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Rev. esc. enferm. USP vol.47 número1

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Academic year: 2018

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ORIAL

Você é tão inteligente! Por que não estudou medicina?

Michelle Tellez1

Você é tão inteligente! Por que não estudou medicina? Cada enfermeiro treme quando isso lhe é perguntado. A ideia é elogiar, porém, na verdade, é um insulto. A frase insinua que, apesar de você ser inteligente, escolheu mal. A pessoa que lhe pergunta isso, na verdade, sente dó por você não estar alcançando todo seu potencial. Aos olhos

das pessoas, ser enfermeiro requer dedicação e abnegação, não intelecto(1). Isto acontece também nos Estados

Uni-dos, um lugar onde os Enfermeiros foram o grupo profi ssional mais respeitado por várias décadas(2). O respeito e a

admiração, claramente, não se traduzem em poder e liderança. Para aumentar o poder e a liderança da Enfermagem nos ambientes hospitalares, os enfermeiros devem aumentar seu nível de educação e falar sobre o trabalho que realizam(1).

O baixo índice de entrosamento entre os funcionários do hospital é prejudicial à profi ssão e ao paciente. En-fermeiros com com um nível educacional mais elevado mostram-se mais satisfeitos no trabalho e permanecem no

emprego por mais tempo(3). Prestam um atendimento de maior qualidade e segurança, reduzindo as taxas de

morta-lidade e de lesões iatrogênicas(4).

A Enfermagem é uma profi ssão que se relaciona com todas as profi ssões da área da saúde. No hospital, somos os olhos e os ouvidos da equipe multidisciplinar porque passamos muito tempo com os pacientes. Também somos a voz da equipe de saúde porque comunicamos e traduzimos informações entre os profi ssionais e entre os profi ssio-nais da saúde e os pacientes. Para traduzir o que vemos e ouvimos e falar fl uentemente tantos idiomas, os enfermei-ros precisam ter uma educação sólida.

As políticas que encorajam os enfermeiros a continuar seus estudos são urgentes e de alta prioridade(5). O número

de enfermeiros com nível superior é relativamente pequeno no conjunto de trabalhadores de Enfermagem do País.

Os estudantes de Enfermagem aprendem psicologia, aconselhamento, gestão de crise e mudança comportamen-tal para manejar situações de crise. Dessa forma, podem ser compreensivos e efi cazes ao mesmo tempo

Em 70 anos de existência, a Escola de Enfermagem da USP formou enfermeiras, mestres e doutores. É pioneira no Programa de Doutorado Internacional de Enfermagem junto à Pontifícia Universidade Católica do Chile. Dez alu-nos começaram as aulas em São Paulo em 2012.

A Enfermagem é geralmente defi nida como a ciência do cuidado, simbolizada pela imagem de uma enfermeira

sorridente e um paciente idoso de mãos dadas. A mensagem é: Nós cuidamos, por isso podemos estar presentes em

momentos de dor e vulnerabilidade. Temos a força do caráter, então, pode confi ar em nós. Descrevemos o trabalho

que fazemos em termos de amor e abnegação, fazendo da enfermagem uma lide pessoal e não uma profi ssão.

O conceito de superioridade moral foi importante em nossa história. As mulheres não podiam trabalhar fora a me-nos que o trabalho tivesse uma natureza virtuosa. Hoje em dia, esse tipo de caracterização é incorreto e prejudicial à profi ssão. Desvaloriza a educação e o treinamento requerido para se tornar uma enfermeira profi ssional e ignora quatro décadas de pesquisa na área.

Ao invés de apresentar o que fazemos como obra de Deus, os enfermeiros precisam desenvolver a agency na nossa

comunicação, ou seja, a capacidade demonstrável de agir ou de exercer poder(1).

Os enfermeiros fazem um trabalho que exige conhecimento, habilidade e educação continuada. Nós devemos ar-ticular esses pontos. Os médicos focam o diagnóstico, os farmacêuticos, os medicamentos, os assistentes sociais, as questões psicossociais. Os enfermeiros lidam com todas essas questões e também são responsáveis pela gestão dos sintomas e pela educação do paciente.

É importante ser gentil e atencioso, mas não é o sufi ciente. Posso estar presente com alguém em crise não porque sou uma boa pessoa, mas porque sou uma profi ssional altamente qualifi cada. Posso ouvir, observar, ajudar física e psicologicamente os pacientes e suas famílias em um ambiente de trabalho estressante com uma precisão estratégica. Em momentos de crise, posso avaliar, diagnosticar problemas ou possíveis riscos. Posso estabelecer objetivos específi cos, mensuráveis e oportunos e descobrir quais as intervenções que preciso adotar para ajudar o paciente a obter o resultado esperado. Sou extremamente analítica, assim, avalio minhas ações e exploro novos caminhos. Devemos poder descrever o que fazemos de tal modo que demonstremos a nossa educação, nossas competências e nossa habilidade de exercer o poder. Como o ambiente hospitalar muda, a segurança do paciente depende de nossa habilidade de liderança.

Você pode dizer exatamente o que fez hoje?

(2)

Referências

1. Gordon S, Buresh B. From silence to voice: what nurses know and must communicate to the public. Ithaca: Cornell University Press; 2006.

2. Jones JM. Record 64% rate honesty and ethics of members of congress low raƟ ngs while nurses, pharmacists, and

medical doctors most posiƟ ve Gallup [Internet]. 2010 [cited 2012 Aug 7]. Available from: hƩ p://www.gallup.com/

poll/151460/Record-Rate-Honesty-Ethics-Members-Congress-Low.aspx

3. Tellez MS. Work saƟ sfacƟ on among California registered nurses: a longitudinal comparaƟ ve analysis. Nurs Econ.

2012;30(2):73-81.

4. Aiken LH, Clarke SP, Cheung RB, Sloane DM, Silber JH. EducaƟ onal levels of hospital nurses and surgical paƟ ent

mortality. JAMA. 2003;290(12):1617-23.

5. United States. InsƟ tute of Medicine. The future of nursing: leading change, advancing health. Washington (DC); 2010.

6. United States. Department of Health and Human Services. Health Resources and Services AdministraƟ on. NaƟ onal

Referências

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