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Biblioteca Digital do IPG: Relatório de Estágio Curricular – CM Trofa DESPERTAR PARA A DESCOBERTA (Trofa)

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INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA _________________________________________________________________________________ Animação Sociocultural 1

DESPERTAR PARA A

DESCOBERTA

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Responsáveis Ricardo Jorge Marques Sampaio Padrão

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Animação Sociocultural 2

Instituto Politécnico da Guarda

Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

Relatório de Estágio em Animação Sociocultural

Câmara Municipal da Trofa

Ricardo Jorge Marques Sampaio Padrão

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Animação Sociocultural 3

Ficha Técnica

Estagiário: Ricardo Jorge Marques Sampaio Padrão Número de aluno: 5006587

Estabelecimento de Ensino: Instituto Politécnico da Guarda

Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto

Obtenção de licenciatura: Animação Sociocultural Docente orientador: Professor Victor Amaral

Organização: Câmara Municipal da Trofa – Sector de Desporto Morada: Rua das Indústrias, 393 Apartado 65, 4786-909 Trofa Tutor de estágio: Professora Filipa Gabriela Bezerra

Início do estágio: 1 de Setembro de 2010 Termo do estágio: 1 de Dezembro de 2010 Duração: Três meses

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Animação Sociocultural 4

Agradecimentos

Chegar até ao cimo da montanha e contemplar o imenso vazio do cume pode ser gratificante. Mas nada é superior à árdua caminhada desde o baixo terreno e às dificuldades percorridas nessa viagem, para superar os percalços da subida.

Esta podia ser uma frase retirada de um qualquer livro ou referência de um outro qualquer autor, mas não, achei pertinente escrevê-la para elucidar todo o caminho até aqui percorrido. Só foi possível percorrê-lo, com a presença de pessoas, que muito ou pouco e de forma directa ou indirecta, me ajudaram na construção deste para que conseguisse alcançar aquele que seria o meu principal objectivo, oferecendo compreensão, amizade, alegria e conselhos, tornando mais agradável a minha caminhada.

Primeiramente, os meus agradecimentos recaem sobre o Instituto Politécnico da Guarda, concretamente à Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto, que me acolheu durante o percurso académico que agora estou prestes a concluir.

Ao meu orientador de estágio, pela compreensão, pelos comentários e sugestões na elaboração deste relatório.

Ao Vereador da Câmara Municipal da Trofa, Assis Serra Neves, por ter permitido a realização do meu estágio nesta instituição. Ao Sector de Desporto e Juventude, por me ter acolhido e encaminhado para as diferentes instituições onde estagiei. À minha tutora por me ter acompanhado e pela ajuda prestada ao longo do estágio.

Aos responsáveis e funcionários das instituições onde estagiei, que me auxiliaram na execução das minhas tarefas.

A todos os professores que fizeram parte do meu percurso e me transmitiram os seus conhecimentos tão preciosos para superar os obstáculos encontrados ao longo da vida.

A todos os meus colegas e amigos, um obrigado pela companhia e disponibilidade. À minha namorada, que sempre esteve presente em todos os momentos, pelo seu apoio, compreensão e carinho demonstrado.

Por fim, e não menos importante, agradeço aos melhores Pais do mundo, ou seja, aos meus, por tudo o que me ensinaram, pelos valores transmitidos, pelo amor, pelo apoio incondicional, no fundo por tudo o que sou hoje.

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Animação Sociocultural 5

Índice geral

Introdução ... 8

I- Enquadramento teórico: a Animação Sociocultural ... 10

1.1. Território, comunidade e cultura na prática da Animação Sociocultural ... 11

1.2. O papel do Animador Sociocultural ... 13

1.3. Âmbitos da Animação Sociocultural ... 14

1.3.1. A Animação Sociocultural na vertente de animação infantil ... 15

1.3.2. A Animação Sociocultural na terceira idade ... 16

1.3.3. A Animação desportiva ... 18

1.3.4. A Animação Sociocultural e os tempos livres ... 20

1.3.5. A Animação Sociocultural nas autarquias ... 22

1.3.6. A Animação urbana ... 23

II – Contextualização do meio ... 25

2.1. Breve história do concelho da Trofa... 26

2.2. Caracterização geográfica e demográfica do Concelho ... 27

2.3. Caracterização sumária da Câmara Municipal da Trofa ... 28

2.4. Caracterização das instituições ... 32

III – O Estágio ... 35

3.1. Objectivos ... 36

3.2. Intervenção por sector e contexto institucional ... 38

3.2.1. Actividades desenvolvidas na Câmara Municipal da Trofa ... 38

3.2.2. Actividades desenvolvidas no Muro de Abrigo ... 40

3.2.3. Propostas ... 51

3.2.4. Actividades desenvolvidas no Centro Social e Paroquial S. Martinho de Bougado – Lar Padre Joaquim Ribeiro ... 52

3.2.5. Propostas ... 61

3.2.6. Actividades desenvolvidas na Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Trofa ... 61

3.2.7. Actividades desenvolvidas na Escola Básica de Bairros ... 70

3.2.8. Actividades desenvolvidas na Escola Básica de Finzes ... 71

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Animação Sociocultural 6

Bibliografia ... 74 Bibliografia Principal ... 74 Bibliografia Secundária ... 75

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Animação Sociocultural 7

Índice de Imagens

Figura 1 - Freguesias do concelho da Trofa ... 27

Figura 2 - Localização geográfica do concelho da Trofa ... 27

Figura 3 - Pólo II da Câmara Municipal da Trofa ... 28

Figura 4 – Pólo I da Câmara Municipal da Trofa ... 28

Figura 5 - Futuro local para a construção do Paços do Concelho ... 29

Figura 6 - Organograma da Câmara Municipal da Trofa ... 30

Figura 7 - Zona de computadores ... 32

Figura 8 - Sala de espera e de pequenas reuniões ... 32

Figura 9 - Gabinete do chefe de divisão do Desporto e Juventude ... 32

Figura 10 - Material utilizado: alvo e as respectivas bolas ... 45

Figura 11 - Dvd do filme “O Pai Tirano”. ... 46

Figura 12 - Grupo participante na actividade ... 47

Figura 13 - Cartões com profissões ilustradas ... 47

Figura 14 - Alguns dos utentes na elaboração dos postais de Natal ... 50

Figura 15 - Alguns dos utentes e dos trabalhos realizados ... 50

Figura 16 - Alguns dos trabalhos efectuados ... 54

Figura 17 - Grupo de trabalho ... 58

Figura 18 - Alguns trabalhos terminados ... 58

Figura 19 - Flores elaboradas pelos utentes ... 63

Figura 20 - Grupo a realizar a actividade ... 63

Figura 21 - Decorrer da actividade ... 65

Figura 22 - Objectos do exercício ... 65

Figura 23 - Algumas das letras do abecedário coloridas pelos utentes ... 65

Índice de Gráficos

Gráfico 1 – Evolução e previsão da população idosa e jovem em Portugal, em % ... 16

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Animação Sociocultural 8

Introdução

Vivemos numa sociedade que se encontra em constante transformação devido a acções realizadas por vários agentes, entre eles sociais, culturais e económicos.

Esta transformação impulsiona-nos para uma nova era, onde somos constantemente confrontados com acontecimentos, cada vez mais complexos, que se criam e desenvolvem entre o ser humano e a sociedade. Perante isto, e sem darmos conta, a Animação Sociocultural adquire um protagonismo sem precedentes, onde é possível constatar nos dias de hoje inúmeras associações e organizações que realizam tarefas de animação, onde a criatividade e a participação estão patentes. Apesar disso, a Animação Sociocultural, é mais do que as suas tarefas, esta implica uma filosofia de vida, uma concepção de ser humano e de sociedade e, ao mesmo tempo, uma forma de fazer e de viver caracterizada por um projecto de pessoa e de sociedade na qual cada indivíduo constrói o seu próprio objectivo, com os outros, no contexto do desenvolvimento da sua comunidade. A Animação Sociocultural assume uma acção comunitária que tem por propósito principal a promoção nas pessoas e nos grupos de uma atitude de participação activa no processo do seu próprio desenvolvimento. Este obriga a ter em conta, não a realidade que existe, mas aquela que os cidadãos desejam que exista.

A Animação Sociocultural tem vindo a adquirir cada vez mais vertentes, todas inter-relacionadas. Ao longo do estágio que desenvolvi, pude aplicar algumas dessas vertentes (a Animação na terceira idade, a Animação infantil, a Animação desportiva, a Animação e os tempos livres, a Animação nas autarquias e a Animação urbana) ao meio onde me encontrava.

O presente relatório foi elaborado aquando a realização de um estágio curricular, na Câmara Municipal da Trofa – Sector de Desporto e Juventude, durante três meses, cujo objectivo se incidiu essencialmente em colocar em prática tudo o que aprendi ao longo do meu percurso académico, através da realização de algumas actividades, cuja caracterização se encontra no Plano de Estágio presente no anexo I. Tal como se pode constatar neste plano, o meu estágio abrangeu diversas faixas etárias em diferentes instituições, o que me levou a abordar diferentes temas que foram pertinentes para a elaboração do relatório, fazendo com que este fosse mais extenso do que o permitido no regulamento de estágio.

Este trabalho tem como título “Despertar para a Descoberta”, uma vez que a realização deste estágio, foi uma pequena janela que se abriu para que pudesse, de certo modo, despertar e estar em contacto com a população, agindo sobre esta. Para além disso o Animador, na maioria das vezes, não tem conhecimento das características de um determinado território ou

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Animação Sociocultural 9

de uma comunidade onde irá actuar, tendo por isso, de partir à descoberta dos traços principais destes, para que assim possa desenvolver as suas potencialidades.

Este trabalho encontra-se estruturado em três capítulos. O primeiro, de carácter introdutório, permite enquadrar e contextualizar a área onde a temática se incidiu, relacionando a Animação Sociocultural com alguns dos seus âmbitos, bem como realçar o papel do Animador Sociocultural na sociedade. No segundo capítulo é feita a contextualização do meio onde realizei o estágio, bem como a instituição que me acolheu. Em apêndice encontram-se informações pormenorizadas de outras instituições onde realizei algumas actividades. Esta contextualização é importante, uma vez que é essencial para o Animador conhecer as características do meio onde vai intervir, bem como o tipo de população que nele está inserida.

No terceiro capítulo, são enunciados os objectivos estabelecidos para a realização deste estágio, bem como para cada uma das instituições onde coloquei em prática os meus conhecimentos. Neste encontram-se também descritas as actividades desenvolvidas, nas diferentes instituições. Esta descrição é complementada com os planos de todas as actividades, que se encontram nos apêndices. A alguns destes planos foi dado o nome de “Seniores em Movimento”, uma vez que parte da população com quem trabalhei era idosa e, dado que este tipo de população tem tendência a viver no sedentarismo, tentei proporcionar em todas as actividades a execução de movimentos por parte desta.

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Animação Sociocultural 10

Capítulo I

Enquadramento teórico: a Animação Sociocultural

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Animação Sociocultural 11

I- Enquadramento teórico: a Animação Sociocultural

Ao longo destes últimos anos de estudo, verifiquei que existem diversas definições sobre Animação Sociocultural, tornando-se assim difícil centrar todas elas numa só frase, e por isso na minha opinião é impossível defini-la. Esta variedade conceptual joga com a diferente ênfase que é colocada através de uma tríade composta por três termos, Animação + Sócio + Cultural, associado a noções e aos sentidos de animar, de sociedade e de cultura. Assim, julgo que esta variedade conceptual é representativa da complexidade e da riqueza do termo de Animação Sociocultural, por isso concordo com Melo (1980: 4) quando afirma que odeia as definições. São tentativas de meter em frasquinhos conceituais a torrente imparável da vida, de paralisar no retrato uma realidade que é história, que é movimento, uma vez que a Animação Sociocultural é na sua essência, vida e acção, pelo que se torna difícil expressar este constante movimento através de um discurso escrito. Mais uma vez, e através de Garcia (1976) cit. por Lopes (2008: 143), é possível constatar o que foi mencionado anteriormente, isto é, falar de Animação Sociocultural através da escrita, constitui uma tarefa cheia de perigos. Como transmitir, através de um texto, aquilo que é movimento, por definição? Como testemunhar uma realidade através dum discurso teorizado, mesmo que este se queira enraizado na prática?

A Animação Sociocultural, na minha opinião e, acrescentando às inúmeras definições já existentes, é uma estratégia de intervenção que pretende transformar uma comunidade e tem como finalidade promover a participação e dinamização social dos indivíduos na gestão e direcção dos seus próprios recursos. Esta é um instrumento decisivo para um desenvolvimento multidisciplinar integrado (social, económico, cultural, educacional, entre outros) dos indivíduos e dos grupos.

No fundo, a Animação Sociocultural é uma maneira de olhar, de ver as coisas, de estar atento, de tentar trabalhar, muito mais do que uma finalidade.

1.1. Território, comunidade e cultura na prática da Animação

Sociocultural

A Animação Sociocultural para ser bem sucedida terá de ter em conta o território, a comunidade, a sua cultura onde irá actuar para que seja mais fácil implementar o que se pretende atingir. É necessário que seja realizada uma análise prévia partindo da base para o

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Animação Sociocultural 12

topo. Sendo assim, o território tem uma grande importância para a realização de um trabalho social, porque neste existem uma série de realidades que determinam, em parte, e em determinados casos em grande parte, as condições de vida e de trabalho da comunidade. Um território, assim entendido, constitui um espaço, seja ele rural ou urbano, mas sempre um espaço humanizado que importa conhecer, estudar, registar, como forma de potenciar a vivência da interacção humana. Recorrendo às palavras de Marco Marchioni (1997) citado em Lopes (2008: 373), o território é uma entidade física e social, não somente urbanística na qual vêm a encontrar-se e às vezes confrontar-se as contradições, conflitos, relações sociais, e, ao mesmo tempo, nele actuam as instituições e a população. No território vive e trabalha a população, a gente. Eles vivem entre estas contradições e relações, vivem aqueles problemas e podem também actuar para solucioná-los: a nível individual, de grupo, espontaneamente, de maneira organizada, como forças sociais, políticas, sindicais… O território, portanto, deixa de ser uma dimensão urbanística e adquire uma nova espessura, algo corpóreo, físico e real.

As festividades e rituais, os jogos populares e/ou tradicionais, a gastronomia tradicional e/ou de base tradicional, entre outros, permitem actualmente o surgimento de actividades culturais, cuja implicação em termos territoriais é extremamente importante, permitindo e incentivando o conhecimento do território como um todo – lugar, gente, vivências e mundividências. Os territórios deixam de ser meros locais de passagem para serem entendidos como lugares de retorno e de conhecimento.

Sendo a Animação uma estratégia que quando incide no território, nunca acaba, adaptando-se em cada momento, às diferentes conjunturas, deve ter sempre disponibilidade e flexibilidade suficientes para criar condições de desenvolvimento, utilizando estratégias específicas de modo a transformar as desvantagens do território em vantagens.

A Animação pressupõe diagnosticar, compreender e agir de modo estruturado e eficaz sobre o território como um todo – do espaço às pessoas e às instituições. Tem como fim último integrar, desenvolver e atenuar assimetrias modificando as estruturas locais de cariz económico mas também não económico, o que pode implicar simultaneamente a destruição de estruturas e práticas ancestrais e ultrapassadas e a construção de novas formas de capacitação para a acção e solidariedades sociais.

Estes objectivos, contudo, só podem ser atingidos com a cooperação da comunidade como um todo, integrando de modo coerente um amplo conjunto de factos e fenómenos da realidade, tal como diz Ware (1986) cit. por Lopes (2008: 373) a comunidade é mais que uma localidade: é uma aglomeração de pessoas relacionadas entre si que contam com recursos

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Animação Sociocultural 13

físicos, pessoas, de conhecimento, de vontade, de instituições, de tradições, etc. É como uma totalidade orgânica que se desenvolve eternamente.

Uma comunidade deve ter como referência um conjunto de pessoas que habitam no mesmo território, com certos laços e certos interesses em comum, ligados sempre pela dimensão educativa e pela pertença a um mesmo sistema cultural.

Outro aspecto a ter em conta é a cultura que não é mais do que conjunto de traços distintivos espirituais, materiais, intelectuais e afectivos que caracterizam uma sociedade e um grupo social. Ela engloba, além das artes e das letras, os modos de vida, os direitos fundamentais do ser humano, os sistemas de valores, as tradições e as crenças. Cada cultura representa um conjunto de valores único e insubstituível, a sua identidade, já que as tradições e as formas de expressão de cada povo constituem a sua maneira mais acabada de estar presente no mundo. Esta identidade cultural é uma riqueza que dinamiza as possibilidades de realização da espécie humana ao mobilizar cada povo e cada grupo a nutrir-se do seu passado e a colher as contribuições externas compatíveis com a sua especificidade e continuar, assim, o processo de sua própria criação. Todas as culturas fazem parte do património comum da humanidade e a educação é o meio por excelência para transmitir os valores culturais nacionais e universais, e deve procurar a assimilação dos conhecimentos científicos e técnicos sem detrimento das capacidades e valores dos povos.

1.2. O papel do Animador Sociocultural

Para que as práticas da Animação Sociocultural sejam bem sucedidas, terá de existir um profissional que tenha formação específica na área e que intervenha nesta.

Um Animador Sociocultural é aquele que realiza tarefas e actividades de animação, que é capaz de estimular os outros para uma determinada acção. O Animador Sociocultural é todo aquele que, sendo possuidor de uma formação adequada, é capaz de elaborar e/ou executar um plano de intervenção, numa comunidade, instituição ou organismo, utilizando técnicas culturais, sociais, educativas, desportivas, recreativas e lúdicas (ANASC, 1999 in Lopes (2008: 526-528). Este actua como catalisador da sua vontade, ou de terceiros, junto de um grupo ou de uma pessoa. O Animador não pode ser um homem só, ele trabalha em e para o grupo. Este é um mediador, um intermediário, um provocador, um gestor, um companheiro e um agente de ligação, entre um objectivo e um grupo – alvo. Segundo a Equipa Nacional de Animadores do FAOJ, de 1977, citada em Lopes (2008: 526-528), o animador é o «agente

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Animação Sociocultural 14

directo» da Animação, sendo o seu trabalho norteado no sentido da consciencialização participante e criadora das populações, estimulando as pessoas e grupos, a autodesenvolverem-se, activando todas as suas faculdades criativas e intelectuais no sentido da resolução de todos os seus problemas reais e colectivos. Assim ao animador compete criar movimento, vida e actividades. É necessário que apresente propostas e sugestões, que seduza, que imagine, que desperte, que suscite e que influencie, sem exercer qualquer tipo de obrigação ou criar um sentimento de obrigatoriedade. O animador deve ser vivo, activo, comunicador, encorajante e destemido, entusiasta e optimista. Todas estas características, e outras, podem ser utilizadas nos diferentes âmbitos da Animação Sociocultural.

1.3. Âmbitos da Animação Sociocultural

Falar em âmbitos de Animação Sociocultural significa ter presente a perspectiva tridimensional respeitante às suas estratégias de intervenção (Lopes, 2008: 315):

dimensão etária: infantil, juvenil, adultos e terceira idade;

espaço de intervenção: animação urbana, animação rural;

pluralidades de âmbitos ligados a sectores de áreas temáticas, como sejam: a

educação, o teatro, os tempos livres, a saúde, o ambiente, a autarquia, o turismo, a comunidade, o comércio, o desporto, o trabalho, entre outros.

Todos estes âmbitos implicam o recurso a um vasto conjunto de termos compostos, para designar as suas múltiplas actualizações e formas concretas de actuação. Ao longo do meu trabalho realizado em contexto de estágio, no que diz respeito à dimensão etária, executei actividades com todas as faixas etárias, apesar disso houve uma maior predominância com o público infantil e com a terceira idade, onde as actividades se relacionam com as seguintes áreas temáticas: Animação infantil, a Animação na terceira idade, a Animação desportiva, a Animação de tempos livres e a Animação na autarquia. Estas áreas temáticas foram colocadas em prática em instituições pertencentes ao concelho da Trofa.

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Animação Sociocultural 15

1.3.1. A Animação Sociocultural na vertente de animação infantil

A Animação Sociocultural estende-se a diferentes âmbitos que emergem da relação de determinadas áreas assentes em técnicas que devem possuir um núcleo base de dimensão social, cultural, educativa. Tanto no trabalho social como na prática educativa, recorre-se à Animação como motivação.

Assim, torna-se essencial abordar a Animação socioeducativa numa das suas principais formas de actuação – a animação infantil. A Animação infantil existe na tríade educacional Formal – Não Formal – Informal, porque constante e inconscientemente estamos sempre a aprender. A educação formal remete-nos para a existência de um currículo, é uma actividade organizada e sistemática que acontece em instituições educativas formais (escolas, universidades); a educação não-formal é toda a actividade organizada, sistemática, que acontece fora do sistema formal; a educação informal é um processo educativo não organizado que decorre ao longo da vida da pessoa proveniente das influências educativas da vida diária e do meio ambiente. Segundo Lopes (2008: 315), o desenvolvimento da Animação infantil surgiu com o Portugal democrático, ganhando expressão como forma de Animação socioeducativa. Teve como objectivo central complementar as funções atribuídas tradicionalmente à escola, pela via da Educação Não Formal.

No fundo, a Animação infantil é essencialmente Educar através de actividades lúdicas, recorrendo à criatividade, participação, envolvência e satisfação da criança.

No que diz respeito à Animação no campo da educação, destaca-se o carácter voluntário dos participantes e o ambiente recreativo em que se desenvolvem as actividades, que por sua vez complementam os processos educativos para a adaptação e integração social, ao mesmo tempo que propiciam condições mais favoráveis para as actividades produtivas ou de aprendizagem escolar. A Animação socioeducativa não é exclusivamente pertencente às instituições escolares, pertencendo também a múltiplas instituições públicas e privadas. Destacam-se os princípios da criatividade, componente lúdica, actividade, socialização, liberdade e participação.

A Animação infantil através da sua acção educativa pretende promover, encorajar, despertar inquietações, motivar para a acção, desabrochar potencialidades latentes nos indivíduos, grupos e comunidades. Segundo Pereira et al (2008) citado em Canto (s/d: 5), a Animação socioeducativa assenta a sua estratégia na promoção de uma educação em contexto

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Animação Sociocultural 16

não formal e tende a uma educação global e permanente de carácter lúdica, criativa e participativa.

1.3.2. A Animação Sociocultural na terceira idade

Um dos aspectos sociais mais importantes dos últimos tempos é o envelhecimento da população. Este tem vindo a aumentar, como se pode constatar no gráfico 1, e, consequentemente, tem vindo a crescer a necessidade de se programarem acções relacionadas com a Animação Sociocultural para a terceira idade.

O envelhecimento da sociedade portuguesa é comprovado, quer pelo considerável aumento de lares públicos e privados para idosos que se verificou na última década, quer pelo incremento de acções formativas, de carácter técnico profissional e até superior, no âmbito da Animação Sociocultural para a terceira idade. A Animação na terceira idade visa auxiliar os idosos a programar a evolução natural do seu envelhecimento, a promover-lhes novos interesses e novas actividades, que conduzam à manutenção da sua vitalidade física e mental, de perspectivar a Animação do seu tempo, que é, predominantemente, livre. Segundo Elizasu (2001: 13), através da noção da Animação Sociocultural no âmbito da terceira idade, a aparição da Animação Sociocultural no campo da terceira idade surge em resposta a uma ausência ou diminuição da sua actividade e das suas relações sociais. Para preencher esse vazio, a Animação Sociocultural trata de favorecer a emergência de uma vida centrada à volta do indivíduo ou do grupo. A Animação Sociocultural concebe a ideia de progresso das pessoas idosas através da sua integração e participação voluntária em tarefas colectivas nas quais a cultura joga um papel estimulante. Entre as finalidades e os objectivos de animação podem destacar-se os seguintes: promover o bem-estar individual, de grupo e comunitário das

Gráfico 1 – Evolução e previsão da população idosa e jovem em Portugal, em %. (JACOB, 2007: 15)

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Animação Sociocultural 17

pessoas idosas; melhorar a sua qualidade de vida e de saúde integral; fornecer os meios para que continuem a viver muitos anos repletos de vida, de ilusão, sentido, dignidade e felicidade; potenciar e desenvolver capacidades, habilidades e destreza das pessoas; motivá-las para que continuem activas, participativas, solidárias, críticas e úteis no meio social (Limón Mendizabal, M. R. (2004) cit. por Pereira et al 2008: 211).

Uma das funções chave da Animação Sociocultural consiste no facto de as pessoas e os colectivos se transformarem em agentes e protagonistas do seu próprio desenvolvimento. O que, particularmente, interessa nos processos de animação é gerar processos de participação, criando espaços para a comunicação dos grupos e das pessoas, tendo em vista estimular os diferentes colectivos a empreenderem processos de desenvolvimento social (resposta às suas necessidades num espaço, tempo, situações determinadas) e cultural (construindo a sua própria identidade colectiva, criando e participando nos diferentes projectos e actividades culturais).

No caso concreto da terceira idade, encontramo-nos perante um colectivo que tem características muito específicas: idade, aposentação e que, portanto, está liberto de um trabalho determinado de forma sistemática; diferentes situações de convivência (em casal, viuvez, solidão…); situações de saúde geral e condições físicas muito diferenciadas; contexto residencial de acordo com situações particulares (em habitação própria, com familiares, em instituições especificas: lares da terceira idade, centros de dia); uma maior disponibilidade dos tempos livres, etc. A velhice, para a maioria das pessoas, é vista como a etapa da aposentação voltada para o passado e sujeito passivo de um descanso obrigatório e de um tempo de ócio imposto pela situação. As pessoas na terceira idade não podem ser vistas como pessoas em descida na linha da vida, mas sim encaradas como indivíduos com uma experiência de vida e sabedoria, capazes de transmitir os saberes e vivências pessoais e sociais; com capacidades de aprendizagem educativas, culturais, físicas e sociais, tendo como principal característica a motivação para a aprendizagem e pela melhoria da qualidade de vida, a nível social, afectivo, educativo e físico-motor.

Por tudo isto, os programas de Animação Sociocultural devem ser muito diferentes e adaptados às situações do grupo e respectivas necessidades. Com um carácter geral, podem estabelecer-se como objectivos gerais os seguintes: possibilitar a esse colectivo a realização pessoal, a compreensão do meio circundante e a participação na vida comunitária; conseguir uma maior integração na sociedade a fim de que se oiça e dê valor à sua voz e se tenham em conta as suas opiniões; estimular a educação e a formação permanente; oferecer a

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possibilidade de desfrutar da cultura; estabelecer as bases para que os conhecimentos sejam partilhados de maneira flexível, enriquecedora e amena; desenvolver atitudes críticas perante a vida, mediante a animação de grupos de reflexão e debate: possibilitar a abertura a outros grupos etários; propiciar e criar atitudes e meios para gozar a vida plenamente (Garcia, 1992 cit. por Trilla, 2004: 256-257).

O Animador Sociocultural pode ter um papel bastante importante, pois pode ajudar as pessoas adultas a planificarem as estratégias para o envelhecimento, pode promover novos interesses e novas actividades, estimular e treinar a vitalidade física e mental e ocupar, utilmente, os grandes tempos livres disponíveis. Os objectivos do Animador para com a população da terceira idade são, promover o bem-estar pessoal, de grupo e comunitário das pessoas idosas; melhorar a sua qualidade de vida e de saúde integral (física, mental, e social); favorecer para um envelhecimento “normal” frente a um envelhecimento “patológico”; promover o ânimo para que se esforcem e continuem a ser cidadãos com todos os seus direitos e, principalmente, pessoas; aproveitar o seu nível cultural, experiencial e humano em relação à sua participação e presença nas instituições democráticas e na dinâmica social.

Com isto, o envelhecimento não tem de se caracterizar pela perda e a deterioração intelectual, nestas idades o importante é proporcionar experiências de aprendizagem às pessoas idosas e manter um ambiente rico e estimulante.

A Animação na terceira idade é muito importante, quer no aspecto social, quer humano, ao nível da atenção, disponibilidade e carinho, sendo fundamental uma afinidade e cumplicidade entre o grupo e o Animador. Este constitui, assim, um recurso importante para impulsionar um trabalho sustentável ao nível quantitativo e qualitativo, proporcionando o desenvolvimento para uma Animação adequada a todos os níveis: social, cultural, desportivo e educativo.

1.3.3. A Animação desportiva

A Animação desportiva é o resultado da vinculação entre a actividade e recreação desportiva com as técnicas da animação, uma vez que estas se apoiam em pedagogias e actividades participativas.

Numa primeira fase a Animação desportiva focalizava-se no campo da recreação e era destinada a indivíduos que procuravam uma prática não formal. No entanto, actualmente esta

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vertente da Animação procura objectivos mais abrangentes, sendo estes, o bem-estar físico, mental, social, a recreação, o prazer de participar, estando todos estes propósitos interligados, pois constituem formas de intervenção sócio-desportiva no preenchimento dos tempos livres.

Esta vertente está voltada para o trabalho em equipa, fomentando no indivíduo um sentimento de pertença a um grupo, para que o lazer se transforme num campo de realização pessoal. Assim, a actividade desportiva foi-se tornando numa opção aquando a ocupação dos tempos livres, uma vez que com a divulgação que tem tido, as comunidades sensibilizaram-se para o facto de esta proporcionar uma melhoria da saúde, uma vez que é indispensável para o crescimento e o desenvolvimento harmonioso do corpo e da personalidade de cada indivíduo. A prática desportiva alargou-se assim, a todas as classes sociais e faixas etárias, através de programas destinados a fomentar um actividade física e desportiva regulares. Segundo Alves (2010: 1-2), a actividade desportiva tem vindo a assumir, cada vez mais, um papel importante na sociedade, que levou à divisão da prática desportiva em três campos: 1) As práticas desportivas formais, ou seja, o sector federado, caracterizado por normas ou regulamentos definidos; 2) As práticas desportivas não formais, que se diferenciam pela descontinuidade, apesar de pressuporem também a prática regular; e 3) As práticas desportivas informais, caracterizadas pela auto-suficiência e a auto-gestão.

Como afirma Neto (1997: 34) os clubes desportivos, as autarquias e as escolas terão de repensar e, quem sabe, reinventar uma nova ordem de valores quanto ao desporto, tendo em linha de conta as alterações e as mudanças em curso a nível das estruturas sociais.

O facto de vivermos numa sociedade em que o stress e as pressões são uma constante, a prática desportiva surge como uma actividade benéfica no combate às dificuldades criadas e existentes, transmitindo uma sensação de bem-estar e aumentando a capacidade das pessoas a nível físico, mental e social. Os benefícios de uma actividade física frequente são visíveis em todas as idades. Nas crianças incute-se o hábito e o prazer pela prática desportiva e de um estilo de vida saudável, e nos idosos, a necessidade de manter o corpo activo e combater o sedentarismo. A actividade física assume um papel importante no combate às mais variadas doenças, ajudando a combater e a retardar os seus efeitos e consequências.

No fundo, a Animação desportiva vai buscar muitas das suas características ao denominado «Desporto para todos», à disciplina de educação física e a outras áreas da educação. No desenvolvimento das suas actividades há que ter em conta um leque abrangente de modalidades, não só desportivas mas também jogos educativos que englobam conteúdos tradicionais, de lazer ou pré-desportivos.

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A aplicação da Animação na área do desporto pode ser um bom recurso utilizado pelo Animador para abranger todos os sectores da população, devendo também para isso ter em atenção ao local das actividades potencialmente pensadas por este, à incidência e às idades. O local, uma vez que as actividades realizam-se em territórios diversos, podendo ocorrer em aldeias, bairros ou cidades e em espaços diferentes (pavilhões, piscinas, ginásios e na natureza). Quanto à incidência, esta encontra-se centrada em três ênfases: a desportiva, a educativa e a social. Por fim, a idade assume um papel preponderante, uma vez que as actividades devem ser adaptadas consoante o nível de destreza e capacidade físico-motora dos participantes.

A contribuição da Animação desportiva para a formação e desenvolvimento dos participantes deve ir mais além do que a componente física, deve contribuir para o desenvolvimento psíquico e servir como exemplo de espírito e ética desportivos. O Animador, como responsável pela actividade e o seu conteúdo deve guiar o participante para que este tenha um comportamento e atitudes que se enquadrem dentro do espírito desportivo e da saudável competição. Ao surgir como uma alternativa às competições desportivas, a Animação desportiva assume um papel mais social, que se adapta ao público-alvo e à realidade em que se encontra inserida, em que o mais importante é a satisfação do participante e não resultado obtido. A Animação desportiva é o resultado da ligação da actividade e recreação desportiva com as técnicas da Animação, uma vez que se baseiam e se apoiam em pedagogias e actividades participativas.

1.3.4. A Animação Sociocultural e os tempos livres

São vários os factores que influenciam directamente na organização e vivência do tempo e do dia-a-dia. Desde o trabalho laboral até às tarefas familiares, tudo isto faz parte da rotina diária e dos afazeres de cada indivíduo e, para além destes, também a faixa etária pertencente às crianças e aos seniores é afectada nesta questão, devido à falta de actividades que ocupem o tempo que passam entre as actividades escolares e após darem término às suas vidas profissionais, respectivamente.

Na sociedade em que vivemos, vão surgindo novos fenómenos, dando origem à necessidade de ocupação do tempo desocupado. Ao mesmo tempo, esta ocupação vai-se modificando e, crescem também, diferentes condições e novas modalidades de utilização do

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tempo livre. Alguns autores acreditam que o tempo desocupado está ligado ao bem-estar do ser humano, à qualidade de vida e à liberdade de cada um.

Na minha perspectiva, e de acordo com a pesquisa efectuada para o presente trabalho, o tempo livre pode ser um tempo de desenvolvimento pessoal (e o ócio será a melhor forma para o conseguir), através da participação independente e autónoma de cada um em diversas acções (realizadas com prazer e satisfação). Estas podem propiciar uma experiência de participação, criação, diversão e aprendizagem para todos os indivíduos. Com isto, na minha opinião, penso que a Animação Sociocultural e o Animador têm um papel activo e bastante importante relativamente a esta temática, às actividades que se podem desenvolver e às vantagens que estas podem trazer para cada pessoa que nelas participe. As actividades podem ser de vários tipos, entre as quais de descanso, de diversão, de desenvolvimento, e de conhecimento pessoal. Para a animação sócio-cultural, é de suma importância criar os âmbitos apropriados e as propostas adequadas para que o ócio/consumo/passivo (de ordinário unido à comercialização do mesmo), seja substituído por um ócio/cultura/actividade (Ander – Egg:1999: 55).

O ócio é uma maneira de fazer e de estar durante um determinado tempo e depende da atitude da pessoa que o realiza, ou seja, esta deve estar motivada e concentrada no que está a fazer, a sua atitude é muito importante, uma vez que a sua postura deve ser completamente voluntária e motivada. Contudo as actividades proporcionadas devem, de acordo com as diversas situações, proporcionar descanso, diversão e desenvolvimento.

Em termos gerais, o tempo livre é todo o tempo liberto de ocupações profissionais remuneradas, ou seja, o oposto ao trabalho. Aquele tempo em que cada um está isento das ocupações diárias. Por outro lado, o ócio remete para uma ausência da rotina diária (das tarefas, obrigações familiares e pessoais) e do trabalho laboral. Está relacionado com a disponibilidade pessoal, ou seja, o tempo em que a pessoa escolhe livremente as actividades que quer desenvolver, satisfazendo as suas necessidades pessoais, podendo optar por descansar, divertir-se ou aumentar os seus conhecimentos, podendo trazer vantagens a quatro níveis: a nível biológico (repouso e diminuição do cansaço), nível psicológico, a nível espiritual (estimular a criatividade e a imaginação) e a nível social (participação na vida em sociedade).

Nesta perspectiva este pode trazer vantagens no desenvolvimento do ser humano e na sua qualidade de vida. É assim, um factor essencial à criança e ao sénior, devendo ser estimulado pelo Animador, de forma a proporcionar bem-estar e ao mesmo tempo o

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desenvolvimento das capacidades da criança e do idoso, uma vez que no meu entender, uma actividade pode ser considerada de ócio desde que esta esteja fora das obrigações da pessoa e se esta desfrutar da actividade.

Numa perspectiva de Animador, acredito que todas as pessoas, de todas as idades, precisam desfrutar do seu tempo livre, de usufruir da aquisição de certos hábitos culturais, de conhecer actividades de interior e de ar livre, de manter um elevado nível em relação à sua auto-estima, de adquirir afectos através das quais se sintam realizados e de realizar actividades de ócio.

1.3.5. A Animação Sociocultural nas autarquias

As autarquias têm um desafio importante nas áreas sociais, socioculturais e turísticas. O turismo, a cultura, a educação, a acção social, o associativismo, a problemática juvenil, a terceira idade, a protecção de crianças e jovens, a promoção das novas tecnologias, a formação de adultos, o desporto entre outras, são o universo onde se movem as novas atribuições municipais. Ora, para que toda esta panóplia de actividades funcione, é necessário ter um corpo técnico especializado nessas diferentes áreas. É aqui que entra o trabalho dos Animadores Socioculturais. O Animador deve considerar-se ao serviço da comunidade e estar implicado no processo de consciencialização. Neste sentido, terá de, permanentemente, se pôr em causa, aceitar a crítica, respeitar a dinâmica do grupo e ser elemento de estímulo e de criatividade. A Animação sócio-cultural implica uma consideração profunda por cada comunidade e uma atenção cuidada à evolução necessária com suas etapas, crises, estrangulamentos e superações (Guia do Animador, 1986, cit. por Lopes (2008: 272). Com as atribuições e competências das autarquias nas áreas sociais, culturais, desportivas e educativas, abre-se uma nova etapa no campo da Animação. Estas (Câmaras Municipais) passam a encarar a acção sócio-cultural e o associativismo como alavancas essenciais de um desenvolvimento territorial local, incidindo em matérias como o desenvolvimento comunitário, a promoção de políticas locais de emprego, a dinamização turística, a ocupação dos tempos livres e a acção formativo - profissional - educativa (Santos, 1998: 259-260).

As autarquias começam a constituir grupos de técnicos da área da Animação, promovem acções e eventos, dinamizam as associações e grupos locais, abrem novos espaços de cultura e de animação, entre outras coisas. Novas oportunidades, novas necessidades e

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novas profissões começam a fazer parte do programa de acção de cada Município. Estes órgãos, segundo Garcia (1982: 12), têm a seu cargo a resolução, ou a redução, de problemas muito concretos de uma população (relativamente restrita) num território específico. É o tal território que nos é próximo, onde vivemos, e muitas vezes onde trabalhamos. É o território coincidente com o dia-a-dia de cada um. O pequeno universo palpável onde a globalização é possível. A mesma ideia de território que temos na Animação.

Satisfeitas as necessidades básicas das populações é necessário preparar o território para a qualidade de vida, para a educação de excelência, a vida social e cultural como espaço de referência da diversidade e da interculturalidade. Numa era dominada simultaneamente pelos princípios da subsidiariedade e da globalização, o desenvolvimento das sociedades e dos territórios requer a existência de organizações autárquicas cada vez mais eficazes e eficientes, prestadoras de serviços qualificados, capazes de responder adequadamente às exigências e expectativas dos cidadãos do século XXI.

Contudo, nas autarquias, a Animação Sociocultural já não se confina a espaços e eventos tradicionais e a grupos de actividade cultural e social. A Animação Sociocultural nas autarquias começa alargar-se para os espaços de natureza, dos jardins, das áreas protegidas, das quintas pedagógicas, da ligação do Homem com a Natureza e da necessidade urgente da sua preservação. Segundo Garcia (1982: 12) a Animação Sociocultural nas autarquias existe enquanto prática social: - acção de base: instrumento de comunicação que favoreça a comunicação “ao vivo”; - acção profundamente ligada ao quotidiano em todos os seus aspectos; - olhar global sobre um determinado território. Esta nova dinâmica de retorno à natureza é também uma oportunidade social onde várias gerações têm um espaço de convivência, de aprendizagem e de troca de experiências, cruzando os saberes de uma comunidade completa.

1.3.6. A Animação urbana

A origem na Animação Sociocultural no meio urbano é consequência da formação da sociedade industrial e urbana. Segundo Coulon (1971) cit. por Lopes (2008: 338), a Animação Sociocultural surge quando se tornaram evidentes as dificuldades sociais geradas pelas diferentes mutações sociais, económicas e culturais das sociedades modernas: (…), urbanização galopante, despersonalização e massificação, nascimento de uma patologia social. Assim, a Animação Sociocultural aparece no espaço urbano e está ligada aos males da

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civilização moderna, mais concretamente, aos problemas de vida das grandes aglomerações humanas, de que resultam problemas de delinquência, violência, diferença social, problemas de convivência.” A sociedade urbana é caracterizada pela instabilidade relacional, onde a família é reduzida e por vezes instável, onde o espaço urbano é pouco humanizado e onde o Homem é um ser solitário no meio da multidão, rostos sem identidade.

Neste contexto social as pessoas tendem a viver em estado de stress permanente, devido à frustração, à insegurança e à dificuldade em equilibrar o trabalho com a existência. O Homem é muitas vezes considerado um cidadão sem cidadania, sem qualidade de vida, sem hábitos e práticas culturais, porque o tempo não o permite. O tempo livre, o que não é ocupado pelo tempo de trabalho, é, normalmente, consumido a percorrer o caminho do trabalho para casa e vice-versa, e raramente é animado no espaço familiar, em actividades culturais, lúdicas e desportivas de modo eficaz e harmonioso.

O Animador tem assim um papel fulcral neste tipo de sociedade, uma vez que pode promover acções que valorizem a dimensão humana, como compensação do isolamento a que as pessoas estão sujeitas assim como facilitar-lhes o acesso a bens culturais e o diálogo inter-relacional e inter-geracional, de modo a provocar e promover a participação; este visa também dotar o meio urbano com infra-estruturas e equipamento cultural que vá ao encontro das necessidades da população.

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Capítulo II

Contextualização do meio

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II – Contextualização do meio

Como anteriormente mencionei, conhecer o território é um factor importante para que seja possível conhecer as condições de vida da comunidade e o tipo de trabalho nele existente, no fundo é essencial conhecer a sua realidade. Neste capítulo irei de uma forma geral, caracterizar o concelho da Trofa e a instituição que me acolheu ao longo destes três meses de estágio, a Câmara Municipal da Trofa. Para além de ter estagiado na Câmara, também desenvolvi diversas actividades noutras instituições apoiadas por este Município. Estas pertencem a três das oito freguesias do concelho da Trofa, que por sua vez se encontram caracterizadas no apêndice 1. Com isto ajudar-nos-á a conhecer o território onde estão inseridas e as raízes da população com quem trabalhei.

2.1. Breve história do concelho da Trofa

O concelho da Trofa foi constituído em 1998 através de um desmembramento de parte do território de Santo Tirso. De acordo com Pinto (2007: 7-13) em termos de caracterização geográfica nem seria necessária essa separação, mas tal foi dada, devido ao constante “esquecimento” por parte do anterior município. Este “esquecimento” foi sentido pelo povo trofense, uma vez que a Trofa não tinha autonomia administrativa, não tinha possibilidade de gerir o seu próprio destino e de escolher qual o caminho a seguir assim como de investir maciçamente numa população e numa área geográfica que contribuía para a riqueza da região, e por fim também não recebia as contrapartidas justas, que lhe permitissem um desenvolvimento efectivo e sustentado em bases concretas. Segundo Pinto, a Trofa estava assim num emaranho de problemas, todos eles decorrentes dos anos e anos em que foi votada ao abandono pelos poderes municipais e pelos poderes centrais. Se é verdade que, na generalidade, os concelhos têm “olhos” apenas para a freguesia - sede, esquecendo todas as outras, no caso de Santo Tirso essa realidade assumiu contornos ainda mais vincados. Com todos estes factores e outros de carácter menos vinculativo, levaram a que os trofenses se revoltassem, lutando pela sua independência e levando à criação de um concelho, o concelho da Trofa. Este facto foi conseguido a 19 de Novembro de 1998, por deliberação da Assembleia da República, onde a Trofa passou a ser governada por si própria, autonomizando-se. Na sua constituição passaram a fazer parte oito freguesias, Alvarelhos, S.

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Martinho de Bougado, Santiago de Bougado, S. Mamede do Coronado, S. Romão do Coronado, Covelas, Guidões e Muro, como demonstra a figura 1.

2.2. Caracterização geográfica e demográfica do Concelho

O concelho da Trofa1 encontra-se, geograficamente, a norte do distrito do Porto e no seu limite com o de Braga. Este localiza-se na Região Norte de Portugal Continental, pertencente à sub-região estatística (NUT II) e à sub-região estatística do Ave (NUT III). Delimita a sul e a poente com os municípios da Maia e de Vila do Conde, pertencentes à Área Metropolitana do Porto (AMP), e a norte e a nascente com os concelhos de Vila Nova de Famalicão e Santo Tirso, que integram o agrupamento do Vale do Ave (figura 2).

1

Informação recolhida e organizada a partir da consulta – 3 de Setembro de 2010 - do site da Câmara Municipal da Trofa (www.mun-trofa.pt.)

Figura 1 -Freguesias do concelho da Trofa

(Fonte: http://www.muntrofa.pt/Site/Frontoffice/default.aspx?module=Article/Article&ID=29)

Figura 2 - Localização geográfica do concelho da Trofa

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Este concelho é habitado por cerca de 37 581 pessoas (INE, 2001), onde se verifica uma maior predominância da população envelhecida no sector agrícola, mas uma menor incidência desta nas freguesias mais industrializadas, onde os jovens e adultos se encontram em maior número. O município tem uma área total de 72.5 km2 e pode ser visto como um espaço com uma base económica fortemente marcada pela indústria – em especial pelos têxteis, confecção e vestuário -, mas também por uma agricultura de subsistência, embora com uma forte vertente ligada à produção de leite, representando o sector terciário mais de 50% (56%, segundo os dados fornecidos pelo INE) da totalidade do universo empresarial do concelho. Apesar de distintas características, todos trabalham em prol de um desenvolvimento sustentado do concelho.

2.3. Caracterização sumária da Câmara Municipal da Trofa

O Concelho da Trofa é um concelho recente, uma vez que data de 1998, o que faz dele o concelho mais novo do país. Por esse e por outros motivos, ainda não possui divisões próprias, no entanto este contém dois pólos de referência onde a oferta de serviços aos munícipes é maior, um deles designado por Pólo I (figura 3) situado junto à Estrada Nacional 14 que liga Porto a Braga, e o outro por Pólo II localizado na parte inferior de um Edifício, que na sua parte superior serve de habitação (figura 4).

Figura 4 – Pólo I da Câmara Municipal da Trofa (Fonte: Própria)

Figura 3 - Pólo II da Câmara Municipal da Trofa (Fonte: Própria)

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Nestes dois pólos municipais, são prestados aos munícipes a maioria dos serviços, no entanto existem outros dispersos por toda a cidade. Nas tabelas presentes no apêndice 2, estão enunciados todos os serviços prestados pelas diferentes divisões.

Todos os serviços mencionados anteriormente servem para que a Câmara Municipal possa dar resposta às necessidades da população, no entanto actualmente encontra-se em marcha o lançamento do Concurso Público, para a construção dos Paços do Concelho da Trofa. Este será o local (figura 5) onde irá nascer um edifício que irá receber todos os serviços da autarquia, com o intuito de servir melhor o concelho e todos os trofenses. Este será um novo ciclo de reestruturação e requalificação urbana e de melhoria da qualidade de vida de todos os que vivem na Trofa.

Pode-se assim dizer que actualmente é um município solidário que trabalha pela modernização, pela defesa do património natural e histórico-cultural e pela preservação da sua identidade.

Figura 5 - Futuro local para a construção do Paços do Concelho (Fonte: CÂMARA MUNICIPAL DA TROFA, 2010: 10)

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No que se refere à organização interna da autarquia, esta encontra-se composta da seguinte forma (figura 6):

O meu estágio foi realizado nesta autarquia, mais concretamente no Departamento Sócio-Cultural na Divisão de Desporto e Juventude, localizada no Pólo II. Esta divisão tem como objectivos gerais, organizar e operacionalizar a execução das actividades dos seus sectores, isto é, do sector do desporto e do sector da juventude, bem como coordenar, organizar e operacionalizar a gestão das instalações municipais afectivas às áreas dos referidos sectores. No entanto, cada um destes dois sectores possui objectivos específicos, dos quais apenas enumerarei alguns. No sector do desporto, e tal como o seu nome indica, os objectivos estão relacionados com a actividade física, promovendo assim projectos e

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actividades de ocupação dos tempos livres nas mais diversas faixas etárias, definindo, propondo e operacionalizando projectos de promoção da prática desportiva, de acordo com os programas no âmbito do desporto para todos os grupos populacionais e de provas desportivas no âmbito local, regional, nacional e internacional que incrementem a prática desportiva e promovam turística e economicamente o concelho. No sector da juventude, são tratadas situações relacionadas com os mais jovens, aqui pretende-se efectuar o levantamento e o estudo dos principais problemas, necessidades e expectativas do referido público-alvo e, com base neste estudo, este sector visa definir estratégias de acção que promovam o desenvolvimento na área da juventude, assim como prevenir o aparecimento de comportamentos desviantes ou de risco, através de acções de prevenção e informação.

Todos os objectivos mencionados estão relacionados com o papel do Animador nas áreas referidas, no desporto e na juventude, pois este, de acordo com as necessidades da população, tem de realizar planos, acções ou estratégias de modo a que consiga promover o desenvolvimento da comunidade.

Uma vez que estes sectores assumem objectivos importantes para a população, estes só poderão ser conseguidos com uma equipa multidisciplinar, onde o Animador se pode enquadrar perfeitamente, tanto como um profissional “de secretária” como um profissional que actue no campo de acção. No apêndice 3 encontra-se o organograma da Divisão de Desporto e Juventude de onde fazem parte cerca de trinta pessoas.

Parte desta equipa, isto é, cerca de nove elementos, exercem as suas funções no pólo II, na Secção do Desporto e Juventude. Este local é relativamente pequeno, como se pode constatar nas figuras abaixo, mas agradável no que diz respeito ao ambiente de trabalho. A figura 7 mostra a sala de espera e de pequenas reuniões, um local acolhedor e com boa decoração; na figura 8 encontram-se os computadores que servem de auxílio para a realização das mais diversas tarefas do sector, e que por sua vez se situa ao lado do gabinete do chefe de divisão, presente na figura 9.

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Os restantes elementos da equipa, na sua maioria técnicos, exercem as suas funções no campo de intervenção.

2.4. Caracterização das instituições

Durante a realização do meu estágio efectuei diversas actividades em instituições de terceira idade e de educação, sendo estas, respectivamente, a Associação Solidariedade Social do Muro – Muro de Abrigo, o Centro Social e Paroquial de S. Martinho de Bougado – Lar Padre Joaquim Ribeiro, a Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, a Escola Básica de Finzes e a Escola Básica de Bairros.

Figura 8 - Sala de espera e de pequenas reuniões (Fonte: Própria)

Figura 9 - Gabinete do chefe de divisão do Desporto e Juventude (Fonte: Própria)

Figura 7 - Zona de computadores (Fonte: Própria)

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Todas estas instituições encontram-se caracterizadas no apêndice 4. As duas primeiras constituem estruturas destinadas a promover, junto da terceira idade, um conjunto de actividades e de acções de cariz cultural, recreativo, social e educativo. Estas acolhem pessoas idosas que dispõem de muitos períodos de ócio, permanecendo demasiado tempo desocupadas, o que acaba por ser um factor de tensão na velhice, com a consequente repercussão sobre a saúde e o bem-estar; a depressão e os estados depressivos são fomentados pelo tempo vazio excessivo e sem sentido que conduz ao tédio e à apatia, com perda progressiva de identidade, baixa auto-estima e um conceito pessoal negativo; a possibilidade de lutar, sistematicamente, contra os sentimentos de inutilidade e incapacidade tão enraizados na vida destas pessoas; a limitação das perspectivas do futuro; a falta de objectividade e razões para continuar a viver uma vida digna e com sentido, facto que exige uma rápida e ajustada intervenção, onde os programas de Animação Sociocultural nos lares e centros de dia são um factor importante, por isso estou de acordo quando Rocha afirma que os Lares de idosos devem oferecer aos seus utentes actividades de Animação sócio-cultural recreativa e ocupacional (Rocha, 1998, cit. por Lopes, 2008: 333) isto para que alguns dos idosos não se auto-excluam de viver, devido às ideias pré-concebidas de que já não prestam para nada e que apenas lhes resta a morte.

Por outro lado, uma Escola Básica é um tipo de estabelecimento de ensino onde é realizado o ensino básico ou o ensino primário. Esta é constituída por um conjunto de pessoas qualificadas nas mais diversas áreas curriculares, com o intuito de transmitir conhecimentos e valores às crianças, para que estas possam usufruir desse mesmo conhecimento como uma ferramenta para o seu futuro. Algumas destas instituições oferecem às crianças, não só actividades curriculares, mas também actividades extra curriculares, que servem como complemento às anteriores.

Este tipo de actividades estão a ser, cada vez mais, tidas em conta pelas Câmaras Municipais, que muitas das vezes solicitam a colaboração de um Animador para as realizar, onde este centra a sua acção no campo da formação permanente, no campo da juventude, como complemento da educação escolar, designando-se como Animação Socioeducativa. Esta, segundo Rogers, Read, Stern e Freire, rege-se por princípios como: não deixar de ser o que somos. É na experiência que me aproximo da verdade, a vida flui, tudo se altera, nada é fixo. O ensino deve ser realizado em função da experiência do aluno, não em função do aluno, não em função de teorias e princípios estranhos a essa experiência. O aluno deve ser o centro do processo educativo. A não directividade não é sinónimo de deixar andar ou de indiferença,

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ou até mesmo de desprezo. Segundo Rogers (1978: 6) a relação pedagógica é qualquer coisa que se vive e não qualquer coisa que se observa.

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Capítulo III

O Estágio

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III – O Estágio

3.1. Objectivos

Inicialmente estabeleci alguns objectivos de carácter geral relacionados com a actividade física, isto porque fui informado que iria realizar o meu estágio no sector de Desporto. Apesar de não conhecer, nessa altura, o público-alvo com quem iria trabalhar, estabeleci as seguintes linhas orientadoras:

 Promover a iniciação desportiva;

 Promover a prática regular e organizada de actividades físicas e desportivas;

 Desenvolver o gosto e o hábito da prática desportiva;

 Favorecer o desenvolvimento global das suas capacidades;

 Contribuir para a formação global, equilibrada e harmoniosa dos participantes;

 Contribuir para o processo de sociabilização.

Após reunião com os órgãos superiores da Divisão de Desporto e Juventude, o Dr. Rui Borges e o Dr. Jorge Antunes, chegámos à conclusão que seria interessante, ao longo do estágio, trabalhar com um público-alvo diversificado (dos mais novos aos mais velhos), e, com isso foi-me proposto trabalhar nas instituições anteriormente referenciadas. Posteriormente à reunião, fui conhecer as instalações de cada instituição, acompanhado pela Professora Filipa Bezerra, onde me reuni com os responsáveis de cada uma. Com isto, formulei novos objectivos, de carácter mais específico, para cada instituição, que são:

-

Associação de Solidariedade Social do Muro – Muro de Abrigo

 Favorecer as relações pessoais e o convívio;

 Estimular a criatividade e as capacidades cognitivas (a memória, a atenção, o pensamento e a concentração).

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-

Centro Social e Paroquial S. Martinho de Bougado – Lar Padre Joaquim Ribeiro

 Promover o convívio e o bem-estar;

 Desenvolver as aptidões técnico-manuais;

 Fomentar o espírito de grupo através do Boccia.

-

Irmandade da Santa Casa da Misericórdia da Trofa

 Promover a coesão grupal e o bem-estar;

 Promover, através do teatro, a participação, a relação, a criatividade e a expressividade;

 Estimular a actividade física, a coordenação motora e consequentemente a mobilidade.

-

Escola EB 1/JI de Bairros

 Contribuir para que os alunos adquiram as aprendizagens básicas fundamentais, facilitando e promovendo o seu desenvolvimento físico e a sua adaptação e integração social;

Fomentar o espírito desportivo e do fair-play, no respeito pelas regras das actividades e por todos os intervenientes.

-

Escola EB 1/JI de Finzes

 Desenvolver, junto da criança, movimentos adequados às suas necessidades especiais (psicomotora).

Referências

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