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Neste capítulo teceremos os conceitos de supervisão e estágio na trajetória do

Serviço Social. Embora nosso foco central consista na supervisão, não tem como tratá-la

sem antes compreendermos o estágio na formação profissional do assistente social.

A supervisão e o estágio se fazem presentes desde o início do curso de Serviço

Social no Brasil na década de 1930. É possível afirmar que essa presença se deve ao

fato do Serviço Social ter como especificidade a intervenção social. Sobre este aspecto,

Pacchioni e Faury (1999, p. 22) afirmam que:

no curso de Serviço Social sempre houve uma preocupação com o ensino prático (estágio) e com a importância do aprendizado proveniente dessa experiência. O Serviço Social é uma profissão de intervenção social, portanto, os condicionantes da atividade profissional se encontram no enfrentamento direto do profissional com a realidade social.

De acordo com Ferreiro Pinto (1997, p. 57) “o estágio e a supervisão [...]

constituem-se no espaço privilegiado para o processo de ensino e aprendizagem,

tornando-se componentes preciosos para a formação profissional do Assistente Social”.

Oliveira (2004, p. 61) afirma que a formação profissional:

inicia-se no curso e vai sendo construída no decorrer do exercício de sua prática profissional enquanto assistente social, adquirindo maior solidez, conforme o profissional vai se identificando como membro efetivo da categoria, apropriando-se do seu compromisso social e do significado sócio- histórico da profissão.

Desta maneira é possível afirmar que o estagiário e o supervisor encontram-se

em processo de formação. Ambos contribuem para a construção e reconstrução de sua

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identidade e prática profissionais durante a relação de ensino e aprendizagem que ocorre

na instituição campo de estágio. É no cotidiano da prática profissional que o estágio se

realiza, prática essa que Buriolla (2001, p. 83) denomina como sendo a “matéria-prima

da supervisão de estágio”.

Para nos certificarmos de como a supervisão e o estágio vêm sendo

compreendidos no bojo do Serviço Social, realizamos um estudo que resultou na

elaboração de um dossier sobre as questões que permeiam o estágio supervisionado.

Esse material consiste no nosso Anexo I e tem como título “Quadro de conceitos sobre a

Questão do Estágio Supervisionado em Serviço Social”. A partir dessa análise

constatamos algumas distinções sobre a supervisão e o estágio observadas na trajetória

do Serviço Social, a partir da década de 1930.

Nesse dossier observamos que o assistente social que exerce a função de

supervisionar os estagiários na instituição campo de estágio já foi denominado como

supervisor, supervisor de estágio e supervisor de campo. Utilizaremos o termo adotado

por Vieira (1974) e Buriolla (1996): supervisor, aquele que realiza o acompanhamento

das atividades práticas do estagiário na instituição campo de estágio.

O assistente social responsável pela supervisão na instituição de ensino foi

denominado como supervisor acadêmico e professor supervisor. Denominaremos de

professor supervisor, conforme as diretrizes curriculares propostas pela ABEPSS de

1996 e Ferreiro Pinto (1997), que realiza a supervisão do aluno no espaço acadêmico.

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1 – O Estágio na Formação Profissional do Assistente Social

Na Lei n

o

1.889, de 13 de junho de 1953, que trata do ensino do Serviço Social,

artigo 4

o

, inciso III encontramos a seguinte afirmação:

as aulas de Serviço Social deverão atingir 1/4 no mínimo do total das aulas e as Escolas de Serviço Social deverão organizar os seus programas, atendendo a que no 1o ano haja preponderância da parte teórica; no 2o ano seja

observado o equilíbrio entre a parte teórica e a prática e no 3o ano haja a

preponderância da parte prática.

Como o curso tinha a duração de três anos, o estágio era realizado nos 2

o

e 3

o

anos, sendo que neste último deveria ser priorizado o ensino prático.

A concepção mais antiga de estágio que tivemos acesso foi apresentada por

Vieira (1974, p. 127), do Manual de Estágios da PUC/RJ, de 1959. Ele é o lugar onde:

o estágio é o lugar onde princípios adquiridos por estudos especulativos são assimilados por serem imediatamente vividos, experimentada sua veracidade e medido seu valor. É o treinamento de futuros profissionais, através da integração dos conhecimentos teóricos adquiridos com uma das partes específicas do trabalho social e com orientação direta de profissionais.

O estágio é compreendido como treinamento dos futuros profissionais a partir da

integração entre teoria e prática que compõe a formação profissional, tendo o

acompanhamento de um profissional, o qual será denominado como supervisor. No ano

de 1968, destacamos a concepção de Ribeiro citada por Vieira (1974, p. 128):

o estágio é o aprendizado dos métodos de Serviço Social, integrado na estrutura administrativa da entidade, dentro de uma perspectiva mais ampla de comunidade; seus objetivos são: desenvolvimento de aptidões e aprendizado do trabalho profissional; formação da mentalidade profissional, passagem de uma atitude leiga para um comportamento profissional; integrando-se na vida, princípios e regulamento da entidade; no trabalho de

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equipe; no relacionamento positivo com todo o pessoal técnico e administrativo da obra, observando a hierarquia estabelecida.

O estágio consistiria em um instrumento de aprendizagem dos métodos do

Serviço Social a partir da inserção do estagiário na instituição campo de estágio. No

entanto, não faz menção quanto ao acompanhamento a ser realizado pelo supervisor.

Na década de 1970, o estágio tinha como objetivos propiciar ao aluno um contato

pessoal com a realidade através do conhecimento contínuo e gradativo do campo

profissional; possibilitar a aplicação de conhecimentos teóricos das várias disciplinas do

currículo; desenvolver um espírito crítico e criador e permitir que as escolas

verificassem se seu método de ensino estava condizente com a realidade da época

(VIEIRA, 1974, p. 129). Buscava-se, desta forma, uma aproximação mais consistente

entre teoria e prática.

Na Resolução do Conselho Federal da Educação n

o

242, em 13 de março de

1970, é regulamentado o currículo mínimo do curso de Serviço Social. Nesta

Resolução, o estágio aparece como base do curso, que acompanhará todo o período de

graduação, tendo articulação com o ensino teórico.

A partir da Lei n

o

6.494, de 7 de dezembro de 1977, que tratava do estágio de

estudantes de estabelecimentos de ensino superior e de ensino profissionalizante do

2

o

.grau e supletivos é que foi garantido a regulamentação do estágio. Até a presente data

não havia lei específica que tratasse dos estágios. De acordo com a Lei:

Parágrafo 2o. – os estágios devem proporcionar a complementação do ensino

e da aprendizagem a serem planejados, executados, acompanhados e avaliados em conformidade com os currículos, programas e calendários escolares, a fim de se constituírem em instrumentos de integração, em termos de treinamento prático, de aperfeiçoamento técnico-cultural, científico e de relacionamento humano. (art. 1o.)

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Em 1982, o Decreto n

o

87.497, de 18 de agosto, regulamentou a Lei n

o

6.494.

Este Decreto tem como diretriz garantir que o estágio tenha um caráter evolutivo e visa

preparar o estagiário para o exercício profissional:

Art. 2o – Considera-se estágio curricular, para os efeitos deste Decreto, as

atividades de aprendizagem social, profissional e cultural, proporcionadas ao estudante pela participação em situações reais da vida e de trabalho de seu meio, sendo realizada na comunidade em geral ou junto a pessoas jurídicas de direito público ou privado, sob responsabilidade e coordenação da instituição de ensino.

O artigo 3

o

. remete o estágio como sendo de responsabilidade da instituição de

ensino que realiza convênios com instituições que tenham condições de proporcionar

esse espaço de aprendizagem ao estagiário:

Art. 3o – O estágio curricular, como procedimento didático-pedagógico, é

atividade de competência da instituição de ensino a quem cabe a decisão sobre a matéria, e dele participam pessoas jurídicas de direito público e privado, oferecendo oportunidade e campo de estágio, outra forma de ajuda, e colaborando no processo educativo.

A partir da leitura e compreensão deste Decreto, não identificamos nenhuma

referência quanto ao acompanhamento dos estagiários por profissionais da mesma área

e nem mesmo em que período ele seria realizado no decorrer do curso.

Neste cenário há uma nova revisão do currículo mínimo do curso de Serviço

Social em 1982. De acordo com Pacchioni e Faury (1999, p. 37): “na trajetória de

ensino do Serviço Social na década de 80, buscou-se assegurar no currículo mínimo os

conteúdos teórico-ideológicos dos programas disciplinares, o que trouxe [...] uma cisão

mais acentuada na relação teoria e prática”. Costa é citada pelas autoras (1999, p. 37)

como meio de traduzir essa questão:

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salta aos olhos a observação de que o grau de atualidade profissional parece resultar apenas da erudição conformada por conhecimentos produzidos “fora” da profissão. Mesmo a abertura de espaço para conteúdos críticos, dentro e fora da tradição marxista, presentes nos atuais currículos, pouco tem atualizado as indagações sobre a prática profissional, alimentando a velha assertiva de que na prática do Serviço Social a teoria é outra.

As afirmações de Pacchioni e Faury e de Costa nos reporta ao Movimento de

Reconceituação iniciado na América Latina em 1965. Tendo em vista romper com o

Serviço Social pautado em modelos provenientes dos Estados Unidos, ocorre uma

“rejeição à prática ligada às relações psicossociais que embasava toda a produção

relacionada à Supervisão até aquele momento” (BURIOLLA, 1996, p. 23). Buriolla

(1996, p. 26) nos afirma ainda que nesse Movimento “privilegiou-se a busca da

explicação científica e política do Serviço Social, pela via do discurso, deixando a

intervenção prática em plano secundário”. Com isso há um rebatimento direto no

desenvolvimento da supervisão e do estágio, visto que se concretizam no cotidiano da

prática profissional do assistente social.

Ainda na década de 1980, Oliva (1989, p.150) destaca que o estágio:

[...] não é aplicação de conhecimentos adquiridos na teoria, nem adequação de alunos ao mercado de trabalho, mas, sim, é um momento de estudo, reflexão do fazer, de pensamento da prática social, ou seja, uma forma de apropriação de elementos de crítica e descobertas sobre as questões presentes na dinâmica da sociedade.

A autora faz referência ao estágio como instrumento de aprendizagem. Porém,

não no sentido de adequar a realidade às teorias apreendidas no espaço acadêmico, mas

sim a reflexão e construção de uma intervenção crítica diante dessa realidade. Isso não

quer dizer que seja negada a importância teórica para a prática profissional, mas a

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necessidade de contextualizar e refletir sobre a realidade apresentada para propor o

método de intervenção.

Na década de 1990, Buriolla (2001, p. 17), em seu livro “Estágio

Supervisionado”

20

, afirma que:

[...] o estágio prático é essencial à formação do aluno de Serviço Social, enquanto lhe propicia um momento específico de sua aprendizagem, uma reflexão sobre a ação profissional, uma visão crítica da dinâmica das relações existentes no campo institucional, apoiados na Supervisão enquanto processo dinâmico e criativo, tendo em vista possibilitar a elaboração de novos conhecimentos.

Merece destaque também Ferreiro Pinto (1997, p. 50) ao considerar que:

o estágio curricular no curso de Serviço Social é o momento em que se oportuniza ao aluno aprender, identificar-se e apropriar-se de sua futura profissão. Mediante a experiência do estágio, é possível que o aluno estabeleça relações mediatas entre os conhecimentos teóricos, que já tem e os que estão em processo de construção, e a realidade da prática profissional, a partir das quais, pode desenvolver sua capacidade técnico-operativa e as habilidades desejáveis ao exercício profissional.

Mediante as duas concepções, é possível considerar que o estágio é um espaço de

aprendizagem que se realiza no campo institucional através do acompanhamento do

supervisor. Esse espaço permite ao estagiário a construção de novos conhecimentos e

apreensão do exercício da profissão.

Ainda na década de 1990 Buriolla (2001, p. 17-18) ressalta algumas dificuldades

para a realização do estágio:

a Unidade de Ensino [responsável pelo estágio] efetua convênio com a Instituição Campo de Estágio, com o objetivo de assegurar o estágio como tal, reconhecido pela lei em vigor; porém, muitas dessas instituições não

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oferecem condições mínimas de estágio; em muitos estágios, a prática profissional (objeto da supervisão) é desvirtuada ou inexpressiva; há desinformação e desintegração entre Unidade de Ensino e Unidade Campo de Estágio; existem unidades de ensino que não assumem “realmente” o estágio com todas as suas implicações, tornando-se este um apêndice do Curso e sua operacionalização fica a cargo do aluno estagiário; na instituição, o profissional assistente social designado ou imposto para dar Supervisão ao aluno está muitas vezes, despreparado profissionalmente para assumir tal função; supervisor e supervisionado sentem-se explorados e usados como mão-de-obra barata.

Esses aspectos dificultariam o desenvolvimento do estágio como espaço de

aprendizagem. No entanto, demonstram também o distanciamento que há entre

instituição de ensino e campo de estágio. Os limites não se reduzem às dimensões

pedagógicas de aprendizagem, mas incluem as de natureza burocrática e de valorização

dessa atividade para ambas as instituições. O estágio é importante para a formação

profissional, mas é um tema que carece de maturação quanto a sua institucionalização e

inclusão no cotidiano das organizações sociais.

E hoje, como o estágio se concretiza na formação profissional? O que mudou?

2 – A Supervisão na Formação Profissional do Assistente Social

Entender a supervisão a partir de sua análise na trajetória do Serviço Social é um

dos caminhos que permite-nos compreender a sua importância para o desenvolvimento

do estágio. Assim, buscamos resgatar como a supervisão foi solidificando-se na

formação e no cotidiano da prática profissional do assistente social.

É possível verificar no processo histórico da supervisão em Serviço Social no

Brasil que assim como o estágio, ela se faz presente desde o surgimento do curso na

década de 1930, com a criação da ESS/SP. Essa presença é confirmada por Sá (1995, p.

93), ao relatar que:

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o estágio e a supervisão, no curso, constituem, desde o início, elementos básicos de “trabalho prático” do aluno nas três séries. É o momento da “aplicação” dos conhecimentos teóricos e dos métodos de Serviço Social nos campos específicos da atuação profissional. O método de Supervisão é considerado “instrumento valioso e indispensável na formação prática e doutrinária dos alunos” (Arquivo ABESS. Relatório da I Convenção. 1951, p. 8), sendo de competência dos profissionais nas obras e, em casos especiais, nas escolas [...]

O processo de supervisão pautava-se na formação prática e doutrinária dos

estagiários. Nesse período os princípios da Doutrina Social da Igreja Católica se fazia

presente tanto no cotidiano da prática profissional dos assistentes sociais como no curso.

As literaturas existentes sobre supervisão no Brasil consistiam em traduções

provenientes predominantemente dos Estados Unidos. As produções brasileiras

elaboradas são registradas a partir de 1947, sendo ainda notória a influência norte-

americana, que se estendeu até a década de 1970. No estudo realizado por Buriolla

(1996, p. 22) a respeito das produções brasileiras sobre supervisão é provável que

Helena Iracy Junqueira seja a primeira autora a ter tratado da supervisão em Serviço

Social no Brasil.

Como exemplo da influência norte-americana na supervisão, temos Vieira (1974,

p. 38) que em seu livro “Supervisão em Serviço Social”, nos remete à definição de

Virginia Robinson

21

considerada como uma das concepções mais antigas: “supervisão

é o processo educacional pelo qual uma pessoa possuidora de conhecimentos e

experiência prática toma a responsabilidade de treinar outra, possuidora de menos

recursos técnicos”.

Para Vieira, embora essa definição não conceituasse a supervisão em Serviço

Social, ela poderia aplicar-se a qualquer tipo de aprendizagem e refletia o pensamento

da época sobre treinamento prático ou treinamento em serviço. É válido ressaltar que

60

Virginia Robinson apoiava-se em teorias psicológicas da época para analisar as diversas

reações existentes na relação do que denominavam até então por “supervisor e

supervisado” e a importância deste método de ensino para a formação profissional.

Na regulamentação da profissão em 27 de agosto de 1957, através da Lei n

o

3.252, a supervisão aparece dentre as atribuições do assistente social, conforme artigo

5

o

: “supervisionar profissionais e alunos em trabalhos teóricos e práticos de Serviço

Social”. É válido ressaltar que embora a profissão tenha sido regulamentada somente

em 1957, a supervisão já fazia parte da formação e do cotidiano da prática profissional

do assistente social desde o início do curso, como nos lembra Sá (1995, p. 93) citada

anteriormente.

Até meados da década de 1970 eram realizados cursos, visando o aprimoramento

dos assistentes sociais para exercerem a função de supervisor. Segundo Vieira ( 1977, p.

25):

• o primeiro curso foi organizado em 1948, pelo Instituto de Serviço Social, para dez assistentes sociais, com duração de 10 dias. Foi ministrado pela assistente social Maria Josephina R. Albano, com o seguinte programa: “Conceituação da Supervisão, Instrumentos utilizados, Técnicas de entrevista e Relacionamento supervisor-supervisado”.

• na década dos anos 50, as Escolas do Rio de Janeiro e de São Paulo promoveram cursos do mesmo tipo com programas parecidos, ampliando o conteúdo. Apostilhas foram mimeografadas e durante vários anos serviram de manual aos novos supervisores. Estes cursos eram constituídos de palestras, às vezes com debates.

• em 1970 e 1971 o Departamento de Serviço Social da PUC/RJ realizou dois cursos formais, de seis meses de duração, com parte teórica e parte prática [...].

Atualmente os espaços para aprimoramento dos supervisores consistem em

oficinas, reuniões e poucos cursos. O curso do qual tivemos informação é realizado pela

61

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com duração semestral para os

supervisores do curso de Serviço Social

22

.

Com o Movimento de Reconceituação, que buscou romper com o Serviço Social

tradicional, desencadeou-se uma variedade de produções teórico-metodológicas do

Serviço Social reconceituado, porém as produções sobre supervisão não tiveram o

mesmo tratamento, resultando em lacunas. Segundo Buriolla (1996, p. 25):

[...] na própria dinâmica do movimento de reconceituação que, se de um lado mexeu na estrutura do Serviço Social, avançando teoricamente, por outro lado deixou lacunas de instrumentação para as exigências do agir profissional. A quase negação à prática individual e institucionalizada determinou, também, de alguma forma a negação da Supervisão. [...]

Como a Supervisão compunha a prática profissional do assistente social, ela

também passou a ser negada. As produções ainda recebiam influência norte-americana,

embasadas nas relações psicossociais.

Em 1966, um ano após o início do Movimento de Reconceituação, encontramos

o conceito de supervisão de Lúcia G. Castilho citada por Vieira (1974, p. 43) que diz:

supervisão em Serviço Social é um processo de formação e desenvolvimento profissional, pelo qual, através de um relacionamento supervisor-supervisado e da atividade profissional, este adquire, exercita e desenvolve atitudes, habilidades e técnicas profissionais aprendendo a traduzir na ação os princípios, conhecimentos e objetivos, metodologia e técnicas do Serviço Social.

22 “Curso de Capacitação Profissional para Supervisores” (janeiro de 2006). Em consulta ao folder, localizamos o

objetivo do curso que consiste em “capacitar os supervisores dos campos de estágio da ESS/UFRJ para responder, na execução e /ou gestão das políticas sociais, os desafios teóricos, técnicos, éticos e políticos colocados à formação e intervenção profissional do assistente social na atualidade”. Dentre os temas abordados, destacamos os que focam a Supervisão: ABEPSS e as Diretrizes Curriculares para a Formação Profissional; Política Pública de Educação e Reforma Universitária; A Supervisão na formação profissional do Assistente Social; Serviço Social e Plano de Estágio: desafios para a formação e intervenção profissional.

62

A supervisão consistiria em um processo de formação e desenvolvimento do

estagiário, que através da sua relação com o supervisor e da atividade profissional,

apreende no espaço institucional o exercício da profissão.

Buriolla (1996, p. 23-24) destaca a produção “Supervisión en Trabajo Social” de

Teresa Sheriff et alii (1973), considerada significativa no período do Movimento de

Reconceituação, que tinha como proposta romper com a influência tradicional na

supervisão. A supervisão consistia em:

processo educativo e administrativo de aprendizagem mútua entre supervisor e supervisionado, no qual ambos são sujeitos do processo, tratando de que sejam portadores de uma educação libertadora.

Buriolla (1996, p. 153) afirma que há nessa produção um:

fundamento inovador e valores novos, rompendo com o passado, o qual ainda tinha o enfoque funcionalista. No entanto, há contradições e ecletismo na proposta, mesclando-se a vertente dialética com a humanista e grandemente influenciada por Paulo Freire.

A proposta chegou a ter adesão de professores-supervisores da PUC/SP. Esta

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