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UNIÕES MATRIMONIAIS E FAMÍLIA ESCRAVA EM SÃO RAIMUNDO NONATO, PIAUÍ ( )

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UNIÕES MATRIMONIAIS E FAMÍLIA ESCRAVA EM SÃO RAIMUNDO NONATO, PIAUÍ (1837-1888)

Déborah Gonçalves Silva

Doutoranda em História Social da Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA

Neste trabalho procuramos analisar as uniões matrimoniais entre escravos e a formação familiar estabelecida entre esses sujeitos de diferentes condições jurídicas e sociais na Vila de São Raimundo Nonato, Piauí, na segunda metade do século XIX. Apesar de existir uma vasta produção historiográfica sobre a população e, principalmente, sobre as relações escravistas no Piauí para este período, ainda são poucos os estudos a respeito dos aspectos histórico-demográficos e das relações familiares, especialmente nessa região. As informações existentes nos registros de casamento envolvendo escravos, libertos e livres pobres e o cruzamento das mesmas com dados oriundos de outras fontes, evidenciam o contexto das relações familiares e sociais o qual esses sujeitos estavam inseridos e as estratégias utilizadas pelos escravos para estabelecerem relações de parentesco e solidariedade dentro e fora da comunidade escrava.

PALAVRAS-CHAVE: Famílias escravas. Compadrio escravo. Sertão do Piauí. Século

XIX.

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UNIÕES MATRIMONIAIS E FAMÍLIA ESCRAVA EM SÃO RAIMUNDO NONATO, PIAUÍ (1837-1888)

Déborah Gonçalves Silva

Doutoranda em História Social da Amazônia Universidade Federal do Pará – UFPA

Os estudos a respeito da família escrava avançaram nas últimas décadas, destacando a possiblidade do estabelecimento de relações familiares envolvendo escravos, bem como as estratégias de sobrevivência e de resistência adotadas pelos mesmos no contexto escravista. Robert Slenes (1999) analisa, em sua obra Na senzala, uma flor, a formação da família, das redes de parentesco e os significados que essas relações possuíam para os cativos. Para ele, estas eram uma estratégia de “resistência cultural” dos escravos em relação ao domínio do senhor. Apesar de não considerar a pacificação no cativeiro como razão primeira dessas relações, o autor aponta as relações familiares entre escravos como forma de sobrevivência e de resistência ao sistema escravista.

Nessa perspectiva, as pesquisas sobre escravidão passam a destacar as experiências cotidianas desses cativos, valorizando o escravo enquanto sujeito histórico ativo. Ocorre também, a necessidade de analisar as relações na sociedade escravista, considerando os diferentes contextos temporais e espaciais, para que seja possível perceber as especificidades de organização familiar e de parentesco, bem como os múltiplos significados dessas relações para livres e escravos.

Sobre a importância da família nessa teia de relações, Sheila de Castro Faria

(1998), considera que a família além de exercer influência na classificação social,

proporciona movimentação e estabilidade aos escravos e, portanto, que as relações de

parentesco (consanguíneo e espiritual) apesar das condições impostas pelos senhores,

também se estabeleciam através das escolhas dos escravos. A autora demonstra que,

através do compadrio, os pais da criança batizada priorizavam nas suas escolhas os

padrinhos livres, libertos e escravos de senhores diferentes, o que, para ela, sugere um

grau de sociabilidade entre esses diferentes segmentos da sociedade.

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Apesar da historiografia piauiense apresentar uma variedade de estudos dedicados à escravidão, essa temática ainda permanece com diversas lacunas acerca da formação e manutenção da família escrava. Autores como Miridan Brito Falci (2005), Tanya Brandão (1999) e Solimar Oliveira Lima (2005), debruçaram-se na documentação histórica piauiense sobre escravidão, dedicando seus estudos a questões demográficas, sociais, econômicas, contribuindo para o avanço do conhecimento sobre a escravidão negra no Piauí. Contudo, aspectos relacionados à formação familiar e ao compadrio escravo, ainda são mencionados de forma secundária.

A obra Escravos do Sertão (1995), de Miridam Falci, destaca “que o escravo no Piauí fora resultado de um modelo demográfico que refletia a vida econômica e social da província verificando seus ritmos vitais, suas atividades e suas relações sociais”

(FALCI, 1995, p. 19-20). Com um trabalho pioneiro acerca da região, a autora faz uma análise na Província do Piauí entre os séculos XVII e XIX, a partir dos dados demográficos das cinco principais freguesias existentes na Província. Em seu estudo, a autora apresenta questões em torno da população, economia e força de trabalho da época, e analisa os vínculos familiares existentes entre escravos, livres e libertos a partir dos índices sobre matrimônios, batismos e legitimidade envolvendo cativos.

Em O escravo na formação social do Piauí (1999), Tânya Brandão, apesar de não negar a violência na relação entre senhor e escravo, considera a existência de diferenças de tratamento da escravaria entre as fazendas públicas e privadas do Piauí. A autora ainda destaca que a aquisição de um escravo poderia ter significado de ascensão social.

O historiador Solimar Oliveira Lima, em sua obra Braço Forte: trabalho escravo nas fazendas do Piauí, discorda dessa visão de que existiam condições diferenciadas entre as fazendas públicas e privadas, e esclarece que, assim como cativos de propriedades particulares, os homens escravizados nas fazendas públicas viviam numa atmosfera de fortes tensões sociais, onde a violência seria o principal meio de controle destes trabalhadores (LIMA, 2005).

Embora exista um significativo número de estudos em torno da vida familiar

escrava no Brasil, a maior parte dos pesquisadores que se debruçaram sobre esse tema,

concentraram suas pesquisas nas regiões de plantation e com grandes escravarias, de

modo que, as relações familiares e de parentesco em regiões com contextos

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socioeconômicos diferentes das regiões de plantation do século XIX, ainda carecem de mais pesquisas.

A documentação histórica das paróquias composta pelos registros de batismo, casamento e óbito, e os inventários post-mortem, são as fontes que possibilitam identificar e analisar as trajetórias individuais e as diferentes redes sociais e familiares relativas ao contexto escravista. Desse modo, através do cruzamento dos registros paroquiais, procuramos observar a existência de uniões matrimoniais de escravos, sacramentadas ou não pela igreja católica, no município de São Raimundo Nonato, Sudeste do Estado do Piauí.

1. São Raimundo Nonato, Sudeste do Piauí

O processo de ocupação da região, onde, atualmente, delimita-se o Município de São Raimundo Nonato, esteve fortemente influenciado pela criação de gado, que impulsionou a instalação das primeiras fazendas no sertão, fazendas estas, caracterizadas pelas grandes extensões de terras, sem demarcações que estabelecessem os seus limites, onde em sua maioria criavam o gado solto pela caatinga. (MOTT, 2010).

No período em estudo, entre os anos de 1837 e 1888, São Raimundo Nonato caracterizava-se pela predominância de propriedades de terras com pequena posse de mão-de-obra escravizada. Além do cultivo de gêneros agrícolas para abastecimento interno, a pecuária, que foi a base da ocupação colonial no Sudeste do Piauí, foi a atividade que proporcionou fortalecimento econômico e surgimento dos primeiros núcleos urbanos na região.

Durante os séculos XVII e XVIII, o Piauí enviava gado bovino para as Capitanias da Bahia, do Pará, Maranhão, Pernambuco e Minas Gerais. Ainda de acordo com Prado Júnior, a região tornou-se “[...] um corredor de integração confiável entre os estados do Grão-Pará e do Brasil, possibilitando, por exemplo, o deslocamento de pessoas e rebanho de gado para o abastecimento da região das Minas Gerais no auge do período da mineração” (1973, p. 66).

Os dados do primeiro censo setecentista elaborado por Pe. Miguel de Carvalho

(apud FALCI, 2000, p. 264), em Descrição do Sertão do Piauí, revelam que a

população escrava do Piauí correspondia a 64,51%, distribuída entre 74,28% de negros

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e 22,85% de índios. Porém, a partir do ano de 1855, a Província do Piauí contava com um total de 13.966 cativos, que constituíam aproximadamente 7% da população total. Já no ano de 1870, a população da Província do Piauí, contava com aproximadamente 202.222 habitantes, entre livres e escravos, atingindo os seus 250.000 habitantes no final do século XIX, onde 17.327 eram escravos. Deste total, 1.247 encontrava-se em São Raimundo Nonato (CHAVES, 1998, p. 194-195).

A Freguesia de São Raimundo Nonato foi criada, em 1832, por meio do Decreto Regencial 8.832, na Região Confusões. O Distrito-Freguesia foi elevado à categoria de Vila em 1850, mantendo a mesma denominação e localização anterior. De acordo com o Relatório do Presidente da Província João José de Oliveira Junqueira, datado de 1858, existiam 284 fazendas na região de São Raimundo Nonato.

Com base na análise das informações contidas nos inventários, foi possível identificar propriedades que possuíam de 6 a 10 escravos, e de 11 a 20, constituindo plantéis médios e grandes, respectivamente. Por outro lado, verifica-se que a maioria dos escravos convivia em pequenos plantéis formados por até 5 cativos, assinalando a predominância de pequenas propriedades na região.

1

A maioria dos inventariados possuía mais de uma posse de terra na região, o que nos leva a considerar que os escravos em sua posse trabalhavam nas diferentes fazendas do seu senhor. Segundo Chaves (1998, p.190-194), os “negros escravos eram geralmente ajudantes dos vaqueiros nas fazendas e sítios piauienses”. Além disso, era costume entre os proprietários de escravos “[...] alugarem a outras pessoas os serviços deles, auferindo renda dessa forma”.

Em relação as atividades econômicas, boa parte dos proprietários estava dedicada a criação de animais, com seus pequenos rebanhos de gado, cabras, ovelhas, cavalos e mulas; outros proprietários voltados para o plantio de milho, feijão e mandioca, além de possuírem casas de farinha e olarias. Outra consideração a ser feita, diz respeito aos escravos que estão entre os bens inventariados, por meio do cruzamento dessa informação com os dados dos registros de eventos vitais (casamento, batismo e óbito), é possível perceber a existência das famílias escravas e o estabelecimento de parentesco entre cativos das diferentes fazendas.

1Utilizamos os inventários post-mortem como fonte principal para examinar os padrões de posse dos escravos da região de São Raimundo Nonato. Ao todo foram utilizados 171 inventários entre os anos 1840 a 1886.

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2. O Casamento e a formação da família escrava

Estudar o casamento de escravos torna-se um grande desafio quando se considera a limitação das fontes históricas, pois o registro de casamento só ocorria quando este era oficializado pela igreja. Nesse caso, as uniões consensuais entre cativos não eram reconhecidas e consequentemente, não havia registro documental das mesmas.

No esforço de compreender a dinâmica do matrimônio entre escravos, buscamos nos livros de registros de casamento da Paróquia de São Raimundo Nonato, datados de 1837 a 1884, informações a respeito da oficialização do matrimônio. Assim como, a partir do cruzamento desses dados com outras fontes, - inventários post-mortem e assentos de batismo -, identificar a existência dessas famílias.

As alianças matrimoniais podem ser utilizadas pelos diferentes grupos sociais, como estratégia de ampliação das redes de relações, bem como um arranjo de sobrevivência. Para Daniel Barroso (2012, p.66), “casar-se poderia ser, concomitantemente, um mecanismo de inserção social e uma estratégia de sobrevivência, sem que ambas estas facetas fossem, todavia, antagônicas entre si”.

A partir da leitura dos registros, identificamos que, em muitos casos, algumas informações foram negligenciadas pelos párocos, principalmente, o nome dos pais, a cor e a idade dos nubentes. Sheila Faria (1998, p.308), em estudo sobre os casamentos realizados pela igreja católica no período colonial, observa a ausência de referência aos pais dos escravos nos registros de casamento. A autora explica que o nome dos pais não era exigido para africanos, isto é, a ausência dessa informação não se constituía como um problema para a realização do matrimônio destes, e, segundo ela, “com certeza os párocos estenderam preguiçosamente o costume a todos os escravos, mesmo com pais conhecidos”.

De acordo com o Censo de 1872, do total de 526 escravos em São Raimundo Nonato, 228 eram homens e 298 mulheres. Nota-se que 57% dos escravos da região eram do sexo feminino. O censo também apresenta 12 escravos como casados naquele período, sendo 04 homens e 08 mulheres. É importante destacar que, apenas as uniões oficializadas eram reconhecidas.

Os dados da tabela abaixo demonstram uma variação em relação ao matrimônio

de livres e escravos entre os períodos de 1837 e 1886 em São Raimundo Nonato. Dos

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1.732 registros de matrimônio, 96,3% envolvem pessoas livres e 3,7% de escravos. É preciso considerar que devido as barreiras que limitavam o matrimônio, como os custos e a apresentação de licenças de impedimento, os escravos tinham menos acesso a oficialização da união do que a população livre. Além disso, a desproporcionalidade entre número de homens e de mulheres e os plantéis com pequena posse escrava (média entre dois e três escravos por propriedade) pode ter sido também um fator que limitava o estabelecimento desses laços. Observamos também, que ao longo do período analisado as uniões oficializadas pela igreja cresceram tanto para livres como para escravos, sendo que para estes, a partir de 1870 os dados começam a se estabilizar. Em relação a isso, podemos considerar que para os cativos o casamento seria uma forma de evitar a separação destes e de seus filhos (FLORENTINO & GOÉS, 1997).

T

ABELA

01

PARTICIPAÇÃO DE LIVRES E ESCRAVOS NOS CASAMENTOS NA FREGUESIA DE SÃO RAIMUNDO NONATO (1837-1886)

Período Casamentos

Escravos % Casamentos

Livres % Total no Período % 1837 - 1847 16 (0,9) 213 (12,3) 229 (13,2) 1848 - 1858 15 (0,9) 359 (20,7) 374 (21,6) 1859 – 1869 10 (0,6) 430 (24,8) 440 (25,4) 1870 – 1886 23 (1,3) 666 (38,5) 689 (39,8)

TOTAL 64 (3,7) 1668 (96,3) 1732

Fonte: Livros de registros paroquiais de casamento da Freguesia de São Raimundo Nonato-PI

Quanto a sazonalidade das uniões matrimoniais de escravos, para o período

estudado, estas ocorreram com maior incidência entre os meses de janeiro e julho. A

predominância dos dois meses, podem estar relacionadas às questões religiosas e de

produção agrícola, respectivamente. O mês de janeiro surge como o preferencial quando

se trata das uniões matrimoniais de escravos, possivelmente por se tratar do mês

posterior ao período de restrição para celebração de matrimônios, ou seja, do primeiro

Domingo do Advento até o dia da Epifania, seis de janeiro. Julho, por sua vez, marca o

período posterior a colheita dos gêneros agrícolas, provavelmente seria um mês propício

para o casamento. Essa questão da sazonalidade das uniões matrimoniais ainda necessita

de maiores estudos, porém, é possível perceber que tanto para livres, como para

escravos, o calendário litúrgico e o período de produção e colheita dos gêneros agrícolas

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podiam de alguma maneira influenciar na escolha dos nubentes sobre o período em que deveriam contrair o matrimônio.

A documentação sugere que as dificuldades em sacramentar as uniões também podem estar relacionadas à posse escrava nos pequenos plantéis, isto é, com um número reduzido de escravos nas propriedades, as condições para a constituição de famílias e de garantia da estabilidade, eram menores. Stuart Schwartz (1998) e Robert Slenes (1999), explicam que o casamento entre escravos era mais comum nos grandes plantéis e que, os cativos das pequenas propriedades também teriam menor possibilidade em estabelecer laços através do casamento, em razão da dificuldade em casar com escravos de outras propriedades.

Ao analisar a estrutura de posse de cativos e o estado conjugal destes nas Listas de Classificação de 1874 a 1877, na Província do Piauí, Carla Aparecida Silva (2003, p.

58) chama a atenção para a concentração de escravos solteiros em todas as faixas de plantéis sendo que, em plantéis menores, essa concentração era maior. Segundo ela,

“conforme vai aumentando os tamanhos dos plantéis se nota uma diminuição dessa participação e consequente aumento dos pais casados e viúvos e dos filhos, ou seja, as famílias estão mais representadas em plantéis maiores”.

Em 1869, o decreto nacional n

o

1.695, proibia a separação de casais por venda, não obstante, como destaca Slenes (1999, p. 96), a separação entre escravos ainda podia ocorrer. Apesar desse risco, consideramos que casar oficialmente representava para o cativo uma estabilidade familiar, sobretudo, porque, em virtude da lei, estes eram impedidos de serem separados e, provavelmente, esse fator tornou-se mais um aspecto que fortalecia a importância da oficialização do matrimônio.

Para Florentino e Goés (1997, p.177), o casamento foi uma maneira utilizada

pelos cativos para evitar a separação destes, bem como de seus filhos. Sheila Faria

(1998, p. 304), também considera que: “casar-se significava buscar uma estabilidade

familiar e um respeito social, [...] estratégico, no caso de escravos, forros e mestiços”. A

tabela abaixo apresenta os arranjos matrimoniais mistos, isto é, envolvendo nubentes de

diferentes condições jurídicas.

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Tabela 02

ARRANJOS MATRIMONIAIS ENTRE ESCRAVOS, LIVRES E LIBERTOS NA FREGUESIA DE SÃO RAIMUNDO NONATO (1837-1886)

Fonte: livros de registros paroquiais de casamento da Freguesia de São Raimundo Nonato-PI

A tabela acima reúne algumas informações a respeito dos arranjos matrimoniais envolvendo escravos, livres e libertos e evidenciam que os escravos se envolveram com indivíduos de mesma condição jurídica, em sua maioria, escravos pertencentes do mesmo proprietário ou de familiares deste. Mas também ocorreram arranjos matrimoniais mistos, ou seja, libertos casaram-se com libertas e com escravas; assim como indivíduos livres casaram-se com escravas. Apesar das uniões matrimoniais em que os homens eram livres ou libertos e as mulheres escravas, representarem um baixo percentual, é possível que essas escolhas estejam relacionadas a conquista da liberdade da escrava ou mesmo, no caso dos libertos, a possibilidade de ter acesso e cultivar um pedaço de terra dos proprietários de suas esposas.

A despeito do pequeno número de registros de uniões formais localizado na documentação pesquisada, alguns casos chamam a atenção pelas especificidades envolvendo as relações entre cativos, livres e libertos no sertão piauiense. É o caso do casal Jerônimo Alves de França, de condição livre, e Luiza, escrava de Luís Correia Lima Júnior. Pais de Jerônimo, mulato, nascido em 20/06/1872, levaram o rebento a pia batismal em 25/11/1872, formando compadrio com Antônio, escravo de João Macedo Peixoto e Ana Clara de Farias Pindaíba

2

.

O casal oficializou a união em 12/08/1872, porém tudo indica que já mantinham relação estável anterior ao matrimônio

3

. Provavelmente, o casamento oficial ocorreu pela necessidade de batizar o filho com o reconhecimento da paternidade, visto que a igreja Católica não reconheceria o rebento como filho legítimo já que era fruto de uma relação consensual. Esse tipo de relação em que um dos cônjuges era livre e o outro escravo podia ser utilizado como um meio de viabilizar a conquista da liberdade do

2 Cúria Diocesana de São Raimundo Nonato-PI. Livro de Batismo de Filhos de Escravos, 1871-1888.

3 Cúria Diocesana de São Raimundo Nonato-PI. Livro de Registro de Casamento, 1864-1875.

Casais Escravo + Escravo

Liberto + Escravo

Livre + Escravo

Liberto +

Liberta Total

Número de casamentos 45 11 2 6 64

Porcentagem (%) 70,3 17,2 3,1 9,4 100,0

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cônjuge cativo, pois, com um dos cônjuges sendo livre, havia maior possibilidade de conseguir recursos para a compra da alforria do outro.

Certamente, essa estratégia efetivou-se para este casal, pois, em seis de julho de 1884, Luiza e seu marido Jerônimo Alves de França apadrinharam Antonio, filho de Roberto e Marta, então escravos de Virgilina Constantina Boson e Lima

4

. No assento de batismo do rebento Antonio, Luiza, agora, era indicada como liberta e com o sobrenome Alves de França.

Obviamente que devemos considerar os possíveis significados que esse tipo de união podia ter tanto para livres e libertos como para cativos, mais do que uma busca pela liberdade, os arranjos familiares seriam também uma necessidade de garantir proteção e solidariedade no mundo da escravidão. Isabel Cristina dos Reis (2007, p. 84) lembra que: “[...] Independentemente do estatuto jurídico dos indivíduos, se a união matrimonial era consensual ou legitimada, fazer parte de uma família fazia muita diferença, pois podia ser garantia de amparo nos momentos de necessidade”. Em muitos casos, essa necessidade de garantir proteção e ajuda também pode ser considerada como uma expectativa nutrida pelos casais de escravos.

Seria, por exemplo, a trajetória do casal de cativos João (24 anos) e Margarida (26 anos), pertencentes a João José da Silva, proprietário da fazenda Oiteiro. Os escravos oficializaram a união no dia 18 de julho de 1871,

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e seis anos depois (05/08/1877), num ato de desobriga, na mesma fazenda, batizaram o rebento de nome Tertuliano, que teve como padrinhos Espiridião José Rodrigues, livre, e Boaventura Maria de Jesus, escrava liberta. Livres também eram as testemunhas do casamento e diferentemente dos padrinhos de Tertuliano, estes, possivelmente, eram parentes próximos ao proprietário, pois possuíam mesmo sobrenome. O que dificulta o cruzamento das informações, nesse caso, é a ausência do nome das mães dos nubentes no registro de casamento, no entanto, essa situação permite entrever que esses cativos utilizavam o casamento e o batismo como um meio de ampliar os espaços de sociabilidade, optando por uma verticalização do parentesco ritual.

Em sete de junho de 1871, Boaventura Maria de Jesus, escrava liberta, 32 anos, havia oficializado a união com Tibério, 30 anos, escravo de José Raimundo da Silva, na

4 Cúria Diocesana de São Raimundo Nonato-PI. Livro de Batismo de Filhos de Escravos, 1871-1888.

5 Cúria Diocesana de São Raimundo Nonato-PI. Livro de Registro de Casamentos, 1864-1875.

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Fazenda Pé do Morro.

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Serviram como testemunhas o proprietário de Tibério e José Malaquias da Silva, que também era livre. Provavelmente, Boaventura ajudou seu marido Tibério a conquistar a liberdade. As trajetórias dos casais Jerônimo Alves de França e Luiza, João e Margarida, Boaventura e Tibério, são alguns exemplos de que, apesar das adversidades existentes no mundo escravista, a união entre casais, seja de diferentes propriedades ou até mesmo de condições jurídicas distintas, era possível de ser conquistada.

Além de uniões formais, isto é, oficializadas pela igreja e que evidenciam a formação de família nuclear envolvendo escravos, nos assentos de batismo analisados, salta aos olhos a presença de famílias matrifocais, ou seja, formadas pela mãe e seus filhos sem a presença da paternidade. Porém, devemos considerar que apesar da documentação silenciar o nome do pai do rebento pelo fato de não haver uma união legitimada pela igreja entre o casal, possivelmente, em muitos casos, havia a permanência de uniões consensuais.

Porém, como narra Schwartz (1988, p. 311), devemos considerar que “[...] a escassez de casamentos na igreja não são de modo algum, uma medida da realidade escrava e da capacidade dos cativos de criar e manter laços de afeição, associação e sangue que tivessem um significado real e permanente em suas vidas”. É possível que as relações consensuais envolvendo escravos fazia-se presente em grande número no sertão do Piauí, portanto, “dizer que um casal não era casado e que seus filhos eram ilegítimos, não significava que eles não formavam uma unidade familiar, ainda que legalmente pudessem ser incapacitados por certos aspectos” (SCHWARTZ, 1988, p.

310).

Vejamos alguns exemplos de cativas que viviam nas mesmas propriedades que outros escravos, tiveram pelo menos quatro filhos num espaço de tempo considerável e, em razão disso, possivelmente mantiveram algum tipo de relação com outro escravo.

Damiana, escrava de Maria Honorata dos Anjos, vivia na Fazenda Curral Novo, onde, provavelmente, deu à luz a cinco rebentos: João, nascido em oito de abril de 1872;

Vitória nasceu em agosto de 1873; Maria, em julho de 1874; Sebastião, em fevereiro de 1878 e, em setembro de 1879, nasceu mais uma menina que também recebeu o nome de Maria.

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Dos cinco filhos, apenas Maria, nascida em 1874, teve como padrinhos um

6Cúria Diocesana de São Raimundo Nonato-PI. Livro de Registro de Casamentos, 1864-1875.

7Cúria Diocesana de São Raimundo Nonato-PI. Livro de Batismo de Filhos de Escravos, 1871-1888.

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casal de escravos, Anastácio pertencia a Isidoro Pereira do Rego, proprietário de parte das terras na Fazenda Curral Novo, e Sabina, era escrava de Maria da Conceição, proprietária de terras na Fazenda Sete Lagoas. As demais crianças foram apadrinhadas por pessoas livres, dentre elas, Josefa Benta dos Anjos, irmã de Maria Honorata dos Anjos.

A presença do pai também não é discriminada no inventário, fato comum já que a situação jurídica do filho estaria vinculada a da mãe. A ausência da paternidade nos registros de batismo e também no inventário não significa que as crianças não conheciam ou até mesmo conviviam com seu pai, nem tampouco podemos descartar a existência de uma união consensual duradoura entre Damiana e o pai das crianças. O entrecruzamento de um conjunto de fontes

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permite identificar a presença em solo piauiense de famílias nucleares estáveis, como também de unidades familiares matrifocais que, apesar da não oficialização da união entre mães e pais escravos segundo a legislação da igreja, se faziam presentes no convívio familiar.

No que diz respeito a estabilidade da família, é possível acompanhá-la através do número de filhos ao longo de um determinado período. Apesar de se tratar de uma região com pequenas propriedades de terras e de escravos, alguns casais de escravos construíram famílias e tiveram um número de filhos ao longo da união que torna possível identificar a durabilidade da união.

3. As relações de compadrio

A partir do levantamento de informações a respeito dos batismos de filhos de escravos entre o período de 1871 e 1888, identificamos altas taxas de “ilegitimidade” de escravos. Essa questão da ilegitimidade está relacionada a não oficialização dos casamentos segundo os princípios da igreja católica. Nesse caso, a mesma não reconhece as relações consensuais de escravos e, por esta razão, o nome do pai do rebento a ser batizado só aparece no assento de batismo se a união entre os pais da criança for legitimada pela igreja.

Na grande maioria dos casos, a criança é considerada filho natural, ou seja, quando apenas a mãe é reconhecida no ato do batismo. Esse “silenciamento” na documentação a respeito do pai da criança torna ainda mais complexa à busca pelo

8 Para este caso, utilizamos os assentos de batismo, registros de casamento e inventários post-mortem.

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entendimento dos arranjos familiares envolvendo escravo, pois “[...] o cálculo das taxas de ilegitimidade das crianças escravas baseado nos assentos de batismos nos diz muito pouco acerca da realidade vivida pelas famílias. Tais índices revelariam uma ilegitimidade formal, ou seja, do ponto de vista legal, que poderia estar muito distante da prática” (ROCHA, 1999, p. 101).

Ao analisarmos a tabela que segue (tabela 3), notamos que a ilegitimidade entre os nascimentos de filhos de escravas em São Raimundo Nonato era expressiva. Pouco mais de 90% dos rebentos foram considerados filhos ilegítimos. Mas até que ponto o alto índice de filhos naturais pode revelar a realidade das uniões entre escravos?

Miridan Falci (1995, p. 77), ao analisar as taxas de natalidade para o século XIX, no Piauí, identificou que, praticamente, 100% dos escravos eram ilegítimos, concluindo que essa alta taxa não se fazia por “casamento legítimo”, porém a autora não descarta a possibilidade de permanência das uniões consensuais envolvendo escravos.

TABELA 3

FILIAÇÃO LEGÍTIMA OU NATURAL DOS BATIZADOS. PARÓQUIA DE SÃO RAIMUNDO NONATO, 1871-1888

FILIAÇÃO NÚMEROS

ABSOLUTOS PORCENTAGEM (%)

Legítima 23 6,6

Natural 326 93,4

Total 349 100

Fonte: Livro de registro de batismo de filhos de escravos de São Raimundo Nonato – PI (1871-1888).

Se as taxas de ilegitimidade entre escravos eram elevadas, para a população livre

ocorre o contrário, os números de filhos naturais eram modestos. Devemos considerar

que essa questão da ilegitimidade é algo que deve ser relativizada, principalmente se

analisarmos algumas situações que giram em torno do cotidiano desses sujeitos

escravizados. Em primeiro lugar, podemos supor que, em alguns casos, o rebento era

filho de pais pertencentes a diferentes senhores, residindo em fazendas diferentes, o que

nos leva a “imaginar as dificuldades que podiam surgir quando este tipo de união

ocorria: residências diferentes, separação forçada, conflitos sobre tratamento humano e

direitos de propriedade” (SCHWARTZ, 1988, p. 313). Nesse caso, inúmeras questões,

além do fato de não terem oficializado a união, poderiam atuar como empecilho para a

presença do pai do rebento no ato de batismo do seu filho.

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Dos 349 batizados de filhos de escravas entre 1871 e 1888, 86,4% dos padrinhos são pessoas de condição livre e apenas 10,5% dos padrinhos possuíam a mesma condição social das mães cativas, isto é, também eram escravos. Essa informação levou- nos a pensar em algumas questões a respeito das estratégias tecidas na pia batismal.

Quais as razões que levaram um número considerável de crianças a serem apadrinhadas por homens livres? Seria uma estratégia das mães escravas para garantir a proteção dos seus filhos? Ou um mecanismo utilizado pelos senhores para manter essas crianças em suas propriedades?

Pessoas livres foram as que mais apadrinharam crianças consideradas ilegítimas, isto é, filhos que, em sua maioria, são fruto de uniões consensuais e, portanto, não reconhecidas pela igreja como legítimas. Esse padrão também é identificado por Sílvia Brügger em Minas Gerais.

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Ela pondera que os filhos de mães cativas, considerados ilegítimos pela igreja, foram mais apadrinhados por pessoas livres do que as crianças legítimas. Esse padrão de escolha é entendido pela autora como uma tática que se constituía numa espécie de aliança “para cima”, desse modo ao escolher padrinhos de status superior, as mães procuravam garantir alguns benefícios para si e para os seus filhos (2007, p.289).

Ao analisarmos os registros de batizados de filhos de escravas, identificamos a predominância dos filhos e das esposas de proprietários de escravos apadrinhando os filhos dessas cativas. Do total de 86,4% de padrinhos livres, pouco mais de 48% deles possuíam alguma ligação familiar com o senhor de escravos, entre eles destacam-se filhos, irmãos e sobrinhos. Essa predominância de padrinhos que possuíam ligações familiares com os senhores leva-nos a considerar que, embora o senhor não apadrinhasse um rebento de ventre escravo, os seus familiares estabeleciam essas relações.

Ainda em se tratando dos padrinhos, é interessante atentar para a interpretação de Miridan Falci que compreende os apadrinhamentos como uma escolha do escravo e também do senhor:

quem sabe se o apadrinhamento não teria sido um prêmio para aquela criança, filha de uma escrava, que merecesse aquela consideração, uma amostra, significação de sua importância para o grupo dos senhores?”

(

FALCI,

1995, p. 104)

. Concordamos que, apesar das hierarquias presentes nessas relações, os escravos tinham

9 Ver principalmente o capítulo 5 (cinco), dedicado especialmente ao estudo do parentesco ritual em diferentes segmentos sociais.

(15)

as possibilidades de escolhas dos seus compadres e comadres, e faziam uso desses mecanismos a fim de alcançarem alguma vantagem nessa rede de relações.

Ocorre ainda, a presença de apadrinhamento vinculado a santos, como é o caso do segundo filho do casal (Clara e Manoel), que recebeu o mesmo nome do pai, Manoel, nascido em 13/12/1880, e foi batizado em 01/03/1881, tendo como padrinhos, José Antunes de Macedo e Nossa Senhora da Conceição. Segundo Miridan Falci (1995), esse tipo de apadrinhamento ligado à espiritualidade não se caracterizou como uma prática comum. Em se tratando das fontes analisadas nesta pesquisa, apenas sete casos (2%) de batizados estão relacionados ao apadrinhamento espiritual, sendo que todos eles foram atribuídos a Nossa Senhora da Conceição. A escolha por uma madrinha espiritual pode estar relacionada a uma demonstração de religiosidade, ao pagamento de uma promessa feita pelos pais do rebento ou mesmo a possibilidade de proteção espiritual que a criança poderia receber.

De fato, a complexidade dessas relações parentais está imbricada em cada um dos casos analisados, pois se as famílias cativas nutriam possibilidades de proteção, mobilidade e de liberdade ao estabelecerem o compadrio com pessoas livres ou libertas, ao mesmo tempo poderiam tecer como estratégia, a possibilidade de fortalecer os laços de solidariedade já existentes entre os escravos da mesma comunidade, quando escolhiam uma madrinha escrava para apadrinhar os seus filhos.

Considerações Finais

Procuramos examinar aspectos da vida cotidiana no sertão piauiense no século XIX, com o objetivo de identificar as maneiras como os escravos da região teciam suas estratégias de sobrevivência, especialmente através da constituição da família e dos laços de parentesco.

Ao analisarmos o conteúdo da documentação paroquial, percebemos a importância de considerarmos as múltiplas formas de organização familiar entre escravos. No tocante as uniões matrimoniais percebemos que, apesar do casamento formal pela igreja não ter predominado entre os cativos dessa região, pelo menos no período em estudo, a cada busca por informações sobre a trajetória destes sujeitos, uma

“peça” encaixava-se no grande quebra-cabeça. Muitas famílias constituíram-se

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nucleares, e outros casais mantiveram a união consensual, mas não deixaram de garantir a existência dos laços familiares e de buscar meios para a sua sobrevivência.

Apesar de São Raimundo Nonato apresentar características como a predominância de pequenas propriedades de terras e de menores posses de cativos, as possibilidades de formação de família entre escravos não foram inviabilizadas por essa realidade. A partir do cruzamento de informações contidas nos diferentes documentos, é possível observar que os escravos estavam ligados por redes de parentesco consanguíneo e ritual, assegurando laços verticais e horizontais. Dos assentos de batismos brotam relações de compadrio diversificadas, tanto pela predominância de padrinhos livres, configurando assim uma tendência por estabelecer laços de parentesco com pessoas de condição jurídica diferente, como também pelos casos em que escravos foram escolhidos como padrinhos, muitas vezes, fortalecendo a comunidade escrava na região.

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