• Nenhum resultado encontrado

ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA (Quinta Secção) 9 de março de 2017 (*)

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA (Quinta Secção) 9 de março de 2017 (*)"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

Edição provisória ACÓRDÃO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA (Quinta Secção) 9 de março de 2017 (*) «Reenvio prejudicial – União Aduaneira – Código Aduaneiro Comunitário – Artigo 32.°, n.° 1, alínea c) – Determinação do valor aduaneiro – Direitos de exploração ou direitos de licença relativos às mercadorias a avaliar – Noção – Regulamento (CEE) n.° 2454/93 – Artigo 160.° – «Condição de venda» das mercadorias a avaliar – Pagamento dos direitos de exploração ou dos direitos de licença a uma sociedade ligada quer ao vendedor quer ao comprador das mercadorias – Artigo 158.°, n.° 3 – Medidas de ajustamento e de repartição» No processo C‑173/15, que tem por objeto um pedido de decisão prejudicial apresentado, nos termos do artigo 267.° TFUE, pelo Finanzgericht Düsseldorf (tribunal tributário de Düsseldorf, Alemanha), por decisão de 1 de abril de 2015, que deu entrada no Tribunal de Justiça em 17 de abril de 2015, no processo GE Healthcare GmbH contra Hauptzollamt Düsseldorf, O TRIBUNAL DE JUSTIÇA (Quinta Secção)

composto  por:  J.  L.  da  Cruz  Vilaça,  presidente  de  secção,  M.  Berger,  A.  Borg  Barthet  (relator),  E. Levits e F. Biltgen, juízes, advogado‑geral: P. Mengozzi, secretário: A. Calot Escobar, vistos os autos, vistas as observações apresentadas: –        em representação de GE Healthcare GmbH, por L. Harings e G. Schwendinger, Rechtsanwälte, –        em representação do Hauptzollamt Düsseldorf, por A. Wollschläger, na qualidade de agente, –        em representação do Governo alemão, por T. Henze e J. Möller, na qualidade de agentes, –        em representação do Governo italiano, por G. Palmieri, na qualidade de agente, assistida por M. G. Albenzio, avvocato dello Stato, –        em representação da Comissão Europeia, por L. Grønfeldt e T. Maxian Rusche, na qualidade de agentes, ouvidas as conclusões do advogado‑geral apresentadas na audiência de 28 de julho de 2016, profere o presente Acórdão

(2)

1        O presente pedido de decisão prejudicial tem por objeto a interpretação do artigo 32.°, n.° 1, alínea c), e  n.°  5,  alínea  b),  do  Regulamento  (CEE)  n.°  2913/92  do  Conselho,  de  12  de  outubro  de  1992,  que estabelece  o  Código  Aduaneiro  Comunitário  (JO  L  302,  p.  1),  conforme  alterado  pelo  Regulamento (CE)  n.°  1791/2006  do  Conselho,  de  20  de  novembro  de  2006  (JO  L  363,  p.  1,  a  seguir  «Código Aduaneiro»), e dos artigos 158.°, n.° 3, e 160.° do Regulamento (CEE) n.° 2454/93 da Comissão, de 2 de  julho  de  1993,  que  fixa  determinadas  disposições  de  aplicação  do  Regulamento  n.°  2913/92  (JO L  253,  p.  1),  conforme  alterado  pelo  Regulamento  (CE)  n.°  1875/2006  da  Comissão,  de  18  de dezembro de 2006 (JO L 360, p. 64, a seguir «Regulamento n.° 254/93»).

2        Este pedido foi apresentado no âmbito de um litígio entre a GE Healthcare GmbH e o Hauptzollamt Düsseldorf  (estância  aduaneira  principal  de  Düsseldorf,  Alemanha,  a  seguir  «estância  aduaneira»)  a respeito da consideração dos direitos de exploração e dos direitos de licença na determinação do valor aduaneiro de mercadorias importadas de países terceiros com vista à sua introdução em livre prática no território da União Europeia.  Quadro jurídico  Código Aduaneiro 3        Nos termos do artigo 29.°, n.os 1 e 2, do Código Aduaneiro:

«1.      O  valor  aduaneiro  das  mercadorias  importadas  é  o  valor  transacional,  isto  é,  o  preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias quando são vendidas para exportação com destino ao território aduaneiro da Comunidade, eventualmente, após ajustamento efetuado nos termos dos artigos 32.° e 33.°, desde que: a)      Não existam restrições quanto à cessão ou utilização das mercadorias pelo comprador, para além das restrições que: –        sejam impostas ou exigidas pela lei ou pelas autoridades públicas na Comunidade, –        limitem a zona geográfica na qual as mercadorias podem ser revendidas ou –        não afetem substancialmente o valor das mercadorias; b)      A venda ou o preço não estejam subordinados a condições ou prestações cujo valor não se possa determinar relativamente às mercadorias a avaliar;

c)      Não  reverta  direta  ou  indiretamente  para  o  vendedor  nenhuma  parte  do  produto  de  qualquer revenda, cessão ou utilização posterior das mercadorias pelo comprador, salvo se um ajustamento apropriado puder ser efetuado por força do artigo 32.° […]» e d)      O comprador e o vendedor não estejam coligados ou, se o estiverem, que o valor transacional seja aceitável para efeitos aduaneiros, por força do n.° 2. 2.      a)      Para determinar se o valor transacional é aceitável para efeitos de aplicação do n.° 1, o facto de  o  comprador  e  o  vendedor  estarem  coligados  não  constitui,  em  si  mesmo,  motivo suficiente  para  considerar  o  valor  transacional  como  inaceitável.  Se  necessário,  serão examinadas as circunstâncias próprias da venda e o valor transacional será admitido, desde que a relação de coligação não tenha influenciado o preço. Se, tendo em conta informações fornecidas pelo declarante ou obtidas de outras fontes, as autoridades aduaneiras tiverem motivos  para  considerar  que  a  relação  de  coligação  influenciou  o  preço,  comunicarão  os seus  motivos  ao  declarante  e  dar‑lhe‑ão  uma  possibilidade  razoável  de  responder.  Se  o declarante o pedir, os motivos ser‑lhe‑ão comunicados por escrito;

(3)

b)      Numa  venda  entre  pessoas  coligadas,  o  valor  transacional  será  aceite  e  as  mercadorias serão  avaliadas  em  conformidade  com  o  n.°  1,  quando  o  declarante  demonstrar  que  o referido  valor  está  muito  próximo  de  um  dos  valores  a  seguir  indicados,  no  mesmo momento ou em momento muito aproximado:

i)      valor  transacional  nas  vendas,  entre  compradores  e  vendedores  que  não  estão coligados,  de  mercadorias  idênticas  ou  similares  para  exportação  com  destino  à Comunidade,

ii)      valor aduaneiro de mercadorias idênticas ou similares, tal como é determinado em aplicação do n.° 2, alínea c), do artigo 30.°,

iii)      valor aduaneiro de mercadorias idênticas ou similares, tal como é determinado em aplicação do n.° 2, alínea d), do artigo 30.°

Na  aplicação  dos  critérios  precedentes,  serão  devidamente  tidas  em  conta  diferenças demonstradas  entre  os  níveis  comerciais,  as  quantidades,  os  elementos  enumerados  no artigo  32.°°  e  os  custos  suportados  pelo  vendedor  nas  vendas  em  que  este  último  e  o comprador  não  estão  coligados,  custos  esses  que  o  vendedor  não  suporta  nas  vendas  em que este último e o comprador estão coligados.

c)      Os critérios enunciados na alínea b) do presente número serão utilizados por iniciativa do declarante  e  somente  para  efeitos  de  comparação.  Não  poderão  estabelecer‑se  valores  de substituição por força da referida alínea.»

4        O artigo 30.°, n.os 1 e 2, desse código dispõe:

«1.      Quando o valor aduaneiro não puder ser determinado por aplicação do artigo 29.°, há que passar sucessivamente às alíneas a), b), c) e d) do n.° 2 até à primeira destas alíneas que o permita determinar, salvo  se  a  ordem  de  aplicação  das  alíneas  c)  e  d)  tiver  que  ser  invertida  a  pedido  do  declarante; somente quando o valor aduaneiro não puder ser determinado por aplicação de uma dada alínea, será permitido aplicar a alínea que vem imediatamente a seguir na ordem estabelecida por força do presente número. 2.      Os valores aduaneiros determinados por aplicação do presente artigo são os seguintes: a)      Valor transacional de mercadorias idênticas vendidas para exportação com destino à Comunidade e exportadas no mesmo momento que as mercadorias a avaliar ou em momento muito próximo; b)      Valor  transacional  de  mercadorias  similares,  vendidas  para  exportação  com  destino  à

Comunidade exportadas no mesmo momento que as mercadorias a avaliar ou em momento muito próximo;

c)      Valor  baseado  no  preço  unitário  correspondente  às  vendas  na  Comunidade  das  mercadorias importadas  ou  de  mercadorias  idênticas  ou  similares  importadas  totalizando  a  quantidade  mais elevada, feitas a pessoas não coligadas com os vendedores;

d)      Valor calculado, igual à soma:

–      do  custo  ou  do  valor  das  matérias  e  das  operações  de  fabrico  ou  outras,  utilizadas  ou efetuadas para produzir as mercadorias importadas,

–        de um montante representativo dos lucros e das despesas gerais igual ao que é geralmente contabilizado nas vendas de mercadorias da mesma natureza ou da mesma espécie que as mercadorias  a  avaliar,  efetuadas  por  produtores  do  país  de  exportação  para  a  exportação com destino à Comunidade,

(4)

5        O artigo 31.° do mesmo código dispõe:

«1.      Se o valor aduaneiro das mercadorias não puder ser determinado por aplicação dos artigos 29.° e 30.°,  será  determinado,  com  base  nos  dados  disponíveis  na  Comunidade,  por  meios  razoáveis compatíveis com os princípios e as disposições gerais:

–      do  acordo  relativo  à  aplicação  do  artigo  VII  do  Acordo  Geral  sobre  Pautas  Aduaneiras  e Comércio de 1994, –        do artigo VII do Acordo Geral sobre Pautas Aduaneiras e Comércio de 1994 e –        das disposições do presente capítulo. 2.      O valor aduaneiro determinado por aplicação do n.° 1 não se baseará: a)      No preço de venda, na Comunidade, de mercadorias produzidas na Comunidade;

b)      Num  sistema  que  preveja  a  aceitação,  para  fins  aduaneiros,  do  mais  elevado  de  dois  valores possíveis; c)      No preço de mercadorias no mercado interno do país de exportação; d)      No custo de produção, distinto dos valores calculados que foram determinados para mercadorias idênticas ou similares em conformidade com o n.° 2, alínea d), do artigo 30.°; e)      Nos preços para exportação com destino a um país não compreendido no território aduaneiro da Comunidade; f)      Em valores aduaneiros mínimos ou g)      Em valores arbitrários ou fictícios.» 6        Nos termos do artigo 32.° do mesmo código:

«1.      Para  determinar  o  valor  aduaneiro  por  aplicação  do  artigo  29.°,  adiciona‑se  ao  preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas:

[...]

c)      Os  direitos  de  exploração  e  os  direitos  de  licença  relativos  às  mercadorias  a  avaliar,  que  o comprador  é  obrigado  a  pagar,  quer  direta,  quer  indiretamente,  como  condição  da  venda  das mercadorias a avaliar, na medida em que estas direitos de exploração e direitos de licença não tenham sido incluídos no preço efetivamente pago ou a pagar;

[...]

2.      Qualquer elemento que for acrescentado em aplicação do presente artigo ao preço efetivamente pago ou a pagar basear‑se‑á exclusivamente em dados objetivos e quantificáveis.

3.      Para  a  determinação  do  valor  aduaneiro,  nenhum  elemento  será  acrescentado  ao  preço efetivamente pago ou pagar, com exceção dos previstos pelo presente artigo.

[...]

(5)

a)      Na determinação do valor aduaneiro, não serão acrescentadas ao preço efetivamente pago ou a pagar  pelas  mercadorias  importadas  as  despesas  relativas  ao  direito  de  reproduzir  as  referidas mercadorias na Comunidade;

e

b)      Os  pagamentos  efetuados  pelo  comprador  em  contrapartida  do  direito  de  distribuir  ou  de revender  as  mercadorias  importadas  não  serão  acrescentados  ao  preço  efetivamente  pago  ou  a pagar pelas mercadorias importadas, se estes pagamentos não forem uma condição da venda das referidas mercadorias para a sua exportação com destino à Comunidade.» 7        Segundo o artigo 249.° do Código Aduaneiro: «O comité [do Código Aduaneiro] pode analisar qualquer questão relativa à regulamentação aduaneira apresentada pelo respetivo presidente, quer por sua própria iniciativa quer a pedido do representante de um Estado‑Membro.»  O Regulamento n.° 2454/93 8        O artigo 143.°, n.° 1, do Regulamento n.° 2454/93 prevê:

«Para  efeitos  de  aplicação  do  disposto  no  capítulo  3  do  título  II  do  [Código  Aduaneiro]  e  das disposições do presente título, as pessoas serão consideradas coligadas nos seguintes casos:

[...]

f)      Se ambas forem direta ou indiretamente controladas por uma terceira pessoa; [...]»

9        Nos termos do artigo 145.°, n.os 2 e 3 deste regulamento:

«2.       Após  a  introdução  em  livre  prática  das  mercadorias,  a  alteração  pelo  vendedor,  a  favor  do comprador,  do  preço  efetivamente  pago  ou  a  pagar  pelas  mercadorias  pode  ser  tomad[a]  em consideração na determinação do seu valor aduaneiro nos termos do artigo 29.° do código [aduaneiro] sempre que, perante as autoridades aduaneiras, for feita prova suficiente de que: a)      As mercadorias estavam defeituosas no momento referido no artigo 67.° do código [aduaneiro]; b)      O vendedor efetuará a alteração nos termos da obrigação contratual de garantia prevista pelo contrato de venda concluído antes da introdução da livre prática; c)       O caráter defeituoso das mercadorias não fora ainda tomado em consideração. 3.      O preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias, alterado nos termos do n.° 2, só pode ser  considerado  se  a  alteração  tiver  ocorrido  no  prazo  de  12  meses  a  contar  da  data  de  admissão  da declaração de introdução das mercadorias em livre prática.»

10      O artigo 156.°‑A, n.° 1, do referido regulamento prevê o seguinte:

«As autoridades aduaneiras podem, mediante pedido do interessado, permitir que:

–        em derrogação ao n.° 2 do artigo 32.° do Código [Aduaneiro], determinados elementos a incluir no  preço  efetivamente  pago  ou  a  pagar  que  não  são  quantificáveis  no  momento  em  que  é constituída a dívida aduaneira,

–        em derrogação ao artigo 33.° do Código [Aduaneiro], determinados elementos que não podem ser  incluídos  no  valor  aduaneiro,  quando  os  montantes  referentes  a  tais  elementos  não  estão indicados  separadamente  do  preço  efetivamente  pago  ou  a  pagar  no  momento  em  que  é constituída a dívida aduaneira,

(6)

sejam determinados com base em critérios adequados e específicos. Nesses casos, o valor aduaneiro declarado não pode ser considerado provisório nos termos do segundo travessão do artigo 254.° [...]» 11      Nos termos do artigo 157.° do mesmo regulamento: «1.      Para efeitos do disposto no n.° 1, alínea c), do artigo 32.° do código [Aduaneiro], entende‑se por direitos de exploração (royalties) e direitos de licença, designadamente o pagamento pelo uso de direitos relativos:

–      ao  fabrico  da  mercadoria  importada  (nomeadamente  patentes,  desenhos,  modelos  e conhecimentos (know‑how) em matéria de fabrico), ou

ou

–      à  venda  para  exportação  da  mercadoria  importada  (nomeadamente  marcas  comerciais  ou industriais, modelos registados), ou –        à utilização ou à revenda da mercadoria importada (nomeadamente direitos de autor, processos de fabrico inseparavelmente incorporados na mercadoria importada). 2.      Independentemente dos casos previstos no n.° 5 do artigo 32.° do código [aduaneiro], quando o valor aduaneiro da mercadoria importada for determinado por aplicação do disposto no artigo 29.° do código [aduaneiro], os direitos de exploração (royalties) ou o direito de licença só serão acrescentados ao preço efetivamente pago ou a pagar se o pagamento: –        estiver relacionado com a mercadoria a avaliar, e –        constituir uma condição de venda dessa mercadoria.» 12      O artigo 158.°, n.° 3, do Regulamento n.° 2454/93 dispõe: «Se os direitos de exploração (royalties) ou os direitos de licença se referirem em parte às mercadorias importadas  e  em  parte  a  outros  ingredientes  ou  elementos  constitutivos  adicionados  às  mercadorias após  a  sua  importação,  ou  ainda  a  prestações  e  a  serviços  posteriores  à  sua  importação,  só  deve  ser efetuada uma repartição adequada com base em dados objetivos e quantificáveis, de acordo com a nota interpretativa referente ao n.° 2 do artigo 32.° do código [aduaneiro] referida no anexo 23.» 13      O artigo 160.° deste regulamento prevê: «Quando o comprador pagar direitos de exploração (royalties) ou um direito de licença a um terceiro, as condições referidas no n.° 2 do artigo 157.° só serão consideradas preenchidas, se o vendedor ou uma pessoa a este vinculada pedir ao comprador para efetuar esse pagamento.» 14      Nos termos do artigo 161.° do referido regulamento:

«Quando  o  modo  de  cálculo  do  montante  de  direitos  de  exploração  (royalties)  ou  de  um  direito  de licença se reportar ao preço da mercadoria importada, presumir‑se‑á, salvo prova em contrário, que o pagamento desses direitos de exploração (royalties) ou desse direito de licença está relacionado com a mercadoria a avaliar.

Todavia,  quando  o  montante  de  direitos  de  exploração  (royalties)  ou  de  um  direito  de  licença  for calculado  independentemente  do  preço  da  mercadoria  importada,  o  pagamento  desses  direitos  de

(7)

exploração (royalties) ou desse direito de licença pode estar relacionado com a mercadoria a avaliar.» 15      O artigo 254.° do mesmo regulamento dispõe:

«A  pedido  do  declarante,  as  autoridades  aduaneiras  podem  aceitar  declarações  de  introdução  em prática que não contenham todos os dados previstos no anexo 37.

Todavia,  essas  declarações  devem  conter  pelo  menos  os  dados  previstos  para  uma  declaração incompleta que figuram no anexo 30A.» 16      O artigo 256.°, n.° 1, do Regulamento n.° 2454/93 prevê: «O prazo concedido pelas autoridades aduaneiras ao declarante para a comunicação dos elementos ou apresentação dos documentos em falta, aquando da aceitação da declaração, não pode exceder um mês contado a partir da data da aceitação da declaração.» [...] Tratando‑se da comunicação de elementos ou de documentos em falta em matéria de valor aduaneiro, as autoridades aduaneiras podem, na medida em que tal se revelar indispensável, fixar um prazo mais dilatado ou prorrogar um prazo previamente fixado. O período total concedido deve ter em conta os prazos de prescrição em vigor.» 17      O artigo 257.°, n.° 3, do mesmo Regulamento, tem a seguinte redação: «Quando, em aplicação do disposto no artigo 254.°, a declaração contiver uma indicação provisória do valor, as autoridades aduaneiras: –        procederão ao imediato registo da liquidação do montante dos direitos de importação calculado com base nesta indicação, –        exigirão, se for caso disso, a prestação de uma garantia suficiente para cobrir a diferença entre este montante e aquele a que as mercadorias podem ficar definitivamente sujeitas.» 18      O primeiro parágrafo do artigo 259.° do referido regulamento tem a seguinte redação:

«Uma  declaração  incompleta,  aceite  nas  condições  definidas  nos  artigos  254.°  a  257.°,  pode  ser completada  pelo  declarante  ou  substituída,  com  o  acordo  das  autoridades  aduaneiras,  por  uma  outra declaração que obedeça às condições fixadas no artigo 62.° do código [aduaneiro].»

19      A nota interpretativa em matéria de valor aduaneiro relativa ao artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do Código Aduaneiro, constante do anexo 23 do Regulamento n.° 2454/93, está redigida nos seguintes termos: «As  taxas  e  os  direitos  de  licença  referidos  no  n.°  1,  alínea  c),  do  artigo  32.°,  podem  compreender, entre outros, os pagamentos relativos a patentes, marcas industriais ou comerciais e direitos de autor.» 20      A  nota  interpretativa  em  matéria  de  valor  aduaneiro  referente  ao  artigo  32.°,  n.°  2,  do  Código

Aduaneiro, constante do mesmo anexo, dispõe:

«Quando não existam dados objetivos e quantificáveis no que se refere aos elementos que se devem acrescentar  em  conformidade  com  o  disposto  no  artigo  32.°,  o  valor  transacional  não  pode  ser determinado por aplicação do disposto no artigo 29.° Tal pode ser o caso, por exemplo, da situação: uma taxa é paga com base no preço de venda, no país de importação, de um litro de dado produto que foi importado a peso e transformado em solução depois da importação. Se a taxa se baseia em parte nas mercadorias importadas e em parte em outros elementos que não têm nenhuma relação com elas (por exemplo,  quando  as  mercadorias  importadas  são  misturadas  com  ingredientes  de  origem  nacional  já não  podem  ser  identificadas  separadamente,  ou  quando  a  taxa  não  se  pode  distinguir  de  medidas financeiras  especiais  entre  o  comprador  e  o  vendedor),  não  será  apropriado  tentar  acrescentar  um elemento  correspondente  a  esta  taxa.  Contudo,  se  o  montante  da  taxa  se  baseia  somente  nas

(8)

mercadorias importadas e pode ser facilmente quantificado, pode‑se acrescentar um elemento ao preço efetivamente pago ou a pagar.»  Litígio no processo principal e questões prejudiciais 21      A GE Medical Systems Deutschland GmbH & Co. KG (a seguir «GE Alemanha») e a Monogram Licensing International Inc. (a seguir «M»), duas sociedades pertencentes ao grupo General Electrics (a seguir «grupo GE»), celebraram um contrato de licença segundo um modelo standard. 22      Nos termos do artigo II A desse contrato, M concedeu à GE Alemanha uma licença a título oneroso, não  exclusiva,  autorizando‑a  a  utilizar,  no  mais  estrito  respeito  das  normas  de  qualidade  acordadas pelas  partes,  a  marca  do  grupo  GE  (a  seguir  «marca  GE»)  para  produtos  e  serviços  fabricados, vendidos ou fornecidos pela GE Alemanha. Além disso, M concedeu à GE Alemanha uma licença a título  gratuito,  não  exclusiva,  que  a  autoriza  a  utilizar,  à  sua  discrição,  a  marca  GE  para  revenda  de mercadorias  a  outras  filiais  do  grupo  GE,  para  o  seu  uso  para  fins  experimentais  ou  de  amostras  ou ainda para as destinar a sucata. A GE Alemanha foi igualmente autorizada a utilizar, sob essa marca, produtos isentos de direitos nas suas relações comerciais com outra sociedade pertencente também ao grupo GE, à qual tinha sido autorizado o uso da marca GE em condições análogas às estipuladas no contrato de licença celebrado entre M e a GE Alemanha.

23      Para garantir que os produtos e serviços sejam fabricados, vendidos ou fornecidos pela GE Alemanha no  mais  estrito  respeito  das  normas  de  qualidade  estabelecidas  pelas  partes,  M  dispunha  de  amplos poderes de vigilância e, em caso de violação das referidas normas, podia rescindir o contrato num curto prazo. A data de vencimento dos direitos de exploração devidos ao abrigo do artigo II A do contrato de licença  foi  fixada  em  31  de  dezembro  de  cada  ano  civil.  Esses  direitos  correspondiam  a  0,95%  do volume de negócios anual da GE Alemanha pelo uso da marca GE e a 0,05% do volume de negócios da GE Alemanha pelo uso do nome comercial do grupo GE.

24      Num controlo aduaneiro referente ao período de 1 de outubro de 2007 a 31 de dezembro de 2009, a estância aduaneira constatou, num relatório de 8 de setembro de 2010, que a GE Alemanha adquirira a sociedades do grupo GE mercadorias provenientes de países terceiros relativamente às quais, segundo a  estância  aduaneira,  omitira  a  declaração,  para  efeitos  da  determinação  dos  valores  aduaneiros  das mercadorias, dos direitos de exploração devidos pelas mesmas. Por consequência, a estância aduaneira, em 30 de setembro de 2010, emitiu um aviso de liquidação de 14 985,09 euros, referente a direitos de importação. 25      Após pagamento desses direitos de importação, a GE Alemanha solicitou, em 21 de julho de 2011, o reembolso com base no artigo 236.° do Código Aduaneiro, pelo facto de, segundo alegou, não haver que acrescentar os direitos de exploração devidos nos termos do contrato de licença ao valor aduaneiro das mercadorias, nos termos do artigo 32.° do Código Aduaneiro.

26      Por  decisão  de  9  de  março  de  2015  a  estância  aduaneira  indeferiu  o  pedido  de  reembolso  da  GE Alemanha, por considerar corretos os valores aduaneiros de referência.

27      Entretanto,  em  31  de  agosto  de  2011,  a  GE  Healthcare  sucedeu  na  universalidade  dos  direitos  e obrigações da GE Alemanha.

28      Em 11 de março de 2015 a GE Healthcare recorreu para o tribunal de reenvio da decisão da estância aduaneira  de  9  de  março  de  2015.  Este  tribunal,  tendo  de  aplicar  o  artigo  32.°,  n.°  1,  alínea  c),  do Código Aduaneiro no processo pendente, tem dúvidas sobre o alcance exato dessa disposição.

29      Nestas condições, o Finanzgericht Düsseldorf (tribunal tributário de Düsseldorf) decidiu suspender a instância e submeter ao Tribunal de Justiça a seguinte questão prejudicial:

«1)      Os direitos de exploração e os direitos de licença, no sentido do artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do [Código Aduaneiro], podem ser incluídos no valor aduaneiro, apesar de não ter sido determinada a  constituição  dos  direitos  de  licença,  nem  à  data  da  celebração  do  contrato  nem  no  período

(9)

relevante para a constituição da dívida aduaneira, o qual, no caso em litígio, resulta dos artigos 201.°, n.° 2, e 214.°, n.° 1, do Código Aduaneiro?

2.      Em caso de resposta afirmativa à primeira questão: os direitos de exploração ou os direitos de licença  relativos  à  marca  comercial,  no  sentido  do  artigo  32.°,  n.°  1,  alínea  c),  do  Código Aduaneiro, podem dizer respeito às mercadorias importadas, apesar de também serem pagos pela prestação de serviços e pela utilização do elemento nuclear do nome do grupo empresarial? 3.      Em  caso  de  resposta  afirmativa  à  segunda  questão:  os  direitos  de  exploração  ou  direitos  de

licença  relativos  à  marca  comercial,  no  sentido  do  artigo  32.°,  n.°  1,  alínea  c),  do  Código Aduaneiro, podem ser uma condição da venda das mercadorias importadas e que se destinam a ser  exportadas  dentro  da  Comunidade,  no  sentido  do  artigo  32.°,  n.°  5,  alínea  b),  do  Código Aduaneiro, apesar de o seu pagamento ter sido exigido e efetuado por uma empresa vinculada ao vendedor e ao comprador?

4.      Em caso de resposta afirmativa à terceira questão e caso os direitos de exploração ou os direitos de licença se referirem, tal como no presente caso, em parte a mercadorias importadas e em parte a  prestações  de  serviços  posteriores  à  importação:  a  repartição  adequada  com  base  em  dados objetivos e quantificáveis nos termos do artigo 158.°, n.° 3, do [Regulamento n.° 2454/93] e da nota  interpretativa  referente  ao  n.°  2  do  artigo  32.°  do  código  constante  do  anexo  23  do Regulamento  n.°  2454/93  tem  por  consequência  que  apenas  seja  possível  corrigir  um  valor aduaneiro nos termos do artigo 29.° do Código Aduaneiro ou, caso o valor aduaneiro não possa ser determinado por aplicação do artigo 29.°, será também possível proceder à repartição prevista no  artigo  158.°,  n.°  3,  do  Regulamento  n.°  2454/93  no  âmbito  da  determinação  do  valor aduaneiro nos termos do artigo 31.° do Código Aduaneiro, uma vez que aqueles custos, de outra forma, não seriam tidos em consideração?»

 Quanto às questões prejudiciais  Observações preliminares

30       A  título  liminar,  importa  recordar  que  segundo  jurisprudência  constante  do  Tribunal  de  Justiça  o Direito  da  União  relativo  à  avaliação  aduaneira  tem  por  objetivo  o  estabelecimento  de  um  sistema equitativo,  uniforme  e  neutro  que  exclua  a  utilização  de  valores  aduaneiros  arbitrários  ou  fictícios. Com efeito, o valor aduaneiro deve refletir o valor económico real de uma mercadoria importada e ter em conta todos os elementos dessa mercadoria que apresentem um valor económico (v., neste sentido, acórdãos  de  16  de  novembro  de  2006,  Compaq  Computer  International  Corporation,  C‑306/04, EU:C:2006:716, n.° 30, e de 16 de junho de 2016, EURO 2004. Hungria, C‑291/15, EU:C:2016:455, n.os 23 e 26).

31      Em  especial,  nos  termos  do  artigo  29.°  do  Código  Aduaneiro,  o  valor  aduaneiro  das  mercadorias importadas é, em princípio, constituído pelo seu valor transacional, a saber, o preço efetivamente pago ou  a  pagar  pelas  mercadorias  quando  as  mesmas  são  vendidas  para  exportação  com  destino  ao território  aduaneiro  da  União,  sob  reserva  dos  ajustamentos  que  devam  ser  efetuados  nos  termos  do artigo 32.° do mesmo código (v., neste sentido, acórdãos de 12 de dezembro de 2013, Christodoulou e o., C‑116/12, EU:C:2013:825, n.os 38, 44 e 50, e de 21 de janeiro de 2016, Stretinskis, C‑430/14, EU:C:2016:43, n.° 15). 32      O artigo 32.° do Código Aduaneiro precisa os elementos que há que adicionar ao preço efetivamente pago ou a pagar pelas mercadorias importadas para determinar o seu valor aduaneiro. Assim, segundo a alínea c) do n.° 1 desta disposição são adicionados ao preço efetivamente pago ou a pagar os direitos de exploração e os direitos de licença relativos às mercadorias a avaliar, que o comprador é obrigado a pagar, direta ou indiretamente, como condição de venda das mercadorias a avaliar, na medida em que esses royalties e direitos de licença não tenham sido incluídos no preço efetivamente pago ou a pagar. 33      Nos termos do artigo 157.°, n.° 1, do regulamento de aplicação, «entende‑se por direitos de exploração (royalties) e direitos de licença», para efeitos do disposto no n.° 1, alínea c), do artigo 32.° do Código

(10)

Aduaneiro,  o  pagamento  pelo  uso  de  direitos  relativos  à  venda  para  exportação  da  mercadoria importada (nomeadamente marcas comerciais ou industriais, modelos registados) ou à utilização ou à revenda  da  mercadoria  importada  (nomeadamente  direitos  de  autor,  processos  de  fabrico inseparavelmente incorporados na mercadoria importada). 34      O artigo 157.°, n.° 2, do Regulamento n.° 2454/93 precisa que os direitos de exploração (royalties) ou o direito de licença só serão acrescentados ao preço efetivamente pago ou a pagar se o pagamento, por um lado, estiver relacionado com a mercadoria a avaliar e, por outro, constituir uma condição de venda dessa mercadoria. 35      Por conseguinte, aplica‑se o ajustamento previsto no artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do Código Aduaneiro quando se verifiquem três condições cumulativas, a saber, primeiro que os direitos de exploração ou direitos  de  licença  não  tenham  sido  incluídos  no  preço  efetivamente  pago  ou  a  pagar,  em  segundo lugar, que digam respeito à mercadoria a avaliar e, em terceiro lugar, que o comprador esteja obrigado a  pagar  esse  direitos  de  exploração  ou  direitos  de  licença  como  condição  de  venda  da  mercadoria  a avaliar.

36      No caso em apreço, no tocante à primeira condição, é ponto assente, segundo a decisão de reenvio, que a GE Healthcare, segundo os termos do contrato de licença em causa no processo principal, não incluiu  os  direitos  de  exploração  e  os  direitos  de  licença  relativo  ao  uso  da  marca  GE  no  valor aduaneiro das mercadorias a avaliar.  Primeira e segunda questões 37      Com as suas questões primeira e segunda, que devem ser analisadas conjuntamente por se referirem à segunda das condições enumeradas no n.° 35 do presente acórdão, o tribunal de reenvio pergunta, em substância, se o artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do Código Aduaneiro deve ser interpretado no sentido de que os direitos de exploração ou direitos de licença são «relativos às mercadorias a avaliar» quando, por um lado, não seja possível determinar, no momento da celebração do contrato ou no momento da constituição da dívida aduaneira, o montante desses direitos de exploração ou direitos de licença e, por outro  lado,  quando  os  referidos  direitos  de  exploração  ou  direitos  de  licença  só  digam  parcialmente respeito às mercadorias a avaliar.

38      Para se responder a esta questão há que examinar, em primeiro lugar, se os direitos de exploração ou direitos de licença são, nos termos do artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do Código Aduaneiro, «relativos às mercadorias  a  avaliar»  mesmo  que  não  seja  possível  determinar,  no  momento  da  celebração  do contrato ou no momento da constituição da dívida aduaneira, o montante desses direitos de exploração ou direitos de licença.

39      A este respeito resulta da decisão de reenvio que o contrato de licença em causa no processo principal previa que a GE Alemanha tinha a obrigação de pagar os direitos de exploração ou direitos de licença relativos  ao  uso  da  marca  GE  para  as  mercadorias  que  importava,  com  exceção  de  algumas mercadorias  que  podiam  ser  utilizadas  sob  essa  marca  com  isenção  de  direitos,  como  no  caso  de mercadorias revendidas a outras filiais do grupo GE, de mercadorias utilizadas para fins experimentais ou em amostragens ou de mercadorias destinadas a sucata. 40      Nestas circunstâncias, e como salientou o advogado‑geral no n.° 29 das suas conclusões, os direitos de exploração ou direitos de licença reportam‑se efetivamente às mercadorias a avaliar, mesmo que o seu montante exato não tenha sido determinado no momento da celebração do contrato, ou ulteriormente, no momento da aceitação da declaração aduaneiro ou no momento da constituição da dívida aduaneira. 41      No que se refere, em especial, à questão de saber se o montante exato dos direitos de exploração ou direitos de licença a pagar deve ser determinado no momento da constituição da dívida aduaneiro, o artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do Código Aduaneiro não faz qualquer exigência a esse respeito.

42      Em  contrapartida,  o  artigo  156.°  A,  n.°  1,  do  Regulamento  n.°  2454/93  prevê  que  as  autoridades aduaneiras podem, mediante pedido do interessado, permitir que determinados elementos a incluir no preço  efetivamente  pago  ou  a  pagar  que  não  são  quantificáveis  no  momento  em  que  é  constituída  a dívida aduaneira sejam determinados com base em critérios adequados e específicos.

(11)

43      Além disso, o artigo 254.° do mesmo regulamento prevê que o declarante tem a possibilidade, desde que as autoridades aduaneiras o aceitem, de proceder a uma declaração de introdução em livre prática incompleta  que,  nos  termos  do  artigo  257.°,  n.°  3,  do  mesmo  regulamento,  pode  dar  uma  indicação provisória  do  valor  aduaneiro  das  mercadorias  a  importar,  podendo  tal  declaração  ser  completada ulteriormente, nos termos dos artigos 256.°, 257.° e 259.° do mesmo regulamento.

44       Além  disso,  o  ponto  14  do  comentário  n.°  3  (secção  do  valor  aduaneiro)  relativo  à  incidência  dos direitos  de  exploração  e  dos  direitos  de  licença  sobre  o  valor  aduaneiro,  do  comité  do  Código Aduaneiro previsto no artigo 247.°A do mesmo código (a seguir «comité do Código Aduaneiro»), diz o seguinte:

«Os  direitos  de  exploração  e  os  direitos  de  licença  são  calculados,  em  geral,  após  a  importação  das mercadorias a avaliar. Neste caso, a alternativa consiste quer em diferir a determinação definitiva do valor  aduaneiro  em  conformidade  com  o  artigo  257.°,  n.°  3,  das  disposições  de  aplicação  do  código [aduaneiro], quer em determinar um ajustamento global em função das constatações feitas no decurso de um período representativo e atualizadas periodicamente. Esta questão deve ser resolvida por acordo entre os importadores e as autoridades aduaneiras.»

45      Ora, embora as conclusões do Comité do Código Aduaneiro não sejam juridicamente vinculativas, constituem  meios  importantes  para  assegurar  uma  aplicação  uniforme  do  Código  Aduaneiro  pelas autoridades aduaneiras dos Estados‑Membros e podem, como tal, ser consideradas meios válidos para a interpretação do referido código (v., acórdão de 6 de fevereiro de 2014, Humeau Beaupréau, C‑2/13, EU:C:2014:48, n.° 51 e jurisprudência referida).

46      Por conseguinte, o artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do Código Aduaneiro não impõe que o montante dos direitos de exploração ou direitos de licença seja determinado no momento da celebração do contrato de  licença  ou  no  momento  da  constituição  da  dívida  aduaneira  para  que  se  considerem  relativos  às mercadorias a avaliar.

47      Em  segundo  lugar,  há  que  analisar  a  questão  de  saber  se  os  direitos  de  exploração  ou  direitos  de licença  podem  ser  considerados  como  referentes  às  mercadorias  a  avaliar  embora  só  se  lhes  refiram parcialmente.  Com  efeito,  no  caso  em  apreço  os  direitos  de  exploração  ou  direitos  de  licença  foram pagos igualmente a título de prestações de serviços posteriores à importação das mercadorias em causa no processo principal e pelo uso do sinal comercial do grupo a que pertencia o declarante.

48      A este respeito, o artigo 161.°, segundo parágrafo, do Regulamento n.° 2454/93 dispõe que quando o montante  de  direitos  de  exploração  (royalties)  ou  de  um  direito  de  licença  for  calculado independentemente  do  preço  da  mercadoria  importada,  o  pagamento  desses  direitos  de  exploração (royalties) ou desse direito de licença pode estar relacionado com a mercadoria a avaliar.

49      Ora resulta da decisão de reenvio que, no caso em apreço, o montante dos direitos de exploração ou direitos de licença depende da percentagem do volume de negócios gerado pela venda a terceiros das mercadorias  importadas  ao  abrigo  do  contrato  de  licença.  Daqui  decorre  que  o  pagamento  desses direitos de exploração ou de licença «está relacionado» com as mercadorias a avaliar, no sentido desse artigo 161.°, segundo parágrafo.

50      Esta  conclusão  não  é  posto  em  causa  pelo  facto  de,  segundo  a  mesma  decisão,  os  direitos  de exploração  e  os  direitos  de  licença  também  dizerem  respeito  a  prestações  de  serviços  posteriores  à importação das mercadorias pela GE Alemanha e à utilização do sinal do grupo GE por essa sociedade. 51      Com efeito, o artigo 158, n.° 3, do Regulamento n.° 2454/93 dispõe que se os direitos de exploração (royalties)  ou  os  direitos  de  licença  se  referirem  em  parte  às  mercadorias  importadas  e  em  parte  a outros ingredientes ou elementos constitutivos adicionados às mercadorias após a sua importação, ou ainda  a  prestações  e  a  serviços  posteriores  à  sua  importação,  só  deve  ser  efetuada  uma  repartição adequada com base em dados objetivos e quantificáveis, de acordo com a nota interpretativa referente ao  n.°  23  do  artigo  32.°  do  código  referida  no  anexo  32  (artigo  158.°,  n.°  3,  das  disposições  de aplicação do Código Aduaneiro.

(12)

52       Assim,  o  artigo  158.°,  n.°  3,  do  Regulamento  n.°  2454/93  prevê  expressamente  que  os  direitos  de exploração  ou  os  direitos  de  licença  a  pagar  podem  ser  considerados  relativos,  em  parte,  às mercadorias e, em parte, a prestações de serviços posteriores à importação, de forma que o ajustamento previsto  no  artigo  32.°,  n.°  1,  alínea  c),  do  Código  Aduaneiro  poderá  ser  aplicado  mesmo  que  os direitos  de  exploração  ou  direitos  de  licença  se  refiram  unicamente  parcialmente  às  mercadorias importadas, devendo esse ajustamento ser efetuado com base em dados objetivos e quantificáveis que permitam  avaliar  o  montante  dos  direitos  de  exploração  ou  direitos  de  licença  ligados  a  essas mercadorias.

53      Por  conseguinte,  segundo  o  artigo  32.°,  n.°  1,  alínea  c),  do  Código  Aduaneiro,  os  direitos  de exploração ou direitos de licença podem ser «relativos às mercadorias a avaliar», no sentido daquela disposição  mesmo  que  esses  direitos  de  exploração  ou  direitos  de  licença  só  parcialmente  digam respeito às referidas mercadorias.

54      Tendo em conta as considerações que precedem, há que responder à primeira e à segunda questão que o  artigo  32.°,  n.°  1,  alínea  c),  do  Código  Aduaneiro  deve  ser  interpretado  no  sentido  de  que,  por umlado, não exige que o montante dos direitos de exploração ou direitos de licença esteja determinado no momento da celebração do contrato de licença ou no momento da constituição da dívida aduaneira para que esses direitos de exploração ou direitos de licença sejam relativos às mercadorias a avaliar e, por  outro  lado,  de  que  permite  que  os  referidos  direitos  de  exploração  ou  direitos  de  licença  sejam «relativos às mercadorias a avaliar» mesmo que esses direitos de exploração ou direitos de licença só parcialmente digam respeito às referidas mercadorias.

 Quanto à terceira questão

55      Com  a  sua  terceira  questão,  que  diz  respeito  à  terceira  condição  enunciada  no  n.°  35  do  presente acórdão,  o  tribunal  de  reenvio  pergunta,  em  substância,  se  o  artigo  32.°,  n.°  1,  alínea  c),  do  Código Aduaneiro e o artigo 160.° do Regulamento n.° 2454/93 devem ser interpretados no sentido de que os direitos de exploração ou direitos de licença constituem uma «condição de venda» das mercadorias a avaliar quando, no interior do mesmo grupo de sociedades, o pagamento desses direitos de exploração ou  direitos  de  licença  é  exigido  por  uma  empresa  ligada  ao  vendedor  e  ao  comprador  e  é  feito  em benefício dessa mesma empresa.

56      Há que salientar que o artigo 157.°, n.° 2, do Regulamento n.° 2454/93, que precisa as condições de aplicação  do  artigo  32.°,  n.°  1,  alínea  c),  do  Código  Aduaneiro,  prevê  que  os  direitos  de  exploração (royalties) ou o direito de licença só serão acrescentados ao preço efetivamente pago ou a pagar se o pagamento, por um lado, estiver relacionado com a mercadoria a avaliar e, por outro, constituir uma condição de venda dessa mercadoria.

57      Nem o artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do Código Aduaneiro nem o artigo 157.°, n.° 2, do Regulamento n. °  2454/93  precisam  contudo  o  que  deve  entender‑se  por  «condição  de  venda»  das  mercadorias  a avaliar.

58      A este respeito, o Comité do Código Aduaneiro, no ponto 12 do comentário n.° 3 (secção do valor aduaneiro),  relativo  à  incidência  dos  direitos  de  exploração  e  dos  direitos  de  licença  sobre  o  valor aduaneiro, indica que «se trata de saber se o vendedor está disposto a vender as mercadorias sem lhe ser pago um direito de exploração ou um direito de licença. A condição pode ser expressa ou tácita. Na maior parte dos casos, é precisado no acordo de licença se a venda das mercadorias importadas fica subordinada ao pagamento de um direito de exploração ou de um direito de licença. Contudo, não é essencial que tal estipulação exista». 59      Deve ter‑se atenção às indicações fornecidas por este comentário, como resulta do n.° 45 do presente acórdão. 60      Nestas condições há que considerar, como salientou o advogado‑geral no n.° 51 das suas conclusões, que o pagamento de um direito de exploração ou de um direito de licença constitui uma «condição de venda»  das  mercadorias  a  avaliar  quando,  no  âmbito  das  relações  contratuais  estabelecidas  entre  o vendedor ou a pessoa a que este está ligado e o comprador o pagamento do direito de exploração ou do

(13)

direito de licença se reveste de uma tal importância para o vendedor que, na sua falta, o vendedor não faria a venda, o que cabe ao tribunal de reenvio verificar.

61      No tocante ao processo principal, resulta da decisão de reenvio que quem concedeu a licença, M, e que estava  ligado  quer  ao  vendedor  quer  ao  comprador,  era  o  beneficiário  dos  direitos  de  exploração  ou direitos de licença relativos às mercadorias vendidas. Esse beneficiário era portanto, no caso concreto, a mesma sociedade que exigia do comprador das mercadorias o pagamento dos direitos de exploração ou direitos de licença a elas referentes, fazendo as três sociedades parte do mesmo grupo, o grupo GE, e estando controladas, direta ou indiretamente pela sociedade‑mãe desse grupo.

62      Neste  contexto,  o  artigo  160.°  do  Regulamento  n.°  2454/93  prevê  que  quando  o  comprador  paga direitos de exploração (royalties) ou um direito de licença a um terceiro, as condições referidas no n.° 2 do artigo 161.° só serão consideradas preenchidas, se o vendedor ou uma pessoa a este vinculada exigir esse pagamento do comprador.

63      Assim, o tribunal de reenvio pergunta‑se se a condição prevista no artigo 160.° do Regulamento n. °  2454/93  está  preenchida  numa  situação  em  que  o  «terceiro»  a  quem  o  direito  de  exploração  ou  o direito de licença é pago e a pessoa «vinculada» ao vendedor são uma e a mesma pessoa.

64      A este respeito, a GE Healthcare afirma que, na sua versão em alemão, o artigo 160.° do Regulamento n.° 2454/93 prevê que a pessoa que exige o pagamento dos direitos de exploração ou dos direitos de licença e o terceiro a quem esses direitos devem ser pagos não podem ser uma única e a mesma pessoa. 65      Todavia,  é  jurisprudência  constante  do  Tribunal  de  Justiça  que  a  formulação  utilizada  numa  das versões  linguísticas  de  uma  disposição  do  direito  da  União  não  pode  servir  de  base  única  para  a interpretação  dessa  disposição,  nem  ser‑lhe  atribuído  caráter  prioritário  em  relação  a  outras  versões linguísticas.  Tal  abordagem  seria  incompatível  com  a  exigência  de  uniformidade  da  aplicação  do direito  da  União.  Em  caso  de  divergência  entre  as  diversas  versões  linguísticas,  a  disposição  em questão deve ser interpretada em função da sistemática geral e da finalidade da regulamentação de que constitui  um  elemento  (v.  acórdão  de  15  de  novembro  de  2011,  Kurcums  Metal,  C‑558/11, EU:C:2012:721, n.° 48 e jurisprudência referida).

66      Ora,  como  precisou  o  advogado‑geral  no  n.°  63  das  suas  conclusões,  nenhuma  das  outras  versões linguísticas do artigo 160.° do Regulamento n.° 2454/93 contém uma segunda referência ao «terceiro» ao qual o pagamento dos direitos de exploração ou direitos de licença deve ser efetuado.

67      Além disso, como indicou igualmente o advogado‑geral no n.° 65 das suas conclusões, o facto de uma pessoa  vinculada  ao  vendedor  não  ser  qualificada  como  «terceiro»,  na  aceção  do  artigo  160.°  do regulamento de aplicação, não significa que o pagamento dos direitos de exploração ou dos direitos de licença não constitua uma «condição de venda» das mercadorias importadas, na aceção do artigo 32.°°, n.° 1, alínea c), do Código Aduaneiro. 68      Em contrapartida, impõe‑se verificar se a pessoa vinculada ao vendedor exerce um controlo sobre ele ou sobre o comprador que lhe permita assegurar‑se de que a importação das mercadorias a que está ligado o seu direito de licença está subordinado ao pagamento, a seu favor, do direito de exploração ou do direito de licença relativo a essas mercadorias. 69      Cabe ao tribunal de reenvio operar essa verificação no litígio do processo principal.

70       Além  disso,  o  ponto  13  do  comentário  n.°  3  (secção  do  valor  aduaneiro)  relativo  à  incidência  dos direitos  de  exploração  e  dos  direitos  de  licença  sobre  o  valor  aduaneiro,  elaborado  pelo  comité  do Código Aduaneiro, prevê que «quando as mercadorias são compradas a uma pessoa e os direitos de exploração ou direitos de licença são pagos a outra, o seu pagamento pode ser considerado como uma condição  de  venda  das  mercadorias  [...].  O  vendedor  ou  uma  pessoa  a  ele  vinculada  pode  ser considerada como exigindo ao comprador que faça esse pagamento quando, por exemplo, num grupo multinacional, as mercadorias são compradas a uma empresa do grupo mas os direitos devem ser pagos a outra empresa do mesmo grupo. O mesmo se aplica quando o vendedor seja o tomador da licença do destinatário dos direitos de exploração e este último controla as condições de venda».

(14)

71      Tendo em conta as considerações que precedem, há que responder à terceira questão que o artigo 32.°, n.°  1,  alínea  c),  do  Código  Aduaneiro  e  o  artigo  160.°  do  Regulamento  n.°  2454/93  devem  ser interpretados  no  sentido  de  que  os  direitos  de  exploração  ou  direitos  de  licença  constituem  uma «condição  de  venda»  das  mercadorias  a  avaliar  quando,  no  seio  do  mesmo  grupo  de  sociedades,  o pagamento  desses  direitos  de  exploração  ou  desses  direitos  de  licença  é  exigido  por  uma  empresa vinculada quer ao vendedor quer ao comprador e é realizado em benefício dessa mesma empresa.  Quanto à quarta questão 72      Com a sua quarta questão, o tribunal de reenvio pergunta, em substância, se o artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do Código Aduaneiro e o artigo 158, n.° 3, do Regulamento n.°°2454/93 devem ser interpretados no sentido de que as medidas de ajustamento e de repartição, previstas naquelas disposições, podem ser realizadas quando o valor aduaneiro das mercadorias tiver sido determinado em aplicação não do artigo 29.° do Código Aduaneiro, mais pelo método subsidiário previsto no artigo 31.° desse código.

73      Resulta  dos  autos  remetidos  ao  Tribunal  de  Justiça  que,  relativamente  a  vários  exercícios  fiscais anteriores a 2009, a estância aduaneira principal de Düsseldorf não recebeu os dados necessários que lhe permitissem efetuar o ajustamento baseado no artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do Código Aduaneiro, do valor  transacional  calculado  segundo  o  método  previsto  no  artigo  29.°  do  mesmo  código.  Por conseguinte,  o  método  de  determinação  do  valor  aduaneiro  previsto  no  artigo  31.°  do  Código Aduaneiro  foi  utilizado,  não  sendo  aplicáveis,  em  princípio,  os  métodos  previstos  nos  artigos  29.°  e 30.° do mesmo código.

74      Na medida em que o artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do Código Aduaneiro prevê que pode ser efetuado um  ajustamento  para  determinar  o  valor  aduaneiro  apenas  por  aplicação  do  artigo  29.°  do  mesmo código, coloca‑se a questão de saber se esse ajustamento, e mais particularmente, a repartição prevista no  artigo  158.°,  n.°  3,  do  Regulamento  n.°  2454/93,  pode  ser  igualmente  aplicada  quando  o  valor aduaneiro da mercadoria importada tiver sido determinado com base no metido previsto no artigo 31 do mesmo código. 75      Há que recordar que, quando não seja possível determinar o valor aduaneiro com base no artigo 29.° do Código Aduaneiro, a partir do valor transacional das mercadorias importadas, a avaliação aduaneira é efetuada em conformidade com as disposições do artigo 30.° deste código, por aplicação sucessiva dos métodos previstos nas alíneas a) a d) do n.° 2, daquele artigo (acórdão de 16 de junho de 2016, EURO 2004. Hungria, C‑291/15, EU:C:2016:455, n.° 27 e jurisprudência referida). 76      Caso também não seja possível determinar o valor aduaneiro das mercadorias importadas com base no artigo 30.° do código aduaneiro, a avaliação aduaneira é efetuada em conformidade com as disposições do  artigo  31.°  desse  código  (acórdão  de  16  de  junho  de  2016,  EURO  2004.  Hungria,  C‑291/15, EU:C:2016:455, n.° 28 e jurisprudência referida). C

77      Por  conseguinte,  resulta  tanto  do  teor  dos  artigos  29.°  a  31.°  do  referido  código  como  da  ordem segundo a qual os critérios de determinação do valor aduaneiro devem ser aplicados por força destes artigos,  que  essas  disposições  apresentam  entre  si  um  nexo  de  subsidiariedade.  Com  efeito,  é unicamente  quando  o  valor  aduaneiro  não  pode  ser  determinado  por  aplicação  de  uma  determinada disposição que há que se referir à disposição que vem imediatamente a seguir, pela ordem estabelecida (acórdão  de  16  de  junho  de  2016,  EURO  2004.  Hungria,  C‑291/15,  EU:C:2016:455,  n.°  29  e jurisprudência referida). 78      O artigo 31.°, n.° 1, do Código Aduaneiro Comunitário prevê que o valor aduaneiro é determinado com base nos dados disponíveis na Comunidade, por meios razoáveis compatíveis com os princípios e as disposições gerais dos acordos internacionais e das disposições do capítulo 3 do referido código que enumera. 79      A este respeito, como sublinhou o advogado‑geral no n.° 86 das suas conclusões, a remissão do artigo 31.°, n.° 1, do Código Aduaneiro para o capítulo 3 do mesmo código implica que as disposições gerais deste capítulo de que faz parte o artigo 32.° do mesmo código se apliquem igualmente no caso de a determinação do valor aduaneiro de uma mercadoria importada ser efetuada em conformidade com o artigo 31.°, n.° 1, do mesmo código.

(15)

80      Ora, como decorre do n.° 30 do presente acórdão, a regulamentação da União relativa à avaliação aduaneira tem por objetivo o estabelecimento de um sistema equitativo, uniforme e neutro que exclui a utilização  de  valores  aduaneiros  arbitrários  ou  fictícios.  De  acordo  com  o  ponto  2  das  notas interpretativas  para  efeitos  de  valor  aduaneiro  relativas  ao  artigo  31.°,  n.°  1,  do  Código  Aduaneiro Comunitário,  constantes  do  Anexo  23  do  Regulamento  n.°  2454/93,  os  métodos  de  avaliação  que devem empregar‑se por força do n.° 1 do artigo 31.° são os definidos no artigo 29.° e 30.°, n.° 2, desse código, sendo conforme com os objetivos e disposições do n.° 1 do artigo 31.° do mesmo código uma «flexibilidade razoável» na aplicação destes métodos (v., neste sentido, acórdão de 28 de fevereiro de 2008, Carboni e derivati, C 263/06, EU:C:2008:128, n.° 60).

81       Tendo  em  conta  a  necessidade  de  fixar  um  valor  aduaneiro  no  caso  de  uma  empresa  não  fornecer informações completas sobre os exercícios fiscais em causa e a «flexibilidade razoável» mencionada no ponto 2 da referida nota interpretativa, há que admitir que a consideração de dados que se referem a outros exercícios fiscais da empresa pode constituir um dado disponível na União que o artigo 31.°, n. ° 1, do Código Aduaneiro permite utilizar como base de determinação do valor aduaneiro. Com efeito, a referência a esses dados constitui um meio para determinar o referido valor, que é, simultaneamente, «razoável», no sentido do referido artigo 31.°, n.° 1, e compatível com os princípios e as regras gerais dos acordos internacionais e com as disposições a que esse mesmo artigo 31.°, n.° 1, se refere (v. por analogia, acórdão de 28 de fevereiro de 2008, Carboni e derivati, C‑263/06, EU:C:2008:128, n.° 61). 82      No que se refere ao artigo 158.°, n.° 3, do Regulamento n.° 2454/93, este prevê que quando os direitos de exploração ou os direitos de licença se referirem em parte às mercadorias importadas e em parte a outros ingredientes ou elementos constitutivos adicionados às mercadorias após a sua importação, ou ainda  a  prestações  e  a  serviços  posteriores  à  sua  importação,  só  deve  ser  efetuada  uma  repartição adequada com base em dados objetivos e quantificáveis, de acordo com a nota interpretativa referente ao artigo 32.°, n.° 2, do Código Aduaneiro, constante do anexo 23 do Regulamento n.° 2454/93.

83      Ora, resulta do n.° 81 do presente acórdão, bem como do n.° 91 das conclusões do advogado‑geral, que os dados que se referem a outros exercícios fiscais da empresa em coas podem ser considerados «objetivos  e  quantificáveis»,  no  sentido  do  artigo  158,  n.°  3,  do  Regulamento  n.°  2454/93  e,  por conseguinte, a repartição prevista nesse artigo pode aplicar‑se. 84      Além disso, como sustentam o governo alemão e a Comissão Europeia, outro entendimento poderia gerar vantagens indevidas para os importadores que se recusassem a transmitir informações completas, impedindo que se proceda a uma avaliação correta do valor aduaneiro das mercadorias importadas. 85      Tendo em conta as considerações que precedem, há que responder à quarta questão que o artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do Código Aduaneiro e o artigo 158.°, n.° 3, do Regulamento n.° 2454/93 devem ser interpretados no sentido de que as medidas de ajustamento e de repartição previstos nessas disposições podem ser tomadas quando o valor aduaneiro das mercadorias em causa tenha sido determinado por aplicação  não  do  artigo  29.°  do  Código  Aduaneiro,  mas  segundo  o  método  subsidiário  previsto  no artigo 31.° desse código.  Quanto às despesas 86      Revestindo o processo, quanto às partes na causa principal, a natureza de incidente suscitado perante o órgão jurisdicional de reenvio, compete a este decidir quanto às despesas. As despesas efetuadas pelas outras partes para a apresentação de observações ao Tribunal de Justiça não são reembolsáveis. Pelos fundamentos expostos, o Tribunal de Justiça (Quinta Secção) declara: 1)      O artigo 32.°, n.° 1, alínea c), do Regulamento (CEE) n.° 2913/92 do Conselho, de 12 de outubro de 1992, que estabelece o Código Aduaneiro Comunitário, conforme alterado pelo Regulamento  (CE)  n.°  1791/2006  do  Conselho,  de  20  de  novembro  de  2006,  deve  ser interpretado  no  sentido  de  que,  por  um  lado,  não  exige  que  o  montante  dos  direitos  de exploração ou direitos de licença esteja determinado no momento da celebração do contrato de licença ou no momento da constituição da dívida aduaneira para que esses direitos de

(16)

exploração ou direitos de licença sejam relativos às mercadorias a avaliar e, por outro lado, de  que  permite  que  os  referidos  direitos  de  exploração  ou  direitos  de  licença  sejam «relativos às mercadorias a avaliar» mesmo que esses direitos de exploração ou direitos de licença só parcialmente digam respeito às referidas mercadorias.

2)      O  artigo  32.°,  n.°  1,  alínea  c),  do  Regulamento  n.°  2913/92,  conforme  alterado  pelo Regulamento  n.°  1791/2006,  e  o  artigo  160.°  do  Regulamento  (CEE)  n.°  2454/93  da Comissão,  de  2  de  julho  de  1993,  que  fixa  determinadas  disposições  de  aplicação  do Regulamento  n.°  2913/92,  conforme  alterado  pelo  Regulamento  (CE)  n.°  1875/2006  da Comissão,  de  18  de  dezembro  de  2006,  devem  ser  interpretados  no  sentido  de  que  os direitos  de  exploração  ou  direitos  de  licença  constituem  uma  «condição  de  venda»  das mercadorias a avaliar quando, no seio do mesmo grupo de sociedades, o pagamento desses direitos  de  exploração  ou  desses  direitos  de  licença  é  exigido  por  uma  empresa  vinculada quer ao vendedor quer ao comprador e é realizado em benefício dessa mesma empresa. 3)      O  artigo  32.°,  n.°  1,  alínea  c),  do  Regulamento  n.°  2913/92,  conforme  alterado  pelo

Regulamento n.° 1791/2006, e o artigo 158.°, n.° 3, do Regulamento n.° 2454/93, conforme alterado  pelo  Regulamento  n.°  1875/2006,  devem  ser  interpretados  no  sentido  de  que  as medidas  de  ajustamento  e  de  repartição  previstos  nessas  disposições  podem  ser  tomadas quando o valor aduaneiro das mercadorias em causa tenha sido determinado por aplicação não  do  artigo  29.°  deste  Regulamento  n.°  2913/92,  conforme  alterado,  mas  segundo  o método subsidiário previsto no artigo 31.° do mesmo regulamento.

Assinaturas

Referências

Documentos relacionados

No mesmo instante e sem importar onde: à mesa, nas aulas, na praia… Quando deixo de existir para os outros, prefiro o sono.. Ao menos ele toma-me nos braços e oferece-me, só para mim,

a) O polícia disse um palavrão, após ter saído da casa de Adrian. Corrige as falsas.. A mãe também está com gripe. “Quase que não consegui ficar calado quando vi que não

Classifica os verbos sublinhados na frase como transitivos ou intransitivos, transcrevendo- os para a coluna respetiva do quadro.. Frase: Escondi três livros na estante

As medidas da ADM do posicionamento articular estático do cotovelo, obtidas neste estudo com a técnica de fleximetria, apresentaram baixa confiabilidade intraexaminador para as

Com relação ao CEETEPS, o tema desta dissertação é interessante por se inserir no Programa de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA), sob a tutela da Coordenação de

62 A Comissão sustenta que a condição segundo a qual os membros do pessoal do operador económico devem possuir um cartão profissional emitido pelas autoridades portuguesas

Enviará ainda cópia da notificação às autoridades competentes do Estado-Membro de cujo território partem (a seguir «autoridade competente de expedição») e por cujo

outros Estados-Membros, mas também para outras partes do seu território (a seguir "proibições de expedição"). 20 O Kreis de Osnabrück no qual se situa a exploração