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Ciênc. saúde coletiva vol.10 número4

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Academic year: 2018

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Sobre a classificação de indiv í duos em estágios de a cordo com a teoria de de s envo lvi m en to moral de Lawren ce Ko h l berg

On the cl a s s i f i c a ti on of i n d ivi duals in stages ac-cording to Ko h l berg's theory of m oral devel opm en t

S ergio Rego E n s p / F i oc ru z

O arti go“ De s envo lvi m en to moral em form a n dos de um curso de odon to l ogi a : uma avaliação con s truti-vi s t a”, p u bl i c ado no vo lume 10 número 2, p á gi n a s 453 a 462, evi dencia a leg í tima preocupação dos au-tores em realizar uma aproximação te ó rica e pr á ti c a com a discussão sobre a formação moral dos indiv í-duos e, de uma manei ra espec i a l , dos prof i s s i on a i s de saúde . E n tret a n to, po s s ivel m en te por basear su a f u n d a m entação te ó rica em apenas um tra b a l h o ( Ag u ado e Med ra n o, 1 9 9 9 ) , os autores não fora m fiéis aos pre s su po s tos desta teori a , de s envo lvida ini-c i a l m en te por Jean Piaget e Lawren ini-ce Ko h l ber g, i n-corren do em previ s í veis equ í vocos em sua aplicação. Com o prop ó s i to de prom over a discussão te ó rica e con tri buir para seu mel h or en ten d i m en to, a pon to alguns dos equ í vocos iden ti f i c ados no arti go em questão e uma bi bl i ografia básica, d i s pon í vel no Bra-s i l , Bra-s obre o tem a .

O pri m ei ro equ í voco re s i de na utilização de ape-nas um dilema moral e assim tentar classificar em um dos estágios ko h l ber gianos aqu eles que re s pon-deram ao dilem a . Não há regi s tros publ i c ados qu e i n d i qu emque os principais te ó ri cos desse campo de s a ber tive s s em preten d i do fazer uma cl a s s i f i c a ç ã o que iden tifica um gru po social ou prof i s s i onal acer-ca de aspectos tão rel eva n tes para o agir como o de-s envo lvi m en to moral cogn i tivo de um indiv í du o a través de apenas uma situação dilem á ti c a , e mu i to m enos que isso tenha sido va l i d ado. Os te s tes uti l i-z ados são de ra i-zo á vel com p l ex i d ade e sua interpre-tação requ er domínio da com p l ex i d ade cre s cen te na avaliação en tre con s eqüência e inten ç ã o. Pa ra uma a proximação cri teriosa sobre a utilização dos te s te s de avaliação do de s envo lvi m en to mora l , con su l t a r Lind (2000).

Destaque-se que Lawrence Kohlberg desenvolveu sua teoria uti l i z a n do - s e , a exemplo de Jean Piaget , do m é todo cl í n i co com en trevistas psico l ó gicas e não de te s tes psico l ó gi co s . In i c i a l m en te Ko h l berg uti l i z ava três históri a s , s en do que até hoje a mais famosa del a s é con h ecida como o Di l ema de Hei n z . O Di l ema de Heinz é exatamente o dilema apresentado como dile-ma de Hen ri que no tex to em qu e s t ã o. Se por um la-do a con tex tualização com a mudança de nome la-do pers on a gem é ju s ti f i c ada e corret a , isso não isenta a n ece s s i d ade de se apre s entar a devida referência para que o lei tor seja inform ado sobre a fon te do dilem a , n em que fosse o livro de Ag u ado e Med rano (1999). Da lei tu ra do arti go dos autores fica a impressão de que qualquer dilema pode ser usado para a classifica-ção dos estágios de ju l ga m en to moral dos su j ei to s p a rti c i p a n tes e que o de Heinz é apenas um en tre os disponíveis. Não é. Os dilemas estão inscritos em tes-tes específicos validados cientificamente e as próprias

a utoras (Ag u ado e Med ra n o, 1 9 9 9 ) , nessa obra uti l i-z ada como referência pelos autore s , dei x a ram um cl a ro alerta em seu pr ó l ogo : “ Na qu a rta parte (do li-vro) e como anexo, a pre s enta-se o método de evo lu-ção moral e os nove dilemas hipo t é ti cos uti l i z ado s por Ko h l ber g. Pa ra a aplicação de s te método, ex i s te um manual de corre ç ã o, no qual se explica det a l h d a m en te seu com p l exo proced i m en to. Temos ten t a-do aqui apre s entar uma introdução a tal proced i-mento. Em qualquer caso, o objetivo não é ”pontuar” os edu c a n dos qu a n to ao seu rac i ocínio mora l , s en ã o com preen der seus argumen tos e con h ecer as estra t é-gias adequ adas para favorecer um maior progre s s o moral” (Aguado e Medrano, 1999:16). Na verdade, as pe s s oas qu a n do re s pon dem aos diferen tes dilemas o f a zem muitas ve zes uti l i z a n do-se de padrões de re s-postas diferen te s , o que fez com que Ko h l berg con s i-derasse a classificação con forme um padrão mod a l . As s i m , a tabela nu m erada com o número 1 no arti go a qui com en t ado é equ ivoc ada e sem su s tentação te ó-rica, por imputar aos entrevistados um estágio de de-s envo lvi m en to moral que provavel m en te é errado, por não obedecer aos fundamen tos te ó ri cos e de mé-todo da teoria na qual ele tenta se basear. Os autore s poderiam (e deveriam) ter afirmado que o padrão de re s postas en con trado é com p a t í vel com o padrão do estágio “x”, sem que isso signifique que eles lá estejam classificados de fato.

Um seg u n do probl ema re s i de na po s s í vel con f u-são en tre capac i d ade cogn i tiva de ju l ga m en to mora l e ação mora l . O arti go apre s enta ao lei tor este tem a de forma a po s s i bilitar uma com preensão inapro-pri ada da teoria ko h l ber gi a n a : “não há como re s o l-ver questões de caráter co l etivo ou indivi dual qu a n-do a con duta moral n-do prof i s s i onal é guiada por in-teresses parti c u l a res e visões unilatera i s” ( Freitaset a l. , 2 0 0 5 : 4 5 9 ) . Esta frase citada dem on s tra como os a utores con f u n dem uma opção feita em um dilem a f i ctício com a futu ra con duta prof i s s i onal dos alu-n o s . A teoria de Lawrealu-n ce Ko h l berg trata da capac i-d ai-de cogn i tiva i-de ju l ga m en to moral e não, n ece s s a-ri a m en te , de ação mora l . E m bora tenha sido de-m on s trado que exista correlação en tre capac i d ade cogn i tiva e ação moral aut ô n om a , o nível de de s en-vo lvi m en to moral é condição nece s s á ri a , mas não su f i c i en te , p a ra a tom ada de dec i s õ e s , já que divers o s o utros fatores ou dimensões interferem no proce s s o, como o afetivo e o em oc i on a l . As s i m , a con clu s ã o dos autores sobre o nível de de s envo lvi m en to mora l dos en trevi s t ados e todas as con s i derações decorren-tes desta são inapropri adas por falta de su s ten t a ç ã o na teoria que deveria respaldar a análise.

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Bi bl i ogra f i a

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Referências

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