• Nenhum resultado encontrado

A AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA: PROCEDIMENTO E PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO*

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A AMPLIAÇÃO DA COMPETÊNCIA: PROCEDIMENTO E PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO*"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

PROCEDIMENTO E PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO*

Quero, também, expressar as minhas homenagens à atual diretoria da Anamatra, parabenizando-a pela iniciativa da realização deste evento de natureza científica, que é, sem dúvida, extremamente, oportuno. Como se sabe, o direito é um ato cultural, que tem sua linguagem própria e que, portanto, vai muito além do texto frio da lei. Estamos aqui, portanto, fazendo história, atuando de forma ativa na construção do direito, integrando a lei ao ordenamento jurídico, sendo básico em termos hermenêuticos de que nesta integração a intenção do legislador a m e n s le g is la to r is cede lugar à m e n s le g is , o sentido que a lei adquiri no contexto jurídico preexistente.

Para fazer essa integração, de forma científica, é importante, ainda, que não tenhamos em vista a nova lei, estrita e isoladamente, pois podemos causar, sem querer, um efeito que não seja o avanço da estrutura jurídica, mas uma ruptura que o transforme na essência, o que é sempre possível, mas que, primeiro, não pode ser feito sem uma responsável consciência do que se está fazendo e que, segundo, é muito difícil de ocorrer, pois é típico em situações revolucionárias, de alteração do próprio modelo de sociedade.

V ide, por exemplo, a história recente da Lei n° 8.949, de 09.12.1994, que alterou o sistema das cooperativas de trabalho, estabelecendo que o cooperado não

* Apresentado no Seminário sobre a Ampliação da Competência da Justiça do Trabalho, promovido pela Anamatra, em São Paulo, de 16 a 18 de março de 2005.

** Juiz do Trabalho, Professor da Faculdade de Direito da USP.

Jorge Luiz Souto Maior**

SUMÁRIO: Introdução; Princípios do processo do trabalho; A oralidade; O pro­

cedimento oral trabalhista; Princípios do direito do trabalho.

INTRODUÇÃO

Rev. TST, Brasília, vol. 71, nº 1, jan/abr 2005 217

Agradeço aos organizadores deste evento e, em especial, ao colega Marcos Fava, pelo convite que me fora formulado para aqui estar presente na condição de um dos palestrantes, tendo a honra de dividir a mesa com meu colega de departamento Estevão Mallet e meu colega de magistratura e conterrâneo José Nilton Pandelot.

(2)

é em p re g a d o da em p resa para a q u a l a c o o p e ra tiva p resta serviços. A le i, d iz e m , de in ic ia tiv a d o P a rtid o dos T rab a lh a d o re s, tin h a a in te n ç ã o de m e lh o ra r a v id a das fa m ília s n o s assentam entos de te rra s; m as, da fo rm a c o m o fo ra expressa, fo i além d e seu o b je tiv o . P a ra o s fin s p ro p o s to s , b a s ta v a q u e se a p lic a s s e a le i de c o o p e ra tiv is m o já e xiste n te , L e i n° 5 .7 6 4 , de 1 6 .1 2 .1 9 7 1 , que nega v ín c u lo de e m p re g o e n tre o c o o p e ra d o e a c o o p e ra tiv a . A o d iz e r que o c o o p e ra d o n ã o é e m p re g a d o ta m b é m da pessoa p ara q uem a c o o p e ra tiva p resta serviç o s, re c o n s titu iu a a n tig a fig u ra d a c o o p e ra tiva de tra b a lh o , p re vis ta n o a rt. 2 4 d o D e c re to n ° 2 2 .2 3 9 , de 1 9 .1 2 .1 9 3 2 . Q u a n d o tra n sp o rta d a a le i para o o rd en a m e n to , o que se con sta to u ?

C o n s ta to u -s e q u e a le i re p rese n ta v a , s e ap licad a da fo rm a c o m o p re v iu o le g isla d o r, u m a ru p tu ra d o m o d e lo ju ríd ic o tra b a lh is ta . E x p lic o : em pregado é o tra b a lh a d o r q u e p re sta s e rv iç o s a o u tre m de fo rm a su b o rd in a d a , n ã o e v e n tu a l e m e d ia n te re m u n e ra ç ã o . Q u a n d o u m a le i d iz que c e rto tra b a lh a d o r n ão é em p reg ad o é p o rq ue estas c o n d iç õ e s fá tic o -ju ríd ic a s estão presentes, p o is, d o c o n trá rio , p e la ap licação d o p ró p rio o rd e n a m e n to p re e x is te n te , n ã o s e ria este tra b a lh a d o r c o n sid e ra d o e m p re g a d o. E m o u tra s p a la vra s, n ã o é p r e c is o q ue um a le i e s p e c ífic a d ig a q ue o n ã o -e m p re g a d o (a q u e le que tra b a lh a sem o p re e n c h im e n to dos re q u isito s le g a is de c o n fig u ra ç ã o da re la ç ã o de e m p re g o ) n ã o é em p reg ad o. A s s im , o que se acabou c ria n d o fo i u m a saída ju ríd ic a p ara que o tra b a lh a d o r, tip ic a m e n te em p reg ad o, pudesse te r sua fo rç a de tra b a lh o exp lorad a sem a cond ição ju ríd ic a de u m em pregado, e is s o fo ra d e u m a s itu a ç ã o e x c e p c io n a l (p o is a le i p o d e p re v e r s itu a ç õ e s e x c e p c io n a is ), g erand o u m p ro b le m a de o rd e m o n to ló g ic a n o sistem a ju r íd ic o , na

m e d id a e m que c rio u u m a situação g e n e ra liza n te p a ra le la à já e xiste n te . O sistem a c o m p o rta exceções, m as ja m a is duas regras que se c o n tra p õ e m . C o m isso, o que se v e rific o u fo i que a d o u trin a e a ju ris p ru d ê n c ia acabaram afastand o a a p lic a ç ã o da le i, c o m o p re vis ta , d ize n d o que só n ã o são em p reg ad os os verd a d e iro s coop erad os, o u seja, aq ueles que p re stam serviç o s e m u m a c o o p e ra tiva em que a fig u ra do c a p ita lis ta , c o m o m e ro e x p lo ra d o r de m ã o -d e -o b ra , n ã o e xiste . M a s , re p are m , essa c o n c lu sã o fo i, em c o n c re to , a negação de v a lid a d e da L e i n ° 8 .9 4 9 /9 4 , a p lic a n d o -se , p u ra e sim p le sm e n te , o m o d e lo p re existe n te (C L T , de 1943, e L e i n° 5 .7 6 4 , de 1 9 71), d ia n te da constatação do e q u ívo c o c ie n tífic o c o m e tid o p e lo le g isla d o r, a in d a que isso n ã o te n h a sid o d ito de fo rm a expressa.

E sse m e sm o e xe m p lo d e m o n stra a lg o im p o rta n te da inte g ra ç ã o da le i ao o rd e n a m e n to , que é o dos e fe ito s im p re v is ív e is da le i na re alid a d e . Im a g in a -se a p ro d u ç ã o de u m e fe ito , m as acaba-se g erand o o u tro . Se a in tenção da le i, ao re c ria r a c o o p e ra tiva de tra b a lh o , fo i c ria r m ais p ostos de tra b a lh o , em c o n c re to e la acabou a lim e n ta n d o a ló g ic a da e xc lu sã o , p o is os coop erad os que com eçaram a s u rg ir e ram , na verd a d e , ex-em p reg ad os.

N essa in vestig aç ã o , não pod em os desconsid erar, aind a q ue h ip o te tic a m e n te , o im p o n d e rá v e l. H á um a c rô n ic a m u ito sug e stiva de L u is F e rn a n d o V e rís s im o , G o ls d e C u c u ru tu , que re la ta bem isso. D iz V e rís s im o : “ O m e lh o r m o m e n to d o fu te b o l para u m tá tic o é o m in u to de silê n c io . É q uand o os tim e s fic a m p e rfila d o s , cada jo g a d o r c o m as m ãos nas costas e m a is o u m enos n o lu g a r que lhes fo i d esig nad o n o

2 1 8 R e v . T S T , B r a s í l i a , v o l . 7 1 , n º 1, j a n / a b r 2 0 0 5

(3)

esquema - e parados, Então o tático pode olhar o campo como se fosse um quadro negro e pensar no futebol como alguma coisa lógica e diagramável. Mas aí começa o jogo e tudo desanda. Os jogadores se movimentam e o futebol passa a ser regido pelo imponderável, esse inimigo imortal de qualquer estratégia, O futebol brasileiro já teve grandes estrategistas cruelmente traídos pela dinâmica do jogo. O Tim, por exemplo. Tático exemplar, planejava todo o jogo numa mesa de botão. Da entrada em campo até a troca das camisetas, incluindo o minuto de silêncio. Foi um técnico de sucesso, mas nunca conseguiu uma reputação no campo à altura da sua reputação de vestiário. O problema do Tim, diziam todos, era que seus botões eram mais inteligentes do que seus jogadores” (O E s ta d o d e S ã o P a u lo , 23.08.1993).

Por exemplo, ninguém poderia imaginar, diante do contexto das alterações contidas no atual art. 114 da CF, que o Supremo Tribunal Federal fosse, tão rapidamente, proferir uma decisão declarando que a competência para a apreciação do dano por acidente do trabalho não é da Justiça do Trabalho.

Por outro lado, é importante para demonstrar que toda essa atividade hermenêutica - que, no fundo, também é uma atividade política - encontra limites dentro do próprio sistema jurídico. Uma decisão judicial, por exemplo, para que possa ser considerada uma jurisprudência, no sentido de fonte do direito, precisa possuir o atributo da receptividade, tanto no meio acadêmico como no ambiente jurisdicional, até porque, se uma decisão judicial que não se justifica juridicamente obtiver o reconhecimento de fonte do direito, isto representa, paradoxalmente, a própria negação do direito, enquanto ciência jurídica.

Feitas essas observações, que me parecem importantes para que tenhamos a consciência do alcance dos problemas de ordem jurídica e filosófica de que estamos tratando, é possível adentrar o tema que me fora proposto: a Emenda n° 45 e os princípios do processo do trabalho (aplicação do direito processual comum às novas demandas; campo de incidência dos princípios do direito do trabalho face à nova competência).

Não me cabe, neste painel, pôr em discussão o alcance das expressões do novo texto constitucional, sobretudo a mais polêmica delas, a do inciso I do art.

114. Cabe-me discutir os efeitos da ampliação no processo do trabalho.

PRINCÍPIOS DO PROCESSO DO TRABALHO

A primeira indagação diz respeito à influência desta ampliação nos princípios do processo do trabalho. A este respeito, vale lembrar que a doutrina é bastante dissonante quanto a quais sejam os princípios do processo do trabalho, havendo mesmo aqueles que dizem que não existem tais princípios, valendo-se o processo do trabalho dos mesmos princípios da ciência processual. Acho que a afirmação da independência do processo do trabalho perante o processo civil teve uma razão de ser em um momento histórico determinado, mas que agora - diante da evolução da ciência processual, que saiu do sincretismo e passou pela fase da cientifização para entrar na era da efetividade e da instrumentalidade das formas, recebendo forte

Rev. TST, Brasília, vol. 71, n º 1, jan/abr 2005 219

(4)

in flu ê n c ia d o c o n h e c id o m o v im e n to d o acesso à ju s tiç a , lid e ra d o p o r M a u ro C a p p e lle tti - não te m m ais razão de ser. A fa s ta r o processo do tra b a lh o dessa evolução c ie n tífic a que v e m sofren d o o processo c iv il não representa, h o je , u m b e n e fíc io .

Essa tam b ém é um a conclusão que deve ser m u ito cuidadosa, porq ue a análise c o m p a ra tiva da realid ad e p rá tic a das duas ju s tiç a s , a do tra b a lh o e a c o m u m , re ve la que o processo do tra b a lh o é m a is rá p id o e e fe tiv o que o processo c iv il e que o ju iz d o tra b a lh o é u m ju iz m u ito m a is a tiv o e p resente que o ju iz do c íve l.

H á , lo g ic a m e n te , um a e xp lic aç ã o p ara isso . N o m eu p o n to de v ista , duas são as e xp licações: p rim e iro , o ju iz d o tra b a lh o te m um a fo rm a ç ã o acadêm ica fincad a no s fu n d a m e n to s d o d ire ito s o c ia l, e is to , n a tu ra lm e n te , lh e fo rn ece u m m a io r c o m p ro m iss o com a e fe tivid a d e de suas decisões; segundo, o p ro c e d im e n to da C L T é m arcad o p ela oralid a d e .

A O R A L ID A D E

A id é ia de o ralid a d e , nos países de c iv il la w , surge, p o r ocasião da R e v o lu ç ã o Francesa, c o m o reação aos d e fe ito s d o p rocesso ro m a n o -c a n ô n ic o e c o m u m ,1 c o m o sím b o lo do m o v im e n to de c rític a e de re fo rm a ra d ic a l daquele tip o de p ro ce d im e nto .2

P o r ser e sc rito e d estinad o a s e rv ir c o m o u m a espécie de fre io a q u a lq u e r tip o de re ivin d ic a ç ã o de d ire ito s dos p leb eus fre n te à nob reza, o processo m e d ie v a l era:

- c o m p lic a d o (a cada e s c rito c o rre s p o n d ia u m c o n tra -e s c rito ; ré p lic a ; tré p lic a );

- s ig ilo s o (n ã o p ú b lic o );

- excessivam ente fo rm a lis ta ( “ o que n ã o está nos autos não está n o m u n d o ” );

- c o isa das p artes (p a ra se d e se n ro la r d ep end ia da von ta d e das p a rte s);

- fra g m e n ta d o (to d a d ecisão era a lv o de re c u rso );

- as p ro va s n ã o e ra m c o lh id a s p e lo ju lg a d o r e s im p o r in te rro g a d o re s;

- a atuação d o ju iz , n o a to de ju lg a r, era lim ita d a , p orq ue v ig o ra v a o sistem a da p ro va le g a l, segundo o q u a l o v a lo r das p rovas p ro d u zid a s nos autos era p re d e te rm in a d o na le i;

- o ju iz , a lé m de p a ssivo , era, n a tu ra lm e n te , d esc o m p ro m issa d o c o m a p rod ução de u m re su lta d o ju s to p elas decisões que p ro fe ria .

A s s im , n ã o só as p artes que q uisessem re ta rd a r o processo e n c o n tra va m neste tip o de p ro c e d im e n to m e io s de fa z ê -lo , c o m o Juízes e advogados acabavam a g in d o da m e sm a fo rm a p ara a tend er a seus interesses pessoais. “S e fo r m ó a s í u n a r te 1 2

1 N ã o e x a t a m e n t e o d i r e i t o c l á s s i c o r o m a n o , p o i s n e s t e i m p e r a v a a o r a l i d a d e p e r a n t e o iu d e x . 2 C A P P E L L E T T I , M a u r o . L a o r a l i d a d. . . , p . 3 4 .

2 2 0 R e v . T S T , B r a s í l i a , v o l . 7 1 , n º 1 , j a n / a b r 2 0 0 5

(5)

fo r e n s e q u e se d e le ita b a en h a c e r to d o lo m á s co m p lic a d o s y la rg o s q u e fu e s e p o sib le : a rte d e l q u e e r a n p a r tic ip e s v o lu n ta r io s a m e n u d o lo s ju e c e s , lo s c u a le s e n lo s d erec h o s y en la s ta sa s in h e re n te s a to d o a c to e n c o n tr a b a n e l in te ré s d e q u e lo s a cto s fu e s e n in fin ito s” ,3

E sse m o d o d e v is u a liz a r o p ro c e s s o , n o e n ta n to , e ra p e rtin e n te à c u ltu ra da ép o ca. P o r isso, u m a re f o rm a d o p ro c e s s o r o m a n o - c a n ô n ic o e c o m u m so m e n te p ô d e te r in ício c o m u m a m u d a n ç a c u ltu r a l n o se io d a p r ó p ria s o c ie d a d e , o q u e se d eu , p rim e ira m e n te , c o m o a d v e n to d a R e v o lu ç ã o F ra n c e s a d e 1 7 89, te n d o c o n tin u id a d e n o s é c u lo X IX e n a p r im e ira m e ta d e d o s é c u lo X X .

C o m o a d v e n to d a R e v o lu ç ã o F ra n c e s a c o n s o lid a -s e a e m a n c ip a ç ã o d e u m a classe d e p e s so a s, o s b u rg u e se s, o s q u a is, a d q u irin d o n o v o s d ire ito s, r e q u e re m a c o n s tru ç ã o d e u m p r o c e s s o d istin to d a q u e le q u e s e p r a tic a v a n a I d a d e M é d ia .

O p r o c e d i m e n t o q u e s e o r i g i n o u d e s t e m o v i m e n t o d e o p o s i ç ã o a o p ro c e d im e n to e s c rito , c o n h e c id o , p o r isso m e s m o , p o r p ro c e d im e n to o ra l, fix o u -s e, p o r c o n s e g u in te , c o m as se g u in te s c a ra c te rís tic a s :

- p re v a lê n c ia d a p a la v r a s o b re o e s c rito ; - b u s c a d a s im p lic id a d e e d a c e le rid a d e ; - p ro v a s p r o d u z id a s p e ra n te o j u i z ju lg a d o r ; - j u i z q u e in stru i o p r o c e s s o é o j u i z q u e ju lg a ;

- a to s r e a liz a d o s e m u m a ú n ic a a u d iê n c ia o u e m p o u c a s , u m a s p ró x im a s d a s o u tras;

- d e c is õ e s in te rlo c u tó ria s irre c o rrív e is ; - im p u lso d o p r o c e s s o p o r in ic ia tiv a d o ju iz ;

- ju lg a m e n to c o m b a s e n o sis te m a d a p e r s u a s ã o ra c io n a l.

N a s c e , as sim , u m n o v o p ro c e d im e n to , q u e, n ã o o c a sio n a lm e n te , p o ssu i c o m o c a ra c te rístic a s : a) a p r im a z ia d a p a la v ra ; b ) a im e d ia tid a d e ; c ) id e n tid a d e física d o ju iz ; d ) a c o n c e n tra ç ã o d o s ato s; f) a irre c o rrib ilid a d e d a s d e c is õ e s in te rlo c u tó ria s;

g) a p a rtic ip a ç ã o a tiv a d o ju iz .

O m a is im p o rta n te é d e s ta c a r q u e a o ra lid a d e , m ais d o q u e u m m o d o de re a liz a ç ã o d e a to s p r o c e s s u a is , é a e x p r e s s ã o d e u m a a titu d e c r ític a fre n te ao s p ro c e sso s ro m a n o -c a n ô n ic o e co m u m e ta m b é m u m a p o s tu ra p o lític a c o n tra o sistem a fe u d a l.4 É , p o r a s sim d iz er, a s im b o lo g ia d e u m a te o ria rev o lu c io n á ria . 3 4

3 C H I O V E N D A a p u d C A P P E L L E T T I , o b . c it., p . 3 8 .

4 “. . . a r e a ç ã o c o n t r a o p r o c e d i m e n t o e s c r it o , s e , d e u m la d o , t r a z i a c r í t i c a s a o s a s p e c t o s j u r í d i c o s d o s i s t e m a , d o o u t r o , e n ã o m e n o s im p o r t a n t e , a s d i r i g i a c o n t r a o s i s t e m a p o lític o . S o b e s s e p r i s m a o p r o c e d i m e n t o o r a l p o r t a v a e m si a t e n d ê n c i a lib e r a l, q u e s e p r o p a g a v a p e l a E u r o p a , j á n o s é c u l o X V I I I . ” ( L A S P R O , O r e s t e N e s t o r d e S o u z a . O d u p l o g r a u d e j u r i s d i ç ã o n o d ir e i to p r o c e s s u a l c iv il.

D i s s e r t a ç ã o d e m e s t r a d o a p r e s e n t a d a à F a c u l d a d e d e D i r e i t o d a U n i v e r s i d a d e d e S ã o P a u l o , s o b o r i e n t a ç ã o d e J o s é R o g é r i o C r u z e T u c c i , p. 1 7 2 )

R e v . T S T , B r a s í l i a , v o l . 7 1 , n º 1 , j a n / a b r 2 0 0 5 2 2 1

(6)

N o s lo cais o n d e o p ro c e d im e n to oral fo ra im p lem e n ta d o de m a n e ira coerente, se u s r e s u lta d o s , e m te rm o s de d im in u iç ã o d o te m p o de d u ra ç ã o d o p ro c e sso , foram e x tre m a m e n te b e n é fic o s ; m as, m a is q u e isso, p o s s ib ilito u o s u rg im e n to de um a g r a n m a g is tr a tu r a . A o ra lid a d e , a tre la d a a p re o c u p a ç õ e s so ciais, s o b re tu d o quan d o a id é ia d a o ra lid a d e é r e to m a d a p o r o c a s iã o d o m o v im e n to d o a c e s s o à ju stiça , c o m o fo rm a d e f a z e r v a le r os n o v o s d ire ito s so c iais, e c o n fe rin d o m a io re s p o d ere s ao j u i z e, p o rta n to , m a io r r e s p o n s a b ilid a d e , fe z d o ju i z u m s e r m ais so c ialm en te se n s ív e l e d ilig e n te .

O p r o c e d im e n t o o r a l, p o r ta n t o , d e v e s e r d e f e n d id o s o b r e tu d o p o r q u e re p r e s e n ta u m a p o s tu r a c r ític a fre n te ao s fo rm a lis m o s d o p ro c e sso , fu n cio n a n d o c o m o fó rm u la de se im p e d ir o r e to m o d a q u e le s d e fe ito s p ro v o c a d o s p e lo sistem a esc rito , e p o r q u e im p u ls io n a u m a a titu d e m a is se n sív e l d o ju iz , s o b re tu d o p o r q u e se d e p a ra , fr o n ta lm e n te , c o m as p a rte s e m co n flito .

O P R O C E D IM E N T O O R A L T R A B A L H IS T A

O p r o c e d im e n to tra b a lh is ta é u m p r o c e d im e n to oral.

D iz -s e , c o m u m e n te , q u e a C L T é u m a c o lc h a d e re ta lh o s, re c o rre n d o -s e a to d o in sta n te à s n o r m a s d o p r o c e d im e n to civ il o rd in á rio p a r a p r e e n c h e r o s b u ra c o s d e ix a d o s p e la le g is la ç ã o tra b a lh is ta . N a d a m a is e q u iv o c a d o , q u e v e m c a u s a n d o e n o rm e s p r e ju íz o s à J u s tiç a d o T ra b alh o .

A C L T fo i p u b lic a d a e m 1943. N e s s a é p o c a e ra v ig e n te o C ó d ig o d e P ro c e sso C iv il d e 1939. E s te C ó d ig o , o d e 1939, foi fo rm u la d o c o m b a s e n o p rin c íp io da o ra lid a d e . A o ra lid a d e , p o r in flu ê n c ia d a o b r a d e C h io v e n d a , e ra a c o q u e lu c h e do m o m e n to . A liá s , n ã o e r a m p o u c o s o s a p o lo g is ta s d a o ra lid a d e . Q u e m s e d e r ao tra b a lh o d e le r o s e x e m p la re s d a R e v ista F o re n s e d o s a n o s d e 1938 e 1939 te rá a p e r f e ita n o ç ã o d o q u e s e e s tá fala n d o .

A CLT, p o r ó b v io , fo i n a tu ra lm e n te im p re g n a d a p o r e s s a s idéias.

H á , p o r isso , u m f u n d a m e n to p a r a a s r e g ra s p ro c e d im e n ta is tra b a lh is ta s , q u al se ja, a o ra lid a d e .

N ã o se trata a CLT, p o rta n to , d e u m a m o n to a d o d e reg ra s se m se n tid o , c ria d as p o r u m le g is la d o r m a lu c o (v id e , a p ro p ó s ito , e x p o s iç ã o d e m o tiv o s d o a n te p ro je to d a J u s tiç a d o T ra b a lh o , de 11 d e n o v e m b ro de 1936,5 e a e x p o s iç ã o d e m o tiv o s d a C o m is s ã o E la b o ra d o ra d o P ro je to de O rg a n iz a ç ã o d a J u stiç a d o T ra b a lh o , e m 3 0 de m a rç o d e 19 3 8 .6 5 6

5 In : F E R R E I R A , W a l d e m a r . A j u s t i ç a d o t r a b a lh o - p a r e c e r e s p r o f e r i d o s n a C o m i s s ã o d e C o n s t i t u i ­ ç ã o d a C â m a r a d o s D e p u t a d o s . R i o d e J a n e i r o , 1 9 3 7 , p. 2 4 3 .

6 In : V I A N N A , O l i v e i r a . P r o b le m a s d e d ir e i to c o r p o r a tiv o . R i o d e J a n e i r o : J o s é O l y m p i o , 1 9 3 8 , p.

2 8 7 .

222 R e v . T S T B r a s í l i a , v o l. 7 1 , n º 1 , j a n / a b r 2 0 0 5

(7)

A CLT, e x p re s s a m e n te , p riv ile g io u o s p rin c íp io s b a s ila re s d o p ro c e d im e n to oral: a) p r im a z ia d a p a la v r a (a rts. 791 e 8 3 9 , a - a p r e s e n ta ç ã o d e r e c la m a ç ã o d ire ta m e n te p e lo in te r e s s a d o ; 8 4 0 - r e c la m a ç ã o v e r b a l; 8 4 3 e 8 4 5 - p r e s e n ç a o b rig a tó ria d a s p a rte s à a u d iê n c ia ; 8 4 7 - a p re s e n ta ç ã o d e d e f e s a o ra l, e m a u d iê n c ia ; 8 48 - in te rro g a tó rio d a s p a rte s ; 8 5 0 - ra z õ e s finais o ra is ; 8 5 0 , p a r á g ra fo ú n ic o - se n te n ç a a p ó s o té rm in o d a in stru ç ã o ); b ) im e d ia tid a d e (a rts. 8 4 3 , 8 4 5 e 8 4 8 ); c) id e n tid a d e físic a d o j u i z ( c o ro lá rio d a c o n c e n tra ç ã o d o s a to s d e te r m in a d a n o s arts.

843 a 8 5 2 ); d ) c o n c e n tra ç ã o d o s a to s (arts. 8 43 a 8 5 2 ); e ) ir re c o r r ib ilid a d e d a s in te rlo cu tó ria s (§ 1o d o art. 8 9 3 ); f) m a io re s p o d e re s in s tru tó rio s a o j u i z (arts. 7 6 5 , 7 66, 8 2 7 e 8 4 8 ); e g ) p o s s ib ilid a d e d e so lu ç ã o c o n c ilia d a e m r a z ã o d e u m a m a io r in te raçã o e n tre o j u i z e a s p a rte s (arts. 7 6 4 , §§ 2° e 3 o; 8 4 6 e 8 5 0 ).

A ssim , m u ita s d a s la c u n a s a p o n ta d a s d o p r o c e d im e n to tr a b a lh is ta n ã o sã o p ro p ria m e n te la c u n a s, m a s u m re fle x o n a tu ra l d o fato d e s e r e s te o ra l. L e m b re -se , a d e m a is, q u e o C P C f o i a lte ra d o e m 1973, e, e m te rm o s d e p r o c e d im e n to , a d o to u um c rité rio m is to , e s c rito a té o m o m e n to d o sa n e a m e n to , e o ra l, a p a r tir d a au d iê n c ia , q u a n d o n ec e s sá ria . N e s te s te rm o s, a a p lic a ç ã o su b sid iá ria d e r e g ra s d o p ro c e d im e n to o rd in ário d o C P C à C L T m o stra -se , n atu ra lm e n te, e q u iv o c a d a , p o r in c o m p a tib ilid a d e d o s tip o s d e p ro c e d im e n to s a d o ta d o s p o r am b o s.

E m o u tr a s p a l a v r a s , p o r q u e o p r o c e d im e n t o o r a l p r e s c in d e d e c e r ta s fo rm a lid a d es, v isto q u e o s in c id e n te s p ro c e ssu a is d e v e m s e r r e s o lv id o s e m a u d iê n c ia d e fo rm a im e d ia ta , s e g u id o s d o s n e c e s s á rio s e s c la re c im e n to s d a s p a r te s , p re s e n te s à au d iên cia, o p ro c e d im e n to trab a lh ista n ão a p re sen ta fo rm a s e s p e c ífic a s p a ra so lu ç ão de c e rto s in c id e n te s p ro c e s s u a is , q u e d e v e m ser, p o r isso , c o m o re g ra , r e s o lv id o s in fo rm a lm e n te e m a u d iê n c ia , e p o r isso a lei p ro c e s s u a l tr a b a lh is ta tr a n s p a r e c e in c o rre r e m la c u n a s, o q u e , m u ita s v e z es, d e fato n ã o se d á .7

P a rec e-m e, p o rta n to , q u e h á ra z ã o m ais q u e su ficien te p a ra re c u s a r a a p lic a ç ã o d o p r o c e d im e n to c iv il o rd in á rio n a J u s tiç a d o T ra b alh o . A o tr a z e r m o s p a r a a J u s tiç a do T ra b alh o a c o m p e tê n c ia p a ra ju lg a r o u tro s co n flito s, o fa z em o s p o rq u e ac red ita m o s q u e p r e s ta r e m o s u m m e lh o r se rv iç o à s o c ie d a d e . N ã o p o d e m o s , p o rta n to , e s tra g a r a q u ilo q u e te m o s d e m e lh o r, o n o s s o p ro c e d im e n to o ral.

O p ro c e d im e n to o rd in á rio civ il escrito n ão n o s tra rá n e n h u m b e n e fic io , a p e n as p o d e fa z e r c o m q u e p e r c a m o s o c o m p ro m is s o so c ia l e c r ític o q u e o p r o c e d im e n to o ral p ro p o rc io n a e, s e m p erceb er, d ia n te d e su cessiv as p e tiç õ e s e in c id en tes ren o v a d o s p o r h á b e is a d v o g a d o s , q u e e n tre m o s n a c ira n d a d o “j u i z a u -a u ” : a o a u to r, a o ré u , a o au to r, a o r é u ...

P o d e -s e im a g in a r, d e s p re z a n d o o a s p e c to te ó ric o q u e e n v o lv e a o ra lid a d e , q u e , se n ã o c o lo c a rm o s e m a u d iê n c ia a lg u m a s a ç õ e s , iss o fa c ilita rá o a n d a m e n to 7

7 V id e e x e m p l o d o i n d e f e r i m e n t o d a in ic ia l, d a i n t e r v e n ç ã o d e t e r c e ir o s , d a o i t i v a d e t e s t e m u n h a p o r c a r t a p r e c a t ó r i a e tc ., q u e , v i a d e r e g r a , n ã o d e v e m o c o r r e r n o p r o c e d i m e n t o t r a b a l h i s t a . N o s c a s o s e x c e p c i o n a i s e m q u e t a i s i n c id e n te s o c o r r e r e m n o p r o c e d i m e n t o t r a b a l h i s t a , s o c o r r e - s e d a s d i s p o s i ­ ç õ e s d o p r o c e s s o c iv il, a p l i c a d a s s u b s i d i a r i a m e n t e .

R e v . T S T , B r a s í l i a , v o l. 7 1 ,n º 1, j a n / a b r 2 0 0 5 2 2 3

(8)

d o s fe ito s, p o is , se n d o o s c a s o s d e m a té r ia d e d ire ito , p o d e ria m ir lo g o a ju lg a m e n to ; a lé m d is s o , n ã o se a lo n g a ria a p a u ta d e a u d iê n c ia s .

M in h a p r im e ira im p re ssã o c o m o s fe ito s q u e v ie ra m d a J u s tiç a c o m u m no a n o p a s s a d o , r e fe re n te s a o ac id e n te d o tra b a lh o , fo i es sa . M a s o im p o n d e rá v e l q u ase s e m p re n o s p r e g a u m a p eç a. N ã o p u s e s te s p r o c e s s o s e m au d iê n c ia , m a s co n tin u ei fa z e n d o m in h a s in ú m e ra s a u d iê n c ia s p o r d ia , d a s q u a is v á r io s p ro c e s s o s re sta v a m p a r a ju lg a m e n to . O f ato é q u e a c a b e i n ã o te n d o te m p o p a r a ju lg a r a q u e le s p ro c e sso s d o c í v e l, q u e e s tã o lá , a té h o je , m e e s p e r a n d o . E m s u m a , s e f iz e r m o s isso , tr a b a lh a r e m o s e m “ d u p la p e g a d a ” e, p o s s iv e lm e n te , c o m o so m o s c o m p ro m e tid o s e z e lo s o s q u a n to a o n o s s o d ev er, a c a b a re m o s d a n d o c o n ta d o r e c a d o , a c u s ta , é claro, d a n o s s a s a ú d e , e , p o r c o n s e q ü ê n c ia , a tã o e s p e r a d a m e lh o r ia d a e s tr u tu r a , s im p le s m e n te , n ã o virá.

D e to d o m o d o , o m a is g ra v e n e m é isso. O m a is g ra v e é a d o ta r o p ro ce d im e n to o r d in á r io e s c r ito d o p ro c e s s o civ il, q u e é in fin ita m e n te p io r q u e o p r o c e d im e n to o r a l tr a b a lh is ta , o q u a l te m o s fe ito a tu a r c o m b a s ta n te efic iê n c ia . A d e m a is , v ale le m b ra r q u e a s ú ltim a s re fo rm a s d o p ro c e s s o civ il, e m te rm o s d e p ro c e d im e n to , f o ra m to d a s n o s e n tid o d e c o p ia r o p r o c e d im e n to d a CLT.

F a ç o a r e s s a lv a , e v id e n te m e n te , q u a n to a o s p r o c e d im e n to s e s p e c ia is d o m a n d a d o d e s e g u ra n ç a , d o h a b e a s c o r p u s , d a s a ç õ e s re la tiv a s à s p e n a lid a d e s a d m in is tr a tiv a s ...

F ic a a q u i, e m te rm o s d e p r o c e d im e n to , p e lo m e n o s u m c o n s e lh o : v in d o os p r o c e s s o s d o j u í z o c ív e l, c o m a g ra v o d e in s tru m e n to p e n d e n te d e ju lg a m e n to , d ê e m a n d a m e n to n o rm a l a o s a u to s d o a g ra v o , p r o fe rin d o o se g u in te d e s p a c h o , q u e j á e s tá lá n o m e u c o m p u ta d o r - “ a o in c in e ra d o r” .

P R I N C ÍP IO S D O D IR E IT O D O T R A B A L H O

In d a g a m -m e , ain d a, os o rg a n iz a d o re s d e s te ev e n to a re s p e ito d a in c id ê n c ia d o s p r in c íp io s d o d ire ito d o tr a b a lh o n a s n o v a s r e la ç õ e s ju r íd ic a s v in d a s p a r a a n o s s a c o m p e tê n c ia .

N e s te a s p e c to , n o e n ta n to , m e s m o se m q u e r e r a d e n tr a r a fu n d o a q u e s tã o p e r tin e n te à a m p litu d e d o in c iso I, n ão h á c o m o d e ix a r d e dizer, n a lin h a d o q u e j á fo ra d ito p e lo D a lleg rav e , q u e n a re la ç ã o d e c o n s u m o o s p rin cíp io s d e d ire ito m a teria l sã o in c o m p a tív e is co m os d o d ire ito d o tra b a lh o , p o is u m p ro te g e o tra b a lh a d o r, o u tro p r o te g e a q u e le p a ra q u e m se p re s ta m o s se rv iço s.

N o q u e ta n g e a o u tra s re la ç õ e s d e tra b a lh o , q u e se a s se m e lh e m às re la ç õ e s d e e m p re g o , q u a n to ao a s p e c to d a e x p lo ra ç ã o d a m ã o -d e -o b ra (e x ig in d o , ao m e n o s, d e p e n d ê n c ia e c o n ô m ic a e c o n tin u id a d e ), a a m p lia ç ã o da c o m p e tê n c ia p o d e se r b e n é f ic a e x a ta m e n te se tra n s p o rta rm o s p a ra e s s a s r e la ç õ e s a m e sm a ló g ic a te ó ric a q u e a d o ta m o s n o d ire ito d o tra b a lh o . A c h o até, c o n trá rio a alg u n s, q u e o b e n e fíc io d a a m p lia ç ã o d a c o m p e tê n c ia n ã o é n e m ta n to o d e c o n d u z ir p a ra estes tra b a lh a d o re s o s d ire ito s tra b a lh is ta s s tr ic to se n su , ta is c o m o F G T S , 13° s a lário etc., ou d e a p lic a r

224 R e v . T S T , B r a s ília , v o l. 7 1 , n º 1, j a n / a b r 2 0 0 5

(9)

os p rin cíp io s d o d ire ito d o tra b a lh o n es ta s rela çõ e s, m a s o d e fa z e r atuar, e m co n creto , nas re la ç õ e s d e e m p re g o típ ic a s , o s n o v o s p r in c íp io s d o p r ó p r io d ire ito civ il, q u e m uito se a s s e m e lh a m a o s d o d ire ito d o tra b a lh o : f u n ç ã o s o c ia l d o c o n tra to , a b u s o d o d ire ito , b o a -fé c o n tra tu a l, re s p o n s a b ilid a d e c iv il o b je tiv a , r e s p o n s a b iliz a ç ã o so lid á ria p o r o f e n s a o u v io la ç ã o d e d ir e ito , r e s p o n s a b ilid a d e c iv il p o r d a n o à so c ied a d e, n u lid a d e a b s o lu ta p o r fra u d e à le i im p e r a tiv a etc.

J á o u v i m u ito s d o u tr in a d o re s c iv ilis ta s d iz e n d o q u e n a d a m u d o u c o m o n o v o C ódigo, m as, e m te rm o s p rin c ip io ló g ic o s, a m u d a n ç a é b ru ta l, a p ro x im a n d o -s e m u ito d o d ire ito d o tr a b a lh o , ta n to q u e j á c h e g u e i a a p e lid á -lo d e n o v o C ó d ig o C iv il d o T rabalho.

O s J u í z e s d o t r a b a l h o , a f e ito s a o d i r e i t o s o c i a l , im p u l s i o n a d o s p e l o p ro c e d im e n to o ra l, te rã o , c e rta m e n te , p le n a s c o n d iç õ e s d e e f e tiv a r e s s e s p rin c íp io s, p ara fins d e fix a r in d e n iz a ç õ e s re le v a n te s c o n tra a e x p lo r a ç ã o d o tr a b a lh o h u m a n o , o q u e p o d e, até, p r o v o c a r u m e fe ito b e n é fic o n o d ire ito d o tr a b a lh o q u a n to à ev o lu ç ã o de a lg u n s te m a s , c o m o a e x p lo ra ç ã o d o tra b a lh o in fa n til ( tr a b a lh a d o r m e n o r d e 16 an o s). D iz -se q u e o c o n tr a to é n u lo e q u e n ã o h á d ire ito s . O u tr o s d iz e m é n u lo , m a s g era m -se o s d ire ito s tra b a lh is ta s . M e s m o s e re c o n h e c e rm o s a n u lid a d e (o q u e n o m eu m o d o d e v e r n ã o n e g a d ire ito s , e s p e c ia lm e n te o d o re g is tro e m c a rte ira ), h á d e se c o n d e n a r o e x p lo r a d o r a p a g a r u m a in d e n iz a ç ã o , p o is n o c a s o o d a n o n ã o é só fin an ceiro , é d e a g r e s s ã o à in fâ n c ia , q u e é u m b e m c o n s titu c io n a lm e n te p re se rv a d o . O u tro ex e m p lo : c o n tra to s e m c o n c u rs o p ú b lic o . R e c o n h e c e r a n u lid a d e n ã o in ib e a r e s p o n s a b ilid a d e d o a d m in is tra d o r p e lo s d a n o s c a u s a d o s a o tr a b a lh a d o r d e b o a-fé, q u an to à su a e x p e c ta tiv a d e g a n h o s , b e m c o m o à s o c ie d a d e p o r e v ita r o a c e s s o p ú b lic o ao ca rg o , O u tro a in d a : o d as e m p re s a s r e in c id e n te s c o m o d e s c u m p rim e n to da le g isla çã o tra b a lh is ta c o m o fo rm a d e e n riq u e c im e n to . S ó c o n d e n a r a o p a g a m e n to d o s d ire ito s tra b a lh is ta s n ã o r e p a ra o d a n o , q u e é ta m b é m s o c ia l. P o r fim , o c a s o d a te rc e iriz a ç ã o e o d a d is p e n s a a rb itrá ria , se a n a lis a d o s s o b a ó tic a d o d ire ito civ il, p o d e m te r u m r e s u lta d o b a s ta n te d iv e rs o d o q u e e n c o n tr a r a m n a ju r is p r u d ê n c ia trab a lh ista.

C o m e s s e s c o m p ro m is s o s d e e f e tiv a ç ã o d o s n o v o s p r in c íp io s s o c ia is d o C ó d ig o C iv il e r e v ita liz a ç ã o d o s p rin c íp io s tra b a lh is ta s , a u m e n ta n d o o le q u e d o s p ró p rio s d ire ito s tra b a lh is ta s , a a m p lia ç ã o , n o m e u m o d o d e v er, lim ita d a a e s se s c o n tra to s de p r e s ta ç ã o d e s e rv iç o s p e s s o a is c o m c e r ta s u b o r d in a ç ã o o u a o m e n o s certa c o n tin u id a d e , p o d e r e p re s e n ta r m e sm o um g ra n d e a v a n ç o d o d ire ito d o trab a lh o e u m m a rc o n a h is tó ria d a J u s tiç a d o T ra b alh o .

E sta , c o le g a s, a m in h a m o d e s ta o p in iã o , q u e e s p e r o s e ja c o n s id e r a d a n o se u a s p e c to c ie n tífic o . É im p o rta n te q u e to d o s s a ib a m q u e a s o c ie d a d e n o s e s tá p o n d o à p ro v a, m a s n ó s m e s m o s é q u e c o n s tru ire m o s o n o s s o f u tu ro . Isto é m u ito im p o rta n te.

N ão p o d em o s n o s p o s ic io n a r s o b re e sses tem as, fe c h a n d o q u e s tã o e m to rn o d e n o sso s g ru p o s.

N o an o p a s s a d o , fu i a s s is tir a o c o n g re s s o d a C U T e f iq u e i h o rro riz a d o c o m as fa c ç õ e s q u e se s e p a ra v a m d o s d o is la d o s d a p la té ia . O q u e u m la d o d iz ia , o o u tro v a ia v a , e v ic e -v e rs a , n ã o im p o rta n d o o c o n te ú d o , e a o fin a l g r ita v a m a s p a la v ra s d e

R e v . T S T , B r a s ília , v o l. 7 1 , n º 1, j a n / a b r 2 0 0 5 2 2 5

(10)

o rd e m : “ o lê , o lê , o lê, o lê , o lá , L u la , L u la ! ” e, d o o u tro lad o , “ olê, o lê , o lê , olê, olá, lu ta , lu ta ” !

O r a c io c ín io cien tífic o n ã o p o d e s e r sectá rio . E le é, n e c essariam en te , dialético e n e ste sen tid o é q u e d ev e m o s e s ta r s e m p re p ro n to s p ara m u d a r de id éia o u m eram ente e v o lu ir o ra c io c ín io .

E s ta sín te se , in e g a v e lm e n te , n o s c o n d u z irá , a to d o s, a u m m e sm o cam in h o , p o is p o r d etrá s d a q u ilo q u e a p a re n te m e n te h o je n o s separa, e m te rm o s d e p ro p o siçõ e s te ó ric a s , e s tá u m a m e sm a raiz: o a m o r q u e se n tim o s p ela n o ssa p ro fis sã o , p e lo direito s o c ia l e p e la J u s tiç a d o T ra b alh o .

2 2 6 R e v . T S T , B r a s ília , v o l. 7 1 , n º 1, j a n / a b r 2 0 0 5

Referências

Documentos relacionados

Para tal, iremos: a Mapear e descrever as identidades de gênero que emergem entre os estudantes da graduação de Letras Língua Portuguesa, campus I; b Selecionar, entre esses

Tendo em consideração que os valores de temperatura mensal média têm vindo a diminuir entre o ano 2005 e o ano 2016 (conforme visível no gráfico anterior), será razoável e

Este trabalho buscou, através de pesquisa de campo, estudar o efeito de diferentes alternativas de adubações de cobertura, quanto ao tipo de adubo e época de

17 CORTE IDH. Caso Castañeda Gutman vs.. restrição ao lançamento de uma candidatura a cargo político pode demandar o enfrentamento de temas de ordem histórica, social e política

Ainda que das carnes mais consumidas nesta altura em Portugal, tanto os caprinos como os galináceos estão re- presentados apenas por um elemento, o que nos pode dar a indicação que

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

4 Este processo foi discutido de maneira mais detalhada no subtópico 4.2.2... o desvio estequiométrico de lítio provoca mudanças na intensidade, assim como, um pequeno deslocamento