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REQUERENTE: ALEXSANDRO VIEIRA DE SOUZA REQUERIDO: SIN EMP SV TRAB TRANVA SV EMPR PESS C FO ESP SV PE DESPACHO

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PP 000969.2017.06.000/0

REQUERENTE: ALEXSANDRO VIEIRA DE SOUZA

REQUERIDO: SIN EMP SV TRAB TRANVA SV EMPR PESS C FO ESP SV PE

DESPACHO

Vistos, etc...

Cuida-se de deliberação incumbida ao MPT, por consenso e indicação da representação das próprias chapas na última audiência assentada em 22 de junho de 2017, acerca das questões controversas sobre as quais não se obteve consenso no bojo de mediação encetada nos autos do PP 969/2017, basicamente envolvendo a lista final de votantes das eleições do SINDESV 2017/2021, bem como sua forma de apresentação e demais questões correlatas, como as listas de vigilantes aposentados e avulsos, aqui entendidos genericamente como aqueles que recolhem a mensalidade sindical, diretamente, ao respectivo sindicato, tudo conforme as manifestações feitas pelas partes ao longo da mediação, especialmente aquelas contidas na ata de audiência realizada nesta data.

De início é importante esclarecer que a atuação do Parquet laboral com esta finalidade, de dirimir questões não consensuadas pelas partes, ocorre de forma absolutamente excepcional, visto não ser o procedimento de mediação o ambiente propício para tomada de decisões que não aquelas decorrentes de entendimento mútuo pelas próprias partes1.

A expedição da presente manifestação pelo Parquet somente tem razão de ser, neste caráter extraordinário, tendo-se em vista a iminência de realização do início do pleito, pela coleta dos votos, já a partir da próxima semana, na quarta-feira dia 28/06/2017, sem que questões básicas, como a formação da listagem do colégio eleitoral, estejam minimamente definidas a menos de sete dias das eleições.

1 Não olvidando que, de acordo com a doutrina mais balizada, o procedimento de mediação não se confunde com o de conciliação tampouco com o de arbitragem; no primeiro, o mediador atua como agente incentivador do diálogo entre as partes, que entre si devem obter as alternativas para composição amigável do conflito instaurado. A posição do conciliador é ainda mais contundente do que a do mediador, vista a possibilidade de oferecer soluções a serem objeto de discussão entre os debatedores. Por fim, na arbitragem, o terceiro imparcial é chamado para efetivamente decidir, com força vinculante perante as partes após concordância do compromisso arbitral, as questões por elas suscitadas.

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Destarte, as principais questões pendentes de solução, sobre as quais não se logrou consenso entre as chapas após mais de 14 (quatorze) oportunidades de audiência somente com o Ministério Público do Trabalho, relacionam-se basicamente às seguintes: a) fonte para elaboração das listagens do colégio eleitoral; b) utilização de listagem geral em ordem alfabética de trabalhadores vigilantes ou listagens específicas ordenadas por cidade ou “seções”, de acordo com os postos de trabalho dos eleitores; c) possibilidade de voto por eleitores que atualmente não fazem parte da categoria representada pelo SINDESV-PE; d) formação da lista dos trabalhadores aposentados; e) formação da lista dos trabalhadores “avulsos”; f) procedimento para colhimento dos votos em separado.

Não é cautela demasiada esclarecer que, em vista da atuação anômala deste MPT, ao decidir pelas partes questões que por elas próprias não se logrou consenso, é dever ministerial se ater, o máximo possível, aos elementos apresentados pelas próprias partes, sobremodo o estatuto social do SINDESV-PE, de modo a obter melhor solução que propicie a realização do pleito dentro das balizas estabelecidas neste procedimento de mediação.

a) Quanto à fonte para formação da listagem do colégio eleitoral

Como cediço, o presente procedimento de mediação se iniciou a partir de requerimento formulado pela representação de uma das chapas (no caso, a chapa 2, de oposição), arguindo a necessidade de participação e intervenção do MPT no pleito do SINDESV-PE, considerando o vencimento do mandato da mesa diretora em data próxima, atualmente já passada, em 10 de junho de 2017.

Na primeira audiência assentada em 5 de junho de 2017, o consenso entabulado pelas partes foi no sentido de que o MPT requisitasse da Polícia Federal “(...) a

relação das empresas (empresas de prestação de serviço de segurança e vigilância privada em Pernambuco autorizadas pelo Departamento de Polícia Federal) e das empresas requisitará a listagem de empregados que tiveram o desconto da mensalidade sindical em favor do SINDESV e que tenham empregados da base de representação deste, com o devido com o comprovante de recolhimento/depósito ao sindicato, referentes aos meses de novembro de 2016 e abril de 2017, no prazo de dois dias úteis” e que “(...) Para a composição da lista de votantes serão consideradas as competências de novembro de 2016 e abril de 2017, que serão objeto da requisição do item 2 juntamente com o comprovante de recolhimento/depósito ao sindicato. A lista final de votantes será deduzida a partir da

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Vê-se que, a partir dos ajustes estabelecidos pelas próprias partes no início do procedimento, o MPT expediu o ofício requisitório à Polícia Federal, e tanto antes quanto depois da resposta deste órgão, expediu, entre diversas outras diligências, mais de 100 (cem) notificações requisitórias endereçadas às diferentes empresas de vigilância patrimonial e segurança privada com o intuito de obter, a partir de fontes externas ao ambiente das chapas e do sindicato, o rol de trabalhadores associados em relação aos quais houve o desconto sindical em favor do SINDESV-PE, com a finalidade de formar a listagem de votantes de modo a refletir, com a maior fidelidade possível, o colégio eleitoral.

Assim, pelo exposto, embora não recebidas, até o presente momento, as respostas por parte de todas as empresas notificadas, porém, com o recebimento das últimas manifestações por parte de grandes empresas como a MANDACARU e a GUARDSECURE, para além de todas as outras já constantes nos autos, entende o MPT que, a esta altura do pleito, a composição do colégio eleitoral não pode ser outra que não a originada

somente a partir das relações de trabalhadores com desconto sindical em favor do SINDESV-PE informadas pelas empresas no presente procedimento de mediação.

Nesta esteira, deve a COMISSÃO ELEITORAL, com o auxílio das representações das chapas, proceder a extração de todos os nomes dos trabalhadores informados pelas empresas no bojo do procedimento, elaborando, em seguida, a listagem representativa do colégio eleitoral. As listagens dos aposentados e daqueles tidos como “avulsos” serão tratadas em tópicos seguintes.

b) Listagem geral em ordem alfabética ou listagens específicas ordenadas por cidades de acordo com os postos de trabalho

A segunda questão não consensuada pelas partes concerne ao modo de elaboração da lista de votantes a ser encaminhada à cada mesa coletora dos votos nas diferentes cidades em que o SINDESV-PE mantém trabalhadores associados aptos a votarem.

A chapa 1, da situação, defende, desde o início do procedimento, à míngua de previsão específica no estatuto, que seja preservado o costume estabelecido ao longo dos anos de eleições do SINDESV-PE a fim de que seja elaborada listagem geral contendo os nomes de todos os eleitores aptos a votarem, organizados em ordem alfabética, e, após, remetidas cópias para todas as mesas coletoras dos votos, somente colhendo em separado os votos dos eleitores que não constam expressamente na listagem geral.

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A seu turno, a chapa 2, da oposição, defende que sejam elaboradas listagens específicas de acordo com as cidades e os postos de trabalho de cada eleitor, de modo que cada urna ou “seção” eleitoral receberia a listagem somente dos trabalhadores com postos de trabalho neste local, obtendo em separado os votos dos demais trabalhadores, como forma de alegada melhor organização e maior facilidade de identificação posterior dos eventuais votos colhidos em duplicidade.

Pois bem.

A questão posta para ser dirimida pertence precipuamente à dinâmica operacional das eleições, havendo argumentos tanto favoráveis como desfavoráveis para ambas as propostas oferecidas pelas chapas.

A análise acerca dos estatutos do SINDESV-PE demonstra omissão na apreciação desta matéria, não havendo previsão específica sobre a forma de extração das listagens de votantes a serem remetidas às mesas coletoras dos votos.

A norma estatutária mais próxima que dispõe sobre a relação de votantes, e mesmo assim de maneira omissa quanto à matéria ora em debate, corresponde ao artigo 79, do seguinte teor:

“RELAÇÃO DE VOTANTES

Artigo 79. A relação dos associados em condições de votar será elaborada com antecedência mínima de 03 (três) dias úteis da data da eleição em primeira convocação e será, neste mesmo prazo, afixada em local de fácil acesso, na sede do SINDESV-PE, para consultas por todos os interessados. ”

Na ausência de norma estatutária específica sobre a matéria, e considerando o insucesso na obtenção de consenso pelas representações das próprias chapas, foi incumbida ao MPT a tarefa de apresentar solução à questão ora em comento, sobre a forma de extração da lista de votantes.

No caso em tela, o entendimento do MPT é no sentido de preservar, à míngua de previsão estatutária, o costume estabelecido ao longo dos anos nos pleitos do SINDESV-PE, para extração de única listagem geral dos trabalhadores aptos a votarem, organizados em ordem alfabética, com remessa de tantas cópias quanto urnas ou mesas coletoras dos votos.

Isto porque, em primeira linha, para que se pudesse extrair listagens específicas de acordo com as cidades e postos de trabalho dos eleitores, seria necessário que todas as empresas que apresentaram as relações de trabalhadores com descontos sindicais em favor do SINDESV-PE, em obediência às requisições ministeriais, atendessem também ao quanto requisitado no sentido de informar os postos de trabalho desses eleitores.

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Contudo, pelo que se vê das respostas mais recentes, mesmo após as notificações específicas para complementação das planilhas, nem todas as empresas informaram nas relações os postos de trabalho dos seus empregados, como foi o caso da GUARDSECURE, no peticionamento datado de 21/06/2017, o que dificulta a extração de listagens específicas 100% (cem por cento) fidedignas organizadas por cidade e por postos do modo pretendido pela chapa 2.

Além do mais, o caso dos trabalhadores vigilantes patrimoniais apresenta nuances que dificultam – ou podem dificultar – a organização das listas dessa forma, na medida em que se observam vários trabalhadores, em regime de trabalho comumente definido como 12x36, com jornada dupla de trabalho entre diferentes empresas de diferentes localidades, sobremodo na Região Metropolitana do Recife, utilizando o descanso de um emprego como jornada do outro, em extensa jornada diária de 12h, em prejuízo do seu direito constitucional primeiramente à sua saúde, ao descanso e recuperação de suas energias entre jornadas.

Em vista desse aspecto, a extração das listas de forma específica por cidades ou por “seções”, poderá ocasionar acréscimo extraordinário de votos em separado justamente por causa da ausência de perfeita identificação dos postos de trabalho para aqueles vigilantes que possuem vínculos com duas empresas diferentes.

É bem verdade que a sistemática proposta pela chapa 2, em condições ideais, fornece melhor organização para colhimento dos votos e sobretudo na identificação de eventuais votos tomados em duplicidade, não se vislumbrando, como alegado pela chapa 1, constrangimento na eventual necessidade de explicação do mesário ao eleitor votante em urna fora da localidade do seu posto o colhimento do seu voto em separado.

É bem verdade também que, na mesma medida, a extração de uma listagem geral, no modo pretendido pela chapa 1, dificultará sobremodo a identificação dos eventuais votos tomados em duplicidade, visto que não será possível identificar os envelopes em que contidos os votos repetidos (já que, em ambas as urnas, o trabalhador assinará a mesma listagem geral em uma e outra como eleitor “normal”, em contraposição àquele que vota em separado), o que acarretará, ao final, quando da identificação do voto em duplicidade quando do batimento das listas, na necessidade de descarte de um dos votos de alguma das urnas pelo critério aleatório, podendo potencialmente prejudicar uma das chapas pela retirada de voto não duplicado e que era em seu favor.

Todavia, como já dito, trata-se de matéria que mereceria disposição expressa por parte do estatuto, e que, à míngua de previsão, não cabe ao MPT inovar e dispor de forma diferente, ainda que consista em proposta melhor, daquilo que vem sendo

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praticado ao longo dos anos na eleição do próprio sindicato, podendo a entidade SINDICAL, após o término do processo eleitoral, iniciar discussão sobre a eventual necessidade de revisão do estatuto, para a promulgação de um novo após o crivo da assembleia de trabalhadores.

Neste sentir, manifesta o MPT seu posicionamento no sentido da extração de uma única listagem geral, alinhada em ordem alfabética, dos trabalhadores votantes, na forma exteriorizada pela chapa 1, registradas as considerações em relação à proposta da chapa 2.

c) Exclusão dos nomes de eleitores pertencentes à categoria profissional diversa daquela representada pelo SINDESV-PE

Uma terceira questão posta à deliberação ministerial consiste na necessidade de exclusão, ou não, das listas de votantes, daqueles trabalhadores que, atualmente, não são mais representados pelo SINDESV-PE, mas sim por outra entidade sindical, notadamente o SINDFORT-PE, que, desde o deferimento da carta sindical, é quem representa a categoria de vigilantes de transporte de valores e escolta armada, em contraposição à categoria de vigilantes patrimoniais representada pelo primeiro.

É bem verdade que as considerações contidas no item ‘a’, acima, podem, em linha de princípio, esvaziar esta abordagem, na medida em que foram requisitadas informações às empresas de vigilância patrimonial e estas apenas encaminharam ao MPT informações relativas aos trabalhadores que tiveram desconto em favor do SINDESV, contudo, forçoso reconhecer a possibilidade de ocorrência da situação objeto deste tópico.

A posição da chapa 1, manifestada nas diversas oportunidades de audiência nesta Procuradoria, firmou-se no sentido de não inibir a possibilidade de voto por parte destes eleitores, em vista do alegado direito constitucional de se associar ao sindicato que melhor lhe aprouver independente da categoria que o represente.

A seu turno, a chapa 2 se manifesta no sentido diametralmente contrário, na esteira de que, com o desmembramento da base do SINDESV-PE, pela criação de categoria específica a ser representada pelo novo sindicato (in casu, o SINDFORT-PE), todos os trabalhadores vigilantes que se enquadram nesta última categoria (de transporte de valores e escolta armada) deveriam ser excluídos da lista de votantes.

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Entende o MPT que a discussão sobre a presente questão não mereceria maiores dilações em vista de que, independente da justeza ou do mérito de quem tenha a razão, o próprio estatuto do sindicato contém previsão expressa e específica sobre a matéria, dispondo que perderá a qualidade e direito de associado aquele trabalhador que, por

qualquer motivo, deixar de pertencer às categorias profissionais representadas pelo SINDESV-PE. É o que consta de forma explícita no artigo 10 dos estatutos, abaixo in verbis:

“Artigo 10. Perderá sua qualidade e direito de associado aquele que, por

qualquer motivo, deixar de pertencer às categorias profissionais representadas pelo SINDESV-PE, exceto no caso da aposentadoria, visto que ao

aposentado fica garantida a isenção do pagamento de qualquer pagamento de contribuição ou mensalidade sindical estipulada por Assembleia ou Reunião desta entidade.” (grifei)

Como se vê, a opção expressamente realizada pela norma estatutária foi no sentido de o trabalhador perder o direito e a qualidade de associado, de forma automática,

ipso facto, imediatamente após deixar de pertencer à categoria profissional representada pelo

SINDESV-PE, como acontece no caso de desmembramento por especificidade na forma do art. 571 da CLT2.

Para efeitos práticos, esse desmembramento, após a realização da assembleia, somente deve ser considerado, para os efeitos do artigo 10 supracitado, na data em que ocorreu o deferimento da carta sindical, pelo Ministério do Trabalho e Emprego, ao novo sindicato constituído, in casu o SINDFORT-PE, momento apenas a partir do qual este passou a adquirir personalidade sindical com poderes para a prática de atos típicos de sindicato e legítimo representante da categoria de vigilantes de transporte de valores e escolta armada3.

Para além do exposto, no mérito da questão propriamente dita, e em brevíssimas linhas, o posicionamento ministerial se coaduna entre aqueles que tem a liberdade de associação sindical, prevista constitucionalmente4, como temperada de acordo

com o modelo de organização sindical adotado pelo determinado país.

2 Art 571. Qualquer das atividades ou profissões concentradas na forma do parágrafo único do artigo anterior poderá dissoc iar-se do sindicato principal, formando um sindicato específico, desde que o novo sindicato, a juízo da Comissão do Enquadramento Sindical, ofereça possibilidade de vida associativa regular e de ação sindical eficiente.

3 O porte da carta sindical deferida pelo MTE vem a preservar o princípio da unicidade sindical, e através do duplo registro exigido (cartorário e sindical), possibilitar que a entidade, além de personalidade jurídica, adquirida após depósito de seus estatutos no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, também obtivesse personalidade sindical após o registro deferido pelo Ministério do Trabalho e Emprego (rectius: Ministério do Trabalho e Previdência Social) para a prática de atos típicos d e sindicato, como firmar Acordos e Convenções Coletivas de Trabalho (art. 612 da CLT); promover dissidio coletivo de natureza econômica ou jurídica (art. 859 da CLT); ação de cumprimento, ação civil pública, ação anulatória, mandado de segurança coletivo, etc.

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No caso do Brasil, o modelo expressamente adotado de unicidade sindical, em contraposição ao modelo de pluralidade sindical adotado por diversos países (em especial tendo em vista a Convenção nº 87 da OIT, não ratificada pelo Estado brasileiro), implica na desnecessidade de filiação obrigatória a um sindicato (vide inciso V do art. 8º da CF5), mas ao mesmo tempo na liberdade de se associar ou de não se associar apenas

àquele sindicato que representa a categoria ao qual o trabalhador pertence, de acordo com os critérios de enquadramento sindical previstos na legislação.

Neste sentido leciona o juiz do Trabalho do TRT 5ª Região LUCIANO MARTINEZ:

“Apesar da garantia constitucional de inexigibilidade de filiação sindical obrigatória,

o ordenamento brasileiro não atribuiu ao integrante da categoria o direito de escolher o sindicato de sua preferência. Num contexto de unicidade sindical, ou o indivíduo se integra à entidade que se legitimou a representar os interesses de sua categoria, ou ficará de fora do círculo sindical. É

interessante notar que, mesmo fora do círculo sindical — por manifesto

desinteresse ou por ausência de opção —, o integrante da categoria será

beneficiário de todas as vantagens decorrentes das contratações coletivas firmadas em nome da coletividade na qual está inserto. Por paralelismo, o mesmo

integrante da categoria estará obrigado a cumprir as cláusulas normativas impostas pelos instrumentos coletivos negociados e a arrimar a entidade sindical que lhe coube por força de lei.”6 (grifei).

Assim, por este entendimento, a liberdade de associação sindical deve compreender, no contexto do modelo de unicidade sindical adotado pelo Brasil, na autonomia para o trabalhador se associar ou deixar de se associar apenas ao sindicato representante da sua categoria profissional, e não qualquer outro, representante de categoria profissional distinta, de sua preferência.

No contexto de desmembramento de determinado sindicato por especificidade, como ocorreu no caso dos autos, os vigilantes de transporte de valores e de escolta armada, que passaram a ser representados pelo novo sindicato criado, o SINDFORT-PE, têm a plena liberdade de a este se associarem ou não; entretanto, não podem, na visão ministerial, pretender manterem-se representados pelo SINDESV-PE, sindicato desmembrado, visto que, a partir do deferimento da carta sindical ao primeiro, o segundo somente passou a representar a categoria dos vigilantes patrimoniais.

5Art. 8º (...) V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se filiado a sindicato;

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Visto porque, também, não há interesse jurídico para o trabalhador que quiser manter-se representado pelo antigo sindicato haja vista que, como visualizado na lição transcrita acima, o trabalhador não associado será beneficiário dos direitos e devedor das obrigações que o seu sindicato legítimo, no caso o SINDFORT-PE, firmar em sede de negociações coletivas (vide Acordo e Convenções Coletivas de Trabalho), o que não acontece em relação às deliberações tomadas em relação a ele pelo SINDESV-PE.

Pelo exposto, o posicionamento do MPT é no sentido de que os trabalhadores vigilantes de transporte de valores e escolta armada, anteriormente representados e associados ao SINDESV-PE, que, a partir do deferimento da carta sindical ao SINDFORT-PE, passaram a ser representados somente por este último, não devem figurar na lista principal de votantes tendo em vista a perda da sua qualidade e direito de eleitor, na forma do artigo 10 dos estatutos já supramencionado, excetuado o caso dos

aposentados, que será tratado no tópico mais adiante.

Entretanto, para evitar qualquer tipo de constrangimento, deverá a COMISSÃO ELEITORAL, sempre com o auxílio da representação das chapas, proceder a identificação de todos os trabalhadores enquadrados nesta situação, como pertencentes à categoria profissional diversa da representada pelo SINDESV-PE, e, com estes nomes, formar lista apartada à lista principal de avulsos, de modo a não impedir o colhimento do voto por parte do eleitor, mas, ao mesmo tempo, possibilitar a posterior identificação de seu nome, na forma de voto colhido em separado, com aposição do nome e motivação em envelope externo (art. 94 dos estatutos), para posterior descarte no momento da apuração.

d) Formação da lista dos trabalhadores aposentados

Uma outra questão suscitada pelas partes refere-se à composição da listagem de aposentados aptos a votarem.

Enquanto que a representação da chapa 1 defende a utilização, em sua integralidade, dos nomes informados no procedimento de mediação juntados com a petição protocolada em 02/06/2017, a representação da chapa 2 advoga no sentido de que somente teriam direito a voto os aposentados que comprovassem que “(...) faziam parte da categoria à

época da aposentadoria, através da apresentação da carteira de trabalho na mesa de votação, bem como que eram associados ao SINDESV-PE, através da ficha de filiação, que será apresentada pelo sindicato no momento da coleta do voto”.

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De início, registre-se que toda a conclusão aduzida no tópico anterior não prevalece em relação aos trabalhadores aposentados tendo-se em vista a expressa disposição estatutária, contida na parte final do já citado art. 10 dos estatutos, no sentido de

excepcioná-los (os aposentados) da perda da qualidade e do direito de eleitor quando da exclusão da respectiva categoria profissional da base de representação do SINDESV-PE. Confira-se novamente o teor integral do mencionado dispositivo, abaixo ipsis litteris:

“Artigo 10. Perderá sua qualidade e direito de associado aquele que, por qualquer motivo, deixar de pertencer às categorias profissionais representadas pelo SINDESV-PE, exceto no caso da aposentadoria, visto que ao aposentado fica

garantida a isenção do pagamento de qualquer pagamento de contribuição ou mensalidade sindical estipulada por Assembleia ou Reunião desta entidade.

(grifei)

Deste modo, não deve haver a exclusão dos trabalhadores que se

aposentaram como vigilantes de transportes de valores e escolta armada, antigamente

representados pelo SINDESV/PE até a data de deferimento da carta sindical ao SINDFORT-PE, motivo pelo qual devem os aposentados figurarem normalmente na listagem geral

respectiva, sem qualquer necessidade de colhimento de voto em separado sob este fundamento.

No que concerne aos demais aspectos suscitados pelas partes, analisando cuidadosamente os autos, observo que, com a citada petição protocolada em 02/06/2017, a representação da chapa 1 trouxe à mediação uma listagem contendo os nomes de 241 (duzentos e quarenta e um) trabalhadores aposentados (estes que foram acrescidos de mais 17, em um total de 258, conforme manifestação na última audiência do dia 22/06/2017), acompanhados de telas ilustrativas de seus cadastros no sistema interno do SINDESV-PE, contendo dados pessoais do aposentado como número de matrícula, nome completo, foto, RG, CPF, carteira funcional, endereço e empresa à qual estava vinculado quando da sua aposentadoria, entre outros.

O posicionamento ministerial é no sentido de que a previsão estatutária, neste caso dos aposentados, é suficiente para dirimir a controvérsia, tendo em vista a leitura conjunta dos artigos 78 e 95, alínea “e”, primeira parte, dos estatutos, para além do artigo 10 anteriormente já citado, os primeiros que dispõem sobre a possibilidade de

comparecimento do aposentado para votar munido tão somente da sua carteira sindical, verbis:

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“Artigo 78. É eleitor todo associado que na data da eleição em primeira votação estiver em pleno gozo dos seus direitos sociais, tiver mais 06 (seis) meses de inscrição no Quadro Social e que em dia com a mensalidade social, e não enquadrado na alínea “1” do Artigo 77 deste Estatuto, assim como os

aposentados devidamente identificados por sua carteira sindical.

(...)

Artigo 95. São documentos válidos para a identificação do eleitor: (...) e)

Carteira Funcional, desde que tenha fotografia do associado exibida na mesma em conjunto com o Contra-Cheque do mês com desconto ou recibo da

mensalidade sindical;” (grifei)

Desta maneira, considerando a listagem e as telas ilustrativas constantes no procedimento de mediação, bem como os termos estatutários acima transcritos, não há que

se impor maiores exigências ao aposentado eleitor senão aquelas constantes expressamente no estatuto no sentido de comparecer à urna munido da sua carteira sindical em que conste expressamente o registro ou carimbo de aposentado, com foto.

Compreende-se a preocupação da chapa 2 no sentido da apresentação de maiores documentações por parte do aposentado no momento de manifestar o seu voto, visando a evitar eventuais e hipotéticas fraudes pelo comparecimento de trabalhadores que não são verdadeiramente aposentados ou não pertencentes à categoria representada pelo SINDESV-PE.

Contudo, para a averiguação defendida pela representação da chapa 2 seria necessária uma varredura minuciosa e, em última análise, um recadastramento de todos estes aposentados, com tempo em abundância para análise individual de cada um deles, o que não ocorre no presente caso, em vista da iminência da realização do pleito já na próxima semana.

Assim, salvo os casos dos trabalhadores aposentados identificados

como falecidos, em número de 2 (dois), pela chapa 2, em relação aos quais o MPT concorda e sugere pela sua exclusão na listagem de votantes dos aposentados, no que concerne a todos os demais nomes de aposentados indicados na listagem apresentada pela representação da chapa 1 com o peticionamento de 02/06/2017, acrescidos dos 17

mencionados na última manifestação em audiência assentada em 22/06/2017, no total de 258 (duzentos e cinquenta e oito) aposentados, o MPT entende que devem todos eles

serem incluídos na lista regular e própria de aposentados aptos a votarem, desde que apresentem, no momento de comparecimento à urna, a sua carteira funcional na forma do art. 78 dos estatutos.

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No que concerne aos trabalhadores identificados como “avulsos”, assim entendidos aqueles trabalhadores que pagam suas contribuições sindicais diretamente ao sindicato, e não através de desconto em seus contracheques realizado pelos seus respectivos empregadores, a representação da chapa 1 trouxe aos autos, no mesmo peticionamento datado de 02/06/2017, os nomes de 57 (cinquenta e sete) trabalhadores vigilantes assim considerados como “avulsos”, acompanhados de planilha com identificação de suposto pagamento das contribuições sindicais de outubro/2016 a abril/2017 por parte de cada um deles.

O pleito da representação da chapa 2, manifestado na última audiência assentada em 22/06/2017, é para que os votos dos trabalhadores avulsos somente sejam considerados se, no ato da votação, “(...) se o sindicato apresentar o boleto pago mês a mês

e/ou a ficha de compensação financeira mês a mês, comprovando o adimplemento dos 6 (seis) meses exigidos pelo estatuto”.

De início, quanto a estes trabalhadores “avulsos”, deve ser reiterado tudo o quanto disposto no tópico “c” supra, no sentido de se aplicarem as mesmas disposições referentes à elaboração de lista apartada para os trabalhadores vigilantes de transporte de valores e escolta armada que agora pertencem à categoria profissional representada pelo SINDIFORT-PE, de modo a colher seus votos nesta lista apartada, com identificação do nome e do motivo do voto apartado no envelope externo, e após proceder ao seu descarte para evitar constrangimentos desnecessários pelo exercício do direito do voto pelo trabalhador, ainda que desempossado da sua qualidade de eleitor na forma do art. 10 do estatuto.

No que se refere aos demais, não enquadrados nesta situação, visualiza o MPT uma aparente antinomia entre as normas estatutárias, sobremodo entre o art. 78, que dispõe acerca da necessidade de 6 (seis) meses de inscrição no quadro social e estar em dia com a mensalidade sindical, com a disposição presente no art. 95, alínea “g”, que preceitua no sentido da possibilidade do trabalhador vigilante apresentar, como documento válido de identificação de sua qualidade como eleitor, o contracheque atualizado e o do mês anterior em conjunto com um dos documentos mencionados nas demais alíneas do art. 95. Vejamos:

“Artigo 78. É eleitor todo associado que na data da eleição em primeira votação estiver em pleno gozo dos seus direitos sociais, tiver mais 06 (seis) meses de

inscrição no Quadro Social e que em dia com a mensalidade social, e não

enquadrado na alínea “1” do Artigo 77 deste Estatuto, assim como os aposentados devidamente identificados por sua carteira sindical.

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Artigo 95. São documentos válidos para a identificação do eleitor: Contra-Cheque

atualizado e do mês anterior se a eleição se der antes do dia 10 e do mês se a

eleição se der após o dia 10, que será exibido em conjunto com um dos

documentos citados nas alíneas anteriores na falta do Contra-Cheque, o recibo

de quitação das mensalidades. (sic)”.

Apesar da má redação deste último art. 95, o que se depreende, salvo melhor juízo, na visão ministerial, da leitura conjunta de ambos os artigos, é que, em primeiro lugar, os 6 (seis) meses mencionados no art. 78 referem-se ao prazo de carência de inscrição no quadro social, e não à apresentação dos descontos sindicais referentes ao mesmo prazo; o que a disposição estatutária exige é que o associado “esteja em dia” para com a mensalidade social, expressão que, nos termos do art. 95, alínea “g”, entende-se suprida com a apresentação, pelo trabalhador, no dia da eleição, do contracheque atualizado mais o do mês anterior.

Em segundo lugar, observa-se ainda do art. 95, alínea “g” que, na falta desses dois últimos contracheques, poderia ser apresentado pelo eleitor o recibo de quitação das mensalidades respectivas, do que também se depreende em relação às duas últimas mensalidades.

Em qualquer dos casos, como o mencionado art. 95, alínea “g” exige a apresentação destes dois últimos contracheques acompanhados de um dos documentos mencionados nas demais alíneas, em especial a carteira funcional com foto ou a carteira de trabalho, os primeiros teriam o condão de comprovar o recolhimento das mensalidades sindicais, enquanto que os segundos, para além da identificação do eleitor, também a comprovação de preenchimento do prazo de carência previsto no art. 78 dos estatutos.

De modo que, dentro da linha já expendida no sentido de preservar e aplicar ao máximo as disposições estatutárias, entende o MPT que, em relação aos trabalhadores avulsos que não se enquadrarem na condição disposta no tópico “c” deste despacho (pertencentes a outra categoria), poderão votar desde que apresentem os dois últimos

contracheques, relacionados à abril e maio de 2017, para verificação do adimplemento

das mensalidades sindicais, ou recibos de quitação desses últimos dois meses,

assinados pelo dirigente competente do sindicato (o que será mais provável de acontecer

caso em virtude da própria qualidade de trabalhadores “avulsos”, que recolhem diretamente via boleto bancário, e não via desconto em seus contracheques), bem como algum dos documentos previstos no art. 95, em especial a carteira funcional com foto e/ou carteira

de trabalho, para identificação do eleitor e em especial para verificação do prazo de carência

(14)

f) Procedimento para colhimento dos votos em separado

Em relação a este tópico, suscitado pelo item 7 da manifestação da representação da chapa 2 na última assentada ocorrida em 22/06/2017, entende o MPT que não há controvérsia a ser dirimida, haja vista a previsão específica e expressa dos estatutos sobre a forma de recolhimento dos votos em separado, conforme disposição do art. 94, caput e parágrafo único, mais adiante transcritos

“Artigo 94. Os eleitores cujo exercício de direito de voto for contestado por qualquer associado em pleno gozo de seus direitos sindicais e os associados cujos nomes não constarem na lista de votação, votarão em separado, assinando a folha própria.

Parágrafo Único – O voto em separado será tomado da seguinte forma:

a) O Presidente da Mesa Coletora entregará ao eleitor envelope apropriado,

para que ele, na presença da mesa nele coloque a cédula que assinalou, colando o envelope;

b) O Presidente da Mesa Coletora anotará no lado externo do envelope a que

se refere o § anterior, o nome, o número da matrícula social do eleitor, as

razões da medida e as provas apresentadas pelo associado, para justificar sua

condição de eleitor, para posterior decisão do Presidente da Mesa Apuradora.” (grifei)

Deste modo, vê-se que, no caso do voto colhido em separado, o eleitor colocará a cédula em envelope apropriado, em cujo lado externo o presidente da mesa coletora fará constar os dados do eleitor como nome, número da matrícula social e especialmente o motivo ou a razão sucinta para a tomada do voto em separado,

primando-se pela preprimando-servação do sigilo da intenção de voto do eleitor.

Observadas as disposições e as cautelas estabelecidas acima, não há matéria controversa a ser solucionada pelo MPT senão a obediência ao que já dispõe o estatuto do sindicato.

g) Quanto ao pleito formulado pela chapa 2 para disponibilização de “funcionário” do MPT para certificação das listas

Por fim, em relação ao último pleito formulado pela representação da chapa 2, consistente na disponibilização de um “funcionário” do MPT para que haja a certificação das listas em conjunção com membros das duas chapas, tenho por indeferi-lo, haja vista a desnecessidade de tal procedimento envolvendo Membro ou servidor do Ministério Público do Trabalho para realização de tarefa que pode (e é normalmente) ser realizada pelos integrantes das próprias chapas ou componentes paritários da comissão eleitoral.

(15)

CONCLUSÃO

Por todo o exposto, tendo em vista que as 4 (quatro) empresas mencionadas na ata de audiência do dia 22/06/2017 já juntaram suas respectivas listagens ao procedimento de mediação, em relação às quais já foi liberada sua visualização pelo despacho de minha lavra de mesma data, e considerando a manifestação ora expendida, em acolhimento parcial, parte a parte, dos pleitos das representações de ambas as chapas, o

MPT considera solucionadas as questões controversas postas à sua deliberação, nos termos de toda a fundamentação retro, a qual se considera aqui reiterada para todos os

efeitos, esperando que a COMISSÃO ELEITORAL, com o auxílio das representações das chapas, adotem as providências necessárias para possibilitar o início da realização da coleta dos votos já a partir da próxima quarta-feira, dia 28/06/2017, em cumprimento aos prazos definidos em compromissos anteriores, mantendo-se este órgão ministerial e o procedimento de mediação à disposição das partes para o que mais se fizer necessário ao bom andamento do pleito dentro dos princípios de lisura e democracia que devem reger o sufrágio sindical.

Esclareça-se, por fim, que, não obstante as deliberações ora adotadas por este Parquet, em havendo consenso posterior entre as representações das chapas, em sentido diverso do ora deliberado, poderão ser adotadas ditas soluções, de tudo cientificando-se o MPT.

Recife, 23 de junho de 2017

(Firmado por assinatura digital - MP 2.200-2/2001) JOSÉ LAÍZIO PINTO JÚNIOR

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