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Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do IBAMA: uma política de pesquisa

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Academic year: 2017

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LICEROS ALVES DOS REIS

PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DO IBAMA: UMA POLÍTICA DE PESQUISA

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Católica de Brasília como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação.

Professora Orientadora:

Doutora Clélia de Freitas Capanema.

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me sustentar ao longo de toda a caminhada, fonte de sabedoria e vida!

Aos meus primeiros mestres: meu pai e minha mãe.

À Professora Dra. Clélia de Freitas Capanema, cujas orientações me possibilitaram um caminho mais fácil para a realização deste trabalho.

Ao Professor Dr. Cândido Alberto Gomes e à Professora Dra. Tereza C. M. Pastore, pela dedicação à educação e à pesquisa.

A todos os professores do Mestrado, com quem tive a honra de dialogar e buscar respostas para meus questionamentos no decorrer do curso.

Ao IBAMA, pela defesa da natureza.

A Marlene Afonso de Castro, pelo apoio e incentivo na realização deste trabalho. Aos meus colegas de trabalho, pelas experiências trocadas e pelas inúmeras discussões sobre educação e pesquisa.

Ao Pe. Octávio V. Roscoe, SVD (in memorian), grande mestre.

À Ir. Maria Dulce, SSps, pelo apoio em minha formação. A Roberta Guedes, por sua amizade.

Às Comunidades Educativas Lassalistas, em que atuei como educador, vivendo os ideais educativos de S. João Batista de La Salle.

Aos orientadores e bolsistas do PIBIC/IBAMA-2006/2007, pela colaboração durante a coleta de dados.

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RESUMO

Este trabalho teve por finalidade identificar se o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – PIBIC/IBAMA cumpriu os objetivos para o qual foi criado. O PIBIC é uma política do fomento de pesquisa do governo federal, administrado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, com a finalidade de contribuir para a formação de pesquisadores nos cursos de graduação, por meio do financiamento de bolsas para estudantes que se dediquem a projetos de pesquisas. Esses projetos são desenvolvidos em centros de pesquisas universitários ou afins, em parceria com o CNPq. Para a realização desta pesquisa, optou-se pelo estudo de caso, tendo a edição 2006/2007 do PIBIC/IBAMA como foco. Foram aplicados questionários aos bolsistas e orientadores dessa edição do Programa, de tal modo a permitir uma análise do PIBIC em relação a seus objetivos. Ficou demonstrado que o PIBIC é uma política de pesquisa de iniciação científica que contribui de modo significativo para favorecer o surgimento de novas vocações de pesquisadores nos cursos de graduação, despertando nos jovens bolsistas perspectivas de novos projetos e envolvimento com novas atividades de pesquisas e de continuidade para os estudos de pós-graduação. A validade desse programa, para a formação acadêmica e profissional dos estudantes de cursos de educação superior, ficou demonstrada na análise de dados dos questionários aplicados, de modo a poder afirmar que o PIBIC do IBAMA atingiu os objetivos que lhe são pertinentes.

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ABSTRACT

The purpose of this paper was identify whether the Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – PIBIC/IBAMA (Institutional Program of Scientific Initiation Scholarships of the Brazilian Institute of Environment and Renewable Natural Resources) has achieved the goals which motivated its creation. PIBIC is a federal government policy of scientific research stimulus, managed by the Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq (National Council of Technological and Scientific Development), aiming to assist in the formation of researchers in undergraduate courses, through scholarship financing to students who dedicate themselves to research projects. These projects are developed in university research centers or in partnership with CNPq. In order to perform this research, case study method was chosen, focusing on the edition 2006/2007 of the PIBIC/IBAMA. Questionnaires have been applied on scholarship students and their research adviser, to enable an analysis on PIBIC regarding its goals. It was revealed that PIBIC is a scientific initiation research policy which greatly contributes to favor the emergence of new researchers vocation in graduation courses, inducing on young scholarship students perspectives for new projects and engagement to new research activities and continuity to postgraduation students. This program’s relevance to the academic and professional formation of higher education students was demonstrated through the data analysis of the applied questionnaires in order to state that IBAMA PIBIC has reached its goals.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1: Implementação de uma política de pesquisa no IBAMA ...42

Gráfico 2: Contribuição do PIBIC para os bolsistas...42

Quadro 1: Cursos de graduação dos bolsistas ...46

Quadro 2: Expectativas dos bolsistas ...47

Gráfico 3: Satisfação dos bolsistas frente à formação ecológica ...49

Gráfico 4: Grau de satisfação dos bolsistas com orientadores ... 50

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO...10

CAPÍTULO 1: DEFINIÇÃO E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA...13

1.1. Situação–problema ... 13

1.2. Objetivo geral da pesquisa ... 14

1.3. Objetivos específicos... 14

1.4. Importância do estudo ... 15

1.5. Hipóteses... 15

CAPÍTULO 2: REVISÃO DE LITERATURA...17

2.1. Desafios da educação superior no Brasil... 17

2.2. A pesquisa de iniciação científica ... 20

2.3. Meio Ambiente: relação com a formação acadêmica de nível superior e a pesquisa... 28

CAPÍTULO 3: O OBJETO DA PESQUISA...34

CAPÍTULO 4: METODOLOGIA...37

4.1. População e amostra... 38

4.2. Instrumentos e coleta de dados... 39

CAPÍTULO 5: ANÁLISE DOS DADOS...40

5.1. Cenário da pesquisa ... 40

5.2. Visão dos orientadores ... 41

5.3. Visão dos bolsistas ... 45

CONCLUSÕES...52

REFERÊNCIAS...56

ANEXOS...60

Questionário de análise do PIBIC/IBAMA – Bolsistas ... 60

Questionário de análise do PIBIC/IBAMA – Orientadores... 62

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INTRODUÇÃO

A sociedade contemporânea valoriza muito o capital intelectual. Foi-se o tempo em que as atividades mecânicas eram supervalorizadas. Numa sociedade em que o conhecimento é a principal moeda do mercado, muito se espera das instituições educacionais, principalmente daquelas de educação superior. Ao concluírem seus estudos superiores, os jovens são colocados no mercado de trabalho para ali aplicarem seus conhecimentos adquiridos nos anos escolares. Percebe-se, porém, que a educação superior não está correspondendo aos anseios da sociedade atual. Gasta-se um tempo demasiado adquirindo um conteúdo mecanizado, em detrimento de novas maneiras de construção dos saberes. Investe-se pouco ou quase nada em atividades de pesquisa e de produção de conhecimento.

De acordo com Buarque (2003), a universidade encontra-se em uma encruzilhada em que se questiona qual a sua razão de ser na sociedade e quais as contribuições que ela traz em benefício do desenvolvimento. Essa metáfora é interessante, pois estar na encruzilhada significa ter de tomar decisões e reorientar sua caminhada, em vista de um futuro mais promissor. Logo, não basta à universidade ficar parada nem fazer apenas reformas internas, mas buscar novas perspectivas e vislumbrar novos horizontes.

Buarque (2003) afirma, também, que é necessário que a universidade recupere a esperança em si própria a fim de ser uma esperança para a sociedade. Nesse sentido, ressalta que isso significa compreender as dificuldades e limitações que a instituição possui e, diante do quadro, formular novas propostas e métodos de trabalho. Sendo assim, lutar pela universidade é lutar pela transformação da mesma. O autor expressa ainda, claramente, a necessidade de uma reforma da Universidade para que ela possa contribuir mais significativamente para o desenvolvimento da sociedade e da ciência. Ela precisa, portanto, investir na produção do conhecimento.

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recursos em projetos que favoreçam a pesquisa científica, pois neles os acadêmicos aprenderão a construir conhecimentos.

O investimento em pesquisas no Brasil, sobretudo nos cursos de nível superior, ainda está muito aquém do ideal. As universidades criam programas de parcerias com outras instituições voltadas para o desenvolvimento social, tecnológico e científico, a fim de sanarem as dificuldades e possibilitarem aos acadêmicos um contato mais direto com a construção de novos conhecimentos. No entanto, tal movimento não é suficiente, visto que a iniciação científica necessitaria ser prioridade durante os anos universitários a fim de oportunizar aos acadêmicos um aprendizado mais coerente com a exigência, inclusive, do mercado de trabalho atual.

Neves (2002) ressalta que a pesquisa científica e tecnológica no Brasil tem se desenvolvido basicamente em universidades – entendendo-se por pesquisa o ato de um estudioso dedicar-se a atividades de exploração de novos conhecimentos e/ou de aprofundamento de conhecimentos já elaborados. Cerca de 70% dos grupos desenvolvem atividades de pesquisa em Universidades, em sua maioria, públicas. Nesse caso, merecem destaque os pesquisadores da iniciação científica. Por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, graduandos desenvolvem projetos sob orientação de pesquisadores com titulação adequada, seja dentro das Universidades em que estudam, seja dentro de outros órgãos que fazem parceria com o CNPq.

São muitas as instituições que firmam uma relação de parceria com o CNPq em vista de terem bolsistas do PIBIC dentro de seus programas e em suas atividades. Isso porque a presença dos bolsistas dá uma dimensão diferenciada aos trabalhos desenvolvidos pelos órgãos. Ao mesmo tempo em que traz uma inovação para as instituições, representa um desafio no sentido de que a pesquisa é algo dinâmico e inovador. Desse modo, o acadêmico que participa de um projeto de pesquisa científica tem, por assim dizer, uma possibilidade maior de contato com a prática, além de maior oportunidade de aplicabilidade de seus conhecimentos universitários. A aprendizagem da sistematização do pensamento e a transposição do pensamento científico e teórico para a práxis são fatores de extrema relevância para formação adequada de novos pesquisadores.

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recursos em projetos que favoreçam a pesquisa científica, pois neles os acadêmicos aprenderão a construir conhecimentos.

O investimento em pesquisas no Brasil, sobretudo nos cursos de nível superior, ainda está muito aquém do ideal. As universidades criam programas de parcerias com outras instituições voltadas para o desenvolvimento social, tecnológico e científico, a fim de sanarem as dificuldades e possibilitarem aos acadêmicos um contato mais direto com a construção de novos conhecimentos. No entanto, tal movimento não é suficiente, visto que a iniciação científica necessitaria ser prioridade durante os anos universitários a fim de oportunizar aos acadêmicos um aprendizado mais coerente com a exigência, inclusive, do mercado de trabalho atual.

Neves (2002) ressalta que a pesquisa científica e tecnológica no Brasil tem se desenvolvido basicamente em universidades – entendendo-se por pesquisa o ato de um estudioso dedicar-se a atividades de exploração de novos conhecimentos e/ou de aprofundamento de conhecimentos já elaborados. Cerca de 70% dos grupos desenvolvem atividades de pesquisa em Universidades, em sua maioria, públicas. Nesse caso, merecem destaque os pesquisadores da iniciação científica. Por meio do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, graduandos desenvolvem projetos sob orientação de pesquisadores com titulação adequada, seja dentro das Universidades em que estudam, seja dentro de outros órgãos que fazem parceria com o CNPq.

São muitas as instituições que firmam uma relação de parceria com o CNPq em vista de terem bolsistas do PIBIC dentro de seus programas e em suas atividades. Isso porque a presença dos bolsistas dá uma dimensão diferenciada aos trabalhos desenvolvidos pelos órgãos. Ao mesmo tempo em que traz uma inovação para as instituições, representa um desafio no sentido de que a pesquisa é algo dinâmico e inovador. Desse modo, o acadêmico que participa de um projeto de pesquisa científica tem, por assim dizer, uma possibilidade maior de contato com a prática, além de maior oportunidade de aplicabilidade de seus conhecimentos universitários. A aprendizagem da sistematização do pensamento e a transposição do pensamento científico e teórico para a práxis são fatores de extrema relevância para formação adequada de novos pesquisadores.

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CAPÍTULO 1: DEFINIÇÃO E DELIMITAÇÃO DO PROBLEMA

A transformação constante ocorrida na sociedade torna necessário um questionamento sobre o real papel da educação superior. O conhecimento passou a ser valorizado no mercado como um capital e tornou-se um meio de se investir no desenvolvimento econômico e social, abrangendo os campos da tecnologia e da ciência. Evidentemente, as IES – Instituições de Ensino Superior – não se constituem na única alternativa para a produção e divulgação do conhecimento, mas são locais privilegiados para isso.

As universidades foram precursoras da produção de conhecimentos e realizadoras de pesquisas que alavancaram progressos, seja na formação de profissionais, seja na realização de pesquisas científicas. Entretanto, os investimentos feitos em pesquisa ainda não são adequadamente realizados durante os variados cursos de graduação. Assim, os alunos acabam não se habituando às atividades de pesquisa científica.

Para sanar essa dificuldade de integrar os estudos acadêmicos com as atividades de pesquisa, muitos programas já começam a ser oferecidos pelas IES com resultados satisfatórios. O PIBIC é um deles. Fomentando a pesquisa para alunos de graduação, pode ser aplicado tanto nas IES quanto em outras instituições que desenvolvam atividades de pesquisa.

Visando a esse desenvolvimento, o IBAMA firmou parceria com o CNPq, a partir de 2003, para realizar o PIBIC em alguns de seus Centros de Pesquisa. No entanto, ainda não se avaliou de modo científico se estão sendo atingidos os objetivos propostos. Esta avaliação pretende verificar os benefícios do PIBIC para a formação dos acadêmicos e para o IBAMA em termos de cumprimento de sua missão de órgão executor da política ambiental do Estado Brasileiro.

1.1. Situação–problema

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programa e, ao mesmo tempo, para a sociedade como um todo, uma vez que os trabalhos desenvolvidos pelos bolsistas têm um enfoque ecológico.

A situação-problema, posta em forma de pergunta, ficará circunscrita a analisar se o PIBIC cumpre os seus objetivos no IBAMA. De acordo com a Portaria nº 74/2006, assinada pelo então Presidente do IBAMA, Dr. Marcus Luiz Barroso Barros, os objetivos do PIBIC são:

I. Despertar a vocação científica e desenvolver talentos para a pesquisa, mediante a participação de estudantes em projetos de nível e mérito científico e tecnológico reconhecidos;

II. Contribuir para a formação de recursos humanos para a pesquisa em temas ambientais;

III. Incentivar a consolidação de uma política de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico para iniciação científica no IBAMA;

IV. Estimular servidores a engajarem estudantes de graduação nas atividades de iniciação científica e tecnológica, integrando-os em grupos de pesquisa;

V. Contribuir para a expansão e renovação do quadro de servidores atuantes na produção de conhecimento e, conseqüentemente, estimular o envolvimento de novos orientadores.

Além dos objetivos elencados pela Portaria de oficialização do PIBIC/IBAMA, a Resolução Normativa RN-017/2006 do CNPq, em seu Anexo III, acrescenta dois objetivos: contribuir para reduzir o tempo médio de permanência dos alunos na pós-graduação e qualificar alunos para os programas de pós-pós-graduação.

1.2. Objetivo geral da pesquisa

Identificar se o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica do IBAMA cumpre os objetivos para os quais foi criado, baseando-se no ano 2006/2007.

1.3. Objetivos específicos

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b) verificar quais os mecanismos de socialização dos conhecimentos produzidos nas atividades de pesquisas dos bolsistas;

c) verificar os benefícios das pesquisas realizadas em laboratórios e das pesquisas de campo para o aprendizado dos bolsistas.

1.4. Importância do estudo

Uma das metas da educação superior no Brasil é a formação de pesquisadores para atuar na produção científica e acadêmica. O PIBIC é um programa do CNPq que acontece em parceria com as instituições de pesquisa. Trata-se de uma política do governo federal de incentivo e apoio à pesquisa, destinada aos estudantes de graduação das mais diferentes áreas de formação.

Para aderirem ao programa, os bolsistas não podem ter quaisquer outras remunerações nem vínculo empregatício de qualquer natureza, conforme dispositivos da Resolução Normativa do CNPq (RN 017/2006). Sendo assim, cada bolsista recebe uma bolsa-auxílio, cujo valor atual é de R$300,00 (trezentos reais), e deve desenvolver um projeto de pesquisa sob orientação de um pesquisador com titulação acadêmica comprovada.

Desde a implantação do projeto, o IBAMA, conta com bolsistas em alguns de seus Centros Especializados de Pesquisa. Entretanto, ainda não foi feita uma análise avaliativa dentro da instituição. Dessa forma, este estudo visa a fazer essa avaliação, para verificar quais os benefícios do programa para os bolsistas, para o IBAMA e para a sociedade.

1.5. Hipóteses

As hipóteses do trabalho que orientam esta investigação são as seguintes:

• O PIBIC contribui para o cumprimento dos objetivos da educação superior na formação de novos pesquisadores;

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CAPÍTULO 2: REVISÃO DE LITERATURA

2.1. Desafios da educação superior no Brasil

Abordar a questão da educação superior no Brasil é esmiuçar um tema por demais complexo. Pois, no Brasil, o mesmo ainda é considerado um privilégio de poucos. Isso em se tratando desse segmento do ensino como um todo. Agora, se recortarmos apenas o ensino superior das instituições mantidas pelo poder público, a elitização é ainda maior.

As primeiras universidades surgiram no seio da Igreja, principalmente dos mosteiros. Segundo Buarque (2003), elas eram o espaço para o pensamento livre e de vanguarda de seu tempo, mas voltadas praticamente à formação religiosa dos membros do Clero.

No Brasil, essa instituição surge para atender à elite brasileira. No passado, os filhos das famílias mais abastadas se constituíam nas pessoas com condições de ingresso na educação superior. As dificuldades de acesso ao ensino devido à pouca quantidade de oferta, aliada às dificuldades de manutenção durante os anos de estudos, faziam com que a clientela que conseguia graduar-se tivesse um lugar privilegiado na sociedade.

Ao longo do tempo, as universidades avançaram em seu papel junto ao país e adquiriram posição de vanguarda no ensino e na pesquisa. Elas contribuíram para discussões sobre a conjuntura nacional e as questões políticas mais relevantes. A formação de lideranças que buscaram mudanças na época dos governos militares no Brasil atesta que as universidades não ficaram presas em seus muros, pois foram ao encontro das aspirações da sociedade por liberdade e democracia. Ao mesmo tempo, elas defendiam a autonomia universitária, o que teve fundamental importância para que essas instituições se configurassem como produtoras e disseminadoras do conhecimento.

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Já a LDB 9394/96, no capítulo que trata da educação superior, art. 43, expressa a finalidade da educação superior, e os incisos de I a III destacam a importância da pesquisa na formação do acadêmico:

I. estimular a criação cultural e o desenvolvimento do espírito científico e do pensamento reflexivo;

II. formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimentos, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua;

III. incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando ao desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive.

Nesse mesmo artigo, no inciso IV, trata-se da importância de promover a divulgação dos conhecimentos científicos e culturais desenvolvidos. Entretanto, o acesso ao conhecimento por parte da população ainda acontece de modo muito tímido. Muitas vezes, as IES atendem apenas aos interesses mercadológicos, principalmente de organizações internacionais.

O Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2002), no que se refere à educação superior, ao estabelecer as metas e objetivos da mesma, menciona que é importante incentivar a prática da pesquisa, como elemento integrante dos processos de aprendizagem, inclusive com a participação dos alunos nos programas de pesquisa das IES.

Kliksberg (2003), analisando as desigualdades sociais da América Latina, comenta que a educação é vista como estratégia para fomentar o desenvolvimento econômico e social. Esta acaba por interligar cidadania e educação. Por isso, o bem mais valioso dentro das organizações, hoje em dia, é o capital intelectual. Devido a isso, as empresas investem na capacitação de seus membros, e, conforme o autor, a concepção de capacitação tem-se expandido, convertendo-se em desenvolvimento de recursos humanos.

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investem durante a educação básica em seus filhos, colocando-os em instituições privadas de ensino, tornando-os mais aptos a concorrerem a uma vaga nas universidades públicas. Assim, as classes média e alta acabam por constituir grande maioria nessas instituições.

Pelos dados do Censo da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira - INEP de 2003, pode-se perceber um aumento significativo dos cursos de graduação presencial no Brasil, com um acréscimo de 2.054 novos cursos, com relação ao ano anterior. Desse total, 411 cursos foram criados por instituições públicas e 1.643 por instituições privadas. Isso significa um índice de surgimento de 5, 6 cursos por dia. (BRASIL, 2007).

O Censo do INEP também apresenta uma análise dos dados numéricos dos últimos anos e demonstra que o número de vagas oferecidas na educação superior foi maior que o número de candidatos. Aquele totalizou, em todos os processos seletivos, 2.002.733 vagas, e este atingiu o índice de 4.900.023. No entanto, o número de alunos que ingressaram na educação superior foi de 1.262.954. A maior parte das vagas oferecidas pertencia a instituições particulares, o que acarreta um custo elevado para o estudante, que em sua maioria, é de baixa renda. Por isso, devido às dificuldades econômicas que atingem a sociedade brasileira, muitas vagas, 42% do ensino superior privado, permaneceram ociosas.

Para os jovens oriundos das camadas trabalhadoras, a possibilidade de estudar seria o ensino noturno. Entretanto, essa modalidade de ensino é oferecida majoritariamente pelas instituições privadas, o que novamente se torna um entrave para a grande maioria da população. Esse fato mostra que as IES públicas precisam adaptar-se à realidade brasileira e favorecer mecanismos que possibilitem aos pobres o acesso à educação superior, além de oferecer condições para que os mesmos permaneçam em seus cursos.

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2.2. A pesquisa de iniciação científica

No Brasil, o ensino de ciências na educação básica se resume praticamente a uma metodologia livresca e teórica. Os alunos não aprendem a aplicabilidade dos conceitos estudados em salas de aula. Isso se deve a vários fatores, desde a pouca infra-estrutura das escolas, as quais não possuem laboratórios adequados, até uma insuficiente preparação do corpo docente que atua nessa área. Dessa forma, o ensino das Ciências Naturais continua descontextualizado, o que faz com que o país não evolua em tecnologia e obtenha lugares muito aquém do desejado nos índices de avaliações internacionais.

É fato claro que um país só evolui com investimentos na educação. Apenas um grande investimento em ensino pode fomentar a produção de conhecimentos científicos e tecnológicos. Por isso, é fundamental capacitar os docentes de ciências para que despertem novas vocações para a pesquisa. Inclusive, de acordo com análise feita pela Unesco em 2005, há uma correlação entre a melhora no conhecimento de ciências com o desenvolvimento em outras áreas. (UNESCO, 2005).

O PISA – Programa Internacional de Avaliação de Alunos – 2006 – avaliou estudantes de uma faixa etária de 15 anos de 57 países, por meio de um teste com duas horas de duração. Os resultados dessa avaliação, divulgados pelo INEP (BRASIL, 2007), mostram que o País não mostrou melhoras significativas no ensino de Ciências em relação aos anos anteriores. O resultado alcançado pelo Brasil em Ciências foi a média de 375, 17, ocupando o 42º lugar na classificação geral entre os países participantes. A Coréia, primeira colocada atingiu a média de 552,12. É importante destacar que os índices avaliados pelo PISA referem-se às questões para verificação se os estudantes são capazes de identificar questões científicas, explicar fenômenos científicos e usar evidência científica. Para a avaliação, as questões foram classificadas em níveis de dificuldades, variando de 1 a 6. Nenhum estudante brasileiro conseguiu atingir a proficiência em Ciências no nível 6.

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No Brasil, é evidente a carência de profissionais especializados para atuar nas funções de pesquisadores. Diante disso, as universidades e instituições de educação superior tentam, por meio de parcerias com instâncias públicas encarregadas de financiar e incrementar programas de pesquisas, apoiar e acolher entre suas atividades programas voltados para o desenvolvimento acadêmico de seus estudantes, seja de graduação, seja de pós-graduação.

Frente a essa escassez de pesquisadores no Brasil, a Unesco (2005) recomenda que se implemente no país uma política de desenvolvimento da educação científica. Essa política deve visar não só ao desenvolvimento de tecnologias e conhecimentos, mas à inclusão social. Os projetos para sua implementação devem ter continuidade, pois os resultados desses investimentos se farão sentir em longo prazo. Uma das recomendações centrais da Unesco (2005) para o ensino das Ciências no Brasil é promover o trabalho integrado de pesquisadores com aprendizes, a fim de propiciar uma construção coletiva do conhecimento.

O governo brasileiro faz investimentos em programas de pesquisa por meio de agências específicas, de institutos cuja função é a dedicação às pesquisas científicas e das IES, principalmente das IES mantidas pelo poder público. Contudo, esses investimentos ainda são considerados pequenos. Na maior parte, eles são restritos às Universidades públicas, principalmente federais. Poucas instituições de ensino superior da rede privada recebem subsídios do governo para investimentos em pesquisas. Assim, muitas pesquisas financiadas pelas agências de fomento são realizadas por projetos feitos em parceria entre as diversas instituições.

O fato é que pesquisa e ensino são inseparáveis na educação superior. Por isso, há muitas questões levantadas sobre onde e quando se deve começar a pesquisa na Universidade e as razões para se investir nesse processo. Fávero (2007) afirma que, embora a ciência contribua para o desenvolvimento, ela não precisa necessariamente estar estreitamente vinculada às necessidades imediatas do sistema produtivo. A pesquisa não pode, portanto, ser determinada apenas por razões imediatas.

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de pesquisa científica e tecnológica e contam com um quadro de pessoal com titulação adequada para serem orientadores.

Nos cursos de graduação, os acadêmicos devem descobrir sua vocação de pesquisadores (FÁVERO, 2007). Dessa forma, é de suma importância permitir a inserção dos alunos de nível superior em projetos sistemáticos de pesquisa, sob orientação de profissionais competentes e com domínio da metodologia da pesquisa científica. Sobretudo num país carente de pessoal com alta preparação para a pesquisa, é urgente a implementação desses projetos nos cursos de graduação, a fim de que, durante o tempo de formação universitária, os acadêmicos possam aprender a pesquisar pesquisando.

A pesquisa de iniciação científica, como diz o próprio nome, é um projeto para iniciar o estudante de graduação na arte de pesquisar. Ao mesmo tempo em que ele é motivado a realizar seus estudos, é também cobrado no sentido de que apresente seus trabalhos conclusivos em congressos e seminários. Pode-se dizer que assim o jovem estará mais bem preparado profissionalmente, pois a preparação profissional de nível superior deve ser inerente à preparação para a realização de pesquisas e a construção do conhecimento.

No que interessa, este estudo se deterá a discorrer sobre o PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica. Trata-se de um programa do CNPq destinado a alunos de graduação que, depois de selecionados, recebem deste uma bolsa-auxílio para se dedicarem a atividades de pesquisa enquanto prosseguem nos estudos de graduação. É importante que, ao realizarem projetos de pesquisa sob orientação de profissionais qualificados, os acadêmicos aprendam as metodologias de pesquisa.

A participação no programa adquire uma importância maior por aproximar o graduando dos desafios ligados à carreira que escolheu ao ingressar na educação superior. Ao desenvolver as pesquisas, sob orientação de um profissional que já está em pleno exercício de sua profissão, o acadêmico pode confrontar os desafios do mundo real com os conhecimentos aprendidos na academia.

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poderá ser maior se ocorrer em atividades de pesquisa e com uma orientação séria recebida de profissionais habilitados para isso.

No entanto, a sociedade que tem sua economia fundada no conhecimento é também, conforme Tedesco (2006), uma sociedade que produz simultaneamente fenômenos de maior desigualdade social. Diante disso, os resultados das pesquisas desenvolvidas nos projetos de iniciação científica devem ser colocados à disposição da sociedade. Pois, além dos recursos utilizados nos financiamentos dos projetos provirem de fundos públicos, o conhecimento sem aplicabilidade não cumpre seu objetivo.

Mas o acesso à educação superior no Brasil ainda é um privilégio de poucos. Os altos custos do ensino privado e o número restrito de vagas no ensino superior público dificultam o acesso e a permanência dos alunos nos cursos de graduação. Além disso, o fomento do governo para alunos de baixa renda cursarem os estudos de graduação em instituições privadas ainda é bastante tímido. Essa dificuldade é mais agravante quando se trata de tempo para que os graduandos se envolvam com atividades fora do currículo acadêmico.

Nesse sentido, é de grande valia e contribuição para o desenvolvimento acadêmico do graduando, pois, apesar de uma bolsa de valor pequeno, esta se constitui numa ajuda fundamental para que o estudante possa manter-se nas atividades do PIBIC e, em muitos casos, dar continuidade aos seus estudos superiores.

Tal pensamento é corroborado por Tedesco (2006). Segundo ele, não basta passar do nível secundário para o superior para se ter acesso ao conhecimento. Há que se garantir o acesso permanente às formas de aprendizagem que permitam a atualização profissional contínua.

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Analisando o mesmo relatório, percebe-se que, em termos de evolução, o número de bolsas apresentou uma redução, de tal modo que, em 1996, as bolsas eram 18.762 e, em 2005, o número era de 19.912; uma evolução que deve ser justificada pelo corte de gastos do governo federal para investimentos nessa área. Fazendo um comparativo com o desenvolvimento da educação superior no Brasil, vê-se que o aumento de estudantes na educação superior foi muitas vezes maior. Dados do INEP (BRASIL, 2007) mostram que “o número de vagas nas IES brasileiras cresceu de 516.663, em 1991, para 2.429.737, no ano de 2005, um aumento de 470%.” Nesse sentido, pode-se aferir que o investimento em pesquisas está muito aquém do que seria ideal.

Analisando os dados do CNPq que detalham por região geográfica os investimentos em apoio às pesquisas, verifica-se que a maior parte destes se concentra na Região Sudeste, com um total, em 2004, de 52% das instituições de pesquisa. Evidentemente, essa mesma região detém o maior número de pesquisadores conveniados. Em contrapartida, a região menos favorecida por participação em pesquisas é a Região Centro-Oeste, com um percentual de 7% das instituições.

O mundo do capitalismo invadiu as universidades por meio de um pensamento corporativista. Dessa forma, Zeleza (2005) afirma que a educação superior não é mais vista apenas como um bem e um direito de todos, mas como um grande investimento econômico. Cobram-se das universidades resultados mais rápidos e mais eficientes para que possam atender à demanda exigida pelo mundo regido pelo capital. Ora, essa eficiência tem a ver diretamente com a pesquisa, e o papel da universidade é possibilitar a produção de conhecimentos.

Entretanto, em vez de se pensar nos benefícios da sociedade como um todo, busca-se, muitas vezes, fazer investimentos que tenham lugar e vez no mercado atual. Isso faz com que, em busca de um lucro exacerbado, a preocupação com a dignidade humana e a qualidade de vida das pessoas seja relegada a segundo plano. Toda pessoa humana deve ser respeitada em seus direitos fundamentais. A educação é um caminho para se formarem pessoas com qualidade técnica para o desempenho de suas profissões, bem como com a responsabilidade ética em relação ao próximo.

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liberdade, igualdade e condições de vida adequadas. Mas o meio ambiente vem sendo destruído, quase sempre, pela ocupação desordenada e pelos usos sem limites dos recursos naturais. (UNESCO, 1998)

Diante da destruição do meio ambiente, torna-se imperativo o empreendimento em pesquisas que possam contribuir para a construção de uma sociedade sustentável. Entretanto, muitas das descobertas atuais contribuem para a destruição do planeta, colocando a vida em risco. Macedo e Katzkowicz (2003) afirmam que, numa sociedade marcada pela exclusão social, o acesso ao conhecimento pode ser mais uma forma de exclusão. Essa exclusão seria, no dizer das autoras, a relação existente entre tecnologia e elite, a quem se reserva o direito à ciência. Dessa forma, torna-se urgente a adoção de políticas que visem à democratização e ao acesso a esse conhecimento produzido, bem como aos meios de produção do conhecimento:

A Ciência deve não só responder às necessidades sociais, para possibilitar melhores condições de vida para a população que vive em condições de pobreza extrema, como os progressos científicos devem ser utilizados pela cidadania, e para isso, precisam ser conhecidos. (MACEDO e KATZKOWICZ, 2003, p. 69)

É nessa perspectiva que políticas de fomento a pesquisas do Governo são de grande utilidade. Elas possibilitam o acesso a metodologias de pesquisa e contribuem para a formação de um quadro de recursos humanos na área das pesquisas. Considerando que os investimentos ainda são tímidos nessa área por parte do governo brasileiro, não se pode negar que se tenha feito avanços nos últimos anos. Percebe-se uma tentativa de mudança desde os eventos nas áreas de ciências realizados pelos estabelecimentos da educação básica que permitem aos educandos terem um contato mais direto com a linguagem e com as técnicas da pesquisa científica, aos projetos de iniciação científica das Universidades e centros especializados em pesquisa. Contudo, esses conhecimentos precisam ser aplicados ao cotidiano das pessoas envolvidas no processo.

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em pesquisas, principalmente nos cursos de pós-graduação, seja no nível de mestrado ou doutorado.

Entretanto, o alto custo para manutenção desses cursos faz com que as instituições de ensino superior privadas reduzam a criação desses programas. A análise feita pelo INEP (BRASIL, 2003) do censo da Educação Superior do Brasil aponta que 55 instituições federais são responsáveis por 877 programas de pós-graduação. Em indicadores mais precisos, o mesmo relatório afirma que 86% dos cursos de pós-graduação estão em Universidades públicas, sendo 56% em Universidades federais, 30% em estaduais e 0,2% em municipais. As instituições privadas respondem por 14% dos programas de pós-graduação.

Para Werthein e Cunha (2001), a ciência é uma função essencial da formação da educação superior e, por isso mesmo, devem ser reforçados os programas em que se valorizem a inovação, a interdisciplinaridade e a multidisciplinaridade. Isso deve ser feito por meio da inserção dos alunos de graduação em programas de pesquisa, nos quais possam desenvolver projetos relevantes para a sociedade. Para isso, os autores salientam ser necessário que se façam investimentos continuados na formação de pesquisadores, de modo a favorecer aos acadêmicos da graduação a aprendizagem de métodos e técnicas da investigação científica fundamentais para a produção do conhecimento. Dessa forma, a educação superior se coloca a serviço da sociedade.

Em relação aos programas de extensão universitária, o atendimento à comunidade tem crescido desde o ano de 2003. Nesses programas, as instituições privadas têm destaque, respondendo por 81,1%, conforme o INEP (2003). Esse atendimento é importante, pois representa uma prestação de serviços das instituições de ensino superior às pessoas mais carentes; serviços estes que deveriam ser prestados pelo poder público, principalmente os relacionados à assistência de saúde e jurídica.

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que as IES oferecem aos mesmos. Um fato que chama a atenção no estudo realizado pela autora é que a falta de conhecimento ou informações sobre as áreas de ingresso é responsável por grande parte da desistência.

Outro item que merece ser destacado é a pressão exercida pelo mercado de trabalho. Ou seja, o mercado delineia quais são as áreas de maior interesse em determinado momento e faz com que o universitário reoriente sua formação em vista disso. As baixas condições econômicas e a necessidade de conciliar trabalho e estudo ajudam a aumentar o número de alunos que se evadem do ensino superior.

As IES mantidas pelo poder público enfrentam, ainda, muitos outros desafios, sobretudo em relação à democratização e ao melhor aproveitamento de vagas nas instituições. A gestão dessas IES é algo complexo que mereceria uma análise mais detalhada, mas não é o foco deste trabalho. Aqui cabe mencionar apenas a relação desse problema com a situação dos alunos que seguem uma carreira de pesquisa. Ou seja, ao longo do curso de graduação, muitos alunos têm de conciliar o trabalho com os horários de estudos, o que torna a jornada cansativa. E isso tem incidência na qualidade de seus trabalhos acadêmicos.

Aos alunos que têm condições de permanecerem em tempo integral à disposição dos estudos, é facultada maior oportunidade de aperfeiçoamento em termos de pesquisa. Nesse caso, a ajuda do governo na modalidade de bolsa se constitui um grande benefício. Diante da questão levantada, fica evidente que as IES públicas precisariam investir na educação superior noturna e descentralizar os campos do conhecimento para que mais alunos oriundos das camadas menos favorecidas da população tenham acesso ao ensino superior, cujo financiamento seja feito pelo Estado.

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Para Werthein e Cunha (2001), é importante destacar a recomendação da UNESCO sobre a educação superior e a relação entre Universidade, trabalho e outros setores da sociedade. Ou seja, ao invés de apenas preparar os alunos para o mundo do trabalho, é preciso que as IES sejam fonte de criação de novas frentes de trabalho. Isso só pode acontecer se as IES oferecerem uma ampla variedade de cursos e de opções de formação, por meio de currículos e horários mais flexíveis, bem como investimentos em produção e divulgação de novos conhecimentos.

Numa sociedade em que a competência profissional é cobrada de modo bastante ostensivo, há que se superar a busca apenas da titulação universitária e visar à formação de um profissional com um horizonte mais amplo, com valores éticos e que tenha capacidade de aprendizagem constante. É nesse sentido que esses autores reforçam a idéia de que a educação superior deve oferecer uma formação orientada para a cidadania, para a construção do pensamento crítico, para a busca de solução aos problemas sociais e para o desenvolvimento da responsabilidade social. Ao mesmo tempo, não se pode deixar de considerar o rico potencial existente nas tecnologias de informação e comunicação.

Embora ainda represente pouco diante da demanda muito crescente pela educação superior, já se percebe um avanço no sentido de tornar possível o seu acesso aos mais pobres. É importante que parcerias sejam firmadas entre a iniciativa privada e a esfera estatal com vistas a garantir que um maior número de jovens ingresse na educação superior. Numa sociedade cuja economia é baseada na produção e difusão do conhecimento, só é possível falar de cidadania quando se criam instâncias e políticas de acesso à educação de qualidade.

Tedesco (2000) afirma que o vínculo entre a Universidade e a sociedade é pautado por dois eixos relacionais, sendo um com o Estado e outro com o setor produtivo. Fazer com que essa relação se estabeleça dentro de um processo de inclusão social e não de exclusão deve ser parte das políticas do Estado para a educação superior.

2.3. Meio Ambiente: relação com a formação acadêmica de nível superior e a pesquisa

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De acordo com Pulner (2007), por ser o meio ambiente um direito fundamental, deve-se ter em conta os componentes sociais, econômicos e políticos na proporção do uso racional dos bens naturais. Segundo a autora, o conhecimento científico a respeito do uso responsável dos bens ambientais, devidamente testados e validados, deveriam ser os alicerces da legislação ambiental. Mas há no Brasil um distanciamento entre o Poder Legislativo e as IES. Dessa forma, os conhecimentos científicos não são divulgados, fazendo com que a exploração do meio ambiente ocorra de forma desregrada, tendo inclusive embasamento legal para isso.

Castells (2003) afirma que o ambientalismo parte da defesa do bem-estar e da saúde dos indivíduos, tendo em vista a integração em um projeto ecológico da humanidade com a natureza, dentro de uma visão baseada na identidade sociobiológica. Dessa forma, o ambientalismo não se resume à defesa da biodiversidade, visto que é imperativo defender a sociodiversidade. Essa postura amplia muito o entendimento do termo ecologia, enquanto supera apenas a luta pela preservação do patrimônio genético para uma compreensão da defesa da vida como um todo e um uso responsável dos bens naturais. Destarte, esse ponto torna-se crucial na elaboração dos cursos de graduação, principalmente daqueles cujas atividades profissionais estarão mais diretamente ligadas ao meio ambiente, tais como os cursos das áreas de engenharias.

A preparação para o mercado de trabalho é uma das razões das IES. Nesse sentido, pode-se afirmar que a formação exigida para se trabalhar na área ambiental é bastante ampla, uma vez que o cuidado do meio ambiente deve ser realizado numa visão multidisciplinar. Não dá para engessá-lo como uma questão de exclusividade de uma ou outra área acadêmica. Para Dias (2004), é preciso definir meio ambiente numa conceituação mais ampla, ou seja, que abarque não apenas os fatores ecológicos, mas que leve em consideração os aspectos políticos, éticos, econômicos, sociais e outros.

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De acordo com Aguiar (2002), para que o movimento ambientalista seja consistente, deve procurar firmar parcerias com as universidades e os centros de pesquisas. O mesmo autor alerta que a universidade não deve, contudo, ser uma comunidade fechada; ao contrário, deve favorecer o acesso da sociedade ao conhecimento produzido em vista da preservação ambiental. Assim, as IES seriam não somente centros de transmissão do conhecimento, mas também um centro de fomento e de produção do conhecimento para que se construa uma sociedade sustentável.

Caso os resultados das pesquisas não fossem divulgados, as IES permaneceriam sem prestar um serviço de grande valia para a sociedade como um todo. Felizmente, percebe-se que hoje em dia os centros dedicados à educação superior possuem em sua grade curricular programas ou disciplinas destinados a abordar a questão ambiental e a complexidade que ela envolve. Entretanto, não se pode tratar o assunto de modo isolado, sem contextualizá-lo dentro da complexidade trazida pelo pensamento pós-moderno.

Nesse sentido, além de se investir na busca de novas tecnologias e conhecimentos que não sejam prejudiciais ao meio ambiente, há que se buscar um caminho para implementar uma política de educação ambiental em todos os segmentos de ensino, especialmente nas IES, para se atingir uma formação completa dos alunos de graduação. Mas essa proposta de educação ambiental não deve ser implantada como uma disciplina ou um projeto isolado, ou seja, não pode ser um evento, mas uma proposta processual e constante, ao longo de todo o curso. Apenas uma educação pautada pela transversalidade pode ser capaz de mudar os paradigmas mecanicistas presentes na sociedade.

É esse o pensamento de Demo (1996) quando trata da educação como estratégia fundamental a se atingir a mudança no sistema. Essa mudança ocorre, segundo o autor, quando se fundamenta o Estado de Direito e se restringe fortemente a voracidade do capital. Aliar a educação aos projetos de desenvolvimento social e econômico é algo imperativo para que a sociedade possa ter acesso a condições mais dignas de vida. Isso implica em defender o meio ambiente não apenas pela sua função utilitarista, mas pelo direito do cidadão em usufruir do mesmo de forma saudável e sustentável. O Estado tem um papel importante nesse processo. Como guardião dos bens públicos, deve viabilizar políticas que favoreçam o desenvolvimento sem prejudicar o meio ambiente.

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educadores ensinem o rigor intelectual e a plena compreensão dos assuntos. De acordo com o autor, uma das tarefas principais dos educadores é ensinar os estudantes a interpretar o ambiente em que vivem.

Para que esse aprendizado seja mais eficiente, é necessário que as IES empreendam esforços a fim de oferecer aos acadêmicos uma formação consistente e em contato com a prática da pesquisa, dentro de uma perspectiva de ensino construtivista e interativo. Isso pode ser realizado por meio de parcerias entre as IES e os centros de pesquisas.

Diante desse fato, entre as inúmeras propostas para que se criem parcerias entre a Universidade e os organismos que se dedicam à pesquisa, estão os programas de iniciação científica. Quando estes ocorrem em centros que têm por razão finalística a proteção do meio ambiente e os alunos pesquisadores são orientados por professores que atuam na causa ambiental, é provável que essa formação seja diferenciada daquela oferecida apenas nos bancos da academia e nas bibliotecas. Supera-se assim o hiato que existe entre a realidade das IES e a demanda da sociedade.

De acordo com Bell (2000), ao se abordar o tema desenvolvimento sustentável, aceita-se também o fato de que ele propõe um novo paradigma decisório para todos os setores da sociedade. Portanto, as políticas ambientais têm de repercutir com eficácia nas áreas econômicas, ao mesmo tempo em que as políticas sociais e econômicas devem interferir na dimensão ambiental.

Bell (2000) prefere utilizar o termo cultura da sustentabilidade por considerar que ele envolve aspectos mais amplos da vida humana, tais como crenças, valores e atitudes. É preciso compreender a questão ambiental e a necessidade de se preservar o meio ambiente dentro da perspectiva da complexidade. Não dá para procurar soluções muito simples para processos complexos, como é o caso das relações ecológicas. Para se promover a mudança da mentalidade a partir dessa visão da complexidade do pensamento ecológico, um dos meios seria a educação ambiental, que pode ser realizada na mídia e, principalmente, nos centros de ensino.

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de educação se está buscando implantar, sobretudo para se superarem os modismos. Não se pode restringir a educação na área ambiental a uma visão apenas reducionista. Ou seja, na opinião da autora, não basta defender a vida pela necessidade humana de se preservar o patrimônio genético. Costumeiramente se vêem em mídia campanhas objetivando apenas a defesa de situações que são mais sintomas que causas. Uma educação ambiental eficaz seria aquela que buscasse mudar os valores individualistas presentes na sociedade e formar uma nova cultura, pois é urgente o ser humano entender-se como parte integrante do meio ambiente e perceber-se como sujeito que pode interferir positiva ou negativamente no mesmo.

As IES podem contribuir muito para superar a visão tecnicista de meio ambiente se incluírem em suas propostas curriculares temas e/ou conteúdos que estejam voltados para a defesa da vida e das relações ecológicas saudáveis. Isso implica falar de novas formas sociais, que a ética e a justiça sejam o sustentáculo dessa nova postura. Assim, a educação superior prepararia profissionais competentes de acordo com as exigências que o mercado lhe fizesse em termos de trabalho e, ao mesmo tempo, com uma visão holística a respeito da defesa do meio ambiente. Apenas projetos inseridos no contexto dos cursos de graduação podem ser capazes de mudar a visão utilitarista e superar as dicotomias entre teoria e prática. Um ensino que coloque os jovens em contato com as realidades de trabalho permite que os mesmos já reflitam sobre sua atuação e seus princípios durante o processo de curso e não apenas quando esses acadêmicos retornarem ao mercado na busca de se inserir na atuação profissional de fato.

As IES têm por finalidade preparar os acadêmicos de graduação para o exercício responsável da profissão. Logo, espera-se que os novos profissionais atuem com responsabilidade e ética. Essa postura e o senso de justiça estão compreendidos numa abordagem da Ecopedagogia. Avanzi (2004), ao tratar de educação ambiental, esclarece que, para ela ser eficaz, deve ter fundamentos do pensamento crítico e inovador, ser individualista e coletiva, holística, estimulante à solidariedade, multidisciplinar, além de buscar uma consciência ética diante da vida.

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Pegoraro (1995) afirma que a ecologia é um tema ético e sugere uma ordem política em que as pessoas, as instituições científicas e sociais tenham compromisso com a preservação da vida e dos recursos naturais do planeta. Segundo ele, a lógica instrumental deve ceder lugar aos fins últimos da existência humana. Ele alerta para o perigo da tecnociência, mas ressalta que, se usada com equilíbrio, a ciência beneficia a natureza e a vida humana.

A Conferência das Nações Unidas de Tblisi (UNESCO, 1997) trouxe muitas recomendações sobre a Educação Ambiental para enfrentar os desafios frente às questões ambientais. Em documento resultante, a UNESCO recomenda que Universidades, centros de pesquisa e outras instituições de formação de pessoal dêem atenção aos estudos que envolvam temas de educação ambiental. Conforme a recomendação dada pela Conferência, a educação ambiental ofertada aos universitários deve ser diferenciada, pois ela precisa aproveitar o potencial das IES para a realização de pesquisas, além de desenvolver projetos que beneficiem a sociedade, respeitando o meio ambiente.

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CAPÍTULO 3: O OBJETO DA PESQUISA

O Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica – PIBIC – é uma iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq – que incentiva pesquisadores produtivos de várias organizações a envolverem estudantes de graduação em atividades científicas e tecnológicas.

O objetivo primordial do programa é despertar a vocação científica e estimular talentos potenciais entre estudantes de graduação, mediante suas participações em projetos de pesquisa, introduzindo o jovem universitário no domínio do método científico e proporcionando ao bolsista, orientado por pesquisador qualificado, a aprendizagem de métodos científicos.

Com o objetivo de criar e ampliar as competências na área ambiental, o IBAMA, com o apoio do CNPq, implantou o PIBIC, visando a identificar estudantes dos cursos de graduação e incentivá-los para o trabalho de investigação científica por intermédio do desenvolvimento de projetos relacionados à questão ambiental, com a participação ativa de pesquisadores engajados em pesquisas científicas e tecnológicas.

Esse programa teve início em junho de 2003, quando foram inscritos 188 alunos dos cursos de Engenharia Florestal, Engenharia Ambiental, Engenharia Mecânica, Agronomia, Biologia, Química e Arquitetura da Universidade de Brasília, da Universidade Católica de Brasília, do Centro Universitário de Brasília e da Faculdade da Terra de Brasília. Do total de alunos inscritos, foram selecionados 39 bolsistas, sendo 35 remunerados e quatro voluntários. Dentre os bolsistas remunerados, 25 obtiveram bolsas do CNPq e dez do IBAMA.

Em 2004, inscreveram-se alunos de graduação dos cursos de Engenharia Florestal, Engenharia Ambiental, Agronomia, Biologia, Química e Arquitetura da Universidade de Brasília e da Universidade Católica de Brasília. Selecionaram-se 37 bolsistas, sendo que 25 obtiveram bolsas do CNPq, dez obtiveram bolsas do IBAMA e outros dois foram voluntários.

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o maior número de pontos na avaliação. Os resumos de todos os trabalhos apresentados foram publicados no formato digital e distribuídos para a comunidade acadêmica e científica.Alguns trabalhos foram selecionados para apresentação em simpósios nacionais e internacionais.

Até maio de 2004, o PIBIC foi coordenado pela Assessoria de Ciência e Tecnologia da Presidência do IBAMA. A partir de junho de 2004, o programa foi repassado para o Laboratório de Produtos Florestais – LPF.

Por meio de Edital 2003/2004, foram selecionados 39 bolsistas, sendo 25 com bolsas do CNPq, dez custeados pelo IBAMA e quatro voluntários. Os orientadores, num total de 19, sendo seis professores doutores da UnB e 13 pesquisadores do IBAMA, dos quais oito eram doutores e cinco eram mestres.

Através do Edital 2004/2005, foram selecionados 37 bolsistas, sendo 25 com bolsas do CNPq, dez com bolsas financiadas pelo IBAMA e dois voluntários. Os orientadores perfaziam um total de 15, sendo quatro professores doutores da UnB e 11 pesquisadores do IBAMA, dos quais nove eram doutores e dois eram mestres.

Nessa edição do programa, ocorreu uma ampliação com a inclusão de nove Centros Especializados do IBAMA, além do Laboratório de Produtos Florestais – LPF, que participou das duas primeiras edições como unidade-piloto.

Assim, outras áreas do conhecimento foram contempladas, como fauna (répteis e anfíbios, primatas, mamíferos aquáticos e aves) e flora (produtos florestais e plantas medicinais e aromáticas). Os orientadores eram 21 pesquisadores do IBAMA, sendo 14 doutores e 7 mestres. Os 37 trabalhos foram apresentados no II Seminário de Iniciação Científica do IBAMA, nos dias 24 e 25 de agosto de 2005, para avaliação do Comitê Externo.

A partir de 2005, a coordenação do programa passou para a Coordenação Geral de Recursos Humanos do IBAMA, mais precisamente para a Divisão de Capacitação – DICAP. A transferência representou uma institucionalização maior do programa, uma vez que a Área de Recursos Humanos faz interface com todo o Instituto.

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submetidos à apreciação do Comitê Externo. Foram escolhidos 40 bolsistas, que estão executando seus projetos de pesquisa nos centros especializados do IBAMA. Essa edição do PIBIC teve início no dia 1º de agosto de 2006 e foi concluída em 31 de julho de 2007.

No dia 21 de setembro de 2005, por ato solene de seu presidente, o Programa de Iniciação Científica foi oficializado no Órgão. Na abertura do III Seminário de Iniciação Científica do Instituto, o presidente assinou a Portaria nº 74/06, que institui o PIBIC no IBAMA. Dessa forma, o programa ganhou mais visibilidade e pôde crescer em credibilidade dentro da Instituição.

No III Seminário, foram apresentados 25 trabalhos de modo oral e 15 na modalidade painel. Quatro bolsistas receberam os prêmios de melhores trabalhos apresentados, de acordo com a avaliação feita pelos membros do Comitê Externo presentes no evento. Todos os 40 resumos dos projetos apresentados foram divulgados em CD, com os devidos créditos dos autores aos trabalhos apresentados no III Seminário de Iniciação Científica do IBAMA.

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CAPÍTULO 4: METODOLOGIA

O paradigma qualitativo ganhou novas proporções na década de 1980, como forte oposição ao positivismo. Para os pesquisadores que adotavam o primeiro, este era muito superior ao paradigma quantitativo. A principal característica da abordagem qualitativa, conforme Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998), é a visão holística, compreensiva ou interpretativa. Isso implica afirmar que as pesquisas têm de levar em consideração as crenças, os valores e os princípios dos sujeitos envolvidos nas pesquisas e os modos como eles agem em função desse conjunto de fatores sociais. A intervenção do pesquisador no contexto social deve ser a menor possível. É a busca de captar os dados subjetivos e analisá-los para compreender a realidade em que a pesquisa está sendo realizada.

Uma visão crítica surge e assume um papel investigador mais relacional. Ela centra sua ênfase na análise das condições de regulação social, desigualdade e poder, conforme Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998). Coerente com essa postura, essa teoria busca investigar o que ocorre nos grupos e relaciona a cultura e as estruturas sociais e políticas, tentando compreender a forma como o poder se estabelece, como é mediado e transformado.

Nos últimos tempos, pesquisadores da área das ciências sociais têm desenvolvido procedimentos que possibilitam efetuar pesquisas com maior precisão dos dados, bem como analisar a validade e a comprovação dos resultados, sem perder a conotação qualitativa atribuída às mesmas.

Entretanto, no dizer de Alves-Mazzotti e Gewandsznajder (1998), não se pode falar de paradigma qualitativo, pois diferentes paradigmas utilizam metodologias qualitativas. Mas, pode-se, ao mesmo tempo, perceber no interior desses onde recai a ênfase da pesquisa, se na modalidade qualitativa ou na modalidade quantitativa. Além disso, há uma percepção subjetiva em todo trabalho realizado, mesmo que se busque a neutralidade. Isso não desmerece a ciência e nem a pesquisa. Ao contrário, enobrece-a, pois a insere numa contextualização social importante, sendo possível projetar-se a aplicabilidade de seus resultados.

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Dessa forma, o importante é que o pesquisador saiba utilizar as mais diversas ferramentas, mantendo, evidentemente, o enfoque numa perspectiva qualitativa ou quantitativa de acordo com o objeto de seu estudo. E isso não significa se colocar contra uma abordagem ou outra, mas sim realizar uma pesquisa com um olhar mais amplo e tendo uma postura mais crítica, inclusive frente às próprias abordagens adotadas e ferramentas utilizadas na realização da pesquisa.

Essa postura favorecerá uma perspectiva mais abrangente do que seja ciência e de como se pode, através da pesquisa que se realiza, contribuir para o desenvolvimento da mesma, vislumbrando horizontes mais largos, buscando a integração de elementos de ambas as metodologias, seja qualitativa, seja quantitativa, sem se perder na escolha dos métodos, quando se fizer necessário.

Esta pesquisa, de caráter qualitativo, explicativo e exploratório, consistiu em analisar o PIBIC do IBAMA. Assim, objetivou-se aprender com a experiência realizada. Portanto, esta análise considerou os aspectos: análise de bolsistas que estão em processo de execução do programa e dos orientadores. O resultado foi a verificação dos benefícios que o PIBIC possibilitou a esses pesquisadores da iniciação científica, não apenas em nível teórico, mas também e, principalmente, em níveis de iniciação e de realização profissional. Nesse sentido, a metodologia adotada envolveu procedimentos tanto de ordem qualitativa, quanto quantitativa, e o método empregado foi o estudo de caso. Segundo Yin (2007), o estudo de caso é uma estratégia de pesquisa muito vantajosa para as pesquisas sociais, por permitir a investigação de um fenômeno contemporâneo no seu contexto real e em que múltiplas fontes de evidências são utilizadas.

4.1. População e amostra

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4.2. Instrumentos e coleta de dados

Em vista, da proximidade do término da edição do PIBIC analisada nesta pesquisa, optou-se pela Avaliação de Resultados Rápidos (Rapid Assessment). Foram

aplicados questionários diferenciados aos bolsistas e aos orientadores, respectivamente, abordando questões relacionadas aos objetivos do PIBIC do IBAMA. Por meio deles, objetivou-se traçar o perfil dos entrevistados de modo mais detalhado e verificar as contribuições do PIBIC para o desempenho acadêmico e a produção científica dos envolvidos na análise. Esses questionários foram enviados on-line para todos os bolsistas

e orientadores do programa.

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CAPÍTULO 5: ANÁLISE DOS DADOS

5.1. Cenário da pesquisa

A pesquisa foi realizada com os bolsistas e orientadores do PIBIC do IBAMA – Edição 2006/2007, que se iniciou no dia 1º de agosto de 2006 e concluiu-se em 31 de julho de 2007. Ao todo, eram 40 bolsistas e 28 orientadores, que desenvolveram projetos de pesquisas nos Centros Especializados do IBAMA, custeados numa parceria entre o IBAMA e o CNPq.

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – IBAMA é o órgão de execução da política ambiental do governo federal e atua nas mais diversas áreas de proteção ambiental. O IBAMA não é, portanto, uma instituição de educação superior, nem de dedicação exclusiva à pesquisa. Sua finalidade social é bastante diferente das IES, principalmente, no que diz respeito aos procedimentos administrativos. Este fato é relevante, pois uma das dificuldades encontradas para a realização do PIBIC é devido às resoluções normativas do CNPq serem diretamente voltadas ao mundo universitário.

Para cumprir sua missão o IBAMA desenvolve e investe em estratégias a fim de conservar o patrimônio ambiental brasileiro. Uma dessas estratégias é o investimento em produção de conhecimento científico e a educação ambiental. Além das formas mais tradicionais de atuação em prol do meio ambiente, tais como a fiscalização e o licenciamento ambiental, outros caminhos se fazem necessários. A aproximação do Instituto com o mundo universitário e acadêmico é uma das muitas possibilidades que o IBAMA encontrou de expor seu conhecimento acumulado a respeito do meio ambiente.

Os servidores do IBAMA que atuam como pesquisadores em Centros Especializados de Pesquisa, nas diversas áreas do conhecimento e das questões ambientais, detêm um capital intelectual elevado, demonstrado pelas publicações científicas dos mesmos e pela titulação acadêmica que possuem.

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Para se obterem os dados desta pesquisa, foi enviado um questionário on-line para cada bolsista e orientador, com questões específicas para um e outro. Dessa forma, pretendeu-se analisar se o programa cumpriu ou não seus objetivos no IBAMA, com a finalidade de verificar as hipóteses levantadas no projeto original de pesquisa.

5.2. Visão dos orientadores

Os questionários foram enviados aos orientadores num total de 28. Desse total, 85,7 % responderam ao questionário, o que permite uma amostra bastante significativa do público analisado. Dos que responderam ao questionário, 11 apresentam titulação de mestre e 13 possuem titulação de doutor. Todos atuam em centros de pesquisa e desenvolvem projetos relacionados às áreas de fauna e flora, inclusive com trabalhos de campo.

Foi perguntado aos orientadores se o PIBIC ajudou o IBAMA a implementar uma política institucional de pesquisa. As respostas confirmaram a estreita relação do PIBIC com a implementação de uma política de pesquisa no IBAMA, pois apenas um servidor considerou que ainda era cedo para analisar tal contribuição.

Foi ressaltado, porém, por um orientador que, embora o IBAMA tenha atividades de pesquisa, a falta de acesso aos periódicos da CAPES dificultou a realização de pesquisas bibliográficas. Logo, isso pode ser um sinal de que ainda faltou empenho entre os dirigentes do Órgão frente aos dirigentes da CAPES em ter o IBAMA reconhecido como um Instituto de pesquisa, possibilitando aos bolsistas e orientadores o acesso aos periódicos. Isso teria facilitado muito os projetos de pesquisas, pois seria um suporte bibliográfico de grande valia.

Considerando-se esse primeiro aspecto, o gráfico nº 1 mostra o grau de satisfação dos orientadores em relação à implementação de uma política de pesquisa no âmbito do IBAMA.

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Gráfico nº 1: Implementação de uma política de pesquisa no IBAMA

Um dos objetivos do PIBIC, de acordo com a RN-017/2006 do CNPq, é a redução do tempo de dedicação nos cursos de pós-graduação. Assim, perguntou-se aos orientadores se em suas avaliações, o PIBIC contribuiria para que os acadêmicos continuassem a desenvolver projetos de pesquisa na pós-graduação.

Colocadas em gráfico, essas informações podem confirmar que a maioria dos que responderam ao questionário concorda com o fato de os bolsistas que cursaram o PIBIC terem maior probabilidade de continuar a estudar e dedicar-se aos estudos de pós-graduação ou mesmo se envolver com outros projetos de pesquisa. Em relação à possibilidade de o programa ter preparado os bolsistas para a continuidade de seus estudos, os orientadores confirmaram que houve essa preparação. Apenas um servidor ressaltou que o bolsista do PIBIC estava mais bem preparado do ponto de vista da competência profissional.

O gráfico nº 2 mostra a opinião dos orientadores sobre a contribuição do PIBIC para a continuidade dos estudos acadêmicos dos bolsistas do programa.

Gráfico nº 2: Contribuição do PIBIC para os bolsistas

0 2 4 6 8 10 12 14 16

Satisfatório Regular Insuficiente Outra

resposta

Orientadores

0 5 10 15 20 25

Satis f atório Regular Ins uf ic iente Outra

res pos ta

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43

Uma das funções dos Centros de Pesquisa do IBAMA é a produção do conhecimento científico em vista da melhor conservação do meio ambiente. Esse conhecimento teria pouca utilidade se não fosse divulgada nos meios científicos. Assim, uma das alternativas para se aumentar a produção científica é o envolvimento com orientação de projetos acadêmicos.

A produção científica dos servidores do IBAMA aumentou pelo fato deles terem orientado projetos do PIBIC. Dos que responderam ao questionário, 20 orientadores responderam afirmativamente. Apenas cinco responderam negativamente. Esse número é bastante significativo e também está relacionado à implementação de uma política de pesquisa do Instituto. Pois a produção científica é um dos resultados dessa política.

Sobre a divulgação dos resultados das pesquisas realizadas pelos bolsistas do PIBIC em congressos ou seminários, 21 orientadores responderam que houve participação enquanto apenas quatro discordaram. Esse fator é importante, pois a participação dos bolsistas em eventos de divulgação científica é fundamental para a formação dos mesmos. (O IBAMA realizou o IV Seminário de Iniciação Científica, em Brasília, no dia 27 de setembro de 2007, em duas modalidades, por painéis e apresentações orais).

A dificuldade em obter recursos e os entraves burocráticos não permitiram a participação de bolsistas e orientadores de centros localizados fora do Distrito Federal no IV Seminário de Iniciação Científica do IBAMA. Torna-se necessária, portanto, a criação de mecanismos que permitam financiar a participação dos bolsistas e servidores que atuam na orientação de projetos de pesquisa de Iniciação Científica em eventos dessa monta, bem como a disponibilidade de recursos do Órgão para custear a realização de eventos de divulgação científica.

Sobre a questão de os projetos de pesquisas desenvolvidos no IBAMA terem contribuído para o cumprimento das atividades do Instituto, por estarem relacionados diretamente à temática ambiental, 24 orientadores responderam afirmativamente, enquanto apenas um negou tal contribuição. Desse modo, já se percebe uma compreensão de que as atividades do IBAMA estão também relacionadas à produção de conhecimento que tenha em vista a proteção ambiental.

Imagem

Gráfico nº 3: Satisfação dos bolsistas frente à formação ecológica  .

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