - Impostos - IRPJ / Imposto de Renda de Pessoa Jurídica SUSTENTAÇÃO ORAL

Dr(a). ERICK MACEDO, pela parte RECORRENTE: M DIAS BRANCO S/A INDÚSTRIA E COMÉRCIO DE ALIMENTOS

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEGUNDA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por unanimidade, conheceu em parte do recurso e, nessa parte, negou-lhe provimento, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)."

Os Srs. Ministros Herman Benjamin, Og Fernandes, Mauro Campbell Marques (Presidente) e Assusete Magalhães votaram com o Sr. Ministro Relator.

Referências

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