PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
JUCILÉIA APARECIDA NASCIMENTO
A SUPERVISÃO DE ESTÁGIO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE
SOCIAL: UMA ANÁLISE NA FACULDADE PAULISTA DE SERVIÇO SOCIAL DE
SÃO CAETANO DO SUL
MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
PUC-SP
JUCILÉIA APARECIDA NASCIMENTO
A SUPERVISÃO DE ESTÁGIO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE
SOCIAL: UMA ANÁLISE NA FACULDADE PAULISTA DE SERVIÇO SOCIAL DE
SÃO CAETANO DO SUL
MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL
SÃO PAULO
2007
2
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
________________________________________
3
Aos meus pais, Osvaldo e Maria das Graças,
Aos meus pais-avós, João e Maria Tereza,
pelo que sou.
4
AGRADECIMENTOS
A Deus.
Aos meus pais, Osvaldo e Maria das Graças, exemplos de vida e luta, cujo amor,
apoio e compreensão foram essenciais para que eu trilhasse esse caminho.
Ao meu querido e amado irmão, Eduardo, exemplo de vida e de superação. A
cada dia aumenta a minha admiração e meu amor por você!
Ao meu noivo, Robson, por me acompanhar desde o período de graduação e
compreender as minhas ausências, pelo apoio e incentivo. Te ‘amodoro’ de paixão.
À minha orientadora, Profa. Dra. Maria Lúcia Rodrigues, pela paciência,
colaboração e amizade durante o desenvolvimento do estudo.
Às Profas. Dras. Maria Lúcia Martinelli e Mirian Faury, cujas contribuições
foram importantes para a construção e o aprimoramento deste estudo.
À Faculdade Paulista de Serviço Social de São Caetano do Sul (FAPSS/SCS), na
pessoa do Sr. Diretor Danilo Vieiro e da coordenadora do Departamento de Estágio,
Ângela Teixeira Laranjo, que permitiram e colaboraram para o desenvolvimento deste
estudo.
Às supervisoras que, embora autônomas, foram muito importantes para que eu
desenvolvesse esse estudo.
Às minhas estagiárias da FAPSS/SCS desde 2005, cuja convivência e construção
coletiva foram imprescindíveis para o desenvolvimento do presente estudo e da minha
formação enquanto pessoa e profissional.
5
Ao meu querido supervisor Thomás Mariano Rodrigues, que embora tenhamos
perdido o contato, foi muito importante para que eu desenvolvesse esse estudo.
À Solange Aparecida Massari, mestre e amiga, que incentivou para que eu
realizasse o mestrado e se fez presente durante todo o seu desenvolvimento através de
reflexões, críticas, discussões.
Às queridas amigas que conquistei durante o mestrado, Núbia e Sandra. Por
todas às vezes que compartilhamos nossas alegrias, angústias, dúvidas, conflitos e,
principalmente construímos a nossa amizade. Obrigada, amigas, por fazerem parte da
minha história!
À Rosiléa Clara Werner, que desde o início colaborou para que eu desvendasse
meu objeto de pesquisa. Obrigada, amiga!
À Mirela Ferraz, pelo reencontro, pelo nosso objeto de estudo, pelas discussões e
pela amizade que construímos.
Aos colegas do NEMESS, que durante as exposições do projeto de pesquisa,
trouxeram contribuições significativas para o meu estudo.
A todos os colegas do mestrado, que levarei no coração, pois fazem parte da
minha história!
6
"A construção do caminho novo [...] está ao alcance de todos aqueles que confiam na
sua força de fazer e modificar a história”.
7
RESUMO
Título:
A Supervisão de Estágio na Formação Profissional do Assistente Social: uma
análise na Faculdade Paulista de Serviço Social de São Caetano do Sul
Autor:
Juciléia Aparecida Nascimento
O presente estudo tem como objetivo analisar o processo de supervisão de estágio na
formação profissional do assistente social na Faculdade Paulista de Serviço Social de
São Caetano do Sul (FAPSS/SCS), a partir da implantação do atual currículo pautado
nas diretrizes curriculares propostas pela ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e
Pesquisa em Serviço Social) no ano de 1996. Nossa pesquisa, de caráter qualitativo,
envolveu um estudo documental, tanto dos arquivos e materiais da própria Faculdade,
como das concepções sobre supervisão e estágio; sobre elas, construímos um
dossier
tentando capturar os diferentes modos de pensar a questão, no âmbito do pensamento de
alguns autores que trataram o assunto no Serviço Social. Como sujeitos principais da
pesquisa estabelecemos os supervisores da FAPSS/SCS, e com eles desenvolvemos o
grupo focal,
instrumento que favoreceu a obtenção de maiores conhecimentos sobre a
prática da supervisão e as possíveis mudanças que ocorreram no campo de estágio após
o novo currículo. Realizamos também,
entrevistas semi-estruturadas
com as
representantes do Departamento de Estágio para apreendermos a supervisão na
formação profissional antes e durante a implantação do atual currículo. A mudança
substantiva apontada pelas supervisoras e observada na FAPSS/SCS foi a introdução
das
oficinas mensais
, que, embora indicadas como importantes, não são suficientes para
imprimir maior aproximação entre Faculdade e campo de estágio devido as limitações e
contradições presentes na dinâmica cotidiana das instituições campos de estágio. Outro
aspecto que não é tratado no currículo, mas bastante enfatizado pelas supervisoras é a
necessidade da preparação formativa para o exercício da supervisão. Ainda hoje são
muitas as inquietações que permeiam o exercício da supervisão de estágio, indicando a
necessidade de torná-la também prioridade na formação profissional do assistente
social, a partir da articulação entre todos os sujeitos envolvidos nesse processo.
8
ABSTRACT
Title:
The Apprenticeship’s Supervision in the Professional Formation of Social Works:
an analysis in the College Paulista of Social Work at São Caetano do Sul
Author:
Juciléia Aparecida Nascimento
This present study analyzed the process of the apprenticeship’s supervision during the
professional formation of social works in the College Paulista of Social Work at São
Caetano do Sul (FAPSS/SCS), since the implantation of the current curriculum
according to the curricular lines indicated by ABEPSS (Brazilian Association of
Teaching and Research in Social Work) in the year of 1996. Our research, which has a
quality character, involved a documental study of archives and materials of the proper
College, such as the conceptions about supervision and apprenticeship; about them, we
built a
dossier
trying to capture different ways to think the issue, in the scope of the
thoughts of some authors who had treated this question in the Social Work. As our
research’s main subjects, we established them as the supervisors of FAPSS/SCS, and
with them we had developed the focal group, instrument that allowed us to get more
knowledge about the practice of supervision and the possible changes that happened in
the apprenticeship’s field after the new curriculum. We also had done interviews half –
structuralized with the representatives of the Department of Apprenticeship to learn
about the supervision in the professional formation before and during the implantation
of the current curriculum. The most substantive change pointed by the supervisors and
which was observed in the FAPSS/SCS, it was the introduction of the monthly
workshops, that, although those workshops were indicated as important, they are not
enough to reach a bigger approach between the College and the apprenticeship’s field,
because of the limitations e contradictions in the daily dynamics of the institutions
where happens the training period. Another aspect that it is not treated in the
curriculum, even though it has been emphasized by the supervisors, it is the need of
preparation in the moment of graduation to the exercise of the supervision. Still today,
there are many issues that keep worrying the professionals in the moment of the
apprenticeship’s supervision, indicating the needs to also make it priority in the
professional formation of social works, always having in mind the articulation between
all the subjects involved in this process.
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
10
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa de Serviço Social
ABESS – Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social
CASMU – Comissão de Assistência Social do Município de São Paulo
CEAS – Centro de Estudos e Ação Social
CES – Câmara de Educação Superior
CEDEPSS – Centro de Documentação e Pesquisa em Políticas Sociais e Serviço Social
CFE – Conselho Federal da Educação
CFESS – Conselho Federal de Serviço Social
CNE – Conselho Nacional de Educação
COFIs - Comissões de Orientação e Fiscalização
ESS/SP – Escola de Serviço Social de São Paulo
FAPSS/SCS – Faculdade Paulista de Serviço Social de São Caetano do Sul
FAPSS/SP – Faculdade Paulista de Serviço Social de São Paulo
FPP – Fundamentos da Prática Profissional
FTM – Fundamentos Teóricos Metodológicos do Serviço Social
IAPI – Instituto de Aposentadorias e Pensões dos Industriários
ISS/SP – Instituto de Serviço Social de São Paulo
JUC – Juventude Universitária Católica
LBA – Legião Brasileira de Assistência
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
MEC – Ministério da Educação
11
PDI – Plano de Desenvolvimento Institucional PUC/SP – Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo
SENAC – Serviço Nacional de Aprendizagem da Indústria
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem da Indústria
SESC – Serviço Social do Comércio
SESI – Serviço Social da Indústria
SPR - The São Paulo Railways
12
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ... 13
CAPÍTULO I – AS FACULDADES PAULISTA DE SERVIÇO SOCIAL... 19
1 - A T
RAJETÓRIA DASF
ACULDADESP
AULISTA DES
ERVIÇOS
OCIAL... 19
1.1 - O município de São Caetano do Sul na região do ABC Paulista ... 25
1.2 – A fundação da Faculdade Paulista de Serviço Social de São Caetano do Sul -
FAPSS/SCS ... 28
2 – A F
ORMAÇÃOP
ROFISSIONAL NAFAPSS/SCS ... 31
3- A S
UPERVISÃO DEE
STÁGIO NAFAPSS/SCS:
PASSADO E PRESENTE... 38
CAPITULO II – (RE)CONSTRUINDO O CAMINHO DA SUPERVISÃO DE
ESTÁGIO NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL ... 51
1 – O E
STÁGIO NAF
ORMAÇÃOP
ROFISSIONAL DOA
SSISTENTES
OCIAL... 53
2 – A S
UPERVISÃO NAF
ORMAÇÃOP
ROFISSIONAL DOA
SSISTENTES
OCIAL... 58
3 – A S
UPERVISÃO E OE
STÁGIO A PARTIR DASD
IRETRIZESC
URRICULARES DAABEPSS ... 68
CAPITULO III – PROCEDIMENTOS E DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
... 79
1. E
STUDO DOCUMENTAL E BIBLIOGRÁFICO... 79
2- V
ISITAS PARA OBTENÇÃO DE DADOS... 80
3- O G
RUPOF
OCAL... 91
4
-
A
NÁLISE DOG
RUPOF
OCAL... 99
4.1 – A Supervisão e o Estágio no Cotidiano da Prática Profissional ...
100
4.2 – A Relação Supervisor e Estagiário...
115
4.3 – A Relação Supervisor e FAPSS/SCS ...
116
CONSIDERAÇÕES FINAIS... 125
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 131
ANEXOS...142
ANEXO I - QUADRO DE CONCEITOS SOBRE A QUESTÃO DO ESTÁGIO
SUPERVISIONADO EM SERVIÇO SOCIAL...143
ANEXO II - MODELO DE ENTREVISTA SEMI - ESTRUTURADA
UTILIZADA NA PESQUISA...229
ANEXO III – MODELO DE QUESTIONÁRIO PARA CARACTERIZAÇÃO
DOS SUPERVISORES QUE PARTICIPARAM DO GRUPO FOCAL...230
13
INTRODUÇÃO
Abordar a supervisão de estágio na formação profissional do assistente social foi
para nós um desafio e ao mesmo tempo um grande aprendizado. Essa atividade se dá
permeada de incertezas, inseguranças, tendo em vista sempre a busca por novos
caminhos, conhecimentos e ações. É nesse momento que indagamos, que buscamos
conhecimentos, que permitem com que muitas vezes avancemos, com que busquemos
respostas na vida, na arte, na educação, no contato com o outro, nas limitações presentes
no cotidiano da prática profissional. E mais do que isso, exercer a supervisão permite
que participemos na construção do outro no que diz respeito a sua formação e
identidade profissionais.
O interesse em estudar a supervisão de estágio surgiu a partir de questionamentos
que se fizeram presentes no decorrer da nossa graduação no curso de Serviço Social e,
atualmente, no cotidiano da prática profissional exercendo a função de supervisora.
Inicialmente procurávamos respostas para as seguintes perguntas: Em que consiste a
supervisão em Serviço Social? Como ela se configura na formação e no cotidiano da
prática profissional? De quem seria a responsabilidade pelo processo de supervisão? A
graduação é suficiente para que o profissional exerça a supervisão? Qual o melhor modo
de exercê-la? A supervisão compete apenas ao supervisor da instituição campo de
estágio?
14
sociedade e conseqüentemente na profissão a partir da década de 1990, ambas
continuam sendo atividades presentes na formação profissional e no cotidiano da prática
profissional dos assistentes sociais. Com relação ao estágio Ferreiro Pinto (1997, p. 50)
afirma que:
mediante a experiência do estágio é possível que o aluno estabeleça relações imediatas entre os conhecimentos teóricos que já tem e os que estão em processo de construção, e a realidade da prática profissional, a partir das quais, pode desenvolver sua capacidade técnico-operativa e as habilidades desejáveis ao exercício profissional.
Observamos com isso a importância do estágio para a formação profissional do
estagiário, já que lhe propicia o contato com a prática cotidiana, refletindo sobre os
modos de intervenção, de construção e de reconstrução dos saberes profissionais.
Porém, para a realização do estágio é necessário que haja supervisão. Compartilhamos
da afirmação de Ferreiro Pinto (1997, p. 56-57), de que a supervisão no ensino do
Serviço Social adquire duas formas distintas: prática docente, realizada pelo professor
supervisor no curso e acompanhamento das atividades práticas do aluno na instituição
campo de estágio realizada pelo supervisor.
15
fragilidade do ensino teórico. Desta forma, a aprendizagem reduzir-se-ia à sobreposição
de conhecimentos teóricos à prática.
É possível observarmos a preocupação quanto o distanciamento entre instituições
campos de estágio e instituições de ensino o que concorre ainda mais para a
fragmentação entre ensino teórico e ensino prático do Serviço Social. É histórica em
nossa profissão a dificuldade para articular os conhecimentos teóricos com a atividade
prática profissional.
No dia 08 de novembro de 1996 é aprovada em Assembléia Geral da ABESS
(Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social) a Proposta Nacional de Currículo
Mínimo para o Curso de Serviço Social, atualmente denominadas diretrizes curriculares
da ABEPSS (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social)
1. Essas
novas diretrizes apresentam como proposta superar a fragmentação do processo de
ensino-aprendizagem, tendo como um de seus princípios a “indissociabilidade entre
estágio e supervisão acadêmica e profissional”.
Nessas diretrizes o estágio, denominado como estágio supervisionado, consiste
em:
atividade curricular obrigatória que se configura a partir da inserção do aluno no espaço sócio-institucional objetivando capacitá-lo para o exercício do trabalho profissional, o que pressupõe supervisão sistemática. Esta supervisão será feita obrigatoriamente pelo professor supervisor e pelo profissional do campo, através da reflexão, acompanhamento e sistematização com base em planos de estágio, elaborados em conjunto entre Unidade de Ensino e Unidade Campo de Estágio [...].
Na definição já há menção quanto aproximação entre instituições campo de
estágio e de ensino para realização da supervisão, mencionando inclusive a presença do
supervisor e do professor supervisor.
16
Diante das diretrizes curriculares propostas pela ABEPSS, surge-nos a seguinte
questão: Com a implantação do novo currículo no curso de Serviço Social quais as
mudanças que ocorreram com relação ao tratamento dispensado à supervisão de estágio
na formação profissional do assistente social?
Na tentativa de responder a essa questão, realizamos o presente estudo tendo
como campo de pesquisa a Faculdade Paulista de Serviço Social de São Caetano do Sul
(FAPSS/SCS) que iniciou a discussão sobre as mudanças do currículo pautadas nas
diretrizes curriculares da ABEPSS a partir de 1999. O currículo atual da FAPSS/SCS
foi implantado no ano de 2005. Fundada em 1966 no município de São Caetano do Sul,
como uma extensão do curso de Serviço Social da Faculdade Paulista de Serviço Social
de São Paulo, foi a primeira Faculdade a ser instalada no município.
Pretendemos com este estudo analisar o processo de supervisão de estágio na
formação profissional do assistente social na Faculdade Paulista de Serviço Social de
São Caetano do Sul (FAPSS/SCS) após a implantação do atual currículo do curso,
pautado nas diretrizes curriculares propostas pela ABEPSS. Tomamos como período de
análise o ano de 2006, um ano após a implantação do currículo.
Compartilhamos com a afirmação de Buriolla (1996, p. 19) de que “a supervisão
em Serviço Social, para ser analisada e compreendida, precisa ser configurada e
considerada como parte integrante da formação e do exercício profissional”. É por esta
razão que nossa análise se pautará no tratamento da supervisão de estágio no atual
currículo da FAPSS/SCS e também no cotidiano da prática profissional do assistente
social supervisor.
17
•
verificar qual tratamento que tem sido dado a supervisão de estágio no
atual currículo da FAPSS/SCS;
•
conhecer os tipos de acompanhamentos que a FAPSS/SCS realiza com os
supervisores;
•
compreender a supervisão de estágio no cotidiano da prática profissional
dos assistentes sociais que realizam supervisão de estagiários da FAPSS/SCS
Em razão desses objetivos, optamos por uma pesquisa qualitativa que se pautou,
no caso da FAPSS/SCS, em pesquisa documental e entrevistas semi-estruturadas com
profissionais que compõem o Departamento de Estágio; para os supervisores, optamos
pela utilização do “grupo focal”, aproveitando a experiência de supervisão vivenciada
por cada um deles no cotidiano de suas práticas profissionais.
No primeiro capítulo abordaremos a história da FAPSS/SCS no contexto do
Serviço Social, abordando seu surgimento no município, o processo de formação
profissional assim como a configuração da supervisão de estágio no passado e no
presente.
No segundo capítulo trabalharemos com alguns elementos teóricos significativos
que envolvem a supervisão, o estágio, a formação profissional e as diretrizes
curriculares da ABEPSS. Introduziremos esses temas no contexto do Serviço Social,
visando identificar possíveis mudanças no tratamento da supervisão e do estágio na
formação e no cotidiano da prática profissional do assistente social.
18
19
CAPÍTULO I – AS FACULDADES PAULISTA DE SERVIÇO SOCIAL
Para analisarmos a supervisão de estágio no processo de formação da Faculdade
Paulista de Serviço Social de São Caetano do Sul (FAPSS/SCS), iniciaremos com o
resgate histórico do Instituto de Serviço Social de São Paulo (ISS/SP). O ISS/SP teve
uma participação significativa no curso de Serviço Social no Brasil, principalmente na
formação de profissionais do sexo masculino. Atualmente ele é conhecido como
Faculdades Paulista de Serviço Social de São Paulo e de São Caetano do Sul.
A FAPSS/SCS foi criada em 1966 como uma extensão da Faculdade Paulista de
Serviço Social de São Paulo (FAPSS/SP). Foi a primeira instituição de ensino superior
no município de São Caetano do Sul e a primeira a realizar o curso de Serviço Social na
região do ABC Paulista, cabendo-lhe a responsabilidade pela expansão do mercado de
trabalho do assistente social na região.
1 - A Trajetória das Faculdades Paulista de Serviço Social
Os primeiros movimentos verificados no Brasil para a criação do Serviço Social
ocorreram na década de 1930. Em 1932 foi formado o Centro de Estudos e Ação Social
(CEAS) com a finalidade de contribuir para a divulgação dos princípios da ordem cristã
e de preparar “trabalhadoras sociais”. Segundo Iamamoto & Carvalho (2003, p. 169):
20
O CEAS fundou em 1
o. de fevereiro de 1936, com o apoio das autoridades
eclesiásticas da Igreja Católica, a Escola de Serviço Social de São Paulo (ESS/SP) para
realização do curso para mulheres.
Logo nos primeiros anos de funcionamento da ESS/SP, sentiu-se a necessidade
de formar profissionais do sexo masculino. Foi então organizado um curso no período
noturno, para atender aos interesses dos alunos que trabalhavam durante o dia, pois a
Escola funcionava apenas no período matutino. Com relação às razões que levaram o
ingresso de homens no curso, Luiz Carlos Mancini, que integrou no final da década de
1930 a primeira turma mista da ESS/SP, em entrevista cedida a Bertelli (2004, p. 57-58)
diz que:
no fim da década de 30 resolveram criar em São Paulo o Departamento de Assistência Social, que foi o primeiro Departamento de Assistência Social a ser criado no Brasil [...]. Descobriu-se que não havia profissionais para integrar o Departamento e promoveram um curso para a formação de pesquisadores sociais. [...] No ano seguinte, foram escolhidos alguns homens com inclinação social para integrar esse grupo [...] e a condição era a pessoa fazer o curso e após dois anos entrar para o Departamento. [...]
Os cursos mistos tinham como objetivo formar um número específico de
profissionais do sexo masculino para atender a uma necessidade do Departamento de
Serviço Social do Estado de São Paulo. Após a formação destes, o curso deixou de ser
realizado no período noturno pela ESS/SP, como nos afirma Betetto
2(2006, p. 6):
[...] a Escola de Serviço Social recusou-se a manter o curso noturno porque seu propósito era formar apenas um número limitado de profissionais masculinos, tidos como necessários para atender a demanda daquela época. Com esse procedimento, somente os alunos que tinham possibilidade passaram a freqüentar o curso pela manhã; os outros viram-se obrigados a abandoná-lo. Houve muitas tentativas visando à reabertura do curso noturno, mas os resultados mostraram-se infrutíferos. Todavia não se podia perder o ânimo dos alunos nem prejudicar aqueles que já haviam iniciado o curso. Em
2 Heliton Betetto é assistente social, cursou o Serviço Social no ISS/SP entre 1954 e 1956. Na década de 1960
21
vista disso, um grupo de Assistentes Sociais e professores reunidos – pertencentes aos quadros da Juventude Universitária Católica – estudou a possibilidade concreta de fundar um “estabelecimento para a formação de Assistentes Sociais masculinos”. Desse esforço nasceu o Instituto de Serviço Social – ISS – hoje Faculdade Paulista de Serviço Social.
Como verificamos na afirmação de Betetto, para continuar a formação de
assistentes sociais do sexo masculino no período noturno um grupo ligado a Juventude
Universitária Católica (JUC) criou o ISS/SP. Com relação a este grupo, Betetto (2006,
p. 6) diz que:
dentre as pessoas que trabalharam para a criação do Instituto de Serviço Social encontravam-se os professores André Franco Montoro, Francisco de Paula Ferreira, José Pinheiro Cortez, Ugo Guimarães Malheiros, Luiz Carlos Mancini, Tolstoi de Paula Ferreira, os doutores Plínio Corrêa de Oliveira, Fernando Furquim de Almeida, José Pedro Galvão de Souza, José Benedito Pacheco Sales, João Payão Luz, Geraldo Gomes Corrêa e o cônego Sílvio de Moraes Matos.
Em pesquisa realizada por Bertelli (2004, p. 60), na Revista Serviço Social, do
ISS/SP, na edição de setembro de 1943, localizou a seguinte definição para o ISS/SP:
o Instituto de Serviço Social é uma organização católica, fundada em 1940 sob os auspícios da ‘Juventude Universitária Católica’, tendo por finalidade o estudo dos problemas sociais e a formação de assistentes sociais do sexo masculino.
No dia 02 de março de 1940 foi instalado oficialmente o ISS/SP, em sessão
solene no salão da Biblioteca do Ginásio do Mosteiro de São Bento. Foi a segunda
unidade de ensino em Serviço Social na capital paulista e a primeira masculina da
América Latina (Bertelli, 2004, p. 58).
22
Comércio (SESC), Serviço Nacional de Aprendizagem do Comércio (SENAC), Legião
Brasileira de Assistência (LBA), Serviço Social da Indústria (SESI), Comissão de
Assistência Social do Município de São Paulo (CASMU) e do próprio ISS/SP.
Desde a sua fundação até 1941
o ISS/SP funcionou nas instalações da Faculdade
de Filosofia, Ciências e Letras de São Bento, da Ordem Beneditina. Em 1942 mudou-se
para as instalações da Rua Quintino Bocaiúva, 176, Edifício das Arcadas, também com
a participação da JUC.
Em 10 de outubro de 1946 o ISS/SP, a ESS/SP e o Instituto Social do Rio de
Janeiro, fundaram a Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social (ABESS).
Schmickler e Ribeiro (s/d, p. 457)
3afirmam que:
a preocupação inicial e principal da ABESS é com a regulamentação do ensino de Serviço Social em nível único e superior no Brasil, além de buscar promover adoção de um padrão mínimo de ensino, intercâmbio e colaboração entre seus membros, assim como representar os interesses coletivos das escolas.
Nesse mesmo ano o ISS/SP tornou-se um dos elementos na constituição da
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Sobre esta questão, Betetto (2006, p. 7
)
afirma que
:
naquela época, para a existência de uma Universidade, a lei exigia o funcionamento de, pelo menos, cinco Faculdades, de diferentes áreas do saber. O Instituto de Serviço Social e a Escola de Serviço Social, independentemente, participaram daquela criação, que se concretizou a 22 de agosto de 1946. Nesse momento o I.S.S. passou a ser Instituição Complementar da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, depois Faculdade Agregada à PUC/SP.
3 Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/455a528_graduacao.pdf>. Acesso em: 14 de maio de
23
No período de 1949, o ISS/SP transformou-se na Sociedade de Serviço Social,
pessoa jurídica, entidade mantenedora, à qual o próprio ISS/SP passou a pertencer, com
a finalidade de ministrar o curso. (Betetto, 2006, p. 6-7).
Constatamos no ano de 1959 o registro da primeira aluna do sexo feminino a
integrar a turma do ISS/SP no período noturno. A partir dessa data, a presença das
mulheres aumenta gradativamente no curso que inicialmente era voltado apenas para
formação de profissionais masculinos.
4Na década de 1960 o Brasil vivenciou um período de mudanças. Dentre elas
destacamos na política o governo de João Goulart (1961-1964). O então presidente
realizou a abertura às organizações sociais: estudantes, organizações populares e
trabalhadores ganharam espaço. Essa abertura causou certa preocupação para as classes
conservadoras, tais como: empresários, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe
média. Este estilo populista e de esquerda chegou a gerar até mesmo preocupação nos
Estados Unidos da América, que junto com as classes conservadoras brasileiras, temiam
um golpe comunista. Em 1964 ocorreu o Golpe Militar e iniciou-se o período da
Ditadura Militar no Brasil, que se arrastou até o ano de 1985. Esta época foi
caracterizada pela falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, censura,
perseguição política e repressão aos que eram contra o regime militar.
Com o movimento iniciado pelo Centro Acadêmico 03 de Março, em 1962 o
ISS/SP teve seu nome mudado para Faculdade Paulista de
Serviço Social. A Sociedade
de Serviço Social, mantenedora da Faculdade, visando não extinguir o nome do ISS/SP,
24
manteve com o mesmo nome um órgão de estudos e de pesquisa científica na área
social.
Um ano após o início da Ditadura Militar, em 1965, o então prefeito de São
Caetano do Sul, Hermógenes Walter Braido convidou a Sociedade de Serviço Social
para a criação do curso de graduação em Serviço Social no município. O curso
tornaria-se extensão da FAPSS/SP. Nestornaria-se período a Faculdade ainda era agregada à PUC/SP. O
curso passou a funcionar no município em 1966.
5No período compreendido entre 1971/1972, em conseqüência da Reforma
Universitária, determinada pela Lei n
o5540 de 28/11/1968, que fixou normas de
organização e funcionamento do ensino superior e sua articulação com a escola média, e
outras providências, foi oferecida à FAPSS/SP a transformação da figura de agregação
para a de incorporação a PUC/SP. Com isso todo o acervo da Faculdade passaria à
gerência da Fundação São Paulo, mantenedora da PUC/SP, e esta conduziria a aplicação
do curso. É bem provável que uma das possibilidades que levaram a PUC/SP a realizar
este convite à FAPSS/SP tenha relação com o artigo 2
o. da Lei que diz: “O ensino
superior, indissociável da pesquisa, será ministrado em universidades e,
excepcionalmente, em estabelecimentos isolados, organizados como instituições de
direito público ou privado
.
” A Congregação da FAPSS/SP rejeitou a incorporação
proposta pela PUC/SP após debates com sua administração, docentes e discentes e
manteve-se na figura de Instituto de Ensino Superior.
A assinatura da desvinculação da FAPSS/SP da agregação a PUC/SP ocorreu em
1972 pelo então presidente da Sociedade de Serviço Social, professor Sérgio Furhmann,
e pelo professor Heliton Betetto. Em agosto do mesmo ano, a Faculdade transferiu-se
25
para a Rua Sabará, 413 – Higienópolis, com autorização do Departamento de Assuntos
Universitários do Ministério da Educação e
Cultura. Em 1980, com a aquisição de
instalações próprias, a FAPSS/SP transferiu-se para a Rua Lopes Chaves, 273, Barra
Funda, onde permanece até hoje.
1.1 - O município de São Caetano do Sul na região do ABC Paulista
A região do ABC Paulista é formada por 07 municípios: Santo André, São
Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande
da Serra. Dentre as cidades que compõem a região, destacaremos o município de São
Caetano do Sul, local em que foi criada a FAPSS/SCS em 1966.
O município de São Caetano do Sul possui 15 Km
2de extensão territorial.
Atualmente tem uma população aproximada de 140.144 habitantes
6. Foi fundada em 28
de julho de 1877, quando o primeiro grupo de italianos chegou ao Núcleo Colonial da
então chamada Fazenda São Caetano. Os habitantes do Núcleo Colonial dedicaram-se,
no primeiro momento, ao trabalho agrícola e ao cultivo de videiras. Logo em seguida,
foi despertado o interesse pela várzea compreendida entre os rios Tamanduateí e
Meninos, local rico em argila. Com isso foram surgindo estabelecimentos que se
dedicaram ao fabrico de telhas, tijolos e louças.
Um dos fatores de aceleração do progresso da antiga fazenda foi a implantação
dos trilhos da The São Paulo Railways (SPR), que se tornou popularmente conhecida
como
Inglesa,
na segunda metade do século XIX. A ferrovia ligava São Paulo a Santos,
com a finalidade de escoar a produção do café procedente do oeste paulista. Além
6 Informações obtidas no site da Prefeitura Municipal de São Caetano do Sul. Constam como fontes destas
26
disso, com a vinda das indústrias, estas procuravam alinhar-se perto da ferrovia com o
intuito de facilitar o transporte de suas mercadorias e matéria-prima.
Até o ano de 1899 toda a região do ABC Paulista pertencia a São Paulo. São
Bernardo
7era apenas um bairro que incluía todos os municípios hoje existentes na
região. Em 12 de março do mesmo ano, a província de São Paulo criou o município de
São Bernardo, que abrangia praticamente toda a região. São Caetano, porém, devido a
sua proximidade com a capital, permaneceu como bairro de São Paulo. Em 1905, São
Caetano, que já era um dos mais importantes setores produtivos de São Paulo, foi
reconhecido como Distrito Fiscal. E em 1916 o bairro é transformado em Distrito de
Paz.
A indústria Cerâmica São Caetano instalou-se no Distrito em 1912. Em seguida,
vieram atraídos pela proximidade com o centro de São Paulo e pelas facilidades
oferecidas pelos vagões de passageiros e carga da SPR, as Indústrias Reunidas
Matarazzo e a General Motors do Brasil. Além dessas muitas outras se instalaram, o que
contribuiu para que o local se tornasse um grande centro industrial.
As indústrias encontraram no núcleo de imigrantes italianos e seus descendentes
a primeira fonte de mão-de-obra adequada para as suas necessidades. Mais tarde, as
Vilas Operárias que se formavam em torno das indústrias instaladas na área suburbana
de São Caetano começaram a atrair os migrantes.
A política era dividia entre os Flaquer, de Santo André, e Saladino Franco, do
denominado município de São Bernardo que disputavam o comando da região. São
Caetano era o responsável por mais da metade da renda da região; obtinha arrecadações
7 O designativo “do Campo”, aplicado a São Bernardo, surge da instalação do atual município, em 1o. de
27
elevadas que atraíam o interesse dos políticos. O bairro também era o que mais pagava
impostos, taxas. Isso fez com que surgissem movimentos para a sua emancipação.
Em 1938 a região passa por uma nova reorganização. Com isso é criado o
município de Santo André, o que resultou no desaparecimento do município de São
Bernardo. São Caetano, de Distrito da Paz, passa para 2
a. Zona Distrital de Santo André.
Em 1944, São Caetano passou a ser o 2
o. Subdistrito de Santo André.
No ano de 1946 aumentava o desejo dos sancaetanenses de se emanciparem de
Santo André. Esse desejo concretizou-se em 24 de outubro de 1948. O governador do
Estado de São Paulo, Adhemar de Barros, criou em 24 de dezembro de 1948, o
município de São Caetano do Sul, acrescentando-lhe o apêndice do Sul, para
distingui-lo de cidade homônima pernambucana.
Na década de 1960 todas as cidades que compreendiam a região do ABC
Paulista já haviam conquistado sua independência político-administrativa. São Bernardo
do Campo, Santo André e São Caetano do Sul eram as cidades que dividiam a força
econômica da região.
A região do ABC Paulista tornou-se o primeiro centro da indústria
automobilística brasileira, sendo sede de diversas montadoras, dentre as quais podemos
citar: Mercedes-Benz, Volkswagen, Ford e General Motors. A General Motors,
inclusive, permanece instalada no município de São Caetano do Sul até hoje. Com
relação ao desenvolvimento da região, Donato (2007)
8nos afirma que:
foi durante as décadas de 50 e 60, período em que a industrialização no Brasil era forte e ativa que o Grande ABC deu um grande passo, evoluiu e deixou sua marca na história. Devido as situações favoráveis como grande quantidade de terras planas oferecidas às empresas a preços baixos, proximidade do Porto de Santos, rápido acesso rodoviário interligando o
8 DONATO, Rita. A industrialização transformou a região. Disponível em:
28
Porto com o mercado consumidor (São Paulo) e a existência de mão-de-obra local, a região agregou grandes empresas, a maior parte delas do ramo automobilístico e têxtil e tornou-se um dos maiores pólos industriais do país.
Porém, esse quadro da região passou a sofrer mudanças significativas. Segundo
Donato (2007)
9:
até meados de 1970, a região era líder absoluta na produção de veículos do território nacional. Porém, com a alta carga tributária, as facilidades da tecnologia moderna e a mudança de comportamento dos trabalhadores que passaram a reivindicar melhorias, muitas indústrias gradativamente deixaram a região para se instalarem em cidades do interior paulista onde, além de incentivos fiscais, encontraram mão-de-obra mais barata, comparando com regiões metropolitanas.
Na década de 1990 a indústria entra em crise. A região, considerada como um
dos maiores pólos industriais do país passa a ser um grande centro comercial. Inicia-se a
época da popularização do setor de serviços terceirizados e dos shoppings, que passam a
ocupar os prédios das antigas fábricas.
1.2 – A Fundação da Faculdade Paulista de Serviço Social de São Caetano do Sul -
FAPSS/SCS
Conforme afirmação de Donato (2007) no tópico anterior, nas décadas de 1950 e
1960 a região do ABC Paulista agregou grandes empresas, inclusive do ramo
automobilístico e têxtil. Com a vinda das empresas, um número acentuado de
trabalhadores provenientes de vários Estados do país migraram para a região.
Constatamos através de documentos consultados na Fundação Pró-Memória de São
9 DONATO, Rita. Das fábricas aos shoppings. Disponível em:
29
Caetano do Sul
10que nesse período houve o aumento de cortiços no município. Na
década de 1960 o país vivenciava o período da Ditadura Militar (1964-1985).
A prática do Serviço Social consolidava-se em um desenvolvimentismo que
trazia como eixo central a industrialização para firmar o capitalismo. (Coelho, 2003, p.
20). Sobre este aspecto Netto (2007, p.122) afirma que:
[...] os fenômenos de pauperização relativa (e, nalguns casos, absoluta) de amplos setores da população, as seqüelas do desenvolvimento orientado para privilegiar o grande capital, os processos de migração que inflaram as regiões urbanas etc. – compeliram organizações de filantropia privada a requisitar, como antes não o faziam, o concurso de profissionais.
Em 1965 o então prefeito de São Caetano do Sul, Sr. Hermógenes Walter Braido,
convidou à Sociedade de Serviço Social, entidade mantenedora da FAPSS/SP, para a
criação do curso de Serviço Social no município. Segundo Betetto (2006, p. 7
)
“como
nos níveis primário e secundário a cidade já se encontrava em condições de atender a
toda a demanda, o prefeito buscou oferecer à população jovem o ensino superior.”
Mediante o convite a FAPSS/SP, referenciada nesse período pelo Conselho
Universitário da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, criou-se a extensão do
curso de graduação em Serviço Social em São Caetano do Sul. Consideramos que essa
solicitação deva-se também ao crescimento industrial e populacional, que resultou no
surgimento de novas expressões da questão social na região.
Netto (2007, p. 122) nos mostra que a década de 1960 representou a inserção do
Serviço Social nas empresas, um dos setores predominantes na região do ABC Paulista:
[...] o crescimento social que se opera nos anos do “milagre”, torna este segmento do mercado de trabalho algo extremamente expressivo – é a partir de então que, entre nós, pode-se falar propriamente de um Serviço Social de empresa [...]. Cabe salientar que o espaço empresarial não se abre ao Serviço
10 A Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul é uma autarquia municipal, criada em 12 de junho de 1991. Seu
30
Social apenas em razão do crescimento industrial, mas determinado também pelo pano de fundo sociopolítico em que ele ocorre e que instaura necessidades peculiares de vigilância e controle da força de trabalho no território da produção.
Diante disso, é provável que essas tenham sido as razões pelas quais teria-se
optado pela criação do curso de Serviço Social no município de São Caetano do Sul.
11Em 17 de janeiro de 1966, foi fundada a Faculdade Paulista de Serviço Social de
São Caetano do Sul – FAPSS/SCS, instituição de ensino superior privada, formando a
primeira turma de assistentes sociais em 1969. Foi a primeira instituição de ensino
superior do município e a segunda a ser implantada na região do ABC Paulista. Suas
atividades iniciaram-se no prédio da Prefeitura localizado na Av. Goiás, 2000.
Com o crescimento da região na década de 1970, o município de São Caetano do
Sul, em virtude da sua localização, recebia um alto fluxo de veículos vindo de diversas
regiões de São Paulo. Consistia em rota inevitável para os caminhões que transportavam
matéria-prima para os centros produtores, tais como Santo André e São Bernardo do
Campo. Sua região central ficava praticamente paralisada pelos congestionamentos.
Para amenizar o problema, foi realizado o prolongamento da Avenida Goiás, uma de
suas principais avenidas. Com o prolongamento da Avenida, a FAPSS/SCS foi
transferida para outro prédio da Prefeitura, localizado na Avenida Paraíso, 600 – Bairro
Oswaldo Cruz, local onde permanece até hoje.
Em 1972, o curso de Serviço Social de São Caetano do Sul foi autorizado a
funcionar independentemente, pelo Conselho Federal de Educação. Em 1974 o curso foi
oficialmente reconhecido pelo Decreto Federal 74.349 de 2/8/74. A partir dessa data a
Sociedade de Serviço Social de São Paulo passou a ser entidade mantenedora da
11 Em pesquisa realizada na Fundação Pró-Memória de São Caetano do Sul, não foi possível ter maiores informações
31
FAPSS/SCS e da FAPSS/SP. Para ilustrar as mudanças ocorridas, ambas possuem
direção e currículos independentes. Essa independência fica mais evidente após as
mudanças curriculares ocorridas a partir de 2002 na FAPSS/SCS.
A FAPSS/SCS tem como missão:
formar profissionais capazes de intervir nas múltiplas relações sociais, conscientemente comprometidos em dirigir suas ações em defesa dos direitos sociais, da justiça, em prol do acesso democrático dos excluídos aos bens e serviços oferecidos pela sociedade.
Formar profissionais que além de investigativos, especialistas e generalistas, aprendam a intervir com ações concretas na realidade circunstante. (Plano de Desenvolvimento Institucional [PDI] da FAPSS/SCS, 2005, p. 8)
Em 40 anos de sua criação a FAPSS/SCS já diplomou 36 turmas de assistentes
sociais, cerca de 4.000 profissionais formados até o ano de 2006. De acordo com o seu
Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) de 2005, a maioria desses profissionais
atua em grandes empresas, fundações, universidades, órgãos públicos, instituições de
utilidade pública, civis e religiosas, em organizações não governamentais (ONGs) e
assistenciais localizados na região do ABC Paulista.
2 – A Formação Profissional na FAPSS/SCS
Antes de abordarmos a formação profissional na FAPSS/SCS a partir da
implantação do atual currículo do curso, em 2005, pautado nas diretrizes curriculares
propostas pela Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social
(ABEPSS), faremos uma retrospectiva sobre o seu currículo anterior. Isso possibilitará
que comparemos os dois currículos para melhor compreensão destas mudanças.
32
Serviço Social (Teoria, História, Metodologia, Ética Profissional, TCC (Trabalho de
Conclusão de Curso), Estágio, Pesquisa e Seminário de Formação) e disciplinas afins
(Antropologia, Sociologia, Psicologia, Economia, Administração e Filosofia). Havia o
currículo mínimo, constituído pelas disciplinas obrigatórias e o currículo pleno,
constituído pelas disciplinas complementares. De acordo com a ata da reunião de
Congregação da Faculdade (2006, p. 5) “essa estrutura fragmentava o curso devido a
falta de articulação entre as disciplinas”. A partir do currículo vigente no ano de
2000
12, observamos que o curso era divido em dois ciclos: básico e profissional, os
quais veremos a seguir:
Quadro n
o1- Currículo das FAPSS/SP E FAPSS/SCS de 2000
Fonte: Revista Paulista de Serviço Social – Processo Seletivo 2000
12 O currículo por ora apresentado foi redigido da mesma forma em que se encontrava na Revista Paulista de Serviço
Social de 1999. Inclusive as nomenclaturas 1o, 2o., 3o. e 4o. anos. Veremos no decorrer deste capítulo que no atual
currículo da FAPSS/SCS serão utilizadas as seguintes nomenclaturas: 1a., 2a., 3a. e 4a. séries, de acordo com a
proposta pedagógica vigente.
Ciclo Básico (disciplinas afins) Ciclo Profissional (disciplinas específicas do Serviço Social) Compreende os 1o. s e 2o. anos do curso de
graduação, quando se procura passar e desenvolver no aluno métodos de pesquisa e análise, fundamentais para compreensão da realidade social. É constituído de preparo teórico, indispensável para o ciclo profissional e envolve:
- Antropologia - Comunicações
- Direito e Legislação Social - Economia
- Educação Física - Estatística
- Estudo de Problemas Brasileiros - Filosofia
- Formação Social, Econômica e Política do Brasil
- Metodologia Científica e do Trabalho Científico
- Pesquisa em Serviço Social - Política Social
- Psicologia
- Psicopatologia e Higiene Mental Saúde Pública
- Sociologia
Compreende os 3o. e 4o anos do curso de
graduação, quando se desenvolve, através de disciplinas específicas, ações próprias da profissão, com supervisão e assessoria técnicas. Compõe-se de:
- Administração em Serviço Social - Desenvolvimento de Comunidade - Educação Física
- Estágio supervisionado (Seminários de Formação)
- Ética Profissional em Serviço Social - História do Serviço Social
- Metodologia do Serviço Social
- Orientação do Trabalho de Conclusão de Curso
33
Somente no ciclo profissional é que o aluno tinha a sua formação voltada
especificamente para o Serviço Social. É nesse ciclo também que observamos a
presença do estágio e da supervisão.
A partir da XXVIII Convenção Nacional da Associação Brasileira de Ensino em
Serviço Social (ABESS) - atualmente intitulada Associação Brasileira de Ensino e
Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS) -, ocorrida em outubro de 1993, em Londrina
foram deliberados encaminhamentos para a revisão do Currículo Mínimo do curso
vigente desde 1982 (Parecer CFE n
o412, de 4/8/1982 e Resolução n
o6, de 23/9/1982).
As discussões e debates realizados pelas instituições de ensino a partir de 1994
resultaram na elaboração da Proposta Nacional de Currículo Mínimo para o Curso de
Serviço Social, aprovada em Assembléia Geral da ABESS
13, em 8 de novembro de
1996, no Rio de Janeiro.
Segundo Faleiros (2000, p. 166) a reforma curricular dos anos 90 é centrada na
análise da “questão social” e nos fundamentos teóricos e históricos da profissão
enquanto “processo de trabalho”. A teoria marxista da reprodução social é
predominante. Tem-se uma visão de mudança/ transformação social.
Com a promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)
no. 9394, de 20 de dezembro de 1996, estabeleceu-se outra normatização para o Sistema
Nacional de Educação, que resultou na substituição da estrutura dos currículos mínimos
e plenos e definiu as diretrizes curriculares como orientadoras dos projetos de formação
profissional em nível de graduação. Em razão disso a ABEPSS encaminhou ao MEC o
projeto das Diretrizes Curriculares para o curso de Serviço Social para aprovação do
CNE. Uma comissão de especialistas formada por assistentes sociais assessorou o MEC
13 A ABESS (Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social) passou a ser intitulada de ABEPSS (Associação
34
para elaboração da proposta curricular mínima, obedecendo a nova LDB. Compuseram
essa comissão: Maria Bernadete Martins Pinto Rodrigues, Marilda Villela Iamamoto e
Mariângela Belfiore-Wanderley. Em 03 de abril de 2001, o CNE, a partir do parecer
CNE/CES 492/2001 aprovou as diretrizes curriculares nacionais para diversos cursos,
dentre eles o curso de Serviço Social. Por efeito, resultou-se nas diretrizes curriculares
propostas pela ABEPSS e nas diretrizes curriculares do MEC. Para nosso estudo,
seguiremos as diretrizes curriculares da ABEPSS, pois foi nele que a FAPSS/SCS
fundamentou-se para elaboração do seu atual currículo.
Fruto de uma série de análises e debates envolvendo direção, coordenação
pedagógica, discentes, docentes e supervisores, o atual currículo da FAPSS/SCS foi
implantado gradativamente a partir de 2002. Com a sua implantação, a Faculdade
procurou imprimir uma nova lógica curricular que superasse a fragmentação do curso
identificada no anterior e possibilitasse a inter-relação entre os conteúdos, denominada
de interdisciplinaridade. Como podemos verificar na sua proposta pedagógica
14que
pauta-se:
em uma nova lógica curricular, inovadora, que supere as fragmentações do processo de ensino-aprendizagem e, sobretudo, suscite hoje novas demandas e novos indicadores para o estudo, a pesquisa e a intervenção social (Proposta Pedagógica da FAPSS/SCS, 2006, s/p)
O objetivo geral dessa proposta consiste em:
formar profissionais capazes de se apropriarem da concepção histórico-crítica da realidade social, para atuarem na efetivação dos direitos sociais e na
14 É importante ressaltar que o projeto pedagógico da FAPSS/SCS encontra-se em processo de construção e
35
consolidação do projeto ético-político da profissão. (Proposta Pedagógica da FAPSS/SCS, 2006, s/p.)
O perfil do profissional que se pretende formar:
engloba a qualificação teórica com fundamentação técnico-operativa e ético-política, apoiada nas principais vertentes das ciências sociais e na teoria social crítica. Formar um profissional nos aspectos referidos acima, supõe a este, estar atento às possibilidades desveladas pelo mundo contemporâneo, com habilidade para formular, avaliar e recriar propostas de Políticas sociais, bem como realizar ações profissionais aos níveis de assessoria, planejamento, negociações e pesquisa.
Para responder a este perfil exige-se um profissional capaz de realizar um trabalho em prime pela qualidade dos serviços prestados e seja comprometido com sua atualização permanente para atuar com capacidade crítica, criativa e interventiva. (Proposta Pedagógica da FAPSS/SCS, 2006, s/p.)
Foram realizadas adequações e equivalências de algumas disciplinas, alterações
de nomenclaturas e implantação de novas disciplinas no atual currículo. Essas mudanças
iniciaram-se na 1
a. série
15do curso em 2002 e contemplou todas as séries em 2005.
Desse modo, possibilitou aos alunos dos anos subseqüentes cursarem alguns conteúdos
previstos neste currículo. Porém, foram realizadas adaptações e adequações, sendo que a
Faculdade administrou até 4 currículos diferentes, que aos poucos foram sendo
substituídos pelo atual, conforme veremos a seguir:
Quadro n
o2: Grade curricular da FAPSS/SCS a partir de 2005
Disciplinas
1a. série 2a. série
Fundamentos da Pesquisa I Política Social Fundamentos Teórico Metodológicos do Serviço
Social Fundamentos da Prática Profissional II Teoria Sociológica Direito e Legislação Social
15 No atual currículo da FAPSS/SCS passaram a ser utilizadas as nomenclaturas 1a., 2a., 3a. e 4a. séries ao invés de 1o.,
36
1a. série 2a. série
Antropologia Gestão Social Psicologia Geral Psicologia Social
Comunicação em Serviço Social Fundamentos Teóricos Metodológicos do Serviço Social II
Economia Política Formação Social, Econômica e Política Brasileira Fundamentos da Prática Profissional I Teoria Política
Fundamentos Filosóficos do Serviço Social Fundamentos Filosóficos do Serviço Social Disciplinas
3a. série 4a. Série
Fundamentos Teórico Metodológicos do Serviço Social III
Fundamentos Teórico Metodológicos do Serviço Social IV
Política Social II Pesquisa em Serviço Social II Gestão Social II Trabalho e Questão Social II Direito e Legislação Social II Gestão Social III
Ética em Serviço Social Ética em Serviço Social II
Pesquisa em Serviço Social Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) Trabalho e Questão Social Classes e Movimentos Sociais II Fundamentos da Prática Profissional III Fundamentos da Prática Profissional IV Classes e Movimentos Sociais
Fonte: Ata da Reunião de Congregação da FAPSS/SCS (2006)
A escolha das disciplinas com seus conteúdos específicos, sua organização e
distribuição na grade curricular foram pensados tendo como referência os três núcleos
de fundamentação da formação profissional
16definidas nas diretrizes curriculares da
ABEPSS. A antiga estrutura do currículo foi alterada por áreas do conhecimento,
visando articular um conjunto de conhecimentos e habilidades necessários para a
formação profissional. De acordo com a Proposta Pedagógica (2006, s/p.) estas áreas do
conhecimento compreendem:
16 Refere-se aos três núcleos temáticos que compõem a Formação Profissional conforme as diretrizes curriculares da
37
1 – Área do Conhecimento do Ser Social – compreensão do ser social e do
processo de desenvolvimento do conhecimento, situados historicamente no processo de constituição e desenvolvimento da sociedade, com ênfase no modo de produção capitalista.
Compreende um conjunto de fundamentos teórico-metodológicos e ético-políticos para conhecer o ser social enquanto totalidade histórica, fornecendo os componentes fundamentais para compreensão da sociedade burguesa em seu momento contraditório.
Disciplinas:
• Fundamentos Filosóficos do Serviço Social;
• Teoria Sociológica;
• Teoria Política;
• Antropologia;
• Economia Política;
• Psicologia Geral;
• Fundamentos da Pesquisa.
2 – Área do Conhecimento da Sociedade Brasileira – conhecimento das
particularidades da Formação Social Brasileira inserida na divisão internacional do trabalho, a ser analisada em seu movimento estrutural e conjuntural, na totalidade das esferas econômica, política, ideológica e sócio-cultural.
Remete a compreensão da sociedade resguardando as características históricas particulares que presidem a sua formação e desenvolvimento urbano e rural, em suas diversidades regionais e locais. Compreende ainda a análise do significado do Serviço Social em seu caráter contraditório, no bojo das relações entre classes e destas com o Estado, abrangendo as dinâmicas institucionais nas esferas estatal e privada.
Disciplinas:
• Formação Social, Econômica e Política Brasileira;
• Direito e Legislação Social;
• Psicologia Social;
• Política Social;
• Trabalho e Questão Social;
• Classes e Movimentos Sociais.
3 - Área do Conhecimento da Prática Profissional – capacitar o aluno para
o trabalho profissional competente, fundamentado no conhecimento crítico do modo de ser e de pensar do Serviço Social, no processo de sua constituição histórica.
Compreende os elementos constitutivos do Serviço Social como uma especialização do trabalho: sua trajetória histórica, teórica, metodológica e técnica, os componentes éticos que envolvem o exercício profissional, a pesquisa, o planejamento, a administração em Serviço Social e o estágio. Disciplinas:
• Fundamentos Teóricos Metodológicos do Serviço social – FTM;
• Fundamentos da Prática Profissional – FPP;
• Gestão Social;
• Pesquisa em Serviço Social;
• Comunicação em Serviço Social;
• Ética em Serviço Social;
• Trabalho de Conclusão de Curso – TCC;
38
Embora o estágio supervisionado não esteja implícito na grade curricular do
curso, observamos a sua presença quando as disciplinas são distribuídas pelas áreas de
conhecimento. Ele passa a compor a área do conhecimento da prática profissional.
Portanto, sendo o estágio e a supervisão elementos indissociáveis no processo de
formação profissional, consideramos que o nosso objeto de estudo – a supervisão de
estágio – também esteja contemplada nesta área de conhecimento.
3- A Supervisão de Estágio na FAPSS/SCS: Passado e Presente
Para construção deste item, nos pautamos em informações obtidas através de
entrevista semi-estruturada realizada com a professora e coordenadora do Departamento
de Estágio da FAPSS/SCS Ângela Maria Teixeira Laranjo
17, que está na Faculdade
desde 1972 e a professora e colaboradora do Departamento de Estágio, Solange
Aparecida Massari
18.
Em meados das décadas de 1970 e 1980 o Departamento de Estágio da
FAPSS/SCS era composto por uma coordenadora, uma assistente social e quatro
professores. Estes professores ministravam a disciplina de Seminário de Formação,
realizavam visitas aos campos de estágio e assumiam a supervisão de estagiários nas
instituições que se ofereciam para serem campos de estágio, mas que ainda não tinham
assistentes sociais em seu quadro de pessoal.
17 Ângela Maria Teixeira Laranjo, assistente social, formada em 1966 pela Pontifícia Universidade Católica de Minas
Gerais, professora da FAPSS/SCS desde 1972 e coordenadora do Departamento de Estágio da FAPSS/SCS.
18 Solange Aparecida Massari, assistente social formada em 1989 pela FMU – Faculdades Metropolitanas Unidas,
mestre em Serviço Social pela PUC/SP em 2006, professora da FAPSS/SCS desde agosto de 2001, ministrando as disciplinas Fundamentos da Prática Profissional III e IV e Trabalho e Questão Social II. É colaboradora do Departamento de Estágio, tendo sob sua responsabilidade a organização do estágio de observação, que é realizado no 2o. ano; organização das oficinas mensais com os supervisores de estágio; recebimento e avaliação dos planos de
39
Segundo a coordenadora do Departamento (em entrevista realizada no dia 03 de
maio de 2007), “o fato de haver mais pessoas no quadro de pessoal [do Departamento
de Estágio] possibilitava maior aproximação com os campos de estágio”.
Normalmente as instituições se ofereciam para serem campos de estágio. A
Faculdade possuía poucos projetos específicos com supervisão realizada pelo próprio
Departamento de Estágio.
As instituições que demonstravam interesse em implantar o Serviço Social, mas
ainda não tinham assistentes sociais, a Faculdade assumia a implantação dando a
supervisão para o aluno. Para isso, um dos profissionais representante do Departamento
visitava a instituição para conhecer a sua realidade e depois, junto com o aluno construir
a proposta de trabalho. Neste caso, como a supervisão era realizada pela própria
Faculdade, as visitas eram realizadas com maior freqüência. A partir da implantação do
Serviço Social, buscava-se garantir que o aluno fosse contratado posteriormente como
assistente social, o que resultava em novos campos de estágio para a Faculdade.
A relação com os supervisores pautava-se na realização de reuniões
administrativas e na visita aos campos de estágio. O Departamento se colocava a
disposição para receber os supervisores que precisavam de orientações.
40
Durante essas visitas buscavam conhecer o campo de estágio, resolver conflitos
existentes e discutir questões relacionadas ao estagiário.
Nesse mesmo período, foram implantadas as aulas de estágio, que depois
passaram a ser denominadas de Seminário de Formação. Como podemos conferir na
fala da coordenadora (2007):
[...] no Seminário de Formação eram discutidos só temas de estágio, a prática do aluno. [...] a Faculdade realizou um trabalho pioneiro que era assim: como nós tínhamos pessoal suficiente no Departamento de Estágio, implantamos as aulas de estágio, que depois viraram Seminário de Formação e hoje são FPP [Fundamentos da Prática Profissional]. Nós distribuíamos os alunos em 02 turmas: A e B. Em uma semana a gente fazia os grupos com alunos da turma A e na outra com os da turma B. As aulas eram quinzenais, com 04 professores. Eles eram contratados para isso. Nós discutíamos a prática profissional nesses subgrupos. E essas aulas eram programadas pelo grupo de professores ligados ao Departamento de Estágio. Esses professores também assumiam supervisão de estagiários.
Duas vezes por ano os alunos de 3
oe 4
oanos passavam por entrevistas
pré-agendadas no Departamento. Sobre as razões dessa entrevista a coordenadora (2007) diz
que:
muitas vezes o aluno tinha problemas no estágio, dificuldades e não chegava até o Departamento. Os alunos que não estavam estagiando a gente entrevistava também para ver porque não tinham se engajado ainda, que tipo de dificuldades estavam enfrentando. Então o Departamento era muito próximo do aluno, porque nós tínhamos pessoal para isso. A gente entrevistava os alunos no mínimo duas vezes por ano. Porque ainda dava tempo de você resolver, encaminhar algumas coisas com relação aquele aluno que estava com dificuldades no estágio, estava com problemas de relacionamento com o supervisor. Isso eram entrevistas marcadas. Agora o Departamento sempre esteve aberto para o aluno.