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Manejo odontológico na criança com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): Revisão de literatura

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Manejo odontológico na criança com Transtorno de Déficit de

Atenção e Hiperatividade (TDAH): Revisão de literatura

Bruna Câmara PERES¹, Renan Bezerra FERREIRA², Letícia Diniz Santos VIEIRA³

Resumo

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é um dos distúrbios psicológicos mais frequentemente diagnosticados em crianças. Os principais sintomas desse distúrbio são níveis inconsistentes e crônicos no desenvolvimento de desatenção, impulsividade e hiperatividade. De acordo com os sintomas, existem três formas de apresentação: predominantemente desatenta, predominantemente hiperativa-impulsiva e combinada. O julgamento clínico é o método de avaliação diagnóstico realizado por profissionais como psiquiatras, psicólogos, psicanalistas, neurologistas infantis, pediatras, terapeutas cognitivos comportamentais, neurocientistas e outros profissionais. O objetivo foi realizar uma revisão da literatura sobre as diferentes técnicas não farmacológicas de manejo comportamental que podem ser realizadas no paciente TDAH. Concluiu-se que as técnicas de manejo comportamental em relação ao paciente com TDAH englobam consultas curtas e são exitosas às técnicas de distração, contenção física, comunicação verbal objetiva e nível e tom de voz objetivo, reforço positivo imediato e de uso limitado as técnicas dizer-mostrar- fazer e modelagem.

Palavras-chave: Transtorno Do Déficit De Atenção Com Hiperatividade. Odontopediatria.

Controle Comportamental.

¹Acadêmica do curso de Odontologia do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santos- UNICEPLAC-DF.

² Mestre em Odontopediatria pela São Leopoldo Mandic Campinas- SP. Especialista em Odontopediatria e Ortodontia pela HODOS UNINGÁ-DF, Professor de Saúde Coletiva e Odontopediatria do Centro Universitário do Planalto Central Apparecido dos Santo- UNICEPLAC-DF. ³ Pós doutora em Biofotônica pela UNINOVE-SP, Doutora em Odontopediatria pela UNICSUL-SP, Especialista em Odontopediatria pela APCD-SP, Especialista em Ortodontia pela HODOS-UNINGÁ-DF, Mestre em odontopediatria pela São Leopoldo Mandic-SP, Coordenadora de Odontopediatria da HODOS-UNINGÁ-DF, Professora de Odontopediatria e membro do NDE do

Centro Universitário do Planalto central Apparecido dos Santos- UNICEPLAC-DF. Habilitada em Óxido Nitroso e Laser pela ABO-DF, Certificada em CardioEmotion pela Intelectus-SP,

Como citar esse artigo: Peres BC, Ferreira RB, Vieira

LDS. Manejo Odontológico na Criança com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH): Revisão de Literatura. R Odontol Planal Cent. 2020.

- Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias citados nesse artigo.

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2 Autora para Correspondência: Bruna Câmara Peres

Endereço: Área Especial Quadra 55 Lotes 1-4 apto 1207 Ed. Flex Gama. Gama. Brasília-DF.

CEP: 72405135

E-mail: bruna_cperes@hotmail.com Categoria: Revisão de Literatura Área: Odontopediatria

Introdução

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) foi um dos distúrbios psicológicos mais frequentemente diagnosticados em crianças1,2,3. Os principais sintomas desse distúrbio são níveis inconsistentes e crônicos no desenvolvimento de desatenção, impulsividade e hiperatividade1. O TDAH é um transtorno com alta prevalência acometendo por volta de 5,29% da população mundial e 5-7% das crianças e adolescentes4,5.

O TDAH tem uma etiologia bem definida. Porém, pode ser de origem genética ou multifatorial6.

Tal distúrbio é classificado como um transtorno do neurodesenvol-vimento7,8. Caracterizado por prejuízos relacionados à desatenção, à desorganização e/ou à hiperatividade e à impulsividade8. Onde, de acordo com os sintomas, existem três formas de apresentação: predominantemente desatenta, predominantemente hiperativa-impulsiva e combinada8.

O julgamento clínico é o método de avaliação diagnóstico mais aceito4. Por isso, é importante ter instrumentos como o Questionário de Swanson, Nolan e Pelham para Pais e Professores (SNAP-IV) e as Escalas Wechsler de Inteligência (WISC-IV) para um diagnóstico preciso4,9,10.

Apesar do cirurgião dentista não ser responsável pelo diagnóstico, deve ser capacitado em propiciar um desenvolvimento psicológico saudável da criança e conhecer o paciente em sua totalidade para obter um atendimento odontológico-pediátrico humanizado11.O manejo visa controlar o paciente durante o atendimento e as técnicas de manejo comportamentais podem ser amplamente utilizadas na abordagem da criança no consultório odontológico possibilitando, assim, a otimização do atendimento 12.

Para tanto o objetivo foi realizar uma revisão da literatura sobre as diferentes técnicas não farmacológicas de manejo comportamental que podiam ser realizadas no paciente TDAH. A presente revisão foi elaborada por meio da análise documental da produção bibliográfica obtida através da base de dados LILACS vinculada à biblioteca virtual BIREME, foi usada também as bases COHCRANE, PUBMED e SCIELO. Os métodos utilizados de

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3 pesquisa incluíram as palavras: “TDAH”, “DSM V”, “odontopediatria”, “manejo”, “controle comportamental”. E consulta ao Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5ª edição DSM-5. Na coleta, foram selecionadas 25 referências baseadas em evidências.

Revisão de Literatura

Etiologia

O TDAH é um dos distúrbios psicológicos mais frequentemente diagnosticados em crianças1,3. É considerado um transtorno do neurodesenvolvimento e neurocomp-ortamental10. Bem como, um transtorno do sistema cerebral de recompensa, especialmente da gratificação tardia5.

O TDAH possuiu em 2019 uma prevalência significativa acometendo por volta de 5,29% da população mundial e 5-7% das crianças e adolescentes4,5. E em 2020 o acometimento é de 3 a 5% da população de crianças em idade escolar3. Foi encontrado grande número de encaminhamentos de crianças em idade pré-escolar e escolar para avaliação neuropsiquiátrica13.

Ainda não existe uma etiologia

bem definida14. Entretanto, o TDAH é o

problema do

neurodesenvolvimento mais prevalente na infância14. Pode ser de origem genética ou multifatorial comprometendo neurológicamente o cérebro frontal e as conexões com os gânglios basais6.

O TDAH é considerado multifatorial devido a um quadro heterogêneo de anormalidades neurológicas que era afetado por questões genéticas e exposições ambientais onde as manifestações ocorreriam durante o desenvolvimento do ser humano15. Isso ocorre devido a anormalidades presentes no desenvolvimento do lóbulo frontal e outras áreas cerebrais3,15,. Entre os fatores comuns nas narrativas clínicas de crianças com TDAH e suas famílias estão presentes a depressão, ansiedade, problemas parentais e familiares14.

O TDAH é um dos tipos de transtorno do neurodesenvolvimento e neurocomportamental classificado no Manual Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos Mentais (DSM-5)5,10. É também um transtorno do sistema

cerebral de recompensa,

especialmente da gratificação tardia5.

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4 O DSM-5 classificou o TDAH

como um transtorno do

neurodesenvolvimento descrito por prejuízos ligados à desatenção, à desorganização e/ou à hiperatividade e à impulsividade. Conforme esse documento, existiam três formas de apresentação para o TDAH de acordo com os sintomas: predominantemente desatenta, predominantemente hiperativa-impulsiva e combinada. O manual apresentou uma lista de dezoito sintomas, sendo nove de desatenção, seis de hiperatividade e três de impulsividade (sendo computados conjuntamente esses dois últimos)8. Tais deviam estar presentes antes dos sete anos de idade7.

Em relação a desatenção

estudos correlacionaram

acontecimentos como perder objetos, cometer erros ou descuidos escolares, não conseguir persistir ou terminar tarefas que envolviam um grande esforço mental8,14. Enquanto os sintomas de hiperatividade apareceram na propensão a estar sempre em movimento, agitação ao falar, impulsividade e outros8,14.

O TDAH é considerado crônico e os sintomas deviam ser iniciados antes dos 12 anos e tendiam a continuar ao longo da vida em aproximadamente

70% dos casos. Devem ser recorrentes por pelo ou menos seis meses. Os sintomas mudam de acordo com o período do desenvolvimento em que a pessoa se encontra10,16.

O SNAP-IV é um instrumento por meio de questionário para pais e professores visto que crianças não conseguiam relatar de forma precisa sobre o seu comportamento. Esse instrumento acrescenta que o indivíduo tinha dificuldade de se atentar a detalhes não prestando atenção nestes, cometia erros devido ao descuido em suas atividades, ficavam distraídos por motivos que nada tinha a ver com suas tarefas e demostravam certa dificuldade em estar aberto para escutar instruções e perguntas17.

Dentre características apresentadas por crianças com TDAH encontram-se sonhar acordadas, não escutar, sempre perder seus objetos, esquecidas, se distraiam fácil pelo ambiente, necessitavam de continuada atenção e não sabiam o que começar15. Apresentam ainda dificuldade de controlar seus impulsos, sempre interrompiam os outros sendo vistas como impacientes, não esperavam sua vez e respondiam antes da hora, sempre estavam procurando atalhos para realizar suas tarefas15. Em relação a excessiva motricidade, as crianças

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5 eram incapazes de parar as atividades motoras não conseguiam ficar quietas

sentadas, falavam muito,

constantemente faziam barulhos diferentes ou ficavam cantarolando. Não existia uma moderação ou estavam dormindo ou pulando15.

O paciente infantil com TDAH mostra dificuldades de prender a atenção por um tempo longo e em eleger uma informação importante em cada problema com dificuldade então de estruturar e realizar uma tarefa10. Em situações de grupo, com as crianças ficam ainda mais complicadas, pois necessitam de grande atenção e gerenciamento de um grande número de informações10. Podem exibir ainda dificuldades cognitivas na atenção, execução ou na memória10.

Pacientes com TDAH possuem muitas vezes impedimentos em se comprometer com tarefas sem recompensa imediata ainda que estas tenham uma recompensa futura e abominam demora13. Portanto, eles preferem uma recompensa imediata ainda que seja menor13. Isso ocorre devido à dificuldade de controle intimidante e a habilidade de conter um grande impulso e realizar o comportamento mais adequado a determinada situação13.

Diagnóstico

Dentre os profissionais capazes de diagnosticar e tratar o TDAH, existe uma discussão entre profissionais como psiquiatras, psicólogos, psicanalistas, neurologistas infantis, pediatras, terapeutas cognitivos comportamentais, neurocientistas, entre outros17.

Há uma necessidade do diagnóstico correto, minucioso e precoce, já que as manifestações dos sintomas foram perceptíveis principalmente no contexto escolar tardiamente, onde a criança apresenta comportamentos caracterizados pela desatenção, hiperatividade e impulsividade, comumente confundidos com indisciplina e rebeldia15. Dessa forma, o diagnóstico precoce, além de oportunizar um tratamento adequado, visa melhorar a qualidade de vida dessas crianças15. Do contrário, quando não diagnosticado e tratado, o TDAH pode acarretar sérios prejuízos no desenvolvimento acadêmico, social e familiar da criança15.

O TDAH ocasiona diversos sintomas relevantes que puderam atrapalhar o desenvolvimento da pessoa em relação ao seu funcionamento social, emocional e cognitivo18.

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6 pois não existem exames laboratoriais capazes de identificar essa doença4,19. E por isso, é importante o profissional coletar informações comportamentais sobre o paciente infantil em vários núcleos sendo os mais relevantes na família e na escola e terem instrumentos para um diagnóstico preciso4. Não existe um único teste usado para diagnosticar a desordem, e o julgamento clínico é realizado por profissionais como psiquiatras, psicólogos, psicanalistas, neurologistas infantis, pediatras, terapeutas cognitivos comportamentais, neurocientistas, entre outros foi o mais extensamente método de avaliação aceito4.

Cabe destacar que alguns estudos indicaram que o TDAH foi mais comum em meninos do que em meninas15. Existiu uma maior prevalência no sexo masculino, justificando que, no sexo feminino, o transtorno ocorre com predomínio das características de desatenção em relação à hiperatividade, o que acabou mascarando a identificação do TDAH15.

O DSM-5 enfatiza que os sintomas de TDAH estão baseados na desatenção, hiperatividade e comportamentos impulsivos19.

Em relação ao diagnóstico do

TDAH, deve ser feito uma avaliação neuropsicológica combinada com exames clínicos da criança10. Estudos mostraram que é fundamental a aplicação do SNAP IV, conforme descrito no quadro 1,visto que as vezes as crianças não conseguem relatar de forma precisa sobre como é seu comportamento9,10. Com relação a avaliação neuropsicológica a WISC-IV é um questionário composto de 15 testes para avaliar a inteligência e esse apareceu como um bom instrumento para fornecer diversas informações que podem auxiliar no diagnóstico do TDAH e capaz de auxiliar no plano de tratamento9,10.

Não existe um único teste diagnóstico para o TDAH, pois o diagnóstico clínico é a avaliação mais importante2,4. Contudo, estudo mostrou a importância dos Testes de Desempenho Contínuo (CPT) no processo de diferenciação de crianças com TDAH com crianças normais4. Por mais que fosse uma ferramenta muito boa no diagnóstico do TDAH essa ainda se apresentou inapropriada sendo o julgamento clínico o mais importante instrumento4.

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Quadro 1. Mapa conceitual do questionário SNAP IV resumido com 21 perguntas e 4 opções de resposta

Fonte: https://www.scielo.br/pdf/rprs/v28n3/v28n3a08.pdf

Manejo comportamental do paciente infantil

Cirurgiões dentistas que fazem o

atendimento de crianças devem estar habilitados não só tecnicamente, mas também para lidar com o comportamento pois é frequente 1.Não consegue prestar muita atenção a detalhes? 2.Tem dificuldade de manter atenção? 3.Parece não estar ouvindo quando se fala com ele? 4.Não segue instruções até o fim? 5.Dificuldade para organizar atividades? 6.Evita tarefas que exigem esforço mental prolongado? 7.Perde coisas? 8.Distrai-se com estímulos externos? 9.É esquecido em atividades do dia-a-dia? 10.Mexe com as mãos ou os pés? 11.Sai do lugar quando deve ficar sentado? 12.Corre de um lado para outro ou sobe demais nas coisas? 13.Dificuldade de envolver em atividades calmas? 14.Não para ou

está a “mil por hora”? 15.Fala em excesso? 16.Responde às perguntas de forma precipitada? 17.Dificuldade de esperar sua vez? 18.Interrompe os outros ou se intromete? 19.É irritável? 20.Culpa os outros pelos seus erros? 21.Faz coisas de propósito que incomodam outras pessoas? 22.Se recusa a atender pedidos ou regras? 23.Discute com adultos? 24.Descontrola-se? 25.É zangado e ressentido? 26.É maldoso ou vingativo? NEM UM POUCO SÓ UM

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8 crianças não colaborem no atendimento20.

Com relação ao manejo odontológico do paciente infantil existem estratégias psicológicas de comportamento que podem ser usadas com o propósito de moldar o paciente a enfrentar de forma colaboradora o tratamento odontológico21.

Dentre as técnicas de manejo mais utilizadas em odontopediatria encontra-se: distração, relaxamento, uso de atividades lúdicas, falar-mostrar-fazer, controle de voz, comunicação não verbal, reforço positivo, distração, modelo 11,12,20–24 e estabilização protetora25.

Em relação ao paciente com TDAH nem todas as técnicas de manejo surtiram o efeito desejado, as consultas devem ser o mais curtas possíveis devido à característica de não conseguirem ficar muito tempo quietos e não se deve fazer excesso de estímulos.

O paciente infantil com TDAH mostra dificuldades de prender a atenção e realizar uma tarefa10. As técnicas de manejo comportamental em relação ao paciente com TDAH englobam consultas curtas e são exitosas às técnicas de distração, contenção física, comunicação verbal e nível e tom de voz objetivo e reforço

positivo imediato e de uso limitado as técnicas dizer mostrar fazer e modelagem.

Pacientes com TDAH tem dificuldades de se comprometer com tarefas sem recompensa imediata13. Portanto, pode ser usado o reforço positivo desde que seja imediato como com elogios, gestos positivos,

expressão facial etc.

Discussão

Os autores concordaram que o TDAH é um dos distúrbios mais frequentes do desenvolvimento

neurológico diagnosticado

constantemente em crianças1,3,6,18,19. Notou-se que a taxa de prevalência global é de 5% a 7% de acometimento em crianças e adolescentes4,5. Em contraposição, um estudo de 2020 demonstrou que a prevalência é de 3 a 7% em crianças em idade escolar3. Entretanto, é tido como o transtorno do neurodesenvolvimento e neurocompor-tamental6, 7,10.

O TDAH não tem uma descrição no meio científico em relação a definição da sua etiologia14. Em contraposição, outro estudo mostrou que as origens genéticas e multifatoriais são as mais verificadas com acometimento do cérebro frontal e

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9 suas conexões com os gânglios basais3,6. Apesar de seu acometimento estar relacionado a um quadro heterogêneo de anormalidades neurológicas sensibilizado por fatores genéticos e exposições ambientais que manifestaram-se no desenvolvimento humano, tal fator, ocorreu por conta de anormalidades presentes no desenvolvimento do lóbulo frontal e outras áreas cerebrais3,15. Concordante, é considerado um transtorno devido aos grandes acometimentos que este trouxe em diferentes contextos de vida14. Inclusive, esse distúrbio é caracterizado por diferentes graus de atenção, hiperatividade e impulsividade presentes antes dos 12 anos de idade8,16. Portanto, essas características originam-se da inabilidade que o paciente TDAH possui de impossibilitar reações impulsivas e de ponderar o futuro como guia de comportamento16.

Estudos demonstraram que relacionado à desatenção é encontrada situações como cometer erros ou descuidos escolares, perder objetos, não conseguir persistir ou terminar tarefas que envolvam um grande esforço mental8,14. No entanto, os sintomas de hiperatividade mostraram-se na excessiva motricidade, agitação

ao falar, impulsividade e outras8,14. Outro estudo acrescentou que em relação a suas características, o SNAP-IV afirma que o TDAH tem dificuldade de se atentar a detalhes pois não prestavam atenção neles, cometiam erros devido ao descuido em suas tarefas, ficavam distraídos por motivos que não possuíam relação com suas tarefas e demostravam certa dificuldade em estar aberto para escutar instruções e perguntas17.

Vários estudos mostraram que o diagnóstico do TDAH é clínico, pois não tinham testes laboratoriais capazes de diagnosticar essa patologia2,4,19. Consequentemente, um estudo mostrou que era importante também ter instrumentos para um diagnóstico preciso4. Porém, não havia um único teste usado para diagnosticar a desordem sendo o diagnóstico clínico o mais aceito2,4,7,14,15. Em contraste, relevante estudo mostrou a importância dos Testes de Desempenho Contínuo (CPT) no processo de diferenciação de crianças com TDAH com crianças normais4. Contrariamente, outro estudo afirmou que não se achou nenhum teste capaz de fazer o diagnóstico do TDAH, pois seu diagnóstico devia ser clínico7.

O DSM-5 preconiza que os sintomas de TDAH está baseados na

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10 desatenção, hiperatividade e comportamentos impulsivos18. Utiliza critérios comportamentais descritos no DSM-5 para diagnóstico do TDAH. Então, avaliações objetivas como

testes neuropsicológicos,

eletroencefalografia (EEG) e neuroimagem possuem uso irrestrito quanto ao diagnóstico, não sendo tão efetivos2. Em contraste, estudos mostraram que era fundamental a aplicação do SNAP-IV, visto que às vezes as crianças não conseguiam relatar de forma precisa sobre como era seu comportamento9,10.

Ocorre que nesse transtorno a disposição genética engloba vários genes não apenas um gene. Deste modo, as influências ambientais são importantes, pois cada gene iria agir de forma diferente entre os pacientes relacionando com as influências ambientais19. Pelo contrário, outro estudo apontou que em relação a alterações neuroquímicas os neurotransmissores como dopamina e noradrenalina tem alterações em sua região frontal e conexões19. De maneira oposta, o DSM-5 demonstra que não existem marcadores biológicos para o TDAH8. E outro estudo coincidente afirmou que não existem marcadores biológicos, eletro físicos ou de neuroimagem capazes de diagnosticar

efetivamente o TDAH19.

Dentre os profissionais capazes de diagnosticar e tratar o TDAH existe uma discussão entre profissionais como psiquiatras, psicólogos, psicanalistas, neurologistas infantis, pediatras, terapeutas cognitivos comportamentais, neurocientistas, entre outros17. Desta maneira, os cirurgiões dentistas que realizam o atendimento de crianças devem estar habilitados não só tecnicamente mas também para lidar com o comportamento, pois é frequente que crianças não colaborem no atendimento20. É importante ressaltar que deve ser observado o desenvolvimento cognitivo do paciente, e o cirurgião dentista deve ter o conhecimento sobre a história dele para poder aplicar a técnica correta para cada caso22.

Dentre as técnicas de manejo mais utilizadas em odontopediatria estudos concordaram na utilização da distração, falar-mostrar-fazer, controle de voz, comunicação não verbal, reforço positivo, distração, modelo 11,12,20–24 e estabilização protetora25. Contudo, em relação ao paciente com TDAH nem todas as técnicas de manejo surtiriam o efeito desejado.

Para que fosse realizada a abordagem da criança são utilizadas

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11 técnicas que devem estar apropriadas à classe social, idade, gênero e ao estado de saúde seja ele geral ou bucal e também a fatores familiares12. Outro estudo foi concordante em que existia a necessidade de gerenciar o comportamento infantil para que fosse possível o atendimento odontológico e que fosse propiciado segurança para a criança. Para tanto, deviam ser utilizadas técnicas não farmacológicas de controle do comportamento11.

Estudos mostraram que a comunicação verbal consistia em explicar verbalmente os procedimentos ao paciente11,12. Porém, outro estudo demonstrou que os indivíduos com TDAH possuíam dificuldades de prestar atenção em detalhes, cometiam deslizes ao realizar suas tarefas e ficavam distraídos facilmente. Portanto, a técnica da comunicação verbal tinha que ser aplicada da forma mais objetiva possível17. Ao contrário da comunicação verbal, estudos mostraram que a comunicação não verbal refere-se ao auxílio as disposições de comportamento sejam estas por contato, postura, expressão fácil e linguagem corporal adequada que fortaleciam o que foi dito verbalmente11,12.

Estudos mostraram que a técnica dizer-mostrar-fazer/

falar-mostrar-fazer/ tell-show-do consistia em três passos, o falar que eram explanações verbais de acordo com o grau de desenvolvimento do paciente, o mostrar que estava relacionado aos sentidos (audição, olfato e tato) e o fazer que estava relacionado a conclusão do procedimento com base na anterior explicação e demons-tração11,12,23. Não obstante, dentre as características apresentadas por crianças com TDAH encontraram-se sonhar acordadas, não escutar, se distraiam fácil pelo ambiente, necessitavam de continuada atenção e não sabiam o que começavam, dificuldade de controlar seus impulsos, sempre interrompiam os outros sendo vistas como impacientes, não esperavam sua vez e sempre respondiam antes da hora, sempre estavam procurando atalhos para realizar suas tarefas15. Por isso, essa técnica pode ser considerada inadequada para esse tipo de paciente. A técnica de controle da voz (nível e tom de voz) compreendia no controle da mudança de volume, tom e velocidade da voz objetiva prender a atenção para se obter a cooperação do paciente infantil evitando os comportamentos inadequados12. No entanto, o paciente infantil com TDAH mostra dificuldades de prender a

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12 atenção por um tempo longo e em eleger uma informação importante em cada problema com dificuldade de estruturar e realizar uma tarefa10. Enfim, a técnica do controle de voz era bastante eficiente para interromper comportamentos inadequados, onde deve ser utilizado comandos imediatos e decididos interrompendo más ações que foram praticadas12. Essa técnica funciona bem no paciente TDAH desde que seja objetiva.

A técnica da distração desvia a atenção do paciente para que ele não tenha a assimilação de procedimentos desagradáveis11. Simultaneamente, visa contornar a atenção da criança para outra coisa, como músicas, vídeos, histórias infantis, conversa sobre um determinado assunto ou até mesmo a permitir que use um brinquedo contanto que não atrapalhe o procedimento12. Ocorre que o paciente infantil com TDAH mostra dificuldades de prender a atenção por um tempo longo e por isso a técnica de distração é adequada a esses pacientes10.

A estabilização de segurança/ contenção física restringe os movimentos da criança com o intuito de diminuir os riscos de algum acidente ou agravos enquanto ocorria o tratamento. Logo, essa técnica promove uma melhora na qualidade do atendimento

odontológico. Embora, essa só devesse ser utilizada em pacientes não colaboradores após o insucesso das demais técnicas não farmacológica de manejo do comportamento11. Pois, foi uma técnica de última escolha por não empregar todas as crianças. Assim, pode ser utilizada em pacientes menores de três anos não colaboradores e que possuíam um mínimo grau de maturidade, ou em crianças com alguma deficiência mental não colaboradoras e nas com deficiência física que impossibilite a manipulação. Com isso, visa diminuir os riscos de acidentes e promoveu um atendimento seguro e de qualidade12. Todavia, quando se tratando do paciente TDAH esses possuem grande motricidade, sendo incapazes de parar as atividades motoras e ficarem quietos sentadas15. E por isso a técnica de contenção física é adequada para esse paciente, pois ela objetiva a proteção da criança.

O reforço positivo motiva o bom comportamento da criança por meio de elogios, gestos positivos, expressão facial etc. Embora, quando se trata de crianças existiu dificuldade para que elas abrissem a boca pois exige muita confiança. Portanto, elogios contínuos quando a criança segue os comandos podem aumentar a relação de

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13 confiança. Similarmente, para realizar o reforço positivo pode ser utilizado elogios, expressões faciais positivas brinquedos, lembrancinhas etc12. De acordo, quando se refere ao paciente com TDAH essa técnica funciona bem desde que eles recebam uma recompensa imediata. Afinal, um estudo demonstrou a similaridade de

que pacientes com TDAH

encontraram dificuldades em se comprometer com afazeres que não possuem recompensa imediata ainda que existisse uma recompensa futura pois eles não suportam demora13.

A técnica conhecida por modelo consiste na utilização de vídeos, teatrinho ou de outra criança que já foi manejada e responde bem ao tratamento atendendo como um modelo ao paciente de primeira vez no consultório ou que tinha algum trauma odontológico. Destarte, é um

instrumento utilizado no

condicionamento do paciente podendo ser utilizada em crianças de qualquer idade, mas funcionando melhor em crianças abaixo dos 7 anos12. Em contraste, estudo ressaltou que pacientes com TDAH ficam distraídos por motivos não relacionados às suas tarefas e possuem dificuldade em escutar instruções e perguntas17. Portanto, tal técnica não funciona bem no paciente TDAH.

Conclusão

As técnicas de manejo comportamental em relação ao paciente com TDAH englobam consultas curtas e são exitosas às técnicas de distração, contenção física, comunicação verbal objetiva e nível e tom de voz objetivo e reforço positivo imediato e de uso limitado as técnicas dizer mostrar fazer e modelagem.

Dental management in children with Attention Deficit Hyperactivity

Disorder (ADHD): Literature review

Abstract

Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) is one of the most frequently diagnosed psychological disorders in children. The main symptoms of this disorder are inconsistent and chronic levels in the development of inattention, impulsivity and hyperactivity. According to the symptoms, there are three forms of presentation: predominantly inattentive, predominantly hyperactive-impulsive, and combined. Clinical judgment is the method of diagnostic evaluation

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carried out by professionals such as psychiatrists, psychologists, psychoanalysts, child neurologists, pediatricians, cognitive behavioral therapists, neuroscientists and other professionals. The objective was to conduct a literature review on the different non-pharmacological techniques for behavioral management that can be performed on ADHD patients. It was concluded that the behavioral management techniques in relation to the patient with ADHD include short consultations and are successful with the techniques of distraction, physical restraint, objective verbal communication and objective level and tone of voice, immediate positive reinforcement and limited use the techniques tell-show-do and modeling.

Keywords: Attention Deficit Disorder With Hyperactivity. Pediatric Dentistry. Behavioral

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Referências

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