Registro: 2016.0000451700
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 0102295-42.2005.8.26.0002, da Comarca de São Paulo, em que é apelante COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉD. MÚTUO DOS POL. MILITARES E SERV.
DA SEC. DOS NEGÓCIOS DA SEG. PÚBLICA DO EST. DE SP, é apelado ALEX DIAS DA SILVA.
ACORDAM, em sessão permanente e virtual da 11ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: Deram provimento ao recurso. V. U., de conformidade com o voto do relator, que integra este acórdão.
O julgamento teve a participação dos Desembargadores GILBERTO DOS SANTOS (Presidente) e WALTER FONSECA.
São Paulo, 29 de junho de 2016.
Marino Neto Relator Assinatura Eletrônica
Apelante: Cooperativa de Economia e Cred Mutuo dos Policiais Militares e Serv Sec Negocios da Seg Publica do Estado de São Paulo
Apelado: Alex Dias da Silva Juíza: Helena Campos Refosco
Comarca: São Paulo 4ª Vara Cível Foro Reg. São Paulo Voto 21267
EXECUÇÃO DE TÍTULO EXTRAJUDICIAL - SENTENÇA DE EXTINÇÃO RECONHECIMENTO DA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE APELAÇÃO - Executado citado que permaneceu inerte - Pedido de arquivamento formulado pelo exequente em razão da não localização de bens penhoráveis Deferimento pelo Juiz - Reconhecimento de que o arquivamento suspendeu o processo, nos termos do atual art. 921, inc. III, do CPC Inocorrência de desídia do credor Início da contagem da prescrição intercorrente Não ocorrência - Inaplicável à espécie o §4º do art. 921, em razão da provocação do exequente não atendida pelo juizo a quo - Sentença reformada.
Recurso provido.
Trata-se de apelação de sentença que, reconhecendo a prescrição intercorrente, julgou extinta a execução
1ajuizada por Cooperativa de Economia e Cred Mutuo dos Policiais Militares e Serv Sec Negocios da Seg Publica do Estado de São Paulo em face de Alex Dias da Silva. Custas pelo exequente.
A ação de execução foi ajuizada em
06.12.2005. A citação se efetivou em 2011 e não tendo o credor
localizado bens e valores em nome do executado requereu a
suspensão da ação nos termos do artigo 791, inciso III, do Código de
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Processo Civil.
O exequente, ora apelante alega que desde o ajuizamento da ação vem tentando localizar bens em nome do réu. Assim, não há que se falar em desídia ou inércia do exequente, que não pode ser penalizado com o reconhecimento da prescrição, mesmo porque tem o direito de ter o andamento da ação suspensa, nos termos do que dispõe o artigo 791, inciso III, do Código de Processo Civil.
Recurso não respondido.
É o relatório.
A matéria aqui discutida passou a ser regulamentada pela Lei 13.105/2015 (Novo Código de Processo Civil), especialmente pelo artigo 921 e seguintes razão pela qual passo a utiliza-la para analisar o presente recurso.
A ação de execução foi ajuizada em 06.12.2005 objetivando o recebimento de valores decorrentes de empréstimo de dinheiro, garantido por uma nota promissória no importe R$ 4.303,61.
O executado foi citado em 2011 e decorreu in albis o prazo para oferecimento de bens a penhora, bem como para o pagamento do débito.
A tentativa de penhora on line foi infrutífera.
Em razão da não localização de bens
penhoráveis, o exequente requereu o arquivamento do feito em
atendimento ao artigo 791, inciso III, do antigo Código de Processo
Civil (fls. 199 em 19.10.2012), que dispõe que a execução pode ser
suspensa quando não houver bens penhoráveis (atual inciso III do artigo 921 do novo CPC).
A Súmula 150 do Supremo Tribunal Federal prevê que a execução prescreve no mesmo prazo em que prescreveria a ação.
Contudo, é certo que não corre a prescrição no caso de não localização de bens em nome do devedor, pois a paralisação do processo não provém de inércia do exequente, mas de fato alheio à sua vontade, que é a referida falta de bens do devedor.
Conforme preceitua o §1º do artigo 921 do novo CPC foi deferida a suspensão do processo (fls. 200) que permaneceu paralisado até a provocação do exequente em 09.12.2014 (fls. 203), ocasião em que o Juízo de primeiro grau reconheceu a ocorrência da prescrição e julgou extinta a ação, pois
“decorrido longo prazo entre os marcos interruptivos da prescrição”
(fls. 207, em 28.04.2015), sem ao menos apreciar os pedidos de diligência requeridas pelo ora apelante a fls. 203.
O atual §4º do artigo 921 acima mencionado regulamenta que “decorrido o prazo de que trata o §1º sem manifestação do exequente, começa a correr o prazo de prescrição intercorrente” e a lei vai além com a redação do novo §5º do mesmo dispositivo: “o juiz, depois de ouvidas as partes, no prazo de 15 (quinze) dias, poderá, de ofício, reconhecera prescrição de que trata o §4º e extinguir o processo”.
Sendo assim, quer seja pela nova lei ou
pelo antigo Código de Processo Civil o certo é que a ação não foi
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