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Superior Tribunal de Justiça

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 97.971 - RS (2008/0177430-8)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES

AUTOR : HUMBERTO MARÇAL MOSCATELLI

ADVOGADO : SILVIA ANDRÉIA M. MATOS

RÉU : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF

SUSCITANTE : JUÍZO FEDERAL CRIMINAL E JUIZADO ESPECIAL ADJUNTO DE CANOAS - SJ/RS

SUSCITADO : JUÍZO FEDERAL DA VARA CÍVEL DE CANOAS - SJ/RS EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA.

JUÍZO FEDERAL COMUM E JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. AÇÃO REVISIONAL DE FINANCIAMENTO AO ESTUDANTE DE ENSINO SUPERIOR - FIES CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. VALOR DADO À CAUSA SUPERIOR AO LIMITE DE SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS, PORÉM NÃO-CORRESPONDENTE AO CONTEÚDO ECONÔMICO DA DEMANDA. VALOR RETIFICADO DE OFÍCIO PELO JUÍZO FEDERAL COMUM. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL.

1. A competência dos Juizados Especiais Federais é absoluta e fixa-se, em regra, pelo valor da causa.

2. O valor da causa pode ser motivadamente alterado de ofício quando não obedecer ao critério legal específico ou encontrar-se em patente discrepância com o real valor econômico da demanda, implicando possíveis danos ao erário ou a adoção de procedimento inadequado ao feito. Precedentes: REsp. Nº 726.230 - RS, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 25.10.2005; REsp. Nº 757.745 - PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 23.8.2005;

AgRg no Ag 240661 / GO, Terceira Turma, Rel. Min. Waldemar Zveiter, julgado em 04/04/2000; REsp 154991 / SP, Quarta Turma, Rel. Min. Barros Monteiro, julgado em 17/09/1998.

3. Para efeito de análise do conflito de competência, interessa o valor dado à causa pelo autor. Embora seja possível a retificação, de ofício, do valor atribuído à causa, só quem pode fazer isso é o juízo abstratamente competente. Para todos os efeitos, o valor da causa é o indicado na petição inicial, até ser modificado.

Ocorrendo a modificação, reavalia-se a competência. Precedentes: CC Nº 96.525 - SP, Primeira Seção, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 27.8.2008; CC Nº 92.711 - SP Primeira Seção, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 27.8.2008.

4. Não obstante a admissibilidade, em tese, de ser processada e julgada perante o Juízo Federal Comum, no caso específico dos autos, o valor da causa foi fixado, de ofício, em quantia que está dentro do limite de até sessenta salários mínimos, o que atrai a competência do Juizado Especial Federal.

5. Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juizado Especial Federal, ora suscitante.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos em que são partes as acima indicadas,

acordam os Ministros da PRIMEIRA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, na

conformidade dos votos e das notas taquigráficas, por unanimidade, conhecer do conflito e

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declarar competente o Juízo Federal Criminal e Juizado Especial Adjunto de Canoas - SJ/RS, o suscitante, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Eliana Calmon, Francisco Falcão, Teori Albino Zavascki, Castro Meira, Denise Arruda, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr. Ministro Relator.

Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Luiz Fux.

Brasília (DF), 22 de outubro de 2008.

MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES, Relator

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Superior Tribunal de Justiça

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 97.971 - RS (2008/0177430-8)

RELATOR : MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES

AUTOR : HUMBERTO MARÇAL MOSCATELLI

ADVOGADO : SILVIA ANDRÉIA M. MATOS

RÉU : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF

SUSCITANTE : JUÍZO FEDERAL CRIMINAL E JUIZADO ESPECIAL ADJUNTO DE CANOAS - SJ/RS

SUSCITADO : JUÍZO FEDERAL DA VARA CÍVEL DE CANOAS - SJ/RS

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator):

Trata-se de conflito de competência suscitado pelo Juizado Especial Federal Adjunto de Canoas - RS em face do Juízo da Vara Federal Cível de Canoas - RS, nos autos da ação ordinária com pedido de tutela antecipada ajuizada por HUMBERTO MARÇAL MOSCATELLI em face da CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF, tendo por escopo obter provimento jurisdicional que determine a revisão do financiamento concedido pela ré ao autor na forma do programa Financiamento ao Estudante de Ensino superior - FIES, cumulada com pedido de indenização por dano moral.

O Juízo da Vara Federal Cível de Canoas - RS, entendendo ser o valor da causa fixado pelo autor excessivo, retificou-o de ofício e declinou de sua competência para o Juizado Especial Federal Adjunto de Canoas - RS, com esteio no art. 3º,

caput

, da Lei n.

10.259/2001 (fls. 78/79).

Recebidos os autos, o Juizado Especial Federal Adjunto de Canoas - RS suscitou o conflito a este STJ argumentando que, em virtude da presença de pedido de indenização por dano moral, não há como impedir que o autor atribua à causa valor estimativo (art. 258 do CPC) e que o valor efetivamente atribuído não é excessivo (fl. 84 e v.).

Nesta instância, o Ministério Público Federal opinou pela competência do Juízo da Vara Federal Cível de Canoas - RS, o suscitado (fls. 114/116).

É o relatório.

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Superior Tribunal de Justiça

CONFLITO DE COMPETÊNCIA Nº 97.971 - RS (2008/0177430-8)

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA.

JUÍZO FEDERAL COMUM E JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. AÇÃO REVISIONAL DE FINANCIAMENTO AO ESTUDANTE DE ENSINO SUPERIOR - FIES CUMULADA COM INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. VALOR DADO À CAUSA SUPERIOR AO LIMITE DE SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS, PORÉM NÃO-CORRESPONDENTE AO CONTEÚDO ECONÔMICO DA DEMANDA. VALOR RETIFICADO DE OFÍCIO PELO JUÍZO FEDERAL COMUM. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL.

1. A competência dos Juizados Especiais Federais é absoluta e fixa-se, em regra, pelo valor da causa.

2. O valor da causa pode ser motivadamente alterado de ofício quando não obedecer ao critério legal específico ou encontrar-se em patente discrepância com o real valor econômico da demanda, implicando possíveis danos ao erário ou a adoção de procedimento inadequado ao feito. Precedentes: REsp. Nº 726.230 - RS, Segunda Turma, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 25.10.2005; REsp. Nº 757.745 - PR, Segunda Turma, Rel. Min. Eliana Calmon, julgado em 23.8.2005;

AgRg no Ag 240661 / GO, Terceira Turma, Rel. Min. Waldemar Zveiter, julgado em 04/04/2000; REsp 154991 / SP, Quarta Turma, Rel. Min. Barros Monteiro, julgado em 17/09/1998.

3. Para efeito de análise do conflito de competência, interessa o valor dado à causa pelo autor. Embora seja possível a retificação, de ofício, do valor atribuído à causa, só quem pode fazer isso é o juízo abstratamente competente. Para todos os efeitos, o valor da causa é o indicado na petição inicial, até ser modificado.

Ocorrendo a modificação, reavalia-se a competência. Precedentes: CC Nº 96.525 - SP, Primeira Seção, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 27.8.2008; CC Nº 92.711 - SP Primeira Seção, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 27.8.2008.

4. Não obstante a admissibilidade, em tese, de ser processada e julgada perante o Juízo Federal Comum, no caso específico dos autos, o valor da causa foi fixado, de ofício, em quantia que está dentro do limite de até sessenta salários mínimos, o que atrai a competência do Juizado Especial Federal.

5. Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juizado Especial Federal, ora suscitante.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES (Relator):

A competência dos Juizados Especiais Federais é absoluta e definida, em regra, pelo valor da causa, na forma do art. 3º, caput da Lei n. 10.259/2001.

Já o valor da causa é fixado na forma dos artigos 258 a 261 do CPC,

admitindo-se a sua modificação de ofício pelo juízo quando o valor ponderado pelo autor não

obedecer ao critério legal específico ou encontrar-se em patente discrepância com o real valor

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econômico da demanda, implicando possíveis danos ao erário ou a adoção de procedimento inadequado ao feito, veja-se a jurisprudência da Segunda, Terceira e Quarta Turmas desta Corte:

PROCESSUAL CIVIL. EXECUÇÃO FISCAL. EMBARGOS. VALOR ATRIBUÍDO À CAUSA. ALTERAÇÃO EX OFFICIO. DECISÃO IMOTIVADA. IMPOSSIBILIDADE.

1. Conforme a redação do art. 261, caput e parágrafo único, o valor da causa constante da petição inicial somente será alterado quando impugnado pela da parte adversa.

2. Entretanto, se o valor ponderado pelo autor não obedecer ao critério legal específico ou encontrar-se em patente discrepância com o real valor econômico da demanda, implicando possíveis danos ao erário ou a adoção de procedimento inadequado ao feito, deve o magistrado requerer ex officio a modificação do valor da causa. Precedentes.

3. Como a regra é a de que o valor da causa somente pode ser alterado por impugnação da parte contrária, não pode o julgador imotivadamente determinar, de ofício, a alteração do indigitado valor. Deve o juiz apontar a situação excepcional que o autoriza a adotar providência desta monta.

4. Recurso especial provido

(REsp. Nº 726.230 - RS, Segunda Turma, Rel.

Min. Castro Meira, julgado em 25.10.2005)

.

PROCESSO CIVIL – VALOR DA CAUSA – ALTERAÇÃO DE OFÍCIO EM HIPÓTESE EXCEPCIONAL – REEXAME DAS CIRCUNSTÂNCIAS FÁTICAS CONSIDERADAS PELA CORTE A QUO – IMPOSSIBILIDADE – INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ – VIOLAÇÃO DO ART. 535 DO CPC – OMISSÕES INEXISTENTES.

1. Em nosso sistema processual, o juiz não está adstrito aos fundamentos jurídicos apontados pelas partes. Exige-se, apenas, que a decisão seja fundamentada, aplicando o magistrado ao caso concreto a legislação considerada pertinente.

2. O art. 261 do CPC estabelece que o valor da causa somente pode ser alterado compulsoriamente por provocação do réu, admitindo-se, contudo, a modificação ex officio do valor da causa em casos excepcionais.

3. É vedado, em recurso especial, o reexame das circunstâncias fáticas que levaram o Tribunal a quo a reconhecer a hipótese de excepcionalidade necessária para a alteração de ofício do valor da causa, em face da vedação contida na Súmula 7/STJ.

4. Recurso especial improvido (

REsp. Nº 757.745 - PR, Segunda Turma, Rel.

Min. Eliana Calmon, julgado em 23.8.2005)

.

PROCESSUAL CIVIL - AGRAVO REGIMENTAL - AGRAVO DE INSTRUMENTO - VALOR DA CAUSA - MODIFICAÇÃO "EX OFFICIO".

I - É possível ao Magistrado, de ofício, ordenar a retificação do valor da causa, quando o critério de fixação estiver previsto na lei, quando a atribuição constante da inicial constituir expediente do autor para desviar a competência, o rito procedimental adequado ou alterar a regra recursal( Resp 120.363-GO).

II - Divergência jurisprudencial não caracterizada.

II - Regimental improvido (

AgRg no Ag 240661 / GO, Terceira Turma, Rel.

Min. Waldemar Zveiter, julgado em 04/04/2000

).

ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA. INDEFERIMENTO PELO JUIZ. VALOR DA

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CAUSA. MODIFICAÇÃO "EX OFFICIO". - O benefício da gratuidade não é amplo e absoluto. "Pelo sistema legal vigente, faz jus a parte aos benefícios da assistência judiciária, mediante simples afirmação, na própria petição, de que não está em condições de pagar as custas do processo e os honorários de advogado, sem prejuízo próprio ou de sua família (Lei nº 1.060/50, art.4º), ressalvado ao Juiz, no entanto, indeferir a pretensão se tiver fundadas razões para isso (art.5º)

"(Recurso Especial nº 151.943-GO)". - É possível ao Magistrado, de ofício, ordenar a retificação do valor da causa, quando o critério de fixação estiver previsto na lei, quando a atribuição constante da inicial constituir expediente do autor para desviar a competência, o rito procedimental adequado a alterar a regra recursal (REsp nº 120.363-GO). - Incidência no caso da Súmula nº07-STJ. Recurso especial não conhecido

(REsp 154991 / SP, Quarta Turma, Rel. Min. Barros Monteiro, julgado em 17/09/1998)

.

Já em sede de conflito de competência, esta Primeira Seção entendeu que a modificação de ofício do valor da causa somente pode ser realizada pelo juízo abstratamente competente, ou seja, o juízo que, em tese, seria competente se o valor da causa permanecesse sendo aquele atribuído pelo autor. Cito os precedentes:

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA. JUÍZO FEDERAL COMUM E JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. AÇÃO DE REPETIÇÃO DO INDÉBITO TRIBUTÁRIO REFERENTE AO IMPOSTO DE RENDA DAS PESSOAS FÍSICAS. VALOR DADO À CAUSA INFERIOR AO

LIMITE DE SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS, PORÉM

NÃO-CORRESPONDENTE AO CONTEÚDO ECONÔMICO DA DEMANDA, QUE EXCEDE O REFERIDO LIMITE PREVISTO NA LEI 10.259/2001.

VALOR RETIFICADO DE OFÍCIO PELO JUÍZO DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL. COMPETÊNCIA DO JUÍZO FEDERAL COMUM.

1. Trata-se de conflito negativo de competência suscitado nos autos da ação de repetição do indébito tributário referente ao Imposto de Renda sobre os proventos de aposentadoria por invalidez percebidos pela autora da ação. A autora atribuiu à causa, por estimativa, o valor de R$ 750,00, relegado o cálculo do montante a ser restituído para a fase de liquidação da sentença. O Juízo Federal Comum, ora suscitado, onde inicialmente foi ajuizada a ação, entendeu ser incompetente para processar e julgar o feito porque o valor dado à causa pela autora enquadra-se dentro do limite de até sessenta salários mínimos. Por sua vez, o Juízo do Juizado Especial Federal Cível, ora suscitante, depois de oferecida a contestação, retificou de ofício o valor da causa e declarou-se incompetente.

2. Não obstante a admissibilidade, em tese, de ser processada e julgada, perante os Juizados Especiais Federais, ação de repetição de indébito referente a tributos federais, no caso específico dos autos o valor da causa foi fixado, de ofício, em quantia que excede o limite de até sessenta salários mínimos, o que afasta a competência do Juizado Especial Federal.

3. Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo Federal comum, ora suscitado

(CC Nº 96.525 - SP, Primeira Seção, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 27.8.2008)

.

PROCESSUAL CIVIL. CONFLITO NEGATIVO DE COMPETÊNCIA.

JUIZADO ESPECIAL FEDERAL E JUÍZO FEDERAL COMUM. AÇÃO ANULATÓRIA DE DÉBITO FISCAL REFERENTE AO IRPF. VALOR DA CAUSA INFERIOR AO LIMITE DE SESSENTA SALÁRIOS MÍNIMOS,

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PORÉM NÃO-CORRESPONDENTE AO CONTEÚDO ECONÔMICO DA DEMANDA. COMPETÊNCIA DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL.

1. Trata-se de conflito negativo de competência suscitado nos autos da ação anulatória de débito fiscal referente ao Imposto de Renda das Pessoas Físicas. O espólio autor atribuiu à causa, por estimativa, o valor de R$ 10.000,00. O Juízo Federal Comum, ora suscitado, onde inicialmente foi ajuizada a ação, entendeu ser incompetente para processar e julgar o feito porque o valor dado à causa pelo autor enquadra-se dentro do limite de até sessenta salários mínimos. Por sua vez, o Juízo do Juizado Especial Federal Cível, ora suscitante, recusou sua competência para a causa dado o conteúdo econômico da demanda, que excede o limite previsto na Lei 10.259/2001.

2. O valor dado à causa pelo espólio autor não foi impugnado pela parte contrária.

A Lei 10.259, de 12 de julho de 2001, estabelece o valor da causa como um parâmetro para a competência dos Juizados Especiais Federais Cíveis e permite, inclusive, que haja renúncia de valor superior a sessenta salários mínimos. Para efeito de análise do conflito de competência, interessa o valor dado à causa pelo autor. Embora seja possível a retificação, de ofício, do valor atribuído à causa, só quem pode fazer isso é o juízo competente, abstratamente competente. Para todos os efeitos, o valor da causa é o indicado na petição inicial, até ser modificado. O valor da causa é uma premissa para o julgamento do conflito de competência.

Acrescente-se que a ré, quando for citada, também poderá questionar o valor da causa. Em razão do valor objetivamente indicado na petição inicial, inferior a sessenta salários mínimos, competente é o Juízo do Juizado Especial Federal, que, se for o caso, corrigirá o valor da causa.

3. Conflito de competência conhecido para declarar competente o Juízo suscitante

(CC Nº 92.711 - SP Primeira Seção, Rel. Min. Denise Arruda, julgado em 27.8.2008)

.

Realizada a retificação do valor da causa, ainda que de ofício, fixa-se o parâmetro a ser utilizado para a aferição da competência.

No caso sob exame, o Juízo da Vara Federal Cível de Canoas - RS (juízo abstratamente competente), entendendo ser o valor da causa fixado pelo autor excessivo, retificou-o de ofício e declinou de sua competência para o Juizado Especial Federal Adjunto de Canoas - RS, com esteio no art. 3º, caput , da Lei n. 10.259/2001 (fls. 78/79).

Com essas considerações, conheço do conflito para declarar competente o Juizado Especial Federal Adjunto de Canoas - RS, o suscitante.

É o como voto.

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Superior Tribunal de Justiça

ERTIDÃO DE JULGAMENTO PRIMEIRA SEÇÃO

Número Registro: 2008/0177430-8 CC 97971 / RS

Número Origem: 200871120007992

EM MESA JULGADO: 22/10/2008

Relator

Exmo. Sr. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro LUIZ FUX Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. MOACIR GUIMARÃES MORAES FILHO Secretária

Bela. Carolina Véras

AUTUAÇÃO AUTOR : HUMBERTO MARÇAL MOSCATELLI ADVOGADO : SILVIA ANDRÉIA M. MATOS

RÉU : CAIXA ECONÔMICA FEDERAL - CEF

SUSCITANTE : JUÍZO FEDERAL CRIMINAL E JUIZADO ESPECIAL ADJUNTO DE CANOAS - SJ/RS

SUSCITADO : JUÍZO FEDERAL DA VARA CÍVEL DE CANOAS - SJ/RS ASSUNTO: Administrativo - Ensino Superior - Crédito Educativo - FIES

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia PRIMEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Seção, por unanimidade, conheceu do conflito e declarou competente o Juízo Federal Criminal e Juizado Especial Adjunto de Canoas - SJ/RS, o suscitante, nos termos do voto do Sr.

Ministro Relator."

Os Srs. Ministros Benedito Gonçalves, Eliana Calmon, Francisco Falcão, Teori Albino Zavascki, Castro Meira, Denise Arruda, Humberto Martins e Herman Benjamin votaram com o Sr.

Ministro Relator.

Brasília, 22 de outubro de 2008

Carolina Véras Secretária

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