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ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA HIS EM CIDADES PEQUENAS E MÉDIAS: uma leitura a partir do território goiano

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ASSISTÊNCIA TÉCNICA PARA HIS EM CIDADES PEQUENAS E

MÉDIAS: uma leitura a partir do território goiano

HUGUENIN, J.P.O. (1); THIESEN, J.R.P. (2); LUCAS, E.R. (3); SARMENTO, A.K.P.

(4); MACHADO, T.A. (5); SILVA, D.M. (6)

1. Universidade Federal de Goiás. Curso de Arquitetura e Urbanismo- UAECSA-Regional Goiás Av. Bom Pastor, s/nº, Areião, Goiás-GO

E-mail:joao_hugenin@ufg.br

2. Universidade Federal de Goiás. Curso de Arquitetura e Urbanismo- UAECSA-Regional Goiás Av. Bom Pastor, s/nº, Areião, Goiás-GO

E-mail:joserpt@ufg.br

3. Universidade Federal de Goiás. Curso de Arquitetura e Urbanismo- UAECSA-Regional Goiás Av. Bom Pastor, s/nº, Areião, Goiás-GO

E-mail: edinardolucas@ufg.br

4. Universidade Federal de Goiás. Curso de Arquitetura e Urbanismo- UAECSA-Regional Goiás Av. Bom Pastor, s/nº, Areião, Goiás-GO

E-mail: anapassos.arq@gmail.com

5. Universidade Federal de Goiás. Curso de Arquitetura e Urbanismo- UAECSA-Regional Goiás Av. Bom Pastor, s/nº, Areião, Goiás-GO

E-mail: thaisaraujomachado@hotmail.com

6. Universidade Federal de Goiás. Curso de Arquitetura e Urbanismo- UAECSA-Regional Goiás Av. Bom Pastor, s/nº, Areião, Goiás-GO

E-mail: dmiranda1304@gmail.com

RESUMO

O presente artigo busca discutir a assessoria técnica em habitação de interesse social para famílias de baixa renda em cidades pequenas e médias. As cidades pequenas e médias em contextos não metropolitanos contam com baixo número de profissionais arquitetos urbanistas, muitas prefeituras não tem nem ao menos um profissional dessa área de atuação. Além disso, a formação desse profissional muitas vezes não é voltada para atender as demandas sociais em questão, como a política urbana e a habitação de interesse social. Nesse sentido, apontamos as dificuldades de efetivação da lei 11.888/2008 em cidades pequenas e médias a partir da realidade do território goiano. Por fim, trazemos a experiência desenvolvida na cidade de Goiás, a partir de uma parceria com o Conselho de Arquitetura e Urbanismo de Goiás, a Prefeitura Municipal de Goiás e o Governo do Estado.

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Introdução

O estado de Goiás possui 246 municípios, sendo que dois apresentam população com mais de 500.000 habitantes (Goiânia e Aparecida de Goiânia) e 87% dos municípios do estado possuem população inferior a 20.000 habitantes. Observando o território goiano e os dados do Sistema de Informação e Comunicação Conselho de Arquitetura e Urbanismo para o ano de 2015, percebemos que a distribuição dos arquitetos e urbanistas também apresenta grandes distorções, com vários municípios que não possuem profissionais da área, outra parte que não conta com número de profissionais suficientes para atender adequadamente sua população, enquanto que Goiânia, capital do Estado, apresenta a maior concentração de profissionais arquitetos e urbanistas.

Considerando que o município é o ente federado responsável pelas políticas de ordenamento territorial urbano e o arquiteto e urbanista o profissional com atribuição para elaborar e implementar essas políticas, verificamos que muitas cidades goianas não apresentam condições objetivas e operacionais de cumprirem essa responsabilidade. Dentre as políticas urbanas necessárias a essas cidades, uma que tem grande impacto na qualidade de vida dos seus moradores é a Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social, que foi “garantida” pela Lei 11.888/2008 como um direito de famílias de até três salários mínimos, necessária para efetivar o direito constitucional à moradia.

Inserido no contexto goiano, encontramos a realidade da Cidade de Goiás, que apresenta aproximadamente 25.000 habitantes e possui um centro histórico expressivo, tendo sido reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO em 2001. Se por um lado a realidade do município faz com que encontremos na cidade arquitetos e urbanistas, esses mesmos são responsáveis pela política de proteção patrimonial, limitando-se a uma atuação no centro histórico enquanto as periferias da cidade concentram a maior demanda por ações para habitação de interesse social, resultado da segregação socioespacial.

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elaboração dos projetos habitacionais de 15 famílias indicadas pela Prefeitura Municipal de Goiás a partir de um cadastro habitacional prévio. A iniciativa se viabilizou a partir de um edital do CAU-GO para ações de HIS. Além disso, Prefeitura e Universidade tem buscado articulações com o Governo do Estado para que esses projetos sejam executados através do “Cartão Reforma”, política estadual que fornece até R$3.000,00 para a compra de materiais para reforma habitacional. A partir desse contexto específico buscamos trazer reflexões que possam contribuir para a efetivação de assessoria técnica para HIS.

A política de Assistência Técnica para HIS

O direito à moradia foi reconhecido como um direito social em nossa constituição a partir da Emenda Constitucional nº26, de 14 de fevereiro de 2000. No entanto, verificamos que essa norma não é efetivamente aplicada, não possuindo assim a eficácia social que deveria possuir.

Se política e juridicamente a habitação é reconhecida como um direito do cidadão, socialmente ela é compreendida como uma vantagem. O hiato entre o ideário da habitação como um direito cidadão e a realidade da habitação enquanto um privilégio de alguns se constitui em um problema urbano que afeta todo o território nacional, desde nossas metrópoles até as cidades com baixos índices populacionais.

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Dentre as políticas setoriais da política urbana está a habitacional, que a exemplo do ordenamento territorial urbano, não consegue ser efetivada em muitos municípios, sobretudo pequenos e médios, que apresentam em seu quadro funcional poucos profissionais habilitados a tratar da questão.

Além da Constituição Federal de 1988 e do Estatuto das Cidades, ainda há mais duas leis federais que incidem sobre as questões habitacionais: a Lei 11.124/2005, primeira lei de iniciativa popular aprovada que instituiu o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social (SNHIS) e o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS), e a Lei 11.888/2008, que assegura assistência às famílias de baixa renda técnica gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social.

A Lei de Assistência Técnica implica na criação de um sistema público para a remuneração do trabalho de arquitetos urbanistas e engenheiros que atendam famílias de até 3 salários mínimos para elaboração de projeto, acompanhamento e execução de obras necessárias para edificação, reforma, ampliação ou regularização fundiária da habitação.

A assistência técnica, pela lei, poderia ser oferecida por: servidores públicos, organizações não governamentais, por universidades através de programas de extensão de escritórios modelos ou escritórios públicos, ou por profissionais autônomos e pessoas jurídicas devidamente credenciados, selecionas e contratados por órgãos públicos.

Uma das questões que se coloca é que a Lei de Assistência Técnica seja integrada à Política Nacional de Habitação, utilizando recursos do Fundo Nacional de Habitação, com recursos previstos no orçamento público, o que de fato não aconteceu a contento desde a criação do FNHIS em 2005. Além disso,

(...) muitas dúvidas ainda cercam a sua implantação, pois as prefeituras ainda não encontraram uma forma viável de colocar a lei em prática. Além disso, a lei também não especifica questões de responsabilidade técnica e critérios de aprovação dos projetos.

O fato é que cada vez mais a assistência técnica tem se mostrado importante e há grandes esforços para que ela seja implantada em âmbito nacional, entretanto, por ser uma atividade pouco desenvolvida até então, a assistência técnica para as habitações de baixa renda ainda não conta com modelos de funcionamento adequados. (SILVESTRE; CARDOSO, 2013)

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De acordo com a Fundação João Pinheiro, em 2010 o Brasil apresentava um déficit habitacional de 6.940.691 moradias. A quantificação desse número é formada por quatro categorias: domicílios precários, coabitação, ônus excessivo com aluguel e o adensamento excessivo de domicílios alugados.

Nacionalmente, o déficit habitacional de domicílios precários é de 1.343.435 domicílios, o que representa 19,4% do déficit. Se formos analisar os dados considerando as regiões metropolitanas e demais áreas do país, veremos que para as primeiras os domicílios precários representam menos de 10% do déficit habitacional, enquanto para as segundas esse percentual chega a quase 30%.

Déficit Habitacional por componente

Precários Coabitação Ônus Adensamento

Total Relativo ao Déficit Total Relativo ao Déficit Total Relativo ao Déficit Total Relativo ao Déficit Brasil 1.343.435 19,4% 2.991.313 43,1% 2.124.404 30,6% 481.539 6,9% R.M. 335.999 9,8% 1.556.451 45,6% 1.222.685 35,8% 301.233 8,8% Demais 1.007.435 28,6% 1.434.862 50,7% 901.719 25,6% 180.306 5,1%

Tabela 1: Déficit Habitacional por componente no Brasil, Regiões Metropolitanas e Demais áreas. Fonte: Fundação João Pinheiro, 2013

Considerando as famílias que não possuem renda e as que tem renda entre 0 e 3 salários mínimos, verificamos que o déficit habitacional referente aos domicílios precários é de 213.285 domicílios nas Regiões Metropolitanas e de 330.478 domicílios nas demais áreas, ou seja, as áreas não metropolitanas apresentam um déficit habitacional relativo a precariedade 1,5 maior do que as áreas metropolitanas.

Domicílios Precários Famílias sem renda

(A)

Domicílios Precários Famílias com renda de

0 a 3 S.M. (B)

Domicílios Precários Famílias com renda

até 3 S.M. (A+B)

Brasil 45.549 498.214 543.763

Regiões Metropolitanas 19.857 193.428 213.285

Demais áreas 25.692 304.786 330.478

Tabela 2: Domicílios precários pertencentes a famílias sem renda e com renda de 0 a 3 salários mínimos (S.M.), Regiões Metropolitanas e Demais áreas. Fonte: Fundação João Pinheiro, 2013

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As cidades no território goiano e a atuação dos profissionais de arquitetura e

urbanismo

O estado de Goiás possui 246 municípios, sendo que dois apresentam população com mais de 500.000 habitantes (Goiânia e Aparecida de Goiânia), 87% dos municípios do estado possuem população inferior a 20.000 habitantes, sendo que 97 municípios não chegam a ter 5.000 habitantes. Na Tabela 3 podemos observar a quantidade de municípios que se enquadram em diferentes portes, de acordo com o número de habitantes que apresenta.

Porte dos Municípios Número de Munícipios Concentração Populacional

Até 5.000 hab. 97 389402 De 5.001 a 10.000 hab. 58 513213 De 10.001 a 20.000 hab. 37 435467 De 20.001 a 50.000 hab. 32 1218487 De 50.001 a 100.000 hab. 10 728977 De 100.001 a 500.000 hab. 10 1645445 Mais de 500.000 hab. 02 1952607

Tabela 1: Porte dos Municípios de Goiás e Concentração Populacional Fonte: Elaborado com base na Estimativa da

População para o ano de 2015 feita pelo IBGE, 2016.

A realidade dos municípios do estado de Goiás é similar à diversas realidades encontradas sobretudo em outros estados das Regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte, que contam com muitos municípios com baixa concentração populacional. Nos estudos sobre as cidades usualmente temos o fator populacional como definidor de seu porte, ou seja, se uma cidade é pequena, média ou grande. As cidades pequenas seriam as com até 20.000 habitantes e as grandes teriam mais de 500.000, ficando as médias nessa grande faixa intermediária (MAIA, 2010). Mas, seria o quantitativo populacional suficiente para definir o porte de uma cidade? E mais, quais são os conceitos de cidade que estamos utilizando?

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Também vale ressaltar que cidades com quantitativo populacional próximo, mas localizações distintas, podem apresentar características totalmente diversas. Se compararmos a cidade de Itatiba, no estado de São Paulo, que na estimativa do IBGE em 2015 apresentava 113.284 habitantes, com a cidade de Formosa, no estado de Goiás, que na mesma estimativa apresentava 112.236 habitantes, veremos que a cidade paulista apresenta uma maior diversificação de comércios e serviços, além de oferecer melhor qualidade de vida à sua população.

Essa situação é resultado da concentração urbana do litoral brasileiro iniciada ainda no período colonial, onde o centralismo da metrópole levou a uma ocupação do interior em ritmo bastante lento, associado ao rígido estabelecimento de uma hierarquia entre vilas e cidades, que, por sua vez, implicaram no grande controle de investimentos a serem destinados à sua consolidação e expansão. Após séculos de urbanização mais intensa no litoral, o interior do país ainda se insere neste processo de forma muito lenta. Com isso, boa parte do território nacional conta com precárias condições de urbanização.

Nas cidades das periferias mais atrasadas, estagnadas ou remotas, o problema consiste de relações sociais, estrutura fundiária e padrões técnicos atrasados, relações rural-urbano pobres, carência por infraestrutura econômica e social, que no conjunto produzem emigrações, baixa renda, dependência por transferências governamentais, o que se traduz em baixa produção de riqueza e, portanto, baixa capacidade de alteração espontânea do quadro de estagnação da pobreza. (BITOUN e MIRANDA, 2009, p.5)

Os autores destacam que a política urbana para essas cidades deve articular diversos setores governamentais como maneira de fomentar as relações rural-urbano, criando assim uma nova dinâmica que permita criar possibilidades de crescimento, fortalecimento e consolidação desses núcleos urbanos.

Esse quadro nos coloca a necessidade de pensarmos globalmente o exercício da arquitetura e urbanismo a partir de características próprias que definem outras lógicas para o espaço urbano e a cidade no território goiano.

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concentram, respectivamente, 3,69%, 12,56% e 8,04% dos Arquitetos e Urbanistas atuantes.

Sobre a Região Centro-Oeste, o Distrito Federal é a Unidade Federativa com maior quantitativo de profissionais, com 4.012 arquitetos e urbanistas, seguido por Goiás, com 2.706 profissionais, Mato Grosso do Sul, 2.106 profissionais e Mato Grosso, com 1.720. Comparando a população dos estados com o número de arquitetos e urbanistas, conforme Tabela 4, Goiás apresenta a pior relação arquitetos e urbanistas/habitante, com a marca de 4,09 arquitetos a cada 10 mil habitantes, enquanto Brasília apresenta quase 10 arquitetos e urbanistas a cada 10 mil habitantes.

Distrito Federal Goiás Mato Grosso Mato Grosso do Sul Nº de Arquitetos e Urbanistas 4012 2706 1720 2106 População (nº de habitantes) 2914830 6610681 3265486 2499341 Arquitetos e Urbanistas / 10 mil

habitantes

13,76 4,09 5,27 8,43

Tabela 4: Relação de arquitetos e urbanistas/10 mil habitantes nos estados do Centro-Oeste Fonte: Elaborado pelos autores com base do Sistema de Informação e Comunicação do CAU

(SICCAU, 2015) e a Estimativa da População para o ano de 2015 feita pelo IBGE, 2016.

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Figura 1: Mapa com distribuição dos Arquitetos e Urbanistas no Estado de Goiás Fonte: Editado pelos autores com base em dados do IGEO, CAU (2016).

Considerando o arquiteto urbanista como o profissional responsável pela política urbana e um dos profissionais aptos a prestarem serviços de assistência técnica, verificamos que a maior parte dos municípios goianos com suas cidades pequenas e médias, não apresentam mão de obra suficiente para cumprirem esses desafios.

Universidade e ATHIS

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arquitetônica (sem necessidade de dividir o tempo com a prática de ensino, pesquisa, etc.), calendário de trabalho não regido por uma lógica letiva ou acadêmica, etc.

Por outro lado, a universidade se mostra como um campo muito profícuo para o desenvolvimento deste tipo de atividades, uma vez que os profissionais já formados (com suas exceções) carregam consigo uma série de "vícios" advindos de uma prática profissional que historicamente excluiu a maior parte da população de seu campo de atuação, restringindo-se a atender as classes médias e altas. As universidades, por outro lado, tem ou deveriam ter permanente contato com o exercício da crítica a este modelo e à construção de referências alternativas, que podem ser experimentadas na tentativa de cumprir com exigências previstas na lei 11.888 tais como a "busca de inovação tecnológica, a formulação de metodologias de caráter participativo e a democratização do conhecimento".

Podemos afirmar que, tal como prevê a lei 11.888, o mais adequado é que haja complementaridade entre o trabalho profissional e a prática da extensão e da residência universitária, de modo que as próprias universidades possam servir como difusoras das melhores práticas, contribuindo para que elas possam ser conhecidas e desenvolvidas nos municípios mais distantes dos grandes centros urbanos. Um bom exemplo desta tentativa é a criação da residência em arquitetura e urbanismo da Universidade Federal da Bahia (UFBA), voltada especificamente para a questão da assistência técnica em habitação. No caso da Cidade de Goiás, no entanto, as iniciativas têm sido restritas, por enquanto, ao âmbito universitário, já que a prefeitura municipal conta com um corpo técnico extremamente limitado (atualmente não há nenhum arquiteto em seu quadro) e nenhum recurso destinado à habitação. A própria diretoria de habitação da prefeitura está vinculada à secretaria de Assistência Social, o que revela o total descompasso no trato das políticas urbanas a nível municipal. Esta é uma realidade que, certamente, se repete em milhares de municípios brasileiros.

Uma experiência na cidade de Goiás

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Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Goiás - Regional Goiás se inscreveu a partir de uma proposta de longo prazo articulada a uma outra de curto prazo: a proposta de longo prazo era colocar em prática uma primeira experiência vinculada ao Laboratório de Projetos (Labproj) da UFG-RG, laboratório este previsto no PPC do curso. A proposta de curto prazo era esta experiência em si, em caráter de projeto piloto: desenvolvimento de 15 projetos de melhoria habitacional numa equipe de 5 docentes e 6 discentes bolsistas, na perspectiva (esta não associada ao projeto submetido ao edital) de efetivar as obras com recursos de programas habitacionais vigentes no âmbito dos governos municipal, estadual ou federal.

Após contemplados pelo edital e selecionados os discentes bolsistas, iniciou-se um trabalho de revisão bibliográfica e reuniões de formação a respeito do papel do arquiteto diante dos problemas habitacionais das populações de baixa renda e de metodologias de processos participativos de projeto. Paralelamente firmou-se um convênio com a Prefeitura Municipal com o objetivo de buscar os recursos necessários à execução das obras, o que poderia influenciar na escolha das famílias a serem contempladas (uma vez que cada programa habitacional possui exigências específicas para seu beneficiários). Dadas as restrições de quadro profissional da Prefeitura, este processo se estendeu bastante no tempo, tendo acarretado importantes atrasos nos cronogramas de execução dos projetos. Somente aproximadamente 3 meses após o início do projeto (previsto para um cronograma de 6 meses) é que foi possível um primeiro contato efetivo com as famílias indicadas pela prefeitura. Durante estes três meses de atraso a equipe procurou experimentar metodologias de processo participativo com famílias de conhecidos, deixando claro o caráter experimental dessas ações, atitude que contribuiu significativamente para amenizar o problema dos atrasos.

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acordo com o planejamento financeiro da família, contando com o crédito oriundo do programa "Cartão Reforma", do governo do Estado de Goiás (crédito obtido a partir das articulações da prefeitura municipal).

O trabalho, ainda em andamento, já demonstra que a diversidade de problemas encontrados é grande mesmo em famílias que estão na mesma faixa de renda: problemas estruturais na cobertura; rachaduras nas paredes; falta de ventilação adequada em alguns ambientes; necessidade de ampliação; coabitação; falta de acessibilidade; problemas sanitários e de higiene como a compulsão por acumular lixo dentro e fora de casa.

Figura 2: Fotos de moradias atendidas com problemas sanitários e de acessibilidade. Fonte: Daniel Miranda e Juliana Lago (2016).

A diversidade e quantidade de problemas encontrados em cada uma das moradias e o pouco recurso disponibilizado pelo Governo Estadual através do Cheque Moradia (3 mil reais) pode transformar o sonho de um projeto de assistência técnica gratuita em uma frustação de desejos que não saem do papel. É importante ressaltar então que, em casos onde as famílias não têm a capacidade de poupar e planejar a reforma em etapas, é ainda mais necessário que o Estado crie projetos e políticas para uma assistência continuada à essas famílias.

Considerações Finais

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bairros das elites, enquanto a maior parte da população acumula problemas de saúde, segurança, mobilidade, etc., por carência de espaço urbano e arquitetônico de qualidade. A mudança passa também pela formação do profissional arquiteto-urbanista, que precisa ter enfoques mais voltados à solução dos problemas das populações de baixa renda. Isto pode ser dinamizado pela realização de atividades de extensão, tais como a experimentada na UFG-RG. É importante, contudo, ter ciência das limitações as quais estas experiências estão sujeitas, uma vez que a dinâmica do trabalho na universidade muitas vezes se mostra pouco compatível com a dinâmica demandada pelo universo das políticas públicas e da realidade das famílias que necessitam de assistência técnica.

Referências Bibliográficas

BITON, J.; MIRANDA, L. Tipologia das cidades brasileiras. Rio de Janeiro: Letra Capital; Observatório das Metrópoles, 2009.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 29/10/2017. BRASIL. Emenda Constitucional nº 26, de 14 de fevereiro de 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc26.htm. Acesso em 29/10/2017.

CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo. Censo dos Arquitetos e Urbanistas do

Brasil. 2012. Disponível em:

<http://www.caubr.gov.br/censo/resource/site/pdf/nacional/Censo-CAU-Brasil.pdf>, Acesso em: 10/09/2016

FUNDAÇÃO JOÃO PINHEIRO. Déficit habitacional municipal no Brasil. Belo Horizonte: FJP, 2013.

INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL. Manual para implementação da assistência técnica pública e gratuita a famílias de baixa renda para projeto e construção de habitação de interesse social. S/D. Disponível em:

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LEFEBVRE, H. O direito à cidade. São Paulo: Centauro, 2001.

MAIA, D.S. Cidades médias e pequenas no nordeste: conferência de abertura. In: LOPES, D.M.F; HENRIQUE, W. Cidades médias e pequenas: teorias, conceitos e estudos de caso. Salvador: SEI, 2010. p. 13-44.

SILVESTRE, Michelli Garrido; CARDOSO, Luiz Reynaldo de Azevedo. Assistência Técnica para melhoria Habitacional. Disponível em: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/14.157/4803. Acesso em 29/10/2017. SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE COMUNICAÇÃO DO CONSELHO DE ARQUITETURA E URBANISMO. 5 de outubro: dia mundial da arquitetura.2016 Dosponível em:<http://www.cauam.org.br/?s=igeo&x=0&y=0&paged=2>. Acesso em 14/02/2017.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS. Projeto Político Pedagógico do Curso de

Arquitetura e Urbanismo: Unidade Acadêmica Especial de Ciências Sociais Aplicadas,

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