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Memoria historica sobre os ultimos successos do Pará

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Academic year: 2021

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le ne fay rien

sans

Gayeté

(Montaigne, Des livres)

â

Ex Libris

José Mindlin

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(9)

MEMORIA HISTÓRICA

SOBRE

o s

U L T I M O S s U C C E S S O S

D O

PARA’.

k ^ e n d o - m e ordenado pelo G ov er no de S. M . F . de dirigir- i n e , na Co rveta do meu c o m m a n d o , á C idade do G r a n - P a - rá, a fim de prestar por todos os meios ao meu alcance, urna f r a n c a , g ene ro s a, e efficaz protecção á segurança individual , p roprie dade s, e coramercio dos leaes súbditos de S. M . F . residentes naquella C i d a d e , e P r o v i n c i a , que se achav am ex­ postos ao furor, e perseguições d ’u m a populaça rebelde, e vin­ g a t i v a , conservando-me sempre em u m a atitude respeitável, sem co m tu d o faltar ao respeito devido ao governo do Sr. D , P e d r o 2 .**, nem involver-me d i r e c t a , ou indirectamente nos p a r tid o s , e^dissenções populares, em pregando a mais circuns­ pec ta reflexão em não ultr ap ass ar os limites de uma bem eíi- tend ida p r o t e c ç ã o , li m ita d a aos súbditos de S. M . F . , e ao interesse p u b lic o , não devendo com tu do negar o a b r ig o , e a c o l h i m e n t o , a que tem direito os súbditos de nações amigas j fiz-me á vella desta Cidade no d ia 1 5 d ’Abril do corrente an­ no. N o dia 12 de M a io dei fundo em frente da b arra da C i ­ da d e de S. Luiz do M a r a n h ã o , para to m a r informações do estado do P a r a , e de tudo o mais, que podesse concorrer p a ­ ra o bom desempenho d a minha commissão. Aquella P r o v í n ­ c i a estava perfeitamente t r a n q u i l l a , e não apresentava nem os mais leves simpthornas d ’inquietaçâo. A Corveta foi muito bem acolhida , e eu recebi o mais obsequioso t r a t a m e n t o t a n ­ to das autoridades B ras ileira s, como de todos os individuos quer Brasileiros, quer P o r t u g u e z e s ; foram-rae offerecidos d i - tiheiroS} e tudo quan topre cizasse , mesmo sem p r ê m i o s , ou

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K

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cambios, pois que o governo de

S.

M. F . gozava alli do me­ lhor credito, e da mais alla reputação. Ali soube que a Cidade, c Provinc ia do G r a n - P a r à estava ai nda dom inada peîo gover­ no rebelde, e que dias antes tinha partido para aquelle porto a F r a g a t a Imperatriz de 5 0 , p a ra se unir ás mais forças ma- r i l i r n a s , que alli se ac hava m es tacionad as, para fazer entrar de posse do Governo o Presidente le gal, recorrendo mesmo á força se necessário fosse. N o dia 28 de M aio deixei o M a r a ­ n h ã o , e no dia 31 ancorei na B a h ia de S. J o s é , no P a r á , onde encontrei fundeada toda a E squadra Brasileira, que sen­ do mal succedida no desembarque q u e l e n l á r a fazer no dia 12 de M a i o , se viu obrigada a deixar o porto, e ir buscaraquel* 3a par ag em .

A E s q u a d ra estava em um estado deplorável ; sem m a n ­ t i m e n t o s , com as suas guarnições muito d i m i n u i d a s , e essas pouco disciplinad as ; sern medicamentos para os muitos feri­ dos que tinha na I l h a da Teluoca , e em fin) falta de t u d o , e esperando somente soccorros d a V illa de

Camuíd

a l i lé­ guas de d i s t a n c i a , até qvie chegasse u m a expedicçãq que ti­ n h a j á partido do R io de Ja neiro com t r o p a s , e mais navios de guerra. N o dia l. ° de J u n h o fiz-me á vella daquella B a ­ h i a , e fui an c o ra r em frente d a C i d a d e , e proximo ás e m ­ barcações de guerra I n g l e z a s , e h r a n c e z a s , que alli se a c h a ­ vam estacionadas para proteger o seu Co mmerci o. Fui o p t i ­ m a m e n t e recebido pelo governo rebelde , que me man dou fa­ zer todos os offerecinientos, e assegurar-me que os súbditos de S. M . F . , e suas propriedades seriam sempre respeitados. U m a grande parte dos Portuguezes tin h a m a b a n d o n a d o as suas c a s a s ; uns achavam-se a bordo da E s q u a d r a B r a s ile i ra , e a m a io r parte delles dos navios de commercio das differentes naçõe s; confiados na protecção da C o r v e t a , e vendo a m a ­ neira obsequiosa, com que eu era trata do pelo governo rebel­ d e , recolheram-se ás suas c a s a s , e nem um só delles toi mais inco m in odado em cousa a l g u m a , du ran te o governo rebelde. Assim mesmo eu conservava-me sempre em u m a at itude res­ peitável ; mui poucas pessoas d a minha guarnição^ desciam a t e r r a , a não ser para cousa muito necessária. lo r n a n d o - s e indubitavel a vinda da expedição Brasileira, e que j á se a c h a ­ v a no M a r a n h ã o , os rebeldes prin cipiar am a preparar-se p a ­ r a resistir-lhe; então os Portuguezes, e rnesrno Brasileiros dei­ x a r a m as suas ca sa s, e vieram p a r a o rnar acolher-se debai­ xo d a protecção d a Corveta do meu co m m an do. Os navios

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guer-Ta, vieram igualm enle buscar a min ha pi^olecção, e an cora r p r o x i m o da Corvet a. A fome começava a sentir-se n a C i d a ­ d e , a app arece r a a n a r c l i i a , ale que no dia 19 do J u n h o constou que a expedição Brasileira ti n h a j á an corado na B a ­ hia de S. Josc , trazendo a seu bordo 2 , ou 3 mil homens de desembarque. Assim mesmo os rebeldes não d e s a n i m a v a m , e preparavam-se para to d a a qualidad e de resistência. A po ­ p u la ç a a r m a d a , isto e', os T apuio s te nta va m um saque geral ; mas o Presidente rebelde não o consentiu j a m a i s , e ate por que elle sabia que no caso de se verificar que e u , e os C o m - m a n d a n te s F r a n c e z e s , e Inglezes tinhamos accordado em fa­ zer descer á terra as nossas guarnições, e defender as proprie­ dades dos súbditos das mesmas N a ç õ e s , e as suas pessoas.

A E s q u a d r a Brasileira saiu o rio no dia 20 e ancorou prox imo da C i d a d e : a tempo que esta estava j á quasi deser­ t a : todos vieram procurar o abrigo d a C o r v e t a , inclusivè os mesmos Brasileiros : a todos prestei generosa protecção , t r a ­ t a n d o de s u a v i z a r , quanto me era poss ivel, todos os seus in­ com m odes. Os rebeldes ignorando o numero de t r o p a , dequ.e se co m p u n h a a E x p e d i ç ã o , fizeram saber ao P re sid ente le­ gal , que não duv idaria m entregar o governo, debaixo de cer­ tas condições ; o Presidente aproveitou esta oceasiâo , e n c o ­ brindo sempre o n.° da t r o p a , que não chegava a mais dè mil homens, que tin h a podido colher no M a r a n h ã o , pois que do R i o de J a n e i r o apenas ti n h a recebido 7 s o ld a d o s , e um official inferior. As negociações d u r a r a m desde 20 de J u n h o at e 2 4 , sem nada se co n c lu ir , porque de parte a parle n ã ^ havia nem boa fe', nem confiança. A inquietação na Cidade p r o g re d i a , e esperava-se a todo o momento que principiasse a a n a r c h i a ; porem na noule de 2 4 , pela meia n o u te , chegou a meu bordo o Secretario do governo rebelde, a pedir-ine pro­ tecção a bordo da rninha C o r v e t a , porque elle , como

Minisr

tro de um Deus

de paz, ( d i z i a elle) não queria concorrer pa.- ra fazer d e rra m a r o sangue Brasileiro: a c o lh i- o , como era ineu de ver, com toda a de l ic a d e z a , e sabendo que elle linha n m a grande influencia sobre os rebeldes, pude persuadi-lo a que lhe escrevesse, e fizesse tudo para que elles entregassem o governo sem d e rra m a m e n to de sangu e.. Com effeito elle ce­ deu ás minhas rogativas, escrevendo a todos os cliefes cartas, que eu confidencialmente fiz entregar por um Guarda-Mari-, Ilha meu á pessoa, que elle indicou. O resultado foi proin- p l o , e o melhor; porque o C o m m a n d a n l e da força armada-, os das F o r t a l e z a s , e o mesmo Presidente rebelde promelteT

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\**

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ram consentir no desembarque d a t r o p a , e do Presidente le­ g a l , sob a condição sómente de não largarem as armas d a m ã o , nem serem inquietados em razão dos acontecim ento s passado s, ate áquelle d i a ; e no caso de o serem, ac har azi- l o , e protecção para as suas pessoas, a bordo d a Corveta do tneu C o m m a n d o . O Presidente legal aceitou as condições, e resolveu desembarcar no dia seguinte 25 de J u n h o ; o que rne fez saber im m ed iatam en te, pedindo-me acompanha-lo naquel- le a c t o , vista a consideração, que por mim tinham os rebel­ des. Assim Iho prometli , bem como prometti aos_chefes re­ beldes de dar-lhe acolhimento a bordo da C o r v e t a , se acaso

se tentasse perseguir algum delles. ^ j

No dia 2 5 , ás 11 horas da manhãa, saiu o Presidente de bordo da F r a g a t a

Campista^

ac o m p a n h a d o por alguns E s c a ­ lares com t r o p a , e marinhagem a r m a d a , e esta saida foi an- •nunciada por uma salva d ’artilheria. I m m e d i a t a m e n t e larguei de bordo com a maior parte dos meus officiaes, em 3 E s c a ­ leres, levando todos arvorada a bandeira N ac io nal, e fui sair ao encontro do Presidente. A Corveta do meu C o m m a n d o ti n h a a gente nas vergas , e logo que me aproximei do E s c a ­

ler do Pre si den te, rompeu uma salva d ’a r t i l h e r i a , que foi se­ guida pela dos Erigues de guerra Francezes, e C orvet a Ingle- za. Os rebeldes, sempre em desconfiança, estavam a postos nas F o rta le z as, com os morrôes accezos , e o resto d a c a n a ­ l h a em armas. Logo que o Presidente saltou em t e r r a , eu fiz outro t a n t o : os chefes rebeldes vieram im m edia ta m ente fazer- me os seus cum prim en to s, e eu to m a n d o o Presidente pelo b i a ç o , encaminhei-me repentinamente ao P a l a c i o , onde por u m a quasi sorpreza fiz com que o Presidente se pozesse em es­ t a d o de segurança, ate to m a r posse do governo, como tom ou Tia m a n h ã a seguinte, no meio de bastante confusão ; pois que os rebeldes, a r m a d o s , corriam as ruas da C i d a d e , em um to m tã o a m e a ç a d o r , e in s u l t a n t e , que indicava só

o

rompi­ mento de um a nova revolução. O Presidente conhecia bem

o

perigoso estado, em que se achava, mas n ã o se atrevia a obrar, como q u ereria , porque não tinha forç as; e neste caso julgou n ã o ler outro meio de pacificar os rebeldes mais do que ser- vir-se dos seus mesmos chefes. Estes hypocritament e a c eit a­ ra m a C o m m i s s ã o , mas não fizeram mais que persuadi-los a que não deixassem as a r m a s , e que com ellas se retirassem p a r a o interior com algumas peças d ’a r t i l h e r i a , que a i n d a t in h a m em seu p o d e r , a fim de poderem um dia reunír-se em

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i

-C]iie llnha m conhecido a fraqueza das forças do P r e s i d e n t e , e • a f a l t a de meios, para sustentar-se no seu logar.

A C id ad e estava ein u m a terrível a g i t a ç ã o , e a maior p a r t e dos Portuguezes, e mesmo Brasileiros ac havam-se todos no m a r , sem se atreverem a ir á t e r r a , pois que a c a n a ­ lha se mostrava ca da vez mais desenfriada. C o m tudo nem u m só Portuguez foi i n su l ta d o , e pela guarnição d a m in h a C orveta houve sempre muito maior respeito,- e consideração do que pela dos mais de guerra Inglezes, e Francezes. P a s s a ­ dos dous d i a s , a i n d a os rebeldes estavam senhores das F o r t a ­ lezas, do trem m i l i t a r , e de u m a E s c u n a , ca rr eg ada d arti- Ih e ria , a r m a m e n t o s , e trem de gu erra; e por isso a posição d a P re sidê ncia era mui critica. N o e n t a n to elle, o C o m m a n - ’ d a n t e d a E s q u a d r a ac o m p an h a d o s de alguns Chefes dos rebel­ d e s , que elles ju lg a v a m estar unidos á sua c a u s a , foram ás F o r t a l e z a s , e ao trem m i l i t a r , e estas foram não entre gues, mas a b a ndonada s pelos rebeldes, que levaram para o interior 5 mil a r m a s , e a E s c u n a , que g u a rd a v a a a r til lie ria , e pe­ trechos de guerra.

Os Chefes dos rebeldes ficaram n a C i d a d e , foram b e m tratado s pelo P re s id e n t e , e este ate teve a desdita de persua­ dir-se que elles se interessavam pela pacificação d a P ro v í n c i a ; de sorte que por varias vezes os encarregou de ir ao interior p a r a ver se podiam desarmar a c a n a l h a , e esta oceasião era a mais bem aproveitada por elles p a ra d a r as suas disposições, a fim de vir a t a c a r a C i d a d e , e expulsar o Presidente do go­ v e r n o , da r o sa q u e, q'ifi J ^ h a v i a p ro m e lt id o , e assassinar tur do que fosse b r a n c o , incíuTivè o mesmo sexo feminino. E s t a era a sua profissão de fe' política, e que me foi dec lafad a por pessoa que assistiu a alg u m a das suas Sessões.

J á então não era desconhecido ao Presidente que elle se ac hava rodeado de traidores, e que dentro da Cid ad e havia n m grande numero de gente a r m a d a , para se unir aos rebel­ des , quando atacassem a C id ad e. E n t ã o resolveu-se a pren ­ der a l g u n s , e entre elles o ex-Presidente rebelde FVnagre por cartas , que se aprehenderam , e que lhe vinham dirigidas por seu ir m ão Antonio V in a g re um dos maiores faccinorosos, e o chefe dos rebeldes no interior. Alem do

P^inagre,

foram prezos uns 2 0 0 , e conduzidos para bordo dos navios de guer­ r a Brasileiros. Assim mesmo isto não era u m a m e d i d a , que podesse obstar a aggressâo, porque innumeraveis partidistas tin h a m os rebeldes na C i d a d e , e estes j á mettidos em c a s a s , c entrincheirados p a r a romper o fogo, logo que

entrassem

na

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í

(

6

)

C i d a d e , e o Presidente apenas um punhado de brancos B r a ­ sileiros, e Portuguezes adoptivos, de que formou um a G u a r ­ da N a c i o n a l , que não chegavam a 400 homens , dos quaes

não poderia contar nem corn a m e t a d e , no momento do pe­ rig o ; e o mesmo deveria esperar desse bat alhão do M a ra n h ã o , composto de 8 0 , ou 100 h o m e n s , quasi todos gentes de c ô r , e por isso sem confiança.

As prizões, que se fizeram na Cidade exacerbaram m u i ­ to a furia dos revoltosos, e m a rc haram imm edia ta m ente so­ bre a Yilla da

frigia.',

a 10 léguas de distancia da C i d a d e , onde e n t ra ra m assassinando t u d o , e fazendo as mais horro­ rosas crueldades. E n t ã o conheceu o Presidente que era inevi­ tá vel o at aq ue sobre a C i d a d e , e que não tendo forças p a r a repel i-lo, lhe era necessário, em nome d a h u m a n i d a d e , re­ c l a m a r o meu a u x i lio , e o do C o m m a n d a n t e da Corvela I n - gleza. P a r a isto convocamos um Conselho, e aceordarnos em dar-lho, no caso d ’aggressao, pois que o ataque era dirigido a todos os b ra n c o s , e por consequência a todas as N a ç õ e s , c e seus súbditos.

T o m a d o este a c e o r d o , dei todas as providencias para que os súbditos Portuguezes puzesseiii em cautelia suas rique­ z a s , e indiquei-lhe o l o g a r , e maneira de salvarem suas vi­ d a s , a coberto da f o rç a , que eu comrnan dava , no caso de aggressão, proliibindo-lhe com tu do de se alistarem em corpo algum militar'', por isso mesmo que eram estrangeiros, e não d u v id e i, em u m a assemble'a, que convoquei em casa d o C o n - ^ 1 , ler-lhe alguns artigos das <írjí»'h«6 in st rucçõ es , p a r a ve- rerç qual devia ser a sua linha de c p n d u c t a , para ter direito á minha protecção Os D o cu m e n to s , que a c o m p a n h a m este lelatorio não d e i x a m ’ de ser muito interessantes, e por elles se conhecerá qual foi o meu comportamento militar nesta m e­ lindrosa Commissão, e a maneira porque me houve para com a N aç ão Brasileira , e suas autoridades.

C om eífeito chegou o dia 14 d ’A g o s to , que será sempre de triste recordação para o P a r á .

A ’s 10 horas d a m a n h ã a deste dia principiou a tocar a •rebate, e a ouvirem-se tiros ao l o n g e ; o povo correu imm e­ dia ta m e n te em multidão ao principal logar do embarque ,’ uns lançando-se precipitadamente ao mar, e outros ás e m b a r ­ ca ç õ e s, que en c ontr avam . A Corveta do meu co m m an d o es­ ta va fundeada em frente do mesmo embarque, e em curta dis­ t a n c i a ; então fiz subitamente largar os meus Escaleres, para salvar a g e n t e , que f u g ia , e apoz elles a L a n c h a , as dos

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na-' I

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vîos Portugiiezes do Commercio, que tinha j u n t o a m im , co m 80 homens d a minh a g u a r n i ç ã o , t r o p a , e m a r u j a , c o m m a n - d a d a pelo Tenente J. F . de Souza. As minhas ordens foram as d ’occupar o logar do e m b a r q u e , e praias vizinhas, e es- tender-se ate' á rua, onde morava o Consul, e onde se dev iam reunir todos os Portuguezes , a fim d ’em ba rcarem protegidos pela minha gua rniç ão, ou sustentar esta aquella posição, pois que s u s t e n ta d a , não poderiam os inimigos passar ao lado do P a l a c i o , nem fazerem-se senhores das p r a i a s , que e r a ' o sea principal intento. A minh a gente appareceu em terra com a velocidade do raio, e executou a operação e x a cta m ente, como eu lhe havia ordenado, mas quando ch egaram á casa do C o n ­ s u l , j á en c o n tr a ra m o inimigo naquella p r o x i m i d a d e , e e n ­ trincheirados em casas, donde faziam um vivissimo'fogo. E n ­ t ã o principiou o c o m b a t e , que durou desde as 11 horas do di a ate á n o u t e , sem que o inimigo podesse av a n ç a r um só passo: tomámos-lhe 3 peças d ’artilheria, e no en tanto que d u ­ rav a o c o m b a t e , salvaram-se os Portugue ze s, e innumeraveis familias Brasileiras, ficando a Corveta em breves momentos

cheia de centenares de pessoas.

A ’ noute ordenei ao T en ent e Souza que se retirasse; o que assim ex e c u to u , lam en tando a perda de um bravo m a ri­ nheiro que m o r re u , tendo j á tomado a 4.^ p e ç a , e restando u m a só ao in im igo: tive ta m bém

9

feridos, que se restabele­ ceram em breves d i a s , á excepção d ’um , que deixei no H o s ­ pital do F a y a l . Recebi a bordo quantos feridos se me apresen­ ta r a m , e Iodos foram tratados com o carinho, e disvello , que, pedia a hum anidad e. A gáTàTÍfição d a Corveta Ingleza descéã á t e rra , como havia p a c t u a d o , e occupou a minha esquercíái, gu ardando a p ra ia por aquelle lado , e fazendo fogo sobre os que a t a c a v a m o trem militar ; mas o fogo era feito de dentro d ’uma c a s a , onde se tinha m entrincheirad o, e d ’onde prote­

giam as dos principacs Negociantes Inglezes.

C he ga da que foi a n o u t e , cessou inteiramente o fogo do in im ig o , e então as mesmas em ba rc a ç õ e s, durante a m esm a noute, continuaram em salvar todos os que corriam ás praias.

O Presidente não aproveitou as vantagens do d i a , e até pensou que o in im ig o , pelo seu silencio, durante a n o u t e , se tinha re tira d o ,

e

deixado a C i d a d e : mas elle não fez mais que procurar as c a sa s , que lhe pareciam mais aptas para se fortificar, e abrir communicações de umas para as o u t r a s , a fim

de

se aproximar do P a l a c i o , e do trem m i l i t a r ; e ao

amanhecer rompeu o fogo com tanta vivacidade, como no dia

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i /

\*t

antecedente. Os Inglezes nessa mesma m a n h ã a persinliram o ma u resultado d a con tenda para o governo legal, e retiraram- se para bordo com o Cônsul, e todos os mais Negociantes da sua N a ç ã o , tendo perdido um marinheiro, e ficando-lhe dous feridos. Depois disto abriu o fogo d a sua artilheria contra as ca sa s, onde os inimigos se ac hava m entrincheirados, e durou o fogo ate ao dia 2 3 , em que cessou, por ler j á mui pouca

polvo ra. . ^

O inimigo pensando que a m in h a guarmçao occ upav a ainda as p r a ia s , e ruas visinhas, não se atlreveu a penetrar por aquelle l a d o , e então deu-ine occasião a ma ndar a te ir a iim reforço de 30 h o m e n s , com alguns Portuguezes a r m a d o s , p a r a ir salvar tudo o que estava por aqucllas ruas, p erte n cen ­ t e aos mesmos P o rtu g u e z e s, como com effeito se salvou ; e o mesmo se praticou com todos os que me pediarn soccorro, pois eram as minhas e m b a rc a ç õ e s, e a minha guarnição a so, que a n d a v a neste serviço, por espaço de 7 dias.

A G u a r d a Nac ional Brasileira n u n c a saiu de P a l a c i o ; e pouco a pouco foi fugindo p a ra o m a r , levando até o a r m a ­ m e n to . Os marinheiros Inglezes da Ksquadra Brasileira foram os únicos, que sustentaram o fogo co ntra o i n i m i g o , durante os 9 dias do c o n flit o , e por isso tantos foram ou mortos ©u feridos. Ao 6 .” dia de com bate o inimigo aproximou-se t a n t o do P a l a c i o , que das c a sa s , que o c c u p a v a , fazia j á fo­

go de fuzil sobre elle , e foi neste momento que todos pr in ­ cipiaram a a b a n d o n a r o P re s id e n t e , e tão c o v a rd e m e n t e , (,que elle se viu na necessidade de pedir-me um soccorro de 20 iiomens para guar da da sua pessoa. Neste caso não podendo €u'dar-lhos , pelas rasões ap ontadas no meu oíTicio de 22 de A g o s t o , em virtude do q u a l , e d ’um a conferência, que ^^v® comigo o Chefe da E s q u a d r a , se resolveu a a b a n d o n a r a C i ­ da d e no dia 23 , aproveitando-se do escuro d a noiite; o que

assim praticou , salvando 200 feridos, e grande n. de famí­ lias, que se tinham ido asilar no P a la c io . Os D ocu mentos que

a c o m p a n h a m esta memória d a r ã o melhores noções de toda esta catrastrofe, e das suas causaes.

A Historia do P a r á é riquissima em cr im e s, e a t ro c id a ­ des, os Portuguezes encher-se-hão d ’horror, recordando-se que

desde 1823 até h o je , mais de 800 dos seus compatriotas te m sido assassinados pelos Brasileiros, e pelas gentes de côi , e se a Corveta do meu com mando não estivesse naquelle porto, no momento desta ultima revolução os

400 a

quem salvei a 'v id a

, teriam sido outras tantas yictimas.

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1

I :

r

(

9

)

N o dia 25 d ' A g o 55t o , pelas 10 horas da m a n h ã a , toma-- ram os rebeldes posse da Cidade. A E s q u a d ra Brasileira dei-« x an d o a posição , em que se a c h a v a em frente d a mesma *Ci-> dade, veio ancorar próxima do lo g a rd o Pinheiro, lendo a seu • bordo mais de 6 mil pessoas, fugidos ao m a s s a c re , e d e s g r a - > çadarnente sem mantimentos mais para as sustentar do que' ura pouco d ’arroz. O Presidente tinha destacado navios para> as villas do interior a pedir soc corro s, e m a n t i m e n t o s , e o mesmo fazia p a ra o ' A l a r a n h ã o , para onde devia sair no dia

23 u m a Corverta de guerra. >

,

D eix a n d o o P a r á trouxe debaixo da minha conserva, a t e ' fóra dos b a i x o s , os navios mercantes P o rtu g u e z e s , e os d ’ou-' tras nações , ’e toquei no P’aya l no dia 1." d ’O u t u b r o , donde* parti para esta C idade no dia 3, conduzindo a meu bordo 13(>- emigrados; o resto vieram nos navios do commercio, e alguns

foiam pa ra o M a ra n h ã o . *,> ;

l e n h o a consolação de poder dizer que desde quechegueb ao P a r á loi a B a ndeir a Portiigueza, e os Súbditos da R a i n h a grandemenle respeitados'; e que houve sérhpre pela C o r v e t a d o meu C o m m a n d o a maior consideração possível, corno se verá por todos os officios das auloridades^, que submetlo ao juizo do P u b l i c o , para que possa com conhecimento de causa ava­ lia r dç m in ha c o n d u c t a , e serviços. Bordo d a Corvcta E liz a ,

surta no Tejo aos 23 de Outubro de 1835. —

.

,1..-_ " * '

I%idoro JFr-aneisco Guimarães.

M. e G. Commandante.

DOCUMENTOS.

I

Ill.mo Sr.

E ’ do meu dever co m m unic ar a V. que cheguei a es­ t a P r o v i n c i a , encarregado pela Regencia do I m p é r i o , en^ nome do Im p e ra d o r o Sr. D . Pedro Segundo, da Presidência, e co m m an do das Armas da mesma. Estou persuadido que os.

súbditos do mesmo Augusto Sen h o r, que se tem afastado da^ n

(18)

7

\**

(

1 0

)

L e i , entrarão voluntariamente nos sens deveres, pela experi­ ência dos males que tem resultado á P a t r i a , dos desvios delia;

mas no e a s o , riao es per ad o, qvie seja preciso usai da íoiça , ser^o respeitados os súbditos de todas as Nações estrangeiras, € suas propriedades, como é de j u s l i ç a , tendo eu toda a cer­ teza de que elles muito am bicionam a tranquillidàde d a P r o - Tincia, t ã o necessária ao giro do seu commercio. P-’ c o n s ta n ­ te que os Brasileiros perseguidos tem ac hado em V . S . , e e m todos os súbditos de S. M . Fid e lí ssim a , todo o a u x i lio , que c ra de esperar de uma N a ç ã o c ivilis ada, e philantropica , o que lhe devo a g r a d e c e r, em nome do mesmo Governo, como laço. Ksta occasião rne facilita a de protestar a S. tod a ür consideraç ão , e e s t i m a . = Deus G u a r d e a. V. S. Bordo d a F r a g a t a C a m p i s t a , surta nas a g u a s da Cidade de Belem, vin­ te e um de J u n h o de mil oitocentos tr in ta e cinco. = III“'® Sr» Izidoro Fra nc isc o G u i m a r ã e s , C a p i t ã o de F r a g a t a , e Com^ mandante^ da Corveta P.ortugueza Eliz a.

( a s s i n a d o )

M anuel Jorge liodrigues».

N . “ 2 .

lU. HK) e Ex.rao Sr»

Aceuzando a recepção do Officio, que V . E x . ^ , teve

a

b o n d a d e de dirigir-me, eu tenho primeiro que tudo a felicitar ^de novo a V . Flx.* pela sua vij>4 § ^ e s t e p o r t o , pois que ella ^porá sem duvida termo ás desgraças desta m alfadad a 1 rovin- ci-a. Qua ndo aqui aportei, encontrei os súbditos fieis do &r. D* P e d r o I I . em triste a b a n d o n o , e expostos ao furor de u m a p o pula ça desenfreada, r u d e , e b r u t a l ; e então fóra de outras m u i t a s considerações, escutando só as vozes d a r a s ã o , d a j u s ­ tiç a , e da humanidade, offereci aos mesmos súbditos u m a fran­ c a , e generosa protecção a bordo desta C o r v e t a , para suas pes so as, e g uarda daquillo, que tivessem de mais precioso. Todos acereditáram a sinceridade da minha offerta , e muitos destes vieram procurar o abrigo que lhes havia offerecido. A. c o n f i a n ç a , que elles em mim tem tido até h o je , e os a g r ^ e - cimentos que V. E x . ’" faz a honra dar -me em Nome do G o ­

verno de S ua Magestade Imper ial são-me tã o lisongeiros, que Jielles considero ter um a sobeja recompensa. Se os malvados anarchistas tentassem, como geral mente se dizia, levar a mais

(19)

lor-^ a s navaes B r i t â n i c a s , e F r a n c e z a s , tinliamos accovdado nos o pponnos do modo possivel ao nosso alcance á co ntin ua­ çã o de ta n ta s d e s g ra ç a s , ate que al g u m a autoridade legal po- desse d a r as convenientes providencias; porem como V . Ê x . “’ lelizmente chegou, j á não podem ter logar os nossos projectos. E u tenho toda a confiança que quasquer que sejam os a c o n ­ tecimentos politicos, que d ’ora em diante possam ter logar nesta P r o v i n c i a , os súbditos de Sua Mageslade F id e li s s im a , e suas propriedades hao de ser religiosamente respeitados j)e- las forças que estão á disposição de V. E x / , c V. E x / pode l a m b e m ter em mim a confiança que em quanto tiver a fortu­ n a de estar nesta P r o v i n c i a , não farei mais que estreitar os laços de união , e íraternidade entre as duas Nações l^ortu- g u o z a , e B r a s i l e i r a , porque nisto não faço mais que cumprir com as ordens e instrucçôes do Governo de Sua M a gesta de Fidelissim a, e com os desejos do meu proprio coração. A p ro ­ veito esta occasião para assegurar a e s t i m a , e consider aç ão , q u e tenho pela pessoa de V. E x . “' e dos desejos de ver pros­

perar este b e l lo , e rico paiz. — Deus G u a r d e a V, Ex.^ B o r­ do da Corveta Eliza, surta no P a r á a o s 22 de J u n h o de 1835. c=Ill.nio e Ex.mo gr. Manuel Jo rge R o d r ig u e s , Pre si den te, e ^Gommandante das A rm a s da Pro v in c ia do G r a n - P a r á .

J%idoro Francisco Guimarães.

C a p i t ã o de F r a g a t a , c C o m m a n d a n t c ,

-^ír 3.

Ill.nio Sr.

P a r á em cinco de J u lh o de mil oitocentos c trinta e cin ­ c o . — N ã o me sendo possivel até ag ora pelos muitos afazeres que tenho tid o , agradecer os obséquios que a Nação Brasilei­

ra de V . tem recebido, não só jiolo vivo interesse, que to ­ mou a favor da causíi d a Legalidade, cooperando para a pos­ se do Excellentissimo Presidente o Senhor M are ch al Manue l

Jorge Rodrigues nomeado pela Regencia do Im pér io , em N o ­ me do nosso Augusto I m p e r a d o r , o Senhor D om Ped ro Se­ g u n d o , como ta m b é m por ser o unico dos officiaes E s t r a n g e i ­ r o s , que em urna crize tão a rris c a d a , e melindroza, a c o m p a ­ nhou o E x.mo Sr. Presidente ao seu desembarque, o que m u i­

to caplivou os bons B ras ileiro s, e que de tu do eu p a r t i c i p a ­ rei ao

Governo

do

Sr.

D o m Pedro S e g u n d o , não só p a ra

àk.

!

■4

V

(20)

T' ^

\**

(

12

)

mostrar a arm onia 9 que reina entre as duasnaçoes irmas, co­ m o’ lambem p a r a agrurdecer ao Governo da Senhora D o n a

Segunda, os Serviços, que no P a r á fizerara o Sr. C o m - m a n d a n f e e Officiaes da Corveta Porlugueza Dtiza j e no mais Yossa Senhoria determine-me as suas ordens como quem e — D e Vossa Senhoria AUencioso Venerador ^ I I I . S r . Izidoro Fra ncis c o G uim arã es C a p i t á o de I r a g a t a , e Co mmanda nte*

= assinado = / o / m

Taylor.

Chefe e C o m m a n d a n t e das Forças Navaes*

N.° 4,.

Ill.mo Sr.

As repelidas denuncias que o Governo tem tido acerca dos planos tenebrosos que os malvados perturbadores da o rd e rn pub lic a querem fazer repruduzir nesta desdilosa P r o v i o c i a , o tem tornad o vigilante, e cauteloso; porem teiido nestes últi­ mos dias recebido a l g u m a s ’participaçoes revestidas de toda a 'veracidade que bem inculcain os tins sinistros com que os de­ sordeiros projectam anniquila r todos os elementos de associa­ çã o Paraense, mui principalmenle das dos brancos em geral, m e vejo forçado a comrnunicar a V . S. , que se j'iietende en- 'Volver nos movimentos anarchicos , todos os pretos , com o especioso pretexto de que linda a lucta serão livies , e j a em «alguns ponlüs tem obrigado a seduzido a outros j)ara

^ j u i l h a n t e fim, e nesta C a p i t a l cjíde existe o foco de seus agentes*, premeditam brevemente levar a morte, e o loubo ate á°m ais pequena choupana ; em vista pois doexpe ndid o, o G o^. •\'erno se vê obrigado a declarar com a maior franqueza

S . ^ , que não tendo forças sufficientes p a r a repellir a f a c ç a o , jiem meios p a r a gar an tir a v i d a , e propriedades dos h a bita n­ tes quer N a c i o n a e s , como E str ange iros , recorre a V . S. co­ m o liepresentante de uma N aç ão das mais alliadas do Biasi , cm Nome de Sua M ag estad e im pé ri al o Senhor D. Ped ro Se­

g u n d o , haja de Ibe prestar as forças, aqui exis tentes, de sua N a ç ã o , para que unidas ás deste G o v e r n o , se salve esta m a l­ fa d a d a Provincia dos horrores d a ca rn i fic in a , e nenhuma d u ­ vida me r e s ta , que nas circunstancias affliclivas em que me acho , pela longitude em que existe o Governo Central , e n ­ contrarei aquella p ro te c ção , e apoio que ern crizes ^ * reclama a salvação cammuni. = Deus Guarde a V. S. 1

ala-ii

(21)

( 1 3 )

cio do Governo do P a r á 27 de Ju lh o de 1835. = 11}.«no Sr. F ra n c isc o G aude ncio du C o s t a , Vioe-Gonsul d a N a ç a o P.Qr<. tugueza.

( a s s i n a d o )

M anuel Jorge Rodrigues,

N.“ 5.

lil.mo Sr;.

T e n d o agora mesino ac aba dô dé receber um OiFicio dó Excelletilissimo Set)iior Présidente desta P r o v i n c i a , ein que

O rnesrrio Senhor ex pon do-o perigo de que se acha a m e a ç a d a

esta C i d a d e , em Nome de Sua Alagestade I m p e r i a l ' o Senhor D . Pedro Segundo , -ré clama para ajudar a salvaria as forças que S u a JVlageslade Fidelissima tem neste F a i z , como melhor V . S.^ verá pela copia , que vai in clu sa; para poder respon­ der ao dito Senhor Presiden te, rogo a \ . S.^ haja de dizer- me quues são os seus sentimentos a tal respeito, ou se as suas instrucções lhe facilitam ‘podeV- prestar o reclamado soccor»- r o , o qual eu penso, q u e , a ter lò g a r, será unicamente no caso em que app.areçam os escravos, ararados. Aproveito esta oceasião para significar a V. S.'^ os meus protestos de res­ p e i t o , e estima. = D eu s-G iiá rd e a

Y .

S.^ Vice-Consulado da N a ç ã o Portugueza no P a r á , 27 de J u lh o de 1835. =

Sr. Izidoro Francisco G u i m a r ã e s , C a p i t ã o da F r a g a t a , C o m -

xnandante da Corveta Eliza.,.' ’

Francisco Gaudencio da Coiffa,:,.

y

Vice-Consul.

N.” 6.

ã

r'

1

111.mo Sr.

Attentas as circunstancias aflliclivas em que se acha o Presidente desta Provincia como elle mesmo diz, para a po­ der salvar dos liorrores da a n a r c h i a , e pelos que recorre ao ineu auxilio visto que não ten) forças sufficientes para defen- der-se ; e sendo certo que os fdcciosos tem praticado os mais horrosos attentados nos differentes logares por onde andam er­ r a n t e s , devastando tudo, roubando e matando, como ullima- naenté fizeram na desventurada Villa da V i g i a ; e sabendo ea

(22)

»

( 1 4 )

além disto Com sciencla positiva que era u m a casa mesmo j^eniro desta Cidade se t r a ta v a d ’assassinar todos os brancos, in^iusivamentc o sexo feminino.; pode V. S."" fazer saber ao Presidente desta P rovincia que eu lhe darei os soccorros que ine p e d e , quan do se verifique a aggressão , porque sei que as casas dos Portuguezes , e as suas pessoas hão de ser os p ri­ meiros a que se hão de dirigir. E u eslou muito satisfeito era saber que o C o m m a n d a n t e da Corveta Ingleza está delibera­ do a prestar o mesmo soccorro com a sua g u a r n i ç ã o , e estou t a m b é m certo que o Gover no de S. M . F . h a de a p p r o v a r e s ­ t a m in h a resolução que não deixa d ’estar em har monia coin as instrucçôes que me foram dadas. Deus G u a r d e a V. S . “"

B o r d o d a Corveta Eliza , surta no P a r á , aos 28 de Julh o de 1835 = 111.010 Sr. Francisco G a u d e n c io da C o s t a , Vice-C on- £ul d a N a ç ã o P o rtugue za .

( assinado )

Isidoro Francisco Guimarães,

C a p i t ã o de F r a g a t a C o m m a n d a n t e .

N-“ 7.

111.010 Sr. Izidoro Fra ncisco G u im a rã es. O generoso t r a t a m e n t o , que V . tem dado aos P o r t u ­ guezes , que se tem ido asilar a bordo d a Corveta = Eliz a = : do seu C o m m a n d o , e a u r b a n i d a d e , que V. S."" e os seus Officiaes tem pratic ad o co m ig o, e com todos os Portuguezes, .j^íirante a nossa estada a seu são motivos dignos da

í n l n h a ' g r a t i d ã o , e dos meus mais sinceros agradecimentos. E u estou certo que todos os Portuguezes residentes nesta Ci%

dade , vão dirigir a V . expressões sinceras de sua g r a t i ­ d ã o ; no en tanto eu me apresso a faze-lo, para com m unicar- Ihe que tudo vai ser presente a S u a Magestade h i d e l i s s i m a , a Senhora D . M a ria Segunda. = Deus G uarde a V . S.^ P a r á 28 de Julho de 1835. = De V . S.'", o mais atte nto venerador, e muito obrigado.

José Coelho d'A b reu .

‘N . “

Ill.mo Sr.

(23)

(15)

v e r , conv id an do -o p a r a assistir a u m a Conferencia neste P a - N Jacio á urna ho ra d a t a r d e e m bem do Sei viço N ac io nal e

l'ip-I

p e r i a l , e do d a Salvação P u b l i c a , na a p u r a d a situação ,—éni que esta Cidade, e o G ov er no se a c h am ; esperando igualmen­ te os Senhores Vice-Consules das Nações Alliadas, a quem diri­ gi idêntico c o n v i te , prevenindo o Sr. Vice-Consul d a N a ç ã o l.ngleza de que ta m bém convidava o Sr. C o m m a n d a n t e d a Corveta» de guerra: assim como ao predito Sr. Vice-Consul P o r - tuguez a respeito de V . S.^

R o g o por ta n to a V . S.* , que me queira fazer a h o n r a de assistir á m e n c i o n a d a Conferencia hoje á uma hora da t a r ­ de, no que receberei um distinct© testemunho da consideraç ão , com que V. S . “^ atten de os interesses de amigas as Naç ões A l ­ l i a d a s , cuja Conferencia terá logar neste P a l a c i o . = : Deus

G u a r d e a

V.

S.^ P a l a c i o do Govern o, 7 de Agosto de 1835. = 111.mo Sr. Izidoro Francisco de G u i m a r ã e s , C o m m a n d a ii-- t;e d a Corveta de G u e r ra Portugue za .

M anuel Jorge Rodrigues,

Preside nte..

N." 9'.

(C ircu la r.)

Achando-se a Cidade am ea ç a d a d ’uma aggres» são contra o actual governo; e sendo de prezumir que os S ú b ­ ditos Portugueze s, para evitar qu alquer c a ta s tro f c , qu e ira m recolher-se ou a bordo desta C p r v e t a , ou dog navios de com - mcrcio da sua n a ç ã o , suitos neste p o r t o , com aquillp , qir.r tiverem de m a i s j)recioso: ordeno aos Srs. Capitã es cfos difos .« av io s, a que logo qtie se lhes faça oi signal convencionado, m a n d em as suas lanchas arm ada s e e q u i p a d a s , como lhes for pe s siv el, a bordo desta C o r v e t a , para receberem as o r d e n s , e partir imrnediatamente para o logar, que se lhes i n d i c a r , a firn de receber as farnÜias, que se lhe apresentarem, e c o n d u ­ zi-las a bordò dos supramencionados navios, onde fiquem e m segurança. Espero que os mesmos Srs. Cap itães lhes prestem todos os mais soccorros, que necessitarem as ditas fa rn ilia s , como é d ’esperar dos princípios de h u m a n i d a d e , e daquelles , que tem a fortuna de viver debaixo de um governo livre, o g e ­ neroso. Bordo d a Corveta ~ EIiza = surta no P a r á aos 8 de *

Agosto de 1835,

j

^ .

°

Izidoro trancisco (juimoraes.

C a pitã o do F r a g a t a C o m m a n d a n l e , •

(24)

K

<511

\**

(

1 6

)

n

; 10.

‘îll.mo gr.

S u p p lic e a

V. S.*

me

não

des am pare na melhor oceasião, pois consta*me que V . S.*" tem dado ordem p a ra a sua gente retirar-se ás seis horas; o que certaraente causará grande trans­ to rno. Espero que V. S.^ não deixará de annuir aresta suppli- c a , por ser um grande serviço feito não só a N a ç ã o Brasilei­ r a , mas ate' á humanidade. — Deus guarde a V. S . “^— P a la - cio do Governo do P a r á 15 de Agosto de 1835, — 111“ ® Sr. C o m m a n d a n t e da Corveta Portugueza Eliz a.

! • • I

V

M anuel Jorge Rodrigues.

-TV.

B .

Alguns d a sua gente mesmo e quem me t e m pe^ dido is t o , ãle'm de que eu assim ta m b é m supplico.

N.° 11.

Ill.mo gr.

•* Tenho a noticiar’a V . que os inimigos vão-se retiran ­ do em canoas para f ó r a , nem menos de très carregadas d ’el-. ^ s ; j á la rgaram a p a r t e da C i d a d e , q u e os habitantes d ’a q u i clmmahi C i d a d e , coçados pelos nossos; apenas occupam cin­ co ou seis casas na C a p i n a ; a rua da C a deia esta em nosst. p o d e r; a nossa gente tem-se emthusiasmado, apesar d a muita, que se tem retirado p a ra bordo ,-e novamente rogo a y . S. , faça desenibarcar todos os cobardes Brasileiros que^se ac h a - Tcin 0. bordo dos Nhvíos P ortugu ez6.s-í o sç v« po 6ss0

nesta crize desembarcar 50 ,h o m e n s , persuado-me poder asse-, verar a V . S."" que a victoria seria c o m p l e t a , e ficariam des­ cançados os habitantes desta C a p ita l, gozando de,repouzo. V. 8 .=^ deu principio á o b r a , é ju sto finalize, assim o e s p e r o . — ^ Deus guarde a V . S." Palacip do Governo do I lu a l o ^de, Agosto de. 1835. — 111.“ 0 Sr. ;Izido;-o Francisco Cruima,iaes ■Capitão de F r a g a t a e C o m m a n d a n t e d a Corveta E l i z a

(25)

^ '1

.

( 1 7 )

n

; 12.

N o b re Amîg’o , e Sr.

N a o me e' jîossivéî espaçar mais tempo sem me dirigir a V . 8 .=^ a dar-lhe os meus agradecimentos pela valorosa coope­ raçã o que das forças do C o m m a n d o de V . recebeu a le­ galidade nesla infeliz P r o v i n c i a , a o n d e , como V . S . “’ tem v is t o , se dia declarado uma irnplacavel guerra á cor b r a n c a ; e suposto muito regosijo rne a c o m p a n h e pela vantagem to­ rnada sobre o inimigo, do qual seu ch e fe , o criminoso A n t o ­ nio Pedro Vinagre faleceu; com tudo u m a a m a rg a dór sinto, p o r me constar que das forças do C o m m a n d o de V. S."" 26 S o ld ad o s, e Marinheiros teem sido m orto s, e feridas; perda que lamento sobre maneira, co njuncta m ente com a que houve n a de mais força l e g a l , onde se co nt am I S , entre mortos, e feridos, inclusive um C a p i t ã o de F r a g a t a , um C a p i t ã o A j u ­ da nte d ’ordens do Governo, e très Tenentes de M a r , e T e r ra . Os in im ig os , parece que se leem retirad o ; elles teem deixado em nosso poder alg um as peç as, e m uniç ões, para o que mui­ to concorreu o valor da guarnição da Corveta de V. S . ‘ ; e eu creio que á vista do valor, o coragem com quej experimen­ t a r a m nossa gente , nuo te ntarão por certo novo ataque ; e n ­ tre ta n to curnprindo-me prevenir o caso contrario; e conhe- j-setido que a maior diligencia dos inimigos e to marem o T re m M i l i t a r , tenho diligenciado m a n d a r hoje antes de am anhec er u m a força de ÒO homens, com uma peça d ’artilheria pela r u a d a P r a i a aTirn de se postar no quartel das Mercês, ou P r a ç a do Cornm erc io , em frente do T h e a t r o , edifício ao nde os ini­ migos se fortificaram ; o que acho dever co m m u n ic ar a V. S. p a ra na oceasiao da marcha não ju lg a r tal força inimiga.

F u aproveito esta oceasião para reiterar a V. S."" os meus sincejos votos d a mais a lta estima, e sou de V. coin consideração e respeito , obrigado e afeiçoado amigo

João Toylor.

Q u arte l do P ala cio do Governo do P a r á , cm 15 de Agosto á 1 hora da madruga da , 183d.

1

T\

(26)

\**

( 1 8 )

n

; 13.

111.mo Sr.

A dura e indispensável necessidade de todos os esforços e reeursos para terminar u m a carneficina e r o u b o , que tejn du ra d o 6 dias sem poder oppor-lhe força reg u la r, que a nao t e n h o , e unica causa do estado actual desta C i d a d e ; me faz requisitar a V. S.^ em Nome do I m p e r a d o r o &r. D . 1 edio Í2.°, alguns foguetes de C o n g r e v e , que me consta V . S. tem a seu bordo, servindo-se m a n d a r quem os saiba dirigir, e af o­ guear contra a casa do cheíe dos Assassinos e R ebeldes, o E d u a r d o , onde ë a reunião g e r a l , donde fazem fogo a este P a l a c i o , e donde nào os posso desalojar corn quanto lhe te­ n h a feito fogo de a rlilh e ria ; e no caso de V. b. os p r e g a i como confio, e exigem o serviço Nacional I m p e r i a l , , e a H u ­ m a n i d a d e , seja quanto antes e hoje mesmo. Deus G u a l d e a V. S . ‘ P ala cio do Governo do P a r á 19 de Agosto de l 8 3 o . __Ill.mp Sr. Izidoro Francisco de G u im a rã es. C o m m a n d a n te d a Corveta Portugueza surta neste P o rto .

M anuel Jorge Rodrigues,

Presidente.

N.“ 14.

r Circular. )

Se os Srs. Capitães dos navios Portuguezes surtos neste porto, tem a seu bordo súbditos da mesrna^ na ç ao, fugidos á perseguição, r o u b o , e b a r b a r i d a d e , que esUo pr a­ tic a n d o em terra os malvados a n a rc h isla s, desde o dia 14i cio c o rre n te , façam-lhe saber que esta Corveta tem de seguii vi^a- gem para L i s b o a , no fim da c o n t e n d a , a qual por certo nao estará mui d i s t a n t e , visto que ao governo falta m todos os meios de poder destruir o inim igo, ou oppor-se a c o n t i n u a ­ rã o das suas barbaridades, e destruição da Cidade, i or t a n t o aq ue lle s, que quizerem seguir o mesmo destino , podem icco- Iher-se a bordo desta C o rv e l a , onde serão recebidos hospita- le ir a m en te, e onde se lhe distribuirá uma raçao d i a r m , igual em tudo á d a g u a rn iç ã o ; devendo os mesmos Srs. L a p it a e s icmetter uma relação de todos os que tomareiu esla delibeia- ç ã o , assinada pelo Sr. Yice-Consul da N a ç a o l o r t u g u c z a ,

(27)

.certificando que são súbditos d a mesm<a nação , sem que

por

jsso t o d o , e qualquer in div íd uo , seja de que naç ão for, deix,e de ter direito á p r o t e c ç ã o / e h o s p it a li d a d e , que ein crizèsl-ão dolorosas reclama a hum a nid ade .

K sta Circidar será lida em publico a todos os Indivíduos, que estiverem refugiados a b o r d o dos mesmos navios, para que não possam járnais allegár ignorância sobre as intenções do C o m m a n d a n t e da mesrná Corvet à, que são as de a d o ç a r q u a n - to lhe for posssivel, a sorte de tantos infelizes. = : Bordo dvi Corveta — Bliza — surta no P a r á , aos 20 d ’Agosto, de 183-3.

'

-I%idoro Francisco Guimarães,

C . de F . C o m m a n d a n t e .

N.“ 15.

• III.me Sr.

, ’Ao meu conhecimento c h e g o u , que V. S.^ tendo a seu bo rd o todos os súbditos Portuguezes, ou a melhor parte dei» l e s , pretendia fa/er-^se de vella ; noticia e s t a , que profunda- me nte me magoou; porque, dim inuindo-me muito a força mo­ r a l , atrevo-me a pe n s a r, que a continuação da existcncia de V . S.^ neste P o r t o , em quanto a conserva, e rne habelita a dirigir minhas operações ao abrigo dessa mesma f o r ç a , nãq ' a r r i s c a , segundo creio, em cousa al g u m a os súbditos de S. Mage slade Fid elí ss im a, porque este mesmo intento em que se me diz V . está , a continuarem òs seus motivos poderá .verificar-se en tão em occasião mais conveniente, quando veja que nada iia a esperar-se da salvação da Província, em cuja |iypothese não estamos , mor mente porque devo crcr que corn a chegada do Paquete ao M a ra n h ã o o ibesidente fará m a rc har o c o n t i n g e n t e , que anteriormente me noticiara ficar a r r a n ­ ja n d o . •

F m presença pois desta exposição a que seu prudente e 'discreto conselho não pode deixar de dar-lhe a gravidade que i m p o r t a ; e com quan to eu não possa acreditar sim ilha nte n o t i c i a ; requisito a V. em Nomè do Imj^erador o Senhor D . Pedro 2.®, e da mesma hum anidad e a continuação d a presença da Corveta do seu C o m m a n d o , na convicção eni que estou que não compromette o Serviço de Sua A u g u - t a S o ­ berana, nem a existência de seus Icaes siibditos. = ü e u s G u a r ­ de a

y ,

S."' Palaciü do Governo no P a r á , 20 de Agosto de

3 *

(28)

.

(

20

)

1835. = 111."'® Sr, ïzidoro Francisco G uim a rã es, C o m m a n d a n - t c ' ^ Corveta de G uerra P o r h ' g u e z a = Eliza = surta neste

P o rt o ,

M anuel Jorge Rodrigues,

N .” 16;

111.mo e Ex.»'® S f.,

N u n c a f o r a m , nem são as minhas intenções deixar este porto , sem ver terminar a desgraçada l u t a , em que \ . l i x . se a c h a , e aind a hoje mesmo eu acabei de fazer saber is t o . official mente a todos os Súbditos Portuguezes.

Algum as o r d e n s , e essas mui positivas, que tenho dad o p a r a que os navios Portuguezes se ponh am em estado de dei­ x a r este porto quando aconteça a desgraçada crize de ver-se V . E x .^ obrigado a relirar-se, c o que tem feito crer a m u i­ tos que eu pretendo fazer-me á v e l l à , antes do t e m p o , que digo a V. E x . “" . . .

Ten do eu considerado desde principio esta causa como causa da h u m a n i d a d e , tomei a resolução de deffende-la ate o ulti m o instante, e o one at é aqui tenho feito nao o querería ver p e r d i d o , ab a n d o n an d o a V- E x . “ , sem^ver o resultaao d a

co ntenda. xr a * c

-P e r m i t t a o Ceo que os exforços, que V. E x . tem t e i t o , e está a i n d a fazendo para pôr termo a esta horrível scena , t e n h a m o resultado de poder salvar esta C i d a d e ab i s m a d a j a cm r u i n a s , e mortes. Deus G u a r d e a V. E x . Bordo d a C o r-. Tela Eliza surta no P a r á aos 20 d ’Agosto de 1835. 111. e Ex.mo Sr. M a n u e l Jorge R o d r ig u e s , Presidente d a 1 rovincia^

do G ra n -P a rá »

J%idoro Francisco Guimaraés.

C a pitã o de F r a g a t a C o m m a n d a n t e ,

.1

W 17.

Ill.mo Sr.

B a s ta n te lisongeira é p a r a este Govern o a r e s p o s t a , que V . S.^ ac aba de d á r ao meu Officio, em que requisitei em N o m e do I m p e r a d o r o Senhor D . Pedro 2 .% a conlinuaçao

(29)

/ft

^ *

( 2 Ï )

J a presença d a Corveta do sen Coin niand o neste P o rt o , alletî- tu a fatal crise em que esta Cidade se aclm desde o dia J4*, a m e a ç a d a do a b i s m o , qtie im p o rta a perda da Ibovincr» in­ teira , por isso qne a força m o r a l , qne V. S. dá a-esto_Go- ■verno em riiiii siibido grau suppre a fa lta da r e g u l a r, que me f a l t a , e que ë a unica c a u s a d a c ontin uaç ão de uin ataque, pertinaz feito com um systema de cobardia e traiçao a c o b e r ­ to das immensas estacadas dos q u i n t a e s , e dentto das casas

que os Rebeldes penetratn. ^ / r ^ a

E ’ pois um preciso dever deste G o v e r n o , d á r a ^ . S. os agradecim entos por um procedimento , que muito deve ser agradavel a S. M. I m p e r i a l , porque com elle ap pa re ce a boa i n t e l l i g e n c i a e nobre har monia com que a Illustre e B r a v a iNação Portugue za mantêm com a N a ç a o Brasileira laços de amigavel fra te r n id a d e ; agradecimetrtos, que eu ouso dar no»' I m p e r i a l N om e de S. M . por que decididamente valem um im porta ntiss im o serviço ao Brasil.

E m » q u a n t o pois deste modo respondo a V . ; cumpre- me assegurar em testemunho do meu particular respeito u sua p e s s o a , que no caso do extremo que \ . pondera em vista do meu OíTreio, de chegar a crise de eu deixar a Cidade, não o faria sem me dirigir a V. S."" pedindo-lhe a lionra de u m a vizita por isso que eu o não posso fazer. Concluo-, rogando a V . S.^ de aceitar com bond ad e os meus mais firmes respeitos pela nobreza de sentimentos verdadeira mente Portuguezes , quereluzem nas estirnaveis expressões com que V. n ã o c a n - ç a de m o s t ra r, que pertence a u m a N a ç ã o tão distincta e as­ s i n a l a d a . — Deus guarde a V.S.'^ P a la c io do Governo do P a ­ r á 20 de Agosto de 1835. — Ill.mo Sr. Izidoro Phancisco de

G u im a rã e s C o m m a n d a n t e d a Corveta Portugueza surta neste P o r t o .

M anuel Jorge Rodrigues,

A

N.“ 18.

Ill.mo S

i

E ’ forçoso, que este Governo recorra a V. S. requisitan­ d o - lh e , a tiem do Serviço N. e Imperial , e da h u m a n i d a d e , que V. tem tão nobremenle tomado a peito , urn reforço cie 20 Praças diariamente para este Palacio somente de noute, devendo estar aqui ás b da tarde pouco m a i s , e podendo

(30)

em-< 22-)

Ibarcar ús 6 da m a i d i a a , visto que este P ala cio se acha sen- sivdlmente dimimiido de forç as, assim pela gente que se teni •da\l(Taos Pontos o cc upados, como pela (pie tem des am para - •do este G overno; recurso este que a prudência ju st ifi c a , por­

que hoje deste P a la c io foram viètos soltar ao ar d a casa do j!Íduar(jo 2 foguetes, que não podem deixar de ser um s i n a l , talvez do ultimo ar ran co . Ao Chefe previno de recorrer a V. ' S . ’" de- minha p a r l e , caso não possa elle dar este reforço em CUJO caso so \C então se dignara |)iesta*lo , como devo v'confiar. = Deus G u ard e a V. Pala cio do Governo do P a ­

r á , 21 d ’Agosto de 1835. = 111.mo Sr. JziiJoro Fra ncisco de ' G u i m a r ã e s , C o tnm anda nle d a C c r v e l a de G u e r ra PorLugueza*

M anuel Jorge Rodrigues,

N.“ 19.

Ill.mo Sr.

C om o s a i b a , que V . S . ‘ vai fazer-se de vela, saindo des­ te P o r t o ;

c

meu dever tributar-lhe um testemunho de rainha respeitosa gratidão aos serviços, que V. tão illustremente prestou á N a ç ã o , e a S. M ag eslad e o I m p e r a d o r o Senhor D . Pedro. nesta crise tã o fatal , que V. S . “ presenciou. N ã o (í menos dever meu assegurar no meu partic u la r a a l t a e s t i m a , que tenho pela Pessoa do V. S . “ a quejn protesto a mais distincta consideração. P(‘r m itta-m e V. S .% que devoU yendo-lhe o seu incluso officio por a s s in a r , lhe rogue de que­ rer ter a bondade de o firmar com sua assinatura, por me con­ v i r muito este titulo do c o n c e it o , que V.

S J

laz das causas do desastroso resultado de 9 dias da vigoroza defeza ..aos a t a ­ ques dos llebeldes, por quan to julg ando facil es quecim en to, jielos muitos afazeres dé V. S . ‘% daquella assinatura e impos­ sível, que me seja indifférente pela i m p o r t â n c i a , que dou aos ju iz o s , e opinião de V. S . ^ = D e u s Guardiã a V. S. B oi do d a F ra g a t a Cam pis ta 21 de Agosto de 1835. = U i S r . Izi- doro Francisco de G u i m a r a e s , C o m m a n d a n t e da Cor veta dc í G u e n a Portuguezuc

M anuel Jorge Rodrigues,

(31)

( 2 3 )

n

: 2 0 .

Ill.mo Sr.

P o r occasiào de officiar hoje ao Presidente desla P r o v i n - cia sobre diversos objectos de serviço, fiz-lhc saber que a mi-- n h a demora nesle porto (fa zendo todos os sacrifícios) senão podia estender a mais do que ate ao fim da s e m a n a , que en­ tra ; porque tenho apenas man timen tos p a r a trin ta dias, e es­ tes com um terço de ração dim inuid a. Assim e jireciso que V . S.'*^ fique nesta in te lli g e n c i a , e que faça esta cornmunica- çã o aos nossos navios do C o m m e r c i o , p a ra que tomem com te m p o as medidas, que lhes parecerem mais convenientes p a r a qualquer destino que te nh am a seguir. Os inimigos a u g m e n - t a m todos os dias os seus recursos p a ra contin uar a guerra, o ao Presidente vão-lhe falta n d o t o d o s , como elle proprio con­ fessa nos seus officios. P o r tanto que ha a esperar? Os P o r - tuguezes estão todos embarcados, e a meu bordo tenho j á per ­ to de 2 0 0 , que seguem para a E u ro p a . 'Jenho feito quanto tenho p o d id o , e creio que nada mais* me resta a fazer. Todas as minhas embarcações se tem a c h a d o , e acha m ainda hoje occupadas em salvar gente, e fazendas, e muitas tem salvado;

p*ouco mais se poderão occupar neste serviço, porque os ini­ migos estão a p o n to de se assenhorearem dos logares do e m ­ barque. Se a V. S . “ lembra que eu tenho a fazer mais a l g u m a c o i z a , i n d iq u e -m o , p o r q u e a nada me pouparei para to rnar menos desditosa a sorte de tantos infelizes. — Deus G u a r d e a V. Bordo da Corveta Eliza surta no P a r á aos 22 d ’Agosto de 1835. = III.rao Sr. Francisco G au dencio da C o s t a , Vice- Consul .da N a ç ã o Portu gueza na P rovincia do G r a n - P a r á .

J%idoro Francisco Guimarães.

C a pitão de F r a g a t a , Commandante,, .

N .° 21

Ill.mo 0 Ex.mo Sr.

A m a n h ã a hei d e 'p a r t i r para a Fu ro p a , jienali.^ndo de ser o emissário da nova dos de«asl rozos successos desta Provincia, e o conduetor de 200 infelizes, que perdendo toda a sua for­ t u n a , levam apenas a vida para dizer aos seus tomjiatriotas

(32)

(

2 4

)

a historia de tantos crimes, tantas-traições, e ta n ta s peifidias. E u ' d e i x o a V . ' E x . ' ' com um a viva saudade , e com o pezar de'tíã'-» poder continuar a prestar a V. E x / e á Causa do B r a ­ sil os meus pequenos serviços. E u sou uma fiel testemunha das v irtu d e s , c o r a g e m , e sangue f r i o , que V. E x . ’" desenvolveu no meio dos maiores per igos, e das mais cruéis ama^rguras. ^ ' ã o e possivel fazer m a i s , e a conduela de V. E x . ‘'‘ nesta epoca é um modelo d ’h o n ra , e de bravura. P o r agora só me resta pedir a V. Ex."" as suas ultimas ordens, e ao Ceo que corôe de felizes resultados todos os ex-forços, que V. E x . ’^ a m - d a faz para livrar esta P ro v in c ia do abismo d a desgraça , em que se ac h a submergida. = Deus G uarde a V. Ex.^ B ord o ^ Corveta Eliza surta na T e tu o c a aos 25 d ’Agosto de 1 8 3 5 . ^ Ill.mo e Ex.mo Sr. M anuel Jorge R o d r i g u e s , Presidente d a p r o v i n c i a do G r a n - P a r á .

l%idoro Francisco Guimarães.

C a p itã o de F r a g a t a , C o m m a n d a n t e .

N.° 22.

Ill.mo Sr.

E m cumulo d a a m a r g u r a d a s i t u a ç ã o , em que me a c h e , ' recebo o officio de V. S.% que noticiando-me a sua saida p a r a Lisboa á m a n h ã a ; me faz sentir u m a falta « m u i sensível« d a cooperação de u m a pessoa de ta n to merito e conceito co- rno V .

S y ,

que em q u a n t o não saia da linha de suas ins- trucções me facilitava um recurso em suas luzes, e com q u a n ­ to V. S.^ me honre muito, e em extremo me lisonjee oom as expressões, que comigo se dignou d e s p e n d e r ; es ta g l w a , que a p r e c i o , e bem assombrosa com a auzencia de V. b. L.om- tu d o é superior á minha expressão a v a l o r, que dou a opi­ n iã o , e conceitos de V . 8 .=^ sobre a minha c o n d u e l a , a y e g u - raudo, que entre bastante a m a r g u r a tenho a vantagem de co­ lher este titulo perciozo. E m quan to deste modo ^ Y . 8 ." o seu officio, não me penaliza menos a sorte dos düU

infelizes súbditos P o rtu g u e z e s , que perdendo suas tortunas , poderarn apenas salvar a vid a ; e se pode dar consolação u sorte de milhares de co m panheiro s, resta-me a tranquiUidade da minh a co ns ciê ncia , que todos confessarão, que nao esteve em minhas mãos impedir seu fado, e que por 9 dias susteii wnia defeza iia iüusuo da c h a m a r ú oídem , ao b . i o , e a co

(33)

.(

2 5

)

ragein a q u e lle s , que desde muilos dias me a b a n d o n a r a m . Con« cliiirei assegurando mais a V. S . “^, que são tão g r a v e s , e dis- .l i n d o s os nolorios serviços , que V. S.^ prestou ao B r a s il, qiie eu faço um deverde os levar ao alto conhecimento da lle g e n c ia em N om e do Im p e ra d o r o Senhor D . J^edro 2 . ° , e que as casas dos Estrangeiros foram vio lada s, -e elles forçados por isso a saírem d a Provincia. R ogo pois a V . S . ‘^ de receber estes sen­ t i m e n t o s , que minhas expressões dem on stram , e de concei­ t u a r a distincta estima com a qual eu rne interesso pela feliz viagem de V . S."", e de seus illustres Passageiros a quem de­ sejo a melhor f o r t u n a , e. p re sin t o , que poderão ai n d a voltanr com segurança a diligenciar do melhor modo seus interesses. — Deus G u ard e a V. Bo rdo da F r a g a t a C a m p i s t a surta em frente d a B a r r a no P a r á 25 de Agosto de 1835. — Ill.«no Sr. Izidoro Fra ncis c o ( i u i t n a r ã e s , C o m m a n d a n t e da Corveta de G uerra Portugueza Eliza.

M anuel Jorge Rodrigues.

N.” 23.

Nos ab aixo assinados os Súbditos Portuguezes residentes na Cidade , e Pro vin c ia do G r a n - P a r á , fugidos á c r u e l , e persiguiçao feita pelos T a p u i o s , N e g r o s , e Cafuzes , co n­ t r a to da a qualidade de brancos.

A t te s ta m o s , debaixo d a nossa p a l a v ra de h o n r a , que dirigindo-nos a bordo da Corveta » Eliza » que c o m m a n d a o Sr. Ca pitão de F r a g a t a Izidoro Fra ncisco G u i m a r ã e s , fomos por elle generosa e gratuitam ente recebidos, p a ra ser co n d u ­ zidos. a P o r t u g a l , distribuindo-se-nos u m a ração diaria , igual em tudo á da guarniçao : fazendo-nos mais o dito Sr. Com» m a n d ail te todo o bom a g a s a l h o , e o melhor t r a t a m e n t o , se­ gundo as circunstancias perm ittiam. E por ser verdade assi­ namos o presente. Bordo da Corveta >5 Eliza 5? surta na B a h i a de S. Jose , no P a r á , aos 27 d ’Agosto de 1 8 3 5 —

( Segueni'-

se

136

assinaturas )

*-^1

N.” 24.

Nobre Amigo e Sr.

Tendo recebido a estimadissima carta que V. S.*^ acaba

de me dirigir, e pela confusão etii que me acho com todos os

(34)

( 2 6 )

I -navios cheios de inniimeraveis f a m í l i a s , não posso d a r mais lono'a vesposla, senão c]ue saudoso fico pela retirada de V . S. , a'^quem protesto inalterável e s t i m a ; igualmente faço nesta oc* casião conduzir para bordo da Corveta do c o m m a n d o de V. S / dous bois, para os feridos, não podendo ser mais l a r g o , attentas as circunstan cias, pois perto de seis mil pe^ssoas que hoje sustento corn os mantimen tos dos N a v io s , estão a ine- íios de meia r a ç ã o ; a desgraça é g e r a l , como V. S .“’ sa b e ; ma s não me restam remorços de ter desprezado meio algum p a r a a evitar. — Sou de V . S.^ com co n s id e ra ç ã o , e e s t i m a , A m ig o obrigado e attento Venerador.

João Taylor,

I ' . C a m p ist a . P a r á 25 d ’Agosto d e l 8 3 5 .

CONTADORM G

er

AL DA M

a

RINIIA 28 DE D

e

ZEMBRO DE 1835.

5.^^ lÍErAUTiçÃo l..“^ S

ecção

.

111.mo Sr.

E x a m i n a r a m - s e nesta R e p a r t i ç ã o os documentos r e l a t i ­ vos ao emprego dos saqu es, que V. S . “ fez sobre o Gofre a a A l a r i n h a , na sua u ltim a Co m missão ao P a r á , c achandVji^v os cálculos exactos ; as quantias pagas devidamente la nçadas jio Livro dos soccorros ; e o material com pra do carregado em le ceita do Commissario , remelto a V . S . “' um extracto da sua

c o n t a corrente 5 pelo qual V. S.^ fica quite das sommas cons­ tantes da mesma c o n t a . — Deus G u a r d e a V . S. — 111.mo Sr. Izidoro Erancisco G u im a rã e s C a p i t ã o de M a r e G u erra .

Joaquim José Falcão, r

C o n t a d o r G e r a l d a Marinha., P R O T E S T O

Que fazem os Negociantes estabelecidos no P a rá ^contra o Go­

verno central do B ra sil, pelas perdas , e damnos, que

acabam de soffrer

,

'nos desditosos successos de quator­

ze dc yJgosío corrente

,

e seguintes dias,

A nno do N asc imento do Nosso Senhor Jesus Christo aos \ i n l e dia§ do

jDez

de

Agosto

de mil

oitocentos

tr in ta

e

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