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JUCA PIAU ...E O VENTO LEVOU. Episódio 1. De Calixto de Inhamuns e Mario Galindo

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JUCA PIAU

Episódio 1

...E O VENTO LEVOU

De Calixto de Inhamuns e Mario Galindo

Copyright © 2002 by Mario Galindo Todos os direitos reservados

mariorgalindo@yahoo.com.br / (0xx11) 4121-2959

Rua Maria Belarmino de Castro, 35 09770-460 – São Bernardo do Campo - SP

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...E O VENTO LEVOU!

FADE IN:

CENA 01 – INTERNO GALINHEIRO – ALTAS HORAS DA NOITE

Duas galinhas se reviram no poleiro tentando dormir. De fora vem um barulho insuportável de martelo batendo, tábuas arras-tando. Elas se mexem, fecham os olhos e apertam os bicos. Os bicos trincam. Saem faíscas da cabeça delas. Elas enfiam a cabeça embaixo das asas. O barulho aumenta. As penas queimam e sai fumaça. Elas desistem de dormir, se olham e furiosas saem do galinheiro.

CENA 02 – EXTERNO GALINHEIRO – QUINTAL DA CASA DE JUCA PIAU – ALTAS HORAS DA NOITE

As duas galinhas saem do galinheiro, furiosas. Aproximam-se da janela, que está aberta e tentam olhar. Juca aparece e fe-cha a cortina. As duas não desistem e tentam enfiar a cabeça por entre a cortina. Juca, com cara de poucos amigos, briga com as duas.

(3)

JUCA

Cês deixa de enfiar o bico onde num são chamadas, disgramentas.

Fecha a janela com violência e amassa os bicos das galinhas. Os bicos das duas incham e elas saem andando, atordoadas.

CENA 03 – EXTERNO GALINHEIRO – QUINTAL DA CASA DE JUCA PIAU – DIA – AMANHECER.

As duas galinhas estão dormindo encostadas numa estaca perto da casa. Estão com olheiras e os bicos enfaixados. A casa es-tá silenciosa, mas, de repente, ouve-se barulho dentro. Juca, feliz da vida, desafinado, canta.

JUCA

É manhã e o sol se levanta, Meu canário começa cantar Ai, canta, canário, canta, Que o sol acabou de raiar.

Os ouvidos das galinhas trincam. As duas acordam furiosas e percebem que a porta está entreaberta. As duas acordam de vez e correm para espiar. Quando se aproximam e vão empurrar a porta, Juca a abre e elas caem de bico no chão. Juca sai da casa carregando uma escada e um objeto na mão e, distraído, pisa nas patas das galinhas prostradas no chão e sai. Elas reclamam e tentam se levantar, furiosas. Juca ouve o barulho e se volta. A escada que ele carrega no ombro acerta as gali-nhas. Elas caem desmaiadas. Juca xinga.

JUCA

Cês tão inda aí, disgramentas! Xispa!

Juca se vira e vai em direção ao lado da casa onde o telhado é mais baixo. Agora se vê claramente que ele tem na mão um belo galo de madeira, com uma crista vermelha, enorme. É uma rosa-dos-ventos em forma de um galo. As galinhas, atordoadas, apenas percebem na mão de Juca um vulto colorido com uma man-cha vermelha. Elas forçam o olhar por entre as pálpebras in-chadas e enxergam um belo galo na mão de Juca. O coração das duas bate barulhento, tenta sair pela boca, mas é empurrado para dentro. Tenta sair pelos olhos, mas também é empurrado. As galinhas, em delírio apaixonado, vêem o galo como um “be-lo” cantor mexicano, com chapéu enorme e violão, cantando.

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GALO

Angústia de non te terte mais Angústia, feriu mi coraçon...

Elas caem, aturdidas de amor. Corações saem de todos os bura-cos delas. Juca coloca a escada, enbura-costada na parede, e se apronta para subir. As galinhas acordam do delírio e tentam correr em direção ao galo. Elas começam a brigar. Uma puxa a outra, quando vai em frente, a outra lhe passa uma rasteira. Repetem, os movimentos. Brigam e levantam poeira. Do meio da poeira a galinha vencedora da luta sai em disparada, mas Juca já começou a subir a escada e ela vai de encontro à mesma. Ainda é atropelada pela outra que vinha correndo também. As duas emboladas, no chão, olham para cima e vêem o lindo galo no ombro de Juca. O galo, agora um tenor italiano, canta.

GALO

Amore mio, dulce amore, Mio amore, amore dulce. Elas desmaiam.

CENA 04 – EXTERNO - EM CIMA DO GALINHEIRO – DIA

Uma galinha está com as asas enormes, aumentadas com palha de milho. Ela bate as asas e depois de certo tempo levanta vôo. O vento forte, contrário à direção que ela vem, oferece re-sistência. Ela fica parada no ar, por alguns segundos, aumen-ta o ritmo das asas, mas as penas começam a desgrudar. Ela aumenta mais o ritmo. Soltam mais palhas. A galinha cai como uma manga madura. No ar ficam algumas palhas flutuando.

CENA 05 – EXTERNO - QUINTAL DO SÍTIO - DIA

A outra galinha, vestida de atleta, faz alongamento. Está com um caniço de pesca. Ela faz pose de atleta, toma impulso e corre na direção da casa. Usando a vara ela faz um belo salto em direção ao galo. Quando está quase alcançando o telhado, a vara não agüenta o peso dela, verga e ela desaba como um ma-mão maduro.

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Juca está assistindo à TV. A imagem some e aparece uma mensa-gem: “Tem um técnico na porta para consertar.”. Juca estra-nha, vai até a porta e abre.

CENA 07 – EXTERNO - FRENTE DA CASA DE JUCA – DIA

As duas galinhas, uma em cima da outra, carregando uma esca-da, estão disfarçadas de técnico de televisão.

JUCA

„ Dia!

A galinha de cima aponta o telhado. A que está embaixo mostra uma placa: “Consertos de TV”. Juca mede o sujeito, desconfia-do. As duas, acompanhadas por um desconfiado Juca, dirigem-se ao lado da casa, colocam a escada e começam a subir. Quando estão quase no telhado, a que está embaixo, ansiosa pela pro-ximidade do galo, tenta passar a que está em cima. Elas bri-gam e desabam. Caem em cima de Juca, com escada e tudo e an-tes que este consiga reagir, fogem. Juca, com a cabeça no meio dos degraus da escada, está furioso.

JUCA

Cês me pagam, disgramentas!

CENA 08 – EXTERNO - ÁRVORE PRÓXIMA À CASA DE JUCA – DIA

As duas galinhas estão vestidas de trapezistas. Começam a su-bir a árvore, saltando de galho em galho. Quando estão no al-to, saltam, voando, desajeitadamente, em direção ao galo. E-las não possuem controle e vão de encontro à rosa-dos-ventos. Batem violentamente e despencam do telhado arrastando o galo e tudo o que encontram pela frente – folhas velhas, cocô de pombo, etc – fazendo um barulho enorme.

CENA 09 – EXTERNO - VARANDA DA CASA DE JUCA – DIA

Juca, deitado na rede, toma um susto e corre em direção ao barulho. As galinhas, o galo e tudo o mais que tinha em cima da casa, caem sobre Juca. Quando a poeira baixa, Juca, cheio de cocô pombo e sujeira, com o galo atravessado na cabeça, está segurando as galinhas pelo pescoço, furioso.

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Cês vão ver disgramentas! Cês vão ver com quantos paus se faz uma coivara!

CENA 11 – EXTERNO – VARANDA DA CASA DE JUCA – DIA

Juca está deitado na rede, palitando os dentes.

CENA 12 – EXTERNO – TELHADO DA CASA DE JUCA – DIA

As duas galinhas estão amarradas na rosa-dos-ventos. Estão com os bicos amarrados e têm nas suas cabeças duas enormes e ridículas cristas. Elas rodam ao sabor do vento.

FADE OUT

Referências

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