THESE
S
§
ÍPB
STIP&
3EM
MOVEMBRO
»E
t§?S
PARA OBTER0 GRAO
DE
DOUTOR
EM
MEDICINA
PELA
Msa&íMaa
soa
sama
JOSÉ
CARDOSO DE
MOURA
BRASIL
$'Mo(cêntimo de ^obí CatSoóo íBtaólfe2). Sêetesa JKWta$taôi£
"
%
BAHIA
Typograplii»
de
«I. Cí. Touiinlao.FACULDADE
DE
MEDICINA
DA
BAHIA.
DIRECTOR
O Ex.raoSnr. Conselheiro Dr. Yicenle Ferreira de Magalhães.
OSSRS.DOUTORES i.*ANNO. MATÉRIAS QCE LECCIONAM
Cons. Vicente Ferreirade Magalhães. [
%
s
D
c
,?Cffl
e
^
FranciscoRodriguesdaSilva ChimicaeMineralogia.
Barão da Itapoan Anatomiadescriptiva.
2.»ANNO.
AntoniodeCerqueira Pinto Chimicaorgânica.
JeronymoSodré Pereira.
...
. Physiologia.Antonio MarianodoBoinfim BotânicaeZoologia.
BarãodaItapoan RepetiçãodeAnatomiadescriptiva.
3.*ANNO.
Cons.EliasJoséPedroza Anatomiageralepathologiea. Joséde GóesSequeira
...
Pathologiageral.JeronymoSodré Pereira Physiologia.
Â.'ANNO; Cons.ManoelLadisláoAranha Dantas . Pathologia externa.
DemétrioCyriaco Tourinho Pathologia interna. ConselheiroMathiasMoreiraSampaio
j
p
"ícemnascidòs
8dC mulheres Pejadas ede meninos
8.»ANNO.
DemétrioCyriacoTourinho . . . : . ContinuaçãodePathologia interna. JoséAntonio deFreitas i
.j
A
%p™
eVo
0
s
POgrapmCa' Medicinaoperatória,
Luiz Alvares dos Santos Matéria medica,etherapeutica.
6.'ANNO,
RozendoAprígio PereiraGuimarães. . Pharmacia.
SalustianoFerreiraSouto Medicinalegal.
DomingosRodriguesSeixas Hygiene,eHistoriada Medicina. JoséAíTonsodeMoura Clinicaexternado3.*e4.»anno«
AntonioJanuáriodeFaria Clinicainternado5.°e6.'anno.
IgnacioJosédaCunha /
PedroRibeiro deAraujo }Secção Accessoria» José IgnaciodeBarros Pimentel. .
VirgilioClymaco Damazio ) Augusto* Gonçalves Martins j
DomingosCarlosdaSilva
J Secção Cirúrgica.
AntonioPacificoPereira
\
Alexandre Affonso de Carvalho . . .)
ManoelJoaquimSaraiva r
RamiroAíTonsoMonteiro > SecçãoMedica. EgasCarlosMoniz Sodré deAragão. A
ClaudemiroAugusto deMoraesCaldas./
O
Sr.Dr.Cincinnato Piuto daSilva.donruaiaMida
Q^mwàMà
O
Sr.Dr.Thomaz
d'Aquíno Gaspar.À
saudosíssima
memoria
de
meus
pais
DE
UEIIS
CUNHADOS,
»E MEUS
TIOS
E
DE
MEUS
AVOS.
O
Mãr»
Jfoão
Pedro
da
Cunha
Valle
E
DE
MEUS
CQLLEGAS
Mir.
Plínio de
Magalhães
e
Silva
AILUSTRÍSSIMA E FACELLEXTISSniASEXHOIU
AO ILLUSTRISSIMO SI\'R. COMMENDADOR
IRANCISCO
X
A
V
IE
R
MACHADO
e ásExcellentissimas Senhoras
omitia tlbacêaío e 2). JlWtux j^acuulêa «JlbacfiaDo
Pequenaprova de eternaamisadee gralidão.
Á
MEUS
IRMÃOS,
Á
MEUS
CUNHADOS,
A'
MEUS
TIOS
E a's suas excellentissimas famílias
A
MEUS
AMIGOS
OS ILLMS. SENHORES Jose Joaquim Machado
Dr. Arthur Cczar Rios
Ur. Paulino P. da Cosia Chastinet MisaelE. Campos
Angelo C. Dourado
Dr. Reunindo Gurgél d'Amaral Dr. Joaquim F. d'Alnicida Castro
PharmaceuticoJoaquim Antunesda Costa Barros
PadreJoaquim Manoel dOliveira Padre Daniel F. Aloura
A
MEU
ILLUSTRADO MESTRE
eásuaExcellenlissiiaaFamília
Muitagratidão.
AO DISTINCTO OCULISTA BRASILEIRO
O 1LLM. SENUORDR.
JOSÉ
LOURENÇO
DE
MAGALHÃES
Homenagemaomerit*.
Á
MEU
BOM
AMIGO
e »* /«
o
*-Dê'.
JTo
gé
Moreira
eá sua Excellcntissima Família
SENADOR DOMINGOS
JOSÉ tlOfiUElRA JAGUABJBEA
lflEUS
PRIHOS
PARTICULARMENTEOS SNRS.
G. Cardozo da Cosia Moura c Antonio Gurgél da Costa Nogueira
Coronel José Lopes Pereira de Carvalho
eásua Excellentissima Família
í
BI31
8
H3,1UST1£]D(DS
EDI
ST
IBS
OS SENHORES
tiv.
Oanelvio
C. TottrinFto,SSr. Fraaicisen Horti'iffi«e8 «laSilva
e Ituvua
tle Jrtapo€$t*AOS
MEUS COLLEGAS
DOUTORANDOS
OS SENHORES
Dr. Joaquim Onofre Pereira daSilva Dr. Cyrillino P. d'AInieida e Castro
l)r. Manoel Barbosa da Silva Dr. ManoelLeite deNovaes e Mello Pr. CandidoA. Machado Freitas Dr.Manoel de Sá Barreto Sampaio
Dr. João das Chagas Rosa
A
MEUS
CONDISCÍPULOS
PARTICULARMENTE OS SUS.Dr. Alfredo P. Freitas
Br. Antonio RodriguesLima Dr. RaulinoF. dOlivcira
l)r. Antonio Spínola deAthajde
Dr. Constâncio dos Santos Pontual Dr. Antonio RodriguesTeixeira
Dr. Pedro Augusto Borges
SECÇÃO
oCIRÚRGICA
TRATAMENTO
CIRÚRGICO
DA CATARATA
Oauniam scriptis,quorum nou gloria nobis Causa, sed
uti-litasofficumque fuit. (Ovídio.)
Peu de sujects eu ophtalmologie ont été, etàjustetitre,
1'objcct d'nne étude plus approfondie que le traitement
chi-rurgical de la cataracte. Cela s'explique sans peine; car lo
résultat d'une opération de cataracte, qui a réussi, est si
éclatant, quecette opératiou se placenaturellement dans
l'es-pritdcsihiludes,du publiqueet des medéciuseux-mêmes, au rang des plus grandsetdcs plus noblesefTorts dela science
bumaioe. (Critcbetl.)
PRIMEIRA
PARTE
DEFINIÇÃO
E
DIVISÃO
DA
CATARATA
hama-se catarata
uma
alteração do apparelho cristallinocara-cterisado por sua opacidade parcial ou total.
A
definição da catarata,bem
como
sua divisão,tem
sidoobjecto de dissensões, e opiniões diversas;
porem
n'estehu-milde trabalho,
em
que preferimosser conciso, omittiremos aslongas discussões, que a este respeito tem sido suscitadas, e
limitar-nos-hemosamencionar apenas oque ha de mais acceito
na sciencia hodierna.
A
classificação das cataratasem
lenticulares, capsulares, ecapso-lenticulares é a que nos parece mais rasoavel; porque
não só nos dá ideia de sua sede,
como
também
das alteraçõesde seus diversos elementos.
O
apparelholenticular compõe-se d'uma capsula(acristalloide) e d'uma substancia própria (camada cortical e núcleo) n'ella contida.O
estado histológico e chimico d'estes elementos pode ser alteradoparcial ou totalmente, e oppor-se a penetração dos raios luminosos no
própria do cristallino, orasimplesmentesua capsula, ou todas suas partes
constituintes entrão no processo mórbido.
Quando
a opacidade começar pelascamadas
corticaes anteriores ouposteriores a catarata
toma
onome
de cortical; no casoporem
em
que
só o núcleo é affectado ella é nucleolar; se for a capsula,
que
estiveropaca a catarata é capsular etc; appressemo-nos
em
dizer que estasdis-tineções são apenas notáveis noprincipio da moléstia.
Admittindo pois essa classificação, que é a adoptada pela maioria dos ophtalmologistas modernos, faremos aqui o seguinte quadro das diversas
subdivisões da catarata (1):
Iocataratascorticaesmollesousemi-molles<lamellares
posteriores
corticaescompletas
comnúcleofluctuante /lenticulares \2°cataratas liquidas
semnúcleo
,3
o
cataratasnucleolares ou duras {negras
/semestrias corticaes
lmixtasou comestrias
Iglaucomatosas \pétreas
pseudo-membranosas
semalteração do cristallino
j /congénitas, pyramidaes
traumáticas adquiridas
por abcesso da córnea
eapso-lenticulares
comalteraçãodocristallino
cataratas secundarias
5
Feito deste
modo
oresumo
das diversas subdivisões das opacidades docristallino, passaremos agora a descripção dos mcthodos, e processos
operatórios da catarata.
O
methodo
de extracção, verdadeira descoberta de Daviel (17-45),tem
sido dividido
em
processos modificados de maneiras muito variadas,com
o fimde tornar a execução da operação mais fácil, e o resultado definitivo
mais satisfactorio.
Primeiro
processo, extracção
a
retalho
—
A
incisãopra-ticada na córnea para a extracção do cristallino pode ser feita
em
suaparte superior ou inferior: no primeiro caso a operação
toma
onome
dekeratomia superior, e no segundo de keratomia inferior.
Apparelho instrumental
—
Os
instrumentos necessários para fazer-se essaoperaçãosão os seguintes:
uma
facade catarata(de Beer ou de Zehender)de que a parte cortante pode ser convexa ou recta;
um
blepharostato oudous elevadores;
uma
pinça de fixação; thesouras curvas finas,uma
depupilla artificial;
uma
curéta de Davielcom
o kystitomode Graefe, eum
gancho para pegar o cristallino
em
casos de luxações.Primeiro tempo da operação—
O
doente, sendoconvenientemente collocadoem
seu leito, e tendo a cabeçabem
fixa porum
assistente,um
ajudantehábil e conhecedor do papel importante, de que está encarregado, trata
de afastar as pálpebras de
modo
que o operador não seja denenhum
modo
embaraçado nas manobras, que deve executar; este ultimo, tendo namão
esquerdauma
pinça defixar, pegauma
dobra da conjunctivacom
o tecido subjacente á quatro millimetros para dentro do bordo interno e
superior da córnea.
Na
mão
direita tem, a maneira d'uma pennadeescre-ver, a faca de catarata, e
com
ella pratica a puneção na córnea a dous millimetros de distancia do bordo esclerotical,um
pouco acima dodiâ-metro horisontal; os dous últimos dedos
devem
ou ficar dobrados sobrea facepalmar da
mão
ou repousar sobre a região malar.A
ponta doins-trumento deve ser dirigida primeiro perpendicularmente a superfície da córnea até que tenha penetrado na camará anterior, então dá-se-lhe
uma
direcção parallela ao plano da iris, continuando-se até o lado opposto da córnea
em
um
ponto inteiramente symetrico, onde deverá serfeita a con-tra-puneção.O
illustre professor de clinica ophtalmologica, Wecker,recommenda
a aquelles que não sãobem
familiarisadoscom
a operação,de penetrarna camará anterior
com
a faca sempreem
um
planoparalleloexerce-se alguma pressão sobre o olho, e facilita-se a sabida d'uma parte do
humor
aquoso; accidente que difíicultaria muito a terminação da operaçãosem
ferir a iris; alem d'isto, os bordos do retalhonão serião tãoregulares, porque é impossível dar-se ao instrumento a
mesma
direcçãopara a contra-puncção.
Segundo Desmarres (pae) a secção da córnea não deve serde todo
ter-minada; este celebre pratico, para prevenir a sahida rápidado cristallino,
e o prolapso do corpo vilreo aconselha que se deve deixar
uma
pequena
parte do retalho
sem
ser excisada, ainda que seja a operaçãoum
pouco
mais prolongada.
Outros práticos, porém, fazem a excisão do retalho
em
um
só tempo.As
vantagens domodo
de proceder de Desmarres são incontestáveis, nãosó pelo quejáficou exposto,
como
porque não seexpõe aum
reviramentodo retalho, quando for abaixada a pálpebra superior, se o ajudante não
forbastante perito.
Terminado d'esta maneira o primeiro
tempo
da operação, retira-se oblepharostato, e deixa-se o doente repousar por
um
instante,recommen-dando-se-lhe que não contraia energicamente os músculos do olho, e
que
o tenha fechadotão brandamente quanto possivel, atim de não comprimir o globo ocular.
Neste acto alguns práticos aconselhão que se anime ao doente, e se o
faça convencer de que está passada a parte mais dolorosa da operação,
para que o cirurgião aproveitando-se de suatranquillidade possa
com
se-gurança proseguir no segundo e terceiro tempos,que
sem
nenhuma
du-vida são Os mais delicadosda operação.
Segundo
tempo—
Durante todo otempo
que se deixa ao individuo paratranquillisar-se, o operador exerce
uma
ligeirapressão sobre a pálpebra superior (applicada ao globo), para manter brandamente os bordos doretalho reunidos; esta precaução torna-se ainda mais urgente
quando
opratico tiver feito
em
um
sótempo
toda a secção da córnea. Feito isto, oajudanteafasta denovo as pálpebras, e o cirurgião iniciaosegundo
tempo
da operação, isto é, trata de abrir a capsula. Algunspráticos incluião este
delicado
tempo
no primeiro, e destemodo
abrião a capsulacom
amesma
faca,
com
que faziãoo retalho (1); porém, de accordocom
Wecker, JeagerCl) No momentoderetirar a facadacamaráanterior, aponta do instrumento, chegando
ao nivel do bordopupillar, Desmarres e outros fazião-na penetrar na cristalloideonde
7
c outros, preferimos
sempre
fazer a incisão da capsulacom
o kystitomo,sendo guardadas as regras d'arte.
Tara isto introduz-se na camará anterior o kystitomo
em uma
direcçãohorisontal,e
com
a ponta voltada parabaixo; depois de tel-o feito chegarno
campo
pupillar, faz-se-o executarum
movimento
de rotação,em
vir-tude do qual a ponta do instrumento põe-se
em
contactocom
acristalloi-de, c sendo retirado, segundo a direcção de seu eixo, pratica-se
uma
incisão dedentro parafora n'esta
membrana;
o cristallinosahindo rompe-a,formando retalhos triangulares; porém, sempre que fôr possível, é con-veniente fazer-se incisões múltiplas para dar sahida mais livre a catarata.
É
nesta occasião que o cirurgião deve ter serio cuidado, e dirigir-secom
summa
prudência, para evitar não só a contusão doslábios da ferida,como
para não ferir airisou destruirsuas inserções; e d'estemodo
preve-nindo-se a inílammação consecutiva.A
abertura da cristalloideé denunciada pela proeminência da catarata,maior dilatação da pupilla, e afastamento dos bordos da ferida, o que
tudo deve o pratico ter
em
vista para melhor poder guiar-se.Terceiro tempo. Sahida do cristallino—
A
pálpebra superioré só elevada; se oretalho não tiver sido terminado no primeiro acto, procede-se a secção
da pequena parte, que ainda une-o aos tecidos visinhos; se aocontrario o
retalho tiver sido logo terminado, o operador passa immediatamente a
expellir a catarata.
Para isto basta muitas vezes
uma
branda compressão sobre a parteinferior do globo ocular, auxiliada pela contracção dos músculos do olho;
vè-se então o cristallino executar
um
movimento
de rotaçãoem
redordeseu eixo transverso, e offerecer
um
de seus bordos a abertura dacórnea,por onde se escapa lentamente. Mas,
nem
sempre as cousas se passãotãofacilmente: pode acontecer que a compressão sobre o bordo inferior da
córnea, e a contracção dos músculos rectos não sejão sufficientes para
fazer sahir o cristallino; n'este caso o cirurgião deve ao
mesmo
tempo
comprimir obordo superior da córnea ou directamente
com
a curêta ou indirectamentecom
o dedo sobre a pálpebra superior, previamenteabai-xada.
Não
obstantea grande auctoridade deWecker, que prefere osegun-do
modo
de proceder, nos decidimos pelo primeiro, porque applicamosuma
força sobreum
campo
mais circumseripto, epodemos
até certoponto impedir o prolapso do
humor
vitreo.Algumas
vezes despojos dacristal-iino
em
sua passagem pelo esphincter pupillar, e pelos bordos da ferida;n'este caso dá-se
algum
tempo
a reproducção dohumor
aquoso paradiluil-os e facilitar sua sabida; depois, por
uma
pressão sobre oolho decima para baixo, procura-se dirigil-os para o vértice do retalho, por onde
sahe
com
maior oumenor
diíficuldade. Se, por ventura, o cirurgião não conseguir por este meio limparbem
ocampo
pupillar, deve recorrer acurêta de Daviel, ou a de Critchet para extrahirtodo o resto da
substan-cia opacificada, e assim prevenir o resultado feliz da operação, eapressar
a cura.
Têm-se
aconselhadonocasoem
que é improfícuo oemprego
da curêta, a introducção de pinças muito finas para extrahir conjunctamente aca-psula
em
parte ou totalmente; porém, além de que é preciso obrar-secom
extrema delicadeza, vê-seem
geral, após a primeira tentativa, a hérnia docorpovitreo, oque diíficultariamuito aterminação da operação,e até comprometteria seu resultado definitivo. Depoisdese terterminado
este tempo, e que o doente estiver tranquillo, afasta-se-lhe ligeiramente
as pálpebras para certificar-se do estado do olho; muitas vezes acontece
que elle não distingue logo os objectos que lhe são apresentados ou os
vê
com
cor diversa da que realmente tem; outras vezes, porém, logodepois da operação, o doente
tem
a vistabem
clara.O
manual operatório da keratomia inferiore obliqua nãodiffere do que acabamos de descrever para keratomia superior; apenas o cirurgiãocol-locar-se-ha a direita do doente ou por detraz conforme as necessidades. ModiGcaçõcs—
O
processo, que acabamos de descrever, não éum
pro-cesso simples,mas
modificado por diversos práticos: assim Desmarres(pae) para obviar o reviramento doretalho, suafalta de coaptação, e sup-puração propoz
uma
modificação, a que deo onome áo—Methodo
deex-tracção kerato-conjimctival.
N'este processo Desmarres praticava
um
retalho ás custas da córnea, eparte da conjunctiva; assimdepois de ter elleatravessado a córnea,
como
na keratomia ordinária, continuava a incisão por baixo da conjunctiva bolbar na extensão dalguns millimetros conservando este meio unitivo
entre esta e aquella
membrana,
depois do que passava aexpulsão daca-tarata.
Os phenomenos
mórbidos, quemuitas vezes complicão o resultadofinal da operação, não
tem
sempre seu ponto de partida na secção dacórnea,
mas
ao contrarioteem
sua séde na iris. Estamembrana
pode sero
ainda pela catarata
em
sua passagem através da pupilla contrahida, eentão porções variáveis de massas corticaes
podem
ser despegadas do núcleo, as quaesem
contactocom
ohumor
aquoso alterão-se, e irritãoo bordo pupillar,
augmentando
assim a intensidade phlegmasica dodia-phragma
ocular.A
esta irritação succedeuma
hypersecreçãomais oumenos
copiosadelíquidos, havendo
como
consequência immediata exagero de tensãoin-tra-ocular, e rotura das pequenas adherenciasjá formadas entre os
bor-dos da ferida.
A
todo este cortejo dephenomenos
complicativosaddicio-na-se
uma
hypergenese de cellulas introcapsulares, que mais tarde pode transformar-seem uma
verdadeira pyogenese, e todo o quadro mórbidoem
uma
suppuração intensa do olho.Estas considerações e algumas outras derão lugar a que muitos
práti-cos propozessem a excisão do iris.
Mooren
aconselhava, que se fizesse a iridectomiaduas ou tressemanas antes de íazer-se a extracçãoá retalho, ediz ter obtido por este meiore-sultados muito brilhantes. Pagemstecher eJacobson propozerão
uma
ou-tra modificação. Estes cirurgiõesfazião todooretalho na esclerotica
per-to de sua união
com
a córnea; depois excisavão o iris, e a catarata eraextrahida
como
de ordinário.Já vimos anteriormente que
uma
parte da substancia peripherica docristallino pode ficar adherente a sua capsula (depoisda extracção da
ca-tarata) e que mais tarde estes elementos assim
como
a cristalloidepodem
trazer
uma
opacidade secundaria, e por conseguinte nova perda davisão.Em
—
1773 Hichterjá propunha a extracção da cataratacom
sua capsula para prevenir esta causa aliásbem
frequente de insuccesso nomethodo
deextracção.Maistardeoutros práticos, d'entreelles Beer(1790) seguindo
as ideias de Richter extrahirão por este
methodo
cristallinos opacificados,e
sempre
com
êxito mais oumenos
feliz.Sperinoem 1858
descreveo muitobem
esta modificação da extracção áretalho mostrando ao
mesmo
tempo
suas vantagensem
certasvarieda-des de catarata, especialmente para as capso-lenticulares.
Segundo
processo.
Incisão
linear
simples
—
Dá-se onome
de incisão linear simples a
uma
pequena incisão feita as mais das vezesna córnea, ou por simples puneção
com
a faca de catarata,sem
contra-puneção, ou
com
a faca lanceolar.Este processo
comprehende
tres tempos: no l.o pratica-se a puneçãoda córnea,no2o a discisão da capsula, o 3o compõe-seda sahida da
cata-rata.
O
doente deve ser previamente submettido a acção da» atropina;chloroformisado se houver indicação, que auctorise.
Os
instrumentos empregados são osmesmos
que para a extracção á retalho,com
adiffe-rença, porem, de que mais geralmente se pratica a secção
com
a facalanceolar.
Primeiro tempo da operação
—
O
doente é deitado (1)em
um
leitoappro-priado, e depois de afastadas as pálpebras
com
o blepharostato oucom
os elevadores, pega-se
uma
dobra da conjunctiva á 3 millimetros paradentro do bordo interno da córnea; pratica-se a puncção á 2 millimetros
de distancia do annel esclerotical, dirigindo-se a faca primeiro
perpendi-cularmente a superfície da córnea até que se tenha penetrado na camará
anterior, o que se denuncia pela sensação d'uma resistência vencida,
abaixa-se então o cabo do instrumento, e dirige-se-o parallelamente a
iris. Feito isto retira-se a facalentamente na posição
em
que
se acha,ou melhorcom
a ponta voltada para a córnea para não ferir o cristallino, e sua capsula no caso,em
que tenha proeminado nacamará
anterior,depois da sahida do
humor
aquoso. Se o cirurgião reconhecerque
a facanão é bastante larga para fazer
uma
incisão sufílciente, nomomento
deretiral-a executa movimentos lateraes pormeio dos quaes golpêe os ân-gulos da ferida e a tornemaior; se isto não for bastante, e houver
neces-sidade d'uma secção maior servir-se-ha do bisturi botuado ou de
the-souras appropriadas.
Algumas
vezes a incisão é feita no bordoescleroti-cal, então será necessário praticar-se a iridectomia (Galezowslri.)
Segundo tempo
—
Na
execução d'este acto procede-se domesmo
modo
que para á extracção á retalho.
Terceiro tempo
—
Se as massas corticaes estiverem de tal sorte alteradasque se apresentem debaixo da forma liquida, depois de aberta a capsula vê-se logo toda a matéria derramar-se na camará anterior, d'onde por
uma
simples pressãocom
a curêta de Daviel sobre o lábio escleroticalda ferida facilmente se a expelle.
(1) Ainda que estaposição offereça maiores difficuldadesao cirurgião deve ser todavia
preferível, segundo os sábios conselhos de Graefe, Galezowskie Wecker, aser operado
o doentesentado, corno quer Desmarres; porque d'um lado oíTerecemos-lhe
um
pontod'apoio maissolido a sua cabeça, d'outro lado prevenimos até certoponto a hérnia do
corpovitreo; ainda mais deve-se observar que esta posição o tranquillisa mais, e o abriga dealgum modo dassyncopes a que na outra elle está sujeito.
ii
Porem
nem
sempre
as cousas se passão assim; algumas vezes estasmassas eonservão a integridade de sua cohezão, ou
mesmo
podeaconte-cer que a catarata tenha
um
núcleo pequeno, e a sua massaperi-phericamuitoadherente; nestascondiçõesé preciso queacurêta de Daviel
ou a de Critchet representem
um
papel importante na extracção.No
casovertente não será só pela pressão que o operador poderá expellira
cata-rata; é quasi sempre necessário a introducçãoda curêta;
mas
para se pro-ceder d'estemodo
é prudente,praticai'-se previamente, airidectornia,com
o fim de evitar a contusão da iris pelo instrumento.
A
curêta é introdu-zida nacamará anteriorcom
a superfície convexa voltada para a iris atétocar o
campo
pupillar; depois do que dirige-se-a quasiperpendicular-mente
ao cristallino, fazendo-se aomesmo
tempo
descreveruma
pequena rotação demodo
que sua parte concava seja collocada por detraz donúcleo; d'ahi dando-se
um
movimento
conveniente ao instrumentopro-cura-se retirar não só o núcleo
como
aquella parte da substanciacorti-cal, que a curêta puder apanhar. Esta
manobra
é repetidaalgumas vezescom
o fim de limparbem
ocampo
pupillar;porém
deve haver muitaprudência para não provocar-se maior irritação dos lábios da secção, e
da iris, podendo-se até deixar alguma partícula e confiar na dissolução e
reabsorpção d'ella
sem
comprometter o resultado da operação.Extracção
linear modificada.
(Processo de
Graefe.)
—
Primeiro tempo—
Incisão. Afastadas as pálpebras, fixa-se o globoocuhr
pegando
com
a pinça appropriada a conjuncliva domesmo
modo
que no processo anterior.O
ponto onde obra a pinça de fixação deve ser diametralmente op-posto á aquelle,em
que se tenha de praticar a incisão; por conseguinte abaixo do bordo inferior da córnea, quando se quizer fazer a incisão naparte superior, e vice-versa. Isto não é
sem
importância, porque desdeque a faca penetra até a terminação da secção, o globo ocular impellido
por
uma
força executará necessariamentemovimentos
em
virtude dosquaes as situações escolhidas pelo operador
podem
ser facilmentedes-viadas e o defeito da incisão trazer serias complicações.
O
cirurgião tendo namão
direita a faca de Graefecom
o corte voltadopara cima, a introduz na esclerotica á
um
millimetro da circumferenciada córnea.
Segundo
Graefequando
se pratica a punção não se deve visar logo opouco obliquamente de cima para baixo até que tenha penetrado na
ca-mará
anterior; então eleva-se a ponta da faca para o logar inteiramentesymetrico, onde se faz a contra-puncção.
Este
modo
de proceder do illustre professor de Berlin é desumma
importância paraaugmentar aferidainterna;mas
logo que a contra-punc-ção é feita, dá-se a lamina da facauma
ligeira inclinação para diante,impellindo-a n'esta direcção, e ao
mesmo
tempo communicando-lhe
um
movimento
deserra até cortar os restos daconjunctiva,que
seantepõem
ao instrumento.
Segundo tempo. Excisão do iris
—
Se ohumor
aquosoem
sua sahida tiverarrastado oiris, o cirurgião confiando a pinça defixarao ajudante etendo
na
mão
esquerdauma
pinça de pupilla pega amembrana
herniada na ferida pucha-a brandamente paradiante, efazaablação da porçãoher-niada
com
thesouras curvas;porém
se o diaphragma ocularnãoapresen-tar-seexpontaneamente ao exterior,oque podeterlogar
em
consequênciade adherencia (Graefe,) então tomar-se-ha a pinça de pupilla artificial,
leva-se-a na camará anterior até a
margem
pupillar do iris, ahi abre-sea pinça tanto quanto permittir a extensão da incisão para receber
uma
dobra damembrana
e depoisde fechada retira-se a porção correspondentea ferida para o exterior. Se o cirurgião dispuzer de ajudante perito pode
não deixar a pinça de fixar; o corte doiris será confiado aelle,
que toma
a thesoura e
com
ella comprimindo brandamente o globo ocular excisa oretalho tão junto quanto possível da ferida.
É
da maior importância nãodeixar
nenhuma
porção do iris entre os lábios da ferida; Graefe e Arltrecommendão
muito que se revire previamente o retalhokerato-conjunc-tival sobre a córnea para
bem
descobrir abase damembrana
ena excisãonão deixar
nenhuma
porção que possa encravar-se e provocarcomplica-ções, que diíficultem a cura.
Terceiro tempo. Discisão da capsula—Recentemente
um
distincto oculistabrasileiro, o Sr. Dr. José Lourenço propoz que se faça a kystitomia
com
uma
pinça de sua invenção, a qual elle deu onome
de pinça-hystitomo.É
realmenteum
instrumento muito engenhoso,como
o são outros domesmo
auctor, e que tantodevem
elevar onome
do illustre pratico,uma
das glorias da cirurgia brazileira, e
que
tem
sabido conquistarum
lugar ao lado dos Graefes, Galezowskis,Wecker
etc.Na
descripção domanejo
13
da pinça- kystitomo julgamos conveniente transcrever as palavras de seu
inventor: (1).
c
Pour
atteindre, diz este pratico, lejbut auquel jeme
proposed'ar-river, je
me
serve d'une pince qui a été fabriquée par M. Collin surmes
indications,
Avec
cette pince je parviens à enlever d'um seul coup lapartie de la cristalloide antérieur qui se presente entre ses branches.
Voici
comment
je procède:L'incision sclero-cornéenne et 1'excision de Firis etant patiquées je
tournc la pince-kystitome, les branches fermées, de manière que sa
concavité regarde le côté nasal de 1'ceil, et je peneire dans la
chambre
antérieurc
jusquà
ce quejarrive prés de la partiemoyenne
et inférieuredu
bord pupillaire. Pendant 1'entrée de la pince, lesgriffes qui gamissent une partie de ses bords terminaux ne doivent pas toucher les lèvres de1'incision. Arrivé là, je tourne la pince de manière que les griffes regar-dent la capsule
du
cristallin,j'ouvrelesbranches autantqueme
lepermet1'espace pupillaire, je touche la partie correspondente de la capsule en
appuyant
doucement
contre le cristallin, et je ferme brusquement lapince. Les griffes saisissent alors la portion de la capsule comprise entre
leursbranches et la déchirent completement.
Je dois ajouter qu'avant de tourner la pincedansla
chambre
antérieur,je lève son extremité et la rapproche de la face postérieure de la cornée
afin d'eviter que pendant ce
mouvement
les griffesneblessent lacapsule.La pince une fois fermée, je la tourne de nouveau surle côte et la retire
en la maintenant dans la
même
position queje lui avais fait pendre enentrant. d
A
cristalloide anterior sendo d'estemodo
em
grande parte extrahida,é claro que previne-se o desenvolvimento d'uma catarata secundaria; e
foi esta a ideia, que preoccupou o espirito esclarecido do distincto
oph-talmologista, que diz-noster tiradosempre
bom
resultado de suasnume-rosas experiências sobre animaes, e nas operações de catarata sobre o
vivo.
A
extracção do cristallinocom
a capsulatem
sido tentada por vezes sendo differentes os processos, que segundo nos parece expõe á roturada hyaloide, e portanto a hérnia considerável do corpo vítreo; accidente
grave,
quando tem
logar n'estas proporções, e a que a pinça-kyslitomoestá
bem
longe de expor.O
processo, pois de Delgado (de Madrid) e deSperino está
em
nossa fraca opinião, distante do que propõe o illustreoculista brasiliroprincipalmente
em
relação as consequências immediatasda operação.
Quarto tempo. Extracção dacatarata
—
A. execução d'este acto da operaçãovaria de conformidade
com
a consistência da catarata.Quando
o núcleo écercado d'uma espêssa
camada
de substancia cortical molle é sufficientecomprimir
com
o dorso da curêta o bordo esclerotical da incisão; vê-selogo o cristallino desprender-se de sua capsula executando
um
pequeno
movimento
de rotaçãoem
volta de seu eixo borisontal e apresentar seu bordo entre os lábios da ferida. Se estapressão napartemedia
da incisãonão bastar para expellir a catarata, será conveniente fazel-a
successiva-mente
d'um a outro angulo da secção,como
procedem
alguns práticos;porém
quando a massa cortical for muito delgada amanobra
de resva-lamento empregadacom
a curêtapode nãoaproveitar; n'este caso o pratico se verá na contingência de introduzir na capsula o ganchorhombo
ou acurêta, e por este meio extrahir a catarata.
Quinto tempo. Depois de se ter dado
algum tempo
derepouso ao doente durante o qual deve conservar o olho fechado, passa-se a examinar seficarãoalguns despojos do cristallino atraz do diaphragma ocular.
Quando
reconhecer-se restos da substancia cortical adherentes acap-sula ou livres, procede-se do
modo
que já ficou indicado nosproces-sos anteriores; não esquecendo, porém, o pratico que deve ser muito reservado naintroducção de instrumentos;
em
alguns casos lhe será mais conveniente a parcimonia, ainda que tenha de tratard'uma
cataratasecundaria;
porém
não se deve expor a provocaruma
phlegmasia,que
possa comprometter o resultado da operação.
Extração linear combinada (processo de Galezowski.) Estepratico julgando convenientea extracção de certas cataratas depois de sua completa
matu-ridade, divide a operação
em
dous temposbem
distinctos: no primeirofaz discisões successivas (as mais das vezes tres)
com
o fim de amolleceras cataratas corticaes incompletas, e estacionarias; no segundo elle
pra-ticaa extracção linearsimplesou
com
excisão do iris tres a quatrosema-nas depois da primeira discisão.
15
que a opacidade do cristallino percorra todas as suas phases
em
menos
tempo.
O
processo de Liebreicli nãoé mais do queuma
modificação daextrac-ção de Graefe; nota-se que aquelle auctor
em
logar de fazer a incisão napartesuperior do globo pratica a na parte inferior, e de
modo
que a partemedia
da secção seja feita na córnea; o elevador assimcomo
a pinça defixar são retiradas desde que a capsula estiver aberta.
O
Dr. Liebreich não se serve da curêtanem
do ganchocomo
instru-mentos de tracção,
porém
apenas usa da curêta para executaromovimento
de resvalamento indicado por Graefe tendo-se na
mão
esquerda a pálpe-bra superior através da qual secomprime
o olho.Curativo. Feita a extracção, e cuidadosamentelimpaa ferida, passa-se a
applicação do apparelho, que deve manter os bordos da ferida
em
justaposição. Este apparelho é extremamente simples e consiste
em
applicar-se immediatamente sobre
ambos
os olhosuma
compressabem
fina ebranda, por cima da qual colloca-se
uma
camada
de pequenas bolas defio demaneira que toda cavidade orbito-nazal fique completamente cheia,
uma
atadura de linho ou ílanella de 4a 5 centimentros de largura e 4 á5 metros decomprimento
c applicada sobre as bolas defio nos dous olhos;tres a quatro voltas são ordinariamente sufficientes para prender o
appa-relho.
O
doente deve ficar deitadoem
suacama
na posição horisontal ouli-geiramente inclinado para o lado opposto ao olho operado; deve conser-var-se
em
completa immobilidade durante os dous primeiros dias (aomenos,
quando
tiver sido operado pelo processo de extracção á retalho,)na extracção linear modificada
porem
os doentespodem
por necessidade passar os primeiros dias fora do leito (Graefe.)Vinte e quatros horas depoisda operação deve-se levantar oapparelho
e examinar
com
muita attenção o estado do olho; se existe ou nãoalte-rações na córnea; se ha
alguma
irritação intlammatoriadoiris, e de outraspartes do olho, para convenientemente combatel-as.
Graefe costuma levantar o apparelhono primeiro dia 5 a 6 horas
de-pois da operação, e nos dias subsequentes
uma
a duas vezes por dia,tendo sempre o cuidadode fazerinstillações d'umasolução concentrada de atropina desde o 2.» dia para prevenir a adhesão do iris a capsula.
No
regimen pode-se permittir
uma
branda alimentação, e que não sejapessoa para evitar que elle leve as
mãos
aos olhos durante osomno
ouao despertar, e
uma
pressão involuntária possa dar logar aconsequênciasmuito graves.
Methodo
de
discisão
—
Observaçõesnumerosastêm
demonstradoque o
humor
aquoso exerce sobre ocristallinouma
acção dissolvente tãoenérgica, que
em
um
individuo, no qual a capsula cristalloide anteriorlenha sido rompida o cristallino desapparece algumas vezes
em
poucosdias. D'ahi nasceo
um
methodo
operatório á parte, cuja execução é ex-tremamente simples, e despido do cortêjo apparatoso, queacompanha
aos outros debaixo dc qualquer ponto de vista que se o encare.
O
methodo
de discisão divide-seem
discisão simplesmente da capsula, e discisão da catarataem
massa ou dilaceração, conforme quer-se fazersó
uma
incisão na cristalloide, ou pretende-se conjunctamente interessara substancia do cristallino.
Primeiro. Discisão da capsula. Afastadas as pálpebras, e fixo o olho,
in-troduz-se a agulhade Galezowski ou ade
Bowman
na córneaem
seudiâ-metro horisontal á2 millimetros da esclerotica até o
campo
pupillar pre-viamente preparado pela atropina; chegando ahi o instrumento, pratica-se na cristalloideuma
incisão por onde o liquido dacamará
anterior seponha
em
contactocom
a substancia do cristallino; depois doqueretira-se o instrumento
com
precaução para evitar a lesão do iris.Alguns práticos preferem fazer muitas incisões
em
diversos sentidospara deixar
uma
superfície mais larga do cristallino á descoberta, poronde se possa fazer
uma
embebição mais rápida dacatarata.Graefe aconselha que se pratique antes a iridectomiapara então
fazer-se a discisão da capsula pela córnea; ha neste
modo
de procederalguma
rasão de ser; porque não só facilita-se a
manobra
operatória,como
pre-vine-se a phlegmasia consecutiva.
Bowman
faz a discisãocom
duas agulhas penetrando pela córnea.A
discisão da capsula podetambém
ser feita pela esclerotica;porém
osresultados da operação pela córnea, são
como
acabamos
de descrever,mais certos, porque não é tantas vezes
acompanhada
de accidentescom-plicativos.
Segundo. Dilaceração da catarata.
Assim
como
a discisão simples estaoperação podeser feita por escleroticonyxis, e por keraíonyxis.
pra-17
tica-se a puncção na esclerotica (para a escleroticonyxis)
com
aagulha decatarata á 3 millimetros do annel eselerotical,
ao nível do diâmetro
hori-sontal da córnea; a agulha caminha entre o cristallino e a iris até a
pu-pilla, chegando ahi faz-sepenetrarprofundamente nacataratapor incisões
em
todos os sentidos, para reduzil-a afragmentos.Para dilacerar-se a catarata penetrando-se pela córnea procede-se do
mesmo modo
que para a discisão simples,com
a differença, porém, deque
o cirurgião nao se limita a incisar só a cristalloide;mas
desaggregaprofundamente a substancia do cristallino.
As
desvantagens quanto aoresultado definitivo da operação (apressemos-nos
em
dizel-o) os accidentesconsecutivos de extrema gravidade, são tão inherentes a este processo
operatório, que a expressão final é quasi sempre a perda do olho, não
obstante a applicação repetida da atropina, e do gêlo;
em
vista de tãograndes complicações,
como
as iritis, iridochoroidites, ritinites etc. esteprocesso deve ser
empregado
com
muita reserva.SEGUNDA PARTE
ANALYSE
DOS
METHODOS
E
PROCESSOS OPERATÓRIOS
DA
CATARATA.
Quand od ycuíjugerconsciencieuseiueiit
uue méthode opératoire, on doit suivre,
jusque danslespluspetits détails, )e
ma-nual opératoire de 1'auteur que l'on veut
iaiiter. (Graefe.)
Depois de termos feito
uma
breve desoripçâo dos methodos, e dos pro-cessos operatórios maisseguidos, procuraremos aprecial-os, e mostrar aqual d'elles
damos
preferencia; certos de que se não satisfizermos asexi-gências da lei exhibindo conhecimentos depurados no cadinho da
obser-vação e experiência próprias, não é
em
grande parte culpa nossa;porém
é devido a pobreza de estudos práticos
em
nossa Faculdade.Sem
sombra
de pretenção aos foros de escriptor,nem
habituados ao systema electivo da imprensa,sem
outro galanteio de estillo que abrosidadcd'umasciencia essencialmente pratica, sentimos n'este
momento
confranger-se-nos o coração
quando meditamos
seriamente sobre nossadeficiência daptidões para preencher o
mandatum
da lei,que
exige denós esta prova.
Mas empenhados
n'esta luta desegual, tendod'um
lado agrandeza do assumpto e do outro a inópia de habilitações, procuraremos todavia desenvolvel-o conforme nossas débeis forças.
Antes de tudo, porém, cumpre-nos dizer que só consideramos
como
methodos
úteis na therapeutica cirúrgica da catarata o de discisão e decxlração
com
algumas modificações, que são verdadeiras conquistas dasciencia hodierna, e formão ocorpo de delicto dos
tempos
passados.N'esta ligeira descripção, que fizemos d'estes
methodos
omittimos o deabaixamento; porque d'accordo
com
os progressos reaes da scienciamoderna, e
em
presença das consequências gravíssimas queacompanhão
a operação porestemethodo, julgamos que deveser proscripto dos annaes
da cirurgia e que deve já fazer parte integrante da historia da cirurgia
oculista.
É
ainda acastellados sob a auctoridaded'um
vulto proeminenteem
ophtalmologia o ilíustre oculista allemão, Wecker, queousamos
fallar d'este modo. Diz este distincto pratico: <r La pensée de chasser ducamp
pupillaire une cataracte dure,
em
1'immergeant dansun
milieu tel que lecorps vitrée, oú, loin de se dissoudre, elle peut agir à la manière des corps étrangers, est démontrce si peu rationelle, dans 1'état present des connaissances cliniques, etanatomo-pathologiques que nous avonssérieu
siment hesite à décrire cette
methode
de traitement. »Na
escolha do processo operatório da catarata é de grande necessidadeque o pratico tenha muito
bem
baseado o diagnostico de suas differentesformas: é o ophtalmoscopio, são as affecções mórbidas diversas, as
dia-iheses, a idade do individuo, que fornecem dados seguros para
em
plenainteireza de consciência o cirurgião dar preferencia a este ou aquelle
methodo
eprocesso; notando-se quecom
oprogresso, que nestes últimos temposa ophtalmologiatem
apresentadora tendênciasincontestáveisparaa reducção dos numerosos meios porque se tentava restituir a visão aos indivíduos cataratados, alguns d'elles até inconsequentes
eom
o resultado desejado.As
affecções mórbidas capazes de embaraçar ou contraindicar aopera-ção são
umas
locaescomo:
asmanchas
da córnea, sua inílammaçãoaguda ou chronica, o entropion, o ectropion, a trichiasis, estaphilomas,
19
seria consideração: a syphilisconstitucional, orhcumatismo, osaccessos de tosse, affecçôes orgânicas do coração, dos intestinos complicadas de
diar-rhea, as moléstias das vias urinarias, hérnias, são tantas circumstancias,
que
podem
comprometter o resultado felizduma
operação, e que oci-rurgião perito não deve esquecer quando tiver de escolher
um
methodo
de operação, preferindo
em
um
casoa discisâo,n'outro a extracção. Já dissemos acima que não consideramoscomo
methodos susceptíveisde resultadosmais numerosos senão a discisâo, e a extracção á retalho ou
linear modificada; agora
vamos
daras rasões que noslevão a preferir
es-tes e negar a importância especialmente do abaixamento, detestável
ope-ração,
como
muito judiciosamente lhechama
Desmarres; a qual narea-lidade teve muitos sectários nos tempos
em
que a sciencia estavaenvol-vida
em
trevas;mas
que 6 grande injustiça aos conhecimentos actuaes opratico pegar na agulha paraexecutal-a.
O
methodo
deabaixamento deveser proscripto pelas seguintes considerações: o cristallino retirado do
campo
pupillar, e collocado entre as cellulas dohumor
vitreo não en-contra ahisempre
um
corpo bastante resistente para o prender; ésuffi-ciente pois algumas vezes
uma
branda contracção dos músculos do olhopara determinar sua ascensão immediata, e aniquilar o resultado da
operação. Ainda
quando
o resultado immediato forlisongeironão se podeconfiar muito na restituição da importante funeção, que nospõe
em
con-tacto
com
omundo
exterior, porque a cataratadeslocada ou grande partede seus despojos
podem
vir muitotempo
depoiscollocar-se atraz do iris,e
em
todo caso ser frustrada aespectaliva do operador.A
catarata des-locada obrasempre
como
um
corpo estranho, irritando aquellas partescom
as quaes estiverem
contacto:uma
irido-choroidite podelogodesen-volver-se (o
que
em
geral succede,) e a saúde do operado serprofunda-mente
affectada; nevralgias intensas tormentão noite e dia aos doentes,contra as quaes todo o tratamento medico é algumas vezes improfícuo,
e o cirurgião vê-se então na contingênciade praticara extirpação doolho
para o salvar das garras da morte.
Mesmo
quando o cirurgião estiverem
presença de certas cataratas complicadas,
como
nas capso-lenlicularesadherentes
em
que alguns práticos kidicão o abaixamento, nós seguindoos conselhos de Desmarres procuraremos sempre substituil-o pela
dis-cisâo ou pela extracção linear modificada (combinada)
como
maisfecundaem
resultados favoráveis. Diz este eminente pratico: «1'extractiond'aprèsplus favorable pour arrêter les irido-choroidites chroniques consiste à
exciser 1'iris, on ne dévra pas craindre d'enlever d'abord
un
largelam-beau de cette
membrane
pourfaire place àla sortie dela cataracte etplustard, à 1'entrée de la iumicre, car cette perte de substance dans le
dia-pragme
estun
excellentmoyen
de prevenir 1'inflammation traumatiquedu
globe.»Não podemos
negar, é verdade, que algumasvezes (muitora-ras) o processo de reabsorpção do cristallino deslocado seja rápido;
que
a phlegmasia das diversasmembranas
do olho entreem uma
phaseregres-siva; quea hypersecreção de líquidos diminua por que vai diminuindo a
irritação e a cura possa ter logar;
phenomeno
excessivamente raro,que
ninguém
o pode prever através d'unvfuturo tão espêssocomo
aquelleofferecido pela operação deabaixamento que conta
sempre
mais victimasdo que successos.
O
cristallino obra aindacomo
corpo estranho não somente durante osprimeiros dias,
mas
porum
tempo
indeterminado.Nos
velhos, porexem-plo,
em
que o núcleo cristallino éem
geralexcessivamente duro suaem-bebição não tem logar, e muito
menos
sua reabsorpção; n'estascondiçõeselle persiste
sem
alteração entre as cellulas dohumor
vilreo muitosan-nos. Desmarres falia d'um doente, que tinha operado pelo
methodo
de abaixamento, havia muitos annos, e que acabou pela morte depois deter soffrido durante quinze mezes as dores mais atrozes; a catarata tinha por sua presença determinado
uma
iridochoroiditeacompanhada
dene-vralgias circumorbitarias as mais terríveis.
Este pratico refere ainda numerosos factos d'este género,
que
seriafastidioso enumeral-os todos,
porem
que provão a nullidade doabaixa-mento.
A
catarata deslocada além dos gravíssimos inconvenientes dain-flammação das
membranas
do olho, e seu cortêjo de perturbações, pode ainda produzira perda completa da visão, querpelo descollamento dare-tina, quer pela escavação do nervo óptico; tudo istosendo a expressão do
augmento
devolume
do cristallino, e pressão intra-ocular exagerada. Ainda pelos laços sympathicos, queprendem
um
olho ao outro,pode
manifestar-se depois do abaixamento afíecções
bem
graves do olho não operado.Não
é raro ver-se desenvolver por essa sympathiauma
irido-choroidite,
uma
amaurose no olho não operado, e muitas outrasaltera-ções, que tirão sua origem nas desordens causadas no olho operado, pelo
cristallino deslocado, preenchendo o papel
d'um
corpo estranho, e o21
salvar ao outro tão seriamente compromettido, quandojá o infeliz doente,
victima da desgraçada escolha do cirurgião, tem soffrido o terrível
sup-plicio de atrozes dores por muitos dias.
Eis o que a respeito desta operação diz
um
pratico d'esta capital o Sr.Dr.
Domingos
Carlos: «O
abaixamento, pois, era possível de resultadosalém de prejudiciaes ao olho operado
mesmo,
capazes de consequênciasdesastradas, e até então imprevistas,
em
relação ao outro olho.É
paranotar a frequência maior d'esta complicação depois de similhante opera
-ção, do que
em
relação aos outros casos de irido-choroidite e decon-sumpção
ocular. »Alguns observadores consideram
como
imprescindivel a indicação do abaixamentonos casosem
que o corpo vitreo se acharamollecido; porquese o pratico quizer extrahir ocristallinocorrerá o perigo deextravasartodo
o
humor
da hyaloide antes de fazer sahir a catarata. Seria incontestávelseo pratico estivesse collocado naestreita arena de selleção entre o
abai-xamento, e a antiga extracção;
porem
felizmente a discisão, e o processomoderno
(extracção linearcombinada)vêm
preencher não sóestaindicaçãodo improfícuo
methodo
de abaixamento,como
a muitos outros,em
que outrora se empregava, apesar dos protestos continuados de successosinfelizes.
Quando
depois de ophtalmias internas setem
estabelecidoadherencias entre a capsula cristalloide e o iris; quando
em
presença deuma
catarata dura e volumosa a queacompanhão
complicações geraes elocaes, que contra-indiquem a extracção, o pratico lançará
mão
da agulha não para abaixar o cristallinomas
para abrir sua capsulauma
e muitas vezes para submettel-o a acção dissolvente dohumor
aquoso.O
resultadomais seguro no caso figurado é o do processo de Graefe, porque não ê muito
commum
ver-seuma
catarata endurecida dissoiver-secompleta-mente
pelaacção doliquido dacamará anterior; por conseguintea discisão éalgumas vezes seguida demáu
êxito.Em
presença d'estasconsideraçõeso cirurgião consciencioso escolherá nunca o methodo, que procuramos
combater?
A
discisão e a extracção linear combinada não o substitueem
todos os casos?
É
verdade que a discisão expõetambém
ao phlegmão doolho, a tisica e a outras consequências funestas,
porém
em uma
escalamuito inferior a cifra, que offerece a outra operação de agulha.
A
cirurgiamoderna
tem
dadoum
passo brilhante, quando procurabanir da therapeulica da catarata o abaixamento; porque não é só
um
o berço da medicina e se
em
um
caso as forças orgânicas forão tãoenér-gicas para eliminar toda catarata e restituir a visão ao operado é isto tão
raro, que não autorisaao cirurgião ajogar
com
uma
funcção tão preciosa.O
corpo vítreo não gosa denenhum
poder dissolvente enem
absorventeeé por esta razão que se tem encontrado o cristallino
em
olhos operadospor abaixamento, muitos annos antes, sem ter soffrido
nenhuma
alteraçãoe que se
tem
vistoem uma
epocha muito afastadada operaçãodesenvol-ver-se
uma
inflammação intensa dasmembranas
internas do olho não cedendo anenhum
tratamentoemquanto
persistir a causa irritativa.Graefe cita casos
em
queuma
iridochoroidite se manifestou seis annos depois da operação.Galezowski falia
duma
doente operada pelo abaixamento, a qualgozuu por espaço de dous annos de perfeita vista; mais tarde, porém,sem
causa conhecida, a catarata passou, a
camará
anterior, d'onde foi extrahida depois de muitosoffrimento da doente.
Nos
indivíduosem
queas forças orgânicassãoextremamente
enfraque-cidas ou por moléstias que tenhão anteriormente soffrido, ou pelo facto
mesmo
da idade adiantada as indicações da extracçãodevem
sermuitocircumscriptas; quando muito se praticará a linear combinada, porque a
reunião por primeira intensão na extracção á retalho é desgraçadamente
difficil.
Algumas
vezesum
accidentebem
grave pode manifestar-sen'estascondições, e
com
prometter para sempreo resultado da operação,—
quere-mos
fallarda necrose doretalho, esuasuppuraçãoem
totalidadecom
todos seussymptomas
aterradores. Muitos práticos indicão no caso vertente oabaixamento da catarata, não observando que se
d'um
lado obvião esseinconveniente, provocão outros ainda mais graves,
como
ophlegmão
detodo o olho, nevralgias intensas, devidas a compressão dos nervos
cilia-res, a suppuração,e finalmente,
em
alguns casos, a mortevem
completareste quadro sombrio, depois de longo soffrimento.
.
A
discisão estábem
longe de offerecer inconvenientes tão sérios; equando
alguns se manifestem éem
tão pequena escala, que permitliráõsempre
ao cirurgião empregal-a.A
extracção linear combinada podelam-bem
neste caso serseguida de felizêxito; é portanto a perícia do pratico,o pleno conhecimento do estado geral do doente, que forneceráõ osdados para preferil-a á discisão e vice-versa; certo de que o
methodo
deabai-xamento
nãotem
razão de ser.Nos
indivíduosem
que
a camará anterior23
que senão queira expor a offender oirisnoacto de penetrar o keratotomo na camará anterior, se o pratico
em
logard'este raethodo simples preferiro processo de Graefe.Ainda opequenoespaço da camarádo
humor
aquoso pode de tal sorte dificultar aextracção completa dacatarata, eem
grande parte concorrer para o desenvolvimento de accidentes consecutivos, queo cirurgião praticando- a deve estar de sobreaviso, e preparado para
com-batel-os.
É
bem
raro que no caso figurado todos osdespojosdo cristallinopossãoser extrahidos, e a sua presença, atraz do iris, além da catarata
secun-daria, pode provocar a inflammaçãosubsequente d'esta
membrana,
acom-panhada de hyperplasia cellular, e de outros
phenomenos
succedaneos dairritação.
A
discisão é ainda omethodo
que,em
geral, se deve escolher para osindivíduos nervosos,fracos,atacados de moléstias do coração, dos
intesti-nos complicadas de diarrhéa, de asthma, tosses rebeldes, etc,
em
que osesforços do doente, a falta de repouso necessário
podem
comprometter oresultado final da extracção.
O
abaixamentodacatarata, pois,tem
sidoempregado
em
todos os casos acima referidos;porem
aindauma
vezdiremos que quaesquer que sejão as consequências da discisão e da extracção linear combinada serãoem
these
menos
graves, oíferecerãocomtudo
factos maisnumerosos de cura do que omethodo
retrogrado, que nos inspira tão pequena confiança.Nos
meninos até a idade de quinze annos, nas cataratas congénitas adiscisão
tem
tidolargoemprego
por Desmarres, Galezowski, Geager, etc,e coroada d'umacifra
bem
considerável deresultados felizes. Suaindica-ção é aqui plenamente justificada, já pela natureza da catarata, já pela
promptidão
com
quesefaz a reabsorpeão detodamassa liquefeita;como
ain-dapelaimpossibilidade deosmantertranquillos noleito; a extracção aqui
(apezar de ter sua indicação) é extremamente difficultosa,
em
virtude dapouca docilidade d'estes indivíduos, e o pratico o mais perito seriamuitas vezes collocado na contingência ou deferir a iris ou de talhar
um
retalho irregular, que diminue as phases d'uma prompta cura.O
trabalho de embebiçãomarcha
ordinariamentecom
lentidão,porem sem
causarmaiorsoffrimento ao doente;
em
alguns casos ha simplesmenteuma
ligeirainjecção perikeralica de pouca duração,
em
outrosporém
cadauma
deliasé
acompanhada
de muitas dores e de perturbações mais oumenos
graves.por longo tempo,
porém
que por sua posiçãodifficultede tal sorte a visãoque o pratico seja obrigado a pôr de parte a politica medica, e lançar
mão
da faca para fazer a extracção; a discisão aquitem
plena indicação,porque pode porsi só curar, ou ao
menos
collocará a catarataem
condi-ções mais favoráveis para ser extrahida.
A
discisãocom
duas agulhas presta serviços incontestáveis, debaixodo ponto de vista funccional, nas cataratas consecutivas ao traumatismo ou aoperação,porquepermitte aocirurgião prender
com
uma
aopacidade,e
com
a outra destruil-a, ao passo quecom
uma
só agulhamesmo
em
mãos
muito hábeis seria difficil por causa da facilidadecom
que ella sedesloca no acto de se destruir suas adhereneias,
A
discisãotambém
pôde terseus inconvenientes, que a perícia dopra-tico pode até certo ponto obviar: assim se a capsula é a primeira vez
logo aberta
em
uma
grande extensão, ou se pelo facto da inflammaçãoimmediata da substancia cortical
uma
ferida pequena da cristalloidete-nha tomado
maiores proporções,o cristallino fazhérnia através da incisão,penetra
em
íórma de cogumello na camaráanterior ondeoccasiona grandeirritação
acompanhada
d'uma phlegmasia intensa.Quando
istotem
logar não ha quehesitar, deve-se o mais breve possivel recorrer a extracçãoli-near combinada, porque então a catarata tendo soffrido
uma
embebição considerável acha-se sufficientemente amollecida para escapar-secom
facilidade pela pequena incisão esclerotical e o
phlegmão
entranuma
phase regressiva
em
muito pouco tempo.Um
outro accidente pôdeapresentar-se no tratamento da catarata peladiscisão, depois da segunda ou terceira operação: é o ferimento da
hvaloide.
O
cristallinotendo consideravelmente diminuído devolume
em
seguidade sua reabsorpção,pôde ser logoatravessadopela agulha,que excedendo
seus limites posteriores vae ferir a
membrana
dohumor
vitreo, o que dálogar a sahida d'este corpo até a camará anterior, onde provoca inflam
-mações
exsudativas debaixo de cuja influencia a pupillapode
contrahir adhereneiascom
a catarata oucom
seus despojos e a difficuldade serau-gmentada
para operações subsequentes. Pronunciando-nos assim ares-peito do abaixamento e da discisão passaremos agora a tratar dos
pro-cessos de extracção, quesão o verdadeiro tratamento da catarata. Ja
dis-semos
precedentemente queo processooperatório da catarata só pôde ser25
do individuo, o qual pode ter
uma
influencia directa ou indirecta nore-sultado final da operação: não obstante ser isto facto incontestável nos esforçaremos todavia agora por demonstrar que o processo de Graefe
constitúe
um
progressobem
notávelna therapeutica cirúrgica da catarata.Este eminente pratico soube aproveitar-se das vantagens da extracção
li-near simples, e
como
por inspiração combinou-acom
a iridectomiafor-mando
hoje o processo mais geralmente empregado, não só nas cataratasduras, senis,
como
nos indivíduos muito adiantadosem
idade ouenfra-quecidos por longas moléstias, ou
mesmo
n'aquellesem
que o estado do olho seoppunha
formalmente aoprocesso de retalho.A
extracção áreta-lho dá resultados modelos, é incontestável,
porém
é muito maissusceptí-vel de accidentes graves do que o processo de Graefe: naquelle o retalho
é todo constituído as custas da córnea transparente,
membrana
inteira-mente
desprovida de vasos, e nós sabemos que as cicatrizes se fazemtanto mais
promptamente
quanto a superfície lesada fôr mais vascular;onde haja portanto
uma
exsudação plástica mais copiosa para a fácilreunião da ferida por primeira intensão.
Á
córnea opaca constituída d'outra sorte offerece condições maisvan-tajosas para
uma
breve cura.Uma
das grandes vantagens da incisãoli-near sobre o processo de retalho está na forma da
mesma
incisão: nestea altura do retalho é muito maior do que n'aquelle, e portanto sua
re-tracção ha de ser necessariamente mais considerável, e o afastamento dos bordos daferida exigirá maiores cuidados da parte do cirurgião para a reunião immediata; ao passo que na extracção linear os lábios da ferida
tendem
sempre a approximar-se, e a reunir-se o mais intimamentepossí-vel.
A
rasão é obvia: considerando a córneaum
segmento de esphera éclaro que o caminho mais curto entre dous pontosde sua superfície está
situado no maior circulo, que passar por elles; a incisão oceupando na
extracção linear o plano deste circulo, toda a retração dos bordos da
fe-rida tenderá a reunil-os, e nunca aíastal-os, porque os approximará do
caminho
mais curto, condição essencial para aprompta cura (Graefe).A
pressão intra-ocular é aindaum
motivo para proclamar-se asuperio-dade daincisão linear: aqui a força interna obrando identicamente sobre
pontos, que oííerecem a
mesma
resistência, isto é, os bordos da incisãonãohaverá tendência a elevar
um
sobre o outro,como
desvantajosamentepode acontecer no processo de retalho, onde as condições de resistência