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Terapia nutricional durante o climatério e menopausa

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DCSA – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA DAVIDA

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM NUTRIÇÃO CLÍNICA 3ª EDIÇÃO – CAMPUS IJUÍ

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

Terapia nutricional durante o climatério e

menopausa

CÁTIA SIRLENE JESSE

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2 CÁTIA SIRLENE JESSE

Terapia nutricional durante o climatério e

menopausa

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de

Pós-graduação lato sensu em nutrição clínica - 3ª Edição da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Nutrição Clínica.

ORIENTADORA: PROFA ME. ADRIANE HUTH

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RESUMO ………...………... 4

1 INTRODUÇÃO ………...………... 5

2 MÉTODOS ………...………... 8

3 DISCUSSÕES ...…………...………... 8

3.1 Saúde e estilo de vida da mulher no climatério e menopausa... 8

4. DOENÇAS ASSOCIADAS... 9 4.1 Osteoporose... 9 4.2 Obesidade... 10 4.3 Doenças cardiovasculares... 11 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 13 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 15

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Terapia nutricional durante o climatério e menopausa

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CÁTIA SIRLENE JESSE2 ADRIANE HUTH3

Resumo

Definido pela Sociedade Internacional de Menopausa, o climatério representa a transição da vida reprodutiva para a não reprodutiva, dentro deste período de tempo ocorre a menopausa, que corresponde à última menstruação fisiológica da mulher. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a menopausa é definida por 12 meses consecutivos de amenorréia, sem outra causa patológica ou psicológica evidente. Os sintomas presentes na síndrome climatérica são: ondas de calor, insônia, irritabilidade, parestesias, palpitações, vertigens, fadiga, cefaléia, artralgia e mialgia; a médio prazo o hipoestrogenismo resulta em atrofia urogenital, dispareunia, polaciúria e incontinência urinária. O déficit estrogênico também está associado à maior incidência de doença coronariana e aumento no risco de osteoporose bem como a obesidade, porém tais patologias podem estar presentes, decorrentes não só da perda da função hormonal, mas também de mudanças no estilo de vida. Esta revisão literária tem por objetivo mostrar as principais mudanças que ocorre no organismo das mulheres no período de climatério e menopausa e as principais patologias que podem estar associadas nessa fase de transição e de que forma a alimentação e o estilo de vida podem intervir na saúde da mulher.

Palavras–chaves: menopausa, climatério, alimentação e menopausa. Abstract

Defined by the International Menopause Society, climateric represents the transition of the reproductive life to non-reproductive life, within this period of time occurs the menopause, which corresponds to the last physiological menstrual period of women. According to the World Health Organization, menopause is defined by 12 consecutive months of amenorrhea, without any other pathological or psychological cause. The symptoms of the climateric syndrome are: heat waves, insomnia, irritability, paresthesias, palpitations, dizziness, fatigue, headache, arthralgia and myalgia; medium-term hypoestrogenism results in urogenital atrophy, dyspareunia, pollakiuria and urinary incontinence. The deficit estrogen is also associated with higher incidence coronary heart disease and increased risk of osteoporosis and obesity, but such pathologies may be present, resulting not only the loss of hormonal function, but also of changes in the lifestyle. This literature review aims to show the major changes that occurs in the women's body during the climateric and menopause period and the major pathologies that can be associated in this transiction phase and how diet and lifestyle may be involved in women's health.

Key words: menopause; climateric; food and menopause.

1 Trabalho de Conclusão de curso do Curso de Pós Graduação LATO SENSU em Nutrição Clínica 3a Edição

2 Nutricionista, pós graduanda em Nutrição Clínica pela UNIJUI

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1. Introdução

Originária do grego “klimakter”, a palavra climatério significa degrau e representa a etapa do desenvolvimento humano que marca a transição da idade adulta à senescência (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

Definido pela Sociedade Internacional de Menopausa, o climatério representa a transição da vida reprodutiva para a não reprodutiva. Dentro deste período de tempo ocorre a menopausa, que corresponde à última menstruação fisiológica da mulher (CAMPANA, L. O. C.; NETO, A. M. P.; PEDRO, A. O, 2001).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 1996), a menopausa natural é definida por 12 meses consecutivos de amenorréia, sem outra causa patológica ou psicológica evidente, não existindo nenhum indicador biológico independente e adequado para caracteriza-lá (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

Do ponto de vista biológico, o climatério é o período da vida da mulher que se inicia ao redor dos 35 anos, quando podem ser detectadas as primeiras alterações hormonais, estendendo-se aték os 65 anos, tendo portanto uma duração de aproximadamente 30 anos (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

A menopausa ocorre, em média, aos 50 anos. No entanto, é possível que haja diferenças entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento (OMS, 1996). Baixo nível sócio-econômico, baixo peso e tabagismo são alguns fatores que poderiam adiantar o advento da menopausa, enquanto que o número de gestações, o uso de contraceptivos hormonais e outros fatores que reduzem os ciclos ovulatórios durante o período reprodutivo, poderiam postergar o final da idade reprodutiva (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

O envelhecimento da população mundial constitui um processo relativamente recente na história da humanidade. Com o crescimento da população mundial construtiva (maior número de pessoas com mais idade), essa transição demográfica e epidemiológica foi muito bem definida como uma “retangularização” da sociedade moderna. Isto traz um novo e interessante conceito: vivemos hoje uma expectativa de envelhecer (CAMPANA, L. O. C,; PURCINO, L. S, 2001).

No século XVII, 28% das mulheres viviam o suficiente para alcançar a menopausa e somente 5% sobreviviam mais de 75 anos. Atualmente, em países

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6 desenvolvidos, 95% das mulheres atingem a menopausa e 50% delas ultrapassam os 75 anos de idade. Em 1990 a população mundial com mais de 50 anos era de aproximadamente 470 milhões de mulheres. A previsão para 2030 é de 1.200 milhões de mulheres. Atualmente 9,23% da população mundial têm mais de 50 anos. Estima-se, hoje em dia, que as mulheres passam ao menos um terço de suas vidas no período de pós menopausa (CAMPANA, L. O. C.; NETO, A. M. P.; PEDRO, A. O, 2001).

Para se ter uma idéia, em 1980, a esperança de vida da mulher brasileira estava ao redor dos 66 anos. Em 2005, falava-se em 75,8 anos. Estima-se para 2050 uma expectativa de vida de 84,5 (IBGE, 2004). No mesmo período (2050), mais de 20% da população mundial será composta de idosos, sendo esse fenômeno universal não verificado somente nas sociedades desenvolvidas (CAMPANA, L. O. C,; PURCINO, L. S, 2001).

No Brasil, em 2004, mulheres climatéricas com idade entre 45 e 65 anos correspondiam a 17% da população feminina no país (IBGE, 2004). Apesar de serem reconhecidas há séculos, a menopausa e a síndrome climatérica são fenômenos essencialmente modernos e universais (CAMPANA, L. O. C,; PURCINO, L. S, 2001).

Eventualmente o climatério pode ser assintomático. Entretanto, o declínio da atividade folicular ovariana pode caracterizar a síndrome climatérica, cujos sintomas foram classificados por KUPPERMAN (KUPPERMAN et al., 1953). São eles ondas de calor; insônia; irritabilidade; parestesias; palpitações; vertigens; fadiga; cefaléia; artralgia e mialgia a médio prazo o hipoestrogenismo resulta em atrofia urogenital, dipareunia, polaciúria, e incontinência urinária (UTIAN, 1987; MacLENNAN, 1991). Isto contribui para um aumento na incidência de infecções urinárias, vulvovaginites e distopias genitais (CAMPANA, L. O. C.; NETO, A. M. P.; PEDRO, A. O, 2001).

O déficit estrogênico também está associado à maior incidência de doença coronariana, assim como a uma maior taxa de mortalidade por doença cardiovascular. São observadas ainda aumento no risco de osteoporose e fraturas osteoporóticas devido à diminuição da densidade mineral óssea nesse período. Mais recentemente, alguns estudos correlacionam a deficiência estrogênica ao desenvolvimento da doença de Alzheimer (CAMPANA, L. O. C.; NETO, A. M. P.; PEDRO, A. O, 2001).

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7 Na fase final do climatério, sinais de osteoporose e doença cardiovascular aterogênica podem estar presentes, decorrentes não só da perda da função hormonal, mas também de mudanças no estilo de vida (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

Ainda se debate se a menopausa é somente determinada biologicamente, como resultado direto do declínio da atividade ovariana e que pode ser conduzida com a terapia de reposição hormonal (TRH), ou se é somente uma conseqüência de fatores socioculturais. Embora a transição da menopausa seja uma experiência universal, o mesmo não pode se afirmar sobre a síndrome do climatério, pois existe uma grande variação na freqüência e intensidade dos sintomas relatados e a queixa principal nem sempre é a mesma. Existem evidências que fatores relacionados à dieta, em particular a ingestão de fitoestrogênios naturais substâncias vegetais não estróides com fraca atividade estrogênica poderiam explicar a baixa freqüência de fogachos em certas populações asiáticas (CAMPANA, L. O. C.; NETO, A. M. P.; PEDRO, A. O, 2001).

Mesmo nos dias atuais, muitas mulheres ainda se aproximam e chegam à menopausa com dúvidas e incertezas sobre o que acontecerá e de como lidar com as alterações que irão acontecer nessa fase.

Recomenda-se no período do climatério a busca de uma melhor qualidade de vida. Exercícios físicos praticados regularmente e com orientação podem combater a obesidade e a hipertensão, resultando em proteção da doença coronariana e da osteoporose por promover o aumento da massa óssea, principalmente quando associada à ação da luz solar e a ingestão adequada de cálcio (CAMPANA, L. O. C.; NETO, A. M. P.; PEDRO, A. O, 2001).

Portanto no momento que a mulher entra no climatério ou até mesmo antes de chegar à fase de transição é de suma importância alguns cuidados ou até mesmo algumas mudanças no estilo de vida, dieta, prática de atividade física e o uso de terapia hormonal são algumas alternativas para minimizar os efeitos e melhorar a qualidade de vida durante esse período.

Portanto esse estudo de revisão literária tem por objetivo examinar as principais mudanças que ocorrem com o organismo das mulheres no período de climatério e menopausa, e as principais patologias que podem estar associadas nessa fase de transição. E de que forma a alimentação e o estilo de vida podem intervir na saúde da mulher.

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2. Métodos

Este estudo consiste em uma revisão literária baseada em análise qualitativa das referências encontradas nas bases de dados PubMed, MEDLINE, LILACS e Scielo, considerando o período de 1953 a 2011. A estratégia de busca foi definida pelos unitermos relativos à alimentação e menopausa e seus respectivos termos: menopausa, climatério, alimentação e menopausa.

3. Discussão

3.1 Saúde e estilo de vida da mulher no climatério e menopausa

Os países desenvolvidos dispõem de mais informações sobre a saúde da mulher nesta fase da vida, enquanto que, nos países em desenvolvimento, são poucas as investigações elucidativas.

A OMS(1998), em documento sobre a saúde no Brasil, relata que “as informações disponíveis sobre as condições de saúde da mulher se referem, sobretudo, a aspectos reprodutivos” – período gestacional, parto e puerpério – não havendo nenhuma inferência ao período do climatério (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

Estudos epidemiológicos atribuem as modificações do padrão alimentar e da qualidade de vida ao processo de industrialização e urbanização, que incluiu a melhoria no padrão de vida, porém também gerou efeitos negativos, como dietas inadequadas e diminuição do nível de atividade física. Esse impacto no estado nutricional das populações foi significativo, aumentando a incidência de doenças relacionadas à nutrição (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

Resultados de uma pesquisa conduzida pela Sociedade Norte Americana de Menopausa mostraram que mais de 75% das mulheres de 50 a 65 anos fizeram mudanças desfavoráveis ao seu estilo de vida, principalmente nos aspectos relacionados à alimentação, sendo portanto um período crucial para empregar a alimentação como ferramenta para a promoção de saúde (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

A Sociedade Norte Americana de Menopausa recomenda aos profissionais de saúde que estimulem as mulheres a adotar um estilo de vida saudável, que inclui a diminuição do uso de tabaco e cafeína; redução do estresse; informações sobre os

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9 benefícios da prática de exercícios físicos, da alimentação saudável e do controle de peso. A American Dietetic Association e Dietitians of Canada destacam os aspectos nutricionais como sendo fundamentais na redução do risco de doenças, bem como no tratamento, enfatizando sua importância na atenção à saúde da mulher (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

4. Doenças associadas 4.1 Osteoporose

A osteoporose é uma doença esquelética sistêmica, caracterizada por massa óssea baixa e deterioração microarquitetural do tecido ósseo, conduzindo à fragilidade do osso e ao aumento do risco de fratura (LANZILLOTTI, H. S. et al, 2003).

Na menopausa aumenta a renovação e diminui a formação óssea em cada unidade de remodelação. O que conduz a uma perda de massa óssea. O risco de osteoporose depende tanto da massa óssea máxima alcançada nos anos de idade adulta jovem quanto ao índice de perda da massa nas épocas posteriores. O pico de massa óssea geralmente não é alcançado antes dos 30 anos e o estilo de vida é um importante determinante da probabilidade de desenvolver mais tarde osteoporose. Dentre os fatores de risco está a ausência de atividade física regular e de terapia de reposição hormonal, bem como fatores genéticos e os relativos à dieta. Não se sabe com certeza em que idade começa a perda da massa óssea, mas acredita-se que, entre 40 anos e a menopausa, as mulheres perdem aproximadamente 0,3% a 0,5% de sua massa do osso cortical por ano; após a menopausa, este ritmo acelera para 2% a 3% ao ano (LANZILLOTTI, H. S. et al, 2003).

Na menopausa, a principal alteração biológica é o cessar da ovulação, confirmada quando a menstruação se interrompe por pelo menos um ano. Após a menopausa, os ovários tornam-se inativos e ocorre mínima ou nenhuma liberação de estrogênio, coincidindo com a redução da absorção de cálcio pelo intestino, devido à baixa produção de calcitonina, hormônio que inibe a desmineralização óssea. O déficit de estrogênio é um determinante importante na perda óssea durante a menopausa e, quando precoce, o risco é muito maior. De acordo com estudo de meta-análise realizado por Nieves et al. (1998), o efeito da associação do estrogênio com um consumo de cálcio adequado (aproximadamente 1200mg/dia) parece mais

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10 benéfico do que a soma de cada efeito sozinho, induzindo haver interação entre os fatores de risco (LANZILLOTTI, H. S. et al, 2003).

4.2 Obesidade

A obesidade é uma complexa afecção crônica, resultante da interação de fatores genéticos e do meio ambiente que, na mulher, relaciona-se a complicações da gestação, irregularidades menstruais, infertilidade, depressão, distúrbios alimentares, baixa auto-estima, além de hipertensão, dislipidemias, infarto, diabetes tipo 2, doença cardiovascular (DCV), câncer de mama, de endométrio e de cólon intestinal (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

A redução estrogênica favorece o surgimento da obesidade central, a qual pode desencadear complicações metabólicas, dentre as quais dislipidemia (FILHO, A. O. J. M, 2005).

MONTILLA (2001) ao estudar o estado nutricional de 154 mulheres no climatério, segundo o IMC (WHO 1997), mostrou dados preocupantes em relação à saúde deste grupo: 1% se encontrava na faixa de baixo peso, 24% de peso normal, 35% de pré-obesidade e 40% de obesidade, das quais 34% de obesidade classes I e II e 6% de obesidade classe III (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

Segundo MARTINEZ (2000), o ganho de peso relaciona-se ao desequilíbrio no balanço energético: ingestão maior que o gasto por um período de tempo; sendo três os fatores que influenciam o peso corporal: hábito alimentar, metabolismo e utilização dos nutrientes e atividade física, os quais podem ser afetados pela susceptibilidade genética do individuo (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

A mulher após os 50 anos, apresenta tendência ao aumento de peso, que pode estar relacionada à redução das necessidades energéticas de repouso, que é da ordem 2% a cada década, atribuída à diminuição do metabolismo e da atividade física (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

POEHLMAN e TCHERNOF (1998) concluíram que a cessação da função ovariana provoca redução do metabolismo, da quantidade de massa magra, e do gasto energético no exercício, além de estimular o acúmulo de gordura no tecido adiposo, contribuindo para o maior risco de obesidade e doença cardiovascular em

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11 mulheres pós-menopausa (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

4.3 Doenças cardiovasculares

No Brasil, as doenças do aparelho circulatório são responsáveis por cerca de 25% das internações hospitalares, consumindo cerca de 13% dos recursos assistenciais à saúde (OMS 1998) e, segundo dados do Ministério da Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2000), em 1998, foram a principal causa de mortalidade entre as mulheres. Estudos enfatizam que o infarto do miocárdio na mulher, embora ocorra em idade mais avançada que no homem, associa-se a taxa de mortalidade duas vezes maior (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

A maior vulnerabilidade desse grupo à Doenças Cardiovasculares (DCV) baseia-se em estudos epidemiológicos, como o de Framingham, que demonstrou claramente aumento de incidência de DCV com a idade: enquanto é consideravelmente maior em homens em todos os grupos etários, após a menopausa as mulheres sofrem dessa afecção na mesma frequência. Essas diferenças estão atribuídas ao metabolismo de lipídeos, controlado em parte pelos esteróides sexuais (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

As mulheres na menopausa perdem a proteção relativa às doenças coronárias, devido às modificações no perfil lipídico que ocorrem com a deficiência estrogênica. O hipoestrogenismo aumenta o colesterol total e a LDL-colesterol (lipoproteína de baixa densidade), que é aterogênica, por diminuição dos receptores hepáticos (FERIN et al. 1993). Estudos denotam que os níveis séricos de colesterol em mulheres na pós-menopausa, excede os apresentados pelos homens e, além disso, os níveis de triglicérides podem aumentar de 50% a 75% com a idade (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, vários são os fatores e preditores de risco implicados na gênese das Doenças Cardiovasculares (DCV), dentre os quais inclui-se elevação dos lipídeos séricos, hipertensão arterial, tabagismo, diabetes, obesidade, sedentarismo e antecedentes familiares (SANTOS 2001). Em estudo realizado na Argentina, observaram que os fatores mais prevalentes em mulheres na menopausa foram: reduzida atividade física (87%), distúrbios nervosos (67%), obesidade (64%), antecedentes familiares de doença cardiovascular (38%) e hipertensão (33%) (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

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12 A dieta hipercalórica, rica em gordura saturada, colesterol e sal; o consumo de bebidas alcoólicas; o sedentarismo e o tabagismo incluem-se dentre os principais fatores do estilo de vida relacionados ao risco de Doença Cardiovascular (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

Segundo a Sociedade Norte-Americana de Menopausa, a inatividade física é um fator de risco para muitas doenças, incluindo DCV e diabetes.

A influência da reposição hormonal na ocorrência de doença coronária na mulher após a menopausa tem sido objeto de várias investigações. Vários trabalhos sustentaram que a reposição do estrogênio apresentaria resultados benéficos para muitas condições, inclusive na prevenção e diminuição da incidência de Doença Cardiovascular e de osteoporose (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

Recente estudo longitudinal americano (Women’s Health Iniative) recomenda cautela quanto ao posicionamento sobre os riscos e benefícios da TRH, anteriormente consolidados. Em mulheres saudáveis na pós-menopausa, os resultados apontaram que os riscos à saúde excederam os benefícios do uso: o risco de fraturas do quadril e de câncer colo-retal diminui, porém o risco de câncer de mama, infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e troboembolismo venoso aumentou. É importante considerar que há contra-indicações para a TRH e além disso há casos de pacientes que recusem ou não aderem ao tratamento por razões financeiras ou até mesmo receio em relação à adoção de uma nova terapia farmacológica (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

Com relação à mulher no climatério, evidências sugerem que as flutuações hormonais, características da transição menopausal, podem apresentar um alto risco de ganho de peso, com modificações na composição corporal e na distribuição de gordura corporal (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

Muitos estudos enfocam o possível efeito da menopausa no ganho de peso e quantidade de gordura corporal, associando a perda da função ovariana à redução da taxa metabólica basal e do gasto energético, que aliada aos baixos níveis de atividade física, torna as mulheres mais propensas ao aumento de massa gordurosa, com acúmulo na região abdominal. Esse Padrão de distribuição de gordura, por sua vez, associa-se a uma série de conseqüências endócrinas e metabólicas relacionadas ao risco de doença cardiovascular.

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13 Estudos afirmam que a quantidade de gordura e massa magra em adultos se modifica em função de vários fatores como atividade física, alimentação, menopausa e alguns estados patológicos, referindo vários estudos relacionam o envelhecimento ao aumento de peso e da gordura corporal e à diminuição da massa magra (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

As modificações da composição corporal na mulher no climatério, citam a perda lenta e gradual de massa magra, de aproximadamente 5 a 10% por década de vida, e as alterações mais evidentes ocorrem com perda de tecido nos membros inferiores e acréscimo de gordura ao tronco (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

O acúmulo de gordura na região abdominal é acelerado na transição para a pós-menopausa. Estudos afirmam que é fato conhecido que as mulheres tendem a acumular gordura preponderantemente nos quadris e coxas quanto mais jovens e ao redor da cintura com o passar dos anos, porém, é difícil avaliar o quanto esse fato de deve ao envelhecimento em si, ou o quanto é influenciado pela menopausa. (FRANÇA, A. P.; MARUCCI, M. F. N.; ALDRIGHI, J. M., 2003).

5. Considerações finais

O presente estudo de revisão bibliográfica mostra que uma abordagem nutricional focada na prevenção de fatores de risco entre mulheres no climatério e menopausa é de suma importância. Visto que hábitos alimentares saudáveis são imprescindíveis para a prevenção das doenças associadas nessa fase.

A questão da prevenção das doenças cardiovasculares determina o delineamento de um plano dietético que contemple medidas coadjuvantes para a prevenção ou controle das dislipidemias (anormalidades nas gorduras do sangue), da hipertensão arterial sistêmica, das alterações de glicemia e, sobretudo, medidas para redução ou manutenção do peso corporal ideal (COSTA e SILVA, 2005).

Em linhas gerais, para atingir esses objetivos o planejamento dietético deverá ser desenhado com os seguintes traços elementares: ingestão calórica controlada ou reduzida de forma gradual, restrição de alimentos ou preparações com alto teor de sódio, substituição de algumas fontes de gorduras saturadas e/ou colesterol por fontes de gorduras poliinsaturadas ou monoinsaturadas, restrição de alimentos contendo gorduras trans e substituição de algumas fontes de carboidratos refinados

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14 e/ ou de alta densidade calórica por fontes com baixa densidade calórica e/ou alto teor de fibras (COSTA e SILVA, 2005).

Já a problemática da osteoporose impõe ao plano alimentar estratégias para o controle de fatores dietéticos que possam comprometer a mineralização ou manutenção óssea alinhadas com as definidas para a prevenção das Doenças cardiovasculares.

Em resumo, essas ações deverão focar a ingestão adequada de cálcio através da inclusão dos principais alimentos fontes e o controle dos fatores que influenciam na biodisponibilidade do cálcio e ingestão adequada de proteínas (para que não ocorra consumo excessivo). As recomendações de cálcio são de 1000 mg/dia na faixa etária de 19 a 50 anos e de 1200 mg/dia na faixa etária de 51 a 70 anos. Atingir estas recomendações é um desafio considerável, visto que a ingestão de alimentos fontes pelas mulheres no climatério fica aquém do recomendado (CAMPANA, L. O. C,; PURCINO, L. S, 2001).

Assim a terapia nutricional deve contemplar uma alimentação equilibrada com a participação dos macro e micronutrientes necessários para a manutenção da saúde e da qualidade de vida de mulheres no período de climatério e menopausa.

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15 Referências bibliográficas

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