Variação de energia térmica em
processos físicos
SÓLIDO LÍQUIDO GASOSO SUBLIMAÇÃO FUSÃO CONDENSAÇÃO LIQUEFAÇÃO VAPORIZAÇÃO SOLIDIFICAÇÃO
Estados físicos da matéria
Relembrando...
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Endotérmico
• Para representar corretamente uma reação química, uma equação termoquímica deve estar devidamente balanceada, conter reagentes e produtos com seus respectivos estados físicos ou alotrópricos, bem como o valor da variação de entalpia especificando as condições de pressão e temperatura nas quais a reação se processa:
• Ex:
– H2(g) + Cℓ2(g) →HCℓ(g) ΔH=-42,2 kcal.mol-1 (25oC, 1 atm)
Entalpia de reação
• É a energia liberada ou absorvida em uma
reação química, ou seja, é o ΔH da reação.
Quando medida por mol de reagente
consumido, por mol de produto formado ou
por mol de processo é denominada entalpia
molar padrão (25
oC, 1 atm) e é representata
1- Entalpia molar padrão de formação
• É a variação de entalpia da reação de formação (síntese) de um mol de espécies de qualquer substância, a partir de substâncias simples que apresentam entalpia igual a zero, nas condições padrão. É representada pela simbologia ΔHfo.
• Ex.:
– H2(g) + ½ O2(g) →H2O(ℓ) ΔHfo=-68,3 kcal.mol-1 (25oC, 1
2- Entalpia molar padrão de combustão
• Combustão é uma reação química de oxirredução (reação que ocorre com transferência de elétrons entre os reagentes) exotérmica, suficientemente rápida para produzir e alimentar uma chama visível ou não.
• As reações de combustão são popularmente conhecidas como reações de queima.
• Os reagentes de uma combustão são denominadas combustível e comburente.
– O combustível é a substância que contém o elemento que sofre oxidação (aumento de Nox), denominado agente redutor.
– O comburente é a substância que contém o elemento que sofre a redução (diminuição de Nox), denominado agente oxidante.
– Ex:
Entalpia molar padrão de combustão
• O comburente mais comum é O2. Contudo, existem vários outros comburentes, como Cℓ2(g), O3(g), H2O2(ℓ), etc
• Em alguns sistemas propelentes de foguetes, utiliza-se da hidrazina como fonte de energia
– N2H4(ℓ) + 2H2O2(ℓ) → N2(g) + 4H2O(g) ΔHco=-642 KJ mol-1
• Algumas reações que apresentam o O2(g) como reagente não são reações de combustão, pois são endotérmicas
– Ex: N2(g) + O2(g) → 2NO(g) ΔHo=+180,5 KJ mol-1
• Outras porque são lentas e, consequentemente, não produzem chama.
Tipos de combustão
• Combustão completa
É toda reação de combustão no qual o elemento que sofre oxidação, presente no combustível, é oxidado até atingir o seu Nox máximo
Ex:
S(s) + 3/2O2(g) → SO3(g) Nox máx (S) = +6 C2H6O(ℓ) + 3O2(g) → 2CO2(g) + 3H2O(g) Nox máx (C) = +4
Nos casos apresentados, CO2 e SO3 não são combustíveis, ou seja, não podem sofrer uma nova combustão, pois os elementos S e C atingiram seu grau máximo de oxidação.
Tipos de combustão
• Combustão incompleta
É toda reação de combustão em que algum dos elementos formadores do combustível é oxidado, mas não atinge o seu Nox máximo.
Ex:
S(s) + O2(g) → SO2(g)
C2H6O(ℓ) + 3O2(g) → 2C(s) + 3H2O(g)
• As combustões completas liberam mais energia que as combustões incompletas, pois naquelas os produtos formados apresentam um conteúdo energético menor (são mais estáveis.
Entalpia molar padrão de combustão
• É a variação de entalpia verificada na reação
de combustão completa de 1 mol de
combustível, nas condições padrão (25
oC, 1
3- Entalpia molar padrão de dissolução
• É a variação de entalpia verificada na dissolução de um mol de soluto em determinada quantidade de solvente, de modo que a adição de mais solvente não provoque efeito térmico apreciável, nas condições padrão (25oC, 1
atm). É representada por ΔHdiso.
• Ex:
KNO3(s) + ∞H2O(ℓ)→ KNO3(aq) ΔHdiso=+35,6 kJ.mol-1.• O símbolo ∞ indica que a quantidade e água é
muito superior à quantidade de soluto.
Entalpia molar padrão de dissolução
• Experimentalmente, verifica-se que a energia térmica envolvida em uma dissolução depende da quantidade de soluto dissolvida e também da quantidade de solvente
• Ex:
– C2H6O(s) → C2H6O(aq) ΔHdiso= -3,75 KJ mol-1
– C2H6O(s) → C2H6O(aq) ΔHdiso= -7 KJ mol-1
• É por isso que a entalpia de dissolução deve ser medida em soluções diluídas para que a adição de mais solvente não provoque efeito térmico apreciável.
4 mols de água
Dissolução de solutos sólidos e
líquidos
• Uma solução é uma mistura homogênea de soluto
(presente em menor quantidade) e solvente (presente em maior quantidade).
• Os solutos e solvente são componentes da solução. • No processo da preparação de soluções com fases
condensadas, as forças intermoleculares se tornam reordenadas.
• Considere o NaCl (soluto) dissolvendo-se em água (solvente):
– as ligações de H da água têm que ser quebradas, – o NaCl se dissocia em Na+ e Cl-,
– formam-se forças íon-dipolo: Na+ … -OH2 e Cl- …
+H2O.
– Dizemos que os íons são solvatados pela água.
– Se água é o solvente, dizemos que os íons são hidratados.
Mudanças de energia e formação de solução
• Há três fases de energia na formação de uma solução: – a separação das moléculas do soluto (H1),
– a separação das moléculas do solvente (H2) e a formação das interações soluto-solvente (H3). • Definimos a variação de entalpia no processo de
dissolução como
Hdissol = H1 + H2 + H3
• O Hsoln pode tanto ser positivo como negativo, dependendo das forças intermoleculares.
Mudanças de energia e formação de solução
• Para determinarmos se o Hdissol é positivo ou negativo, consideramos os comprimentos de todas as interações soluto-soluto e soluto-solvente:
– H1 e H2 são ambos positivos. – H3 é sempre negativo.
– É possível termos tanto H3 > (H1 + H2) quanto H3
< (H1 + H2).
• A primeira etapa, necessariamente endotérmica, consiste na quebra das interações coesivas entre as
unidades estruturais do soluto (interatômicas,
interiônicas ou intermoleculares). Essa etapa consiste na vaporização do soluto, quando ele é líquido, ou sublimação do soluto quando ele é sólido.
• A segunda etapa, necessariamente exotérmica, consiste no processo de solvatação, ou seja, no estabelecimento de interações atrativas entre as partículas do soluto e as partículas do solvente.
• Uma dissolução será endotérmica quando a
primeira etapa apresentar uma variação de
entalpia maior, em módulo, que a segunda.
• Ex
– 1a etapa: NaCℓ(s) → Na+(g) + Cℓ-(g) ΔH redeo=+787 KJ mol-1 – 2a etapa: Na+(g) + Cℓ-(g) + ∞H2O(ℓ) → Na+(aq) + Cℓ-(aq) ΔHsolvo=-784 KJ mol-1
– A dissolução pode ser representada por
NaCℓ(s) + ∞H2O(ℓ) → Na+(aq) + Cℓ-(aq) ΔH
diso=+3 KJ mol-1
O processo de dissolução
• Uma dissolução será exotérmica quando a primeira
etapa apresentar uma variação de entalpia menor,
em módulo, que a segunda etapa.
• Ex
– 1a etapa: CaCℓ2(s) → Ca+2(g) + 2Cℓ-(g) ΔH redeo=+2260 KJ mol-1 – 2a etapa: Ca+2(g) + 2Cℓ-(g) + ∞H2O(ℓ) → Ca+2(aq) + 2Cℓ-(aq) ΔHsolvo=-2337 KJ mol-1
– A dissolução pode ser representada por
CaCℓ2(s) + ∞H2O(ℓ) → Ca+2(aq) + 2Cℓ-(aq) ΔH
diso=-77 KJ mol-1
O processo de dissolução
Mudanças de energia e formação de solução
• Exemplos:
– O NaOH adicionado à água tem Hdissol = -44,48 kJ/mol. – O NH4NO3 adicionado à água tem Hdissol = + 26,4 kJ/mol. • ‘Regra’: os solventes polares dissolvem solutos polares. Os
solventes apolares dissolvem solutos apolares. Por quê?
– Se o Hdissol é demasiadamente endotérmico, não haverá a formação de uma solução.
– NaCl em gasolina: as forças íon-dipolo são fracas, uma vez que a gasolina é apolar. Conseqüentemente, as forças íon-dipolo não são compensadas pela separação de íons.
Curiosidade!
• Atletas que sofrem problemas musculares durante competições podem utilizar bolsas instatâneas frias ou quentes como dispositivos para primeiros socorros. Esses dispositivos funcionam mediante reações endortérmicas e exotérmicas.
– Compressas quentes: CaCl2 ou MgSO4 (40 g de CaCl2 em 100 mL de H2O, a temperatura aumenta de 20 oC para 90 oC)
CaCl2(s) + ∞H2O(ℓ)→ Ca2+(aq) + 2 Cℓ-(aq)ΔH
diso=-77 kJ.mol-1.
– Compressas frias: NH4NO3 (30 g de NH4NO3 em 100 mL de H2O, a temperatura diminuir de 20 oC para 0 oC)
NH4NO3(s) + ∞H2O(ℓ)→ NH4+(aq) + NO
3 -(aq) ΔHdiso=+26,2 kJ.mol-1.
Dissolução de solutos gasosos não
ionizáveis
• Ocorrem em um única etapa, pois as etapas de vaporização ou de sublimação não são necessárias, uma vez que no estado gasoso as interações coesivas praticamente não existem.
• Assim, quando um gás, não ionizável, é dissolvido em água tem-se apenas o processo de solvatação e a sua dissolução é sempre exotérmica
Dissolução de solutos gasosos ionizáveis
• Pode ser descrita a partir de um processo teórico
com mais de uma etapa.
– A primeira é a solvatação – sempre exotérmica – com os solutos gasosos não ionizados,
– A segunda é a ionização com a formação de íons a partir da ruptura de ligações, seguida da solvatação desses íons que pode ser exotérmica ou endotérmica
• Ex:
– HCℓ(g) + ∞H2O(ℓ)→ HCℓ(aq) ΔHo=-74,85kJ.mol-1.
– HCℓ(aq) + H2O(ℓ)→ H3O+(aq) + Cℓ-(aq) ΔHo=-0,45kJ.mol-1
– HCℓ(g) + ∞H2O(ℓ)→ H3O+(aq) + Cℓ-(aq) ΔH
Entalpia molar padrão de neutralização
• É a variação de entalpia verificada na
neutralização de um mol de íons H
+(aq) (ou H
3
O
+)
com um mol de íons OH
-(aq), nas condições
padrão (25
oC e 1atm). É representada por
H
neuo.• Ex:
– HCN(aq) + NaOH(aq) →NaCN(aq) + H2O(ℓ) Hneuo= -104,5 KJ
mol-1.
• Exemplos:
– ½H2SO4(aq) + NaOH(aq) → ½Na2SO4(aq) + H2O(ℓ) Hneuo= -57,7 KJ mol-1
– HCℓ(aq) + NaOH(aq) → NaCℓ (aq) + H2O(ℓ) Hneuo= -57,7 KJ mol-1 – HNO3(aq) + NaOH(aq) → NaNO3(aq) + H2O(ℓ) Hneuo= -57,7 KJ mol-1
• Podemos observar que as entalplias molares padrão de neutralização de reações envolvendo ácidos e bases fortes apresentam, aproximadamente, o mesmo valor.
• Isso ocorre porque esses eletrólitos fortes se encontram, em sua quase totalidade, ionizados e dissociados e, portanto, praticamente o único processo que ocorre é a reação entre os íons hidrônio e hidroxila.
• H3O+(aq) + OH-(aq) → H
2O(ℓ) Hneuo= -57,7 KJ mol-1
Fatores que alteram o valor das
entalpias de reação
Temperatura
• A quantidade de calor necessário para elevar a
temperatura dos produtos é diferente do calor
necessário para elevar a temperatura dos
reagentes.
• Ex
– ½H2(g) + ½Cℓ2(g) →HCℓ(g) ΔH(15 oC)=-91,95 KJ mol-1
Pressão
• A pressão só influencia no valor de ΔH se o
sistema for gasoso. Para sistemas sólidos e/ou
líquidos, haverá variação do ΔH de modo
significativo a pressões da ordem de 2 000
atm.
Quantidade de reagentes e produtos
• O ΔH é proporcional a quantidade de reagentes e produtos que participam da reação, devido ao fato de a energia química estar associada às ligações químicas.
• Dobrando-se a quantidade de reagentes, dobra-se o número de ligações e consequetemente, o conteúdo energético do sistema.
Estado físico de reagentes e produtos
• O conteúdo energético de cada uma das três fases de agregação da matéria é diferente.
H(s) < H(ℓ) < H(g)
• Dessa forma, se trocarmos a fase de agregação de um reagente ou produto, teremos uma mudança no valor de ΔH da reação.
Presença de solvente
• Todo processo de dissolução acarreta liberação ou absorção de energia sob a forma de calor.
• Assim, ao medirmos o ΔH de uma reação em meio a um solvente, estaremos medindo também o calor liberado ou absorvido no processo de dissolução.
• Em meio aquoso
H2(g) + Cℓ2(g) + ∞H2O(ℓ) → 2HCℓ(aq) ΔH = -80,2 kcal • Na ausência de solvente
H2(g) + Cℓ2(g) → 2HCℓ(g) ΔH = -44,2 kcal
A diferença 80,2-44,2=36kcal corresponde ao calor devido à presença da solvente
Forma alotrópica
• Ao variarmos a forma alotrópica de um reagente ou produto em uma reação, alteramos seu conteúdo energértico, já que existem variações alotrópicas mais estáveis (menos energéticas) e mais instáveis (mais energéticas)