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REAÇÕES ADVERSAS AOS ALIMENTOS: ALTERNATIVAS DE BAIXO CUSTO

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REAÇÕES ADVERSAS AOS ALIMENTOS:

ALTERNATIVAS DE BAIXO CUSTO

Alyne Cristine Souza da Silva Kellyane Correia da Cruz

RESUMO

A alta prevalência, em pediatria, de reações adversas aos alimentos como alergias ou intolerâncias alimentares, entre outros distúrbios gastrointestinais tem levado a restrições alimentares de fórmulas infantis, em geral, à base do leite de vaca e de soja. Por consequência, são indicadas a utilização de formulações especializadas, de alto custo, como fonte alternativa de proteínas que atendam às necessidades nutricionais e condições clínicas peculiares destes pacientes. Tendo em vista a dificuldade na obtenção da fórmula industrializada, principalmente após alta hospitalar para manutenção adequada do estado nutricional, faz-se necessário, o aprofundamento de estudos e a busca por alternativas alimentares de acordo com nossa realidade socioeconômica.

Palavras-chave: reações adversas aos alimentos, alternativas alimentares,

custo.

ABSTRACT

The high prevalence in children, adverse reactions to food as food allergies or intolerances, and other gastrointestinal disorders has led to dietary restrictions of infant formula, usually based on cow's milk and soy. Consequently, are indicated using specialized formulations, high cost, as an alternative source of proteins that meet the nutritional needs and medical conditions peculiar these patients. Given the difficulty in obtaining the formula industrialized, mainly after hospital discharge for proper maintenance of nutritional status, it is necessary, further studies and the search for alternative food according to our socio-economic reality.

Keywords: adverse reactions to food, food alternatives, cost.

(1) Bacharel em Nutrição pela UFPE, Especialista em Nutrição enteral e Parenteral pela Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (SBNPE), Especialista em Nutrição Clínica pela Associação Brasileira de Nutrição (ASBRAN), Mestre em Nutrição pela UFPE, Professora e Diretora Interina do Curso de Nutrição da Faculdade dos Guararapes. alynecristine@yahoo.com.br. Fone: (81) 92038719

(2) Bacharel em Nutrição pela UFPE, Pós- Graduada em Nutrição Clínica pelo Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira – IMIP, Mestre em Nutrição pela UFPE, Nutricionista Clínica do IMIP. Fone: (81) 87299552, kellyanecorreia@yahoo.com.br

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1. INTRODUÇÃO

Alimentação no 1º ano de vida

O aleitamento materno favorece o crescimento e o desenvolvimento da criança, tanto por suas características nutricionais, imunológicas e psicológicas, quanto por possibilitar o crescimento harmonioso da face, promovendo a maturação das funções do sistema estomatognático (FRANÇA, 2008).

No entanto, no século XX a prevalência e a duração do aleitamento materno diminuíram difusamente e de forma mais intensa, com o conseqüente aumento, principalmente nos países subdesenvolvidos, dos índices de mortalidade infantil.

Alguns fatores contribuíram para o abandono da amamentação, como a industrialização promovida pelo capitalismo, ocasionando a inserção da mulher no mercado de trabalho. Além disso, a utilização de tecnologias modernas possibilitou a produção e conservação de leites e alimentos infantis industrializados. Esses alimentos foram amplamente divulgados pela indústria como substitutos eficazes do leite materno (SILVEIRA FJF, LAMOUNIER JA, 2006).

O leite de vaca é freqüentemente utilizado em substituição ao leite materno; logo, as suas proteínas são os primeiros antígenos alimentares com os quais o lactente tem contato, o que o torna o principal alimento envolvido na gênese da alergia alimentar nesta idade (CORTEZ A. P. B. et al, 2007).

A alimentação artificial tem sido descrita como um dos importantes fatores de risco na incidência, duração e gravidade do processo diarréico.

As proteínas do leite de vaca e de soja durante a diarréia aguda possibilitam, além do aumento do risco de evolução para quadro persistente, o desenvolvimento de alergia (BALLESTER D, et al. 2002).

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Reações adversas aos leites

A prevalência estimada de alergia às proteínas do leite de vaca é de 2 a 3% em crianças menores de três anos, sendo a intolerância à lactose também frequentemente encontrada nesta faixa etária. Os sintomas mais freqüentes da alergia manifestam-se no trato gastrointestinal, trato respiratório e pele. As manifestações clínicas incluem urticária, prurido, vômito, diarréia, náusea, dor abdominal, angioedema, broncoespasmo e constipação intestinal, dentre outras (CORTEZ A. P. B. et al, 2007).

Nas hipersensibilidades não mediadas por IgE e que apresentam manifestações como colites, enterocolites ou esofagites, o risco de alergia simultânea à soja pode chegar a 60%, não sendo, portanto, rotineiramente recomendado o seu emprego (TOPOROVSKI, 2007).

Há, na literatura, várias restrições ao uso das fórmulas à base de soja nos casos não IgE mediados, não sendo recomendadas na terapia nutricional de lactentes tanto pela Sociedade Européia de Alergologia Pediátrica e Imunologia Clínica (Espaci) quanto pela Sociedade Européia de Gastroenterologia, Hepatologia e Nutrição Pediátrica (ESPGHAN). A Academia Americana de Pediatria (AAP) sugere considerar o uso de tal fórmula nas alergias mediadas por IgE, em lactentes acima de seis meses.

Doenças diarreicas

Nos países em desenvolvimento a doença diarreica continua sendo um importante problema de saúde, principalmente para as crianças com idade inferior a 5 anos. No Brasil, esta mortalidade é de 6,9%, sendo que uma proporção maior entre os óbitos ocorre no Nordeste do país. (BALLESTER D, et al. 2002)

A diarreia persistente, de etiologia provavelmente infecciosa, tem sido reconhecida por acometer de 3 a 20% de todos os episódios de diarreia aguda em crianças menores de cinco anos tornam-se persistentes e que mais de 50%

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das mortes provocadas por diarreia estejam associadas a episódios persistentes. (MATTOS, A.P et al 2009)

Na vigência do processo diarreico, ocorre agressão à mucosa e a bordadura estriada do enterócito, alterando sua morfologia. As lesões do intestino delgado favorecem a passagem de proteínas alimentares, intactas ou parcialmente hidrolisadas através da mucosa, tendo como consequência alergia às proteínas da dieta (leite de vaca, proteína da soja).(ANDRADE A.B.J et al, 2000)

2. ALTERNATIVAS ALIMENTARES

Até o momento os estudos que tem enfatizado o manejo nutricional para Diarreia Persistente tem usado uma variedade de dietas, que são baseadas em dietas tradicionais tal como o leite (com ou sem lactose), proteína de soja, proteína de frango, hidrolisado proteico e aminoácidos livres. No entanto, apesar de aceitar-se que o manejo nutricional, é, de longe, o componente mais importante no tratamento da diarreia persistente, nenhuma abordagem sistemática ou padronizada para a terapia nutricional tem sido estabelecida até agora. (MATTOS, A.P et al 2009)

Já os princípios para a terapêutica da alergia à proteína do leite de vaca fundamentam-se na: 1) exclusão das proteínas do leite de vaca da dieta, ou seja, não oferecer leite de vaca e seus derivados; 2) prescrição de uma nova dieta substitutiva nutricionalmente adequada. Lactentes menores de 6 meses, em geral, recebem fórmula especial como única fonte alimentar, por sua vez, a partir dos 6 meses de vida, o paciente com alergia ao leite de vaca devem receber alimentos complementares (WEBER, T.K. et al, 2007).

No entanto, além das proteínas do leite de vaca, algumas crianças podem desenvolver alergia às proteínas da soja, que, neste caso, devem também ser retiradas da dieta (CORTEZ A. P. B. et al, 2007).

Nestes casos a conduta nutricional baseia-se na utilização de produtos industrializados com fórmulas quimicamente definidas ou por formulações

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preparadas artesanalmente podem possuir custo consideravelmente menor do que as industrializadas (FERREIRA, R.S. 2009).

Um grande número de formulações comerciais com diversas aplicações está disponível no mercado , entretanto, são de alto custo e, quando administradas por longo período, leva os pacientes a utilizar fórmulas caseiras, no entanto, há escassez de dados nacionais referentes à análise da composição centesimal de dietas enterais artesanais e tais informações são importantes principalmente para o estabelecimento de parâmetros de avaliação da qualidade nutricional de dietas (ATZINGEN, M. C. V et al, 2007).

Hidrolisados protéicos

Fórmulas sintéticas com hidrolisados protéicos e aminoácidos livres têm sido usadas no tratamento nutricional de indivíduos com limitações para digerir proteínas intactas, em casos de hidrólise luminal prejudicada, falência gástrica ou hepática, má nutrição associada ao câncer, queimaduras e traumas, má absorção, disfunções metabólicas e alergias alimentares (ATZINGEN, M. C. V et al, 2007).

A aplicação mais comum de proteína hidrolisada foi em formulações para crianças com hipersensibilidade alimentar, a fim de melhorar as propriedades nutricionais e funcionais. Outras possíveis aplicações dos hidrolisados foram sugeridas e incluem a elaboração produtos para geriatria, suplementos alimentares e dietas enterais. (ROSSI, D. M, 2009)

Modificações químicas e enzimáticas têm sido usadas para melhorar as propriedades funcionais das proteínas, no entanto, a hidrólise enzimática apresenta maiores benefícios e vantagens sobre a modificação química porque inclui a especificidade da enzima em relação ao substrato, havendo pouca probabilidade de ocorrer reações indesejáveis, que resultem na formação de produtos tóxicos, além de se processar sob condições mais brandas.

A hidrólise enzimática da proteína resulta em: a) diminuição do peso molecular, b) aumento do número de grupos ionizáveis, c) exposição de grupos

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hidrofóbicos que estavam protegidos na estrutura original da proteína (ROMAN & SGARBIERI, 2005).

O peso molecular do hidrolisado de frango preparado através de reação enzimática com a bromelina é em média de 3,5 KDa, ou seja, dentro do recomendado para ser considerado uma fonte protéica de baixa alergenicidade (ATZGEN, 2005).

Além disso a carne de frango é considerada de baixa alergenicidade, não sendo citada entre os alimentos que mais causam reações adversas (PENTERICH, 2006).

Em estudo experimental, o hidrolisado protéico, na forma de ração, apresentou boa qualidade nutricional quando comparada com caseína, em ratos. Os parâmetros biológicos indicaram que a proteína hidrolisada, além de ser de baixo custo, apresentou boas propriedades nutricionais de digestibilidade, eficiência alimentar e utilização de proteína, sugerindo que os aminoácidos foram prontamente disponível para a digestão, tornando esta como fonte adequada (ROSSI, D. M, 2009).

Aspectos microbiológicos

A atividade de água (Aw) determina a concentração de solutos de um

alimento. A capacidade de desenvolvimento de microorganismos é reduzida numa Aw mais baixa. (JAY, 2000)

As taxas de crescimento e produção tanto das bactérias quanto das toxinas por elas produzidas, tais como Salmonella spp e Stafilococcus aureu, são menores em condições anaeróbias. (CLIVER e RIEMAN, 2002)

As bactérias mais comumentes encontradas nas carnes de aves cruas são: coliformes totais e fecais, Escherichia coli, Salmonella spp., Clostridium perfrigens, Yersinia enterocilitica, Listeria monocitogenes, Campylobacter spp., e Stafilococcus aureus (SILVA JR, 2002)

O processo de desidratação tem sido amplamente utilizado como uma das formas mais eficientes de conservação de alimentos e minimização de

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crescimento microbiológico pela redução da atividade de água do alimento (FRANCO; LANDGRAF, 2005).

Já os bolores e leveduras são aeróbios, capazes de se desenvolver em Aw mais baixa e podem produzir metabólicos tóxicos quando se multiplicam.

Por isso, a contagem de bolores e leveduras é usada como parte do critério microbiológico em todo o mundo. (NOVAK, et al 2002)

O valor de umidade de farinhas à base de proteína animal obtido pelo controle de secagem durante o processamento influencia na estabilidade do produto (vida de prateleira) e conseqüentemente na sua aceitação para comercialização, com umidade equivalente ao da farinha de frango, uma farinha bem aceita. (COSTA, 2008)

Os hidrolisados proteicos são recursos dietéticos de grande utilidade na prática clínica, no entanto, em termos de terapia no mundo em desenvolvimento, as maiores limitações de dietas elementares, entre outras fórmulas classificadas como hipoalergênicas, são custo proibitivo das fórmulas industrializadas e viabilidade limitada em sua forma artesanal. (FERNANDES, D. F. M.; FAGUNDES-NETO, U. F, 2002)

Por tanto, se faz necessário a realização de estudos no sentido de aprimorar o conhecimento e promover novas tecnologias que propiciem melhores condições de obtenção, processamento, estabilidade e utilização destas fórmulas, além de garantir a preservação de suas propriedades funcionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Estudos sobre o aperfeiçoamento e desenvolvimento de técnicas para obtenção de proteínas de alto valor biológico, advindas de outras fontes alimentares que possam oferecer opções dietéticas viáveis para o tratamento e manutenção do estado nutricional de indivíduos com as mais diversas afecções do trato gastrointestinal, intolerantes e/ou alérgicos, tem sido de extrema importância, visto que o custo proibitivo, imposto pela comercialização de fórmulas especializadas e industrializadas, com frequência, representa a maior

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limitação para uma adequada terapia nutricional em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ATZINGEN, M. C. V et al. COMPOSIÇÃO CENTESIMAL E TEOR DE

MINERAIS DE DIETAS ENTERAIS ARTESANAIS. Revista Brasileira de

Tecnologia Agroindustrial vol 1 no 2, 2007.

ATZINGEN, M. C. V . Desenvolvimento de dieta enteral artesanal com

hidrolisado protéico de carne e determinação de parâmetros químicos e nutricionais. São Paulo: Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São

Paulo; 2005.

BALLESTER, D. et al.Diarréia persistente: revisão dos principais aspectos CLIVER, D.O.; RIEMAN, H.P. Foodborn diseases. 2° ed. Academic Press: Londres, 2002.

CORTEZ A. P. B. et al Conhecimento de pediatras e nutricionistas sobre o

tratamento da alergia ao leite de vaca no lactente. Rev Paul Pediatria

2007;25(2):106-13.

FERREIRA, R.S. Elaboração de fórmulas enterais artesanais de baixo

custo, adequadas em fluidez e osmolaridade. Universidade Federal de

Viçosa, 2009.

FRANCA, M.C. et al . Uso de mamadeira no primeiro mês de vida:

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Pública, São Paulo, v. 42, n. 4, ago. 2008.

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MATTOS. A.P et al Comparação entre iogurte, proteína de soja, caseína e

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PENTERICH, V. R. A. Desenvolvimento de preparações com hidrolisado

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São Paulo; s.n; 2006.

ROSSI, D. M. Biological evaluation of mechanically deboned chicken meat

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SILVA JR, E. A. Manual de controle higiênico-sanitário em alimentos. 5° Ed. São Paulo; Varella. 2002.

SILVEIRA FJF, LAMOUNIER JA. Fatores associados à duração do

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TOPOROVSKI, M. S. Conhecimento de pediatras e nutricionistas sobre o

tratamento da alergia ao leite de vaca no lactente. Rev. paul. pediatr., São

Paulo, v. 25, n. 2, jun. 2007

WEBER TK et al. Desempenho de pais de crianças em dieta de exclusão

do leite de vaca na identificação de alimentos industrializados com e sem leite vaca. Jornal de Pediatria - Vol. 83, Nº 5, 2007.

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