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Controle robusto de quadricópteros por meio de desigualdades matriciais lineares

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(1)

Faculdade de Engenharia El´

etrica e de Computa¸

ao

Marciano Prates Salbego

Controle Robusto de Quadric´

opteros por Meio

de Desigualdades Matriciais Lineares

Campinas

2017

(2)

Controle Robusto de Quadric´

opteros por Meio de

Desigualdades Matriciais Lineares

Disserta¸c˜ao de Mestrado apresentada `a Fa-culdade de Engenharia El´etrica e de Compu-ta¸c˜ao da Universidade Estadual de Campi-nas como parte dos requisitos exigidos para a obten¸c˜ao do t´ıtulo de Mestre em Engenha-ria El´etrica, na ´Area de Automa¸c˜ao.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Cora¸c˜ao de Le˜ao Fontoura de Oliveira

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE `A VERS ˜AO FI-NAL DA DISSERTA ¸C ˜AO DE MESTRADO DEFEN-DIDA PELO ALUNO MARCIANO PRATES SAL-BEGO E ORIENTADA PELO PROF. DR. RICARDO CORA ¸C ˜AO DE LE ˜AO FONTOURA DE OLIVEIRA.

Campinas

2017

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Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Área de Engenharia e Arquitetura

Luciana Pietrosanto Milla - CRB 8/8129

Salbego, Marciano Prates,

Sa31c SalControle robusto de quadricópteros por meio de desigualdades matriciais lineares / Marciano Prates Salbego. – Campinas, SP : [s.n.], 2017.

SalOrientador: Ricardo Coração de Leão Fontoura de Oliveira.

SalDissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação.

Sal1. Aeronave não tripulada. 2. Desigualdades matriciais lineares. 3. Sistemas não lineares. I. Oliveira, Ricardo Coração de Leão Fontoura de, 1978-. II. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Engenharia Elétrica e de Computação. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Robust control of quadcopters by means of linear matrix

inequalities

Palavras-chave em inglês:

Quadcopter

Linear matrix inequalities Nonlinear systems

Área de concentração: Automação Titulação: Mestre em Engenharia Elétrica Banca examinadora:

Ricardo Coração de Leão Fontoura de Oliveira [Orientador] Bruno Augusto Angélico

Matheus Souza

Data de defesa: 01-02-2017

Programa de Pós-Graduação: Engenharia Elétrica

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Candidato: Marciano Prates Salbego RA: 160948 Data da Defesa: 01/02/2017

T´ıtulo da Disserta¸c˜ao/Tese: “Controle Robusto de Quadric´opteros por Meio de Desigualdades Matriciais Lineares”

Prof. Dr. Ricardo Cora¸c˜ao de Le˜ao Fontoura de Oliveira (presidente, FEEC/UNICAMP) Prof. Dr. Bruno Augusto Ang´elico (Poli-USP)

Prof. Dr. Matheus Souza (FEEC/UNICAMP)

A ata de defesa, com as respectivas assinaturas dos membros da Comiss˜ao Julgadora, encontra-se no processo de vida acadˆemica do aluno.

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Agrade¸co ao Universo, que em sua aparente desordem proporcionou in´umeras oportunidades de amadurecimento e enriquecimento.

Agrade¸co ao professor Pedro Peres, pela leve convivˆencia, in´umeros conselhos e indica¸c˜oes de filmes, m´usicas, livros. Seu modo de levar a vida com certeza serviu de inspira¸c˜ao durante a realiza¸c˜ao deste trabalho.

Agrade¸co `a Funda¸c˜ao de Amparo e Pesquisa do Estado de S˜ao Paulo (FA-PESP) - processo 2014/11593-5 - pelo financiamento durante o mestrado.

Agrade¸co aos queridos amigos do LE-16, de todos os espectros, os quais pro-duziram interessantes discuss˜oes na hora do caf´e e de onde surgiram frut´ıferos la¸cos de amizade e companheirismo.

Agrade¸co `a minha fam´ılia, especialmente `a dona Ivone e ao meu irm˜ao Marcos, pelo suporte incondicional, carinho e afeto dispendidos durante minha vida toda.

Agrade¸co ao professor Ricardo, que dedicou-se integralmente para a realiza-¸c˜ao deste trabalho, sendo fonte de inspirarealiza-¸c˜ao e tendo contribu´ıdo n˜ao somente na minha forma¸c˜ao acadˆemica, mas tamb´em na minha forma¸c˜ao pessoal. Neste sentido, um agrade-cimento especial aos fraternos amigos do Col´egio M´ıstico e ao mestre Marcelo Hindi, que foram respons´aveis por mostrar-me o real significado da minha existˆencia.

Por fim, agrade¸co `a Marcela, por ter me acompanhado nesta caminhada e por ter estado presente nos momentos mais edificantes/desafiadores destes ´ultimos anos. Gratid˜ao por todo o aprendizado.

(6)
(7)

O problema de estabiliza¸c˜ao de atitude de um quadric´optero ´e investigado nesta disser-ta¸c˜ao. A cinem´atica do sistema mecˆanico ´e descrita em termos da parametriza¸c˜ao de Cayley-Rodrigues, a partir da qual ´e constru´ıdo um modelo quasi-LPV utilizado na s´ın-tese de controladores escalonados por parˆametros variantes no tempo com crit´erios de desempenho associados. Um conjunto de equa¸c˜oes diferenciais n˜ao-lineares descrevendo a dinˆamica do corpo r´ıgido ´e obtido para a valida¸c˜ao da estrat´egia de controle utilizando o formalismo de Euler-Lagrange, que considera a cinem´atica descrita por quat´ernios. Como contribui¸c˜ao adicional, investiga-se o projeto de controladores adaptativos ℒ1, com vis-tas `a futura aplica¸c˜ao de controladores adaptativos no problema de controle de atitude do quadric´optero. A s´ıntese dos controladores e filtros das duas abordagens investigadas ´e formulada em termos de desigualdades matriciais lineares dependentes de parˆametros. Como m´etodo de solu¸c˜ao, emprega-se aproxima¸c˜oes polinomiais (relaxa¸c˜oes) de grau ar-bitr´ario, resultando em problemas de otimiza¸c˜ao convexos de precis˜ao crescente baseados em desigualdades matriciais lineares, que nesta disserta¸c˜ao s˜ao obtidos com o aux´ılio de pacotes computacionais especializados. As vantagens das abordagens propostas s˜ao ilus-tradas por meio de compara¸c˜oes num´ericas com outras t´ecnicas dispon´ıveis na literatura.

Palavras-chaves: Quadric´optero; Controle LPV; Controle Adaptativo ℒ1; Relaxa¸c˜oes LMIs.

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The problem of attitude stabilization of a quadcopter is investigated in this dissertation. The kinematics of the mechanical system is described in terms of the Cayley-Rodrigues parametrization, from which is constructed a quasi-LPV system that is used in the syn-thesis of gain-scheduled controllers associated to performance criteria. A set of nonlinear differential equations describing the rigid body dynamics is obtained for the validation of the proposed control strategy using the Euler-Lagrange formalism, that considers the kinematics described by quaternions. As additional contribution, it is investigated the de-sign of ℒ1 adaptive controllers, foreseeing future applications of the adaptive controllers in the quadcopter attitude control problem. The synthesis of the controllers and filters in both investigated approaches is formulated in terms of parameter-dependent linear matrix inequalities. As solution method, polynomial approximations (relaxations) of arbitrary de-gree are employed, resulting in convex optimization problems of increasing precision based on linear matrix inequalities, that in this dissertation are obtained with the aid of special-ized computational toolboxes. The advantages of the proposed approaches are illustrated by means of numerical comparisons with other techniques available in the literature. Keywords: Quadcopter; LPV Control; ℒ1 Adaptive Control; LMI Relaxations.

(9)

Figura 1 – Esquema geral do quadric´optero (retirado de (MAHONY et al., 2012). 18 Figura 2 – Referencial inercial 𝐴 e referencial m´ovel 𝐵 . . . 19 Figura 3 – Estrutura conceitual do simulador desenvolvido. . . 30 Figura 4 – Rastreamento de trajet´oria senoidal para os trˆes ˆangulos de Euler. . . . 42 Figura 5 – Reorienta¸c˜ao de grande ˆangulo. . . 44 Figura 6 – Compara¸c˜ao com o controlador PID (SANTANA; BORGES, 2009). . . 44 Figura 7 – Compara¸c˜ao com o controlador Backstepping (SANTANA; BORGES,

2009). . . 45 Figura 8 – Arquitetura do controlador adaptativo ℒ1(modificado de (HOVAKIMYAN;

CAO, 2010)). . . 50 Figura 9 – Diagrama de blocos da fun¸c˜ao de transferˆencia 𝐻𝑜(𝑠) (modificado de

(LI et al., 2008)). . . 51 Figura 10 – Representa¸c˜ao de estados de cada bloco da fun¸c˜ao de transferˆencia

𝐻𝑜(𝑠). . . 56 Figura 11 – Representa¸c˜ao de estados de cada bloco da fun¸c˜ao de transferˆencia 𝐻(𝑠)(1−

𝐶(𝑠)). . . 57 Figura 12 – Resultado para o exemplo escalar. . . 67

(10)
(11)

Lista de Ilustra¸c˜oes . . . 10

Lista de Tabelas . . . 11

Lista de Abrevi¸c˜oes e Siglas . . . 12

Sum´ario . . . 12

1 Introdu¸c˜ao . . . 14

1.1 Projeto de controlador de reorienta¸c˜ao para manobras de grande varia¸c˜ao angular . . . 15

1.2 Projeto de filtros para controladores adaptativos . . . 16

1.3 Organiza¸c˜ao e Nota¸c˜ao . . . 17

2 Controle de Orienta¸c˜ao de Quadric´opteros . . . 18

2.1 Apresenta¸c˜ao . . . 18 2.2 Modelagem Matem´atica . . . 19 2.2.1 Orienta¸c˜ao e Cinem´atica . . . 19 2.2.2 Equa¸c˜ao Cinem´atica . . . 21 2.2.3 Dinˆamica Lagrangeana . . . 24 2.2.4 Equa¸c˜oes de Movimento . . . 26 2.3 Simula¸c˜ao Computacional . . . 29 2.4 Projeto do Controlador . . . 31

2.4.1 Dinˆamica Simplificada do Sistema . . . 32

2.4.2 Projeto de Controladores quasi-LPV . . . 37

2.5 Valida¸c˜ao por Simula¸c˜ao . . . 40

2.6 Considera¸c˜oes Finais . . . 43

3 Projeto de filtros para controladores ℒ1 adaptativos usando LMIs . . . 46

3.1 Introdu¸c˜ao . . . 46

3.2 Defini¸c˜ao do Problema . . . 48

3.3 Cˆomputo do Ganho ℒ1 via LMIs . . . 51

3.4 Estabilidade Robusta de Sistemas com Atrasos . . . 55

3.5 Projeto do Filtro . . . 57

3.6 Realiza¸c˜ao do Ganho DC Unit´ario . . . 61

3.7 Projeto Conjunto . . . 64

3.8 Exemplos Num´ericos . . . 65

3.8.1 Relaxa¸c˜oes LMIs . . . 66

3.8.2 Exemplo escalar (LI et al., 2008): . . . 66

3.8.3 Exemplo bidimensional: . . . 67

3.9 Considera¸c˜oes Finais . . . 68

(12)
(13)

1 Introdu¸c˜

ao

Quadric´opteros s˜ao ve´ıculos a´ereos do tipo pouso e decolagem vertical (em in-glˆes, Vertical Taking-off and Landing — VTOL) que vˆem ganhando um grande destaque nos ´ultimos anos, principalmente pelo grande potencial de aplica¸c˜oes em diversas ´areas como seguran¸ca, agricultura, meio ambiente, filmagem a´erea, entre outras. Em parte, o interesse pela utiliza¸c˜ao deste tipo de aeronave deve-se a sua grande capacidade de ma-nobrabilidade e a seu baixo peso, possibilitando a realiza¸c˜ao de miss˜oes com restri¸c˜oes espaciais severas, bem como o acesso a lugares que potencialmente ofere¸cam risco para humanos. O r´apido desenvolvimento desta tecnologia baseia-se principalmente nos avan-¸cos de dispositivos de sensoriamento e no aumento na capacidade de armazenagem e processamento de dados on-board (MAHONY et al., 2012). Se por um lado estes aspec-tos contribuem para uma constante miniaturiza¸c˜ao dos quadric´opteros, tornando-os cada vez mais flex´ıveis e vers´ateis na execu¸c˜ao de tarefas e tamb´em diminuindo os custos de opera¸c˜ao, por outro lado tem-se restri¸c˜oes de desempenho e consequentemente maiores desafios sob o ponto de vista do controle e navega¸c˜ao (BOUABDALLAH et al., 2004; BOUABDALLAH; SIEGWART, 2005).

Ao longo dos anos, in´umeras estrat´egias de controle foram aplicadas ao quadri-c´optero, sendo estas baseadas tanto em t´ecnicas de projeto lineares como n˜ao-lineares. O projeto de controladores pode levar em considera¸c˜ao in´umeros aspectos, tais como capaci-dade de estabiliza¸c˜ao da aeronave em voo planado, seguimento de trajet´oria, robustez com rela¸c˜ao a dist´urbios e parˆametros incertos, etc. O trabalho de Bouabdallah (2007) apre-senta o projeto e compara¸c˜oes entre controladores do tipo PID, LQ e Backstepping para o controle de atitude e posi¸c˜ao, sendo estes controladores validados em uma plataforma experimental denominada OS4. Na mesma linha de investiga¸c˜ao, (SANTANA; BORGES, 2009) compara o desempenho de controladores PID e Backstepping para o controle de posi¸c˜ao e orienta¸c˜ao do ve´ıculo. Em (KUN; HWANG, 2016), uma abordagem baseada em controle adaptativo e desigualdades matriciais lineares ´e apresentada para o controle de atitude do ve´ıculo sob condi¸c˜oes de rajadas de vento e varia¸c˜ao de massa. Em (MICHINI; HOW, 2009), emprega-se o controle adaptativo ℒ1 com o objetivo de aumentar a robustez do sistema. O trabalho de Rotondo et al. (2015) considera o emprego de t´ecnicas lineares para sistemas quasi-LPV em um cen´ario de falha de atuadores.

Uma das abordagens mais atraentes e consagradas para an´alise e controle de sistemas dinˆamicos ´e conhecida na literatura pelo termo LMI 1, cuja tradu¸c˜ao significa Desigualdade Matricial Linear (BOYD et al., 1994; OLIVEIRA; PERES, 2010). O princi-pal atrativo dessa metodologia ´e que toda restri¸c˜ao do tipo LMI define um cone convexo, e portanto pode ser solucionada por meio de procedimentos de otimiza¸c˜ao convexa (mais

(14)

precisamente, por algoritmos de pontos interiores (NESTEROV; NEMIROVSKII, 1994)) de complexidade polinomial (GAHINET et al., 1995; STURM, 1999). A partir do in´ıcio da d´ecada de noventa, in´umeros problemas de an´alise e controle robusto foram caracte-rizados em termos de LMIs, fornecendo um grande impulso para a populariza¸c˜ao dessa classe de m´etodos (BOYD et al., 1994; GEROMEL et al., 1991). Ressalta-se que um dos maiores benef´ıcios dos m´etodos baseados em LMIs ´e a imediata extens˜ao para o trata-mento de incertezas param´etricas, viabilizando a ado¸c˜ao de modelos mais precisos para a representa¸c˜ao do sistema dinˆamico sob investiga¸c˜ao. Muito embora o surgimento das LMIs tenha come¸cado no contexto de sistemas lineares, muitas extens˜oes foram realizadas nos ´

ultimos vinte anos (El Ghaoui; NICULESCU, 2000; TANAKA; WANG, 2001; COSTA et al., 2005; TARBOURIECH; GARCIA, 1997; CHESI et al., 2009; TARBOURIECH et al., 2011; CHESI, 2011), com destaque para o tratamento de diversos tipos de n˜ao linearida-des, especialmente por meio da defini¸c˜ao das n˜ao-linearidades em termos de parˆametros variantes no tempo confinados em um conjunto convexo, dando origem a chamada re-presenta¸c˜ao “linear com parˆametros variantes” (em inglˆes, Linear parameter-varying — LPV) (MOHAMMADPOUR; SCHERER, 2012). No entanto, a utiliza¸c˜ao de t´ecnicas de projeto de controladores lineares aplicadas a sistemas dinˆamicos n˜ao-lineares promove, geralmente, solu¸c˜oes mais conservadoras quando comparadas com t´ecnicas n˜ao-lineares, que s˜ao usualmente orientadas `as particularidades do sistema dinˆamico em considera¸c˜ao. Quadric´opteros s˜ao sistemas dinˆamicos inerentemente n˜ao lineares e, portanto, proporcionam grandes desafios de controle. A literatura mais atual relacionada ao con-trole dos quadric´opteros apresenta in´umeros trabalhos que empregam LMIs para projetar controladores (TAYEBI; MCGILVRAY, 2006; YACEF et al., 2012; SERIROJANAKUL; WONGSAISUWAN, 2012; RYAN; KIM, 2013), mostrando o grande potencial desta abor-dagem. Ao longo deste trabalho, considerou-se dois objetivos distintos: projeto e an´alise de um controlador de orienta¸c˜ao quasi-LPV considerando a cinem´atica do ve´ıculo descrita por meio dos parˆametros de Cayley-Rodrigues para a reorienta¸c˜ao de grandes desvios angulares; projeto de controladores adaptativos ℒ1 utilizando LMIs. Na sequˆencia, s˜ao apresentados detalhes com respeito `as duas contribui¸c˜oes principais desenvolvidas:

1.1

Projeto de controlador de reorienta¸c˜

ao para manobras de grande

varia¸c˜

ao angular

O projeto de controle para o quadric´optero pode ser realizado de maneira desa-coplada, em uma estrutura de cascata com o controlador de posi¸c˜ao fornecendo referˆencias de orienta¸c˜ao para o controle de atitude (orienta¸c˜ao). Desta forma, restringiu-se o projeto de controle para a orienta¸c˜ao do ve´ıculo considerando manobras de grande deslocamento angular. As t´ecnicas usualmente utilizadas na solu¸c˜ao deste problema valem-se de linea-riza¸c˜oes em pontos de equil´ıbrio. Embora v´alidas para uma pequena faixa de opera¸c˜ao, a

(15)

considera¸c˜ao de grandes desvios angulares do equil´ıbrio acabam por degradar o desempe-nho do controlador. Assim, o objetivo principal desta investiga¸c˜ao consiste na obten¸c˜ao de controladores utilizando t´ecnicas lineares que forne¸cam garantias te´oricas de estabiliza-¸c˜ao e desempenho (para o modelo considerado) para manobras de reorientaestabiliza-¸c˜ao de grande ˆangulo do quadric´optero.

Os trabalhos de Lim (2001) e Hughes e Wu (2008) realizam o projeto de controladores LPV considerando a modelagem da orienta¸c˜ao da aeronave em termos de quat´ernios e parˆametros de Cayley-Rodrigues. Este tipo de projeto leva em considera¸c˜ao a dinˆamica de orienta¸c˜ao n˜ao-linear do ve´ıculo, n˜ao sendo necess´aria a lineariza¸c˜ao da dinˆamica para a s´ıntese do controlador. As n˜ao-linearidades presentes na matriz dinˆamica do sistema s˜ao tratadas como parˆametros variantes no tempo com faixa de opera¸c˜ao conhecida. Embora haja introdu¸c˜ao de conservadorismo ao fazer esta considera¸c˜ao, os resultados de valida¸c˜ao mostram que os controladores possuem bom desempenho.

Em compara¸c˜ao ao trabalho de Hughes e Wu (2008), a solu¸c˜ao proposta neste trabalho difere-se devido `a utiliza¸c˜ao de relaxa¸c˜oes polinomiais para o projeto do con-trolador. Esta abordagem n˜ao utiliza a amostragem (grade) no espa¸co de parˆametros do sistema LPV para a s´ıntese e, como consequˆencia, demanda um menor esfor¸co computa-cional, bem como a possibilidade de certifica¸c˜ao te´orica do funcionamento do controlador (a abordagem utilizando amostragem garante o funcionamento do controlador somente para os pontos amostrados). Al´em disso, os trabalhos de Lim (2001) e Hughes e Wu (2008) consideram uma aeronave gen´erica equipada com elementos atuadores capazes de produzir torques nos trˆes eixos principais. O trabalho desenvolvido considera a particula-riza¸c˜ao destas t´ecnicas para a dinˆamica do quadric´optero (considerando o modelo de seus atuadores), sendo uma contribui¸c˜ao menor deste trabalho.

1.2

Projeto de filtros para controladores adaptativos

Na segunda frente de trabalho, considerou-se a possibilidade da utiliza¸c˜ao do controle adaptativo para o controle do quadric´optero. O trabalho de Michini e How (2009) realizou o projeto de controle utilizando uma estrutura de cascata para o modelo linear identificado do ve´ıculo equipado com um controlador simples de estabiliza¸c˜ao. O sistema identificado foi utilizado como objeto de controle para o projeto adaptativo considerando a t´ecnica de realimenta¸c˜ao de sa´ıda do controlador ℒ1 adaptativo (CAO; HOVAKIMYAN, 2009). A inclus˜ao do controlador adaptativo permite fornecer garantias de robustez e rejei¸c˜ao de dist´urbios para o sistema em opera¸c˜ao. No contexto de controladores ℒ1 adap-tativos, a defini¸c˜ao do controlador se d´a a partir do projeto do filtro passa-baixa presente na estrutura. O procedimento realizado em (MICHINI; HOW, 2009) para a s´ıntese do filtro passa-baixa utiliza de t´ecnicas heur´ısticas de otimiza¸c˜ao n˜ao-linear. Desta forma, reconheceu-se a possibilidade de aplica¸c˜ao de condi¸c˜oes LMIs no projeto de s´ıntese do

(16)

filtro, tendo sido esse o principal objetivo desta frente de trabalho, na qual considerou-se a implementa¸c˜ao do controlador no quadric´optero como uma perspectiva para trabalhos futuros.

Inicialmente, considerou-se o projeto do filtro passa-baixa presente na arquite-tura ℒ1adaptativa com realimenta¸c˜ao de estados. Embora seja um problema mais simples do que aquele abordado em (MICHINI; HOW, 2009), a compreens˜ao dos parˆametros fun-damentais do controlador adaptativo, bem como do projeto do filtro, permite que o caso de realimenta¸c˜ao de sa´ıda, e sua aplica¸c˜ao ao quadric´optero, seja desenvolvido em trabalhos futuros. As condi¸c˜oes LMIs desenvolvidas para o projeto do filtro consideram uma faixa de opera¸c˜ao do parˆametro adaptativo, resultando em um filtro que assegura os limitantes de desempenho previstos pela teoria do controlador adaptativo (HOVAKIMYAN; CAO, 2010). Ainda, as condi¸c˜oes propostas fornecem resultados menos conservadores quando comparadas com m´etodos presentes na literatura que utilizam uma abordagem similar.

Al´em do desenvolvimento das t´ecnicas de controle, realizou-se a constru¸c˜ao de um simulador computacional contemplando a modelagem dinˆamica do ve´ıculo levando em conta a particulariza¸c˜ao para sua geometria e a dinˆamica simplificada dos atuadores rotacionais. Desta forma, os controladores foram validados considerando um modelo mais completo e, por consequˆencia, mais fiel ao comportamento f´ısico real do quadric´optero.

1.3

Organiza¸c˜

ao e Nota¸c˜

ao

Esta disserta¸c˜ao est´a organizada em trˆes cap´ıtulos, sendo estes apresentados de maneira sintetizada na sequˆencia: O Cap´ıtulo 2 apresenta os resultados do projeto de um controlador utilizando a abordagem quasi-LPV para o controle de atitude do quadric´optero. O controlador foi validado utilizando um simulador baseado na modelagem dinˆamica do ve´ıculo por meio do m´etodo de Euler-Lagrange; O Cap´ıtulo 3 desenvolve os resultados referentes ao projeto de controladores adaptativos ℒ1 utilizando LMIs para a s´ıntese do filtro passa-baixa presente na estrutura de controle; O Cap´ıtulo 4 apresenta as conclus˜oes finais da disserta¸c˜ao e perspectivas de trabalhos futuros.

Nota¸c˜ao:Letras mai´usculas referem-se a matrizes, enquanto que letras min´ us-culas em negrito representam vetores e letras min´usculas representam quat´ernios; 𝑋 < 0 (ou 𝑋 > 0) indica que a matriz 𝑋 ´e definida negativa (ou definida positiva); 𝑋𝑇 indica a transposta da matriz 𝑋 e 𝐻𝑒(𝑋) representa uma nota¸c˜ao compacta para 𝑋 + 𝑋𝑇; a matriz identidade de dimens˜ao apropriada ´e representada por I e ⋆ indica blocos sim´etri-cos em matrizes definidas por blosim´etri-cos; diag(𝑋1, 𝑋2) representa uma matriz bloco-diagonal com elementos 𝑋1 e 𝑋2 na diagonal principal;

(17)

2 Controle de Orienta¸c˜

ao de Quadric´

opteros

2.1

Apresenta¸c˜

ao

O quadric´optero pertence a uma classe mais geral de ve´ıculos a´ereos suba-tuados demoninada multirrotor, consistindo de quatro rotores coplanares independentes instalados em uma estrutura r´ıgida (MAHONY et al., 2012). Cada rotor promove uma for¸ca normal de empurr˜ao na dire¸c˜ao positiva do eixo 𝑧, sendo esta modelada usualmente como sendo proporcional ao quadrado da velocidade rot´orica desenvolvida. O controle de posi¸c˜ao e orienta¸c˜ao do ve´ıculo ´e realizado a partir da aplica¸c˜ao de diferentes velocida-des rot´oricas a cada par de rotores. A Figura 1 apresenta um esquema conceitual velocida-desta estrutura. O rotor 𝑖 gira em sentido hor´ario para 𝑖 par, e anti-hor´ario para 𝑖 ´ımpar. Essa diferen¸ca no sentido da rota¸c˜ao produz um desbalanceamento nos torques aplicados ao corpo, sugerindo que a orienta¸c˜ao do ve´ıculo pode ser alterada a partir da manipula¸c˜ao destas quantidades. A posi¸c˜ao no eixo 𝑧 ´e controlada utilizando o empuxo coletivo devido `a rota¸c˜ao dos quatro propulsores e o voo planado ´e caracterizado pelo momento em que os quatro propulsores est˜ao alinhados com o vetor gravitacional e produzindo, cada um, um empuxo de 𝑚𝑔/4. A posi¸c˜ao no eixo 𝑥 − 𝑦, por sua vez, pode ser controlada a partir da varia¸c˜ao dos trˆes ˆangulos de Euler do ve´ıculo.

Figura 1 – Esquema geral do quadric´optero (retirado de (MAHONY et al., 2012). Este cap´ıtulo apresenta o projeto de um controlador com dependˆencia poli-nomial nos parˆametros para a orienta¸c˜ao do quadric´optero, considerando a modelagem cinem´atica utilizando os parˆametros de Cayley-Rodrigues. Inicialmente, deriva-se as re-la¸c˜oes cinem´aticas de movimento do corpo r´ıgido no R3, seguido da constru¸c˜ao de um conjunto de equa¸c˜oes diferenciais n˜ao-lineares da dinˆamica do ve´ıculo. Finalmente, o con-trolador polinomial ´e proposto em termos de condi¸c˜oes LMIs dependente de parˆametros, sendo o decaimento m´ınimo da fun¸c˜ao de Lyapunov a m´etrica de desempenho escolhida.

(18)

2.2

Modelagem Matem´

atica

Esta se¸c˜ao apresenta a modelagem matem´atica dos aspectos dinˆamicos e ci-nem´aticos do quadric´optero. Inicialmente, apresenta-se a obten¸c˜ao da equa¸c˜ao diferencial que rege o comportamento cinem´atico do corpo r´ıgido em movimento em trˆes dimens˜oes, seguido do desenvolvimento das equa¸c˜oes dinˆamicas obtidas por meio do formalismo de Euler-Lagrange.

2.2.1

Orienta¸c˜

ao e Cinem´

atica

Um dos aspectos mais importantes concernente `a modelagem do ve´ıculo con-siste no estudo de sua orienta¸c˜ao e de seu comportamento cinem´atico no espa¸co. Com esse prop´osito, esta se¸c˜ao aborda o tratamento da orienta¸c˜ao de um corpo r´ıgido movendo-se no espa¸co em rela¸c˜ao a um referencial inercial. Para tanto, considere inicialmente os referenciais 𝐴 e 𝐵 apresentados na Figura 2, sendo estes parametrizados pelas bases orto-normais {a1, a2, a3} e {b1, b2, b3}, respectivamente. O referencial 𝐴 denota um sistema de coordenadas fixo enquanto que o referencial 𝐵 possui orienta¸c˜ao vari´avel ao longo do tempo.

C

B/A

A

B

a

1

a

2 3

a

F2 F1 F3 F4 b1 b3 b2 mg

Figura 2 – Referencial inercial 𝐴 e referencial m´ovel 𝐵 .

A descri¸c˜ao de vetores expressos no referencial 𝐵 na base 𝐴 trata-se de uma opera¸c˜ao fundamental no estabelecimento das rela¸c˜oes cinem´aticas do movimento entre os dois referenciais. Esta rela¸c˜ao pode ser encontrada em termos de transforma¸c˜oes lineares que relacionam os vetores expressos em cada base. Considerando o exemplo da Figura 2, a transforma¸c˜ao ´e dada pelo operador 𝐶𝐵/𝐴, ou seja, um operador linear que relaciona ve-tores nos dois referenciais. A nota¸c˜ao 𝐶 para representar a transforma¸c˜ao que descreve os vetores de 𝐴 na base 𝐵 e 𝐶𝑇 para a rela¸c˜ao contr´aria ´e utilizada por quest˜ao de brevidade. Desta forma, considerando que o referencial 𝐵 move-se no espa¸co, pode-se quantificar por

(19)

meio da informa¸c˜ao encapsulada nestas transforma¸c˜oes lineares a evolu¸c˜ao da orienta-¸c˜ao do corpo r´ıgido ao longo do tempo. Diversas formas de representar a orientaorienta-¸c˜ao de um corpo podem ser encontradas na literatura, sendo as mais populares as parametriza-¸c˜oes utilizando ˆangulos de Euler, Matrizes de Dire¸c˜ao dos Cossenos (DCM ) e quat´ernios (FRESK; NIKOLAKOPOULOS, 2013). Como descrito em (DIEBEL, 2006), cada para-metriza¸c˜ao possui suas particularidades e vantagens, sendo os aspectos mais relevantes a complexidade computacional de implementa¸c˜ao e a existˆencia de singularidades, ou seja, existˆencia de inconsistˆencias na representa¸c˜ao de certas orienta¸c˜oes.

A utiliza¸c˜ao de ˆangulos de Euler para representar a orienta¸c˜ao do ve´ıculo requer trˆes parˆametros, nomeadamente os ˆangulos de rolagem, arfagem e guinada e representa uma forma intuitiva baseada em rota¸c˜oes sucessivas do referencial 𝐵 em rela¸c˜ao ao referen-cial 𝐴. Devido `a sua formula¸c˜ao direta, este tipo de representa¸c˜ao encontra aplica¸c˜ao em in´umeros problemas de modelagem de sistemas mecˆanicos. No entanto, a implementa¸c˜ao computacional envolve o cˆomputo de fun¸c˜oes trigonom´etricas, tornando a implementa¸c˜ao pr´atica um desafio devido `a complexidade computacional do tratamento de tais fun¸c˜oes, sobretudo quando o sistema considerado possui capacidade computacional reduzida ou a escala de tempo de atua¸c˜ao do controlador ´e pequena. Al´em disso, a existˆencia de singu-laridades no espa¸co de parˆametros limita o envelope de opera¸c˜ao do sistema (DIEBEL, 2006).

A parametriza¸c˜ao utilizando a Matriz de Dire¸c˜ao dos Cossenos ´e uma ma-neira mais direta de expressar a orienta¸c˜ao do corpo r´ıgido, pois consiste, conforme (WIE, 1998), da proje¸c˜ao de cada vetor da base 𝐵 na base 𝐴. Embora seja de utilidade con-ceitual, cada base considerada deve ser ortonormal, de modo que a obten¸c˜ao deste tipo de garantia quando se considera a implementa¸c˜ao pr´atica perfaz um desafio, tornando a implementa¸c˜ao complexa.

Finalmente, a representa¸c˜ao por quat´ernios sobressai-se das demais por n˜ao possuir singularidades no espa¸co de parˆametros, envolver somente o c´alculo de express˜oes polinomiais e possuir uma interpreta¸c˜ao geom´etrica direta. Diferentemente dos ˆangulos de Euler, a defini¸c˜ao da orienta¸c˜ao do ve´ıculo em termos de quat´ernios realiza-se por meio de quatro parˆametros. A principal restri¸c˜ao imposta neste tipo de representa¸c˜ao ´e a de que, para representar uma orienta¸c˜ao, o quat´ernio deve possuir norma unit´aria (DIEBEL, 2006). Esta restri¸c˜ao ´e comumente utilizada como forma de verificar a acur´acia da estimativa da orienta¸c˜ao em sistemas de controle de aeronaves (WIE, 1998), sendo usualmente relaxada na concep¸c˜ao de controladores de orienta¸c˜ao (LIM, 2001).

Frente a estas considera¸c˜oes, optou-se pela utiliza¸c˜ao de quat´ernios na mode-lagem cinem´atica e dinˆamica do quadric´optero neste trabalho. A pr´oxima subse¸c˜ao trata da obten¸c˜ao das equa¸c˜oes cinem´aticas do movimento do referencial 𝐵 em rela¸c˜ao ao refe-rencial inercial 𝐴. Para maiores detalhes sobre o desenvolvimento das equa¸c˜oes e sobre a matem´atica dos quat´ernios, o leitor ´e referenciado `a (WIE, 1998).

(20)

2.2.2

Equa¸c˜

ao Cinem´

atica

Para a obten¸c˜ao das rela¸c˜oes cinem´aticas do movimento tridimensional do corpo r´ıgido, faz-se necess´ario o conhecimento da velocidade angular do corpo. Como descrito em (MORIN, 2008), o movimento rotacional realiza-se em torno do vetor de velocidade angular, sendo este perpendicular ao movimento de rota¸c˜ao em cada instante de tempo. Desta forma, considera-se que o referencial 𝐵 realiza um movimento de rota¸c˜ao em rela¸c˜ao ao referencial inercial 𝐴 com vetor de velocidade angular Ω associado expresso na base vetorial {b1, b2, b3} como segue:

Ω𝐵 = Ω1b1+ Ω2b2+ Ω3b3.

Como visto anteriormente, um vetor b expresso no referencial 𝐵 relaciona-se ao referencial

𝐴 pela transforma¸c˜ao

a = 𝐶𝑇b. (2.1)

Derivando a equa¸c˜ao (2.1) em rela¸c˜ao ao tempo e observando que todo vetor expresso no referencial inercial 𝐴 possui velocidade nula, obt´em-se

⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 0 0 0 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ = ˙𝐶𝑇b + 𝐶𝑇b.˙

Usando a hip´otese de que o referencial 𝐵 rotaciona-se em rela¸c˜ao ao referencial 𝐴 com velocidade angular Ω𝐵, pode-se escrever

˙

𝐶𝑇b + 𝐶𝑇Ω×b = 0, (2.2)

com Ω× definido por

Ω× = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 0 −Ω3 Ω2 Ω3 0 −Ω1 −Ω2 Ω1 0 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ . (2.3)

Desta forma, considerando que o vetor b ´e n˜ao-nulo, verifica-se que a equa¸c˜ao (2.2) ´e atendida se, e somente se, as seguintes igualdades s˜ao verificadas

˙

𝐶𝑇 = 𝐶𝑇Ω×,

˙

𝐶 = −Ω×𝐶. (2.4) As equa¸c˜oes em (2.4) estabelecem a rela¸c˜ao entre a velocidade angular e a varia¸c˜ao da orienta¸c˜ao do referencial 𝐵 ao longo do tempo. Observa-se que, para Ω conhecido para todo o tempo, pode-se integrar a equa¸c˜ao (2.4) para obter a orienta¸c˜ao 𝐶 do corpo r´ıgido. Al´em disso, como descrito em (WIE, 1998), pode-se verificar que, partindo de uma condi¸c˜ao

(21)

inicial 𝐶(0) representando uma orienta¸c˜ao v´alida, as trajet´orias que solucionam a equa¸c˜ao diferencial (2.4) sempre representar˜ao uma orienta¸c˜ao v´alida. Desta forma, a utiliza¸c˜ao da equa¸c˜ao cinem´atica permite a an´alise da evolu¸c˜ao da orienta¸c˜ao do corpo r´ıgido ao longo do tempo. No entanto, em termos pr´aticos, deve-se considerar que erros num´ericos na integra¸c˜ao da equa¸c˜ao (2.4) podem degradar a representa¸c˜ao da orienta¸c˜ao. Al´em disso, faz-se necess´aria a utiliza¸c˜ao de um m´etodo eficaz de estimativa da velocidade angular Ω a partir das medidas provenientes dos sensores instalados no ve´ıculo. Assim, a equa¸c˜ao cinem´atica ´e utilizada geralmente como restri¸c˜ao para a modelagem dinˆamica do movimento, sendo a estimativa de orienta¸c˜ao realizada por t´ecnicas mais robustas, como por exemplo, por meio de filtros complementares (MAHONY et al., 2008) ou filtros de Kalman (LEFFERTS et al., 1982).

Reciprocamente, o vetor de velocidade angular Ω pode ser expresso em termos da matriz 𝐶 e de sua derivada. Esta rela¸c˜ao permite obter o vetor Ω a partir do conheci-mento da evolu¸c˜ao da orienta¸c˜ao do corpo r´ıgido ao longo do tempo. Para tanto, observe que a matriz anti-sim´etrica Ω× ∈ R3 ´e parametrizada por {Ω

1, Ω2, Ω3}. A matriz 𝐶, por sua vez, ´e parametrizada por 9 parˆametros 𝐶 = [𝐶]𝑖,𝑗, (𝑖, 𝑗) = (1, . . . , 3) × (1, . . . , 3). Assim, para cada parˆametro de Ω existem duas equa¸c˜oes descritoras, de modo que se pode escrever o seguinte resultado (WIE, 1998) para os parˆametros {Ω1, Ω2, Ω3}

Ω× = − ˙𝐶𝐶𝑇,

Ω1 = ˙𝐶21𝐶31+ ˙𝐶22𝐶32+ ˙𝐶23𝐶33,

Ω2 = ˙𝐶31𝐶11+ ˙𝐶32𝐶12+ ˙𝐶33𝐶13, (2.5) Ω3 = ˙𝐶11𝐶21+ ˙𝐶12𝐶22+ ˙𝐶13𝐶23.

Desta forma, pode-se particularizar as considera¸c˜oes realizadas at´e o momento para a representa¸c˜ao da orienta¸c˜ao utilizando quat´ernios. Inicialmente, introduz-se o con-ceito dos quat´ernios e as opera¸c˜oes pertinentes ao cˆomputo da orienta¸c˜ao. Quat´ernios s˜ao n´umeros hipercomplexos de dimens˜ao 4 divididos em uma componente real e ou-tras trˆes componentes chamadas imagin´arias. Assim, seja o quat´ernio 𝑞 representado por

𝑞 = [︁q 𝑞4 ]︁𝑇

, sendo que q =[︁𝑞1 𝑞2 𝑞3 ]︁𝑇

´e a parte imagin´aria e 𝑞4 a parte real e o qua-t´ernio 𝑝 = [︁p 𝑝4]︁𝑇. As opera¸c˜oes usuais utilizando quat´ernios s˜ao definidas da seguinte maneira : ∙ Adi¸c˜ao: 𝑞 + 𝑝 =[︁q + p 𝑞4+ 𝑝4 ]︁𝑇 . ∙ Multiplica¸c˜ao: 𝑞 ⊗ 𝑝 = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝑞4 −𝑞1 −𝑞2 −𝑞3 𝑞1 𝑞4 −𝑞3 −𝑞2 𝑞2 𝑞3 𝑞4 −𝑞1 𝑞3 −𝑞2 𝑞1 𝑞4 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝑝1 𝑝2 𝑝3 𝑝4 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ .

(22)

∙ Conjugado: Conj(𝑞) = 𝑞⋆ =[︁−q 𝑞 4 ]︁𝑇 . ∙ Norma: ||𝑞|| =√︁q𝑇q + 𝑞2 4.

Se adotarmos a estrutura particular do quat´ernio 𝑞 dada pela seguinte express˜ao (FRESK; NIKOLAKOPOULOS, 2013) 𝑞1 = 𝑢1 · sin(𝜃/2), 𝑞2 = 𝑢2 · sin(𝜃/2), (2.6) 𝑞3 = 𝑢3 · sin(𝜃/2), 𝑞4 = cos(𝜃/2), em que u = [︁𝑢1 𝑢2 𝑢3 ]︁𝑇

representa o vetor unit´ario na dire¸c˜ao do eixo de rota¸c˜ao do corpo r´ıgido e 𝜃 o ˆangulo da rota¸c˜ao, pode-se verificar que a norma ||𝑞|| ´e unit´aria. Al´em disso, o quat´ernio 𝑞 representa uma rota¸c˜ao de um ˆangulo 𝜃 ao longo do eixo u.

A multiplica¸c˜ao de dois quat´ernios representa a rota¸c˜ao resultante da aplica¸c˜ao de cada rota¸c˜ao de maneira individual ao corpo r´ıgido. Note que a opera¸c˜ao de multipli-ca¸c˜ao n˜ao ´e comutativa, de onde pode-se concluir que a aplimultipli-ca¸c˜ao de rota¸c˜oes sucessivas deve ser ordenada para que a rota¸c˜ao equivalente obtida por meio da multiplica¸c˜ao dos quat´ernios seja consistente. Al´em disso, como decorrˆencia direta da propriedade de rota-¸c˜ao, verifica-se que a opera¸c˜ao 𝑞 ⊗ 𝑝⋆ fornece a diferen¸ca entre as rota¸c˜oes de 𝑞 e 𝑝, sendo ´

util na deriva¸c˜ao de uma m´etrica de erro para o sistema de controle. Em outras palavras, pode-se definir um quat´ernio de erro

𝑞𝑒𝑟𝑟= 𝑞 ⊗ 𝑞𝑟𝑒𝑓⋆ ,

no qual se deseja como objetivo de controle que 𝑞𝑒𝑟𝑟 convirja para a origem, neste caso representada pela atitude de voo planado, 𝑞𝑒𝑟𝑟 =

[︁

0 0 0 1]︁𝑇, que, por sua vez, significa que o sistema encontra-se na orienta¸c˜ao 𝑞𝑟𝑒𝑓.

Consideremos novamente a situa¸c˜ao mostrada na Figura 2. A transforma¸c˜ao

𝐶𝐵/𝐴 que relaciona os vetores expressos na base 𝐴 aos vetores expressos na base 𝐵, ou seja

b = 𝐶𝐵/𝐴a,

pode ser expressa em termos da parametriza¸c˜ao de quat´ernios pela seguinte matriz de transforma¸c˜ao (WIE, 1998) 𝐶𝐵/𝐴 = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 1 − 2(𝑞2 2+ 𝑞32) 2(𝑞1𝑞2+ 𝑞3𝑞4) 2(𝑞1𝑞3− 𝑞2𝑞4) 2(𝑞2𝑞1− 𝑞3𝑞4) 1 − 2(𝑞12+ 𝑞23) 2(𝑞2𝑞3+ 𝑞1𝑞4) 2(𝑞3𝑞1+ 𝑞2𝑞4) 2(𝑞3𝑞2− 𝑞1𝑞4) 1 − 2(𝑞12+ 𝑞22) ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ . (2.7)

(23)

De maneira compacta, a equa¸c˜ao (2.7) pode ser escrita como

𝐶𝐵/𝐴 = (𝑞42− qTq)I + 2qTq − 2𝑞4𝑄× (2.8) com 𝑄× sendo a matriz anti-sim´etrica

𝑄× = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 0 −𝑞3 𝑞2 𝑞3 0 −𝑞1 −𝑞2 𝑞1 0 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ .

Com respeito `a matriz 𝐶𝐵/𝐴 pode-se tecer algumas observa¸c˜oes. Inicialmente, devido `a restri¸c˜ao de norma do quat´ernio, esta se trata de uma matriz ortogonal, de onde se conclui que (𝐶𝐵/𝐴)−1 = 𝐶𝐴/𝐵 = (𝐶𝐵/𝐴)𝑇. Al´em disso, | det(𝐶𝐴/𝐵)| = 1. As nota¸c˜oes simplificadas 𝐶, para representar a matriz 𝐶𝐵/𝐴, e 𝐶𝑇, para representar a matriz 𝐶𝐴/𝐵, s˜ao utilizadas no decorrer deste texto. A pr´oxima se¸c˜ao aborda a obten¸c˜ao das equa¸c˜oes dinˆamicas de movimento para o quadric´optero fazendo uso da restri¸c˜ao cinem´atica (2.4) particularizada para a representa¸c˜ao da orienta¸c˜ao por meio de quat´ernios.

2.2.3

Dinˆ

amica Lagrangeana

Esta se¸c˜ao apresenta o desenvolvimento das equa¸c˜oes dinˆamicas do ve´ıculo utilizando a representa¸c˜ao de quat´ernios. Neste contexto, deseja-se obter um conjunto de equa¸c˜oes diferenciais n˜ao-lineares capazes de relacionar os estados do sistema com as entradas representadas pelas velocidades rot´oricas impostas aos quatro atuadores. Os estados considerados consistem das trˆes posi¸c˜oes e as quatro vari´aveis do quat´ernio de orienta¸c˜ao 𝜈 = [︁𝑥 𝑦 𝑧 𝑞1 𝑞2 𝑞3 𝑞4

]︁𝑇

. A abordagem escolhida baseia-se na utiliza-¸c˜ao do formalismo de Euler-Lagrange para a obtenutiliza-¸c˜ao das equa¸c˜oes de movimento. Esta abordagem considera o sistema mecˆanico sob o ponto de vista de sua energia total, sendo as equa¸c˜oes obtidas por meio da aplica¸c˜ao do princ´ıpio de a¸c˜ao m´ınima na equa¸c˜ao de energia (fun¸c˜ao Lagrangeana) (MORIN, 2008). A referˆencia (KATAGIRI, 2016) realiza um desenvolvimento similar ao realizado neste se¸c˜ao.

A formula¸c˜ao de um modelo dinˆamico obtido em fun¸c˜ao da energia do sistema mecˆanico permite a concep¸c˜ao de um modelo mais preciso para a representa¸c˜ao das for¸cas atuantes no ve´ıculo, ao pre¸co de um esfor¸co computacional elevado para a resolu¸c˜ao do sistema. Al´em disso, como ser´a observado posteriormente, a modelagem permite a inclus˜ao de diferentes efeitos aerodinˆamicos, sendo os mais comuns o empuxo lateral e vertical (MAHONY et al., 2012). Como descrito em (MORIN, 2008), inicialmente define-se a fun¸c˜ao Lagrangeana como segue

𝐿 = 𝑇 − 𝑉. (2.9) Neste contexto, 𝑇 representa a energia cin´etica total do sistema, enquanto que 𝑉 repre-senta a sua energia potencial. A obten¸c˜ao das equa¸c˜oes de movimento segue a partir da

(24)

aplica¸c˜ao da condi¸c˜ao de otimalidade da equa¸c˜ao de Euler-Lagrange. O quadric´optero trata-se de um sistema mecˆanico dissipativo, sendo que a energia total do sistema n˜ao se conserva. Al´em disso, as vari´aveis de estado representativas do quat´ernio de orienta¸c˜ao 𝑞 n˜ao possuem interpreta¸c˜ao f´ısica direta. Neste cen´ario, faz-se necess´aria a considera¸c˜ao da condi¸c˜ao de otimalidade com for¸cas e coordenadas generalizadas (ver (MORIN, 2008)), que permite o tratamento destas particularidades do sistema.

A energia cin´etica total pode ser dividida em duas parcelas: uma parcela re-ferente ao movimento translacional e outra rere-ferente ao movimento rotacional. Assim, definindo os vetores p = [︁𝑥 𝑦 𝑧]︁𝑇 ∈ R3 e w =[︁Ω 1 Ω2 Ω3 ]︁𝑇 ∈ R3, pode-se escrever 𝑇 =𝑇𝑟𝑜𝑡+ 𝑇𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠, 𝑇𝑟𝑜𝑡 = 1 2w 𝑇𝐽 w, (2.10) 𝑇𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠 = 𝑚 2 ˙v 𝑇 ˙v,

com 𝐽 = diag (𝐽𝑥𝑥, 𝐽𝑦𝑦, 𝐽𝑧𝑧) representando a matriz diagonal de in´ercia do ve´ıculo. A energia potencial, por sua vez, ´e obtida de maneira trivial como sendo 𝑉 = −𝑚𝑔𝑧 . A equa¸c˜ao Lagrangeana em sua forma completa ´e dada por

𝐿 = 𝑚

2 ˙v

𝑇 ˙v + 1 2w

𝑇𝐽 w − 𝑚𝑔𝑧. (2.11) A equa¸c˜ao (2.5) permite relacionar a velocidade angular do corpo r´ıgido com a matriz de orienta¸c˜ao 𝐶. Desta forma, considerando a representa¸c˜ao particular de 𝐶 em fun¸c˜ao do quat´ernio 𝑞 (Eq. (2.7)) pode-se estabelecer, conforme descrito em (WIE, 1998), a seguinte rela¸c˜ao entre a velocidade angular e o quat´ernio de orienta¸c˜ao 𝑞

Ω1 = 2( ˙𝑞1𝑞4 + ˙𝑞2𝑞3− ˙𝑞3𝑞2− ˙𝑞4𝑞1),

Ω2 = 2( ˙𝑞2𝑞4 + ˙𝑞3𝑞1− ˙𝑞1𝑞3− ˙𝑞4𝑞2), (2.12) Ω3 = 2( ˙𝑞3𝑞4 + ˙𝑞1𝑞2− ˙𝑞2𝑞1− ˙𝑞4𝑞3).

Descrevendo a equa¸c˜ao (2.11) explicitamente em fun¸c˜ao do quat´ernio 𝑞 obt´em-se 𝐿 = 𝑚 2 (︁ ˙𝑥2+ ˙𝑦2+ ˙𝑧2)︁− 𝑚𝑔𝑧 + 2 [︃ 𝐽𝑥𝑥( ˙𝑞1𝑞4+ ˙𝑞2𝑞3− ˙𝑞3𝑞2 − ˙𝑞4𝑞1)2 +𝐽𝑦𝑦( ˙𝑞2𝑞4+ ˙𝑞3𝑞1− ˙𝑞1𝑞3− ˙𝑞4𝑞2)2 + 𝐽𝑧𝑧( ˙𝑞3𝑞4+ ˙𝑞1𝑞2− ˙𝑞2𝑞1− ˙𝑞4𝑞3)2 ]︃ , (2.13)

sendo esta a forma final da fun¸c˜ao Lagrangeana utilizada na modelagem do quadric´optero. A condi¸c˜ao de Euler-Lagrange considerando coordenadas e for¸cas generalizadas pode ser escrita como sendo

𝑑 𝑑𝑡 (︃ 𝜕𝐿 𝜕 ˙𝑞𝑖 )︃ − 𝜕𝐿 𝜕𝑞𝑖 = 𝑄𝑞𝑖, (2.14)

(25)

sendo 𝑞𝑖a i-´esima coordenada generalizada e 𝑄𝑞𝑖a for¸ca virtual n˜ao-conservativa associada `a i-´esima coordenada generalizada. A defini¸c˜ao das for¸cas n˜ao-conservativas atuantes no sistema ´e dada por (MORIN, 2008)

𝑄𝑞𝑖 = ∑︁ 𝑗 𝐹𝑗 · (︃ 𝜕rj 𝜕𝑞𝑖 )︃ , (2.15)

sendo que 𝐹𝑗 e 𝑟𝑗 representam a j-´esima for¸ca aplicada e a coordenada do ponto de apli-ca¸c˜ao da for¸ca, respectivamente. Para o caso espec´ıfico do quadric´optero, as coordenadas de aplica¸c˜ao das for¸cas podem ser descritas por meio das express˜oes

r1 = 𝑥 · a1 + 𝑦 · a2+ 𝑧 · a3+ 𝑙 · b1, r2 = 𝑥 · a1 + 𝑦 · a2+ 𝑧 · a3+ 𝑙 · b2,

r3 = 𝑥 · a1+ 𝑦 · a2+ 𝑧 · a3− 𝑙 · b1, (2.16) r4 = 𝑥 · a1+ 𝑦 · a2+ 𝑧 · a3− 𝑙 · b2.

No contexto das for¸cas atuantes, considera-se que cada propulsor exerce for¸cas no sentido normal e coplanar ao ponto de aplica¸c˜ao, sendo estas for¸cas proporcionais ao quadrado da velocidade rot´orica desenvolvida por cada rotor, podendo ser expressas como segue

𝐹1 = 𝑘𝜔12· b3+ 𝑏𝜔12· b2,

𝐹2 = 𝑘𝜔22· b3+ 𝑏𝜔22· b1,

𝐹3 = 𝑘𝜔32· b3− 𝑏𝜔32· b2, (2.17)

𝐹4 = 𝑘𝜔42· b3− 𝑏𝜔42· b1,

sendo que 𝜔𝑖 representa a velocidade rot´orica desenvolvida pelo i-´esimo atuador e 𝑘 e 𝑏 s˜ao as constantes de empuxo vertical e lateral, respectivamente, sendo estes parˆametros intr´ınsecos ao propulsor empregado.

2.2.4

Equa¸c˜

oes de Movimento

A obten¸c˜ao das equa¸c˜oes de movimento para a dinˆamica do ve´ıculo segue da aplica¸c˜ao da condi¸c˜ao descrita na equa¸c˜ao (2.14) considerando a fun¸c˜ao Lagrangeana (2.13) para cada coordenada. O cˆomputo das for¸cas generalizadas, tal qual descrito pela equa¸c˜ao (2.15), ´e realizado para cada grau de liberdade. Desta forma, obtˆem-se as seguintes rela¸c˜oes para cada grau de liberdade do sistema

∙ Coordenada 𝑥:

(26)

∙ Coordenada 𝑦: 𝑚¨𝑦 = 𝑄𝑦. (2.19) ∙ Coordenada 𝑧: 𝑚¨𝑧 = 𝑄𝑧− 𝑚𝑔. (2.20) ∙ Coordenada 𝑞1: 4𝐽𝑥𝑥 [︃ − 𝑞4(𝑞1𝑞¨4+ 𝑞2𝑞¨3− 𝑞3𝑞¨2− 𝑞4𝑞¨1) − (𝑞1𝑞˙4+ 𝑞2𝑞˙3− 𝑞3𝑞˙2) ˙𝑞4− (𝑞1𝑞˙4+ 𝑞2𝑞˙3− 𝑞3𝑞˙2 −𝑞4𝑞˙1) ˙𝑞4 ]︃ + 4𝐽𝑦𝑦 [︃ − 𝑞3(𝑞1𝑞¨3− 𝑞3𝑞¨1− 𝑞2𝑞¨4 + 𝑞4𝑞¨2) − (𝑞1𝑞˙3− 𝑞2𝑞˙4+ 𝑞4𝑞˙2) ˙𝑞3 −(𝑞1𝑞˙3− 𝑞3𝑞˙1− 𝑞2𝑞˙4+ 𝑞4𝑞˙2) ˙𝑞3 ]︃ + 4𝐽𝑧𝑧 [︃ − 𝑞2(𝑞1𝑞¨2− 𝑞2𝑞¨1+ 𝑞3𝑞¨4− 𝑞4𝑞¨3) −(𝑞1𝑞˙2+ 𝑞3𝑞˙4− 𝑞4𝑞˙3) ˙𝑞2− (𝑞1𝑞˙2− 𝑞2𝑞˙1+ 𝑞3𝑞˙4− 𝑞4𝑞˙3) ˙𝑞2 ]︃ = 𝑄𝑞1. (2.21) ∙ Coordenada 𝑞2: 4𝐽𝑥𝑥 [︃ − 𝑞3(𝑞1𝑞¨4+ 𝑞2𝑞¨3− 𝑞3𝑞¨2− 𝑞4𝑞¨1) − (𝑞1𝑞˙4+ 𝑞2𝑞˙3− 𝑞4𝑞˙1) ˙𝑞3− (𝑞1𝑞˙4+ 𝑞2𝑞˙3− 𝑞3𝑞˙2 −𝑞4𝑞˙1) ˙𝑞3 ]︃ + 4𝐽𝑦𝑦 [︃ 𝑞4(𝑞1𝑞¨3− 𝑞3𝑞¨1− 𝑞2𝑞¨4+ 𝑞4𝑞¨2) − ˙𝑞4(𝑞3𝑞˙1− 𝑞1𝑞˙3+ 𝑞2𝑞˙4) + ˙𝑞4(𝑞1𝑞˙3 −𝑞3𝑞˙1− 𝑞2𝑞˙4+ 𝑞4𝑞˙2) ]︃ + 4𝐽𝑧𝑧 [︃ 𝑞1(𝑞1𝑞¨2− 𝑞2𝑞¨1+ 𝑞3𝑞¨4− 𝑞4𝑞¨3) − (𝑞2𝑞˙1− 𝑞3𝑞˙4+ 𝑞4𝑞˙3) ˙𝑞1 +(𝑞1𝑞˙2− 𝑞2𝑞˙1+ 𝑞3𝑞˙4− 𝑞4𝑞˙3) ˙𝑞1 ]︃ = 𝑄𝑞2. (2.22) ∙ Coordenada 𝑞3: 4𝐽𝑥𝑥 [︃ 𝑞2(𝑞1𝑞¨4+ 𝑞2𝑞¨3− 𝑞3𝑞¨2− 𝑞4𝑞¨1) − ˙𝑞2(𝑞3𝑞˙2− 𝑞1𝑞˙4+ 𝑞4𝑞˙1) + ˙𝑞2(𝑞1𝑞˙4+ 𝑞2𝑞˙3− 𝑞3𝑞˙2 −𝑞4𝑞˙1) ]︃ + 4𝐽𝑦𝑦 [︃ 𝑞1(𝑞1𝑞¨3− 𝑞3𝑞¨1− 𝑞2𝑞¨4+ 𝑞4𝑞¨2) − (𝑞3𝑞˙1+ 𝑞2𝑞˙4− 𝑞4𝑞˙2) ˙𝑞1 + (𝑞1𝑞˙3 −𝑞3𝑞˙1− 𝑞2𝑞˙4+ 𝑞4𝑞˙2) ˙𝑞1 ]︃ + 4𝐽𝑧𝑧 [︃ − 𝑞4(𝑞1𝑞¨2− 𝑞2𝑞¨1+ 𝑞3𝑞¨4− 𝑞4𝑞¨3) − (𝑞1𝑞˙2− 𝑞2𝑞˙1 +𝑞3𝑞˙4) ˙𝑞4 − (𝑞1𝑞˙2− 𝑞2𝑞˙1+ 𝑞3𝑞˙4− 𝑞4𝑞˙3) ˙𝑞4 ]︃ = 𝑄𝑞3. (2.23)

(27)

∙ Coordenada 𝑞4: 4𝐽𝑥𝑥 [︃ 𝑞1(𝑞1𝑞¨4+ 𝑞2𝑞¨3− 𝑞3𝑞¨2− 𝑞4𝑞¨1) − ˙𝑞1(𝑞3𝑞˙2− 𝑞2𝑞˙3+ 𝑞4𝑞˙1) + ˙𝑞1(𝑞1𝑞˙4+ 𝑞2𝑞˙3− 𝑞3𝑞˙2 −𝑞4𝑞˙1) ]︃ + 4𝐽𝑦𝑦 [︃ − 𝑞2(𝑞1𝑞¨3− 𝑞3𝑞¨1− 𝑞2𝑞¨4+ 𝑞4𝑞¨2) − (𝑞1𝑞˙3 − 𝑞3𝑞˙1+ 𝑞4𝑞˙2) ˙𝑞2− (𝑞1𝑞˙3 −𝑞3𝑞˙1− 𝑞2𝑞˙4+ 𝑞4𝑞˙2) ˙𝑞2 ]︃ + 4𝐽𝑧𝑧 [︃ 𝑞3(𝑞1𝑞¨2 − 𝑞2𝑞¨1+ 𝑞3𝑞¨4− 𝑞4𝑞¨3) − ˙𝑞3(𝑞2𝑞˙1 − 𝑞1𝑞˙2 +𝑞4𝑞˙3) + ˙𝑞3(𝑞1𝑞˙2− 𝑞2𝑞˙1+ 𝑞3𝑞˙4− 𝑞4𝑞˙3) ]︃ = 𝑄𝑞4. (2.24)

Note que, a partir das equa¸c˜oes de movimento para cada estado, pode-se construir um sistema de equa¸c˜oes diferenciais de ordem dois que, por sua vez, pode ser resolvido com-putacionalmente. Aplicando as express˜oes para as for¸cas atuantes, equa¸c˜ao (2.17), bem como as equa¸c˜oes referentes ao ponto de aplica¸c˜ao das for¸cas, equa¸c˜ao (2.16), na equa¸c˜ao (2.15) para cada coordenada, obtˆem-se as respectivas equa¸c˜oes das for¸cas generalizadas atuantes sobre o corpo:

∙ Coordenada 𝑥: 𝑄𝑥 = 2𝑘(𝜔12+ 𝜔 2 2 + 𝜔 2 3+ 𝜔 2 4)(𝑞2𝑞4+ 𝑞1𝑞3) +𝑏(𝜔22− 𝜔2 4)(1 − 2(𝑞 2 2 + 𝑞 2 3)) +2𝑏(𝜔12− 𝜔23)(𝑞1𝑞2− 𝑞3𝑞4). (2.25) ∙ Coordenada 𝑦: 𝑄𝑦 = 2𝑘(𝜔21+ 𝜔 2 2 + 𝜔 2 3 + 𝜔 2 4)(𝑞3𝑞2− 𝑞1𝑞4) +2𝑏(𝜔22− 𝜔2 4)(𝑞3𝑞4+ 𝑞1𝑞2)+ 𝑏(𝜔12− 𝜔23)(1 − 2(𝑞12+ 𝑞32)). (2.26) ∙ Coordenada 𝑧: 𝑄𝑧 = 𝑘(𝜔12+ 𝜔 2 2 + 𝜔 2 3+ 𝜔 2 4)(1 − 2(𝑞 2 1 + 𝑞 2 2)) +2𝑏(𝜔22− 𝜔2 4)(𝑞3𝑞1− 𝑞2𝑞4) +2𝑏(𝜔21− 𝜔32)(𝑞1𝑞4+ 𝑞3𝑞2). (2.27) As express˜oes das for¸cas generalizadas para os estados 𝑞1, 𝑞2, 𝑞3 e 𝑞4 envolvem a transforma¸c˜ao de vetores para o referencial inercial e, por quest˜ao de compacta¸c˜ao da nota¸c˜ao, s˜ao apresentadas em sua formula¸c˜ao matricial. Definindo os vetores auxiliares f1𝐵 = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝑏(−𝜔2 1− 𝜔32) 𝑏(𝜔12+ 𝜔32) 𝑘(𝜔12− 𝜔2 3) ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ , f2𝐵 = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝑏(𝜔2 2+ 𝜔42) 𝑏(𝜔22+ 𝜔42) 𝑘(𝜔22− 𝜔2 4) ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ , (2.28)

(28)

∙ Coordenada 𝑞1: 𝑄𝑞1 = 𝑙 (︃ (︁ 𝐶𝑇 f1𝐵)︁𝑇 · ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 0 2𝑞2 2𝑞3 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ +(︁𝐶𝑇 f2𝐵)︁𝑇 · ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 2𝑞2 −4𝑞1 2𝑞4 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ )︃ . (2.29) ∙ Coordenada 𝑞2: 𝑄𝑞2 = 𝑙 (︃ (︁ 𝐶𝑇 f1𝐵)︁𝑇 · ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ −4𝑞2 2𝑞1 −2𝑞4 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ +(︁𝐶𝑇 f2𝐵)︁𝑇 · ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 2𝑞1 0 2𝑞3 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ )︃ . (2.30) ∙ Coordenada 𝑞3: 𝑄𝑞3 = 𝑙 (︃ (︁ 𝐶𝑇 f1𝐵)︁𝑇 · ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ −4𝑞3 2𝑞4 2𝑞1 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ +(︁𝐶𝑇 f2𝐵)︁𝑇 · ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ −2𝑞4 −4𝑞3 2𝑞2 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ )︃ . (2.31) ∙ Coordenada 𝑞4: 𝑄𝑞4 = 𝑙 (︃ (︁ 𝐶𝑇 f1𝐵)︁𝑇 · ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 0 2𝑞3 −2𝑞2 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ +(︁𝐶𝑇 f2𝐵)︁𝑇 · ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ −2𝑞3 0 2𝑞1 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ )︃ . (2.32)

As equa¸c˜oes dinˆamicas (2.18)-(2.24), associadas com as respectivas for¸cas ge-neralizadas dadas pelas equa¸c˜oes (2.25)-(2.32), fornecem um modelo de segunda ordem que rege a dinˆamica de movimento linear e rotacional do ve´ıculo. No contexto deste traba-lho, o modelo dinˆamico completo ´e empregado na constru¸c˜ao de um simulador, conforme descrito na pr´oxima se¸c˜ao. Deve-se destacar que as for¸cas atuantes no ve´ıculo, nomeada-mente as for¸cas relacionadas a cada um dos propulsores, foram consideradas como sendo proporcionais ao quadrado da velocidade rot´orica de cada rotor. Embora seja uma con-sidera¸c˜ao v´alida para uma faixa limitada de opera¸c˜ao, pode-se incluir outros efeitos de natureza aerodinˆamica, resultando em um sistema de maior complexidade computacional.

2.3

Simula¸c˜

ao Computacional

O desenvolvimento de um simulador baseado na dinˆamica n˜ao-linear do ve´ıculo permite uma maior compreens˜ao das caracter´ısticas e dos principais desafios do projeto de controle deste tipo de aeronave. Al´em disso, a utiliza¸c˜ao de um simulador permite a r´apida prototipa¸c˜ao de controladores e de estrat´egias de estima¸c˜ao de estados.

Seguindo estas premissas, construiu-se um simulador considerando a dinˆamica n˜ao-linear desenvolvida na se¸c˜ao anterior. De maneira conceitual, podemos estruturar o

(29)

software criado por meio da ilustra¸c˜ao apresentada na Figura 3. De maneira sint´etica, o funcionamento do simulador compreende a resolu¸c˜ao do sistema de equa¸c˜oes diferenciais n˜ao-lineares de segunda ordem (representado pelo bloco “Planta n˜ao-linear”) a partir das entradas e dos estados no instante atual de simula¸c˜ao. As entradas s˜ao as velocidades rot´oricas aplicadas aos motores instalados no ve´ıculo. Em um cen´ario mais realista, a di-nˆamica do controle de velocidade dos motores deve ser considerada, visto que a velocidade comandada pelo sistema de controle n˜ao pode ser instantaneamente desenvolvida pelo mo-tor devido a sua pr´opria dinˆamica. No entanto, para prop´ositos de valida¸c˜ao do controle de orienta¸c˜ao, desconsiderou-se esta dinˆamica, assumindo que a velocidade comandada ´e instantaneamente refletida na velocidade dos motores.

A estrutura de controle apresentada segue as linhas gerais de (ALEXIS et al., 2011), na qual estrutura-se o controlador do quadric´optero em fun¸c˜ao de dois subsiste-mas com dinˆamicas desacopladas, sendo o primeiro, em mais baixo n´ıvel, caracterizado pelo controle de atitude do ve´ıculo e o segundo respons´avel pelo controle de posi¸c˜ao. O simulador conta com a implementa¸c˜ao somente do controle de atitude, sendo o controle de posi¸c˜ao t´opico para desenvolvimentos futuros.

Estrat´egia de Controle ... ... s a c i r o ´ t o RuloVelocidades c l a ´ C r a e n i l -o a ˜ nPlanta τx τy τz ω1 ω2 ω3 ω4 Ref. Controle de Atitude: Estados o: a ˜ c¸ i s o P e d e l o r t n o C

Figura 3 – Estrutura conceitual do simulador desenvolvido.

A estrat´egia de controle baseia-se no c´alculo dos torques que devem ser aplica-dos ao corpo r´ıgido para que um determinado objetivo seja atingido. Considerando o caso do controle de orienta¸c˜ao, o principal objetivo ´e o rastreamento de referˆencias de atitude para um determinado envelope de voo. A defini¸c˜ao deste envelope est´a intimamente relaci-onada com a complexidade do controlador empregado, levando em considera¸c˜ao aspectos como realimenta¸c˜ao dos estados, lineariza¸c˜ao, ordem do controlador, etc. De maneira ge-ral, controladores mais complexos tendem a prover uma regi˜ao de opera¸c˜ao mais ampla.

(30)

2.4

Projeto do Controlador

Como visto na Se¸c˜ao 2.1, o ve´ıculo quadric´optero ´e subatuado, possuindo qua-tro entradas dispon´ıveis para conqua-trole. Desta forma, o projeto de conqua-trole apresenta-se como um desafio te´orico e pr´atico. O objetivo principal desta se¸c˜ao ´e a concep¸c˜ao de um controlador LPV capaz de estabilizar o ve´ıculo em uma orienta¸c˜ao espec´ıfica, em geral com um desempenho superior a controladores robustos (que n˜ao dependem dos parˆame-tros). Particularmente, interessa-se pela orienta¸c˜ao de voo planado, na qual as velocidades rot´oricas dos motores s˜ao iguais e compensam o peso do pr´oprio ve´ıculo. O projeto do con-trolador ´e realizado em fun¸c˜ao da utiliza¸c˜ao da teoria de Lyapunov para sistemas lineares com parˆametros variantes no tempo (MOHAMMADPOUR; SCHERER, 2012; APKA-RIAN; GAHINET, 1995; APKAAPKA-RIAN; ADAMS, 1998). As condi¸c˜oes para a s´ıntese do controlador s˜ao expressas em termos de LMIs dependente de parˆametros, sendo estas re-solvidas computacionalmente por algoritmos eficientes utilizando as chamadas ”relaxa¸c˜oes LMIs”, que podem ser obtidas a partir da imposi¸c˜ao de estruturas polinomiais para as vari´aveis de decis˜ao do problema.

A utiliza¸c˜ao de t´ecnicas de controle LPV para o controle de sistemas n˜ao-lineares constitui uma maneira generalista e elegante de tratamento e vem sendo exten-sivamente utilizada em aplica¸c˜oes de controle, nas quais o desempenho de controladores convencionais (em geral robustos) n˜ao ´e satisfat´orio. A principal caracter´ıstica que permite o uso desta abordagem em sistemas n˜ao-lineares ´e o fato de as n˜ao-linearidades presentes na planta serem modeladas como parˆametros independentes (dos estados), assumindo-se que estes se encontram confinados em um certo conjunto convexo. Desta forma, t´ecnicas consagradas de an´alise e s´ıntese de sistemas lineares podem ser empregadas no projeto do controlador. N˜ao obstante, o emprego de t´ecnicas LPV perfaz uma metodologia sis-tem´atica de s´ıntese, diferentemente do projeto de controladores n˜ao-lineares, que requer um procedimento orientado ao problema espec´ıfico em considera¸c˜ao. No entanto, espera-se resultados mais conespera-servadores do controlador projetado para o modelo linear quando comparado com t´ecnicas n˜ao-lineares adotadas especificamente para o projeto de controle de orienta¸c˜ao do quadric´optero.

Esta se¸c˜ao apresenta a deriva¸c˜ao de um modelo n˜ao-linear afim capaz de re-presentar a dinˆamica rotacional do ve´ıculo para manobras de grande varia¸c˜ao angular. A representa¸c˜ao da orienta¸c˜ao utilizada na s´ıntese do controlador ´e a dos parˆametros de Cayley-Rodrigues (TSIOTRAS, 1996). Esta representa¸c˜ao relaciona-se diretamente com a formula¸c˜ao utilizando quat´ernios e possui algumas vantagens que s˜ao exploradas durante o processo de s´ıntese.

No decorrer do desenvolvimento, apresenta-se as equa¸c˜oes dinˆamicas utilizadas na s´ıntese do controlador, bem como observa¸c˜oes sobre a particularidade de cada repre-senta¸c˜ao. Por fim, a t´ecnica de s´ıntese do controlador para o sistema LPV e os resultados de simula¸c˜ao s˜ao apresentados e discutidos. Assume-se que as velocidades angulares e o

(31)

quat´ernio de orienta¸c˜ao da aeronave s˜ao parˆametros lidos em tempo real e dispon´ıveis para o c´alculo do controlador.

2.4.1

Dinˆ

amica Simplificada do Sistema

In´umeros trabalhos na literatura abordam o controle da orienta¸c˜ao de ve´ıculos a´ereos utilizando a representa¸c˜ao de quat´ernios. Dentre estes, destacam-se os trabalhos de Hall et al. (2010), Wie et al. (1989) e Lim (2001). Recentemente, os trabalhos de Kehlenbeck (2014) e Fresk e Nikolakopoulos (2013) abordam o caso espec´ıfico do controle de quadric´opteros utilizando quat´ernios. No entanto, abordagens que considerem o projeto do controlador de orienta¸c˜ao por meio de procedimentos de s´ıntese utilizando t´ecnicas de projeto baseadas em LMIs n˜ao foram exploradas para o caso particular do ve´ıculo quadric´optero. O trabalho de Lim (2001) realiza a s´ıntese de um controlador LPV para a dinˆamica dos quat´ernios de maneira similar `a desenvolvida neste trabalho. A descri¸c˜ao do sistema n˜ao-linear segue a partir da defini¸c˜ao de um quat´ernio de erro associado a um quat´ernio de referˆencia 𝑞𝑟𝑒𝑓, sendo esta a referˆencia para a qual deseja-se que o sistema convirja. Desta forma, o quat´ernio de erro pode ser obtido por

𝑞𝑒𝑟𝑟 = 𝑞𝑟𝑒𝑓 ⊗ 𝑞*. (2.33)

Sendo o quat´ernio de erro dado por 𝑞𝑒𝑟𝑟 = [︁

𝑞1 𝑞2 𝑞3 𝑞4 ]︁𝑇

, pretende-se en-contrar uma representa¸c˜ao em espa¸co de estados para a dinˆamica do quat´ernio 𝑞𝑒𝑟𝑟. Para tanto, considere a equa¸c˜ao (2.12) e a restri¸c˜ao de norma do quat´ernio

𝑞12+ 𝑞22+ 𝑞32+ 𝑞24 = 1. (2.34)

Derivando esta igualdade em rela¸c˜ao ao tempo obt´em-se 0 = 2( ˙𝑞1𝑞1+ ˙𝑞2𝑞2+ ˙𝑞3𝑞3+ ˙𝑞4𝑞4). Incluindo a informa¸c˜ao da equa¸c˜ao (2.12) resulta em

⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ Ω1 Ω2 Ω3 0 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ = 2 ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝑞4 𝑞3 −𝑞2 −𝑞1 −𝑞3 𝑞4 𝑞1 −𝑞2 𝑞2 −𝑞1 𝑞4 −𝑞3 𝑞1 𝑞2 𝑞3 𝑞4 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ˙ 𝑞1 ˙ 𝑞2 ˙ 𝑞3 ˙ 𝑞4 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ . (2.35)

Considerando-se a restri¸c˜ao de norma, pode-se concluir que a matriz apresentada na equa-¸c˜ao (2.35) ´e ortogonal, portanto sua inversa ´e igual a sua transposta. Desta forma,

⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ ˙ 𝑞1 ˙ 𝑞2 ˙ 𝑞3 ˙ 𝑞4 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ = 1 2 ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝑞4 −𝑞3 𝑞2 𝑞1 𝑞3 𝑞4 −𝑞1 𝑞2 −𝑞2 𝑞1 𝑞4 𝑞3 −𝑞1 −𝑞2 −𝑞3 𝑞4 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ Ω1 Ω2 Ω3 0 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ . (2.36)

(32)

A equa¸c˜ao (2.36) pode ser escrita de maneira compacta como sendo ˙q =1 2𝑄 × Ω + 1 2𝑞4IΩ, (2.37) ˙ 𝑞4 = − 1 2q 𝑇Ω, com q =[︁𝑞1 𝑞2 𝑞3 ]︁𝑇 . Considerando 𝑞𝑟𝑒𝑓 = [︁

0 0 0 1]︁𝑇, verifica-se que, em uma situa¸c˜ao de voo planado, 𝑞1 = 𝑞2 = 𝑞3 ≈ 0 e a parte real do quat´ernio 𝑞𝑒𝑟𝑟 converge para +1 ou −1, com o sinal indicando a dire¸c˜ao da rota¸c˜ao (WIE et al., 1989).

A dinˆamica angular do ve´ıculo pode ser descrita por meio da equa¸c˜ao de Euler como sendo

𝐽 ˙Ω + Ω×𝐽 Ω = u, (2.38)

com 𝑢 representando a entrada de controle, isto ´e, a rela¸c˜ao de torque dos quatro propul-sores instalados no ve´ıculo com rela¸c˜ao `as for¸cas geradas. Se considerarmos a rela¸c˜ao de como as for¸cas foram definidas na modelagem utilizando o formalismo Lagrangeano, pode-mos concluir as seguintes rela¸c˜oes entre os torques comandados e as velocidades rot´oricas dos quatro propulsores

u = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝜏𝑥 𝜏𝑦 𝜏𝑧 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝑙𝑘(𝜔2 2 − 𝜔42) 𝑙𝑘(𝜔2 1 − 𝜔32) 𝑙𝑏(𝜔2 1 − 𝜔22+ 𝜔23− 𝜔42) ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ . (2.39)

Para a realiza¸c˜ao do controle do quadric´optero, necessita-se converter os tor-ques atuantes no corpo nas quatro velocidades dos propulsores. O sistema de equa¸c˜oes (2.39) relaciona as quatro velocidades rot´oricas com os trˆes torques atuantes. Desta forma, n˜ao ´e poss´ıvel encontrar uma solu¸c˜ao para a rela¸c˜ao desejada. Para contornar este pro-blema introduz-se a equa¸c˜ao do impulso vertical coletivo

𝑈 = 𝑘(𝜔21+ 𝜔22+ 𝜔32+ 𝜔24).

Definindo as vari´aveis auxiliares 𝑇𝑥 = 𝜏𝑥/𝑙𝑘, 𝑇𝑦 = 𝜏𝑦/𝑙𝑘, 𝑇𝑧 = 𝜏𝑧/𝑙𝑏e 𝑈𝑇 = 𝑈/𝑘 pode-se reescrever o sistema de equa¸c˜oes como sendo

⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝑇𝑥 𝑇𝑦 𝑇𝑧 𝑈𝑇 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 0 1 0 −1 1 0 −1 0 1 −1 1 −1 1 1 1 1 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝜔12 𝜔22 𝜔2 3 𝜔2 4 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ , (2.40)

resultando na seguinte solu¸c˜ao para as velocidades rot´oricas ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝜔2 1 𝜔2 2 𝜔2 3 𝜔2 4 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ = 1 4 ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 0 2 1 1 2 0 −1 1 0 −2 1 1 −2 0 −1 1 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝑇𝑥 𝑇𝑦 𝑇𝑧 𝑈𝑇 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ . (2.41)

(33)

𝜔1 = 1 2 √︁ 2𝑇𝑦+ 𝑇𝑧+ 𝑈𝑇, > 0, 𝜔2 = 1 2 √︁ 2𝑇𝑥− 𝑇𝑧+ 𝑈𝑇, > 0, 𝜔3 = 1 2 √︁ −2𝑇𝑦+ 𝑇𝑧+ 𝑈𝑇, > 0, 𝜔4 = 1 2 √︁ −2𝑇𝑥− 𝑇𝑧+ 𝑈𝑇, > 0.

As equa¸c˜oes (2.37) e (2.38) constituem um sistema dinˆamico que pode ser escrito na forma de um sistema de dimens˜ao sete no espa¸co de estados como segue:

˙x = 𝐴(x)x + 𝐵u. (2.42) com 𝐴(x) = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ −𝐽−1Ω×𝐽 0 0 1 2𝑄 × I + 12𝑞4I 0 0 −1 2q 𝑇 0 0 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ , 𝐵 = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ 𝐽−1 0 0 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ , 𝑥 = ⎡ ⎢ ⎢ ⎢ ⎣ Ω q 𝑞4 ⎤ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ . (2.43)

A equa¸c˜ao dinˆamica dada em (2.42) representa um sistema n˜ao-linear afim com parˆametros variantes no tempo. A estrat´egia de controle utilizando a abordagem LPV con-siste na transforma¸c˜ao dos estados presentes na matriz dinˆamica em parˆametros variantes no tempo limitados e desacoplados dos estados. O emprego desta considera¸c˜ao aumenta o conservadorismo do controlador projetado, visto que este n˜ao leva em considera¸c˜ao a rela¸c˜ao direta entre os parˆametros e os estados do sistema. Os parˆametros variantes s˜ao limitados em dois sentidos: o quat´ernio de erro 𝑞 possui a restri¸c˜ao de norma ||𝑞||2 = 1 para que este represente uma rota¸c˜ao; a velocidade angular do corpo r´ıgido usualmente limita-se pela capacidade de leitura dos sensores presentes em uma unidade inercial m´ovel (LIM, 2001).

Desta forma, ´e poss´ıvel construir um sistema linear afim com parˆametros va-riantes no tempo a partir dos limites de opera¸c˜ao do sistema. No entanto, o projeto de um controlador utilizando as t´ecnicas LPV para o sistema (2.42) n˜ao pode ser realizado devido a algumas caracter´ısticas do sistema. Inicialmente, a restri¸c˜ao de norma n˜ao pode ser introduzida na formula¸c˜ao do problema devido `a sua caracter´ıstica n˜ao linear. Em contrapartida, a referˆencia (LIM, 2001) sugere a relaxa¸c˜ao de tal restri¸c˜ao assumindo-se que os parˆametros do quat´ernio 𝑞 encontram-assumindo-se em um hipercubo unit´ario. Note que tal relaxa¸c˜ao torna o problema demasiadamente conservador, pois a grande maioria dos estados considerados v´alidos no projeto n˜ao atendem a restri¸c˜ao de norma, sendo ina-ting´ıveis do ponto de vista da opera¸c˜ao do ve´ıculo. Al´em disso, existem parˆametros na

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