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2006Simposio

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Academic year: 2021

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Uma Janela Aberta para Portugal: um museu e jardim para

descoberta, pesquisa e aprendizagem nos 2º e 3º Ciclos.

An open window to Portugal: a museum and garden for discovery,

research and learning on the 2

nd

and 3

rd

cycles

Autores: 1Bento Baptista, 1Mª Anjos Viana, 1Bruno Valentim, 1Natália Cabral

1Agrupamento Vertical Eugénio de Andrade, Rua Augusto Lessa 4200-098 Porto

Tel. 225091008; Fax 225501752

Autor correspondente: bentobapt@gmail.com RESUMO

“Uma Janela Aberta para Portugal” é um projecto que pretende redesenhar a paisagem escolar através da criação de estações geológicas e botânicas que reproduzam paisagens portuguesas. Paralelamente, encontra-se em construção um Museu de Geologia que será equipado com uma colecção de rochas e minerais, microscópio polarizador e lupas binoculares e, ainda, software de consulta interactiva. A concepção do projecto no exterior da sala pretende abordar conceitos geológicos que os alunos do 2º e 3º Ciclos deverão incorporar. Será uma ferramenta do processo de ensino/aprendizagem para “ver com as mãos”, baseada em técnicas de aprendizagem cooperativa que permitirão aos alunos desenvolver competências de resolução de problemas e pensamento crítico e estimular o gosto pela descoberta dos elementos e fenómenos geológicos e a pesquisa de soluções para problemas identificados. Palavras-chave: Jardim geológico; Educação; Geociência.

SUMMARY

“An open window to Portugal” is a project that aims to recreate the school open spaces through the building of geologic and botanic stations which reproduce Portuguese landscapes. Additionally, the Museum of Geology is already under construction and it will be equipped with rocks and mineral collections, a polarizer microscope, magnifier lens, and software for research. The outdoor project intends to approach 2nd and 3rd Cycles geologic concepts that the students of these levels should acquire. This will be an “hands on” tool to the learning process, based in cooperative learning which allow the students to develop problem solving skills and critical thought, promote the pleasure and the aesthetical discernment of discovery of the elements and geologic phenomenons, and the research of solutions for identified problems.

Key-words: Geologic garden; Education; Geoscience

1. Introdução

O “fazer Geologia” é um processo de construção de interpretações e representações onde o estudioso vai dialecticamente aumentando o seu conhecimento sobre o planeta. Assim, “fazer Geologia” assume, nas práticas de campo, a sua mais plena dimensão, devido à riqueza de situações favoráveis para o ensino-aprendizagem (Compiani & Carneiro, 1993).

De facto, as actividades de campo são indispensáveis para o ensino da Geologia pois cumprem um papel pedagógico fundamental para qualquer nível de ensino como actividades ilustrativas, motivadoras, treinadoras e geradoras de problemas (Compiani & Carneiro, 1993). Nestas actividades os objectivos estão associados ao desenvolvimento de capacidades de compreensão e aplicação dos princípios das Geociências, ajudando os alunos a interpretar o que os rodeia de um modo mais científico (Moreira et al., 2002).

As excursões motivadoras visam despertar o interesse dos alunos para um dado problema ou aspecto a ser estudado. Partindo do princípio que os alunos estão, apenas, providos de conhecimentos geológicos dispersos e adquiridos no 1º Ciclo, dá-se ênfase à formulação de

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conjecturas, dúvidas e questões sobre uma natureza que, para eles, é ainda desconhecida. Ou seja, esta é uma forma de ensino formativo, interactivo e crítico, que propicia uma participação activa do aluno na aprendizagem à medida que surgem problemas e dúvidas que remetem para novas investigações (Compiani & Carneiro, 1993).

Ao nível do 1º ciclo, dentro do conhecimento do meio, estabelece-se nos seus objectivos gerais a utilidade para aprender a identificar, a planear hipóteses e problemas a partir da experiência diária com a finalidade de compreender e estabelecer relações entre feitos e fenómenos em torno do natural e contribuir activamente para a defesa, conservação e melhoria do meio ambiente. Assim, a intervenção educativa não deve centrar-se na transmissão verbal mas nas experiências de acontecimentos do mundo externo e de dados da realidade a que os alunos tenham acesso (Garcia & Martínez, 1993).

Já a forma tradicional de introduzir a Geologia no 2º e 3º Ciclos recorre habitualmente à apresentação em ambiente de sala de aula de imagens fotográficas, vídeos, slides e mais recentemente de CDs e DVDs. Todavia, estes suportes são limitados e os jovens estudantes de Geologia necessitam de ter acesso a suportes tridimensionais que se aproximem ao máximo da realidade (Calderone et al., 2003) e onde será possível estabelecer um contexto geológico (no sentido de explorar e elaborar representações), do qual se criem situações e estratégias de aprendizagem (Compiani & Carneiro, 1993). Contudo, o que se constata é que a maior parte dos programas de ciências dá pouca atenção ao desenvolvimento da imaginação e pensamento criativo dos alunos (Rule, 2005) sendo importante para que se compreendam, efectivamente, as noções geológicas, que os intervenientes no processo educativo possam recorrer a modelos, representações visuais e estações geológicas (Guertin & Nguyen, 2003). Apesar da Escola E.B. 2,3 de Paranhos estar relativamente próxima de paisagens geológicas de excelência, como por exemplo o Anticlinal de Valongo ou os afloramentos da Foz do Douro, é uma escola claramente inserida num contexto urbano e integra um número considerável de alunos com necessidades educativas especiais, com limitações de mobilidade. Decorrendo deste facto, as contingências logísticas e económicas, essencialmente relacionadas com os transportes e a gestão do tempo, condicionam as saídas de campo.

Assim, a criação de uma área museológica de interior e de estações geológicas no espaço da escola proporcionará aos nossos alunos ferramentas para explorarem objectos e estruturas geológicas num ambiente próximo, familiar e acessível (Figura 1).

Figura 1. Estação geológica virtual: afloramento granítico.

2. O museu e os objectivos educacionais

Antes de mais, o museu da escola serve para preservar, adequadamente, as colecções de rochas e minerais existentes e proporciona uma aprendizagem complementar muito importante. Porém, para esta ser efectiva, é essencial que os projectos sejam interactivos, atractivos e informativos. A mais valia pedagógica que se espera obter com estes projectos, liga-se à diversidade de rochas e minerais, à utilização destes, e a capacidade de proporcionar um conhecimento da Terra como um sistema integrado que necessita de ser protegido (Pop et al., 2004).

O Museu de Geologia será construído com recurso: à colecção já existente na Escola e que consta de cerca de duas centenas de amostras catalogadas; amostras de elevado sentido estético e apelativo de rochas e minerais adquiridas em feiras; um microscópio polarizador; uma colecção de lâminas delgadas; amostras de microminerais para observação à lupa e registo em máquina fotográfica digital; equipamento de projecção de imagens microscópicas

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Durante as actividades experimentais, do tipo “hands-on”, os alunos deverão ser questionados acerca das suas expectativas antes que façam uma observação, de maneira a fornecer-lhes uma base para que assentem ideias e compreendam melhor os seus conceitos alternativos, tornando, assim, a actividade laboratorial mais apelativa, mais atractiva e divertida para o aluno (Hannula, 2003).

2.1. A construção do museu

A construção do Museu de Geologia dependeu da aprovação por parte da Direcção Regional de Educação do Norte de um projecto de alteração do espaço lectivo (sala de aula) situado no pavilhão B da Escola E.B. 2,3 de Paranhos e, ainda, do financiamento através do Projecto SIQE da DGIDC “Agrupamento Eugénio de Andrade: escolas que promovem a ciência”. No seu conjunto a requalificação da sala inclui obras de construção civil para modificação do espaço disponível, inclusão de meios de segurança, expositores para os exemplares e meios audiovisuais.

2.2. A colecção de rochas e minerais

A colecção de rochas e minerais é composta por um vasto leque de exemplares característicos que afloram em Portugal. Complementarmente, adquiriram-se exemplares de elevado valor estético e pedagógico de diversas proveniências que constituem as “Jóias da Coroa” do Museu. Fazem ainda parte desta colecção pequenas amostras de mão e de micro-minerais que serão utilizadas, pelos visitantes oriundos da comunidade escolar e, num futuro próximo, por alunos de outros estabelecimentos de ensino que, se espera, nos visitem.

2.3. O microscópio polarizador

Não há dúvida que o microscópio polarizador, um instrumento já utilizado no século XIX, contribuiu mais para o nosso conhecimento dos minerais e das rochas do que qualquer outro instrumento. Então porque é que o microscópio polarizador nunca foi introduzido nas escolas? Provavelmente devido ao seu custo, mais elevado do que um microscópio óptico convencional. Outra dificuldade advirá do facto de a maioria dos professores que ensinam Geologia não possuírem conhecimentos de mineralogia óptica. Todavia, este, não só é um meio muito importante para o estudo das rochas, como é extraordinariamente cativador em virtude das imagens que permite observar (Gunter, 2004).

Assim, um microscópio polarizador permitirá que os visitantes disponham de acesso individual, ou em grupo, com recurso a câmaras e monitores, ao mundo microscópico das rochas e dos minerais. Mais vulgar, mas igualmente atractivo, será a disponibilização de lupas binoculares para a observação e pesquisa de amostras de micro-minerais, sendo esta mais uma actividade cativante, especialmente para alunos com dificuldades de aprendizagem (Moecher, 2004). Neste caso o mais importante será a integração da microscopia óptica, através de uma abordagem superficial mas visualmente fascinante, no currículo das ciências da terra e que certamente contribuirá para atrair estudantes e promover a Geologia em geral (Reinhardt, 2004).

3. O jardim geológico e os objectivos educacionais

A ideia de construir um Jardim Geológico, no espaço de recreio da Escola E.B. 2,3 de Paranhos, resultou de uma visita ao Jardim Botânico da Universidade de Utreque. Nesse jardim encontra-se, num espaço relativamente reduzido, uma panóplia de plantas de todo o mundo, implantadas em materiais reciclados (telhas, canalizações, etc.) que simulam paisagens. Assim, estando a Escola inserida num espaço totalmente urbano da cidade do Porto, mas possuindo alguma área interior assinalável e passível de ser reservada para canteiros, pensamos concorrer a diversos projectos, concursos e programas escolares que permitam a viabilização da construção de estações geológicas ornamentadas com flora típica de diversas regiões de Portugal.

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Paralelamente, com a fundamentação didáctico-pedagógica que aqui se apresenta, está em curso uma fase de execução preliminar constituída pela estruturação do projecto, a modelização virtual em computador e em maquete (Figura 2).

Figura 2. Construção da maquete da Escola E.B. 2,3 de Paranhos.

3.1. A construção do jardim geológico

Na modelização virtual de algumas estações geológicas evidenciaram-se os objectivos didáctico-pedagógicos. Esta modelização utilizou recursos informáticos como o programa PowerPoint e a sobreposição de imagens reais e gráficas (Figura 3).

Posteriormente, os alunos do núcleo de estágio de Biologia e Geologia, realizaram uma maquete à escala para definir a disposição das estações geológicas. Esta actividade, extraordinariamente trabalhosa e consumidora de tempo, permite expor, de forma mais evidente, os objectivos do projecto.

As fases seguintes envolvem actividades de recolha de amostras geológicas e de espécimes botânicos e da construção propriamente dita do Jardim.

Para além do envolvimento dos alunos do núcleo de estágio, a preparação do Jardim será realizada em colaboração com os alunos da Escola e a Associação de Pais.

Finalmente, serão desenvolvidos instrumentos de avaliação quantitativa para aferir a eficácia do projecto no processo de ensino aprendizagem dos alunos.

Figura 3. Estação geológica virtual: afloramento calcário.

3.2. Vantagens da construção do jardim geológico

A construção de um jardim geológico reveste-se de um conjunto de vantagens didáctico-pedagógicas que se apresentam:

i) A integração do trabalho prático, neste caso no exterior da sala de aula, nas tarefas de desenvolvimento das aprendizagens como forma de superar as dificuldades de aprendizagem das Ciências (Garcia & Martínez, 1993). Projectos semelhantes já provaram que estas paisagens artificiais são um excelente recurso complementar às saídas de campo que visam provocar o entusiasmo pela descoberta, o desenvolvimento de capacidades críticas e de resolução de problemas e constituem mais uma ferramenta escolar que pode ser muito divertida (Calderone et al., 2003); ii) Constituem, ainda, um meio de apoio aos alunos com deficiência quer pela

acessibilidade física quer pelo facto de permitirem uma abordagem com tempo “ilimitado” e de forma personalizada;

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3.3. O ambiente urbano

A proximidade do “Jardim Geológico” da sala de aula permitirá a utilização desta área mesmo durante actividades lectivas de curta duração (Calderone et al., 2003).

Outro aspecto importante do melhoramento das áreas exteriores da Escola será a sua utilização como espaços de arte. A incorporação da arte no ensino da ciência permite expandir o currículo para além da aquisição de conhecimentos ou competências processuais e favorece a aprendizagem através de competências criativas e afectivas (Rule et al., 2004).

4. Considerações finais

Recriar paisagens em ambiente urbano pode ser uma ferramenta muito útil para contextualizar as aulas e permitir aos alunos um contacto directo com a Geologia.

“Uma Janela Aberta para Portugal” pretende mostrar a geologia e a flora de Portugal associadas através da criação de estações geológicas de pequena dimensão para ajudar os alunos a visualizar conceitos como o de paisagem granítica, xistenta, calcária e a erosão cársica, eruptivas e formações associadas, entre outras. “Uma Janela Aberta para Portugal” será também um espaço de novidade para descobrir, durante o recreio, uma experiência de campo em ambiente urbano e uma oportunidade, ainda que simulada, para que os alunos deficientes, muitas vezes excluídos, possam participar em actividades de campo.

Agradecimentos:

Os autores agradecem ao Conselho Executivo do Agrupamento Vertical Eugénio de Andrade toda a disponibilidade demonstrada para a elaboração deste projecto.

Referências Bibliográficas

Calderone, G.J., Johnson, W.M., Kadel, S.D., Nelson, P.J., Hall-Wallace, M. & Butler, R.F. (2003). Geoscape: an instructional rock garden for inquiry-based cooperative learning exercises in introductory geology courses. J. Geoscience Education, v. 51, nº 2, March, pp. 171-176.

Compiani, M. & Carneiro, C.R. (1993). Os papeis didácticos das excursões geológicas. Enseñanza de las Ciências de la Tierra, (1,2), pp. 90-97.

Garcia, M.J. & Martínez, M.B. (1993). Integracion del trabajo de campo en el desarrollo de la enseñanza de la geología mediante el planteamento de situaciones problematicas. Enseñanza de las Ciencias de la Tierra, (1,3), pp. 153-158.

Guertin, L. A. & Nguyen, C. (2003). Combining a historical geology project with a campus student organization’s fundraising efforts, Journal of Geoscience Education, v.51, nº 4, pp. 378-380.

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Hannula, K. A. (2003). Revising geology labs to explicity use the scientific method, Journal of Geoscience Education, v.51, nº 2, pp. 194-200.

Moecher, David P. (2004). Characterization and identification of mineral unknowns: a mineralogy term project, Journal of Geoscience Education, v.52, nº 1, pp. 5-9.

Moreira, J., Praia, J. & Borges, F.S. (2002). La construccion de materiales didácticos en Geologia de campo: un estúdio sobre alumnos de enseñanza secundária. Enseñanza de las Ciencias de la Tierra, (10,2), pp. 185-192.

Pop, D., Horák, J. & Hurlbut, J.F. (2004). Mineral Museums as Alliance Partners in Teaching Mineral Sciences. Journal of Geoscience Education, v. 52, n. 1, pp. 87-96.

Reinhardt, J. (2004). Optical Mineralogy in a Modern Earth Sciences Curriculum. Journal of Geoscience Education, v. 52, n. 1, pp. 60-67.

Rule, A.C., Carnicelli, L.A. & Kane, S.S. (2004). Using Poetry to Teach about Minerals in Earth Science Class. Journal of Geoscience Education, v. 52, n. 1, pp. 10-14

Rule, A. C. (2005). Creativity skills applied to earth science education: examples from K-12 teachers in a graduate creativity class, Journal of Geoscience Education, v.53, nº 1, pp. 53-64.

Referências

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