Prospecção
José Eduardo do Amaral Luciane Garavaglia
Mineração
José Eduardo do Amaral Luciane Garavaglia
Prospecção
Criciúma
Mineração
SATC — Associação Beneficente da Indústria Carbonífera de Santa Catarina
Presidente de Honra Ruy Hülse
Diretor Executivo Fernando Luiz Zancan
Diretor Administrativo Financeiro Marcio Zanuz
Diretor
Carlos Antônio Ferreira
Coordenação Geral da Faculdade Jovani Castelan
Coordenação do Colégio SATC Izes Ester Machado Belolli
Coordenação do Centro Tecnológico SATC Luciano Dagostin Biléssimo
Secretária Acadêmica
Hilda Maria Furlan Ghisi Cruz Pesquisadora Institucional Kelli Savi da Silva
Coordenador EaD
Jaqueline Marcos Garcia de Godoi Coordenador do Curso
José Roberto Savi
Produção do Material Didático Equipe EaD
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ... 7
UNIDADE 1: INTRODUÇÃO À PROSPECÇÃO MINERAL ... 9
TÓPICO 1: CONCEITOS GERAIS ... 10
TÓPICO 2: TEORES CRÍTICO E LIMITE ... 15
TÓPICO 3: CLASSIFICAÇÕES PARA DEPÓSITOS MINERAIS ... 18
EXERCÍCIOS ... 20
CHECK LIST ... 21
UNIDADE 2: ASSOCIAÇÕES DE DEPÓSITOS MINERAIS ... 22
TÓPICO 1: TIPOS DE ASSOCIAÇÕES DE DEPÓSITOS MINERAIS ... 23
TÓPICO 2: FORMAS DE CORPOS MINERALIZADOS ... 25
TÓPICO 3: MINERAIS INDUSTRIAIS ... 28
EXERCÍCIOS ... 30
CHECK LIST ... 32
UNIDADE 3: PROSPECÇÃO GEOLÓGICA ... 33
TÓPICO 1: GENERALIDADES ... 34
TÓPICO 2: TRABALHOS DE CAMPO ... 34
EXERCÍCIOS ... 36
CHECK LIST ... 37
UNIDADE 4: PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA ... 38
TÓPICO 1: GENERALIDADES ... 39
TÓPICO 2: DISPERSÕES GEOQUÍMICAS ... 43
TÓPICO 3: ESCALAS DE TRABALHO ... 45
TÓPICO 4: SEDIMENTOS DE CORRENTE ... 47
TÓPICO 5: AMOSTRAGEM DE SEDIMENTOS DE CORRENTE ... 49
EXERCÍCIOS ... 54
CHECK LIST ... 55
UNIDADE 5: PROSPECÇÃO DE MINERAIS PESADOS ... 56
TÓPICO 1: GENERALIDADES ... 57
TÓPICO 2: EQUIPAMENTOS PARA PROSPECÇÃO DE MINERAIS PESADOS ... 59
TÓPICO 3: LOCAIS PREFERENCIAIS PARA PROSPECTAR MINERAIS PESADOS61 EXERCÍCIOS ... 66
CHECK LIST ... 67
UNIDADE 6: OUTRAS FORMAS DE PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA ... 68
TÓPICO 1: PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA EM SOLOS ... 69
TÓPICO 2: PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA EM PLANTAS ... 70
TÓPICO 3: PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA EM GASES ... 73
TÓPICO 4: PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA EM ROCHAS ... 74
TÓPICO 5: PROSPECÇÃO DE MINERAIS ESPECIAIS ... 75
EXERCÍCIOS ... 78
CHECK LIST ... 79
UNIDADE 7: PROSPECÇÃO GEOFÍSICA ... 80
TÓPICO 1: INTRODUÇÃO ... 81
TÓPICO 2: AEROGEOFÍSICA ... 82
TÓPICO 3: GEOFÍSICA TERRESTRE ... 83
EXERCÍCIOS ... 87
CHECK LIST ... 88
UNIDADE 8: PROSPECÇÃO EM SUBSUPERFÍCIE ... 89
TÓPICO 1: INTRODUÇÃO ... 90
TÓPICO 2: TRINCHEIRAS ... 91
TÓPICO 3: POÇOS DE PESQUISA ... 92
TÓPICO 4: SONDAGEM ... 94
EXERCÍCIOS ... 102
CHECK LIST ... 103
UNIDADE 9: AVALIAÇÃO DE JAZIDAS E CUBAGEM DE RESERVAS ... 104
TÓPICO 1: INTRODUÇÃO ... 105
TÓPICO 2: RESERVAS ... 106
TÓPICO 3: TAMANHO E TIPOS DE CORPOS MINERALIZADOS ... 107
TÓPICO 4: CUBAGEM DE JAZIDAS ... 108
EXERCÍCIOS ... 118
CHECK LIST ... 119
UNIDADE 10: ASPECTOS LEGAIS DA PESQUISA E MINERAÇÃO NO BRASIL .. 120
TÓPICO 1: INTRODUÇÃO ... 121
TÓPICO 2: PESQUISA MINERAL ... 122
TÓPICO 3: LAVRA ... 123
TÓPICO 4: GARIMPAGEM, FAISCAÇÃO E CATA ... 124
EXERCÍCIOS ... 127
CHECK LIST ... 128
GABARITO COMENTADO ... 129
REFERÊNCIAS ... 140
APRESENTAÇÃO
Bem-vindo(a) ao componente curricular Prospecção Mineral do curso Técnico de Mineração, na modalidade à distância, da SATC. Nosso material foi dividido em unidades para facilitar o estudo.
Na Unidade 1 estudaremos os principais conceitos da prospecção mineral, a íntima relação entre os elementos químicos e seus respectivos minerais metálicos e suas inter-relações com o virtual aproveitamento econômico das jazidas pesquisadas.
Na Unidade 2 identificaremos as principais formas dos jazimentos minerais e suas associações com os fenômenos geológicos, os minerais industriais e aqueles de emprego imediato na construção civil. Na Unidade 3 aprenderemos a prospectar no campo com o uso de instrumentos próprios, ocorrências minerais úteis, além de definir as fases da prospecção mineral. Na Unidade 4 entenderemos os diversos métodos de prospecção geoquímica e seus mecanismos de busca. Na Unidade 5 haverá uma introdução e aprofundamento nos métodos e técnicas de prospecção de metais pesados. Na Unidade 6 apresentaremos outras técnicas de prospecção geoquímicas menos utilizadas, porém, não menos importantes. Na Unidade 7 estudaremos as particularidades e os métodos principais para prospecção mineral, com a utilização da prospecção geofísica. Na Unidade 8 será estudada a prospecção em subsuperfície, englobando trincheiras, poços e sondagem. Na Unidade 9 estudaremos os métodos mais comuns de cálculo e avaliação de reservas. Já na Unidade 10 abordaremos os aspectos legais da pesquisa e mineração no Brasil.
A carga horária dessa disciplina é de 76 horas/aula. Os horários de estudo poderão ser organizados de acordo com a conveniência de cada aluno, lembrando que há prazos para a conclusão das atividades propostas. Fiquem atentos para as datas das avaliações presencial e on-line, que são publicadas pelos professores no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), e para trabalhos adicionais solicitados pelo professor.
Para o estudo dessa apostila você terá auxílio de alguns recursos pedagógicos que facilitarão o seu processo de aprendizagem. Perceba que a margem externa das páginas dos conteúdos são maiores. Elas servem tanto para você fazer anotações durante os seus estudos quanto para o professor incluir informações adicionais importantes. Esse material também dispõe de vários ícones de aprendizagem. Vejamos quais são eles e os seus respectivos significados:
ÍCONES DE APRENDIZAGEM
Indica a proposta de aprendizagem para cada unidade da apostila.
Mostra quais conteúdos serão estudados em cada unidade da apostila.
Apresenta exercícios sobre cada unidade.
Apresenta os conteúdos mais relevantes que você deve ter aprendido em cada unidade. Se houver alguma dúvida sobre algum deles, você deve estudar mais antes de entrar nas outras unidades.
Apresenta a fonte de pesquisa das figuras e as citações presentes na apostila.
Traz perguntas que auxiliam você na reflexão sobre os
conteúdos e no
sequenciamento dos mesmos.
Apresenta curiosidades e informações
complementares sobre um conteúdo.
Traz endereços da internet ou indicações de livros que possam complementar o seu estudo sobre os conteúdos.
Outra recomendação é a de verificar diariamente se já existem publicações de aulas no Portal. Pois é por meio delas que você terá todas as orientações sobre o componente.
Também é bom lembrar que além do auxílio do professor, você poderá contar com o acompanhamento do sistema de Tutoria. Você poderá entrar em contato pelo e-mail tutoria.ead@satc.edu.br ou pelo telefone (48) 3431 – 7590/ 3431 - 7596.
Bom estudo!
UNIDADE 1
INTRODUÇÃO À PROSPECÇÃO MINERAL
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta unidade você deverá:
conceituar as várias fases e situações de um corpo mineralizado;
identificar as três etapas principais da prospecção mineral;
definir o que é um depósito mineral, uma jazida e seus minerais-minérios;
classificar os tipos de depósitos minerais.
Plano de Estudos
Esta unidade está dividida em três tópicos, organizados de modo a facilitar sua compreensão dos conteúdos.
TÓPICO 1: CONCEITOS GERAIS
TÓPICO 2: TEORES CRÍTICO E LIMITE
TÓPICO 3: CLASSIFICAÇÕES PARA DEPÓSITOS MINERAIS
TÓPICO 1
CONCEITOS GERAIS
Prospecção mineral é o conjunto de trabalhos geológicos e mineiros utilizados com a finalidade de descobrir e estudar depósitos minerais. São utilizadas técnicas e ferramentas, embasadas em conhecimentos geológicos preliminares, visando às propriedades de jazidas minerais. Tratam em última análise da execução dos trabalhos necessários à definição de uma jazida mineral, bem como da sua avaliação e determinação das possibilidades do seu aproveitamento econômico.
A prospecção sistemática de uma região com potencialidades mineiras, em geral, é realizada em três etapas distintas, sucessivas e interdependentes. O acúmulo gradual de dados cadastrais e seus tratamentos em laboratório, bem como a modelagem dos resultados auferidos leva à evolução natural dos conhecimentos sobre a região, os quais subsidiarão sua valoração ou não, como interessante do ponto de vista de mineração.
Etapa 1 - exploração geológica: são executados os primeiros levantamentos geológicos em grandes áreas por meio de um conjunto de trabalhos, onde Você sabe o que é prospecção mineral?
Conhecimentos geológicos preliminares são, dentre outros: mineralogia, petrografias ígnea, metamórfica e sedimentar;
geologia estrutural;
cartografia, geologia econômica,
aerofotogeologia;
informática aplicada.
Você sabe quais são as três etapas citadas anteriormente?
serão selecionadas regiões prioritárias, as quais serão detalhadas durante a segunda fase do trabalho;
Etapa 2 - prospecção superficial: nesta fase do trabalho serão executadas amostragens de afloramentos rochosos, poços de pesquisa, trincheiras e amostragens de canal. Em seguida, são efetuados levantamentos geoquímicos e geofísicos, que colocarão em evidência as características dos depósitos; cadastro mineral de possíveis ocorrências, coleta de amostras representativas e tratamento posterior dos dados auferidos;
Etapa 3 - avaliação do depósito: esta é a fase da utilização de todos os conhecimentos e dados anteriores somados aos dados de furos de sonda e de eventuais trabalhos mineiros, como galerias, planos-inclinados, shafts (poços), dentre outros. A avaliação dos depósitos minerais não prescinde de levantamentos topográficos georreferenciamentos.
No final dessa etapa será possível concluir sobre a viabilidade econômica da explotação (extração) do bem mineral.
A abundância normal de elementos químicos nas rochas da crosta terrestre é chamada de clarque. Já os depósitos minerais são acumulações ou concentrações anômalas, localizadas, de rochas e/ou minerais úteis ao homem.
Um depósito mineral é um recurso natural metálico e/ou não metálico não renovável.
Afloramentos rochosos são porções de corpos subterrâneos de rochas, que ocorrem na superfície.
Trincheiras são escavações pouco profundas, em geral retilíneas e perpendiculares aos corpos pesquisados.
Dados Auferidos são os dados coletados ao longo das campanhas de prospecção.
Georreferenciamento é um trabalho executado em mapas e imagens e consiste no estabelecimento de um sistema de coordenadas geográficas nesses documentos.
No jazimento metálico um elemento químico é o objeto do interesse do prospector.
no mineral cassiterita o elemento estanho (Sn); no mineral pirolusita o elemento manganês (Mn); no mineral hematita o elemento ferro (Fe).
No jazimento não metálico o interesse prende-se à uma propriedade física, como o exemplo:
gemas (beleza, brilho, etc.), argila (plasticidade), carvão mineral (combustível), muscovita (isolante elétrico), etc.
Um depósito mineral é constituído do minério de onde são extraídos os minerais-minérios, que são os minerais ou metais com valor econômico. O minério está geralmente no interior de rochas estéreis, chamadas de encaixantes. Após a extração do mineral-minério, sobram os subprodutos e a ganga sem valor econômico. A existência de um depósito mineral está condicionada aos processos geológicos formadores de rocha. Daí
Ganga são os minerais e/ou rocha(s) sem interesse econômico, que ocorrem associados com o minério.
Para saber mais sobre a abundância normal de alguns elementos químicos nas rochas da crosta
terrestre – clarque consulte a tabela contida na página 19 do livro “Noções de Prospecção e Pesquisa Mineral para Técnicos de Geologia e
Mineração” disponível no site:
http://portal.ifrn.edu.br/ifrn/pesquisa/editora/livros- para-download/nocoes-de-prospeccao-e-pesquisa-
mineral/view.
a importância do conhecimento prévio por parte do profissional de petrografia e mineralogia. Fica claro que os processos geológicos concorrem para a formação de concentrações anômalas, resultando no depósito mineral.
Jazida mineral é um depósito mineral com valor econômico, ou seja, possível de ser aproveitado economicamente, de forma a gerar riqueza. Ocorrência mineral é um depósito inviável, naquele momento, de ser aproveitado economicamente. Em Santa Catarina, grande produtor de carvão mineral no Brasil, há camadas de carvão em grandes profundidades e/ou com pequena espessura, as quais não são aproveitáveis economicamente na atualidade. Este é um caso típico de ocorrência mineral.
Pode ser ainda citado o caso das bauxitas fosforosas da Ilha de Trauíra, no Maranhão, conhecidas há muitos anos.
Ainda não se possui uma tecnologia que consiga recuperar economicamente o alumínio e o fósforo contidos nesse minério, constituindo-se assim num depósito mineral, tipo ocorrência. No entanto, há alguns anos, uma empresa conseguiu em laboratório desenvolver métodos de beneficiamento com condições de produzir a preços competitivos, ácido fosfórico e alumínio a partir daquela bauxita. Este fato poderá fazer com que no futuro a ocorrência de Trauíra passe à condição de jazida mineral.
Muitos subprodutos podem possuir valor econômico, ou até sobrepujar o valor do produto principal, como o que frequentemente ocorre nas minerações de cobre no Chile, onde a molibdenita é um subproduto, mas com alto valor agregado.
Para saber mais sobre bauxita assista ao vídeo disponível no site:
http://www.youtube.com/watc h?v=5wkFiReNrMk&feature=
colike
Bauxita é o minério de alumínio, sendo uma mistura natural de óxidos de alumínio.
A relação entre a quantidade de mineral-minério e a quantidade de minério estabelece o teor da ocorrência e/ou jazida, que no caso dos minerais metálicos frequentemente é baixo, sendo comuns em depósitos de ouro valores em torno de 5g/t (cinco gramas de ouro, que é o mineral-minério, por tonelada de minério). Tendo em vista a clara predominância da ganga (porção estéril) na maioria das jazidas, são utilizados métodos físicos e químicos para a separação dos minerais valiosos, daqueles sem interesse econômico. Esse processo de separação dos minerais com interesse econômico daqueles considerados ganga chama-se beneficiamento.
As usinas de beneficiamento concentram os minerais úteis, descartando os estéreis. Entretanto no beneficiamento, tendo em vista suas imperfeições, não se consegue recuperar a totalidade dos minerais-minérios existentes no minério processado, ficando uma pequena parte retida no rejeito, que é descartado. Então, a relação entre a quantidade de mineral- minério recuperado e a quantidade total de mineral-minério que foi processado, expressa a recuperação do beneficiamento em porcentagem, a qual varia bastante em função dos equipamentos utilizados.
A importância dos subprodutos na mineração tem um exemplo emblemático no caso da produção mundial de prata. A prata como resultado principal de mineração representa apenas 25% da produção mundial. O restante da produção provém de subproduto na explotação de jazidas de chumbo-zinco, que contribui com 50% da produção mundial de prata, seguida da explotação de jazidas de cobre e de ouro, com respectivamente 15% e 10% da produção.
a schelita (mineral-minério de tungstênio) recuperada de tactitos, minerados no nordeste do Brasil. Os tactitos também chamados escarnitos são rochas formadas pelo contato do magma com rochas calcárias.
Quando o minério é beneficiado por caixas e bateias, apresenta uma recuperação máxima de schelita de 50%, mas com o uso de mesas concentradoras e jigs a taxa de recuperação sobe para 70%, atingindo a excelente marca de 93%
a 96% de recuperação por meio de células de flotação e lixiviação química.
TÓPICO 2
TEORES CRÍTICO E LIMITE
De acordo com Maranhão (1982), a determinação das reservas do teor médio, do custo de extração do minério e das receitas permite a obtenção do teor crítico do depósito estudado, que representa o valor mínimo para o qual é rentável sua exploração. O seu cálculo depende de um grande número de variáveis, mas uma ideia aproximada do seu valor pode ser obtida na expressão seguinte:
Onde:
Tc é o teor crítico expresso em porcentagem;
E representa o somatório dos custos de extração e beneficiamento de uma tonelada de minério, somados às despesas unitárias de administração e comercialização;
Tc = 100.(E/P)
Jigs são concentradores gravimétricos,
mecânicos, que acumulam os minerais mais pesados no fundo.
Funcionam por pulsação da água misturada ao minério.
Células de flotação são tanques contendo o minério finamente moído, intimamente misturado à água e produtos químicos especiais, formando uma polpa de minério que posteriormente é recuperada.
Lixiviação química é um processo de extração de minerais úteis do minério por meio de solubilização química e posterior recuperação.
P expressa o preço de venda de uma tonelada de concentrado obtido.
Desta forma, para uma jazida cujo custo de extração + tratamento + administração + comercialização é de R$500,00/tonelada de minério extraído, o teor crítico será de 10% se a tonelada de concentrado for comercializada a R$
5.000,00.
Na explotação de muitas jazidas minerais, frequentemente são extraídos minérios com o teor inferior ao crítico e aquele material pode ocasionalmente ser aproveitado com lucro, pois sua mistura com um material rico possibilita a formação de um minério misto, com teor superior ao crítico.
Existe, entretanto, um limite, o teor limite, abaixo do qual a mistura não deve ser efetuada sob pena de ocasionar prejuízos.
Ainda de acordo com Maranhão (1982), da mesma maneira que os conceitos de jazida e ocorrência variam em relação ao tempo, os valores crítico e limite para um minério não são estáveis e oscilam em função de uma série de fatores, tais como:
preço de comercialização do minério ou de seu concentrado - já que o preço de comercialização
Lembre-se que o minério é a rocha mineralizada com um determinado teor de
mineral-minério (gramas/tonelada). Por exemplo, um veio de quartzo mineralizado a ouro é o minério, já o ouro é o mineral-minério.
O concentrado é o ouro depois de separado da ganga (quartzo), juntamente com uma
pequena parcela de outros metais.
influencia diretamente na determinação dos valores crítico e limite;
a extensão e o tipo de jazida - pois os grandes depósitos que comportam a instalação de boas usinas de beneficiamento e de pesados equipamentos de explotação, obtêm custos mais baixos na extração e concentração do minério, tornando rentável a lavra de materiais com teor relativamente baixo. Deve ser citado também que na lavra a céu aberto consegue-se quase sempre, custos de explotação inferiores àqueles encontrados em lavras subterrâneas;
a posição geográfica da jazida - pode influenciar nos custos finais de obtenção dos concentrados ou dos metais. Uma mina situada na Amazônia quase sempre terá custos maiores finais que uma mina situada em uma região industrializada. Deve-se levar em consideração a infraestrutura de transportes, energia, entre outros;
minerais acessórios - associados ao mineral- minério podem prejudicar ou facilitar a explotação de uma jazida. Minérios de ferro ricos, mas contendo altos teores de fósforo, podem não ser explotáveis economicamente. No entanto, uma jazida de chumbo, porém contendo prata, pode ser aproveitada com o teor de chumbo inferior àquelas que não contêm prata;
novas descobertas tecnológicas - que ocorrem continuamente, possibilitam o aproveitamento de materiais antes considerados sem interesse;
características do minério e das rochas encaixantes - as jazidas constituídas por minérios homogêneos encaixados em rochas resistentes geralmente são mineradas a um custo mais baixo,
que aquelas jazidas constituídas de minérios heterogêneos.
TÓPICO 3
CLASSIFICAÇÕES PARA DEPÓSITOS MINERAIS
Existem diversas classificações para os depósitos minerais, cada uma delas utilizando-se de um critério específico.
Observe:
utilização comercial do mineral-minério:
commodity;
morfologia: forma do corpo mineralizado;
origem: ígnea, metamórfica e sedimentar;
tipo de rocha hospedeira da mineralização:
processo formador; ambiente geotectônico; tempo relativo de formação em relação à encaixante, etc.
os exemplos típicos de commodity são o minério de ferro, petróleo, soja, etc. Ao invés da venda de chapas de aço, vende-se o minério de ferro. No lugar da venda da gasolina, diesel, etc, comercializa-se o petróleo bruto.
Um depósito bem conhecido (bastante estudado) serve de referência para o estudo de outros. Esse depósito é chamado de depósito-padrão ou jazida-tipo e serve como modelo para a orientação dos trabalhos de prospecção de novas áreas. Esses depósitos-padrões são, via de regra, os maiores do mundo, constituindo modelos de âmbito mundial e são chamados de world class.
Quando o minério é formado ao mesmo tempo em que a rocha ele é singenético. Quando é formado posteriormente à encaixante, é epigenético. Chamam-se depósitos primários
Commodity é o termo utilizado mundialmente
para produtos
comercializados com pouco valor agregado, ou seja no seu estado mais original.
Singenético: formado no mesmo período que a rocha envolvente.
Epigenético: formado posteriormente à formação da rocha encaixante. Esses depósitos minerais podem ser formados milhões de anos após a formação da rocha envolvente.
aqueles de origem magmática e secundários aqueles de origem sedimentar.
Os conceitos e definições estudados nessa unidade são fundamentais para o entendimento das principais fases da prospecção mineral e das diferenças entre depósito, ocorrência mineral e jazida, cruciais para a compreensão das unidades seguintes.
EXERCÍCIOS
1. Explique as etapas da prospecção mineral.
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2. Qual a diferença entre jazimento metálico e não metálico? Dê exemplos eventualmente ocorrentes na sua região. O seu estado produz alguma commodity mineral?
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3. Na explotação de muitas jazidas minerais, frequentemente são extraídos minérios com o teor inferior ao crítico. Discorra sobre essa afirmação.
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CHECK LIST
Nessa unidade estudamos e investigamos os conceitos e definições ligados à prospecção mineral, suas diversas etapas, as classificações dos depósitos minerais e conhecemos os parâmetros definidores de “teores”.
É fundamental, portanto, que você entenda claramente:
as fases da prospecção mineral e porque elas são mostradas na sequência estudada;
a diferença entre clarque e depósito mineral;
a diferença entre ocorrência mineral e jazida mineral;
a diferença entre teor da ocorrência, teor crítico e teor limite.
UNIDADE 2
ASSOCIAÇÕES DE DEPÓSITOS MINERAIS
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta unidade você deverá:
identificar as principais formas dos jazimentos minerais e suas inter-relações com o meio geológico;
identificar os principais minerais industriais;
aprender o conceito de mineral de uso imediato na construção civil e sua importância para a sociedade.
Plano de Estudos
Esta unidade está dividida em três tópicos, organizados de modo a facilitar sua compreensão dos conteúdos.
TÓPICO 1: TIPOS DE ASSOCIAÇÕES DE DEPÓSITOS MINERAIS
TÓPICO 2: FORMAS DE CORPOS MINERALIZADOS TÓPICO 3: MINERAIS INDUSTRIAIS
TÓPICO 1
TIPOS DE ASSOCIAÇÕES DE DEPÓSITOS MINERAIS
Os minerais e minerais-minérios ocorrem sempre em associação com determinados tipos de rochas.
numa região dominada por rochas graníticas existe a expectativa para ouro, cassiterita, wolframita, columbita, dentre outros minerais. Já numa região dominada por rochas máficas, como os peridotitos, haverá a possibilidade de diamante, platina, cromo, etc.
Veja na figura abaixo as associações mais comuns de minérios e rochas encaixantes:
Esta figura foi retirada do livro Les gisements métalligères:
geologie et príncipes de recherches de P. Routthier.
Os depósitos minerais podem ocorrer:
ligados à sedimentação detrítica aluvionar ou eluvionar resultam da concentração por processos mecânicos, dos minerais pesados e de baixa solubilidade, constituindo os placers;
ligados à sedimentação química por precipitados, devido ao aumento do teor de determinado elemento nas águas dos rios, lagos ou mares, até o ponto de saturação. Assim foram formadas as jazidas de gipsita (sulfato de cálcio) na Chapada do Araripe no Ceará;
ligados à sedimentação bioquímica por precipitados devido a ação biológica em corpos d’água. Os fosfatos da costa de Pernambuco foram depositados devido à ação de elementos biológicos fixadores;
ligados ao metamorfismo de contato. Intrusões de corpos ígneos, como os granitos, por exemplo, formam uma zona de metamorfismo de contato com a rocha encaixante, que eventualmente é acompanhada de concentrações de elementos metálicos;
ligados ao metamorfismo regional com a expulsão de certos elementos das rochas regionais (grandes extensões) e suas concentrações em locais privilegiados como falhas e fraturas, por exemplo;
ligados com rochas graníticas. Os minerais interessantes quase sempre ocorrem no entorno ou contato dos granitos;
ligados com rochas básicas e ultrabásicas granulares. Os minerais economicamente interessantes ocorrem na própria massa da rocha, sob a forma de inclusões;
Placer - depósitos de minerais densos e de longa duração, que tipicamente se encontram onde a corrente de água em são transportados se torna abruptamente mais lenta.
Para saber mais sobre a formação do ouro assista aos vídeos disponíveis na sequência de sites:
http://www.youtube.com/watch
?v=1V09IK1BUI&feature=colik e
http://www.youtube.com/watch
?v=IFFqdFPhGF4&feature=col ike
http://www.youtube.com/watch
?v=sKbeyLMJc&feature=colike
ligados ao vulcanismo temos muitos depósitos interessantes de minerais úteis;
ligados com rochas alcalinas e aos carbonatitos, evidenciando os grandes depósitos de nióbio de Araxá-MG são os maiores do mundo.
TÓPICO 2
FORMAS DE CORPOS MINERALIZADOS
Existem diversas formas de corpos mineralizados. São elas:
bandado, acamadado ou em camadas;
lentes ou lenticular;
disseminado;
schilieren;
poroso;
pulverulento;
maciço;
stockwerks ou stockworks;
filão ou filoneano.
Bandado, Acamadado ou em Camadas
O minério é bandado, acamadado ou em camadas, (depósitos estratiformes) quando se apresenta como corpos tabulares, nos quais a espessura é muito pequena em relação às outras duas dimensões do corpo.
os depósitos de carvão mineral do sul do Brasil, que possuem, em geral, por volta de 1 a 4 metros de espessura e muitos milhares de hectares de extensão.
Lentes ou Lenticulares
São aqueles em forma de bolsões, pouco extensos, como as lentes de calcário ocorrentes na Chapada da Contagem, no Distrito Federal.
Disseminados, Schilierens e Stockworks
Os tipos disseminados, schilierens, stockworks referem-se principalmente à forma como se apresenta o mineral- minério.
O tipo disseminado diz respeito ao comportamento do mineral-minério como pontuações aleatórias (isotrópicas) ao longo da camada hospedeira (minério). Podem formar tipos disseminados finos até grosseiros (pórfiros – minério porfirítico).
Nesse mesmo sentido (disseminado) ocorre a forma em schilieren, constituídas por concentrações geralmente de minerais máficos. Já o termo massivo ou maciço pode se referir tanto ao mineral-minério formando massas, como também ao minério.
Na figura abaixo você poderá observar algumas dessas formas de jazimento:
Os stockwerks ou stockworks são finos veios interconectados como você pode observar na figura abaixo:
Bolsões são vazios existentes no interior das rochas preenchidos por concentrações anômalas de minerais úteis.
Minerais máficos são os minerais escuros, como os piroxênios e a olivina.
Esta figura foi retirada do livro Introdução à Pesquisa Mineral, de Ricardo Jorge Lôbo Maranhão.
Poroso e Pulverulento
Minério poroso é aquele caracterizado pela presença de poros, enquanto o pulverulento se caracteriza pelo aspecto friável, facilmente transformado em pó (material de falha/cisalhamento).
Filão
O filão (depósitos filoneanos) são corpos epigenéticos de faces mais ou menos paralelas e de fraca espessura em relação às outras dimensões, como você pode observar na figura abaixo:
Também são chamados de “veios”. A mineralização de fluorita em Santa Catarina ocorre em veios verticais a subverticais cortando granitos.
Esta figura foi retirada do livro Introdução à Pesquisa Mineral de Ricardo Jorge Lôbo Maranhão.
Epigenético é um corpo formado, posteriormente à formação do corpo principal (rocha hospedeira).
Esta figura foi retirada do livro Introdução à Pesquisa Mineral, de Ricardo Jorge Lôbo Maranhão.
TÓPICO 3
MINERAIS INDUSTRIAIS
Alguns depósitos minerais não metálicos também são chamados de depósitos de minerais industriais que são na sua maioria rochas e minerais não-metálicos (que você poderá o observar na tabela logo a seguir) aplicados como matérias primas, em produtos e processos industriais, insumos ou aditivos, em diversos segmentos da indústria. Podem ser citados, dentre outros, cerâmicas, tintas, fertilizantes, papel, farmacêutico, vidro, abrasivos, plásticos, borracha, cimento e materiais de construção.
Alguns minerais metálicos poderão também ser englobados nessa classificação dependendo do seu uso. Os materiais de uso imediato na construção civil na realidade não são minerais, mas agregados de minerais. No entanto, para fins práticos serão tratados como minerais industriais.
Depósitos minerais de uso imediato na construção civil são aqueles que exigem pouco ou nenhum beneficiamento para seu uso. Dentre eles podem ser citados argilas, areias, cascalhos e saibros. Nesse grupo também estão englobados os materiais de empréstimo.
como exemplo de material utilizado na construção civil com pouco ou nenhum beneficiamento temos o saibro de granito. Já um material que tenha passado por beneficiamento primário é a brita.
Mas afinal o que são materiais de empréstimo?
Esses materiais podem ser desde bens minerais, como argila, areia, saibro, etc, até entulhos de demolições e descartes inertes de indústrias, utilizados em aterros, bem como no recobrimento primário de áreas degradadas pela mineração.
Os tipos de associações entre as rochas, os minerais e os minerais-minérios possibilitam a distinção entre as ocorrências minerais e suas assembleias de rochas, e nos ajudam na elucidação dos mecanismos concentradores de minerais-minérios e as principais formas dos depósitos minerais. Também permitem que entendamos a importância dos minerais, como o uso na construção civil.
EXERCÍCIOS
1. Observando o desenho esquemático de Routhier, em qual tipo de rocha você procuraria cassiterita, o principal minério de Sn (estanho)? E diamantes?
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2. Qual a principal diferença entre minerais industriais e materiais de empréstimo? Na sua região são produzidos minerais industriais?
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CHECK LIST
Nessa unidade estudamos os tipos de associações entre rochas e minerais e minerais-minérios, além dos mecanismos concentradores de minerais-minérios, bem como as principais formas dos corpos mineralizados, e tivemos contato com os minerais industriais.
É fundamental, portanto, que você:
entenda os vários mecanismos de concentração de minerais úteis;
saiba distinguir as ocorrências minerais que possam, ou não, fazer parte de alguma assembléia de rochas;
saiba porque alguns minerais são chamados de minerais industriais;
conheça os minerais de uso imediato na construção civil.
UNIDADE 3
PROSPECÇÃO GEOLÓGICA
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta unidade você deverá:
identificar a prospecção de ocorrências minerais úteis no campo, com o uso de instrumentos próprios,
possuir sensibilidade para a eventual escolha da escala do trabalho;
definir exploração, prospecção e explotação.
Plano de Estudos
Esta unidade está dividida em dois tópicos, organizados de modo a facilitar sua compreensão dos conteúdos.
TÓPICO 1: GENERALIDADES
TÓPICO 2: TRABALHOS DE CAMPO
TÓPICO 1
GENERALIDADES
Antes de qualquer trabalho de prospecção geológica, é necessário executar o mapeamento geológico da área, na escala definida para o trabalho. A base para este mapeamento engloba a pesquisa bibliográfica e a fotointerpretação preliminar da região a ser pesquisada. Após obter bons conhecimentos por meio de trabalhos anteriores executados na área em estudo, ou próximo dela, de maneira a constituir uma boa massa crítica de informações, passa-se a interpretação de fotografias aéreas e outras imagens disponíveis, matrizes naturais dos mapas planimétricos e de drenagem, além do mapa geológico preliminar. De posse desses documentos técnicos, os profissionais poderão fazer o planejamento de campanhas de campo.
TÓPICO 2
TRABALHOS DE CAMPO
Nas campanhas iniciais, os caminhamentos e coletas de amostras de rochas obedecerão a critérios baseados na escala e na finalidade do trabalho. Em geral numa prospecção regional na escala 1:100.000, por exemplo, as estações de amostragem não devem ser próximas a 1 km, pois uma densidade exageradamente alta no cadastro e coletas de amostras de rochas, solos, plantas, etc, somente encarece a atividade, demandando tempo excessivo, muito pouco contribuindo para o detalhamento a que se propõe. A prospecção geológica confunde-se com as atividades do mapeamento geológico clássico, pois durante os caminhamentos há coleta de amostras de rocha e confirmação do mapa geológico preliminar executado no escritório.
Caminhamentos são trabalhos feitos a pé em picadas, ou ao longo de estradas com o uso de veículos e/ou animais.
No mapeamento geológico são reconhecidas grandes áreas e selecionadas regiões prioritárias interessantes, as quais serão objeto de detalhamento durante a prospecção geológica, por meio do aprofundamento dos conhecimentos obtidos na fase de mapeamento geológico, com a abertura de trincheiras e poços de pesquisa, além de coleta de amostras de rochas, somadas a eventuais levantamentos geofísicos e geoquímicos, de forma a colocar em evidência as características superficiais dos depósitos minerais. Evidentemente as diversas fases da prospecção mineral estão intimamente interligadas.
A derradeira fase da prospecção é a avaliação dos depósitos descobertos, a partir de furos de sonda e de trado, além de trabalhos mineiros, como galerias, planos inclinados, shafts e levantamentos topográficos e geológicos detalhados, visando à cubagem dos depósitos minerais encontrados.
A exploração e a prospecção possuem objetivos diferentes, haja vista que o objetivo da prospecção é o reconhecimento geral de um depósito mineral, enquanto a exploração é o reconhecimento detalhado do depósito mineral.
Deve-se ater também à diferença entre exploração e explotação. A explotação é a retirada do minério de um depósito mineral, visando seu aproveitamento, ou seja, quando a jazida estiver sendo minerada estará ocorrendo a explotação do minério.
A construção e interpretação de mapas nos trabalhos de prospecção mineral são de suma importância para a sistematização das informações levantadas. Também é crucial o entendimento e diferenciação entre os termos exploração, prospecção e explotação de uma jazida.
EXERCÍCIOS
1. De quais mapas o profissional prospector necessita para fazer o planejamento das campanhas de campo?
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2. Defina o que é exploração, prospecção e explotação.
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CHECK LIST
Nessa unidade estudamos o uso dos diversos mapas nos trabalhos de prospecção, bem como o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no mapeamento geológico com o uso da prospecção. Também pudemos observar as diferenças entre os termos: exploração, prospecção e explotação.
É fundamental, portanto, que você:
saiba que para a execução de mapas é necessário respeitar uma sistemática lógica;
atenha às técnicas utilizadas na prospecção mineral.
UNIDADE 4
PROSPECÇÃO GEOQUÍMICA
Objetivos de Aprendizagem
Ao final desta unidade você deverá:
diferenciar o que são valores anômalos e valores de background na prospecção geoquímica;
nomear os quatro componentes básicos de uma exploração geoquímica;
explicar o que são farejadores ou pathfinders e sua utilidade na prospecção;
possuir plena consciência de qual sedimento de corrente coletar para análise.
Plano de Estudos
Esta unidade está dividida em cinco tópicos, organizados de modo a facilitar sua compreensão dos conteúdos.
TÓPICO 1: GENERALIDADES
TÓPICO 2: DISPERSÕES GEOQUÍMICAS TÓPICO 3: ESCALAS DE TRABALHO TÓPICO 4: SEDIMENTO DE CORRENTE
TÓPICO 5: AMOSTRAGEM DE SEDIMENTOS DE CORRENTE
TÓPICO 1
GENERALIDADES
A prospecção geoquímica de uma área possibilita o reconhecimento dos teores dos elementos pesquisados em amostras de solo, em água, em sedimentos de corrente, em gases, em plantas e em rochas. O princípio fundamental da prospecção geoquímica consiste na comparação do fundo geoquímico regional (background), com os valores anômalos detectados sobre e/ou nas proximidades de corpo geológico mineralizado.
De acordo com os autores Cavalcati Neto e Rocha da Rocha (2010), os padrões de dispersão secundária, desenvolvidos a partir do intemperismo de uma rocha de alto background podem apresentar muitas das feições de padrões que derivam de minério. A discriminação entre anomalias insignificantes, resultantes de rochas de alto background e anomalias significantes, resultantes de depósitos de minérios podem ser um problema de difícil solução.
Felizmente, muitos metais em rochas de alto background ocorrem de uma forma diferente e são acompanhados por elementos associados ou minerais primários, distintos daqueles que ocorrem em minérios. Esses contrastes em mineralogias primárias e associações são transportados para os padrões secundários, onde é possível desenvolver um critério que
Sedimentos de corrente são os materiais sólidos finos a ultra-finos, depositados no leito dos rios e córregos.
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Para ampliar seus conhecimentos confira um excelente livro de prospecção mineral no site http://portal.ifrn.edu.br/pesquisa/editora/livros-para-
download/nocoes-de-prospeccao-e-pesquisa- mineral/at_download/arquivo
possibilite separar as anomalias inerentes somente à rocha de alto background.
Ainda segundo os referidos autores, a família das rochas ultramáficas, incluindo peridotito, serpentinito e kimberlito, é provavelmente o exemplo mais espetacular de rocha de alto background. Essas são, tipicamente, muito enriquecidas em Cr, Ni, Co e Mg. A natureza atrofiada da vegetação que cresce nesses solos é também um bom guia para rochas ultramáficas.
Segundo Closs L.G. (1986), uma campanha de exploração geoquímica se constitui em quatro componentes básicos, que levam em consideração os seguintes aspectos:
concepção: tipo de alvo ou mineralizações procurados, a escala e o tipo de trabalho, as condições fisiográficas em relação ao tipo de intemperismo e solo, o material disponível para amostragem, a mobilidade dos elementos de interesse e as técnicas analíticas mais adequadas e disponíveis.
A tabela abaixo mostra os diferentes métodos de análise para os elementos amostrados em campo. Veja:
Rochas ultramáficas são rochas ígneas com um teor em sílica muito baixo (menos de 42%), geralmente com um teor
>18% MgO, teor alto em FeO, e baixo em K e em Na. São compostas por mais de 90% de minerais máficos (cor escura, alto teor em magnésio e ferro).
A tabela a seguir foi retirada do livro Métodos e Técnicas de Pesquisa Mineral, coordenação de Luiz Antonio Oliva, DNPM.
Amostragem: técnicas de campo, registro de parâmetros descritivos de campo, representatividade da amostragem, quantidade e densidade média de amostras por unidade de área;
Análise: preparação das amostras, análise química, qualidade dos dados analíticos e forma de registrar os resultados;
Interpretação: classificação dos dados, apresentação dos dados, comparação com outros tipos de dados como geofísica ou unidades litológicas, identificação das áreas consideradas
MÉTODO ELEMENTOS OBSERVAÇÃO
Espectrometria de absorção atômica (AA)
Au, Ag, Hg, Mo, Cu, Pb, Zn, Sn e outros
Método adequado para análises de soluções aquosas
Colorimetria As, W, Mo, Ti
Fluorometria U
Espectrometria de emissão
70 elementos ICP = Indução por
plasma acoplado a AA
50 elementos, por ex: Ba, Mn, B
RFX (Análises de fluorescência de Raios X)
Elementos subordinados menores, óxidos
Adequado para análise completa de rochas Análise por ativação
de bombardeio neutrônico (NAA)
Au Não destrutivo
Microssonda Vários elementos para determinar a
composição de minerais Espectrômetro de
massa
U, Th e outros elementos
Fire assay Au, Ag, Pt Fogo
como prioritárias para o detalhamento das informações e continuidade dos trabalhos de exploração.
Nos casos quando determinados elementos químicos ocorrem na natureza com teores muito baixos, como o ouro, por exemplo, utilizam-se os farejadores ou pathfinders, que são elementos móveis, os quais frequentemente ocorrem associados ao elemento principal. Esses farejadores fornecem boas pistas do elemento procurado, tendo em vista que:
possuem maior mobilidade, resultando em maiores halos de dispersão, facilitando desta forma a detecção das anomalias;
processos analíticos de suas dosagens são mais simples, mais baratos e mais sensíveis que os elementos principais.
A tabela abaixo mostra os principais elementos farejadores e os depósitos minerais correlatos. Veja:
A tabela a seguir foi retirada do livro Introdução à Pesquisa Mineral de Ricardo Jorge Lôbo Maranhão, 1989.
TÓPICO 2
DISPERSÕES GEOQUÍMICAS
As dispersões geoquímicas podem ser primárias, se estão ligadas aos fenômenos geológicos mineralizantes primários ou à formação da própria rocha, ou secundárias se são produzidas pela alteração superficial de um mineral, pela erosão do corpo mineralizado, por transporte através de cursos d’água, entre outros. As dispersões primárias mais frequentes são as alterações hidrotermais das rochas encaixantes dos filões. As dispersões secundárias são formadas essencialmente por processos mecânicos, químicos ou bioquímicos.
Elementos Farejadores
Tipos de Depósitos Minerais
As Veios de Au e Ag
As Minérios sulfetados complexos (Au, Ag, Cu, Co, Zn)
B Escarnitos (W, Be, Zn, Mo, Cu, e Pb)
B Greisens ou veios de Sn-W-Be
Mo Depósitos de contato (W-Sn)
Mn Cobre pórfiro; depósitos em veios (Ba-Ag) Se, V, Mo U : tipo arenito
Cu, Bi, As, Co, Mo, Ni U : tipo veio Mo, Te, Au Cobre pórfiro
Pd, Cr, Cu, Ni, Co Pt em rochas ultramáficas
Rn U : todos os tipos de depósitos
SO4 Sulfetos: depósitos de todos os tipos
As rochas encaixantes dos filões são alteradas durante os processos hidrotermais, dando origem a outros minerais.
A dispersão mecânica deve-se à erosão e seus mecanismos associados, que retrabalham e transportam os fragmentos das mineralizações por meio da água e do vento.
Já dispersão bioquímica deve-se principalmente à capacidade dos vegetais, que, por meio das raízes, vão incorporando os elementos maiores e menores do solo, às folhas, ao caule e à raiz. Em local com a vegetação anormalmente exuberante, na região de Patos de Minas-MG, foram descobertas importantes reservas de fosfato, um elemento essencial às plantas.
veja a figura abaixo que mostra o ciclo do fósforo:
Existem ainda plantas que tem preferência por determinados elementos químicos. Neste caso, uma anômala população de uma única determinada planta pode indicar corpo mineralizado em subsuperfície.
A dispersão química está diretamente ligada à capacidade de dissolução das águas superficiais ou subterrâneas, que ao longo do tempo vão gradativamente incorporando os elementos derivados dos corpos mineralizados. Há casos
Esta figura foi retirada do site www.sobiologia.com.br
conhecidos da descoberta de corpos mineralizados profundos, por meio da água percolante em falhas geológicas ou fraturas, que ao aflorarem à superfície, trouxeram elementos componentes desses corpos.
Ainda no âmbito da prospecção geoquímica temos a coleta de minerais pesados com o uso de bateias e outros equipamentos. As coletas de amostras de sedimentos de corrente e minerais pesados, por uma questão de praticidade, deverão, sempre que possível, ser feitas ao mesmo tempo no âmbito de cada ponto amostrado.
TÓPICO 3
ESCALAS DE TRABALHO
Os levantamentos geoquímicos são classificados em função da escala de trabalho, podendo ser regional (ou de reconhecimento) e de detalhe, sendo que ainda pode ser utilizado o levantamento de semidetalhe, de escala intermediária em relação ao regional e de detalhe.
Na tabela abaixo você poderá identificar as características dos níveis de levantamento regional e de detalhes:
A tabela a seguir foi retirada do livro Introdução à Pesquisa Mineral de Ricardo Jorge Lôbo Maranhão, 1989.
DENSIDADE DE
AMOSTRA/KM2 FINALIDADES ANÁLISES MATERIAIS
1/50 – 200 km²
Delimitar províncias geoquímicas;
Distinguir e diferenciar unidades litológicas regionais;
Não identifica mineralizações;
Primeira avaliação.
Geralmente analisa vários elementos - 50
Sedimento de corrente e água
1/10 – 50 km²
Detectar particularidades nas províncias geoquímicas menores;
Determinar Mineralizações de grande porte (Sn em granitos, Cu pórfiro, Nb em carbonatitos).
30 elementos Sedimento de corrente e água
1/2 km² – 10 km²
Mais utilizada
Reconhecer e identificar sub-áreas, mas não delimitá-las
Auxilia na definição de contatos geológicos.
Mais de 30 e elementos específicos
Sedimento de corrente
1/2 km² a 5 /1 km²
Localizar e circunscrever áreas anômalas,
(anomalia/background);
Selecionar áreas de solo residual.
Somente elementos específicos
Sedimento de corrente de solo
>5/1 km²
Delimitar anomalias com maior precisão;
Precede abertura de trincheiras poços e sondagens.
Elementos específicos
Solo, rocha, vegetação
O levantamento geoquímico regional tem por finalidades ou características:
investigar áreas pouco conhecidas ou desconhecidas;
fornecer indicações favoráveis à existência de depósitos;
áreas de milhares de quilômetros quadrados;
baixa densidade de amostragem: 1/km2 até 1/200 km2;
baixo custo;
informações areais: sedimento de corrente e água;
escalas: 1:1.000.000, 1:500.000, 1:100.000, 1:50.000.
Já o levantamento geoquímico de detalhe tem por finalidades ou características:
localizar e delimitar mineralizações, anteriormente detectadas nos trabalhos regionais, com a máxima precisão possível ;
anteceder a fase de abertura de trincheiras, poços, sondagens, etc.;
poderá preceder a fase de reconhecimento ou não;
áreas de menor dimensão;
alta densidade de amostragem;
alto custo;
informações pontuais: rocha, solo e vegetação;
escalas: 1:5.000, 1:2.000, 1:1.000, 1:500, 1:100, 1:25.
TÓPICO 4
SEDIMENTO DE CORRENTE
São considerados dois tipos de sedimentos fluviais, o sedimento ativo ou sedimento de corrente e o sedimento inativo.
O sedimento ativo é o material inconsolidado que está sendo ou foi mecanicamente transportado na corrente do rio, por saltação, tração ou suspensão junto com o material que foi quimicamente precipitado. Portanto, o sedimento ativo é composto pelo material que está sendo constantemente movimentado e misturado na zona de maior turbulência da corrente, o que acaba por promover uma constante e adequada homogeneização dos materiais resultantes dos processos de alteração das rochas de toda a bacia drenada pelo rio.
Já o sedimento inativo é o material depositado nas margens dos cursos d’água nos trechos de maior velocidade da corrente, durante ou logo após as enchentes. Os sedimentos ativos de corrente, tendo em vista sua homogeneização constante, são bastante representativos dos produtos finais dos processos de alteração das rochas componentes da bacia de drenagem que está sendo investigada, sendo por isso escolhido como alvo nas coletas. A densidade dos pontos amostrados, também chamados de estações, dependerá da escala de trabalho utilizada.
A bacia de drenagem ou hidrográfica é uma porção da superfície terrestre banhada por um rio principal, ribeirões, riachos e córregos. Essa malha de drenagem conduz a água da chuva para um curso d’água principal por meio de seus afluentes. A direção das águas na bacia de drenagem obedece à topografia, a qual orienta os cursos d’água das áreas mais altas para as mais baixas, até encontrar o seu exutório. Bacia
Para você entender melhor, observe a figura de uma bacia de drenagem:
TÓPICO 5
AMOSTRAGEM DE SEDIMENTOS DE CORRENTE
A coleta das amostras de sedimento de corrente deverá ser objeto de um planejamento prévio. As equipes de campo deverão ter em mente o que buscar para a coleta, como coletar e a quantidade de material a se coletar em cada estação de amostragem, sendo esta quantidade mínima, em geral, 4 vezes maior que a alíquota a ser enviada ao laboratório para análise. Um estudo preliminar da área é de extrema importância, pois a geologia deverá ser bem conhecida, de forma a indicar os locais mais propícios às coletas. Outro aspecto a ser considerado são as atividades potencialmente contaminantes, destacando- se aí a agricultura, a pecuária, a indústria em geral, a mineração, a garimpagem, as habitações, entre outras. Algumas empresas recomendam de 1 a 2 litros de amostra de sedimento de corrente, enquanto outras chegam a recomendar 5 litros.
O Serviço Geológico do Brasil - SGB na Instrução Técnica n° 9 – Procedimentos em Geoquímica Prospectiva, recomenda na fase de pesquisa geoquímica na escala 1:250.00, uma densidade de 1 amostra a cada 45 Km2, podendo sofrer um adensamento maior naqueles afluentes que apresentaram
Esta figura foi retirada do site www.sema.rs.gov.br