PROJETO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM TERRA NA BACIA DO
SÃO FRANCISCO
ANA/GEF/PNUMA/OEA
Subprojeto 4.5C– Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco - PBHSF (2004-2013)
Estudo Técnico de Apoio ao PBHSF - Nº 03
COLETA E TRATAMENTO DE ESGOTOS SANITÁRIOS
Brasília – Distrito Federal
PROJETO DE GERENCIAMENTO INTEGRADO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS EM TERRA NA BACIA DO
SÃO FRANCISCO
ANA/GEF/PNUMA/OEA
Subprojeto 4.5C– Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco-PBHSF (2004-2013)
Estudo Técnico de Apoio ao PBHSF – Nº 03
COLETA E TRATAMENTO DE ESGOTOS SANITÁRIOS
Superintendência de Planejamento de Recursos Hídricos Alexandre Lima Figueiredo Teixeira
Ana Catarina Nogueira da Costa Silva Elizabeth Siqueira Juliatto João Augusto Bernaud Burnett
Maria Inês Muanis Persechini
Superintendência de Programas e Projetos Sérgio Rodrigues Ayrimoraes Soares
Abril de 2004
1. INTRODUÇÃO
A água é um dos recursos naturais mais utilizados pelo homem, não só para cumprir suas necessidades metabólicas, mas também para diversos outros fins. De fato, o suprimento de água em quantidade e qualidade adequadas a uma cidade é decisivo para o controle e prevenção de doenças, para a garantia do conforto e para o desenvolvimento sócio- econômico. Por outro lado, a utilização da água para abastecimento também traz, como conseqüência, a geração de esgotos sanitários, resultando em inúmeros impactos sobre o ambiente natural.
A coleta dos esgotos sanitários é, pois, também fundamental para a garantia da qualidade de vida da população. Entretanto, um dos maiores fatores de degradação da qualidade da água é justamente a poluição resultante do lançamento dos esgotos sanitários coletados em corpos d’água, o que justifica a necessidade do tratamento desses esgotos, de modo a reduzir a carga poluidora antes de sua disposição final.
Nesse sentido, percebe-se que as ações de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, dentre outras ações de saneamento, devem ser vistas de modo integrado. Particularmente, os sistemas de esgotos sanitários também compreendem uma série de etapas complementares, de forma a garantir a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição ambientalmente adequada e sanitariamente segura dos esgotos sanitários, para que os seguintes benefícios sejam atingidos:
Melhoria das condições sanitárias locais, resultando na redução das doenças relacionadas com a água contaminada e, conseqüentemente, dos recursos aplicados no tratamento dessas doenças;
“Cada dólar aplicado em saneamento representa uma economia de cerca de 4 dólares em medicina curativa (Organização Mundial de Saúde)”
Redução da carga poluidora dos esgotos sanitários antes de seu lançamento em corpos d'água.
Em muitos casos, o sucesso da implementação dos sistemas de esgotos sanitários também depende da integração com outros setores. O setor de saúde, por exemplo, contribui para a determinação de locais de ação prioritária, a partir das atividades de vigilância sanitária e epidemiológica, de modo a se maximizar o efeito dessas ações sobre a saúde. A relação com o meio ambiente também é clara, principalmente no que se refere ao controle da poluição da água e do solo. A água, como um dos recursos naturais mais intensamente utilizados, implica em uma estreita ligação entre as ações de saneamento e o gerenciamento dos recursos hídricos, tanto em termos do balanço quantitativo quanto da manutenção da qualidade da água para os diversos usos.
No âmbito do Plano Decenal de Recursos Hídricos da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, o presente Estudo Técnico de Apoio aborda exatamente a questão dos esgotos sanitários na Bacia, cujos objetivos são apresentados a seguir.
1.1. Objetivos
No intuito de promover o acesso à coleta e ao tratamento de esgotos sanitários à população em geral, com vistas a atingir a universalização dos serviços de saneamento e ao controle da
poluição dos recursos hídricos, o presente Estudo Técnico de Apoio tem como objetivos específicos:
Apresentar um diagnóstico das condições atuais da bacia, a partir da avaliação da população não atendida por coleta e tratamento de esgotos sanitários por meio de dados secundários, tendo como referência o ano 2000;
Estimar os investimentos necessários para a universalização dos serviços de esgotos sanitários na Bacia;
Sugerir critérios para a hierarquização das ações de investimentos.
2. DIAGNÓSTICO DAS CONDIÇÕES ATUAIS DA BHSF – ESGOTOS SANITÁRIOS As informações utilizadas para compor o diagnóstico da situação dos sistemas de esgotos sanitários na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco em 2000 são relativas à população residente em domicílios particulares permanentes urbanos e às ligações existentes nesses domicílios a algum tipo de esgotamento sanitário: rede coletora, fossa séptica ou fossa rudimentar. Essas informações foram produzidas pelo IBGE, através do Censo Demográfico de 2000. Os dados sobre os domicílios particulares permanentes foram extrapolados para a população urbana, isto é, assumiu-se que, se 90% de domicílios particulares permanentes são atendidos por rede coletora, então esse também é o índice de cobertura da população urbana.
Para efeito deste diagnóstico, foram considerados somente os municípios cujas sedes municipais encontram-se dentro da área da Bacia. A partir desse critério, foram analisados os dados de 456 municípios pertencentes às seguintes Unidades da Federação: Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Minas Gerais e Goiás.
2.1. Panorama dos sistemas de esgotos sanitários no Brasil
Para posterior comparação com a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, apresenta-se, inicialmente, um panorama da situação dos sistemas de esgotos sanitários no Brasil e nos Estados situados na Bacia.
Quadro 1. Percentual da população urbana atendida por tipo de esgotamento sanitário no Brasil e nos estados da BHSF
População urbana
Municípios IDH % rede coletora (*)
% fossa séptica (**)
% fossa rudimentar Pernambuco 6.052.930 185 0,705 41,9 11,0 35,1
Alagoas 1.917.922 101 0,649 20,0 13,6 53,5 Sergipe 1.271.465 75 0,682 37,0 19,3 35,4 Bahia 8.761.604 415 0,688 47,7 9,6 29,1 Minas Gerais 14.651.164 853 0,773 79,8 2,1 11,6 Goiás 4.390.660 242 0,776 33,1 5,7 57,4
Brasil 137.755.550 5507 0,769 53,8 16,2 21,5
Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000
(*) Sistema coletivo - domicílios conectados a rede geral de esgotos sanitários ou de águas pluviais (**) Solução individual com tratamento
Com relação ao atendimento por rede coletora de esgotos, pode-se verificar no Quadro 01 que apenas Minas Gerais possui um índice de cobertura por coleta de esgotos superior a média nacional. Trata-se de um indicador relevante, uma vez que melhores condições de saneamento estão, na maioria das vezes, associadas a outros indicadores de desenvolvimento, tais como saúde, educação e renda.
Com efeito, considerando-se apenas os estados da Bacia, Minas Gerais também possui um elevado IDH, índice criado no início da década de 1990 que combina três componentes básicos do desenvolvimento humano: (a) a longevidade, medida pela esperança de vida ao nascer; (b) a educação, medida por uma combinação da taxa de alfabetização de adultos com a taxa combinada de matrícula nos níveis de ensino fundamental, médio e superior e (c) a renda, medida pelo poder de compra da população.
No que se refere à taxa de mortalidade infantil (por mil nascidos vivos), indicador importante das condições de vida e de saúde de uma região, Minas Gerais possui a menor taxa (25,7‰), inferior a média nacional, que é de 33,6‰. Por outro lado, Alagoas, estado que possui o menor índice de cobertura por coleta de esgotos na Bacia, possui uma elevada taxa de mortalidade infantil, 64,4‰ (IBGE, 2000).
2.2. Coleta de Esgotos Sanitários na BHSF
A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco possui um índice de cobertura médio por rede coletora de 62,0%, de acordo com dados do Censo Demográfico 2000 do IBGE (IBGE, 2002a). Esse dado reflete o grau de afastamento dos esgotos sanitários dos domicílios, mas não a real situação das redes de esgotos, pois, além de não retratar as condições operacionais, considera os domicílios conectados a rede geral de esgotos e a galerias de águas pluviais.
Apesar da elevada média de cobertura por rede coletora de esgotos na Bacia (62,0%), superior à média nacional (53,8%), existem vários municípios na Bacia em situação crítica, conforme se verifica no Quadro 02.
Quadro 2. Percentual da população urbana atendida por rede coletora na Bacia Hidrográfica do São Francisco - BHSF
Faixa de cobertura por rede coletora (*)
Municípios População urbana
População atendida
IDH
Abaixo de 10% 213 1.652.341 41.675 0,626 10% a 40% 63 653.934 126.781 0,652 40% a 60% 46 1.133.574 585.227 0,664 60% a 80% 59 1.872.775 1.359.060 0,716 Acima de 80% 75 4.200.938 3.777.609 0,749
Bacia 456 9.513.567 5.894.947 0,666
Brasil 5507 137.755.550 74.157.887 0,769 Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000
(*) Sistema coletivo - domicílios conectados a rede geral de esgotos sanitários ou de águas pluviais
A análise do Quadro 02 permite verificar uma relação direta entre o IDH e o atendimento à população por rede coletora (quanto menor a faixa de cobertura por rede coletora, menor o
valor do IDH), o que atesta a utilidade desse indicador de saneamento para a caracterização da qualidade de vida da população. Na Figura 01 – Índice de Desenvolvimento Humano e Mortalidade Infantil e na Figura 02 – Cobertura por Rede Coletora apresenta-se uma visão espacial do IDH e da cobertura por rede coletora de esgotos nos municípios da Bacia. Nota-se que os municípios com menor IDH, maiores taxas de mortalidade infantil e com baixa cobertura por rede coletora localizam-se na região do Médio e do Baixo São Francisco.
2.2.1. Visão da coleta de esgotos sanitários na BHSF por Estado
No Quadro 03 apresenta-se um panorama da situação de atendimento por esgotamento sanitário nos Estados da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, considerando-se apenas os municípios com sede na área da Bacia.
Quadro 3. Percentual da população urbana atendida por tipo de esgotamento sanitário nos Estados da Bacia Hidrográfica do São Francisco - BHSF
População urbana
Municípios IDH % rede coletora (*)
% fossa séptica (**)
% fossa rudimentar Pernambuco 898.030 67 0,623 58,1 5,7 22,7
Alagoas 457.211 44 0,572 9,9 3,7 76,0 Sergipe 133.023 23 0,598 32,5 6,7 49,9
Bahia 1.134.958 95 0,622 23,3 11,9 52,6 Minas Gerais 6.816.160 225 0,721 73,6 2,3 18,1
Goiás 74.185 2 0,723 0,4 3,6 92,1
Bacia 9.513.567 456 0,666 62,0 3,9 26,4
Brasil 137.755.550 5507 0,769 53,8 16,2 21,5
Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000
(*) Sistema coletivo - domicílios conectados a rede geral de esgotos sanitários ou de águas pluviais (**) Solução individual com tratamento
Assim como observado no Quadro 01, Minas Gerais mantém o maior índice de cobertura por rede coletora de esgotos, agora se considerando apenas os municípios com sede na BHSF.
Todos os estados do Nordeste apresentam índices de cobertura inferiores à média da Bacia (62,0%). Na Figura 03 é apresentado um gráfico que indica o percentual de atendimento por rede coletora (solução coletiva) e por fossa séptica (solução individual) para os estados da Bacia, além do déficit existente considerando-se a universalização em 2000.
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Rio Salitre
Rio Paracatu Rio Formoso
Rio Verde
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peba Rio Carinhanha
Rio Uru cuia
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Rio Ipanema
Vda. Pime nteira
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Rio S anto O
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Rio Gorutuba
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Riacho das Ga rças Rch. do D
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MG DF
GO
BA
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SE
PE
Bacia do São Francisco Hidrografia
Sub regiões hidrográficas Estados
Região Metropolitana de Belo Horizonte Municípios
IDH-M
< 0.5 0.5 a 0.6 0.6 a 0.7 0.7 a 0.8 0.8 a 1
Mortalidade Infantil (1998)
< 30
#
30 a 60
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60 a 90
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> 90 LEGENDA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO
Fonte: IBGE (2000) e IPEA (2000)
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Figura 1. Índice de Desenvolvimento Humano e Mortalidade Infantil na Bacia Hidrográfica do rio São Francisco.
MG DF
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( ( X X(X(X(X(X(X (
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Riacho das G arças Rch . do Do rm en te
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Bacia do São Francisco Hidrografia do São Francisco Sub regiões hidrográficas Estados
Municípios
Região Metropolitana de Belo Horizonte Cobertura de esgoto
< 10 % 10 a 40 % 40 a 60 % 60 a 80 % 80 a 100 %
Município com algum tratamento (
X
LEGENDA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO
Fonte: IBGE (2000)
Figura 2. Cobertura por Rede Coletora na Bacia Hidrográfica do rio São Francisco
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Goiás Alagoas Bahia Sergipe Pernambuco Minas Gerais Estados
% da População Urbana
Déficit Fossa séptica Rede coletora
Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000
Figura 3. Percentual da população urbana atendida por rede coletora e fossa séptica nos Estados da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco - BHSF
Para facilitar a comparação entre os dados do Quadro 01 e do Quadro 03, apresenta-se um resumo no Quadro 04.
Quadro 4. Comparação entre o atendimento por rede coletora no Brasil e na Bacia Hidrográfica do rio São Francisco – BHSF
Total de Municípios Municípios da Bacia Número % rede
coletora
População atendida
Número % rede coletora
População atendida Pernambuco 185 41,9 2.533.507 67 58,1 521.443
Alagoas 101 20,0 383.980 44 9,9 45.368 Sergipe 75 37,0 470.813 23 32,5 43.293
Bahia 415 47,7 4.181.046 95 23,3 263.971
Minas Gerais 853 79,8 11.697.957 225 73,6 5.018.354
Goiás 242 33,1 1.454.787 2 0,4 298
Total 1.871 55,9 20.722.090 456 62,0 5.894.947
A partir da análise do Quadro 04, podem-se fazer os seguintes comentários:
O índice de cobertura na Bacia (62,0%) é maior que a média dos Estados (55,9%), entretanto, essa situação se inverte ao se comparar cada Estado separadamente;
Com exceção de Pernambuco, todos os estados apresentam menor cobertura por rede coletora de esgotos quando são considerados apenas os municípios com sede na área da Bacia;
Minas Gerais é o único estado que possui cobertura por rede coletora superior à média da Bacia, em função, principalmente, da Região Metropolitana de Belo Horizonte:
cerca de 85% da população atendida por rede coletora de esgotos na Bacia está situada em Minas Gerais;
Minas Gerais e Pernambuco possuem cobertura por rede coletora superior à média dos Estados (55,9%);
Alagoas possui o menor índice de cobertura por rede coletora (9,9%) enquanto que Sergipe possui a menor quantidade de moradores atendidos (42.864 habitantes);
2.2.2. Visão da coleta de esgotos sanitários na BHSF por extrato populacional
Além das diferenças regionais, o atendimento por rede coletora de esgotos na Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco também varia significativamente em função do porte populacional. No Quadro 05 apresenta-se um panorama da situação de atendimento por esgotamento sanitário na Bacia considerando-se diferentes faixas populacionais.
Quadro 5. Percentual da população urbana atendida por faixa populacional e tipo de esgotamento sanitário na Bacia Hidrográfica do rio São Francisco - BHSF Faixa
populacional (*)
População urbana
Municípios IDH % rede coletora (**)
% fossa séptica (***)
% fossa rudimentar Até 5.000 541.350 202 0,653 26,7 5,6 55,2 5.000-30.000 2.284.124 204 0,659 37,5 5,1 46,9 30.000-100.000 1.745.009 36 0,738 58,1 4,6 30,5 100.000-500.000 2.181.672 12 0,750 70,3 5,4 18,2 Acima de 500.000 2.761.412 2 0,814 88,8 1,4 4,2
Bacia 9.513.567 456 0,666 62,0 3,9 26,4
Brasil 137.755.550 5507 0,769 53,8 16,2 21,5
Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000
(*) As faixas populacionais foram definidas em função da população urbana
(**) Sistema coletivo - domicílios conectados a rede geral de esgotos sanitários ou de águas pluviais (***) Solução individual com tratamento
Observa-se que as faixas de extratos populacionais foram escolhidas de forma a também acompanhar a divisão existente em programas governamentais para o setor de saneamento:
para municípios com população até 30.000 habitantes, as ações de esgotamento sanitário estão a cargo da FUNASA / Ministério da Saúde e com população acima de 30.000 habitantes estão a cargo da Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades.
Do total de municípios que compõem este diagnóstico, verifica-se que cerca de 90% possuem população urbana menor que 30.000 habitantes em 2000. Por outro lado, apenas 14 municípios (3% do total) possuem 4.943.084 habitantes, representando mais de 50% da população urbana da Bacia. Esses municípios, que possuem população urbana maior que 100.000 habitantes, estão localizados nos seguintes Estados: Minas Gerais (Belo Horizonte, Contagem, Betim, Montes Claros, Ribeirão das Neves, Santa Luzia, Sete Lagoas, Divinópolis, Ibirité e Sabará); Bahia (Juazeiro e Barreiras), Alagoas (Arapiraca) e Pernambuco (Petrolina).
Na Figura 04 é apresentado um gráfico que indica o percentual de atendimento por rede coletora (solução coletiva) e por fossa séptica (solução individual) para os extratos populacionais estudados, além do déficit existente considerando-se a universalização em 2000.
0%
20%
40%
60%
80%
100%
Até 5.000 5.000 - 30.000
30.000 - 100.000
100.000 - 500.000
Acima de 500.000
Bacia
Faixas Populacionais
% da População Urbana
Déficit Fossa séptica Rede coletora
Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000
Figura 4. Percentual da população urbana atendida por faixa populacional e tipo de esgotamento sanitário na Bacia Hidrográfica do São Francisco - BHSF
Na Figura 04 observa-se um significativo aumento da cobertura por rede coletora na medida em que o porte populacional estudado aumenta. O atendimento por fossas sépticas é praticamente constante, menor apenas para o extrato populacional das cidades com população urbana maior que 500.000 habitantes (Belo Horizonte - MG e Contagem - MG) Além disso, pode-se constatar, a partir do Quadro 05, que o aumento da cobertura por rede coletora é acompanhado por um incremento do IDH, conforme se verifica na Figura 05.
0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1
Até 5.000 5.000-30.000 30.000-100.000 100.000-500.000 Acima de 500.000 Faixas Populacionais
IDH
0 20 40 60 80 100
% Rede Coletora
IDH % Rede Coletora
Fonte: IBGE – Censo Demográfico 2000; IPEA (2000).
Figura 5. Variação dos índices de IDH e atendimento por rede coletora na Bacia Hidrográfica do São Francisco – BHSF
2.3. Tratamento de Esgotos Sanitários na BHSF
O Censo Demográfico 2000 do IBGE não possui informações sobre o tratamento dos esgotos coletados. Em termos de dados secundários, a única base que contempla todos os municípios estudados e traz alguma informação sobre tratamento de esgotos é a Pesquisa Nacional de Saneamento Básico – PNSB - 2000 (IBGE, 2002b).
De acordo com os dados da PNSB - 2000, 33 municípios da Bacia possuem informações sobre o volume de esgotos tratados (em m3/dia), representando 7% do total de municípios investigados. Ressalta-se que essa informação não reflete a situação atual, pois a Companhia de Saneamento de Minas Gerais – COPASA vem realizando investimentos significativos na Bacia. Os dados mais recentes sobre tratamento de esgotos (período 2000-2003) serão apresentados no item 3 - Planejamento Futuro da Bacia.
Esses 33 municípios estão distribuídos nos seguintes estados: Minas Gerais (18), Bahia (10), Pernambuco (4) e Sergipe (1). Em função do porte populacional (população urbana maior que 100.000 habitantes), destacam-se os seguintes municípios: Barreiras (BA), Juazeiro (BA), Sete Lagoas (MG), Santa Luzia (MG) e Ribeirão das Neves (MG).
O tipo de dado informado pela PNSB - 2000 (volume de esgoto tratado por dia) não permite estimar, de forma consistente, o índice de cobertura por tratamento de esgotos no município, mesmo calculando-se o volume de esgotos coletados a partir de valores per capita adotados.
Desse modo, como o número de municípios com tratamento de esgotos, em 2000, é baixo optou-se, neste diagnóstico, por considerar a ausência de tratamento dos esgotos coletados na Bacia no ano 2000. Como dito anteriormente, essa informação será atualizada quando da apresentação dos investimentos necessários para as ações em esgotamento sanitário (Item 3 – Planejamento Futuro da Bacia).
Considerando a ausência de tratamento dos esgotos coletados na Bacia em 2000, apresenta-se, na Figura 06, uma estimativa da carga orgânica lançada nos corpos receptores da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco. Nessa estimativa, desconsiderou-se a contribuição da população atendida por fossas. A carga orgânica total lançada nos corpos receptores da Bacia, em 2000, é de aproximadamente 356.000 kgDBO/dia.
Na Figura 06 pode-se observar que as maiores concentrações de carga orgânica encontram-se na região do Alto São Francisco, particularmente na Região Metropolitana de Belo Horizonte (sub-bacias do rio das Velhas e rio Paraopeba), e na sub-bacia do rio Verde Grande, onde está localizada na cabeceira a cidade de Montes Claros. A região do Sub-Médio São Francisco em que se encontra Petrolina (PE) e Juazeiro (BA), em função do porte populacional dessas duas cidades, também contribui com elevada concentração de carga orgânica. A Figura 07 apresenta um mapa com a localização das sub-bacias do Rio São Francisco.
Rio Grande Rio Preto
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Rio Pará
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Rio Paracatu Rio Formoso
Rio Verde
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Rio Abaeté Rio Indaiá
Ri o Ve rde G rande
Ri o Sao Francisco
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Rio Ip anema
Vda. Pime nteira
Rch. São Pedro
Rio S anto O
no fre
Rio Curaçá
Rio Pajeu
Rio Gorutuba
Rio da Vargem
R io da s Éguas ou Correnti nha
Rio do Son o
Rio C orrente
Riacho das Garças Rch
. do Do rment e
Rio V erde Peque no
Rio Pre to
Rio Sao Franc isc o
MG DF
GO
BA
AL
SE
PE
# Y
Riachi nho
# Y
Campo Alegre de Lourdes
Umbur anas
# Y
Belo Horizonte Montes Claros
Juazeiro Petrolina
Divinópolis Sete Lagoas
Rio Grande Rio Preto
Ri o da s Ve lh
as
Rio Pará
Rio Salitre
Rio Paracatu Rio Formoso
Rio Verde
Rio Param
irim
Rio P ara
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Rio U rucuia
Rio Moxotó
Rio Abaeté Rio Indaiá
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Belo Horizonte Montes Claros
Juazeiro Petrolina
Divinópolis Sete Lagoas
Bacia do São Francisco Hidrografia
Sub regiões hidrográficas Estados
Região Metropolitana de Belo Horizonte Municípios
Carga Remanescente (kgDBO/dia)
< 500 (375 municípios) 500 a 1000 (33 municípios) 1000 a 2500 (29 municípios) 2500 a 5000 (9 municípios)
> 5000 (10 municípios) LEGENDA
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO SÃO FRANCISCO
Alto São Francisco Médio São Francisco
Sub-médio São Francisco
Baixo São Francisco
Fonte: ANA (2004)
Figura 6. Estimativa da carga orgânica de esgotos sanitários lançados nos corpos d’água da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco
Bacia do São Francisco Rios perenes
Rios intermitentes
Região Metropolitana de BH Semi-árido - municípios da bacia
Sub-bacias do Rio São Francisco 1. Afluentes Mineiros do Alto São Francisco
2. Pará 3. Paraopeba
4. Entorno da Represa de Três Marias 5. Velhas
6. Rio de Janeiro/Formoso 7. Jequitaí
8. Alto Preto 9. Paracatu 10. Pacuí 11. Urucuia 12. Verde Grande 13. Pandeiros/Pardo/Manga 14. Carinhanha
15. Corrente 16. Alto Grande 17. Médio/Baixo Grande
18. Paramirim/S. Onofre/Carnaúba de Dentro 19. Verde/Jacaré
20. Margem Esquerda do Lago Sobradinho 21. Salitre
22. Pontal 23. Garças 24. Curaçá 25. Brígida 26. Terra Nova 27. Mucururé 28. Pajeú 29. Moxotó 30. Curituba 31. Seco 32. Alto Ipanema
33. Baixo Ipanema/ Baixo São Francisco 34. Baixo São Francisco - SE
Rio Grande Rio Preto
Rio das
Velhas
Rio Pará
Rio Salitre
Rio Paracatu Rio Formoso
Rio Verde
Rio Param
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Rio P ara ope
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6
33
10
29 22
26
32 34
8
23
30
Figura 7. Sub-bacias do rio São Francisco
A estimativa da carga orgânica total, apresentada anteriormente, se refere apenas aos esgotos sanitários. Com relação aos esgotos industriais, verifica-se igual concentração nas regiões do Alto e do Sub-Médio São Francisco, com destaque para a sub-bacia do rio das Velhas: de acordo com estudo desenvolvido para o PROSAM, existem na sub-bacia cerca de 3.125 indústrias, sendo 50% potencialmente poluentes.
O tratamento dos esgotos industriais pode ser feito em conjunto com os esgotos sanitários, desde que cumpridas as normas para o lançamento de efluentes industriais na rede coletora de esgotos, ou por meio da implantação de sistemas independentes que atendam à legislação vigente. Cabe, portanto, à própria indústria a responsabilidade sobre os planos específicos para o seu sistema de tratamento, bem como os investimentos necessários para sua implementação. Nesse ponto, ressalta-se que, ao contrário dos esgotos sanitários, a poluição industrial na Bacia apresenta um cenário mais controlado em termos de poluição ambiental devido ao controle mais efetivo por parte dos órgãos estaduais.
Em função da poluição existente por esgotos sanitários na Bacia, cresce em importância a obtenção e análise de dados sobre a qualidade das águas dos corpos hídricos, de forma a reforçar a necessidade de investimentos em tratamento. No que se refere aos rios perenes, foram analisados dados de qualidade de água para o ano de 2001 de forma a identificar os trechos com significativo grau de poluição por esgotos, em função da baixa capacidade de diluição do corpo receptor ou do elevado aporte de carga poluente. O ano 2001 foi selecionado por ter sido particularmente crítico em termos de disponibilidade de água na
Bacia. No Quadro 06 é apresentado um balanço das informações sobre qualidade da água dos principais rios perenes da Bacia, a partir da identificação dos trechos críticos e municípios responsáveis pela poluição.
Quadro 6. Trechos críticos e fontes de poluição por esgotos domésticos dos principais rios perenes da Bacia Hidrográfica do São Francisco.
Sub-bacia ou rio principal
Trechos críticos (*) Fontes de poluição - esgotos
Rio São Francisco:
da nascente até a represa de Três Marias
1. No rio São Francisco, observação de valores de coliformes fecais acima do limite estabelecido na legislação a montante da cidade de Vargem Bonita (SF001) e na cidade de Iguatama (SF003).
Município de Iguatama (sub- bacia Afluentes Mineiros do Alto São Francisco).
Rio Pará 1. A contagem de coliformes fecais no rio Pará ultrapassou os padrões legais na maioria das análises realizadas, sendo a situação mais crítica localizada a montante da foz do rio Itapecerica (PA005)
2. Dois afluentes, rios Itaperecica e São João apresentaram IQA ruim em função da contribuição dos esgotos sanitários de Divinópolis, Itaúna e Pará de Minas
Municípios de Divinópolis, Itaúna e Pará de Minas.
Rio Paraopeba 1. A contagem de coliformes fecais no rio Paraopeba ultrapassou os padrões legais na maioria das análises realizadas na sub-bacia, sendo que a situação mais crítica ocorreu no rio Paraopeba a jusante da foz do rio Betim (BP072).
2. Dois afluentes, rios Betim e Maranhão,
apresentaram IQA ruim em função da contribuição dos esgotos sanitários de Betim, Conselheiro Lafaiete e Congonhas
Municípios de Betim, Conselheiro Lafaiete e Congonhas.
Municípios da RMBH: Belo Vale, Brumadinho, Esmeraldas, Igarapé, Esmeraldas, Florestal, Fortuna de Minas, Moeda, Bonfim, Itatiaiuçu, Ibirité, Rio Manso, Mateus Leme, São José da Varginha.
Entorno da Represa de Três Marias
1. No ribeirão Marmelada, localizado a montante da represa, o IQA apontou qualidae ruim, resultado que pode ser associado ao lançamento de esgotos do município de Abaeté.
Município de Abaeté
Rio das Velhas 1. O comprometimento das águas do rio das Velhas por cargas orgânicas, que são indicadas através das concentrações de DBO e oxigênio dissolvido, foi observado nos pontos a jusante das confluências do ribeirão Arrudas (BV083), ribeirão do Onça (BV105), ribeirão da Mata (BV153) e no trecho a jusante da ponte Raul Soares (BV137).
Municípios da RMBH: Belo Horizonte, Contagem, Baldim, Caeté, Capim Branco,
Funilândia, Itabirito, Jaboticatubas, Nova União, Lagoa Santa, Matozinhos, Nova Lima, Pedro Leopoldo, Prudente de Morais, Raposos, Ribeirão das Neves, Rio Acima, Sabará, Santa Luzia, Sete Lagoas, Taguaraçu de Minas e Vespasiano.
Rio São Francisco:
do reservatório de Três Marias até a divisa MG/BA
1. Comprometimento da qualidade de água na estação SF031, trecho a jusante de Itacarambi, indicado pelos parâmetros coliformes fecais e DBO;
2. O lançamento de esgotos brutos de Pirapora é conflitante com o uso do rio para lazer, uma vez que o ponto de lançamento está situado junto ao balneário construído sobre a praia fluvial do rio.
Municípios de Itacarambi (sub- bacia Pandeiros/Pardo/Manga) e Pirapora (sub-bacia Rio de Janeiro/ Formoso)
Quadro 6 (continuação). Trechos críticos e fontes de poluição por esgotos domésticos dos principais rios perenes da Bacia Hidrográfica do São Francisco.
Sub-bacia ou rio principal
Trechos críticos (*) Fontes de poluição - esgotos
Rio Jequitaí 1. No monitoramento a jusante da cidade de Jequitaí (SF021), foi observada inconformidade para o parâmetro coliforme fecal em apenas uma das campanhas de 2001.
Município de Jequitaí
Rios Paracatu e Preto
1. Dois afluentes do rio Paracatu, rio da Prata e Córrego Rico, são impactados pelas contribuições de esgotos dos municípios de Paracatu e João Pinheiro 2. O rio Preto, monitorado a jusante da cidade de Unaí (PT007), apresentou a qualidade das águas
comprometidas, em decorrência dos parâmetros coliformes fecais e DBO.
Municípios de Paracatu, João Pinheiro, Unaí (sub-bacia Paracatu) e Formosa (sub-bacia Alto Preto).
Rio Pacuí Sem informações -
Rio Urucuia 1. Ocorrências asima do padrão para coliforme fecais nos pontos de amostragem UR001 e UR007
Municípios de Buritis e Arinos Rio Verde Grande 1. Verificação de grave problema de poluição hídrica
no ribeirão dos Vieiras (VG003), corpo receptor dos esgotos da cidade de Montes Claros, e dos efeitos negativos dessas águas na qualidade do rio Verde Grande, no trecho imediatamente a jusante da confluência com esse curso d’água (VG004);
2. O rio Gorutuba, a jusante da cidade de Janaúba (VG007), apresentou comprometimento da qualidade da água, resultanteda redução significativa do oxigênio dissolvido em suas águas.
Municípios de Capitão Enéias, Jaíba, Montes Claros,
Guaraciama e Janaúba.
Rio Carinhanha Sem trechos comprometidos -
Rio Corrente 1. Os rios Corrente, Correntina e Formoso são impactados por contribuições de esgotos sanitários
Municípios de Correntina, Santa Maria da Vitória e Jaborandi.
Rio São Francisco:
da divisa MG/BA até a divisa BA/SE
1. Os pontos SF 2220 (Bom Jesus da Lapa), SF 2300 (captação de água do município de Paratinga) e SF 2350 (captação de água para o município de Ibotirama) apresentaram valores de OD abaixo de 5 mg/L;
2. Os pontos SF 2710 (Juazeiro), SF 2870 (captação de água de Curaçá), SF 2780 (CODEVASF, Juazeiro), SF 2850 (Vila de Itamotinga, Juazeiro) apresentaram valores de DBO acima de 5 mg/L.
Municípios de Bom Jesus da Lapa (sub-bacia Paramirim/Santo Onofre/Carnaúba de Dentro), Juazeiro (sub-bacia Curaçá) e Petrolina (sub-bacia Pontal).
Rio Grande e tributários da margem esquerda do Reservatório Sobradinho
1. Os rios São Desidério e Grande são impactados por contribuições de esgotos sanitários dos municípios de São Desidério e Barreiras
São Desidério e Barreiras (sub- bacia Alto Grande)
Rio São Francisco:
da divisa BA/SE até a foz no Oceano Atlântico
1. Os padrões de coliformes não foram obedecidos nas estações SF-12 e principalmente SF 31/32/35;
2. O ponto SF 31 apresentou, também, desconformidades para DBO e oxigênio dissolvido.
Municípios de Santana do São Francisco, Neópolis e Própria (sub-bacia do Baixo São Francisco/SE).
Afluentes sergipanos da margem direita do rio São Francisco
1. Os rios dos Pilões e Betume apresentam regime de escoamento permanente, mas somente no rio dos Pilões registram-se elevadas concentrações de coliformes.
Município de Japoatã (sub-bacia do Baixo São Francisco/SE)
(*) Foram considerados como trechos críticos aqueles que apresentaram IQA ruim ou algum dos parâmetros relacionados com a poluição por esgotos (oxigênio dissolvido, DBO ou coliformes fecais) apresentou valores em desconformidade com a classe de enquadramento.
A análise da condição da qualidade dos corpos receptores da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco foi feita através das informações das redes de monitoramento da ANA e dos Estados da Bahia (CRA, 2001), Minas Gerais (IGAM, 2002) e Pernambuco (CPRH, 2002).
Para Sergipe, foram utilizadas informações apresentadas no estudo para enquadramento dos corpos d’água do Estado de Sergipe (SERGIPE, 2003).
As informações sobre qualidade da água, apresentadas no Quadro 06, permitem a identificação dos municípios que contribuem para rios perenes com trechos críticos em termos de poluição, sendo este um indicativo para os investimentos necessários em tratamento de esgotos.
Na região do Semi-árido, parte dos afluentes do Médio e Sub-Médio São Francisco apresentam regime de escoamento intermitente. Com o escoamento ocorrendo em apenas alguns períodos do ano, a dinâmica de transporte de materiais e de diluição de cargas nesses rios difere dos de escoamento perene. Muitas vezes, os rios intermitentes quando não secam completamente, fragmentam-se em trechos onde a velocidade é reduzida ou nula, comprometendo a qualidade da água, pois as baixas vazões diminuem a capacidade de diluição dos poluentes. Entretanto, as informações sobre a qualidade da água nesses rios são poucas e esparsas, o que impossibilita uma análise mais detalhada.
3. PLANEJAMENTO FUTURO NA BACIA
A partir do diagnóstico realizado para identificar a situação, no ano de referência – 2000, do atendimento, da população urbana, por rede coletora e tratamento de esgotos na Bacia Hidrográfica do rio São Francisco, elaborou-se uma estimativa dos investimentos necessários para se atingir a universalização dos serviços em um horizonte de longo prazo (20 anos) e definiram-se critérios para a hierarquização desses investimentos.
As projeções de população, para cada município da Bacia, foram retiradas do Estudo dos Eixos de Integração, desenvolvido para o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão com vistas a atender ao PPA 2004-2007. De acordo com os dados utilizados, a Bacia Hidrográfica do rio São Francisco possuirá, em 2020, uma população urbana de 13.669.913 habitantes.
A referência para o cálculo dos investimentos foi o documento desenvolvido pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, intitulado “Dimensionamento das necessidades de investimentos para a universalização dos serviços de abastecimento de água e de coleta e tratamento de esgotos sanitários no Brasil”. Trata-se de um trabalho recente (2003) que tem como um dos objetivos servir de ferramenta aos gestores públicos na formulação e implementação da política de saneamento no nível nacional.
Alguns dos pressupostos metodológicos assumidos no referido documento foram adaptados em função de necessidades próprias deste trabalho e da realidade particular da Bacia Hidrográfica do rio São Francisco. Os critérios adotados, neste trabalho, para a estimativa dos investimentos são descritos a seguir.
3.1. Investimentos para universalização com base no diagnóstico do ano 2000