PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCUSÃO DE CURSO INICIAÇÃO DESPORTIVA, UMA ANÁLISE NAS ESCOLINHAS DE FUTSAL

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA TRABALHO DE CONCUSÃO DE CURSO

INICIAÇÃO DESPORTIVA, UMA ANÁLISE NAS ESCOLINHAS DE FUTSAL

Autor: Augusto César Barbosa Ribeiro

Orientador: Prof. Msc. Fabio Antonio Tenório de Melo

Brasília - DF

2010

AUGUSTO CÉSAR BARBOSA RIBEIRO

INICIAÇÃO DESPORTIVA, UMA ANÁLISE NAS ESCOLINHAS DE FUTSAL

Artigo apresentado ao curso de graduação em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Licenciado em Educação Física.

Orientador: Prof. Msc. Fabio Antonio Tenório de Melo

Brasília

2010

FOLHA DE APROVAÇÃO

Artigo de autoria de Augusto César Barbosa Ribeiro, intitulado

“INICIAÇÃO DESPORTIVA, UMA ANÁLISE NAS ESCOLINHAS DE FUTSAL”, apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciado em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, em 05 de Junho de 2010, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

__________________________________________________

Msc. Fábio Antonio Tenório de Melo Orientador

Educação Física – UCB

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Dr. Ronaldo Rodrigues da Silva Educação Física – UCB

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Brasília

2010

Dedico esta obra à minha esposa Kátia, pelo seu carinho e compreensão durante toda essa caminhada. Aos meus pais pelo apoio, e ao meu filho André, recém chegado a este mundo.

AUGUSTO CÉSAR BARBOSA RIBEIRO

INICIAÇÃO DESPORTIVA, UMA ANÁLISE NAS ESCOLINHAS DE FUTSAL

Resumo:

O estudo aqui apresentado tem como objetivo verificar se as escolinhas de futsal desempenham seu papel com relação à iniciação desportiva no futsal, respeitando a individualidade da criança, as condições físicas, técnicas e mentais, dentre outros fatores, de forma compatível com as necessidades e possibilidades, adequando sua faixa etária. A amostra foi composta por oito professores de escolinhas de futsal diferentes, situadas na cidade satélite de Taguatinga-DF, sendo utilizado um questionário com característica qualitativa de cunho descritivo elaborado pelo próprio autor, como instrumento de coleta de dados. Os resultados mostraram que grande parte das escolinhas de futsal possui um plano de estratégias que busca a interação com o aluno, respeitando sua individualidade. O que não acontecia no passado, quando as instituições se preocupavam apenas com a competição, não dando poder reflexivo e crítico à criança. Pode-se concluir que os profissionais estão cada vez mais buscando aprimorar a metodologia ministrada, não se preocupando apenas em enfocar o treinamento e ensino de técnica e tática, mas também em priorizar as habilidades básicas da criança na estrutura do ensino.

Palavras-chave: Futsal. Escolinhas. Criança.

Introdução:

O futebol de salão nasceu na década de 30 e foi criado na ACM (Associação Cristã de Moços) de Montevidéu, Uruguai. Existe uma grande controvérsia sobre sua origem, não se sabe se foram os brasileiros que, ao visitarem a ACM de Montevidéu, levaram do Brasil o hábito de jogar futebol em quadras de basquete, ou se conheceram a novidade ao ali chegarem e, retornando, difundiram a prática em território nacional.(VOSER,GIUST, 2002).

O que se sabe ao certo é que Juan Carlos Ceriani, professor de Educação Física da ACM de Montevidéu, observando a grande procura para a prática do futebol em qualquer espaço pequeno e por não haver campos de futebol suficientes, tentou solucionar o problema, colocando regras na atividade que era praticada nestes espaços reduzidos.(MELO & MELO 2002). Segundo (VOSER,GIUST, 2002),O primeiro escrito sobre futsal no Brasil, de autoria de Roger Grain, foi publicado em 1936, em uma revista de educação física na qual são apresentado suas regras. Na década de 50 foram dados os primeiros passos para a institucionalização do esporte, com a criação da primeira federação. Em 1954, foi fundada a Federação Carioca de Futebol de Salão, tendo como presidente Ammy de Moraes, e, posteriormente, surgiram as federações de Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Em março de 1958, a Confederação Brasileira de Esportes (CBD) oficializou a prática de Futebol de Salão no país, fundando o Conselho Técnico de Futebol de Salão, tendo as federações estaduais como filiadas.

Conforme estudos realizados por Melo & Melo 2002, em 25 de julho de 1971, por

iniciativa da CBD e da CSAFS ( Confederação Sul Americana de Futebol de Salão), foi

fundada no Rio de Janeiro, a Federação Internacional de Futebol de Salão (FIFUSA), que

unificou as regras no mundo, contando na sua fundação com a filiação de 32 países, tendo

como primeiro presidente o Sr. João Havelange.

Em junho 1982, em São Paulo, houve o primeiro campeonato mundial promovido pela FIFUSA, com participação de Brasil, Argentina, Costa Rica, Tchecoslováquia, Uruguai, Colômbia, Paraguai, Itália, México, Holanda e Japão. A seleção brasileira venceu a partida final contra a seleção do Paraguai tornando-se o primeiro país campeão mundial de futebol de salão.

De lá para cá, muitas mudanças ocorreram desde a criação do esporte. A bola de futsal passou por várias modificações devido ao seu material. No início a bola era maior, pulava muito e saía da quadra facilmente, por isso seu tamanho foi reduzido e seu peso aumentado.

Também houve mudanças nas regras, na dinâmica do jogo e até mesmo no nome da modalidade.

A FIFA tem certa influência nisto, pois ao se interessar por um novo “mercado” que se abria, incorporou o futebol de cinco, praticado na Europa com o futebol de salão para criar o futsal. O futebol de salão, ainda existe sob a tutela da FIFUSA, primeira entidade internacional existente para o futebol praticado em quadras, mas o maior poderio da FIFA acaba sucumbindo tal entidade, (SANTANA, 2004). Para o autor, apesar destas divergências, é muito grande a contribuição brasileira para o crescimento desse esporte. Hoje, incluindo o Brasil, mais de 130 países são filiados a FIFA, que detém o futsal sob seu domínio desde a década de 1980.

Conforme afirma (VOSER,GIUST, 2002), atualmente é o esporte que possui o maior número de participantes no Brasil. No mundo, são mais de 70 países que o praticam em quatro continentes, destacando-se a Rússia, Ucrânia, Paraguai, Espanha, Portugal, Itália e Austrália, entre outros.

Segundo (MELO, 2002) hoje o futsal conta com cerca de 240 mil atletas inscritos na Confederação Brasileira de Futebol de Salão (CBFS), sendo superior ao próprio futebol. Das competições internacionais que o Brasil participou, venceu quase todas, sendo hoje possuidor dos títulos de pentacampeão mundial e doze vezes campeão Sul-Americano.

Há algum tempo era difícil imaginar o que se vê hoje, escolinhas e professores para ensinar futsal. As crianças aprendiam a jogar bola nas ruas, nas quadras, nos campinhos, muitos com os pés descalços, mas com o sentimento de lazer, e não por obrigação.

Segundo Santana, (2004) nas décadas de 70 e 80 eram poucas escolinhas de futsal, muitas crianças eram convidadas a jogar nos clubes. Não se tratava de uma escola, muitos dos treinadores das crianças não eram nem sequer professores, mas eram devotados ao esporte, por conta disto supõe-se que naquela época muitos equívocos foram cometidos. Por outro lado, com o crescimento das chamadas escolinhas, e a grande maioria delas sendo particulares, muitas crianças ficaram à margem. O que antes era espaço para as crianças brincarem, se tornou com o passar dos anos ruas pavimentadas, viadutos, o chão de terra batida virou asfalto, os campos de várzea deram lugar a estacionamentos, acabando com o lazer de muitos e fazendo com que as escolinhas de futsal em local apropriado tivessem um aumento no número de alunos.

A atividade esportiva praticada em escolinhas, conforme afirmam Voser, et aL, (2002) e Tenório de Melo (2002), no que diz respeito à iniciação, deve-se ter como objetivo, o desenvolvimento das habilidades básicas, como o andar, correr, saltar dentre outros, buscando sempre como uma orientação esportiva, jamais enfocando a especialização e o treinamento.

Cabe ressaltar que toda atividade sendo ela recreativa, é mais atrativa para a criança. O futsal a ajudará no seu desenvolvimento motor, percepção espaço temporal, por estar sendo praticando em um espaço demarcado (quadra), criatividade, o contato com outras crianças, gerando a cooperação, e o respeito aos limites impostos pelo professor, sempre respeitando a individualidade da criança.

Como enfatiza Mutti (1994) e Santana (2004), o ensino do futsal no Brasil ainda tem

que ser melhorado, tanto professores como técnicos, devem buscar um estudo teórico e

pratico mais aprofundado sobre como proceder e realizar métodos de ensino para adequar o futsal às fases iniciais. Enfocar o lúdico e as brincadeiras, para que primeiramente a criança tome gosto pelo esporte, em seguida, a concepção da técnica e outros elementos inerentes ao jogo, serão mais facilmente compreendidos.

A especialização da criança precocemente, muitas vezes acontece por pressão de pais, dirigentes de clubes ou até mesmo por uma questão da busca incessante da captação de talentos para o futebol.

Para Santana, (2004) a preocupação não pode ser na especialização, nem no aperfeiçoamento de habilidades específicas, buscando obter resultados a curto prazo, estas ações irão gerar riscos à criança, sendo um deles, o afastamento do esporte.

O futsal está entre os esportes que mais cedo inicia a criança a sua prática, tal fato se solidifica defronte as categorias criadas para as competições desta modalidade.

CATEGORIA IDADE

Mamadeira 5 a 6 anos

Fraldinha 07 e 08 anos

Pré-mirim 09 e 10 anos

Mirim 11 e 12 anos

Algumas federações esportivas, como a paulista e a paranaense, inclusive, subdividiram esse período em categorias ( Sub-7, Sub-9, Sub-11 e Sub-13). E promovem campeonatos municipais e estaduais. (SANTANA et al., 2006).

O objetivo do presente estudo é verificar se as escolinhas de futsal estão desempenhando seu papel com relação à iniciação desportiva no futsal, respeitando a individualidade da criança, as condições físicas, técnicas e mentais, dentre outros fatores, de forma compatível com as necessidades e possibilidades, adequando sua faixa etária.

Materiais e Métodos:

Amostra

A amostra foi composta por 8 professores de instituições (escolinhas) de futsal diferentes, situadas na cidade satélite de Taguatinga-DF.

Métodos

Como instrumento da coleta de dados, foi utilizado um questionário de cinco perguntas de

características qualitativas de cunho descritivo, elaborado pelo próprio autor.

ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

A primeira questão da pesquisa relacionou-se sobre a formação do profissional que atua nas escolinhas de futsal. 50% dos pesquisados, responderam que são graduados em educação física, enquanto que 12,5% afirmaram serem licenciados no curso. Outros 12,5%, ainda estão em formação, enquanto que os outros 25%, confirmaram possuir outro tipo de formação, sendo este outro tipo de formação a de Bacharel em educação física.

1- Formação Profissional

Na segunda questão, foi abordado sobre a possibilidade das escolinhas de futsal

apresentarem um plano de ações e estratégias. Grande parte respondeu positivamente,

relacionando o segmento da instituição baseado em um ensino que busca a interação com o

aluno, realçando em suas estratégias os aspectos físicos, cognitivos e sociais, além do

aprendizado da modalidade.

2- Plano de Ação/Estratégia das Escolinhas de Futsal

A questão de número 3 da pesquisa, busca analisar sobre os critérios utilizados para as divisões de categorias no processo de ensino-aprendizagem da escolinha. 37,5% dos pesquisados, afirmaram que a escolha de categorias se baseia nos critérios de aptidões físicas, mais especificamente, as habilidades motoras e cognitivas. 12,5%, responderam que tal escolha se dá somente pela questão etária, enquanto que 50% utilizam dos dois critérios juntos, assinalando a opção outros.

3- Critérios Utilizados

O quarto item do questionário abordou qual seriam os objetivos da escolinha de futsal em relação a suas ações metodológicas. 12,5% dos entrevistados afirmaram que, o ensino dos aspectos técnicos e táticos do esporte são os mais privilegiados, enquanto que outros 12,5%, asseguraram que o objetivo da instituição é somente o treinamento, e 75%, garantiram que possuem como objetivo o ensino da técnica, tática e o treinamento, marcando a opção outros.

4- Objetivos da Escolinha

A quinta questão da pesquisa enfoca se pais e/ou responsáveis influenciam no processo de ensino-aprendizagem dos alunos, sugerindo opiniões, cobrando resultados, dentre outros. 62,5% dos questionados afirmaram que tal fato se procede às vezes, 25% confirmaram que tal situação resulta sempre e outros 12,5% assinalaram que isto ocorre quase sempre.

5- Influência dos Pais

De acordo com os resultados obtidos na pesquisa, percebe-se que a maioria das escolinhas de futsal apresenta um plano de estratégias que busca a interação com o aluno, respeitando sua individualidade, além do aprendizado da modalidade.

Já Rogério da Cunha Voser (1998) que, em sua tese de mestrado “Análise das Intervenções Pedagógicas em Programas de Iniciação ao Futsal”, conclui, através de pesquisas, que as escolinhas de futsal têm suas práticas centradas na competição e em mecanismos didático-pedagógicos em que o professor é o detentor do conhecimento de tudo o que vai ser realizado, não dando à criança poder reflexivo e crítico.

Sendo estas pesquisas realizadas em épocas diferentes, nota-se uma mudança na

metodologia adotada pelas escolinhas da atualidade, que têm buscado trabalhar a criança

como indivíduo, não tendo como foco principal a competitividade e, sim, o desenvolvimento

cognitivo e motor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com este estudo pode-se concluir que os profissionais estão cada vez mais buscando

aprimorar a metodologia ministrada, em parceria com as instituições de ensino, não se

preocupando apenas em enfocar o treinamento e ensino de técnica e tática, mas também em

priorizar as habilidades básicas da criança na estrutura do ensino. Em comparação com a

metodologia de ensino de alguns anos atrás, houve uma melhora significativa no que diz

respeito à integração entre ensino e aprendizagem.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

APOLO, Alexandre da Silveira Menezes Lopes – Futsal: metodologia e didática na aprendizagem. São Paulo: Phorte, 2004

FIGUEIREDO, Maria Amália Pereira Alvarenga; FIGUEIREDO, Maria Virgínia Pereira do Couto Rosa – Apontamentos de metodologia para a ciência e técnicas de redação

científica (Monografias, Dissertações). Porto Alegre: Revista Ampliada, 2003.

GIUSTI, João Gilberto; VOSER, Rogério da Cunha. O futsal e a escola - uma perspectiva pedagógica. Artmed, 2002.

GOLDENBERG, Mirian. A arte de pesquisar – como fazer pesquisa qualitativa em ciências sociais. Rio de Janeiro. São Paulo. Record, 2007.

MELO, Fábio Antônio Tenório de. O futsal como disciplina curricular dos cursos de graduação em educação física no Distrito Federal. Brasília, 2002.

MELO, Leonardo Bernardes Silva de; MELO, Rogério Silva de. Ensinando futsal. Rio de Janeiro: Sprint, 2006.

SANTANA, Wilton Carlos de. Futsal: apontamentos pedagógicos na iniciação e na especialização. Campinas: Autores Associados, 2004.

VOSER, Rogério da Cunha. Análise das intervenções pedagógicas em programas de iniciação ao futsal. Porto Alegre, 1998. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano) – Escola de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

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ANEXO QUESTIONÁRIO

Tema: Iniciação desportiva precoce, uma análise nas escolinhas de futsal 1 - QUAL SUA FORMAÇÃO PROFISSIONAL?

( ) Graduado em Educação Física ( ) Licenciado em Educação Física ( ) Graduando em Educação Física ( ) Outras formações

2 - A INSTITUIÇÃO EM QUE VOCÊ TRABALHA POSSUI UM PLANO DE AÇÃO/ESTRATÉGIA?

( ) Sim ( ) Não

( ) Se sim evidencia-se em ações macros de ensino-aprendizagem, buscando a interação do aluno nos aspectos: físicos, cognitivos e sociais, bem como o aprendizado específico da modalidade.

( ) Outros.

3 – QUAIS OS CRITÉRIOS ULTILIZADOS PARA A DIVISÃO DE CATEGORIAS NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM?

( ) Idade somente ( ) Critérios técnicos

( ) Habilidade motoras e cognitivas ( ) Outros Qual/Quais?

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4 – QUAL É O OBJETIVO DESTA ESCOLINHA?

( ) Ensinar a técnica e tática ( ) Recreação

( ) Busca de talentos ( ) Treinamento

( ) Outros Qual/Quais?

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5 – OS PAIS INFLUENCIAM NO PROCESSO DE ENSINO APRENDIZAGEM DOS ALUNOS. (PARTICIPAM, SUGEREM OPINIÕES, COBRAM RESULTADOS, ETC).

( ) Nunca

( ) Às vezes

( ) Quase sempre

( ) Sempre