SIMULAÇO NUMÉRICA PARALELA DO
ESCOAMENTO AO REDOR DE RISERS
SIMULAÇO NUMÉRICA PARALELA DO
ESCOAMENTO AO REDOR DE RISERS
Tese apresentada à Esola Politénia
da Universidade de São Paulo para
a obtenção do título de Doutor em
Engenharia.
Áreade onentração:
Engenharia Meânia
Orientador:
Prof. Dr. Julio RomanoMeneghini
Aos amigos Cassio Takeshi Yamamoto, Rodrigo de Andrade Fregonesi, José Ignaio
Hernandez Lopes, Gustavo Roque daSilva Assi.
À Ivone Margarido,portodos osgalhos quebrados durante eapósminha
perma-nênia noNDF.
AosprofessoresdoNDFJoséAugustoPenteadoAranha,ClóvisdeArrudaMartins,
Fábio Saltara,Jorge Baliño.
Ao meu orientador, prof. JulioRomano Meneghini, pelo auxílio,orientação e por
proporionartodos osreursos neessários para aelaboração deste trabalho.
Ao CNPq, peloauxílonaneiro ofereidodurante o doutorado.
À Petrobrás, nas pessoas dos Engenheiros Enrique Casaprima e FranisoRoveri.
ÀminhafamíliaeaminhaesposaClaudia,portodooapoioofereidoduranteestes
anos.
E a todos que não foram aqui menionados, e que de alguma forma ontribuíram
Neste trabalho, a resposta dinâmia de um riser marítimo devido à geração e
des-prendimento alternado de vórties é investigada numeriamente. O riser é dividido
em seções bidimensionais ao longo de seu omprimento. O Método dos Vórties
Dis-retos é empregado para a determinação das forças hidrodinâmias que agem nestas
seções bidimensionais. As seções hidrodinâmiassão resolvidas independentemente, e
o aoplamentoentre asmesmas é feitoatravésda soluçãoda estrutura no domíniodo
tempo pelo Método dos Elementos Finitos. Os resultados numérios são omparados
om resultados obtidosexperimentalmente.
Proessamento paralelo é empregadopara melhorar aperformane dométodo. As
simulaçõessãorealizadasatravésdeumametodologiamestre-esravo,utilizandoMPI
MessagePassingInterfaeparaexploraroparalelismo. Aesalabilidadedoalgoritmo
é mostrada e disutida.
Este trabalho representa o desenvolvimento de um simuladorque permite,
efetiva-mente, aanálisedinâmiade um riser omaraterístiasedimensõesrepresentativas
das ondiçõesreaisenontradasemampo,aumustoomputaionalfatívelparaseu
uso omouma ferramentade engenharia. Isto éobtidopormeio daténiade
proes-samento paralelo, aliada à solução do esoamento através de um método eiente de
CFD Métododos VórtiesDisretoseàsoluçãodaestruturaatravésdoMétododos
In this work the dynami response of a marine riser due to vortex shedding is
nume-rially investigated. The riser is divided in two-dimensional setions along the riser
length. The Disrete Vortex Method is employed for the assessment of the
hydrody-namifores atingonthesetwo-dimensionalsetions. The hydrodynamisetionsare
solved independently, and the oupling among the setions is taken into aount by
the solution of the struture inthe time domain by the FiniteElement Method. The
numerialresults are ompared with results obtained experimentally.
Parallel proessing is employed to improve the performane of the method. The
simulations are arried out through a master-slave approah using MPI Message
Passing Interfae to exploit the parallelism. Salability of the algorithm is shown
and disussed.
This work represents the development of a simulator that eetively allows the
dynami analysis of a riser with representative harateristis ans dimensions of real
eld onditions, with a feasible omputational ost for its use as an engineering tool.
Thisisobtainedbymeansoftheparallelproessingtehnique,togetherwithaneient
CFD solution of the ow with de Disrete Vortex Method and the solution of the
CFD ComputationalFluidDynamis
EP Elemento de Proessamento
LAN LoalArea Network
MEF Métododos ElementosFinitos
MIMD MultipleInstrution Multiple Data
MISD MultipleInstrution SingleData
MPI Message Passing Interfae
MVD Métododos Vórties Disretos
MVF Métododos Volumes Finitos
NUMA Non-Uniform Memory Aess
PVM Parallel Virtual Mahine
SISD Single IntrutionSingle Data
SIMD Single Instrution MultipleData
SMP SymmetriMultiProessing
VIV VibraçãoInduzida por Vórties
A
ÁreaC
AmorteimentoC
d
Coeiente de arrastoC
l
Coeiente de sustentaçãoD
DiâmetroD
0
Parâmetro de amalgamaçãoE
Módulo de YoungF
Força; fração do proessoI
Momentode inériaK
Matriz de rigidezL
ComprimentoM
;m
Massa; momentop
;P
Pressãor
RaioRe
Número de ReynoldsS
Área; númerode StrouhalT
Tração; períodot
TempoU
VeloidadeV
VolumeV0
Tolerânia de amalgamaçãou
;v
DesloamentoZ
Posiçãodo vórtieΓ
Cirulaçãoθ
Desloamentoangularν
Visosidade inemátiaρ
;γ
Densidadeψ
Função linha de orrenteσ
Tamanho donúleo do vórtie2.1 Fragmentodo CodexLeiester . . . 8
2.2 Esteira de vórties de vonKármán . . . 9
2.3 Modelo de formaçãodo vórtie (GERRARD, 1966) . . . 10
2.4 Regimesde emissãode vórties para ilindros lisos(BLEVINS, 1990) . . . 11
2.5 Relação entre números de Strouhal e Reynolds, ilindros xos (BLEVINS,
1990). . . 12
2.6 Esquema de um riser rígidotípio . . . 14
3.1 Disretização doorpo. Reproduzido de FREGONESI (2002) . . . 31
3.2 Determinaçãodaposiçãoiniialdovórtie. Extraídode FREGONESI(2002) 35
3.3 Série temporaldos oeientes de força(
Nw
=32,V
0
=1
×
10
−5
,
Ut/D
=0,05) 43 3.4 Série temporaldos oeientes de força(Nw
=64,V0
=1
×
10
−5
,
Ut/D
=0,05) 43 3.5 Sérietemporaldos oeientes de força(Nw
=128,V0
=1
×
10
−5
,
Ut/D
=0,05) 44 3.6 Série temporaldos oeientes de força(Nw
=32,V0
=1
×
10
−6
,
Ut/D
=0,05) 44 3.7 Série temporaldos oeientes de força(Nw
=64,V0
=1
×
10
−6
,
Ut/D
=0,05) 45 3.8 Sérietemporaldos oeientes de força(Nw
=128,V0
=1
×
10
−6
,
Ut/D
=0,05) 45 3.9 Série temporaldos oeientes de força(Nw
=32,V0
=1
×
10
−5
,
Ut/D
=0,1) 46 3.10 Série temporaldos oeientes de força(Nw
=64,V0
=1
×
10
−5
,
Ut/D
=0,1) 46 3.11 Série temporaldos oeientes de força(Nw
=128,V
0
=1
×
10
−5
,
Ut/D
=0,1) 47 3.12 Série temporaldos oeientes de força(Nw
=32,V0
=1
×
10
−6
,
Ut/D
=0,1) 47 3.13 Série temporaldos oeientes de força(Nw
=64,V0
=1
×
10
−6
,
Ut/D
=0,1) 48 3.14 Série temporaldos oeientes de força(Nw
=128,V0
=1
×
10
−6
3.17 Contorno de vortiidade (
Nw
= 32,V0
=1
×
10
−5
,
Ut/D
= 0,1) . . . 503.18 Contorno de vortiidade (
Nw
= 128,V0
=1
×
10
−6
,Ut/D
= 0,05) . . . . 504.1 Elemento de barra submetido atração/ompressão. . . 56
4.2 Elemento de viga om quatro graus de liberdade. . . 62
4.3 Elemento de viga om seis graus de liberdade. . . 68
5.1 Superomputador Cray YMP . . . 71
5.2 Cluster de PCs . . . 71
5.3 Exemplo de ódigo FORTRAN om paralelizaçãovia OpenMP . . . 80
5.4 Exemplo de ódigo FORTRAN om paralelizaçãovia MPI . . . 81
6.1 Elemento innitesimalde um riser. Extraído de FERRARI (1998) . . . 83
6.2 Diagrama de orpolivre para um elementode vigaem exão . . . 92
6.3 Diagrama de orpolivre para um elementode barra emtração . . . 94
6.4 Sistemadeoordenadasdoilindroaelerado. ReproduzidodeYAMAMOTO (2002) . . . 114
6.5 OperaçãoBroadast . . . 122
6.6 Operações Satter/Gather . . . 123
6.7 Exemplo de distribuição de dados doriser entre osnós . . . 124
6.8 Exemplo doaoplamentoentre o MEF e MVD . . . 125
6.9 Fluxograma- análise estátiae determinaçãodas matrizesestruturais . . . 127
6.10 Fluxograma- análise dinâmia. . . 127
6.11 Validação domodelo estátio -Envoltórias dos desloamentosna direçãox 130 6.12 Correnteonstante - Envoltóriasdos desloamentos nadireção x . . . 134
6.13 Correnteonstante - Envoltóriasdos desloamentos nadireção y . . . 134
6.14 Correntevariável - Envoltórias dos desloamentos nadireçãox . . . 135
7.3 Vistado anal,mostrando o arro de reboque e otubo de váuo . . . 142
7.4 Detalhe dotubo de váuo . . . 142
7.5 Detalhe doriser. Vista lateral . . . 143
7.6 Detalhe daseção transversal do riser . . . 143
7.7 Desloamentos longitudinaise transversais -Caso 1 . . . 151
7.8 Desloamentos longitudinaise transversais -Caso 2 . . . 152
7.9 Desloamentos longitudinaise transversais -Caso 3 . . . 153
7.10 Desloamentos longitudinaise transversais -Caso 4 . . . 154
7.11 Desloamentos longitudinaise transversais -Caso 5 . . . 155
7.12 Desloamentos longitudinaise transversais -Caso 6 . . . 156
7.13 Desloamentos longitudinaise transversais -Caso 7 . . . 157
7.14 Desloamentos longitudinaise transversais -Caso 8 . . . 158
7.15 Desloamentos longitudinaise transversais -Caso 9 . . . 159
7.16 Comparaçãodos ódigos avaliados -Caso 1 . . . 160
7.17 Comparaçãodos ódigos avaliados -Caso 3 . . . 161
7.18 Comparaçãodos ódigos avaliados -Caso 6 . . . 162
7.19 Comparaçãodos ódigos avaliados -Caso 9 . . . 163
7.20 Comparativode tempos de exeução doódigo. . . 166
3.1 Parâmetros utilizadosna validaçãodo MVD . . . 42
3.2 Resultados - validaçãoMVD . . . 42
3.3 Resultados obtidos naliteraturapara ilindroslisos xos,
Re
= 10.000 . . 426.1 Validação domodelo estátio Dados estruturais . . . 129
6.2 Desloamentos obtidos- Validaçãodomodeloestátio. . . 129
6.3 Validação - Dadosestruturais doriser . . . 132
7.1 Dadosestruturais do riser . . . 149
1 Introdução 1
1.1 Metodologia . . . 4
1.2 Formato datese . . . 5
2 Revisão Bibliográa 7 2.1 O Meanismode Geração eDesprendimentode Vórties: Aspetos Físios e Revisão História . . . 7
2.2 VibraçõesInduzidas peloEsoamento emRisers . . . 13
3 O Método dos Vórties Disretos 21 3.1 Introdução . . . 21
3.2 Formulação doMVD . . . 22
3.3 Considerações sobre oMVD . . . 37
3.4 ValidaçãodoMVD . . . 40
4 O Método dos Elementos Finitos 51 4.1 Introdução . . . 51
4.2 Coneitos Iniiais . . . 52
4.3 Apliação doMEF a Elementos Estruturais Básios . . . 55
4.3.1 Elementode BarraSubmetido aTração/Compressão . . . 56
4.3.2 Elementode Vigaom QuatroGraus de Liberdade . . . 61
5.2 Modelos de ProgramaçãoParalela . . . 75
6 Modelamento do Riser 82 6.1 ModeloEstrutural doRiser . . . 82
6.1.1 Análise estátia . . . 82
6.1.2 Análise Dinâmia . . . 91
6.2 Forças Hidrodinâmias . . . 111
6.3 Simulação Paralela doRiser . . . 120
6.4 ModeloCompleto doRiser . . . 126
6.5 ValidaçãodoModelo Estátiodo Riser . . . 128
6.6 ValidaçãodoModelo Dinâmio doRiser . . . 131
7 Resultados 136 7.1 Delta Flume . . . 136
7.1.1 Desrição do Experimento . . . 136
7.1.2 Detalhamento doRiser . . . 144
7.1.3 Condições Estudadas . . . 145
7.1.4 ModelagemNumériado Riser. . . 145
7.2 Aeleração de Desempenho Através doProessamento Paralelo . . . 164
8 Conlusões e Comentários 167
Introdução
O estudo do fenmeno de Vibração InduzidaporVórties (VIV) tem sido um grande
desao para a indústria de exploração de petróleo. Nessa indústria, são omumente
utilizadas estruturas hamadas risers, que são dutos rígidos ou exíveis, utilizados
respetivamente na perfuração e transporte dopetróleo desde o leito dooeano até a
superfíie. Na Baia de Campos,onde a Petrobrás onentra seu esforço de produção
em águas profundas, estes risers têm omprimento suspenso da ordem de 1.000 a
2.000 metros, e podem estar sujeitos a ondições ambientais diversas, omo ondas de
superfíie, ventos eorrentes marítimasde intensidade edireção variáveis.
É sabido que orpos rombudos submetidos a uma orrente uida levam à geração
e aodesprendimentoalternado de vórties,fenmenoonheido omo vortex shedding.
Estes vórties, por sua vez, interagem om a estrutura através da formação de
am-pos de pressão ílios. As forças ílias resultantes podem levar ao surgimento de
osilaçõesdoorpo que,dependendo dafreqüênia de exitação,são apazes de
sinto-nizar simultaneamentediferentes modos naturais destes elementos, podendo emasos
extremos levar àfadigae aoolapso daestrutura.
É fundamentalque asaraterístias rítiasde uma nova estrutura que esteja
su-jeitaaVIVsejamreonheidasemumafaseiniialdoprojeto. Noentanto,algumasdas
fontesdofenmenodeVIVenvolvemaomplexainteraçãoentre forçashidrodinâmias
om aresposta dinâmiada estrutura.
Para um melhorentendimentodos fenmenosenvolvidos, umadesrição detalhada
doomplexoampode veloidadesdesenvolvidoaoredor daestrutura éde grande
im-portânia. Neste sentido, a Dinâmia dos Fluidos Computaional ou CFD (do inglês
Computational Fluid Dynamis),porofereer a apaidade de desrever de forma
de-talhada o ampo de veloidades aoredor das estruturas emquestão, vem setornando
uma ferramentade resente importâniana fasede projeto das mesmas.
Dentre as metodologiasomumenteutilizadasemCFD, destaam-se oMétododos
Elementos Finitos (MEF) e o Método dos Volumes Finitos (MVF). Estes métodos
baseiam-se na solução numéria das equações difereniais pariais que desrevem o
esoamento, as hamadas equações de Navier-Stokes. Nestes métodos, o domínio de
álulo é resolvido de forma disreta, através de uma malha. Para se obter uma boa
resolução, a malha deve ser extremamente renada emregiõesonde seonentram os
gradientes elevados, omo por exemplo na amada limite do orpo. Devido à
nees-sidade de utilização destas malhas omputaionais, tais métodos tornam-se
extrema-mente aros em termos de apaidade omputaional e utilizaçãode memória. Estes
inonvenientes levaram aum fortedesenvolvimentode métodos lagrangeanos,quenão
utilizam malha. Um destes métodos de partiular interesse é o Método dos Vórties
Disretos (MVD). De forma geral, o MVD difere dos métodos puramente eulerianos,
tais omo o MVF e o MEF, na medida em que as propriedades do esoamento são
transportadasatravésde partíulas,noaso oshamadosvórtiesdisretos. Este
enfo-que lagrangeano apresenta a grande vantagem de não neessitar de uma disretização
total do esoamento, mas apenas nas regiões onde avortiidade éonentrada.
Um aspeto omum de todos os métodos aqui menionados é a elevada demanda
porreursos omputaionais,tantoemtermosde uso de memóriaomo daapaidade
dores, interligadosentre siatravésde umarede, barramento,oumesmoporum espaço
omum de memória. O problema pode então ser dividido em sub-problemasmenores,
que são resolvidosmaisrapidamente, ommenorrequerimentode memóriaede forma
simultânea.
O proessamento paralelo pode ser realizado por meio de diretivas de ompilação
ou através do uso de biblioteas de rotinas espeías para este m. As ferramentas
de proessamentoparalelomaisomunsnaatualidadesãooMessage PassingInterfae
(MPI) e o OpenMP. OpenMP é utilizado em máquinas om arquitetura de memória
ompartilhada,tambémhamadas deSymmetriMulti Proessing (SMP). OMPI, por
sua vez, pode ser utilizadotanto em sistemas om arquitetura de memória
omparti-lhada omo de memória distribuída,omo por exemplo lusters de omputadores.
Neste trabalho, é utilizado o MVD para a solução do ampo de esoamento ao
redor do riser. Esta ténia é apaz de forneer de forma expedita, porém om um
grau de onabilidade onsiderado satisfatório para a faixa de números de Reynolds
onde enontram-se boa parte das apliações aqui estudadas, as forças hidrodinâmias
às quaisa estrutura é submetida.
A utilização do MVD juntamente à ténia de proessamento paralelo, apliados
ao problema de VIV em risers marítimos,onsiste no aspeto inéditoe prinipalfoo
deste trabalho. A assoiação destas duas ferramentas viabiliza a simulação de risers
om araterístias e dimensões representativos das ondições reais enontradas em
ampo, a um usto omputaional fatível om os requerimentosneessários para sua
utilizaçãoomoumaferramentadeengenharia,apesardaslimitaçõesinerentesaoMVD
que serão expliitadasao longo destetrabalho.
Deve-se salientarque,apesar dos avanços reentes emapaidade omputaionale
no desenvolvimento de algoritmos, o uso da CFD em tenologia marítima no estágio
onal que vem sendo observado atualmente, espera-se ampliar ainda mais a gama de
utilizaçãoda CFD omo uma ferramenta de engenharia neste tipo de apliação.
1.1 Metodologia
Ametodologiaempregadanestetrabalhoéessenialmentenuméria,utilizandoum
mo-delo estrutural em Elementos Finitosbaseado na teoria de vigas Euler-Bernoullipara
modelarum riser marítimo,omodesritoemFERRARI(1998). Arespostadinâmia
do riser é obtida através da solução da equação geral do movimento no domínio do
tempo. Oriser édivididoemseçõesbidimensionaisaolongo doseu omprimento,eas
forças hidrodinâmiasatuantesnaestruturasãoavaliadasnestasseçõesbidimensionais
atravésdoMVD. Asseçõesbidimensionaissão resolvidasdeformaindependenteentre
si, e o aoplamento entre as diversas seções hidrodinâmias se dá somente através da
estrutura. Assim, aanálisepodeseronsideradaomoquase-tridimensional. Comesta
formulação, araterístias tridimensionais do esoamento são negligeniadas. No
en-tanto,segundoWILLDEM eGRAHAM(2000),assumindoqueaprinipalomponente
da vortiidade ainda está alinhada om o ilindro, e os gradientes de todas as
variá-veisdo esoamento nadireção daenvergadura podem ser onsiderados muito menores
do que os gradientes nas demais direções, então pode-se assumir que uma simulação
bidimensional, emuma primeiraaproximação,deva forneer bons resultados.
O proessamento paralelo é utilizado para melhorar a eiênia omputaionaldo
ódigo. Um esquema mestre-esravo é empregado através de MPI, onde os proessos
esravos resolvem um determinado número de seções hidrodinâmias, e o proesso
mestre éoresponsável peladistribuição eontrole das tarefas, bemomo pelasolução
do problema estrutural.
or-1.2 Formato da tese
Este trabalhofoi estruturado naformadesrita aseguir:
•
Oapítulo1apresentaamotivaçãoparaarealizaçãodestetrabalho,noquetangeà sua apliação para a simulação numéria do fenmeno de vibração em
estru-turas oshore devido ao desprendimento de vórties, e desreve a metodologia
empregada.
•
O apítulo2 faz uma breve revisão história do fenmeno de vibração induzidapela emissão de vórties em geral, e em estruturas marítimas omo risers em
partiular, desrevendo osprinipaisaspetos físios envolvidos.
•
O apítulo 3 disorre sobre o Método dos Vórties Disretos, empregado nestetrabalho para amodelagemdas forças hidrodinâmiasatuantes no riser.
•
O apítulo4 fornee uma visãogeral sobre o Métododos ElementosFinitos.•
Oapítulo5 fazuma breveintroduçãoàténiade proessamentoparalelo,des-revendo os reursos omputaionais, ferramentas e ténias omumente
empre-gadas, e destaando os prinipais fatores que inueniam no desempenho
om-putaional.
•
O apítulo 6 trata da modelagemnuméria doriser, ontemplando a união dasténias menionadasnos apítulosanteriores: MEF, MVD eproessamento
pa-ralelo.
•
Revisão Bibliográa
2.1 O Meanismo de Geração e Desprendimento de
Vórties:
Aspetos Físios e Revisão História
As primeirasobservações dofenmeno de emissão de vórties foramregistradas pelos
antigosgregos,queveriaramque,quandoordastensionadaseramexpostasaovento,
as mesmas vibravam, emitindo sons. No séulo XV, LEONARDO DA VINCI, no
famoso Codex Leiester, reproduziu em uma gura uma esteira de vórties que se
formavaatrás do pilar de uma ponte. No texto, daVini esreve que...o turbilhonar
das águas que se juntam após o objeto que as dividiu irá reirular em direção ao
objetoatingido... eestemovimentotortuosoprosseguirá,omoumaonhahelioidal,
inlinando sempre om a orrentede água.
No entanto, somente a partir do séulo XIX os primeiros estudos formais aera
dofenmenode emissãode vórties foramrealizados. STROUHAL,em1878,veriou
queasvibraçõesnasordasausadas pelovento,desritas pelosantigosgregosomoos
tonseólios,eramproporionaisàveloidadedoventodivididopelodiâmetrodaorda.
Tambémobservou que a intensidade do som aumentava onsideravelmentequando as
Figura2.1: Fragmentodo Codex Leiester
Em 1879, RAYLEIGH, repetindo o experimento dos antigos gregos, veriou que
uma orda de violinosubmetida a um uxo de ar, ontrariamenteao quese supunha,
vibrava prinipalmente nadireção transversal do esoamento. E em 1896, deniu um
parâmetro adimensional que mais tarde passou a ser onheido omo número de
Strouhal que relaionaa veloidade do esoamento om a freqüênia de emissão de
vórties:
S
=
f
s
D
U
(2.1)onde
f
s
éafreqüênia de emissãode vórties,D
odiâmetrodaordaeU
aveloidade do esoamento.Aperiodiidadeda esteirade um ilindrofoi assoiadaom aformação de vórties
KÁR-Figura2.2: Esteira de vórties de von Kármán
for obedeida uma razão de espaçamento
b/a
igual a0
,
281
, ondea
é o espaçamento longitudinal eb
o espaçamento transversal.HELMHOLTZ (1868)apud SARPKAYA(1989) props queasregiõesom
vortii-dadeelevadapoderiamsermodeladasatravésde partíulasdisretas,omdeterminada
irulaçãoeseçãotransversalinnitesimal,ouseja,linhasdevórties. Estaabordagem
onstitui-seemumadas basesdalassedemétodosnumériosdaqualprovémoMVD,
omo será menionadomais tarde.
ApartirdooneitopropostoporHelmholtz,ROSENHEAD(1931)estudouo
fen-meno da instabilidade entre duas amadas uidas isalhantes. Para isto, modelou a
superfíiede ontato entre asamadasisalhantes omo uma leirade vórties
disre-tos.
Umorporombudoédenido porBEARMAN(1984)omo umorpoque,quando
imersoemumesoamento,gera aseparação doesoamentosobreuma porção
substan-ialdesuasuperfíie. Aseparaçãodoesoamentoemumorporombudolevaàriação
de duasamadasisalhantesnaparteposteriordesteorpo. Ainteraçãoentreestas
a-madasisalhantes,quearregam uidoomvortiidadede sinaisopostos, representaa
razãoessenialdosurgimentodaesteiradevórtiesatrásdoorpo. GERRARD(1966)
Figura 2.3: Modelo de formaçãodo vórtie (GERRARD, 1966)
à qual o mesmo está onetado. Em um dado instante, este vórtie torna-se de tal
forma intenso que éapaz de atrair aamada isalhanteoposta. As partíulas uidas
pertenentes à amadaisalhante atraídapodementão:
a)sereminorporadaspelovórtie emformação,diminuindoairulação deste
vór-tie;
b)ortar o suprimentode vortiidade para o vórtie emformação, ausando o
des-prendimentodo mesmo;
)formar um novo vórtie, om irulação de sinal ontrário ao do vórtie anterior
e naparte oposta da esteira.
Osprinipaisregimesdeemissãodevórtiespara umilindrolisoemrelaçãoao
nú-mero de Reynolds foramdesritos porLIENHARD (1966),e são mostrados naFigura
2.4, extraída de BLEVINS (1990). O número de Reynolds é denido omo a relação
Figura2.4: Regimes de emissão de vórtiespara ilindroslisos(BLEVINS, 1990)
Re
=
UD
ν
(2.2)onde
U
éaveloidadedaorrente,D
éumadimensão araterístiadoorpo(no aso de ilindros,o diâmetro) eν
é avisosidade inemátia.Oregime a) também é hamadode reeping ow. Neste regime,que oorre para
Re <
5
, o uido segue o ontorno do ilindro, não havendo separação. No regime b),que oorre entre
5
≤
Re <
40
, oorreseparação doesoamento,porém não háemissão de vórties, apenas a formação de duas bolhas de reirulação. Aumentando-se onúmerode Reynolds a esteira torna-seinstável, eomeça o desprendimento alternado
devórties,araterizadopeloregime),para
40
≤
Re <
150
. NestafaixadeReynolds, a esteira é laminar. Para valores de Reynolds entre150
≤
Re <
300
, orrespondentes aoregimed),aesteiratorna-seturbulenta,porémaamadalimitepermaneelaminar.A faixa de números de Reynolds ompreendida entre
300
e1
,
5
×
10
5
é hamada
faixa subrítia. Nesta faixa, a separação oorre a um ângulo de era de 80graus, e
a emissão de vórties é forte e periódia. Na hamada faixa de transição
1
,
5
×
10
5
≤
Re <
3
,
5
×
10
6
Figura 2.5: Relaçãoentre númerosde Strouhale Reynolds,ilindros xos(BLEVINS,
1990)
era de140 graus,eoarrastoaidramatiamente. Esta éahamadarisedoarrasto.
Nesta faixa, araterizada pelo regime f), a emissão regular de vórties é quebrada,
devido abolhas deseparação laminareefeitostridimensionais,eaesteiraapresenta-se
desorganizada e estreita. No regime g), para
Re >
3
,
5
×
10
6
, a emissão regular de
vórties é restabeleida,om a esteira ea amadalimite ompletamente turbulentas.
O gráo da Figura2.5 de autoria de LIENHARD (1966), ACHEMBACH e
HEI-NECKE (1981) e extraído de BLEVINS (1990), mostra a relação entre o número
de Strouhal e o número de Reynolds para ilindros xos de superfíie lisa e rugosa.
Observa-se que a freqüênia de emissão de vórties apresenta um valor pratiamente
onstante, em torno de 0,21, para uma larga faixa de número de Reynolds. Na faixa
orrespondente à faixa de transição, onde a amada limite torna-se turbulenta, o
nú-mero de Strouhalpara ilindroslisosapresenta um salto, hegando aum valorigual a
Na indústriapetrolíferaoshore,éde sumaimportâniaodimensionamentodos risers
utilizados na perfuração e na extração do petróleo a partir do leito do oeano. Estes
risers são estruturas esbeltas que tem a função de fazer a ligação da plataforma
ma-rítima om o leito do oeano, om a nalidade de realizar atividades de perfuração e
extração.
Osriserspodemserseparadosemdoistipos: rígidoseexíveis. Osrisersrígidossão
formados porseçõestubulares de aço, adauma om omprimentotípio daordemde
12a18metros,eaopladasentresi. Oriser émantido suspensopelaapliaçãodeuma
tensão axial na sua extremidade superior, para evitar que o mesmo seja submetido a
umaelevadaargaaxialdeompressão,oquepoderiaausaraambagemdaestrutura.
Muitas vezes, são utilizados elementos utuadores em volta de algumas das seções
do riser, om o objetivo de diminuir a tração no topo do mesmo. São omumente
empregados em atividades de perfuração.
Osrisers exíveissão dutosformados pordiversasamadasde materiaismetálios
e sintétios, entrelaçados em volta de uma armadura metália. São projetados para
resistir a grandes tensões axiais, porém mantendo uma exibilidade suiente para
aompanhar os movimentos da plataforma, ausada por ventos e ondas. Podem ser
utilizadosemonguraçõesematenária,esãonormalmenteempregadosematividades
de extração de petróleo.
Como omentado anteriormente, quando um orpo rombudo omo é o aso de
um riser é imerso em uma orrente, oorre a formação e desprendimento alternado
de vórties, om o onseqüente surgimento de um ampo de pressão ílio atuando
no riser. Este ampo de pressão ílio gera uma força resultante na direção
trans-versal ao esoamento, podendo levar ao surgimento de osilações da estrutura. Se a
freqüênia desta exitação oinidirom afreqüênia de vibração daestrutura, oorre
Figura2.6: Esquema de um riser rígido típio
olapso damesma.
Alémdo fenmeno de vibração induzida por vórties VIV, outros fatores
ontri-buem para aumentar a omplexidade da tarefa de dimensionamento dos risers, omo
argasdinâmiasambientaisdevidoaondaseventos, apresença deorrentesde
inten-sidadese direçõesvariáveisom aprofundidade,efeitos deinterferênianoesoamento
ausados por outras estruturas, entre outros. À medida que novas jazidas de petróleo
são enontradas em profundidades ada vez maiores, torna-se de apital
importân-ia um estudo aprofundado dos omplexos fenmenos que permeiam a atividade de
exploração de petróleo em águas profundas. Este desao tem atraído a atenção de
diversos pesquisadores nos últimos anos, através de análise tanto experimentaisomo
de ténias numérias.
BLEVINS(1990),emseu livro,apresenta umasérie de ferramentasanalítiaspara
em um elemento,propuseramum modeloestruturalbaseado emelementosnitospara
estudararespostadeumriser submetidoaumarregamentohidrodinâmio,modelado
através da equação de Morison. Uma boa preisão foi obtida para os esforços na
direção do esoamento, porém tal preisão é extremamente inueniada pela esolha
dos oeientes empíriosutilizadosnaequação de Morison.
FERRARI(1998)apresentou ummodelosemelhanteaodePATEL eWITZ(1991),
porém inorporando aoarregamento dinâmioa ação de ondas. As forças na direção
do esoamento foram aluladas através da equação de Morison, porém as forças na
direçãotransversalaoesoamentoforamestimadaspormeiodeumaformulação
quase-permanente, proposta porBEARMAN etal. (1984).
MOURELLE (1993) realizou uma análise dinâmia não-linear através do método
de elementos nitos, utilizando uma formulação de elemento de pórtio espaial
o-rotaionado, para o estudo de risers e linhas de amarração. As forças hidrodinâmias
foram estimadas através daequação de Morison.
LARSENe HALSE(1995)apresentaram umestudoomparativode diferentes
mo-delos utilizadosnaprediçãode VIVemestruturas marítimas,desenvolvidos por
diver-sas instituiçõesde pesquisa.
KHALAKe WILLIAMSON (1996) realizaram experimentos om ilindros rígidos
emágua. Foiobservadoque,nosresultadosondeosilindrospossuíambaixasrazõesde
massa (razãoentre amassadoilindroeamassadeuidodesloada)eamorteimento
(razão entre amorteimento e o amorteimento rítio), havia dois regimes de
resso-nânia, ouseja, existiamdois níveisdistintos de limitede amplitude naressonânia, e
não um omo era assumidoanteriormente.
PESCE(1997)estudou de formaanalítiaoproblemadadeterminaçãoda
ongu-raçãoestátiadeequilíbrioedarespostadinâmiadelinhassubmersasemonguração
propósito de ompreender o meanismo de aoplamento das osilações transversais e
longitudinais ao esoamento, e investigar o patamar de resposta ressonante típio de
ilindros om baixooeiente de massa-amorteimentoreduzido.
WILLIAMSON e GOVARDHAN (2004) apresentaram um resumo de resultados
fundamentais e avanços obtidos no estudo de vibração induzidapor vórties nos
últi-mos vinte anos, abrangendo tanto ténias experimentais quanto omputaionais. Os
autores foaram prinipalmente aspetos omo baixos parâmetros de massa e
amor-teimento, a dinâmia dos vórties e a transferênia de energia que dão origem aos
modos de vibração, o oneito de massa rítia, a relação entre força e vortiidade,
entre outros. São apresentados mapas de modos de formação de vórties, ompilados
a partir de estudos de vibração forçada, e disussões sobre tópios atuais aera do
problema de interaçãouido-estrutura.
OutroaspetointeressanteaeradeVIVestárelaionadoaoefeitodeinterferênia,
quando temosum agrupamento de ilindros. Quando há mais de um orpo imerso na
orrente, padrões não triviais de emissão e desprendimento de vórties são obtidos
devido à proximidade entre os orpos,levando a interações entre osmesmos de difíil
predição. Ofenmeno de VIVemrisers eagrupamentodos mesmos,partiularmente
paraaexploraçãodeóleoemáguasprofundas,passaaserumproblemapotenialmente
omplexo, om grandediuldade para denição dos parâmetrosde projeto.
BEARMAN eWADCOCK (1973) realizaram experimentosom dois ilindros
ir-ulares dispostos lado alado em relaçãoà orrente, para diferentes espaçamentos. Foi
onstatada uma forçamédiade repulsãoentre osilindros,ausada pelodesloamento
dos pontos de estagnação frontais dos mesmos em direção ao vão formado entre eles,
e na direção oposta para os pontos de separação externos. Esta força de repulsão era
tanto maior quanto mais próximosse enontravam osilindros.
vórtiesemanti-fase,nafaixadeespaçamentoentreumeinodiâmetros,gerandouma
esteira formadaporduas esteirasparalelasemanti-fase. Estaonguraçãomostrou-se
estável para grandes distânias a jusante, porém pode oorrer do esoamento mudar
para emissão em fase, e vie-versa. No entanto, foi onstatado que o esoamento em
fase leva ao desenvolvimento de uma únia esteira de maior esala, onde os vórties
de mesmo sinal se emparelham e rodam um emtorno dooutro. Opareamento leva à
formação de uma únia esteira de vórties binários. Pode-se deduzir que, em alguma
região a jusante, ada vórtie binário oalese em um únio vórtie, assim formando
uma esteirade vórties de vonKármán de maior esala.
ZDRAVKOVICH(1977,1987)produziuumaextensarevisão dofenmenode
emis-são de vórties para agrupamentos de dois ou mais ilindros em ongurações lado
a lado, tandem e oblíquo. Os efeitos de interferênia devido à proximidade e à
es-teira foramategorizados em relação aos diversos tiposde arranjos entre os ilindros.
Foramexaminadosaspetosomoasforças atuandonosilindrosemfunçãodo
espaça-mento entre osmesmos, distribuiçõesde pressão, pers de veloidadee araterístias
da esteira. Foi veriado que, para arranjos em tandem, a emissão de vórties atrás
do primeiro ilindro era suprimida, para um espaçamento entre os mesmos entre 3,5
e 3,8 diâmetros. Uma longa esteira fehada era formada atrás do primeiro ilindro,
sem emissão de vórties. No entanto, uma vigorosa emissão de vórties oorria atrás
do segundo ilindro. Para espaçamentos maiores, onstatou-se que oorria emissão
de vórties em ambos os ilindros. Segundo ZDRAVKOVICH (1977), normalmente
supõe-se que dois ilindros oloados próximos num esoamento omportem-se omo
ilindrosisolados. Porém, essasuposiçãosóéjustiadaquandoosilindrosestão
su-ientementedistantes. Aproximidadeentre osilindrosafetafortementeoesoamento
entre eles, produzindo forças eamposde pressão muito diferentes dos observados em
os risers, tem oorrido uma grande proura por parte da indústria de exploração de
petróleo por métodos para se alular o esoamento ao redor das estruturas através
de simulações numérias. Embora ainda se enontre em um estágio ainda inipiente
para asoluçãoompleta doesoamentoaoredordestas estruturas,apesar dos grandes
avanços alançados em termos de algoritmos e apaidade omputaional, espera-se
que num futuro próximo aDinâmia dos FluidosComputaional ouCFD, doinglês
Computational Fluid Dynamis venha a apresentar uma resente de importânia
omo ferramentade engenharia para o projeto de estruturas oshore.
Basiamente,existemduasgrandeslassesdemétodosempregadosemCFD.No
pri-meirogrupo,enontram-seosmétodospuramenteeulerianos,omooMétododos V
olu-mesFinitos(MVF)eoMétododeElementosFinitos(MEF).Estesmétodosbaseiam-se
na solução das equações difereniais pariais que desrevem o esoamento, as
hama-das equações de Navier-Stokes. Nesta abordagem,o domínio de áluloé resolvido de
formadisreta, atravésde umamalha. Embora apresentem bons resultados,estes
mé-todossão geralmentemuitoaros emtermosdeapaidade omputaionaleutilização
de memória.
Por seu usto omputaional relativamente baixo, fae aos resultados satisfatórios
obtidos,epelarelativasimpliidadede implementação,umdosmétodosmais
emprega-dos paraestalassedeproblemaédenominadoMétododosVórtiesDisretosMVD.
Suasorigensremontamaotrabalhode HELMHOLTZ(1868). Neste método,as
propri-edades do esoamento são transportadas de forma lagrangeana através de partíulas,
os hamados vórties disretos. Estas partíulas arregam a vortiidade gerada na
amada limite,devido à visosidadedo uido.
CLEMENTS (1973) foi um dos primeirosa desenvolver um algoritmo utilizandoo
MVD. Em seu trabalho, uma distribuição de vórties disretos foi usada para
outros vórties. Os resultados obtidos em seu trabalho mostramuma boa
onordân-iaemtermosdonúmerode Strouhal,quandoomparadoaos resultadosexperimentais
obtidos por BEARMAN(1965).
CHORIN (1973) apresentou um método numério para a resolução das equações
de Navier-Stokes esritas no plano, baseado no oneito de vórties disretos. Nesse
esquema, efeitos difusivossão modeladosatravés daténiadenominadarandom walk.
SPALARTe LEONARD (1981) apresentaram um algoritmo no qual os vórties
são riados em voltado orpo eemitidos a ada intervalode tempo. A irulação era
alulada impondo-se a ondição de veloidade normal nula na parede do orpo, e a
onveção dos vórties realizadapelalei de Biot-Savart.
NAGANO et al.(1982)estenderamomodelopropostoporSPALARTe LEONARD
(1981),paramodelaradifusãovisosa. Ométodoutilizadoonsistiaemfazerovórtie
disreto possuirum diâmetroqueaumentavaom otempo,simulandoassim osefeitos
de difusão visosa davortiidade.
GRAHAM (1988) props uma ténia híbrida onheida omo vortex-in-ell, na
qual a difusão da vortiidade é modelada de forma euleriana sobre uma malha, e a
onveção davortiidade é feitade formalagrangeana,atravésdos vórties disretos.
PARK e HIGUCHI (1989), utilizandoum modelo baseado nodesrito notrabalho
de SPALART eLEONARD (1981), apresentaram resultados de simulaçõesrealizadas
para orposom seções retangular eirular. Foidestaada a failidadedaadaptação
do método para geometrias arbitrárias.
LEWIS (1991) realizou uma extensa revisão sobre diferentes implementações do
MVD,tantonasuaformapuramentelagrangeanaomonaformulaçãohíbrida
euleriana-lagrangeana,fazendoomparaçõesentreestesesuaapliaçãoprátiadentrodediversos
amposde apliaçãode engenharia.
dinâmiaassoiada tambémforam estudados.
SIQUEIRA (1999)analisouo esoamentotridimensionalaoredor de um ilindro a
baixosvaloresdenúmerodeReynolds,utilizandooMétododaResoluçãoporPartesdas
equações de Navier-Stokes. A solução do esoamento foi feita através do Método dos
ElementosFinitosutilizandomalhasnão-estruturadasdetetraedros. Foiobservadaboa
onordâniaomdadosexperimentaisobtidosporWILLIAMSON e ROSHKO(1988)
e NORBERG (1994)para númerode Strouhale oeiente de pressão, bemomo em
relação aopadrão das estruturas vortiais aolongo doomprimentodoilindro.
SALTARA(1999),atravésdoMétododosVolumesFinitosemmalhasnão-estruturadas
detriângulos,eempregandooMétododaResoluçãoporPartesdasequaçõesde
Navier-Stokes, realizousimulaçõesbidimensionaisabaixos valoresde número de Reynolds do
esoamento em torno de dois ilindros dispostos em diferentes arranjos, e do
esoa-mentoaoredorde um ilindroisoladolivreparaosilar. Foionstatadoquea máxima
amplitude de osilaçãodoilindro obtidafoi era de metade daamplitude observada
experimentalmente.
WILLDEM e GRAHAM (2000) utilizaramuma ténia quase-tridimensional para
simularoesoamentoemtornodeilindros. Ummétodohíbridoeuleriano-lagrangeano
foi utilizado para resolver o esoamento em torno de faixas bidimensionais da
estru-tura. Um modelo estrutural em Elementos Finitos foi utilizado para resolver a parte
dinâmiaestruturaldoproblema. Asprinipaislimitaçõesdomodeloempregadosão a
desonsideração doamorteimentoestrutural,obaixonúmerode Reynolds empregado
e à limitaçãode osilaçãoda estrutura apenas na direçãotransversal.
YAMAMOTO (2002), utilizando um modelo estrutural baseado no trabalho de
FERRARI(1998),eempregandooMétododos VórtiesDisretosparaaavaliaçãodas
forças hidrodinâmias, analisouo esoamento ao redor de dois risers dispostos lado a
O Método dos Vórties Disretos
3.1 Introdução
O MVD tem sido objeto de grande desenvolvimento em anos reentes, e provado ser
ummétodopartiularmenteinteressanteparaaanálisedeesoamentosinompressíveis,
transitórioseomgrandesregiõesdeseparação. Estemétodobaseia-senadisretização
doampodevortiidade,emlugardoampodeveloidades,emumasériedepartíulas
hamadasvórtiesdisretos. Cadaumadestaspartíulaspossuiumnúleodetamanho
nito, earregaonsigo umadeterminadaquantidade de irulação. Aspartíulas são
arregadas pelo esoamento livre e pelas veloidades induzidas por elas mesmas. A
natureza lagrangeanadométodoreduzsigniativamentealgunsdosproblemas
assoi-ados a métodos tradiionais,baseados emmalhasomputaionais omo, por exemplo,
difusão numéria,maior omplexidadedos algoritmos,elevado usto omputaional, e
diuldadesem seobteruma boaresoluçãodas estruturasvortiaisde pequena esala.
A onentração de partíulas vortiais em regiões de vortiidade não nula permite à
lasse de métodos omo o MVD apturar estas estruturas om um elevado nível de
detalhe.
Neste método, o orpo é dividido em uma série de painéis, que forneem uma
re-presentaçãopoligonaldasuperfíie. Condiçõesde ontornosão impostaspara garantir
a distribuição da vortiidade na superfíie do orpo. Os vórties são riados a uma
determinada distânia da superfíie e depois emitidos para a esteira a ada passo de
tempo, sendo onvetados pelo esoamento livre e pelas veloidades induzidas pelos
demais vórties,alulada pelaleide Biot-Savart.
Comosão riadosnovosvórties aadapasso detempo,onúmerototal de vórties
pode rapidamentehegar a níveismuitoelevados, fazendo om queo álulodas
velo-idadesinduzidas,atravésdaleide Biot-Savart,torne-se impratiável. Para evitareste
inonveniente, utiliza-se o oneito de amalgamação. Tal ténia onsiste em juntar
paresde vórtiesquesatisfaçamdeterminadasondições,tornando-osumúniovórtie
ujas propriedadessão ponderadas a partirdos vórties originais.
3.2 Formulação do MVD
Umesoamentoinompressívelpodeser desritomatematiamenteatravésdaequação
da ontinuidade
∇ ·
U
~
= 0
(3.1)e das equações de Navier-Stokes
D ~
U
Dt
=
−
1
ρ
∇
P
+
ν
∇
2
U
~
(3.2)
~
U
=
U
~
c
emS
c
~
U
=
U
~
∞
emS
∞
(3.3)
onde
S
c
eS
∞
representam respetivamente afronteira doorpoea fronteirade esoa-mento livre.Para o aso de um esoamentobidimensional noplano
xy
, e utilizandoadenição de vortiidade, temos~ω
=
∇ ×
U
~
(3.4)onde o vetor vortiidade
~ω
= 2
ω~k
. Para o aso de um esoamento bidimensional, podemos onsiderar a vortiidade omo sendo uma grandeza esalar. Apliando-se ooperadorrotaionalnaequação (3.2),eutilizandoaexpressão (3.4),otermo do
gradi-ente de pressão é eliminadodaequação, obtendo-se:
Dω
Dt
=
ν
∇
2
ω
(3.5)
A equação (3.5) é a equação de transporte da vortiidade. O orpo, devido à
on-dição de impenetrabilidadedouido, éonsideradoomo umalinha de orrente. Para
u
=
∂ψ
∂y
v
=
−
∂ψ
∂x
(3.6)
Substituindo-se (3.6) em (3.4) obtém-se uma equação de Poisson para afunção
li-nha de orrente evortiidade:
∇
2
ψ
=
−
ω
(3.7)onde as ondiçõesde ontorno agorasão dadas por:
∂ψ
∂y
=
U∞
;
∂ψ
∂x
= 0
emS∞
∂ψ
∂y
=
∂ψ
∂x
= 0
emS
c
(3.8)
Aequação(3.7)satisfazautomatiamenteaequaçãodaontinuidade. Sendoassim,
aoinvésde termosqueresolverdeformasimultâneaasequaçõesde Navier-Stokeseda
ontinuidade para a pressão e veloidade, têm-se que resolver uma únia equação de
transporteparaavariável
ψ
. Comoaequação(3.7)élinear,afunçãolinhadeorrente pode ser esritapara ada vórtie disretoindividualmente,A função linha de orrente para um dado ponto no esoamento pode ser esrita
omo asomatóriadas ontribuiçõesdas funçõeslinhade orrentede adaum dos
vór-ties existentes noesoamentomaisoesoamentolivre,quepode seresritoemtermos
da função linha de orrente omo:
ψ
=
U∞y
(3.10)Para desrevermos omo a vortiidade arregada por ada vórtiedisreto
inuen-ia oesoamento,partimos dadenição de irulação,
Γ =
I
c
~
U
·
dl
~
(3.11)e lançando mão doTeoremade Stokes, podemos relaionara irulação oma
vortii-dade:
Γ =
Z
~ω
·
~ndA
=
I
c
~
U
·
dl
~
(3.12)Γ
é também hamado de intensidade do vórtie. Integrando-se a equação (3.11),Γ =
H
c
~
U
·
dl
~
=
U
θ
(2
πr
)
U
θ
=
2
Γ
πr
(3.13)
Pela equação aima, nota-se que existe uma singularidade no entro do vórtie.
Para evitar problemas numérios, SPALART eLEONARD (1981) propuseram uma
formulaçãoalternativa, onde ovórtie não é pontual, mas possui um núleo om uma
dimensão nita
σ
. No entro donúleo dovórtie aveloidade énula, e reseaté um valormáximo dado pela equação (3.13). Com esta formulação, a veloidade induzidapelovórtiepassa a ser:
U
θ
=
Γ
2
π
r
r
2
+
σ
2
(3.14)Para modelar a difusão visosa dos vórties na esteira, PARK e HIGUCHI (1989)
apudMENEGHINI(1993)propuseramumaleiexponenialparaaveloidadeinduzida:
U
θ
=
Γ
2
πr
1
−
e
r
2
4
νt
(3.15)
Esta expressão no entanto não é eiente em termos omputaionais, devido à
uma expressãoparaataxaderesimentodonúleodovórtieomotempo,onforme
desrito a seguir.
A máxima veloidade induzidaporum vórtie, pelaequação (3.15), é obtida para
r
=
σ
. Assim,σ
= 2
,
242
√
νt
(3.16)ouseja,onúleodovórtiereseproporionalmenteàraiz quadradadoprodutoentre
a visosidade e a idade do vórtie. Porém, omo novos vórties são riados a ada
passo de tempo, o armazenamentoda idade de ada um dos vórties torna-se ustosa
em termosde requerimentode memória. Pode-sereesrever aexpressãoaimade uma
forma mais apropriadapara implementação omputaional:
(
σ
t
+∆
t
)
2
= (
σ
t
)
2
+ 5
,
026
ν
∆
t
(3.17)Assim, o tamanho do núleo do vórtie em um novo passo de tempo pode ser
alulado diretamenteapartirdotamanhodomesmonopasso de tempoanterior,sem
nenhuma referêniaà idade dovórtie.
A téniado núleo resente dovórtie fornee uma maneira eiente, em termos
omputaionais, para a modelagem da difusão visosa da vortiidade, e que fornee
resultados satisfatórios para esoamentos om números de Reynolds elevados, entre
1
×
10
4
≤
Re
≤
1
×
10
5
deve-se apliar esta ténia om uidado, respeitando os limites nos quais a mesma
apresenta bons resultados.
Comonovosvórties são riadosaadapasso detempo,onúmerototal de vórties
presente nodomínio de álulo durante asimulação pode ar extremamente elevado,
aumentando exessivamente o usto omputaional e inviabilizando simulações mais
longas. Para evitareste problema, utiliza-seaténiadaamalgamaçãodos vórtiesda
esteira. Tal ténia onsiste em juntar pares de vórties que satisfaçam determinadas
ondições, tornando-os um únio vórtie ujas propriedades são ponderadas a partir
dos vórties originais.
Éimportantemanter umamaiorresolução das estruturasvortiaisnas regiões
pró-ximas aoorpo. Assim, um dos ritériospara amalgamação dos vórties é justamente
estarem suientemente distantes doorpo.
A ada passo de temposão veriados os vórties que podem ser unidos. A
amal-gamação entre os vórties é feitasomenteaos pares, entre vórties om irulações de
mesmosinal, eosvórtiesquejátenhamsidosubmetidos aoproessode amalgamação
são exluídos da pesquisa. Supondo dois vórties de irulações
Γ
1
eΓ
2
, loalizados respetivamentenasposiçõesz1
ez2
,aveloidadeinduzidapelosmesmosemumadado pontoz
antes da amalgamaçãopode ser esrita, emnotação omplexa,naforma:U
(
z
) =
i
2
π
Γ
1
|
z
−
z1
|
+
Γ
2
|
z
−
z2
|
!
(3.18)
A veloidadeinduzidaapós aamalgamação édada por
U
′
(
z
) =
i
2
π
Γ
3
onde
Γ
3
ez3
são respetivamente a irulação e a posição do vórtie resultante da amalgamação. Fazendo uma expansão da diferençaU
(
z
)
−
U
′
(
z
)
para um valorde
z
grande, obtemos:U
(
z
)
−
U
′
(
z
) =
i
2
π
h
(Γ
3
−Γ
1
−Γ
2
)
z
+
(Γ
1
z
1
+Γ
2
z
2
−Γ
3
z
3
)
z
2
i
+
2
i
π
(
Γ
3
z
3
2
−Γ
1
z
1
2
−Γ
2
z
2
2
)
z
3
+
O
|
z
|
−4
(3.20)
Airulação total deveser onservada, ea posiçãodonovovórtie deveser
ponde-rada pelas irulaçõese distânias dos vórties originais. Assim:
Γ
3
= Γ
1
+ Γ
2
z3
=
Γ
1
z
1
+Γ
2
z
2
Γ
3
(3.21)
Inserindo(3.21),osdois primeirostermosdaequação(3.20) podem ser eliminados.
O tereirotermoéuma estimativadoerrointroduzidopeloproessode amalgamação.
O ritériopara a amalgamaçãoentre dois vórties ser realizadaéo seguinte:
|
Γ
1
Γ
2
|
|
Γ
1
+ Γ
2
|
z1
−
z2
|
2
(
D0
+
d1
)
1
.
5
(
D0
+
d2
)
1
.
5
< V0
(3.22)
esteira. Altos valores de
D0
geram grande amalgamação perto da parede do orpo e, onseqüentemente, a esteira longe doorpo tem uma densidade uniforme de vórties.Para pequenos valores de
D0
a amalgamaçãoserá realizadalonge da parede, havendo uma onentração maior de vórties perto da mesma.Atolerâniadeamalgamação
V
0
nãopreisaneessariamenteseronstante. Pode-se mantê-la omum valorbaixonas primeirasiteraçõesoquediultaaamalgamação,gerando emonseqüêniaum resimentoaeleradodonúmerode vórtiese
progres-sivamente aumentá-la durante a simulação, para manter sob ontrole o número total
de vórties.
Quando dois vórties são amalgamados, o tamanho do núleo do novo vórtie
σ
é obtido através da onservação domomento angular:σ
=
σ1
Γ
1
+
σ2
Γ
2
Γ
1
+ Γ
2
(3.23)
Aonveçãodosvórtieséfeitaatravésdeumesquemadeprimeiraordemexplíito,
Z
t
+∆
t
i
=
Z
i
t
+
U
i
∆
t
(3.24)onde
Z
t
e
Z
t
+∆
t
sãorespetivamenteasposiçõesdovórtienoinstantede tempoatual
Figura3.1: Disretização doorpo. Reproduzidode FREGONESI (2002)
esquema de segunda ordem, omo o esquema Adams-Bashforth, porexemplo. Porém,
um esquema de ordem mais alta aarretaria em uma maior utilização de memória e
maior omplexidade doalgoritmo,devido à neessidadede searmazenar aveloidade,
posição eidade de todos os vórties dopasso de tempo anterior.
A partir do desenvolvimento apresentado até o momento, podemos agora estudar
o meanismo de riação dos vórties ao redor do orpo, bem omo avaliar as forças
hidrodinâmiasatuando no mesmo.
Como menionado anteriormente, o orpo é dividido em uma série de painéis, que
forneem uma representação poligonal da superfíie. A Figura 3.1, reproduzida de
FREGONESI (2002)mostraomoéfeitaadisretizaçãodoorpo. Sobreadaum dos
N
w
painéisé riado um vórtie disretode irulaçãoΓ
i
, a uma distâniaδ
0
aima dopainel. A distânia
δ
0
é feita igual ao tamanho iniial do núleo do vórtieσ
0
, omo será mostrado adiante.a soma das ontribuições da função orrente
ψ
cl
da orrente livre, da função orrenteψ
vc
dos vórties riados ao redor do orpo e da função orrenteψ
ve
dos vórties jáexistentes noesoamento,ouseja:
ψ
i
=
ψ
cl
+
ψ
vc
+
ψ
ve
(3.25)onde, em oordenadas omplexas:
ψ
cl
=
Im
[
Zw
i
(
U
−
iV
)]
(3.26)ψ
vc
=
−
1
4
π
N w
X
j
=1
Γ
j
ln
Zw
i
−
Zc
j
|
2
+
σ
0
2
(3.27)
ψ
ve
=
−
1
4
π
N v
X
j
=1
Γ
j
ln
Zw
i
−
Zk
j
|
2
+
σ
2
(3.28)
N
v
éonúmero devórtiesnaesteira. Logo,a funçãode orrente nopontoi
édadapor:
ψ
i
=
Im
[
Zw
i
(
U
−
iV
)]
−
4
1
π
N w
P
j
=1
Γ
j
ln
(
|
Zw
i
−
Zc
j
|
2
+
σ
2
0
)
−
1
4
π
N v
P
j
=1
Γ
j
ln
(
|
Zw
i
−
Zk
j
|
2
+
σ
2
)
O esoamento deve satisfazer a ondição de impenetrabilidade na superfíie do
orpo. Assim, asuperfíiedoorpoémodeladaomouma linhade orrente. Para que
isso oorra, temos aseguinteondição:
ψ
i
+1
−
ψ
i
= 0
(3.30)Destamaneira,garante-sequenãoháuxode massaatravésdasuperfíiedoorpo.
A equaçãoaima é válida para um orpoem repouso. Caso o mesmo esteja em
movi-mento,a veloidadedo orpo deve ser levada emonsideração:
ψ
i
+1
−
ψ
i
=
−
V
~
corpo
.~n.
∆
S
(3.31)onde
∆
S
é o omprimento do painel eV
~
corpo
é veloidade do orpo tomada em um referenial inerial. Substituindo-se a equação (3.29) em (3.31), obtemos então umsistema linear naforma
[
A
]
{
Γ
}
=
{
B
}
(3.32)a
ij
=
1
4
π
ln
|
Zw
i
+1
−
Zc
j
|
2
+
σ
2
0
|
Zw
i
−
Zc
j
|
2
+
σ
2
0
(3.33)
b
i
=
Im
[(
Zw
i
+1
−
Zw
i
) (
U
−
iV
)]
−
1
4
π
N v
P
k
=1
Γ
k
ln
|
Zw
i
+1
−
Z
k
|
2
+
σ
2
|
Zw
i
−
Z
k
|
2
+
σ
2
−
V
~
corpo
.~n.
∆
S
(3.34)
As inógnitas são as irulações dos vórties reém-riados ao redor do orpo,
Γ
i
.Pode-se notar que a matriz
A
depende apenas da geometria do orpo, e o vetorB
depende da veloidade do esoamento livre, da veloidade do orpo e dos vórties jáexistentes naesteira. O vetor
B
deve ser realulado a ada passo de tempo.O valor de
σ
representa o tamanho do núleo do vórtie existente na esteira, que depende daidade domesmo,eéalulado deaordoom afórmula(3.17)paraadavórtie. Ovaloriniialdonúleodovórtie
σ0
édeterminado,emumaprimeira aproxi-mação,apartirdaondiçãodeveloidadetangenialnulaondiçãodeaderênianasuperfíie doorpo,omo desritoa seguir.
Umvórtiepontual oloadoauma distânia
δ0
daparedeinduzirásobrea mesma uma veloidade igual aU
=
Γ
2
πδ
0
(3.35)
Figura 3.2: Determinação da posição iniial do vórtie. Extraído de FREGONESI
(2002)
δ
0
=
Γ
2
πU∞
(3.36)A intensidade do vórtie para queo mesmo induzauma veloidade igual à da
or-rente livrepode ser estimadaemfunção do omprimentodo painel
∆
S
:Γ =
I
U
·
dl
=
U
∞
∆
S
(3.37)Substituindoa equação (3.37)em (3.36),temos:
δ0
=
∆
S
Ovalor
δ0
é utilizadotambémomo o valoriniial donúleodo vórtie,σ0
.Quando os vórties riados aoredor do orpo são onvetados, ou quando o orpo
é desloado, pode oorrer de os vórties olidirem om o orpo. Quando isso oorre,
estesvórtiessãoeliminadosdasimulação. Porém,deaordoomoteoremadeKelvin,
a irulaçãototal noesoamentodeve ser mantidaonstante aolongo dotempo. Para
isso, a somatóriadas irulações dos vórties reém-riados ao redor do orpo mais a
somatóriadas irulaçõesdos vórties presentes naesteira deve ser nula:
N w
X
i
=1
Γ
i
+
N v
X
k
=1
Γ
k
= 0
(3.39)Esta equaçãodeveser inluídade algumaformanosistemalinear dadopor (3.32),
paraevitarapropagaçãodeerrosnumérios. Existemduasformasdeseinluiresta
re-lação: substituindo-seumadasequaçõesdosistemalinearpor(3.39),ouadiionando-se
(3.39) aosistema linearsem retirarnenhuma das equações, resultando emum sistema
linear sobre-determinado. Deaordoom PARK e HIGUCHI(1989),a segunda
meto-dologia émais vantajosa, poispermitea inlusãode mais de um orpo noesoamento
sem perdadapreisãonuméria. Osistemasobre-determinadopodeser resolvido
atra-vés de uma ténia de mínimosquadrados.
Podemos resumir oalgoritmodo MVD pelaseqüêniade etapasabaixo:
•
Disretização do orpo empainéis;•
Determinação das posiçõesZ
w
, da distâniaδ0
e tamanho iniial do núleo do•
1. Resolver o sistema de equações (3.32), obtendo a irulação
Γ
dos novosvórties riadosaoredor do orpo;
2. Calularas veloidades induzidas atravésda leide Biot-Savart(3.14);
3. Convetar todos osvórties noesoamento,atravésde (3.24);
4. Calularos novos valores de
σ
, de aordo om a equação(3.17);5. Calularas forças noorpo;
6. Veriarolisão dos vórties om oorpo;
7. Aumular a irulação perdida devido àeliminaçãodestes vórties;
8. Fazer a amalgamaçãodos vórties naesteira;
•
Avançar para um novopasso de tempo.3.3 Considerações sobre o MVD
O MVD, omo aqui apresentado, pode ser desrito omo um método de passo
fraio-nado, ou seja, as partes visosa e invísida das equações de Navier-Stokes são
toma-das em passos suessivos: iniialmente, a onveção da vortiidade é feita de forma
lagrangeana e invísida, e a seguir os efeitos visosos são inseridos nos vórties
pre-sentes na esteira, modelados através de um dos diversos esquemas disponíveis para
o MVD, omo por exemplo a ténia do núleo resente do vórtie, omo desrito
em SPALART e LEONARD (1981), ou através da ténia Random Walk, omo visto
em CHORIN (1973). Os efeitos visosos devido às fronteiras sólidas são
tradiional-mente levados em onsideração pelageração de vortiidade, implementada através da
imposição daondição de aderênia.
Do-ontrasteaos métodoseulerianostradiionais. Outraaraterístiainteressanteéa
eli-minaçãodogradientede pressãodas equações, fazendoom queomesmosomenteseja
alulado quando for neessário por exemplo,para a determinaçãode forças sobre o
orpo.
As araterístias aqui desritas apresentam tanto os mais atraentes aspetos do
MVD sob oponto de vistaomputaional, omotambémas suas maioresdiultades.
O MVD apresenta uma onvergênia lenta em termos espaiais, neessitando de um
elevadonúmerodepartíulasparareproduziroesoamentoomumapreisãorazoável.
Osinaldasforçasobtidogeralmenteapresentaumruídoelevado, devendoserestimado
pormeiodeumamédiaduranteumdeterminadonúmerodepassosdetempo. Somente
esoamentospouovisosos podemser modelados,sendoadotadoomoregrageralum
limite inferior de númerode Reynolds emtorno de 100 BARBA et al.(2005).
A imposiçãodafunção linha de orrente éuma das formas de forçar a ondição de
ontorno de impenetrabilidade ou seja, uxo de massa nulo através das paredes do
orpo. A imposição da ondição de ontorno de aderênia, que é satisfeita através da
determinação das irulações dos vórties dispostos ao redor do orpo, é responsável
pelaaproximação,emprimeiraordem,dadistribuiçãodevortiidadeaoredordoorpo,
devido aos efeitos davisosidade.
Estaaproximação,queemulaosefeitosdaamadalimite,éumdosresponsáveis
pe-losresultados insatisfatóriosdoMVD para esoamentosabaixos valores de númerode
Reynolds, devido ao fato de que talaproximação não onsegue apturar orretamente
a distribuição de veloidades dentro daamada limite. Noentanto, aaproximação da
amadalimiteintroduzidapeloMVD, daformaomoéaquiapresentada,ésatisfatória
para uma larga faixade númerosde Reynolds, faixa esta orrespondenteà região
sub-rítia, ondeé observada boaparte das ondiçõesambientaisenontradas naoperação
de risers típios. Naregiãosubrítia,ospontos de separaçãonoilindropermaneem
em uma posição próximaa
80
0
aolongodesta faixa. OMVD onsegue apturarorretamenteaposiçãodos pontosde
separação sobrea superfíiedo ilindro,nafaixa subrítia.
Outrofatoraserdestaadoéqueaintroduçãodosefeitosvisososatravésdaténia
do núleo resente do vórtie é inonsistente, poisnão onverge para as equações de
Navier-Stokes, omo demonstrado matematiamenteporGREENGARD (1985). Esta
inonsistênia deve-se à formaomo é feitaa adveção dos vórties,sem um limitante
paraoresimentodonúleovortialaolongodotempo. ComovistoemBARBAet al.
(2005),foramriadasalgumasténias parasuperar esta limitação,omoporexemplo
dividir os vórties e redistribuí-los em estruturas menores quando uma determinada
dimensão de orte é alançada, o que fornee um esquema que onverge às equações
de Navier-Stokes, ouatravésdoemprego de ténias hibridaseulerianas-lagrangeanas.
Taissoluçõesapresentamtambéminoveniênias: noprimeiroaso,umadissipação
nu-mériaéintroduzidanométodo,além degerarum resimentoexponenialdonúmero
de vórties presentes na simulação, e no segundo perde-se a araterístia puramente
lagrangeana dométodo.
Apesar das limitações aima expostas, segundo BARBA etal. (2005), o MVD
as-soiado à ténia do resimento donúleo tem sido utilizado om suesso para
eso-amentos pouo visosos e om grandes regiões de separação. No aso partiular de
esoamentos aoredor de ilindros, apresenta bons resultados para a faixa de números
de Reynolds subrítia, forneendo um métodosimples, omputaionalmenteatrativo