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O SUICÍDIO EM IDOSOS E A TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO

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O SUICÍDIO EM IDOSOS E A TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL – UM ESTUDO BIBLIOGRÁFICO

d.o.i. 10.13115/2236-1499v2n19p191

Keny S. C. Branco Pinheiro (UPE)1 José Antônio Spencer Hartmann Júnior (UPE) 2

Resumo: Este estudo tem como objetivo fornecer uma visão geral da incidência e prevalência da taxa de suicídio em idosos, das causas psicológicas e avaliação das possibilidades de tratamento para o suicídio em idosos na abordagem cognitivo-comportamental. Foi realizada uma busca nas bases de dados Scielo e Pubmed com os descritores: idoso, terapia cognitivo-comportamental, suicídio, elderly, aging, suicide, cognitive behavioral therapy no período de 2011 a 2016, além de pesquisa em livros e internet. Os artigos encontrados a respeito da TCC e o suicídio não se referiam diretamente a idosos e sim à população adulta em geral. A abordagem cognitivo-comportamental tem mostrado resultados positivos no tratamento de diversas condições que podem levar uma pessoa a cometer o suicídio. Como sugestão, tendo em vista a escassez de materiais sobre a abordagem da terapia cognitivo-comportamental e o suicídio de idosos, a realização de futuras

1 Psicóloga. Membro do Grupo de Estudos sobre Saúde Mental do Idoso da Universidade de Pernambuco, vinculado ao CNPq.

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pesquisas a fim de se investigar melhor os resultados favoráveis das técnicas utilizadas.

Palavras-chave: Suicídio; Idosos; Terapia Cognitivo-Comportamental.

Abstract: This study aims to provide an overview of the incidence and

prevalence of suicide rate in the elderly, psychological causes and assessment of treatment possibilities for suicide in the elderly in the cognitive-behavioral approach. A search was conducted in the databases Scielo and Pubmed with the descriptors: idoso, terapia cognitivo-comportamental, suicídio, elderly, aging, suicide, cognitive behavioral therapy from 2011 to 2016, as well as research in books and the internet. The articles found regarding CBT and suicide did not refer directly to the elderly but to the adult population in general. The cognitive-behavioral approach has shown positive results in the treatment of several conditions that can lead a person to commit suicide. As a suggestion, considering the scarcity of materials on the approach of cognitive-behavioral therapy and suicide of the elderly, the conduct of future researches in order to better investigate the favorable results of the techniques used.

Keywords: Suicide; elderly; cognitive behavioral therapy.

1. Introdução

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que de forma ambígua e vacilante, utilizando-se de uma forma ou instrumento que considere eficaz para este fim.

O comportamento suicida se manifesta através de pensamentos, planos e tentativas, sendo o suicídio apenas a ponta do iceberg. O indivíduo opta pela morte como única forma de lidar com a própria impossibilidade emocional de reconhecer alternativas exequíveis para solucionar problemas e sofrimentos. Isto é mais comum nos casos de pessoas que estejam fragilizadas emocionalmente diante dos problemas e situações da vida, com necessidade de alívio de pressões externas ou internas que estejam vivenciando como depressão, cobranças sociais, ansiedade e culpa.

Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS (OMS, 2017) aproximadamente oitocentas mil pessoas morrem por suicídio por ano, o que significa um suicídio a cada trinta segundos. As estatísticas destes casos apresentam variações significativas entre os países, entre os sexos e a faixa etária. O suicídio a partir dos 65 anos tem sido considerado como um dos mais sérios problemas atuais de saúde pública. Entretanto, o fenômeno é pouco estudado nesta idade, o que resulta em uma raridade de dados sobre o assunto, dificultando assim, sua compreensão.

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suicídios de idosos, o que demonstrar ser um grave problema de saúde pública; e devido à escassez de publicações referentes ao problema do suicídio praticado por idosos e a aplicação da abordagem cognitivo-comportamental como estratégia de prevenção/tratamento. Além disto, o conhecimento dos fatores que levam o idoso a tirar a própria vida e das contribuições da psicoterapia cognitivo-comportamental podem ajudar na compreensão e criação de programas de prevenção que realmente sejam eficazes e efetivos.

Considerando os aspectos apresentados, o presente estudo tem como objetivo fornecer uma visão geral da incidência e prevalência da taxa de suicídio em idosos através de rastreamento de artigos científicos na abordagem da Psicoterapia Cognitivo-Comportamental em sites de busca especializados. Além disso, o levantamento de dados sobre as causas psicológicas do suicídio entre idosos e a avaliação das possibilidades de tratamento e prevenção do suicídio em idosos na abordagem cognitivo comportamental.

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critérios de inclusão foram: artigos originais disponibilizados na íntegra, publicados entre 2011 e 2016, nos idiomas português e inglês. Os critérios de exclusão foram: estudos abrangendo outras faixas etárias além da dos idosos. Quanto à limitação do estudo, a escassez de artigos e pesquisas sobre suicídio em idosos e sobre a utilização da abordagem cognitivo-comportamental para o tratamento/prevenção do suicídio.

2. Suicídio

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No Brasil são nove mil por ano com uma estimativa de seis suicídios a cada cem mil pessoas; e apesar de representar um percentual menor com relação a outros países, ocupando o oitavo lugar mundial, esta posição já indica um problema de saúde pública.

Estes números são preocupantes principalmente ao se perceber que a cada suicídio, estima-se que pelo menos outras vinte pessoas tentaram, mas não conseguiram levar adiante o ato. Além disto, o suicídio causa um sério impacto em uma média de seis a dez pessoas, cujas vidas são diretamente impactadas com consequências difíceis de serem reparadas.

3. Envelheciment

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do IBGE. Existem previsões de que o Brasil seja o sexto país com maior população idosa no mundo (WHO, 2002).

O aumento da longevidade e o envelhecimento da população mundial acarretam diversas repercussões culturais, sociais e políticas e diversos desafios a serem superados por toda a sociedade, inclusive o próprio idoso.

Durante o envelhecimento, observa-se um processo natural que leva a uma série de transformações físicas, psicológicas e sociais. A nível fisiológico, por exemplo, observa-se a perda auditiva e visual; a nível psicológico observam-se mudanças cognitivas como a diminuição na velocidade de processamento e a nível social ocorrem várias mudanças como perdas de familiares, amigos e posição (DINIZ et al., 2013).

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idosos, com tendência de ascensão entre os homens, de declínio entre as mulheres, e aumento progressivo com o avanço da idade em ambos os sexos (3). Apesar da taxa de suicídio ser relativamente baixa, este indicador para a população na faixa etária acima de 60 anos é o dobro da população em geral (4) (SELEGHIM et al, 2012, p. 278).

4. Suicídio em idosos:

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esta prática é permitida, etc. servem como alerta aos parentes e pessoas mais próximas. Fatores de ordem situacional como alguns acontecimentos na vida daquele idoso, situações que provocam uma mudança, um isolamento e lhe retira do cenário produtivo e atuante, daquele status social relevante e deixa-o sem um sentido, sem um local para ir e não ter outra escolha a não ser recolher-se em casa. Alguns acontecimentos mais comuns nesta fase são: a chegada da aposentadoria, a morte do cônjuge ou parentes e amigos ou o diagnóstico de uma doença grave.

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Ao analisar 51 casos de suicídio de idosos em dez municípios brasileiros, através do método da autópsia psicológica, ou seja, entrevista com a família da vítima do suicídio, Minayo e Cavalcante (2012) chegaram à conclusão de que “doenças graves, deficiências e transtornos mentais juntos formam as principais causas, seguidas de depressão, conflitos familiares e conjugais”. Além disso, ressaltou-se a importância da qualidade de vida dos idosos, particularmente dos homens, uma vez que fazem parte do grupo de maior risco para suicídio.

De acordo com Sadok et al (2007, apud Ciulla, 2013), em consulta a estudos de autópsia psicológica, a maior parte dos idosos que cometeram suicídio eram portadores de um transtorno psiquiátrico, geralmente a depressão, e em sua maioria, não receberam tratamento médico ou psiquiátrico. O perfil desta população geralmente, a maioria deles já perdeu o cônjuge e os precipitantes mais frequentes são as doenças físicas e a perda.

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são: depressão, transtorno bipolar, transtorno relacionado ao uso de álcool e outras substâncias, transtornos de personalidade e esquizofrenia. A depressão representa, em número absolutos, o diagnóstico mais frequente entre os suicidas.

5. Abordagem cognitivo-comportamental

A expressão terapia cognitivo-comportamental é usada para designar a integração das técnicas e conceitos das abordagens cognitiva e comportamental.

A terapia comportamental baseia-se nas teorias e princípios da aprendizagem tais como o condicionamento clássico de Pavlov, o condicionamento operante de Skinner, a aprendizagem social de Bandura e a habituação. De acordo com esta teoria, estes princípios explicam o surgimento, a manutenção e a eliminação dos sintomas. Para os comportamentalistas o que interessava era o comportamento observável, que podia ser tanto a atividade verbal quanto a atividade muscular e as alterações fisiológicas (Cordioli, 2008, p. 31-32).

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depressão. Esta terapia recebeu forte influência de várias escolas filosóficas como o “estoicismo grego, o racionalismo, o empirismo e a fenomenologia, e com as escolas orientais de pensamento, como o budismo e o taoísmo” (Cordioli, 2008, p. 34). De acordo com este modelo, as representações de eventos externos ou internos e não o evento em si determinam as respostas emocionais e comportamentais do indivíduo. De acordo com Cordioli (2008, p. 34), a célebre frase de Epictetus (60-117d.C.): “os homens se perturbam não pelas coisas, mas pela visão que têm delas” deixa clara a ideia central da teoria cognitiva.

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Um estudo realizado com um grupo de pacientes idosos (n=6) entre 64 e 73 anos com sintomas de depressão, ansiedade e queixas de memória avaliou os efeitos da psicoterapia cognitivo-comportamental (TCC) na modalidade em grupo através de uma intervenção breve. Os participantes foram avaliados antes e depois do término do programa de tratamento que incluiu sete sessões semanais de uma hora e meia de duração. Os instrumentos de avaliação foram: Miniexame do Estado Mental (MMSE), o Inventário de Beck de Depressão (BDI), Inventário de Beck de Ansiedade (BAI), Escala de Depressão Geriátrica e Questionário de Queixas de Memória (MAC-Q). Os dados descritivos demonstraram uma redução significativa dos sintomas de depressão, da ansiedade e das queixas de memória. Os resultados deste estudo demonstraram uma diminuição da intensidade dos sintomas após a intervenção da TCC (LOBO et al, 2012).

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suicídio, incluindo depressão, ansiedade e psicose. A doença mental está presente na maioria dos suicídios e o risco de suicídio entre indivíduos que sofrem de uma doença mental é muitas vezes maior do que a população em geral. Devido a esta evidência, a prevenção efetiva e o tratamento das doenças mentais devem ser o foco das estratégias de prevenção do suicídio.

Um estudo piloto randomizado controlado utilizando a TCC como tratamento de prevenção ao suicídio conjuntamente ao tratamento padrão em um grupo (n=31) e apenas o tratamento padrão isoladamente em outro grupo (n=31) foi realizado em uma prisão masculina na Inglaterra. A aplicação da TCC como tratamento de prevenção ao suicídio apresentou um potencial ao proporcionar benefícios clínicos aos prisioneiros em termos de redução de comportamentos autodestrutivos, diminuição da sintomatologia psiquiátrica e melhorias nos determinantes psicológicos do suicídio (PRATT et al, 2015).

6. Considerações

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As doenças mentais de uma forma geral formam um quadro propício ao surgimento de ideações e comportamentos suicidas, sendo a depressão a mais citada nas pesquisas como o transtorno que se associa de forma estreita a esta problemática. Existem evidências na literatura da eficácia da TCC no tratamento da depressão, sendo um indicativo para a escolha desta abordagem a ser utilizada na prevenção e tratamento de idosos suicidas.

Intervenções preventivas e de promoção da saúde mental da pessoa idosa são pouco mencionadas na literatura especializada em comparação a estudos com foco na área infanto-juvenil. De forma similar, o suicídio entre pessoas idosas tem recebido pouca atenção tanto a nível nacional quanto mundial. Esta dificuldade foi constantemente mencionada nos artigos analisados. Os artigos encontrados a respeito da TCC e o suicídio não se referiam diretamente a idosos e sim à população adulta em geral.

Como sugestão, tendo em vista a escassez de materiais sobre a abordagem da terapia cognitivo-comportamental e o suicídio de idosos, a realização de futuras pesquisas a fim de se investigar melhor os resultados favoráveis das técnicas utilizadas.

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de adoecimento mental que podem conduzir ao suicídio, fazendo com que os pacientes tenham os sintomas reduzidos ou até mesmo eliminados.

REFERÊNCIAS

A ONU e as pessoas idosas. Disponível em:

<https://nacoesunidas.org/acao/pessoas-idosas/> Acesso em: 25 out. 2017.

A população idosa vai triplicar entre 2010 e 2050, aponta publicação do IBGE. Disponível em:

< http://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,populacao-idosa-vai-triplicar-entre-2010-e-2050-aponta-publicacao-do-ibge,10000072724> Acesso em 25 out. 2017.

CAVALCANTE, F. G.; MINAYO, M. C. S. Tentativas de suicídio entre pessoas idosas: revisão de literatura (2002/2013). Ciência & Saúde Coletiva, v.20(6), 1751- 1762, 2015.

CIULLA, L. Ideação e tentativa de suicídio em idosos atendidos pela Estratégia Saúde da Família de Porto Alegre. Dissertação de

Mestrado. Porto Alegre, 2013.

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DINIZ, L. F. M. et al. Neuropsicologia do Envelhecimento – uma abordagem multidimensional. 1ª ed. São Paulo: Artmed, 2013. LOBO, B. O. M. et al. Terapia cognitivo-comportamental em grupo para idosos com sintomas de ansiedade e depressão: resultados preliminares. Psicologia: teoria e prática, São Paulo, v. 14, n. 2, p. 116-125, 2012.

MEWTON, L.; ANDREWS, G.; Cognitive behavioral therapy for suicidal behaviors: improving patients outcomes. Psychology Research and Behavior Management, v. 9, p. 21-29, 2016.

MINAYO, M. C. S.; CAVALCANTE, F. G. Suicídio entre pessoas idosas: revisão da literatura. Rev Saúde Pública, v. 44(4), p. 750-757, 2010.

PRATT, D. et al. Cognitive Behavioral Suicide Prevention for Male Prisoners: A pilot randomized controlled trial. Psychol. Med., 2015. SELEGHIM, M. R. et al. Caracterização das tentativas de suicídio entre idosos. Cogitare Enferm, v.17 (2), p. 277-283, 2012.

Suicídio é problema de saúde pública no Brasil. Setembro Amarelo: Mês Internacional da Prevenção ao Suicídio. Disponível em:

< http://www.mobilizadores.org.br/noticias/suicidio-e-problema-de-saude-publica-no-brasil/>. Acesso em: 25 out. 2017.

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