Notas de aula: www.fap.if.usp.br/~hbarbosa
LabFlex: www.dfn.if.usp.br/curso/LabFlex
Aula 1, Experiência 1
Circuitos CA e Caos
Prof. Henrique Barbosa hbarbosa@if.usp.br Ramal: 6647
Alguns recados da disciplina
Plantão de dúvidas de análise
Toda quinta-feira, das 13:00 às 15:00 em uma sala de
laboratório
Critérios de aprovação
3 experimentos + 1 projeto da turma
Média dos experimentos + nota do projeto + participação
individual
Ver site para detalhes como as notas são calculadas
Cada aula teórica tarefas mínimas para serem entregues
Síntese a ser entregue até a segunda-feira (10:00) anterior àpróxima aula
Não serão tolerados atrasos Não há re-entrega de sínteses
Objetivos
Estudar circuitos elétricos em corrente alternada com a
finalidade de explorar fenômenos caóticos
Aprender algumas técnicas avançadas de
processamento de sinais e análise de dados
4 aulas
Noções de CA, filtro RC e Análise de Fourier
Ressonância de um circuito RLC simples
Funções caóticas: mapa logístico
Caos em circuito RLD
Tensões e Correntes Alternadas
Tensão alternada: qualquer tensão que varia no tempo
Na prática trabalhamos com tensões harmônicas
simples
Veremos no lab4 que qualquer tensão dependente do
tempo é uma superposição de tensões harmônicas
simples
Aquelas descritas por uma função harmônica simples de
freqüência bem definida, ou seja:
t
V
cos
t
0
V
Pf
2
p PPV
V
2
2
P efV
V
f
T
1
V
Pé a tensão máxima ou
tensão de pico
ou amplitude,
é a
freqüência angular
e
0é a
fase da tensão alternada no
instante t=0
Em um circuito de corrente
alternada a tensão e
corrente não estão
necessariamente em fase:
t
V
sin
t
0
V
P
i(t)
i
0sin
t
2
T
T
T
defasagem 3 T 0 Tempo Ampl it u d e Período T = 1/f tensão corrente Xi(t)
V(t)
A fase
TEm um resistor ôhmico simples, a
relação entre tensão e corrente é:
cte
i
V
R
P P
Exemplo 1: Resistor Ôhmico
X
i(t)
V(t)
)
cos(
)
(
)
(
)
cos(
)
(
t
Ri
t
i
R
t
V
t
i
t
i
P P
Em um capacitor ideal, a capacitância é dada pela razão entre
carga acumulada e tensão elétrica, ou seja:
Além disso, carga e corrente estão relacionados
Portanto:
)
2
/
cos(
)
sin(
)
(
)
cos(
t
CV
t
CV
t
i
C
t
q
t
V
t
V
p p P
q
(t
)
dt
d
t
i
Exemplo 2: Capacitor Ideal
C
t
q
t
V
t
V
t
q
C
)
(
)
(
a corrente está adiantada de
/2 em relação à tensão aplicada ao
capacitor
(Atenção: a defasagem de
/2 é entre a corrente e a
tensão diretamente sobre o capacitor e não quaisquer outras).
Exemplo 3: circuito RC
Capacitor e resistor em série a uma
fonte de tensão
malha iV
l
d
E
0
0
C
t
q
t
i
R
t
V
t
V
t
V
t
V
e(
)
R(
)
C(
)
e(
)
(
)
(
)
dt
t
dq
t
i
(
)
(
)
sendo
)
(
)
(
)
(
)
(
)
(
)
(
V
t
dt
t
dV
RC
t
V
C
t
q
dt
t
dq
R
t
V
e
e
C
CRC
t
V
dt
t
dV
V
e1
C(
)
C(
)
com
0
1
0
Exemplo 3: circuito RC
Se a tensão de entrada for harmônica
Podemos resolver a e.d. Na sua
forma complexa e tomar a parte real
da solução
V
e(t)
=
1
w
0dV
C(t)
dt
+
V
C(t)
Þ
ˆ
V
e(t)
=
1
w
0d ˆ
V
C(t)
dt
+
ˆ
V
C(t)
t j e e e e e ee
V
t
V
t
V
t
V
t
V
t
V
)
(
ˆ
com
)]
(
ˆ
Re[
)
(
cos
)
(
j
b
a
C
ˆ
j
1
je
C
C
ˆ
e
j
cos
j
sen
2 2b
a
C
a
b
tg
j t j te
j
e
dt
d
j t
j te
j
dt
e
1
Integrais e derivadas nesta notação são apenas
multiplicações e divisões
Exemplo 3: circuito RC
A solução mais geral para a tensão
no capacitor é
Substituindo na e.d.
0 01
ˆ
ˆ
ˆ
j
V
V
e
V
e
V
j
e
V
e j t C j t C j t C e
t j C Ct
V
e
V
ˆ
(
)
ˆ
t j e Ce
j
V
t
V
01
)
(
ˆ
seja
ou
Exemplo 3: circuito RC
Trabalhando um pouco essa
solução
Podemos escrever
t j e Ce
j
V
t
V
01
)
(
ˆ
0 2 0arctan
e
1
com
)
(
ˆ
e C t j C CV
V
e
V
t
V
V
t
V
t
t
V
C(
)
Re
ˆ
C(
)
Ccos
que
modo
de
Sinal de entrada = V
e
Sinal de saída = V
s
Se pensarmos em termos de quadrupolos:
0 0
1
1
ˆ
ˆ
ˆ
1
ˆ
)
(
ˆ
j
V
V
G
j
V
t
V
entrada saida e C
O ganho relaciona o sinal de saída com o sinal de entrada... Ouseja, resume o funcionamento do
quadrupolo.
Impedância de um elemento
A solução da equação diferencial no espaço complexo e
posterior uso da parte real como solução física do
problema sugere a criação de um análogo à lei de Ohm
nesse formalismo.
A impedância complexa de um elemento X é definida como sendo a
razão entre a tensão e corrente complexas neste elemento, ou seja:
ˆ
Z
V (t)
ˆ
ˆ
i (t)
1 0 0 0ˆ
jj tte
i
e
V
Z
Usando a definição das tensões e correntes
complexas, deduzimos que:
V
0i
0e
j01 je
Z
0
Z0 é a impedância REAL do elemento X é a diferença de fase entre a tensão e corrente causada pelo elemento XA impedância NÃO varia com o tempo. É uma grandeza característica do elemento X
Da definição de impedância complexa:
Podemos escrever também que:
Define-se resistência (R) de um bipolo como sendo:
E reatância deste bipolo (X)
ˆ
Z
Z
0e
j
ˆ
Z
Z
0cos
jZ
0sin
R
Z
0cos
X
Z
0sin
Resistência e Reatância
As grandes vantagens deste formalismo são:
Operações envolvendo tensão e corrente são simples
Multiplicações e divisões de exponenciais
Associações de bipolos tornam-se simples
Como resistores comuns, mas realizadas com grandezas complexas
Z1 ^ Z2 ^ Z ^ ˆ Z Z ˆ 1 Z ˆ 2
Z1 ^ Z^2 Z ^ 1 ˆ Z 1 ˆ Z 1 1 ˆ Z 2
Seja uma tensão e corrente complexas, temos:
Mas sabemos que R = V/i, ou seja, a corrente e
tensão estão sempre em fase. Assim:
ˆ
Z
V (t)
ˆ
ˆ
i (t)
ˆ
Z
Z
0e
j
R
Ri(t)
V(t)
Z
0
R
0
Por conta disto que resistores Ôhmicos são muito utilizados em
laboratório para medir correntes
Sabemos (do começo da aula) que
Se a corrente complexa for dada por:
Fica fácil demonstrar que
A impedância de um capacitor vale:
V (t)
1
C
i(t)dt
ˆ
i (t)
i
0e
jt t je
i
C
j
t
V
0)
(
ˆ
ˆ
Z
V (t)
ˆ
ˆ
i (t)
j
C i0e jt i0e jt j
C Ci(t)
V(t)
Aplicação 2: Capacitor
Ou seja
Mas lembrando que:
Comparando as duas
expressões temos que:
ˆ
Z
j
C
ˆ
Z
Z
0cos
jZ
0sin
2 Z0 1
CAplicação 2: Capacitor
Conclui-se naturalmente que a tensão elétrica está defasada de π/2 em relação à corrente
Seja o circuito ao lado:
A tensão no capacitor é:
A tensão de entrada é:
E o “ganho” no circuito é dado por:
C C
i
Z
V
ˆ
ˆ
ˆ
ˆ
V
e
Z
ˆ
total
i
ˆ
(
Z
ˆ
R
Z
ˆ
C)
i
ˆ
ˆ G V ˆ S ˆ V e Z ˆ C i ˆ ( ˆ Z R Z ˆ C)i ˆ j
C (R j
C)Aplicação 3: circuito RC
0 1 1
j Mesma solução encontrada resolvendo a eq. diferencial.... MUITO MAIS FÁCIL!Qual a interpretação de um ganho complexo ??
G je
G
G
ˆ
0 A parte real do ganho muda a amplitude do sinal:
c G G G
arctan ] ˆ Re[ ] ˆ Im[ arctanE a parte imaginária introduz uma fase
2 * 01
1
ˆ
ˆ
CG
G
G
(( Ganho ))
ˆ G 1 1 j
C ) cos( ) ( ) cos( ) ( 0 G e s e e t G V t V t V t V
Joseph Fourier(1768-1830)
Aos 12 anos foi estudar no Ecole Royale Militaire of Auxerre
Aos 14 anos concluiu os estudos dos 6 volumes do Bézout's Cours de
mathematique
Aos 15 ganhou um prêmio por seus estudos do livro Bossut's
Méchanique en général
Aos 19 entrou no mosteiro beneditino de St. Benoit-sur-Loire para virar padre, mas continuou estudando matemática e abandonou a batina aos 21
Aos 22 tornou-se professor na Ecole of Auxerre
Quanto completou 26, foi fundada a Ecole Normale em Paris e
Fourier estava na primeira turma. Teve como professor o Lagrange.
Aos 27 foi indicado para uma cadeira da Ecole Centrale des Travaux
(dir. Carnot e Monge) => Ecole Polytechnique
Joseph Fourier(1768-1830)
Aos 29 substituiu Lagrange na cadeira de análise e mecânica
Aos 30 assumiu o posto de conselheiro científico no exército de
Napoleão que invadiria o Egito. Monge e Malus também estavam na equipe.
Durante sua estada no Cairo trabalhou como administrador, criando instituições de educação. Também fez explorações arqueológicas.
Aos 31 retornou a Paris, mas a contra gosto foi nomeado por
Napoleão prefeito de Grenoble. Trabalhou então na drenagem dos pântanos da Borgonha e na rodovia ligando Grenoble a Torino.
Foi durante este tempo em Grenoble que ele fez seu trabalho
científico mais importante: Sobre a propagação de color em corpos
sólidos.
Fourier introduziu séries infinitas de funções para resolver a equação de transferência de calor em uma placa de metal.
Só haviam soluções particulares para fontes de calor senoidal. A idéia foi modelar uma fonte de calor complicada como uma
combinação linear de senos e cossenos.
Objeções da banca (não aprovou o trabalho):
Laplace e Lagrange não aceitaram a derivação teórica
Biot, Poisson e Laplace reclamaram que ele não citou o paper de 1804 de Biot (que hoje sabemos estar errado)
Em 1811 o prêmio anual do Instituto de Ciências de Paris iria para quem resolvesse a equação de transporte de calor e Fourier
submeteu o tratado de 1807.
O comitê formado por Lagrange, Laplace, Malus, Hauy e Legendre deram o prêmio para Fourier pois só havia +1 concorrente:
... the manner in which the author arrives at these equations is not
exempt of difficulties and that his analysis to integrate them still leaves something to be desired on the score of generality and even rigour.
Série de Fourier (1807)
Funções trigonométricas podem ser combinadas de tal
forma a representar qualquer função matemática
As constantes a
ne b
npodem ser obtidas a partir de:
Séries de Fourier
n n nnx
b
nx
a
a
x
f
(
cos(
)
sin(
))
2
)
(
0
f
x
nx
dx
a
n1
(
)
cos(
)
f
x
nx
dx
b
n1
(
)
sin(
)
Hoje em dia, usamos formalismos mais
abrangentes:
As constantes a
ne b
nda expressão tradicional
podem ser obtidas como:
Séries de Fourier
n jnx ne
c
x
f
(
)
f
x
e
dx
c
n(
)
jnx2
1
Use a fórmula de Euler e substitua na expressão anterior ejx = cos x+ j sin x
,...
2
,
1
,
0
com
,
c
c
n
a
n n n
,
com
0
,
1
,
2
,...
j
c
c
n
b
n n nExemplo: Onda Quadrada
5
)
5
sin(
3
)
3
sin(
)
sin(
4
0t
t
t
V
t
V
De volta ao circuito RC
Se o sinal de entrada for quadrado, como resolvemos a
equação diferencial?
Substituindo
n t j e n e C C e ne
v
t
V
t
V
dt
t
V
d
t
V
ˆ
(
)
,
mas
ˆ
(
)
)
(
ˆ
1
)
(
ˆ
0
n t j C n C C C n t j e n n nV
t
V
t
v
e
dt
t
V
d
e
v
ˆ
(
)
,
e
fazendo
ˆ
(
)
ˆ
)
(
ˆ
1
0
n t j C n n n t j e n n nj
v
e
e
v
ˆ
1
0De volta ao circuito RC
Esta equação pode ser desmembrada em um sistema
de equações diferenciais:
Cuja solução é:
1,2,...
n
,
ˆ
1
0
C j t n n t j e n n nj
v
e
e
v
1,2,...
n
,
1
ˆ
0
n e n C nj
v
v
) cos( ) sin( ) cos( ) sin( ) cos( ) sin( 2 2 2 2 1 1 1 1 t V t V t V t V t V t V V N C N N S N C S C S entrada
R C
C R G G i i i i , , , ,
O que o circuito faz no sinal?
) cos( ) sin( ) cos( ) sin( ) cos( ) sin( 2 2 2 2 2 2 2 2 1 1 1 1 1 1 1 1 N N N C N N N N S N C S C S Saida t G V t G V t G V t G V t G V t G V V
Vamos estudar o filtro
RC:
Objetivos:
Obter experimentalmente o ganho (G0 e ΦG) em função da
freqüência (ω) e comparar com a previsão teórica.
Estudar o comportamento deste circuito para um sinal de
entrada quadrado.
Para esta aula
Para isto é preciso conhecer R e C.
canal 1 canal 2 referência 5V menu interativo varredura (horizontal) gatilho (trigger) 300V terra
A ponta de prova tem atenuador que pode ser alterado (muda também a impedância)
acoplamento AC, DC ou terra
Duty cycle ADJust
Frequency
ADJust AmplitudeADJust 50% 25% intervalo de frequências Executa parâmetro atenuador
Gerador de audio
IMPORTANTE! RESISTOR CAPACITORCuidados Experimentais
Instrumentos de medida:
Osciloscópio
Canal 1: Ve Canal 2: Vc
Cuidado com ruídos
Estimar incertezas na tensão e
corrente a partir do nível de ruído
Não confundir freqüência
temporal (f) com freqüência
angular (
)
CH1 CH2
Tarefas 1
Montar um circuito RC com freqüência de corte ~500Hz.
Usando um sinal de entrada senoidal e V
saida=V
Cfazer:
Gráfico de G
0em função de
Comparar com o esperado teoricamente
Fazer ajustes necessários e tratamento estatístico
Gráfico de
Gem função de
Comparar com o esperado teoricamente para o capacitor
Fazer ajustes necessários e tratamento estatístico
Lembre-se de medir valores
<<
caté
>>
cpara
poder fazer um bom ajuste. Vejam tutorial no meu site!
Tarefas 2
Usando o mesmo circuito mas agora com uma onda
quadrada na entrada, faça:
Meça V
Ce V
eno osciloscópio e salve os dados no
pendrive para 3 freqüências diferentes tais que:
<< c (pelo menos 3 vezes) ~ 2 c
>> c (pelo menos 30 vezes)
Mostrar numericamente que V
C(t) pode ser obtido através
da aplicação do ganho e fase para cada freqüência que
compõe onda quadrada de entrada
Compare a sua previsão “teórica” com a medida
experimental de V
C(t).
Discuta o efeito da escolha do número de termos na série de
Tarefas 3
Para o caso
>>
ce onda de entrada quadrada, mostre
com os dados obtidos que o sinal de saída é proporcional a
integral do sinal de entrada
Neste caso, como a entrada é um sinal quadrado, significa que
a saída será um triângulo, certo?
Deduza a afirmação acima e mostre que as “inclinações”
medidas e teóricas da onda triângular na saída são compatíveis