Comunicação, Cultura e
Mídias Sociais Congresso XIV
Ibero- Americano de Comunicação
IBERCOM 2015
Anais
Richard Romancini
Maria Immacolata Vassallo de Lopes
(organizadores)
LIVRO DE ANAIS
COMUNICAÇÃO, CULTURA E
MÍDIAS SOCIAIS
XIV Congresso Ibero-Americano
de Comunicação
IBERCOM 2015
Copyright © AssIBERCOM • Todos os Direitos Reservados
A presente publicação encontra-se disponível gratuitamente em: http://www.assibercom.org
Richard Romancini
Maria Immacolata Vassallo de Lopes Organizadores
Richard Romancini Edição Científica Tony Rodrigues
Projeto Gráfico e Diagramação André Drumond Ortega Giulia Bonfiglioli
Haline Aparecida de Oliveira Floriano Revisão
Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação
Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
C749a Congresso Ibero-Americano de Comunicação (14. : 2015 : São Paulo) – IBERCOM 2015 Anais do XIV Congresso Ibero-Americano de Comunicação IBERCOM 2015 :
comunicação, cultura e mídias sociais / Richard Romancini, Maria Immacolata Vassallo de Lopes (organizadores) – São Paulo: ECA-USP, 2015.
7.652 p.
Trabalhos apresentados no congresso realizado de 29 de março a 02 de abril de 2015, Escola de Comunicações e Artes/USP, São Paulo.
ISBN 978-85-7205-150-7
1. Comunicação – América Latina - Congressos 2. Comunicação – Península Ibérica – Congressos I. Romancini, Richard II. Lopes, Maria Immacolata Vassallo de
CDD 21.ed. – 301.16
Promoção e realização:
Comunicação, Cultura e Mídias Sociais • XIV Congresso Internacional de Comunicação Ibercom 2015 • Anais
V
IBERCOM 2015
TEMA CENTRAL
Comunicação, Cultura e Mídias Sociais
PROMOÇÃO E REALIZAÇÃO
AssIBERCOM - Associação Ibero-Americana de Comunicação ECA-USP - Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo
SOCICOM - Federação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação
DATA E LOCAL
29 de março a 02 de abril de 2015
Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin - Universidade de São Paulo - BBM-USP Rua da Biblioteca, s/n - Cidade Universitária - São Paulo, SP - Brasil Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - ECA-USP
Avenida Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 443 - Cidade Universitária - São Paulo, SP - Brasil
APOIO E PATROCÍNIO
CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior FAPESP- Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico PPGCOM-USP – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da USP
CND - Comunicação Corporativa
PARCERIA
Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo CONFIBERCOM – Confederação Ibero-Americana das Associações Científicas
e Acadêmicas de Comunicação
ISBN
978-85-7205-150-7
Comunicação, Cultura e Mídias Sociais • XIV Congresso Internacional de Comunicação Ibercom 2015 • Anais
VI USP – UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Reitor: Marco Antonio Zago Vice-reitor: Vahan Agopyan
Pró-reitor de Graduação: Antônio Carlos Hernandes
Pró-reitora de Pós-Graduação: Bernadette Dora Gombossy de Melo Franco
Pró-reitor de Pesquisa: José Eduardo Krieger Pró-reitora de Cultura e Extensão: Maria Arminda do Nascimento Arruda
AssIBERCOM – Associação Ibero-Americana de Comunicação
Diretoria Executiva (2012-2015)
Presidente - Maria Immacolata Vassallo de Lopes (Brasil) - Universidade de São Paulo Vice-Presidente - Margarita Ledo (Espanha) - Universidad Santiago de Compostela
Vice-presidente - Carlos Arroyo Gonçalves (Bolívia) - Universidad Católica Boliviana San Pablo
Vice-presidente - Margarida Maria Krohling Kunsch (Brasil) - Universidade de São Paulo Secretário Geral - Luís Humberto Marcos (Portugal) - Instituto Superior da Maia
Fedederação Brasileira das Associações Científicas e Acadêmicas de Comunicação (Socicom)
Diretoria 2014-2016
Presidente - Margarida M. Krohling Kunsch (Abrapcorp)
Vice-presidente - Ruy Sardinha (ULEPICC Brasil)
Diretora-Administrativa - Maria Cristina Gobbi (Folkcom)
Diretora de Relações Nacionais - Maria Berenice da Costa Machado (Alcar)
Diretora de Relações Internacionais - Sônia Virgínia Moreira (SBPJor)
ECA - ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES Diretora: Margarida Maria Krohling Kunsch Vice-Diretor: Eduardo Henrique Soares Monteiro Comissão de Cultura e Extensão Universitária Presidente: Lucilene Cury
Comissão de Graduação
Presidente: Arlindo Ornelas Figueira Neto Comissão de Pesquisa
Presidente: Maria Cristina Castilho Costa Comissão de Pós-Graduação
Presidente: Eneus Trindade Barreto Filho Comissão de Relações Internacionais Presidente: Maria Cristina Palma Mungioli Departamento de Artes Cênicas – CAC Chefe: Marcelo Denny de Toledo Leite Suplente: Fabio Cardozo de Mello Cintra Departamento de Artes Plásticas – CAP Chefe: Sônia Salzstein Goldberg
Suplente: Luiz Cláudio Mubarac
Dep. de Biblioteconomia e Documentação – CBD Chefe: Luiz Augusto Milanesi
Suplente: Brasilina Passarelli
Departamento de Comunicações e Artes – CCA Chefe: Roseli Aparecida Figaro Paulino
Suplente: Maria Cristina Castilho Costa
Departamento de Jornalismo e Editoração – CJE Chefe: Dennis de Oliveira
Suplente: Ciro J. R. Marcondes Filho Departamento de Música – CMU Chefe: Monica Isabel Lucas
Suplente: Luís Antônio Eugênio Afonso Dep. de Relações Públicas, Propaganda e Turismo – CRP
Chefe: Victor Aquino Gomes Correa
Suplente: Maria Clotilde Perez Rodrigues Bairon Sant’Anna
Departamento de Cinema, Rádio e Televisão – CTR Chefe: Maria Dora Genis Mourão
Suplente: Eduardo Simões dos Santos Mendes Escola de Arte Dramática – EAD
Chefe: José Fernando Peixoto de Azevedo Suplente: Elisabete Vitória Dorgam Martins
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VII
COMISSÃO ORGANIZADORA IBERCOM 2015
Presidente:
Maria Immacolata Vassalo de Lopes - AssIBERCOM - ECA-USP (Brasil)
Coordenação Geral:
Maria Immacolata Vassallo de Lopes - AssIBERCOM - ECA-USP (Brasil) Margarida M. Krohling Kunsch - Socicom - ECA-USP (Brasil)
Comitê Executivo Nacional:
Maria Immacolata Vassallo de Lopes - AssIBERCOM - ECA-USP (Brasil) Margarida M. Krohling Kunsch - Socicom - ECA-USP (Brasil)
Richard Romancini - ECA-USP (Brasil) Rosely Vieira de Sousa - ECA-USP (Brasil)
Comité Científico Internacional:
Carlos Mauricio Arroyo Gonçalves - AssIBERCOM (Bolívia) César Bolaño - Vice-presidente Confibercom (Brasil) Delia Maria Crovi Druetta - Presidente ALAIC (México) Eneus Trindade Barreto Filho - Coordenador do PPGCOM-USP (Brasil) Francisco Sierra Caballero - Vice-presidente CONFIBERCOM (Espanha)
Gustavo Cimadevilla - AssIBERCOM (Argentina) Ingrid Steinbach - AssIBERCOM (Bolívia)
José Marques de Melo - Presidente Emérito INTERCOM (Brasil) Lucia Castellón - AssIBERCOM (Chile)
Luis Humberto Marcos - Secretário Geral AssIBERCOM (Portugal) Margarida M. Krohling Kunsch - Diretora da ECA-USP, Presidente SOCICOM,
Vice-presidente AssIBERCOM (Brasil)
Margarita Ledo Andión - Vice-presidente AssIBERCOM, Presidente AGACOM (Galícia) Maria Immacolata Vassallo de Lopes - Presidente AssIBERCOM (Brasil)
Marialva Barbosa - Presidente INTERCOM (Brasil)
Mauricio Lissowski - Coordenador da Área de Comunicação na CAPES (Brasil) Moisés de Lemos Martins - Presidente CONFIBERCOM, Presidente de SOPCOM (Portugal)
Norval Baitello Junior - representante da área de Comunicação na FAPESP (Brasil) Othon Fernando Jambeiro Barbosa - representante da área de Comunicação no CNPq (Brasil)
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VIII
COOR DENA DOR ES DE DTIS
DTI 1 - EPISTEMOLOGIA, TEORIA E METODOLOGIA DA COMUNICAÇÃO
Giovandro Ferreira - Universidade Federal da Bahia (Brasil) Paulo Serra - Universidade da Beira Interior (Portugal)
José Luis Piñuel - Universidade Complutense Madri (Espanha) Raúl Fuentes - Universidade Jesuíta de Guadalajara (México)
DTI 2 - COMUNICAÇÃO, POLÍTICA E ECONOMIA POLÍTICA
Francisco Sierra - Universidade de Sevilla (Espanha)
Mariana Lameiras de Sousa - Universidade do Minho (Portugal) Ruy Sardinha Lopes - Universidade de São Paulo (Brasil)
DTI 3 - COMUNICAÇÃO E CIDADANIA
Carlos Arroyo - Universidade Católica Boliviana San Pablo (Bolívia) Cicilia Peruzzo - Universidade Metodista de São Paulo (Brasil)
Gerardo De León - Universidade Autônoma de Baja Califórnia (México) Raquel Paiva - Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil)
DTI 4 – EDUCOMUNICAÇÃO
Adilson Citelli - Universidade de São Paulo (Brasil) Claudia Lago - Universidade de São Paulo (Brasil)
Delia Crovi - Universidade Nacional Autónoma de México (México) Gustavo Cimadevilla - Universidade Nacional de Río Cuarto (Argentina) Manuel Pinto - Universidade do Minho (Portugal)
DTI 5 - COMUNICAÇÃO E IDENTIDADES CULTURAIS
Aimée Vega Montiel - Universidade Nacional Autónoma de México (México) Charo Lacalle - Universidade Autônoma de Barcelona (Espanha)
Gisela Castro - Escola Superior de Propaganda e Marketing (Brasil) João Freire Filho - Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil)
DTI 6 - COMUNICAÇÃO E CULTURA DIGITAL
Eugênio Trivinho - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (Brasil) Francisco Campos Freire - Universidade Santiago de Compostela (Espanha) María Elena Meneses - Instituto Tecnológico de Monterrey (México)
Carlos del Valle - Universidade de La Frontera (Chile)
Suely Fragoso- Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brasil)
DTI 7 - DISCURSOS E ESTÉTICAS DA COMUNICAÇÃO
Anabela Gradim - Universidade da Beira Interior (Portugal)
Ana Claudia de Oliveira - Pontifícia Universidade Católica de SP (Brasil) Eliseo Colón - Universidade de Puerto Rico (Puerto Rico)
Luis Mauro de Sá Martino - Faculdade Cásper Líbero (Brasil)
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IX
DTI 8 - RECEPÇÃO E CONSUMO NA COMUNICAÇÃO
Eneus Trindade - Universidade de São Paulo (Brasil) Isabel Ferin - Universidade de Coimbra (Portugal)
Marcelo Guardia - Universidade Católica Boliviana San Pablo (Bolívia) Nilda Jacks - Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brasil)
DTI 9 - ESTUDOS DE COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL
Antonio Castilho Esparcia - Universidade de Málaga (Espanha) Cleusa Scroferneker - Pontifícia Universidade Católica do RS (Brasil) Ivone de Lourdes Oliveira - Pontifícia Universidade Católica de MG (Brasil) José Miguel Túñez - Universidade Santiago de Compostela (Espanha) Maria Aparecida Ferrari - Universidade de São Paulo (Brasil)
Maria Antonieta Rebeil - Universidad Anáhuac México Norte (México)
DTI 10 - COMUNICAÇÃO AUDIOVISUAL
Ana Isabel Rodriguez - Universidade de Santiago de Compostela (Espanha) Eduardo Vicente - Universidade de São Paulo (Brasil)
Gustavo Aprea - Universidade Nacional de General Sarmiento (Argentina) Renato Luiz Pucci Jr. - Universidade Anhembi Morumbi (Brasil)
DTI 11 - ESTUDOS DE JORNALISMO
Christa Berger - Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Brasil) Madalena de Oliveira - Universidade do Minho (Portugal) Mayra Rodrigues Gomes - Universidade de São Paulo (Brasil)
Xosé López García - Universidade Santiago de Compostela (Espanha)
DTI 12 - HISTÓRIA DA COMUNICAÇÃO E DOS MEIOS
Eduardo Gutiérrez - Pontifícia Universidade Javeriana (Colômbia) Josep Lluís Gómez Mompart - Universidade de Valência (Espanha) Luís Humberto Marcos - Instituto Superior da Maia (Portugal) Marialva Barbosa - Universidade Federal do Rio de Janeiro (Brasil)
DTI 13 - FOLKCOMUNICAÇÃO
Carlos Nogueira - Univ. de Vigo (Espanha) / Univ. Nova de Lisboa (Portugal) Cristian Yáñez Aguilar - Universidad Austral de Chile (Chile)
Eloy Martos - Universidade de Extremadura (Espanha) Maria Cristina Gobbi - Universidade Estadual Paulista (Brasil)
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X
COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO, PRODUÇÃO EDITORIAL E MULTIMÍDIA:
Hugo Fernando Salinas Fortes Junior - ECA-USP (Brasil) Eduardo Peñuela - ECA-USP (Brasil)
Marisa Bento - ECA-USP (Brasil)
Maria Eugênia Ap. Gouveia - ECA-USP (Brasil) Maria de Lourdes Bianchi Avila - ECA-USP (Brasil) Renata Biagioni Wrobleski - ECA-USP (Brasil) Susana Sato - ECA-USP (Brasil)
COMISSÃO DE LANÇAMENTO DE LIVROS:
Sandra Lucia Amaral de Assis Reimão - ECA-USP (Brasil)
COMISSÃO DE SECRETARIA E FINANÇAS:
Rosely Vieira de Sousa - ECA-USP (Brasil) Robson César Zanovello - ECA-USP (Brasil)
Carolina Aparecida Temoteo Modesto - ECA-USP (Brasil) Cristiane Paraiba - Socicom (Brasil)
Evelyn Soares - Socicom (Brasil)
COMISSÃO DE SERVIÇOS GERAIS:
Elaine Lopes Vilela - ECA-USP (Brasil) Irineu Fernandes Lobão - ECA-USP (Brasil)
COMISSÃO CULTURAL:
Karina Toledo Solha - ECA-USP (Brasil) Michael Alpert - ECA-USP (Brasil)
COMISSÃO DE TRANSPORTE DE TURISMO:
Débora Cordeiro Braga - ECA-USP (Brasil)
Estudantes do Curso de Turismo da ECA-USP (Brasil) Antonio Tallys Almeida da Silva
Julia Alves de Souza
Larissa Hashimoto de Oliveira Marina Stella Ferreira Padial Renan Augusto
Comunicação, Cultura e Mídias Sociais • XIV Congresso Internacional de Comunicação Ibercom 2015 • Anais
XI
COMISSÃO DE RECEPÇÃO, CREDENCIAMENTO E RELATORIA:
Valéria Siqueira de Castro Lopes - ECA-USP (Brasil) Carolina Aparecida Temoteo Modesto - ECA-USP (Brasil)
Estudantes dos Cursos de Relações Públicas, Editoração e Meios e Processos Audiovisuais da ECA-USP (Brasil)
Amanda Beolchi Vieira Ana Carolina Rezende Ana Paula Dias
Anna Luiza Souza Nunes de Andrade Arthur Guimarães Lima
Beatriz Costa Geraldes Beatriz Maria dos Reis Brenda Sonnewend Caimã Lira
Camila Karimata Silveira Danielle Serrão Cortes Oliveira Eduardo Quintana
Evelyn Soares
Fernanda Carolini C. Fontes Gabriele da Silva Santos Giulia Bonfiglioli Gustavo Brocchi Sandin Gustavo Pessutti Helena Rocha Mandelli Inês Dionísio Queme Isabela Fantini Guasco Isabele Ferrari Amaral Ivan Rocatelli
Jéssica dos Santos Alves Jessica Rodrigues
João Pedro de Azevedo Machado Mota
Jovelina Carvalho de Sousa Julia Medeiros Gumiel Juliana Martine Morgante Lanna Cristina Gomes Sousa Larissa Rodrigues Costa Laura Napolitano Sant’ Ana Letícia Kaihara
Marana Duarte Gois Marcos Kendi Ohira Gaia Mariana Montenegro Terceros Marina Nader Acquaviva Michaella Aiko Kato Natália Decco de Oliveira Natália Montefusco Paula de Carvalho Oliveira Paula Leite Serra
Pedro Henrique Caldeira Corraini Rafael Diniz Paiva
Rebeca Tadiello Pinho
Thais Cristina Soares Lugoboni Thaís Yumi Shirane
Thomas Tyn Chow Wang Vanessa Marcondes Fonseca Verônica Ribeiro de Oliveira Victor Brunieri de Barros Nogueira Victor Rocha de Carvalho Santos
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Comunicação, Cultura e Mídias Sociais • XIV Congresso Internacional de Comunicação Ibercom 2015 • Anais
A “cauda longa” de técnicas de monitoramento de sites de redes sociais
The long tail of socia media monitoring techniques C
l a u d i aF
r e i r e1Resumo: técnicas de monitoramento de redes sociais coletam, amarzenam e for- necem relatórios automatizados sobre usuários e conteúdos gerados na Internet.
O presente artigo busca investigar a hipótese de organização do conhecimento sobre o método e técnicas de monitoramento de redes sociais por meio de refe- rências, “citações” na Internet. A hipótese é que esse tipo de conhecimento esboça comportamento semelhante ao modelo de “cauda longa”. Metodologia: análise de hiperlinks aplicada a amostra intencional de 10.642 links e sub-amostra de mil e seiscentos links. Resultados apontaram citações 2.139 técnicas ao mesmo tempo em que há concentrações de citações que se direcionam para apenas 25% delas.
Palavras-Chave: Monitoramento de redes sociais, Metodologia de pesquisa, Epistemologia.
Abstract: social media monitoring techniques collect, storage and provide auto- mated reports on UGC on the Internet. This paper investigates the possibility of organizing knowledge about the social media monitoring techniques through referrals, “quote” on the Internet, in the current context. The hypothesis is that this kind of knowledge outlines similar behavior of a “long tail”. Methodology:
hyperlinks analysis applied to intentional sample of 10,642 links sub-sample of sixteen hundred links. Results showed 2,139 citations techniques while there quotes concentrations that target only 25% of them.
Keywords: Social Media Monitoring, Research methodology, Epistemology.
1. A EPISTEMOLOGIA DO MÉTODO
O CARáTER EPISTEMOlógICO contemporâneo proveniente deste estudo advém da necessidade de refletir sobre a práxis por parte de cientistas e profissionais da comunicação ao empregar técnicas de pesquisa automatizadas – software – para monitorar conteúdos gerados por usuários nas redes sociais. O monitoramento abrange processos de “escuta”, termo comumente utilizado para a observação desse tipo de mensagem, coleta e análise de conteúdo cujo corpus, com frequência, faz referências a algum tipo de marca, produto ou serviço. Atualmente, tal atividade é recorrente em agências de propaganda, empresas, organizações e departamentos de pesquisa em universidades do País. Tal fato social nos impulsiona a repensar instâncias de pesquisa, entre elas, a eleição do método como objeto de estudo, bem como nosso papel enquanto sujeitos – pesquisadores, visando ao desenvolvimento das Ciências da Comunicação.
1. Doutoranda no PPGCOM – Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da Universidade de São Paulo/USP. Pesquisadora no Centro de Estudos de Telenovela – CETVN/ECA/USP e Observatório Ibero-Americano da Ficção Televisiva – OBITEL. Email: clapofreire@usp.br
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A “cauda longa” de técnicas de monitoramento de sites de redes sociais ClAUdIA FREIRE
Comunicação, Cultura e Mídias Sociais • XIV Congresso Internacional de Comunicação Ibercom 2015 • Anais
E qual seria o status de métodos e técnicas de pesquisa hoje? Ao contrário do movi- mento teórico percorrido pelas Ciências Humanas Aplicadas ao longo do século XX, que buscou demarcar domínios de conhecimento e estabelecer certas propriedades sobre objetos de estudo cunhando pertencencimentos, métodos parecem ter avançado pelas entrelinhas tornando-se pouco fiéis a áreas investigativas. Continuamente e à margem de reflexões, é possível observar a transversalidade de métodos e técnicas de pesquisa perpassando diversos campos da ciência enquanto os protagonistas da cena eram, na verdade, os problemas → objetos de estudo. A dança do vai e vem de métodos e técnicas trouxe consigo a necessidade de explicitar interdisciplinaridades entre distintos discur- sos do saber. Por isso, talvez seja possível dizer que métodos foram os primeiros a trair suas próprias referências e “famílias”, sendo, há muito, incorporados e adaptados por pesquisadores atuando em linhas e segmentos distintos do conhecimento.
Métodos e técnicas de pesquisa são criaturas complexas por natureza. Além de incorporar em si aspectos sociais, culturais e econômicos, constituem-se em uma paleta de nunances e formatos. Basta observarmos, por exemplo, a entrevista e diversas possibilidades em formatos e aplicações ou ainda o questionário e os inúmeros modelos de questionário a nosso dispor, que se dirá então se observamos a Etnografia, que subsidia vários métodos em si a exemplo da observação, entrevista, documentação. Pensar métodos e suas técnicas sob uma perspectiva complexa que permita observar sua heteromorfia demanda aprofundar o sentido de seus processos e adotar a reflexão epistemológica sobre suas aplicações, reconhecendo a experiência e existência de contradições.
A problemática do espelhamento alienante da imagem de métodos e técnicas como algo externo ao Campo parece ainda ter outra origem na Comunicação, apontam Sodré (2003), Lopes (2005) e Romancini (2006) cujas causas parecem assentar-se na eleição de objetos fortemente veiculados a mudanças de mercado, consumo e produção de mídia.
Em pesquisa sobre a institucionalização e desenvolvimento do Campo da Comunicação no Brasil, Romancini (2006) salienta o consenso de autores sobre a área “entendida como um ramo particular [das ciências sociais], mais tardio” ressaltando a “tríplice configuração do campo” em subáreas: acadêmico-científico, educacional (no qual são caracterizados cursos de graduação e pós-graduação) e nas práticas de mercado, Romancini (2006, p. 83). Enquanto pesquisadores da comunicação, parece temos por hábito desenvolver estudos e análises seguindo práticas midiáticas da audiência bem como tendências de produção das indústrias criativas, sem nos preocuparmos com a vigilância epistemológica e a reflexividade teórica necessárias à constituição de domínios no Campo, como ressaltou SODRÉ (2003):
Enquanto as disciplinas sociais clássicas giram ao redor do Estado nacional, da religião e dos mecanismos do capital – ainda representáveis por uma lógica das substâncias, predicativa e de inspiração aristotélica – a comunicação desenvolve-se em torno de algo nada histórico e materialmente substancial, que é a realidade discursiva da mídia, a reboque do mercado e das mutações por ele trazidas no empuxo da globalização mercadológica do mundo.
Talvez decorra daí o escasso interesse teórico despertado pelos estudos de comunicação junto à academia: referem-se a um socius não ajustado ao saber das tradicionais ciências da sociedade, a não ser sob a forma de uma redução conceitual e metodológica. Aparecem
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A “cauda longa” de técnicas de monitoramento de sites de redes sociais ClAUdIA FREIRE
Comunicação, Cultura e Mídias Sociais • XIV Congresso Internacional de Comunicação Ibercom 2015 • Anais então como sintomáticos os problemas de método, e qualquer rigidez metodológica revela- -se totalmente ineficaz. (SODRÉ, 2003, p. 307).
O desafio epistemológico de pensar métodos e técnicas de pesquisa como atividade cotidiana de pesquisadores da Comunicação, pode proporcionar caminhos para a cons- trução de um novo paradigma científico no campo, “[...] em que o discurso reflexivo não seja totalmente estranho ao senso comum dos agentes sociais da comunicação, expresso tanto na mídia quanto na diversidade de práticas culturais”. Sodré (2003, p. 310).
2. O MÉTODO DE MONITORAMENTO DE REDES SOCIAIS
O Método de Monitoramento de Redes Sociais e o desenvolvimento da temática sob ponto de vista de genuíno da Comunicação exige, num primeiro momento, certas estratégias didáticas e metódicas que visam afiar o olhar para questões de pesquisa a ser apresentadas na investigação.
Por Método referimo-nos, neste estudo, a variedades de software ou soluções desenvolvidas para monitorar conteúdos gerados por usuários nas redes sociais que realizam os seguintes procedimentos:
(1) Oferecem serviço de crawler ou busca por termos ou palavras-chave intencionais sugeridas por pesquisadores ou profissionais da comunicação.
(2) Identificação e extração automatizada de conteúdos seguindo lógica de valores booleana estabelecendo condições para palavras-chave tais como 0 = falso e 1
= verdadeiro ou /not/, /or/, /e/ na busca.
(3) Apresenta procedimentos padrões para coleta, tratamento e arquivamento de dados em servidores em rede.
(4) Apresenta possibilidades de visualização de CGU em tempo real.
(5) Aplicam algoritmos para processamento da linguagem natural e mineração de conteúdos.
(6) Aplicam de algoritmos para cálculo mensuração padrão de atividades e atributos de conteúdos e usuários
(7) Produz relatórios automatizados sobre conteúdos e usuários possibilitando, nessa instância, intervenções humanas ou não, segundo características específicas do software.
(8) Permite extração de dados para planilhas e API’s para integração de base de dados a outros tipos de software.
A ampla definição proposta por Pressman (2011) sobre o conceito de software trata o termo abordando características de um duplo papel. Software pode ser tanto produto como veículo para distribuição de produtos. Nesse último caso podem ser observados desempenhado funções de gestores e transformadores de informação:
[...] software é um transformador de informações - produzindo, gerenciando, adquirindo, modificando, exibindo ou transmitindo informações [...] O software distribui o produto mais importante de nossa era - a informação. Ele transforma dados pessoais (por exemplo, transações financeiras de um indivíduo) de modo que possam ser mais úteis num determi- nado contexto; gerencia informações comerciais para aumentar a competitividade; fornece
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A “cauda longa” de técnicas de monitoramento de sites de redes sociais ClAUdIA FREIRE
Comunicação, Cultura e Mídias Sociais • XIV Congresso Internacional de Comunicação Ibercom 2015 • Anais um portal para redes mundiais de informação (Internet) e os meios para obter informações sob todas as suas formas. (PRESSMAN, 2011, p. 31).
Técnicas ou ferramentas segundo Grawitz (1993) correspondem à utilização de
“procedimentos e operações rigorosas, bem definidas, transmissíveis, suscetíveis de aplicação em novas ou mesmas condições, adaptáveis ao gênero de problemas e de fenômenos de investigação”. Grawitz (1993, p. 302). Deste modo, podemos referir-nos de maneira geral ao método de monitoramento e suas técnicas específicas também conhecidas como “ferramentas” ou “plataformas” que representam etapas de operações limitadas, ligadas a elementos práticos e procedimentos concretos, bem definidos.
Segundo Silva (2012) o método de monitoramento também adquiriu nos últimos três anos característica de segmento de mercado de empresas especializadas:
[…] representa tanto um mercado da comunicação digital quanto um conjunto de ferramentas e técnicas empreendidas por diferentes profissionais e setores de empresas. Os últimos três anos viram a popularização desta prática através do surgimento de mais empresas espe- cializadas, adição do monitoramento como serviço por agências e empresas de pesquisa, lançamento de publicações, agregação de disciplinas sobre o assunto em especializações e MBAs. (SILVA, 2012, p. 41) .
O boom das ferramentas comunicativas e da Internet potencializaram a rede, fazendo emergir o monstro da realidade híbrida. Para pesquisar essa realidade é preciso pensar em novos métodos. Sponder (2012, p. 2) menciona o aumento de aproximadamente 400%
nas buscas por termos como social media monitoring tools (ferramentas de monitoramento de redes sociais) a partir do segundo semestre de 2009. Esse crescimento, segundo o autor, foi resultado direto da inclusão de menções e perfir do Twitter e Facebook no mecanismo de busca do Google. Objetos passaram a eleger celebridades, do mesmo modo que as costuma desfazer. Trata-se de uma construção social múltipla, agenciada pelos mais variados atores, de acordo com as mais diversas intenções. Conforme Latour (2005) os objetos adquiriam status de co-participantes dessa sociedade. Os “autômatos”
por meio de suas atividade comunicativas desempenham papel principal nessa rede e em sua configuração. Pensá-los é propor interação, é abrir os olhos para instâncias mediadoras sobre as quais não temos o hábito de nos questionar.
Sob o ponto de vista da comunicação, o método de monitoramento de redes sociais pode ser compreendido como um fluxo de informação que busca dar conta de ambiências midiatizadas da sociedade. Conforme Neto (2008) afirmou em uma analítica da sociedade midiatizada, o discurso sobre a vida perpassa a mídia e é por ela vivenciado:
[…] a própria midiatização, cuja dinâmica trataria de se impor como uma nova organização sócio-simbólica, espécie de nova dinâmica em cujas lógicas e fundamentos se estruturariam a centralidade da emergente e complexa organização social, segundo a racionalidade de um «programa tecno-discursivo», com as tecnologias sendo convertidas em meios, segundo lógicas diferentes de práticas sociais. (NETO, 2008, p. 93).
Experenciamos a vida em sociedade atualmente de um modo sui generis, poderia-se assim dizer, em que não basta viver, mas é preciso dizer sobre a vida, publicá-la, divulgar a vida por meio de dispositivos comunicativos de maneira que possamos nos ver e ser
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A “cauda longa” de técnicas de monitoramento de sites de redes sociais ClAUdIA FREIRE
Comunicação, Cultura e Mídias Sociais • XIV Congresso Internacional de Comunicação Ibercom 2015 • Anais
vistos “vivendo”. O método de monitoramento e suas técnicas perpassam essa dinâmica social. A figura, a seguir, é uma apropriação de Mukkamala et. al. (2014, p. 26) que busca ilustrar o fluxo de informações que se constitui o método de monitoramento de redes sociais e onde localizam-se técnicas.
Figura 1. Fluxo de Informação e Aplicação de Técnicas
A maioria de técnicas de monitoramento de redes sociais são desenvolvidas em linguagem de programação textual orientada a objetos denominada JavaScript Tag2 que separa objetos em containers definindo valores ou atributos como funções, estabelecendo desse modo metodologias. A tradição de uso dessa linguagem parece ter sido incorporada de técnicas utilizadas para o método WA que registrava dados de logs de usuários, processos descritos por meio de vários esquemas ilustrativos disponíveis em Atterer et. al. (2006).
Dentre as metas do monitoramento de redes sociais estão a identificação dos seguintes cenários, de acordo com Sterne (2010) e Russsel (2011):
• Rastrear o burburinho ou “falatório” (buzz) sobre produtos, serviços ou marcas.
• Mensurar a sensibilidade para com certos temas e identificar comunidades online .
• Monitorar a relação emocional entre pessoas produtos, serviços ou marcas (posi- tiva, negativa ou neutra).
• Identificar autoridades, blogueiros e influenciadores entre usuários.
• Propciar o início de diálogos por meio de perguntas, sugestões aos usuários.
• Medir ações de usuários .
• Orientar e preparar outros tipos de pesquisa como, entrevistas, grupos focais.
2. JavaScript: linguagem de programação utilizada em sites e aplicações na Internet executada por meio do navegador do usuário. Fica “embutida” em documentos HTML e pode fornecer níveis de interatividade para páginas Web. Pelo fato do código JavaScript rodar localmente no navegador do usuário, e não em um servidor remoto, o navegador pode dar respostas rápidas à ações e hábitos de usuários. Aplicações como Gmail tomam vantagem disso: muito da lógica da interface do usuário é escrita em JavaScript, e o JavaScript envia requisições de informação, tais como o conteúdo de um correio eletrônico, para o servidor.
Fonte: http://www.crockford.com/javascript/private.html Acesso em 7 maio 2014 e https://www.java.com/
pt_BR/download/faq/java_javascript.xml Acesso em 25 maio 2014.
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A “cauda longa” de técnicas de monitoramento de sites de redes sociais ClAUdIA FREIRE
Comunicação, Cultura e Mídias Sociais • XIV Congresso Internacional de Comunicação Ibercom 2015 • Anais
É característico que aplicações do método de monitoramento de redes sociais e uso de técnicas, no contexto atual e em sua grande maioria, de acordo com Bergstrand e Finlaw (2011) visam orientar ações de marketing direcionadas a personalidades, produtos, empresas ou serviços. Esse é um ponto crucial para compreeder a invenção e inovação de técnicas de monitoramento diante da eleição de critérios de relevância no desenvolvimento de software e resultados apresentados via relatórios automatizados.
Schäfer (2011, p.14) declarou que a “tecnologia não poderia ser tratada como uma 'caixa preta neutra'”, pois quando a examinamos fica evidente a presença de culturas da engenharia, mentalidades sócio-políticas e econômicas específicas. São características inerentes à sua sua concepção e design. Pensando dessa maneira, a comunicação pode auxiliar a esclarecer algumas das características desse método.
No campo das humanidades, Bourdieu et. al (2004) é talvez o autor que mais destacou em sua obra a importância da reflexividade sobre os métodos utilizados na observação e coleta de dados nas pesquisas empíricas. A adesão a uma concepção de epistemologia inscrita nas práticas de pesquisa levou-nos a defini-la como um nível ou instância metodológica presente em toda pesquisa 3. O frágil domínio metodológico nas pesquisas empíricas de Comunicação reflete-se imediatamente no descaso ou na ausência da crítica sobre as técnicas de pesquisa empregadas. A ilusão de que sejam epistemologicamente neutras tanto as técnicas como os procedimentos de coleta de dados leva facilmente aos automatismos com que são elaborados. Entretanto, não existe coleta de dados sem pressupostos teóricos, ou seja, na feliz expressão do autor , as técnicas são teorias em ato.
A medida e os instrumentos de medição e, de forma geral, todas as operações da prática da pesquisa, desde a elaboração dos questionários e a codificação até a análise estatística, constituem outras tantas teorias em ato, enquanto procedimentos de construção, conscientes ou inconscientes, dos fatos e das relações entre os mesmos (BOURDIEU, 2004, p.53).
Ao designar por metodologia, como acontece frequentemente, o que não passa de decálogos de preceitos técnicos ou práticas automatizadas, escamoteia-se a questão metodológica propriamente dita que é a escolha entre as técnicas de pesquisa (quantitativas, qualitativas, combinações) com referência à significação epistemológica que elas carregam. Entendidas as técnicas como instrumentos neutros, naturalizados, facilmente intercambiáveis, a reflexividade sobre elas é débil exatamente por envolverem operações técnicas, isto é, supostamente “não valorativas”.
Esse instrumentalismo funcionalista “[...] prática analítica fragmenta o real e impede de conhecer aquilo que inicialmente se colocava como objeto”. (Martín-Barbero, 1984, p. 51). E uma das primeiras exigências é que se trabalhe com outras linguagens, pois o próprio método de monitoramento, na sua natureza bruta, constitui-se em uma outra linguagem. É preciso mirar o aspecto cultural em que essas linguagens estão sendo desenvolvidas e aplicadas, percebendo as trocas comunicativas no conjunto indiferenciado de humanos/objetos/conteúdos.
3. Elaboramos a noção de prática da pesquisa como tomada de decisões e de opções que se expressam em níveis e fases metodológicas formalizando-a em um modelo para a pesquisa empírica em Comunicação (LOPES, 1990). Uma reflexão epistemológica sobre a pesquisa empírica em Comunicação é feita por Lopes (2010).
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Comunicação, Cultura e Mídias Sociais • XIV Congresso Internacional de Comunicação Ibercom 2015 • Anais U sin embargo pocas veces se há hecho tan patente que la tecnología es algo más que un conjunto de herramientas, una racionalidad práctica, e incluso la materialización de un modelo social incluidas algumas de sus contradicciones. Mirarla así no implica em forma alguna el facilismo fatalista y suicida del rechazo sino por el contrario la exigencia de un análisis especialmente lúcido de esse “nuevo” modelo de sociedad y del peso relativo pero cierto que essas tecnologías tienen ya. Necesitamos de una investigación capaz de asumir la complejidad del reto que las tecnologías plantean: que no sólo relativice su eficacia-fetich y la mistificación que produce – quizá la verdadera eficacia de las nuevas tecnologías consiste em hacer que el sistema social y la racionalidad que lo sustenta salgan de la crisis intactos, y hasta reforzados – sino que sea capaz de poner al descubierto las virtualidades de tras- nformación, las contradicciones que generam y por tanto, las possibiliddes de acción y de lucha que abren. (MARTÍN-BARBERO, 1984, p. 58)
3. OBJETIVO E HIPÓTESE
O objetivo desse estudo é observar quais são as “ferramentas” ou técnicas de pesquisa de monitoramento de redes sociais mais citadas no contexto da atual pesquisa.
A hipótese de caráter epistemológico define que organização do conhecimento sobre o método e técnicas de monitoramento de redes sociais por meio de referências,
“citações” na Internet, no contexto atual, parece esboçar um comportamento semelhante ao modelo de “cauda longa” (Anderson, 2006), seguindo as mesmas regras matemáticas da Lei de Pareto4 do ponto de vista de alusão às técnicas. Ou seja, o que se irá verificar por meio deste estudo é que há citações de miríades de técnicas ao mesmo tempo em que há concentrações de citações que se direcionam para apenas 20% delas. A “regra dos 80-20” ilustra de modo significativo o comportamentos de audiência de TV nos dias e demonstra evidências desta distribuição desigual no consumo de mídia em que grande parte do público se apresenta 'leal' a certos canais, acredito que essa regra também possa ser aplicada ao consumo de técnicas que monitoram essa mesma audiência.
4.METODOLOGIA
Em proposta para abordagem quantitativa, a análise de hiperlinks segundo Fragoso et. al. (2011, p. 154), consiste em operações quantitativas por meio de aparatos metodológicos consistentes derivados de métodos como Bibliometria e Análise de Redes Sociais que permitem identificar padrões nas relações e organizações de links na Internet.
Duas unidades de pesquisa e um caminho ou direção que apontam a relação entre as unidades ou nós analizados foram definidos no trabalho para aplicação do método de análise de hiperlinks:
4. Lei de Pareto: Vilfredo Pareto (1848-1923), economista e sociólogo político que apreentou a lei de distribuição em que pequena parte da população acumulava desproporcionalmente o montante da riqueza de uma nação. Desde final dos anos 1970, pesquisadores em marketing reconhecem esse padrão similar de consumo chamado de “regra 80-20”.
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Essas unidades foram convertidas em nós relacionados por meio de vértices dirigidos, durante a aplicação do método de análise de hiperlinks. Dentre as variáveis sugeridas para teste da hipótese considerou-se: Indegree: número de links que apontam para determinado nó: traduzindo-se a primeira hipótese em termos oriundos do método pode-se dizer que valores de indegree indicam autoridade quando se trata de técnicas ou ferramentas mencionadas, ao apontar para técnicas mais citadas.
Amostra intencional que reuniu aproximadamente 10 mil links disponível para acesso em: https://drive.google.com/open?id=0B2VuFFwvsCFpVER6ajhyMVktOU0&au thuser=0 Após processo de redução e limpeza da base de dados bruta inicial extraiu- se sub-amostra relevante e significativa com aproximadamente 1600 links que deram origem a 2.139 citações de técnicas de monitoramento.
Gráfico 2. Cauda Longa de Técnicas de Monitoramento de Redes Sociais
5. RESULTADOS
Os resultados confirmaram a hipótese de pesquisa como demonstra o Gráfico 2.
Dentre as Técnicas de monitoramento citadas, 25% dessas recebera a maior parte de menções. A tabela 1, a seguir, demonstra o ranking Top Ten de técnicas mais citadas por meio da base de 2.139 técnicas identificadas.
AUTOR (link): blog, site, rede social, grupo de discussão, página institucional que representam pessoas, organizações, empresas ou agentes
que apontam para → FERRAMENTA ou TÉCNICA (link): blog, site, plataformas de técnicas de monitoramento.
Google Analytics Sysomos TweetReach Scup Buffer SocialBro Argyle Social Attensity 360 Facebook Places KISSmetrics Peoplebrowsr Whostalkin Converseon Raven Tools Twitscoop Attentio Sendible GoogleMaps Simplify 360 Pinterest Web Analytics Twitterfall Lexalytics ClickTale 0,0000
0,0050 0,0100 0,0150 0,0200 0,0250
Authority
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Comunicação, Cultura e Mídias Sociais • XIV Congresso Internacional de Comunicação Ibercom 2015 • Anais Tabela 1. Top Ten Técnicas de Monitoramento por Grau de Autoridade
Ranking Técnica* Grau
Autoridade Domínio
1 Google Analytics 0,0204 http://www.google.com/analytics/
2 Hootsuite 0,0174 https://hootsuite.com
3 SocialMention 0,0174 http://socialmention.com/
4 Radian6 0,0154 http://www.exacttarget.com/
5 Klout 0,0093 https://klout.com/home
6 Foursquare 0,0090 https://pt.foursquare.com/
7 TweetDeck 0,0086 https://tweetdeck.twitter.com/
8 Sysomos 0,0085 https://www.sysomos.com/
9 Topsy 0,0077 http://topsy.com
10 SproutSocial 0,0074 http://sproutsocial.com
Base: 2.139 técnicas de monitoramento
6. PARA DISCUSSÃO
O método de monitoramento de redes sociais atualmente constitui-se em um grande negócio para o Campo da Comunicação. Movimenta milhões no setor de tecnologia. É comum observar empresas de monitoramento comprar start-ups ou empresas menores a fim de incorporar know-how de monitoramento em suas plataformas. Mas, para além de oferecer serviço de qualidade, o método demanda por estratégias de comunicação no competitivo mercado da inovação de produtos voltados monitoramento de conteúdos gerados por usuários.
Profissionais da comunicação deveriam ocupar-se a refletir sobre as técnicas de coletas de dados automatizadas, métricas e variáveis, abrindo espaço para repensar a utilização dos algoritmos e a produção de novos filtros, plug-ins, que nos auxiliariam enquanto pesquisadores da comunicação. Há demanda de profissionais da ciência da computação e engenharia de software por profissionais de nosso campo tanto em estudos sobre léxico (palavras-chave) quanto parâmetros de software. Nesse sentido o trabalho cunho epistemológico de comunicadores não envolve apenas o teste de técnicas ou a divulgação de métodos, mas pensar em propostas e estratégias que aprimorem essas soluções.
REFERÊNCIAS
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BOURDIEU, P. et. al. (2004) Ofício de sociólogo: metodologia da pesquisa na sociologia. 5 ed.
Tradução: Guilherme João de Freitas Teixeira. Petrópolis, RJ: Vozes.
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