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ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA EDUCAÇÃO BÁSICA: QUAL O PAPEL DA ESCOLA REGULAR E DA ESCOLA ESPECIAL?

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ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO NA EDUCAÇÃO BÁSICA: QUAL O PAPEL DA ESCOLA REGULAR E DA ESCOLA ESPECIAL?

Elaine Maria Bessa Rebello Guerreiro1

Natália Neves Macedo2 Rosangela Aparecida Silva da Cruz3

Introdução

O presente artigo é um ensaio teórico sobre o Atendimento Educacional Especializado a partir da Constituição Federal de 1988 (BRASIL, 1988) até o Parecer CNE/CEB nº. 13/2009, aprovado em 03/06/2009 (BRASIL, 2009). Este atendimento hoje é oferecido em sala de recursos para alunos com deficiência da Educação Básica na escola regular. Porém, este tipo de atendimento vem sendo previsto desde a Constituição Federal de 1988, o que não garantiu condições à escola regular para oferecer este atendimento, mesmo porque historicamente este atendimento está sendo desenvolvido escolas filantrópicas sem fins lucrativos mantidas também com recursos financeiros do Estado. Ressaltamos que ao nos reportamos aos termos, conceitos ou definições respeitamos as mesmas palavras apresentadas nos documentos estudados.

A literatura especializada em educação especial no Brasil tem apresentado que a experiência brasileira quanto o atendimento da pessoa com deficiência na escola pública surgiu de forma mais intensa na década de 1970. Entretanto parece que se deu de forma “equivocada” tanto em relação à população atendida quanto à indefinição do Estado em oferecer este atendimento no ensino regular de forma efetiva, pois ao longo das últimas décadas tem sido estabelecido por meio de “políticas públicas” os instrumentos legais que buscam garantir a educação dos alunos com deficiência na escola regular.

Nos dias atuais o processo de definição desses serviços tem provocado alterações nos textos políticos, contudo sem repercussão nesta realidade, pois o atendimento foi assumido pela escola especial e centros especializados financiados pelo Estado.

Por isso, iniciamos o estudo pela Constituição Federal de 1988, Política Nacional de Educação Especial de 1994; Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), Plano Nacional de Educação (2001), Diretrizes`Nacionais para Educação Especial na Educação Básica (2004), Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) até o Parecer CNE/CEB nº. 13/2009 (BRASIL, 2009) que dispõe sobre Diretrizes Operacionais para o Atendimento Educacional Especializado na Educação Básica defende a

1 Doutoranda em Educação Especial do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos –

PPGEEs/UFSCar, CEP 13.565-905, São Carlos/SP, Brasil – e-mail: em-guerreiro@uol.com.br;

2 Mestranda em Educação Especial do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos –

PPGEEs/UFSCar, CEP 13.565-905, São Carlos/SP, Brasil – e-mail: natanema@gmail.com.

3 Mestranda em Educação Especial do Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal de São Carlos –

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696 obrigatoriedade de matricula para os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades e superdotação na escola regular.

Esses documentos consideram a Educação como Direito de Todos, mas para que esse direito seja cumprido, o papel da escola regular e da escola especial para oferecer o atendimento educacional especializado para os alunos com deficiência transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades e superdotação precisa ser claramente definido nas políticas educacionais. Aliás, a política vigente reafirma a Educação Especial como modalidade e que pode ser realizada tanto pela escola especial quanto à escola regular até o momento podem cumprir esta finalidade.

Entretanto, esse tipo de atendimento esteve em pauta nestes documentos oficiais, podem estar em outros, o que ainda não garantiu a sua efetivação plena e articulação com outros tipos de atendimentos exercidos pela Educação Especial na escola regular. Esta situação está atrelada às questões relacionadas aos recursos financeiros, principalmente no que se refere à atribuição de papéis à escola regular e à escola especial sobre a oferta deste atendimento dos alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades e superdotação. Caso esses alunos da escola especial sejam obrigados a se matricularem na escola regular repercutirá na diminuição significativa do número de alunos atendidos pela escola especial e a escola pública regular, nas condições que se encontra hoje, receberá os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades e superdotação da escola especial para atender em classe comum e no atendimento educacional especializado em período inverso conforme proposta presente na política educacional.

Neste sentido, a proposta deste ensaio teórico tem como objetivo principal identificar o fio condutor que permeia os documentos estudados relacionados ao papel da escola regular e da escola especial quanto ao atendimento educacional especializado, pois com a aprovação do Parecer CNE/CEB nº. 13/2009 (BRASIL, 2009) existe a necessidade apontarmos como isso foi e está sendo estabelecido nos documentos oficiais dos últimos vinte e um anos pela

obrigatoriedade de matricula dos alunos com deficiência, transtornos globais do

desenvolvimento e com altas habilidades e superdotação na escola regular presente neste documento.

Método

O estudo teórico teve como método a pesquisa bibliográfica de documentos oficiais que tratam sobre a temática em pauta, pois é uma etapa fundamental para toda pesquisa científica. A principal fonte utilizada foi o site do Ministério da Educação – MEC, o qual disponibiliza leis, decretos, resoluções, pareceres, etc., sobre Educação para o conhecimento e interesse público. Procuramos, assim, discorrer sobre o conteúdo de cada documento estudado a atribuição de papéis à escola regular e à escola especial para oferecer este atendimento aos alunos com necessidades educacionais especiais, deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades e superdotação presente nestes documentos e a sua articulação com a política de distribuição de recursos financeiros a estas escolas.

Resultados

A Constituição Federal de 1988 Art. 208, inciso III (BRASIL, 1988) estabelece que atendimento educacional especializado é compreendido como uma das medidas para a efetivação da Educação como dever do Estado e deve ser oferecido, preferencialmente, na rede regular de ensino. Ainda, no Art. 213 deste documento são previstos os recursos públicos

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697 às escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas desde que comprovem objetivos não lucrativos e apliquem seus excedentes financeiros em educação.

A Política Nacional de Educação Especial de 1994 (BRASIL, 1994) orienta que os diversos tipos de atendimento educacionais são constituídos como “alternativas de procedimentos didáticos específicos e adequados às necessidades educativas do aluno da educação especial e que implicam espaços físicos, recursos humanos e materiais diferenciados”. Nesta política a Educação Especial definida como modalidade, abrangendo: Atendimento domiciliar; Classe comum; Classe Especial; Classe Hospitalar; Centro Integrado de Educação Especial; Ensino com professores itinerantes; Escola Especial; Oficina pedagógica; Sala de estimulação essencial e Sala de recursos.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei nº. 9.394/96 de 20 de dezembro de 1996 (BRASIL, 1996), no § 1º do Art. 58, em consonância com a Constituição Federal de 1988 e com documentos aprovados anteriormente, estabelece que “haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender as peculiaridades da clientela da educação especial”. Considerando as características da clientela prevê que o atendimento educacional especializado seja realizado em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que não for possível a sua integração nas classes comuns do ensino regular. No Parágrafo Único do Art. 60 da LDB/1996 garante apoio financeiro às instituições privadas sem fins lucrativos, especializadas e com atuação exclusiva em Educação Especial. Após a LDB/96 a Lei n° 10.172, de 9 de janeiro de 2001 (BRASIL, 2001a), aprova o Plano Nacional de Educação com objetivos e metas, mesmo sem especificar claramente o termo “atendimento educacional especializado”, descreve o atendimento à pessoa com deficiência e os recursos necessários para a sua implementação. Dentre as metas e objetivos destacamos os que podem ser identificados como atendimento educacional especializado. Em seu item 27, este documento assegura a continuidade do apoio técnico e financeiro às instituições sem fins lucrativos que trabalham exclusivamente com a educação especial, em consonância com o Art. 213 da Constituição Federal de 1988.

Quadro 1 – Metas e Diretrizes do Plano Nacional de Educação

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1. Estimulação precoce.

2. Atendimento básico a educandos especiais. 3. Apoio adequado às crianças especiais.

4. Apoiar a integração dos educandos com necessidades especiais em classes comuns.

5. Atendimento dos alunos com necessidades especiais na educação infantil e no ensino fundamental. 6. Atendimento de pessoas com severa dificuldade de desenvolvimento.

8. Livros didáticos falados, em Braille e em caracteres ampliados, para todos os alunos cegos e para os de visão sub-normal do ensino fundamental.

9. De literatura falada, em Braille e em caracteres ampliados.

10. Que atendam educandos surdos e aos de visão subnormal, com aparelhos de amplificação sonora e outros equipamentos que facilitem a aprendizagem.

11. Ensino da língua brasileira de sinais para os alunos surdos. 12. Infra-estrutura das escolas para o recebimento dos alunos especiais; 13. Instituições de educação especial, públicas e privadas

14. Apoio à aprendizagem do educando com necessidades especiais.

15. Transporte escolar com as adaptações necessárias aos alunos que apresentem dificuldades de locomoção. 16. Atendimento às necessidades educacionais especiais de seus alunos.

17. Inclusão, no projeto pedagógico das unidades escolares, do atendimento às necessidades educacionais especiais de seus alunos.

18. Cooperação com as áreas de saúde, previdência e assistência social. 19. Capacitação ao atendimento dos alunos especiais.

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20. Pessoal especializado em educação especial.

21. Conteúdos disciplinares ...medicina, enfermagem e arquitetura, entre outras. 22. Estudos e pesquisas ...para a aprendizagem.

23. Aumentar os recursos destinados à educação especial.

24. Por em funcionamento em todas os sistemas de ensino um setor responsável pela educação especial, atuar em parceria com os setores de saúde, assistência social, trabalho e previdência e com as organizações da sociedade civil.

25. Sistema de informações sobre a população a ser atendida pela educação especial.

26. Programas de atendimento aos alunos com altas habilidades nas áreas artística, intelectual ou psicomotora. 27. Apoio técnico e financeiro às instituições privadas sem fim lucrativo com atuação exclusiva em educação especial, 28. Formação de professores e ao financiamento e gestão.

Nesse ano também foi aprovada a Resolução CNE/CEB n º 2, de 11 de fevereiro de 2001 (BRASIL, 2001b), que institui as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, trata da temática em seus Art. 1º, 8º , 12º, 13º e 14º, estabelecem que o atendimento educacional especializado dos alunos que apresentam necessidades educacionais especiais deva ter início na educação infantil, creches e pré-escolas. Para isto as escolas da rede regular de ensino devem dispor de serviços de apoio pedagógico especializado, realizados nas classes comuns, através do ensino colaborativo, com atuação de professores-intérpretes das linguagens e códigos e outros profissionais, além de apoios necessários à aprendizagem, à locomoção e comunicação.

No entanto, tal resolução afirma que o serviço de apoio pode ser oferecido também em salas de recursos. De acordo com este documento, para os alunos impossibilitados de frequentar as salas de aula por problemas de saúde ou que necessitem de internação hospitalar, atendimento ambulatorial ou longa permanência em casa, deve ser assegurado o atendimento educacional especializado. Nesta direção, a Resolução orienta a realização de convênios e parcerias para o atendimento educacional especializado entre os sistemas públicos de ensino e escolas ou serviços públicos ou privados, onde o sistema público de ensino assume a responsabilidade pela identificação, análise e avaliação da qualidade e idoneidade dos serviços prestados, o que, de certa forma, isenta o Estado desta incumbência.

Em 2004 foi aprovada a Lei n° 10.845, de 5 de março de 2004 (BRASIL, 2004), institui o Programa de Complementação ao Atendimento Especializado às Pessoas Portadoras de Deficiência no âmbito do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação – FNDE a fim de cumprir o inciso III do Art. 208 da Constituição Federal.

Além desse o Decreto nº. 6.253/07 (BRASIL, 2007) x7ao dispor sobre o FUNDEB (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), estabelece, nos Art. 3º e 6º, como os recursos para a educação básica deverão ser distribuídos de acordo com o número de matrículas presenciais efetivas apuradas pelo censo escolar realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira – INEP. Por força do Decreto n º 6.571/08 (BRASIL, 2008b) foi acrescentado a este documento no qual estabelece,

Art. 9o-A. Admitir-se-á, a partir de 1o de janeiro de 2010, para efeito da

distribuição dos recursos do FUNDEB, o cômputo das matriculas dos alunos da educação regular da rede pública que recebem atendimento educacional especializado, sem prejuízo do cômputo dessas matrículas na educação básica regular.

E, acrescenta também no Parágrafo Único do Art. 9 º A, do Decreto n º 6.571/08 (BRASIL, 2008b) que o atendimento educacional especializado poderá ser oferecido pelos sistemas

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públicos de ensino ou pelas instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem

fins lucrativos, com atuação exclusiva na educação especial desde que conveniadas com o poder executivo competente.

Recentemente, no ano de 2008, foi aprovada a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL, 2008a), a qual, afirma o atendimento educacional especializado em seus objetivos específicos e define a Educação Especial como uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades. Para realizar este atendimento educacional especializado serão disponibilizados os recursos e serviços, bem a orientação quanto a sua utilização no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino regular.

Conforme essa política, o atendimento educacional especializado tem a função de identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras ao alunado específico, com vistas a sua plena participação nas atividades. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional especializado devem ser diferentes das realizadas na sala de aula comum, porém não as devem substituir, mas sim de forma complementar e/ou suplementar, sempre buscando a autonomia e independência de seu alunado dentro ou fora da escola.

O atendimento educacional especializado passou a ser obrigatório nos sistemas de ensino desde o nascimento da criança, por meio da estimulação precoce. A sua oferta deve ser contínua, perpassando os diferentes níveis de ensino - educação infantil, ensino fundamental, ensino médio, educação de jovens e adultos, educação profissional, educação indígena, educação do campo e quilombola - e estar sempre presente nos projetos pedagógicos da escola, respeitando as diferenças socioculturais (BRASIL, 2008a, p. 16).

Para viabilizar esse atendimento educacional especializado são disponibilizados aos sistemas de ensino programas de enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização e tecnologia assistiva (BRASIL, 2008a, p.16). Este tipo de atendimento deve estar articulado com a proposta pedagógica da escola regular e ser acompanhado por meio de instrumentos que possibilitem seu monitoramento e avaliação. Esses instrumentos devem ser realizados tanto nas escolas da rede pública quanto nos centros de atendimento educacional especializado público ou conveniado.

Na educação superior, o atendimento educacional especializado deverá ser realizado por meio da educação especial e concretizado nas ações que promovem o acesso, permanência e participação dos alunos com deficiências, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Dentre estas ações está a promoção da acessibilidade arquitetônica, nas comunicações, nos sistemas de informação, nos materiais didáticos e pedagógicos nas atividades de ensino, pesquisa e extensão (BRASIL, 2008a, p.16).

Neste caso, o atendimento educacional especializado também deverá ser realizado nas escolas comuns por profissionais com conhecimento específico no ensino da Língua Brasileira de Sinais, na Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda língua, com o sistema Braille, Soroban, orientação e mobilidades, atividades de vida autônoma, comunicação alternativa, desenvolvimento dos processos mentais superiores, programas de enriquecimento curricular, adequação e produção de materiais didáticos e pedagógicos, utilização de recursos ópticos e não ópticos, tecnologia assistiva e outros (BRASIL, 2008a, p.16).

O Decreto n° 6.571, de 17 de setembro de 2008 (BRASIL, 2008b) que regulamenta o Art. 60º da LDBEN/96 e acrescenta dispositivos ao Decreto n° 6.253/2007. Neste decreto, o

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700 atendimento educacional especializado é considerado como o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular (§ 1°, Art. 1).

Os objetivos do atendimento educacional especializado presente neste documento orientam sobre as condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular; transversalidade das ações da educação especial no ensino regular; desenvolvimento de recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de ensino e aprendizagem; condições de continuidade dos estudos em níveis mais avançados.

Para que isto seja realizado em salas de recursos, o Ministério da Educação propõe apoio técnico e financeiro às ações que possam garantir a oferta do atendimento educacional especializado. Os recursos educacionais para a acessibilidade incluem os livros didáticos e paradidáticos em braile, áudio e Língua Brasileira de Sinais (Libras), laptops com sintetizador de voz, softwares para comunicação alternativa e outras medidas. Todas essas ajudas técnicas têm por finalidade o acesso ao currículo escolar. No Art. 5º deste decreto também está previsto o trabalho do Ministério da Educação em colaboração com os Ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social, Combate à Fome e com a Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.

Em 03 de junho de 2009 foi aprovado o Parecer CNE/CEB n° 13/2009 (BRASIL, 2009), o qual é resultado do Ofício SEESP/GAB n° 3.019/2008 que solicita a regulamentação do Decreto n° 6.571/2008 (BRASIL, 2008b) e também dispõe sobre o projeto da Resolução referente às Diretrizes Operacionais para o atendimento educacional especializado na Educação Básica, modalidade Educação Especial, atualmente em processo de homologação pelo Ministro da Educação, Fernando Haddad.

A Figura 1 apresenta um Mapa Conceitual com as principais diretrizes do Parecer CNE/CEB n° 13/2009 (BRASIL, 2009). Neste documento é definido o atendimento educacional especializado, seu alunado, lócus preferencial e complementar, seu financiamento, recursos necessários, quem vai planejar e executar, etc. A parceria e atuação das instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas sem fins lucrativos continuam tendo apoio e financiamento do governo para desenvolver suas atividades. De acordo com este Parecer, as atividades desenvolvidas devem cumprir as exigências legais estabelecidas pelo Conselho de Educação do respectivo sistema de ensino de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Especial e as diretrizes do projeto em pauta.

Discussões

Como foi nosso propósito sintetizar as informações contidas em documentos sobre o Atendimento Educacional Especializado e seu espaço de operacionalização, baseados nos documentos brasileiros deste a Constituição Federal de 1988 até o Parecer CNE/CEB n º 13/2009 (BRASIL, 2009), elaboramos também o Quadro 1, no qual são identificados os espaços onde

pode ser realizado o atendimento educacional especializado

A partir do Quadro1 podemos observar algumas particularidades na Lei n° 10.172/2001, Resolução CNE/CEB n° 2/2001, Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva e Parecer CNE/CEB n º 13/2009, com relação ao lócus do Atendimento Educacional Especializado. As duas primeiras citam os mesmos ambientes, a terceira não cita a Sala de Recursos e a quarta não cita a classe comum. Podemos então inferir que entre os documentos há um conflito sobre qual é o espaço mais adequado para a realização do

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701 atendimento educacional especializado com alunos com deficiência enquanto orientação política que norteiam a regulamentação de leis, resoluções e decretos.

Existe a intenção de obrigatoriedade de matrícula de alunos com deficiência na escola regular, na perspectiva de uma “educação inclusiva”, mas, condicionando-a como uma condição para o repasse de recursos financeiros do governo federal aos sistemas de ensino. Tal condição colabora para a interpretação do quadro mencionada anteriormente. Ao longo desses vinte e um anos, o atendimento educacional especializado deixou, gradualmente, de ser realizado nas na escola regular e passou a ser em sua maioria de responsabilidade apenas das escolas especiais. Isso demonstra, por um lado, a conquista de um processo de “inclusão” nas salas de ensino regular, nas quais o aluno com deficiência recebe (ou deveria receber) o acesso à escolarização com os demais educandos e, por outro lado, a ausência de um atendimento mais direcionado e individualizado pode acarretar, sobremaneira, em um prejuízo de aprendizagem desde mesmo em na sala de ensino regular.

Considerações Finais

Procuramos, por meio deste estudo, fazer um levantamento dos documentos que tratam sobre o atendimento educacional especializado. Por meio deste levantamento, é possível observar que este atendimento pode ser ofertado tanto pelo ensino comum em sala de recursos quanto por escolas especiais, centros educacionais e entidades filantrópicas. Diante deste panorama, podemos nos questionar: Será que as escolas especiais serão transformadas em centros de atendimento especializado? A escola regular dispõe de profissionais, materiais e recursos suficientes para atender os alunos com os diversos tipos de deficiência, hoje sendo atendidos pela escola especial? Os cursos de formação inicial e continuada dos profissionais da educação estão comprometidos em assumir as devidas funções e responsabilidades que esta formação impõe, na qual se espera responder com qualidade adequada às necessidades e demandas educacionais destes alunos?

Não se trata de sermos contra a inclusão escolar. Ao contrário, defendemos sim o desenvolvimento a uma educação comprometida com o acesso ao conhecimento e aprendizagem. Uma educação pública que atenda a todos inclusive com as suas especificidades que os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e com altas habilidades e superdotação com responsabilidade.

No entanto, entendemos que, para que a educação com acesso a escolarização efetivamente ocorra diante da realidade no contexto da educação brasileira, é preciso que as políticas públicas sejam capazes de ir para além de elaborar Leis, Diretrizes e Metas e, subsidiem de forma concreta as escolas de ensino regular, oferecendo-lhes recursos financeiros, materiais e humanos e disponibilize outros tipos serviços de apoio à escola. Da mesma forma, é preciso formar adequadamente profissionais para essa nova realidade possibilitando-lhes condições de trabalho, a fim de que o processo de ensino-aprendizagem possa atender as muitas das especificidades contidas no contexto da educação pública.

Os dados aqui apresentados nos oferecem outras identificações, análises, reflexões e interpretações. Não nos cabe, neste momento, esgotar todas elas. Apenas consideramos alguns pontos importantes para fundamentarmos tais reflexões para que possamos identificar o verdadeiro papel da escola especial e da escola regular contidas nas políticas públicas que refletem na educação dos milhares de alunos seja relacionada às deficiências ou não, mas que merecem o acesso a Educação neste país que afirma ser democrático.

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Quadro 1 – Lócus preferencial do Atendimento Educacional Especializado

Legislação Escola Regular de Ensino Escola especial

pública Escola especial privada Classe comum Classe Especial Sala de Recurso Constituição Federal de 1988 x x Lei 9.394/96 (LDB) x x x Lei n° 10.172/2001 (Plano Nacional de Educação) x x x x x Resolução CNE/CEB n° 2/2001 (Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica) x x x x x Lei n° 10.845/2004 (Programa de Complementação ao AEE às PPD) x x Decreto nº 6.253/2007 (dispõe sobre o FUNDEB) x x x Decreto nº 6.278/2007 (Altera o Decreto nº 6.253/2007 – FUNDEB) x x x

Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva x x x Decreto nº 6.571/2008 (dispõe sobre o AEE) x x Parecer CNE/CEB n º 13/2009 (Diretrizes Operacionais do AEE) x x x

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Referências

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