• Nenhum resultado encontrado

INFORMA CONCORRENCIAL

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "INFORMA CONCORRENCIAL"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)
(2)

INFORMA CONCORRENCIAL

146ª SESSÃO DE JULGAMENTO DO CADE 08 de julho de 2019

CADE aprova aquisição da Ferrous pela Vale

A aquisição da mineradora Ferrous Resources Limited pela Vale foi aprovada sem restrições pelo Tribunal do CADE, por unanimidade. A operação foi noti cada à autoridade em dezembro do ano passado.

Em fevereiro, a empresa Porto Sudeste do Brasil S.A. foi habilitada como terceira interessada e se opôs à aquisição. Entre outros argumentos, a Porto Sudeste a rmou que a Vale estaria consolidando seu virtual “monopólio” sobre os mercados de minério de ferro no Brasil, aumentando as barreiras à entrada para fabricantes de pelotas e limitando o acesso, para a terceira interessada, ao minério da Ferrous. Este último ponto, segundo a Porto Sudeste, poderia resultar na sua saída do mercado de terminais portuários e em consequentes prejuízos para mineradoras independentes, que alegadamente dependem dos seus serviços.

Todavia, após longa instrução do caso, inclusive por meio de ofícios a clientes e concorrentes das partes, bem como a agências reguladoras, a Superintendência-Geral do CADE (SG) decidiu, em junho de 2019, pela ausência de preocupações concorrenciais advindas da operação, recomendando a sua aprovação sem restrições. Para a SG, cou claro que não há nexo de causalidade entre a operação e a parcela de mercado já detida pela Vale nos mercados de minério de ferro. Ainda, a SG ressaltou que não há risco de fechamento de mercado ao Porto Sudeste, uma vez que a produção da Ferrous tem baixa representatividade no total movimentado por terminais portuários da região, e que existe signi cativa capacidade ociosa em outros portos para atender à demanda de mineradoras não integradas.

A Porto Sudeste recorreu da decisão, defendendo que a análise empreendida pela Superintendência-Geral foi incompleta. O recurso foi conhecido pelo Conselheiro Relator Maurício Bandeira Maia, e o caso levado à julgamento nesta última sessão.

Em seu voto, o Conselheiro Relator Maurício Bandeira Maia afastou o argumento do Porto Sudeste de que a operação poderia resultar na sua saída do mercado por veri car que os volumes transportados pela Ferrous, por meio do Porto Sudeste, não são essenciais para operação deste. Ademais, o Porto Sudeste poderá continuar a transportar o minério de outros mineradores, que inclusive têm planos de expansão, o que afasta a hipótese de customer foreclosure.

(3)

Além disso, o Conselheiro Relator apontou que a instrução não encontrou riscos de fechamento no mercado de pelotização. Segundo o Conselheiro Relator, não há indícios de que a Ferrous entraria no mercado. Em sentido contrário, constatou-se a entrada da Vallourec no mercado, ainda este ano, contrariando a tese de cristalização de monopólio da Vale.

O Conselheiro Relator ressaltou ainda que há duas ações populares que tramitam na Justiça Federal do Distrito Federal. A primeira visa garantir celeridade na apreciação do presente caso, ao passo que a segunda visa impedir que o CADE aprove a operação antes que a Vale cumpra vários requisitos de temática social e ambiental.

Quanto a primeira ação, o Conselheiro Relator apontou que o juízo concedeu liminar para que o caso fosse julgado dentro do prazo legal, de modo que a liminar foi cumprida pelo CADE uma vez que o julgamento foi realizado após apenas 172 dias. Com relação à segunda ação, o Conselheiro Relator a rmou que não cabe ao CADE adentrar na esfera de atuação de outros entes regulatórios, não tendo expertise para tratar de medidas sociais e ambientais.

Por m, o Conselheiro Relator ressaltou que a aprovação não exime as empresas de cumprirem outras obrigações relacionadas à presente operação, que devem ser monitoradas pelas autoridades competentes.

Os demais Conselheiros seguiram o voto do Conselheiro Relator.

CADE condena empresas por cartel em licitações para projetos de metrôs e trens

Nesta última sessão de julgamento do CADE o Tribunal decidiu, por unanimidade, condenar as empresas Alstom, Bombardier, CAF, Iesa, MGE, Mitsui, MPE, TC/DR, Tejofran, Termoinsa, Trans Sistemas, além de diversos indivíduos, por formação de cartel em licitações públicas de trens e metrôs realizadas em São Paulo (SP), Distrito Federal (DF), Minas Gerais (MG) e Rio Grande do Sul (RS).

Por outro lado, o Tribunal do CADE, por unanimidade, determinou o arquivamento do processo em favor de alguns indivíduos e das empresas: (i) RHA e Caterpillar Brasil, por ilegitimidade passiva; (ii) Hyundai, por insu ciência de provas; e (iii) Constech e Procint, em razão da ocorrência de prescrição.

Além disso, o Tribunal do CADE declarou, por unanimidade extinção da pretensão punitiva em relação e as empresas Siemens Ltda. e Siemens AG (em conjunto Siemens), além de alguns de seus funcionários, por serem signatários do Acordo de Leniência.

(4)

O caso decorre de processo administrativo instaurado em 2013 em razão de Acordo de Leniência rmado entre a SG e as empresas Siemens, além de alguns de seus funcionários. No Acordo de Leniência, a Siemens e seus funcionários apontaram a ocorrência de contatos entre concorrentes com o objetivo de eliminar a competição em licitações públicas relativas a projetos de metrô e/ou trens e sistemas auxiliares, desde, pelo menos, 1998.

A partir do Acordo de Leniência, foram realizadas diligências de busca e apreensão na sede de 13 empresas localizadas nas cidades de São Paulo, Brasília, Diadema e Hortolândia, quais sejam: Alstom Brasil Energia e Transporte Ltda., RHA do Brasil Serviços de Infraestrutura Ltda., Bombardier Transportation Brasil Ltda., CAF Brasil Indústria e Comércio, Empresa Tejofran de Saneamento e Serviços Ltda., IESA Projetos Equipamentos e Montagens S/A, Mitsui & Co Ltda., Serveng–Civilsan S/A, Temoinsa do Brasil Ltda., Trans Sistemas de Transportes S.A., MGE Equipamentos e Serviços Ferroviários Ltda., TC/BR Tecnologia e Consultoria Brasileira S/A e Renato Grillo Ely.

Em posse dos documentos, a SG apontou que foram constatados indícios de que os investigados teriam celebrado ajustes com a nalidade de xar preços, dividir mercado e ajustar condições, vantagens ou abstenção em licitações públicas relativas a projetos de aquisição de material rodante, sistemas auxiliares e serviços de manutenção referentes a obras de metrô e/ou trens. Segundo o órgão, haveria presença, ainda, de fortes indícios de que, por vezes, o cartel teria contado com a participação e coordenação de empresas de consultoria especializada e seus representantes, que teriam in uenciado e supostamente obtido a adoção de conduta comercial uniforme entre concorrentes.

Após extensa instrução do caso, a SG emitiu nota técnica recomendando a condenação das empresas investigadas, exceto uma, além da condenação e absolvição de diversos indivíduos.

A Procuradoria Federal Especializada junto ao CADE (ProCADE) e o Ministério Público Federal (MPF), por sua vez, seguiram as recomendações da SG quanto às empresas e divergiram das recomendações referentes a certos indivíduos.

O Conselheiro Relator reconheceu a ocorrência das condutas investigadas, concluindo que houve diversos acordos competitivos, em variadas licitações, ao longo de pelo menos 10 anos. Apesar de consistirem em diversos acordos, o Conselheiro Relator entendeu se tratar de um único cartel que era renovado ao longo das diferentes licitações, com um modus operandi padrão. Segundo ele, tal cartel era liderado pela Alstom, que não só detinha maior poder de barganha que as demais, como in uenciava até mesmo a elaboração dos editais.

Além disso, o Conselheiro Relator a rmou que, apesar de consórcios serem necessários para participação em algumas licitações, as provas demonstram que estes eram utilizados para divisão de mercado. Segundo ele, em diversos documentos se a rmou que os

(5)

consórcios deveriam ser formados por razões “políticas” e para “evitar guerras de preços”. Ainda, o Conselheiro Relator João Paulo de Resende reconheceu a ilegitimidade passiva da empresa RHA do Brasil uma vez que cou comprovado, inclusive judicialmente, que a empresa não teve relação com a conduta investigada. O Conselheiro Relator também reconheceu a ilegitimidade da Caterpillar Brasil, notando que houve confusão na instrução devido à sigla “CAT”.

Na sequência, o Conselheiro Relator votou pela condenação dos demais investigados. Com relação à Siemens e seus funcionários signatários do Acordo de Leniência, o Conselheiro Relator votou pela extinção da punibilidade por entender que estes cumpriram com todos os requisitos legais. Além disso, com relação à Alstom, votou pela proibição de contratar com a administração por ser a líder do cartel.

O Conselheiro Maurício Bandeira Maia, em voto-vista, opinou pelo arquivamento do processo também em relação à Serveng e certos indivíduos. Seu voto, neste tocante, foi acompanhado pela maioria do Plenário.

Com relação às penalidades impostas, houve divergência quanto ao cálculo da multa. O Conselheiro Relator votou pela aplicação de multas em maior valor, num total aproximado de R$ 968,6 milhões para as empresas e R$ 22,5 milhões para os indivíduos. Contudo, seu voto foi novamente vencido pela divergência aberta pelo Conselheiro Maurício Bandeira Maia, acompanhada pela maioria do Plenário, aplicando multa em um total aproximado de R$ 515,6 milhões para as empresas e R$ 19,5 milhões para os indivíduos.

Por m, o Conselheiro Maurício Bandeira Maia votou pela aplicação de penalidades acessórias por entender que os valores das multas caram aquém do dano calculado. Nesse sentido, as penalidades sugeridas foram: (i) a proibição de participar em licitações, por 5 anos, para a Alstom; e (ii) o envio de recomendação aos órgãos públicos para que não concedam parcelamento de tributos federais ou para que sejam cancelados, no todo ou em parte, incentivos scais ou subsídios públicos com relação às empresas Alstom, CAF e Bombardier.

A Conselheira Polyanna Vilanova divergiu nesse ponto e votou pela não aplicação das penalidades adicionais sugeridas, por entender que seriam prejudiciais à continuidade das empresas. Diante do empate, o Presidente Alexandre Barreto utilizou seu voto de qualidade e acompanhou integralmente o voto do Conselheiro Maurício Bandeira Maia pela aplicação das penalidades adicionais.

(6)

CADE rma acordo com Petrobras para estimular concorrência no mercado de gás natural

O CADE homologou por unanimidade um acordo com a Petrobras para estimular a concorrência no mercado de gás natural e, consequentemente, promover uma abertura no setor. O acordo foi celebrado no âmbito de duas investigações de abuso de posição dominante em curso contra a empresa.

Uma das investigações foi iniciada a partir de representação da Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado – ABEGAS, para apurar eventuais infrações decorrentes do elevado poder de mercado da Requerente em diversos elos da cadeia de gás natural no Brasil. A segunda investigação foi instaurada a partir de representação da Companhia de Gás de São Paulo (Comgás), para investigar suposta conduta unilateral de discriminação de preços e condições de contratação no mercado de transporte e distribuição de gás natural canalizado.

Por meio do acordo celebrado com o CADE, a Petrobras comprometeu-se a adotar as seguintes medidas: (i) alienar participações acionárias na Nova Transportadora do Sudeste (NTS), na Transportadora Associada de Gás (TAG) e na transportadora Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil (TBG); e (ii) alienar a sua participação acionária indireta em companhias distribuidoras, seja alienando suas ações na própria na Gaspetro ou buscando alienação de participações detidas pela Gaspetro nas distribuidoras, tudo isso conforme cronograma factível.

O julgamento do segundo processo já havia sido iniciado na 1ª sessão extraordinária de julgamento ocorrida em 18 de junho deste ano. Na ocasião, o Conselheiro Relator Paulo Burnier havia votado pelo arquivamento do processo e, na sequência, o Conselheiro Maurício Bandeira Maia pediu vista do caso, suspendendo seu julgamento.

O CADE fará o monitoramento do cumprimento do acordo e as investigações permanecerão suspensas durante seu período de cumprimento.

Este boletim apresenta um resumo de alterações legislativas ou decisões judiciais e administrativas no Brasil. Destina-se aos clientes e integrantes do Cescon, Barrieu, Flesch & Barreto Advogados. Este boletim não tem por objetivo prover aconselhamento legal sobre as matérias aqui tratadas e não deve ser interpretado como tal.

(7)

Para informações, entrar em contato com: Joyce Midori Honda D +55 11 3089 6139 joyce.honda@cesconbarrieu.com.br

Ricardo Lara Gaillard D +55 11 3089 6648 ricardo.gaillard@cesconbarrieu.com.br

CESCON, BARRIEU, FLESCH & BARRETO ADVOGADOS

SÃO PAULO | RIO DE JANEIRO | BELO HORIZONTE | BRASÍLIA | SALVADOR

Referências

Documentos relacionados

Diante da evidente necessidade humana em consagrar o progresso de seus direitos sociais, bem como a proteção de garantias em sociedade, os legisladores

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

Apothéloz (2003) também aponta concepção semelhante ao afirmar que a anáfora associativa é constituída, em geral, por sintagmas nominais definidos dotados de certa

Seja o operador linear tal que. Considere o operador identidade tal que. Pela definição de multiplicação por escalar em transformações lineares,. Pela definição de adição

Figura 8 – Isocurvas com valores da Iluminância média para o período da manhã na fachada sudoeste, a primeira para a simulação com brise horizontal e a segunda sem brise

É importantíssimo que seja contratada empresa especializada em Medicina do Trabalho para atualização do laudo, já que a RFB receberá os arquivos do eSocial e

Equipamentos de emergência imediatamente acessíveis, com instruções de utilização. Assegurar-se que os lava- olhos e os chuveiros de segurança estejam próximos ao local de

Há alunos que freqüentarão o AEE mais vezes na semana e outros, menos. Não existe um roteiro, um guia, uma fórmula de atendimento previamente indicada e, assim sendo, cada aluno terá