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Academic year: 2018

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ORGANIZAÇÕES

VIRTUAIS DA INFORMAÇÃO

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URSULA BLATTMANN*

MARIA BERNARDETE MARTINS ALVES**

Resumo

Aborda aspectos sobre a importância das organizações virtuais da informação como elo de integração entre bibliotecas e seus usuários através dos recursos da telemática. Levanta questões sobre a recuperação, acesso e disponibilização da informação nas organizações virtuais da informação. Exemplifica o planejamento do trabalho virtual e apresenta algumas características do profissional das organizações da informação.

PALAVRAS-CHAVE: Bibliotecas digitais, bibliotecas eletrônicas, bibliotecas virtuais, ensino

DCBA

à distância, informação digital, Internet, organizações virtuais, trabalho virtual.

INTRODUÇÃO

As organizações do período pós-modernidade dependem essencialmente da virtualização, ou seja, das alterações que ela traz nas concepções de espaço (desterritorialização) e de tempo (desprendimento do aqui e agora). Em um primeiro momento questiona-se como as instituições virtuais interagem no contexto organizacional; em seguida quais técnicas e tecnologias estão proporcionando suporte às atividades tradicionais da organização do conhecimento, e finalizando, qual o perfil do profissional que atua nestas organizações.

Cada vez mais as pessoas utilizam alguma categoria dos serviços proporcionados pelas organizações virtuais (ou parte de seus serviços) no atendimento às necessidades informacionais de seus usuários. Este fato faz com que elas se conscientizem da existência e do processo da virtualização nos seus diversos aspectos.

1Artigo apresentado à disciplina Organizações Virtuais e Teletrabalho, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção da Universidade Federal de Santa Catarina, Professores Andrea Steil e Ricardo Miranda Barcia. 3. Trimestre de 1997

* Doutoranda do Programa de Pós-graduaçao em Engenharia de Produção de Sistemas (EPS-UFSC). Professora Assistente no Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Universidade Federal de Santa Catarina (BDC- UFSC) E-mail: ursula@ced.ufsc.br

** Mestranda do Programa de Pós-graduaçao em Engenharia de Produção de Sistemas (EPS-UFSC). Bibliotecária de Referência da Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina (BU- UFSC) E-mail: berna@bu.ufsc.br

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Entre os autores que esclarecem a teoria da virtualização, Levy (1996) salienta que o uso da virtualização, cada vez mais presente no nosso cotidiano, amplia as potencialidades humanas, criando, inclusive, um novo modo de aprender e de pensar.

Como aprender e pensar em equipe, ao realizar o trabalho da informação virtual nestas organizações em constante mutação? Nas operações virtuais descritas por Grenier e Metes (1995), a cultura de equipes nas organizações virtuais traz à tona uma questão fundamental sobre a importância do papel da comunicação eletrônica que passa a ser integralmente adicionada aos processos de trabalho. Assim, as competências virtuais no sentido pessoal misturam-se às coletivas, proporcionando a responsabilidade coletiva na estrutura organizacional.

Levy (1996) trata da informação e do conhecimento como elementos propulsores da evolução humana, promovendo o ato da criação e da invenção, enquanto Grenier e Metes (1995, p. 88) enfocam que a responsabilidade principal do trabalhador do conhecimento virtual está em colocar seu conhecimento, habilidades, experiências e energias para criar valor organizacional. No ambiente virtual, isto significa usar a infra-estrutura informacional para dar suporte ao desenvolvimento do conhecimento como valor.

Aprofundar as questões sobre as organizações virtuais da informação, suas características e as condições das bibliotecas na sociedade pós-moderna, a virtualização dos acervos e a relação das pessoas com as tecnologias da telemática são pontos pertinentes ao novo paradigma.

ORGANIZAÇÃO VIRTUAL DA INFORMAÇÃO: CONDiÇÕES AMBIENTAIS E TECNOLÓGICAS

A migração de tecnologias, devido a sua evolução constante, traz novas expectativas referentes ao uso e treinamento para satisfazer as necessidades dos usuários destas tecnologias.

A cada dia novos programas aplicativosBA(softwares) são desenvolvidos e também novas versões são disponibilizadas.

Para conseguir utilizar tais tecnologias no ambiente organizacional, além das condições técnicas - fiação elétrica, sistema de telecomunicação, equipamentos de hardware: microcomputadores com muito espaço no disco rígido e de memória, velocidade de processamento, e periféricos como scanner, leitora de CD-ROM, vídeo de excelente resolução, MODEM, etc., são de fundamental importância as condições de capacitação profissional, ou seja, do treinamento do usuário destas tecnologias (Palmer, 1996).

Em relação aos custos no uso de computadores e o quanto se perde anualmente, a empresa de consultoria Gartner Group, que assessora empresas de tecnologia de informação, fez um levantamento nos EUA, onde

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observou que estas empresas gastam mais de US$ 40 mil por computador em cinco anos, entre equipamento, programas, uso, manutenção e treinamento (Kirwin, 1997).

Segundo Kirwin (1997, p. 100), os preços de venda tanto de hardware quanto de software caíram durante a última década, enquanto os custos dos usuários dobraram e os administrativos quadruplicaram. Sugere que com bom gerenciamento se poderia economizar 45%, seguindo alguns passos: "criar um help desk que de fato ajude; aplicar tecnologia para auxiliar os usuários em vez de forçar oshelp desk a fazer tudo; reduzir complicações utilizando aplicativos e computadores pessoais padronizados sempre que possível; implementar um treinamento just-in-time para usuários; atualizar o computador com sistemas operacionais de última geração".

Tendo a tecnologia da informação como pano de fundo, os acervos de bibliotecas evoluíram no que se refere aos suportes da informação do papel passando pelas bases de dados (CD-ROM, acesso a rede de computadores para dados compartilhados, acesso via rede) e pelo acesso à informação hipermídia disponível on-line (qualquer lugar a qualquer tempo). Nestas circunstâncias, o perfil do profissional da informação apresenta inúmeras modificações dentro do contexto biblioteca como uma organização virtual da informação.

Tem-se discutido intensamente a questão das inúmeras publicações eletrônicas ou digitais nas diferentes bibliotecas". Percebe-se uma participação cada vez mais contagiante tanto de bibliotecas, escolas, grupos de pesquisas e principalmente das editoras que estão disponibilizando informações dos tradicionais suportes (papel, ótico-magnéticos) ao acesso on-line via Internet,

No paradigma da informação digital, ao recriar a informação (seja advinda de suportes como livros, periódicos e outros documentos eletrônicos) através de comandos fáceis como copiar, recortar e colar, ganha-se velocidade e perde-se território. A partir do momento em que a informação digital permanece disponibilizada perde-se literalmente o controle de seu uso.

No mundo digital, segundo Negroponte (1995, p. 61), a cópia digital é tão perfeita (ou até melhor) quanto a original. A manipulação da informação no sentido de retrabalhar enquanto digital é muito mais rápida, fácil e flexível, se comparada com o momento anterior, em que o reprocessamento da informação em átomo é muito mais lento. Portanto o "valor de um bit é determinado em grande parte por sua capacidade de ser utilizado e reutilizado diversas vezes" (Negroponte, 1995, p. 77).

Rodrigues (1996, p. 1) afirma que o "acesso direto à informação (ou mesmo eliminação) das barreiras do tempo e espaço, num formato que permita a sua manipulação, edição e utilização imediata para a produção de

DCBA

2 Compilação realizada no site Digital Libraries: Resources and Projects URL:

http://www.nlc-bnc.califlalllldiglib.htm

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UFPR.

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novos documentos, aumentará, pelo menos teoricamente, o poder e a liberdade de escolha dos utilizadores".

O momento atual pode ser considerado polêmico devido à passagem do particular ao coletivo. Ressaltam-se as características da virtualização da informação flexível, sem fronteiras, ou seja, sem um território e espaço definido de abrangência e atemporal (acessível de qualquer lugar e em qualquer momento).

Bleecker

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( 1 9 9 4 ) confirma que a nova forma das organizações envolvidas pelo uso das tecnologias da informação deixa em colapso a questão espaço e tempo. Para o autor, as organizações virtuais são flexíveis e as operaçõesBAjust-in-time são realizadas por trabalhadores do conhecimento.

O perfil do profissional que trabalha nestas novas organizações da informação virtual consiste em utilizar as técnicas da computação e ter uma grande capacidade analítica, além de dominar técnicas de busca sistemática, para sintetizar as informações conforme as necessidades dos usuários. A relação trabalho e tempo ganha outra dinâmica: a da flexibilidade na forma de pensar, e por fim, a necessidade da informação imediata e classificada. Outra habilidade técnica esperada do profissional está em editar textos digitais, isto é, o profissional necessita conhecer e usar diferentes saftwares e compilar informações para as necessidades emergentes, numa forma dinâmica, pela própria rede de comunicação e também para disseminar seu trabalho em condições semelhantes (uso intensificado da telemática).

BIBLIOTECAS NA ERA DA VIRTUALlZAÇÃO

Ellis ( 1 9 9 6 ) diz que antes de explorar em larga escala as implementações das bibliotecas digitais de pesquisa, necessita-se conhecer melhor como as iniciativas de novas tecnologias estão intercaladas no contexto organizacional local para satisfazer as necessidades e expectativas dos seus usuários locais.

Bailei ( 1 9 9 4 - 7 ) compila uma excelente bibliografia, atualmente em sua 1 4 ª versão, onde seleciona mais de 6 0 0 artigos, livros, documentos eletrônicos e outros recursos que são básicos para entendimento dos esforços da publicação eletrônica tanto na Internet como em outras redes. A maioria das fontes foram publicados entre 1 9 9 0 e a presente data, mas um número limitado de fontes básicas publicadas antes de 1 9 9 0 também estão incluídas. A respectiva obra encontra-se disponível em WWW (HTML)4 e pode ser obtida também nos formatos PDF5

e DOC6 . 3 Disponível em HTML: URL: http://info.lib.uh.edu/cwb/bailey.html 4 Disponível em HTML: URL: http://info.lib.uh.edu/sepb/sepb.html

5 Para ser lido através do programa Acrobat: URL: http://info.lib.uh.edu/sepb/sepb.pdf

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Segundo Gudivada e outros( 1 9 9 7 ) , a busca e recuperação eficiente com a utilização das novas tecnologias tornaram-se ferramentas essenciais para realização integral do potencial da Web. Os autores examinam questões relevantes, incluindo métodos para representação do conteúdo do documento. E também comparam ferramentas disponíveis de pesquisa e sugerem métodos para melhorar efetivamente a recuperação da informação.

Entre diversos projetos de bibliotecas digitais, salienta-se o exemplo da Biblioteca Digital Universidade de Michiqan" que completou em novembro de 1 9 9 7 a primeira fase do projeto Making af America, onde inclui aproximadamete 6 5 0 . 0 0 0 páginas de livros e periódicos do final do século

1 9 . Este recurso contém 1 . 6 0 1 livros e 1 0 periódicos com mais de 4 9 . 0 6 9 artigos documentando a história social dos norte-americanos.

Segundo Reich e Weiser ( 1 9 9 6 ) as bibliotecas eletrônicas são muito mais que somente repositórios de informação. Destacam três funções essenciais às necessidades humanas que devem ser observadas no design da infra-estrutura nacional de informação: a) prover referência para a identidade da comunidade; b) servir como centro da cultura da comunidade; c) entrar nas entranhas (minutia) da vida das pessoas. Enquanto Creth

( 1 9 9 3 ) enfoca as mudanças na educação superior como resultado dos avanços da tecnologia da informação na relação entre bibliotecas universitárias e centros de computação. Entre os destaques, inclui as relações colaboradoras, as organizações virtuais da informação, bibliotecas como centros de qerenciarnento do conhecimento, o ensino da tecnologia da informação e os recursos da informação e a publicação eletrônica.

NOVOS SERViÇOS PRESTADOS AO USUÁRIO DA INFORMAÇÃO DIGITAL

Embora na literatura sobre teletrabalho não se tenha observado citação específica do bibliotecário como uma função viável ao teletrabalho -Nilles ( 1 9 9 7 ) , em sua lista de funções viáveis ao teletrabalho, cita o arquivista, parente próximo do bibliotecário e, como ele, profissional da informação. O novo paradigma desenhado para as bibliotecas e/ou centros de informação, apoiado pelas novas tecnologias, reforça esta possibilidade.

Segundo Kugelmass ( 1 9 9 6 ) , "graças às telecomunicações e ao computador, muitos trabalhadores passam muito mais tempo olhando para uma tela do que para outras pessoas". Para alguns bibliotecários esta realidade já faz parte do seu cotidiano. Numa pesquisa realizada por Merlo Vega e Sorli Rojo ( 1 9 9 7 ) junto às bibliotecas espanholas, estes autores constataram que 4 2 , 4 % dos bibliotecários espanhóis têm de uma a três horas diárias de conexão com a Internet; 1 6 % ficam de três a cinco horas, e

6 Através do programa Word da Microsoft: URL: http://info.lib.uh.edu/sepb/sepb.doc 7 Disponível na WWW: URL: http://www.umdl.umich.edu/moa/

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9,6% ficam mais de cinco horas conectados.

Dentre as várias atividades que os bibliotecários executam na Internet, destacam-se:

• Respondendo mensagens do correio eletrônico; • Selecionando sites;

• Participando de listas de discussões;

• Fazendo pesquisa de preços em livrarias virtuais; • Selecionando e preparando listas de novas aquisições; • Consultando catálogos eletrônicos;

• Consulta às publicações eletrônicas: periódicos, livros e obras de referência

• Respostas às perguntas dos usuários; • Boletins e sumários;

• Comunicados aos usuários; • Empréstimo entre bibliotecas; • Comutação bibliográfica; e • CatalogaçãoBAon-line.

Os resultados apontados neste trabalho e as especificidades do profissional da informação, aliados ao uso crescente das novas tecnologias, reforçam o fato de este trabalhador ser potencialmente um teletrabalhador, sujeito, portanto, às condições de qualquer teletrabalhador. Cabe salientar a inexistência de legislação adequada em reconhecimento às mudanças que estão ocorrendo quanto à adoção do teletrabalho, ou seja, é pertinente que sejam tomadas providências para evitar a dupla jornada de trabalho (na organização e no domicílio), com remuneração específica, e favorecer as condições de infra-estrutura adequadas ao teletrabalhador nas organizações virtuais da informação.

A complexidade da rede e as atuais ferramentas de busca, segundo Baran, citado por Viana, requerem um toque de sorte para a rápida localização da informação útil (Viana, 1996). A imensa quantidade de informação e as ferramentas de busca disponíveis na WWW não permitem ao usuário localizar a informação precisa. Estes usuários reclamam usualmente da enorme quantidade de lixo recuperado em suas buscas. Estas ferramentas, mesmo aquelas que usam agentes inteligentes, capazes de reduzir significativamente o esforço de busca, ainda não deram conta de resolver este problema.

Schneider" (1997) relata o uso das ferramentas conhecidas como filtros de informação, aplicado em seu projeto (desenvolvido entre abril a setembro de 1997), onde cerca de 40 bibliotecários participaram, tendo

Informações sobre o projeto estão disponíveis WWW: URL: http://www.bluehighways.com/tifap/

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B I B l O S . R i oG r a n d e . 1 1 :1 1 9 · 1 3 1 . 1 9 9 9 .

como objetivo avaliar estes filtros. Após discussões verificaram-se limitações no uso do TIFAP (The Internet Filter Assessment Project): 1) devido a os bibliotecários pesquisarem mais precisamente. Segundo a autora, muitas vezes os bibliotecários comentam que nunca viram pornografia na Internet, pois estão (a) enfocados no seu trabalho, e (b) excelentes pesquisadores estão altamente envolvidos em sua questão de pesquisa inicial (não se desviam de seus objetivos). 2) Os bibliotecários podem pesquisar mais estrategicamente e criativamente que o usuário típico. Entre os argumentos salienta-se que muitas vezes pode-se excluir informações do que se precisa, além de esses filtros terem custos elevados para as bibliotecas. Como resultados finais do respectivo projeto, tiraram-se lições, principalmente, sobre: o trabalho em equipe; compartilhar informações; como ser pró-ativo; e o valor da descoberta. Salienta-se que um indicativo de sucesso sobre a performance destes filtros está relacionado principalmente na pessoa que utiliza o computador. A única maneira de saber se o filtro funciona em sua situação é testá-Io primeiro, pois são ferramentas mecânicas envolvidas por julgamentos subjetivos. E paga-se alguém para responder a questão: "o que é ruim neste recurso?". Outra recomendação está em "se você não precisa do filtro, então não gaste seu dinheiro (pois requer também muita manutenção)" .

A solução deste problema passa pela preocupação com a qualidade da entrada dos dados, e pela qualidade da indexação das homepages disponíveis na rede.

Para Levacov (1996), é importante que os bibliotecários participem do desenvolvimento de metaferramentas que permitam aos usuários com diferentes habilidades computacionais recuperarem as informações desejadas em um ambiente informacional complexo.

Ao contrário do que as aparentes facilidades da rede possam sugerir, a intermediação do bibliotecário não é prescindível. Ao contrário, estes profissionais ganham uma importância maior, na medida em que organizar e indexar a informação eletrônica tornou-se uma tarefa indispensável. A intermediação se faz presente nas tarefas pertinentes ao bibliotecário, tanto neste espaço, o virtual, como no outro, o tradicional. Nas bibliotecas virtuais, talvez mais do que nas tradicionais, o treinamento do usuário no uso das ferramentas adequadas e em mecanismos de estratégias de busca é fundamental. A euforia inicial com a WWW criou a idéia de que cada usuário pode ser um bibliotecário de referência. Levacov (1996) estima que apenas cerca de 1% da informação arquivada no mundo encontra-se em formato

digital. O restante representa um desafio para os profissionais da informação em termos de ferramentas, políticas de acesso e habilidades profissionais para criar uma verdadeira biblioteca universal. O mundo precisa de bibliotecários para realizar isto, conclui a autora.

O acesso acadêmico à Internet no Brasil aconteceu através da Rede Nacional de Pesquisa, implantada a partir de 1989 pelo CNPq com o intuito

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de interligar universidades e institutos de pesquisa. O acesso comercial à Internet iniciou-se em maio de 1995 e está se consolidando rapidamente. Um dos principais problemas brasileiros no acesso é que ele continua sendo limitado e ainda pouco confiável, porque o sistema de telecomunicações é deficitário (falta de linhas telefônicas, custos, qualidade de transmissão) e os custos dos equipamentos são ainda onerosos para a maioria da sociedade brasileira.

Quanto ao idioma usado na Internet, cabe lembrar que, segundo o Bookmark da Alternex", observa-se que em dezembro de 1997 existem cerca de 600.000 páginas em português (brasileiras) na WWW, enquanto os dez idiomas mais utilizados no ciberespaço, conforme relatado na revista Communications of the ACM

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1 O

, o inglês aparece em primeiro lugar, com

82,3%, alemão em segundo, com 4,0%, japonês em terceiro, com 1,6%, francês em quarto lugar, com 1,5%, espanhol em quinto, com 1,1%, italiano em sexto, com 0,8%, português aparece no sétimo lugar, com 0,7%, o sueco com 0,6%, o holandês com 0,4% e o norueguês com 0,3%. Portanto, a maioria das fontes na Internet são publicadas no idioma inglês, significando que o domínio deste idioma é uma necessidade imprescindível para os profissionais da informação, pesquisadores ou usuários da Internet.

Iniciativas quanto a orientações estratégicas para a implementação de bibliotecas virtuais no Brasil, desenvolvidas pelo Grupo de Trabalho de Bibliotecas Virtuais - GTVB1 1 , criado em 1996, recomendam uma "profunda

transformação, tanto no funcionamento das tradicionais bibliotecas como na prática do profissional da informação."

Os objetivos1 2 do GTBV são:

a) "fortalecer os processos de coleta, organização e disponibilização na Internet da informação gerada no país. Apoiar iniciativas, projetos e atividades que visem a geração de metodologias, instrumentos e outros mecanismos que possibilitem o cumprimento da meta.

b) Contribuir para a conexão das bibliotecas, centros e serviços de informação brasileiros à Internet, a fim de efetivar sua presença e participação ativa na Rede.

c) Apoio ao desenvolvimento do profissional da informação. Enfatizar a atualização das práticas profissionais às mudanças contínuas causadas pelas novas tecnologias da informação".

9Bookmark é um programa que registra as páginas brasileiras na World Wide Web, disponibilizado pelo Alternex. O Alternex, desenvolvido pelo IBASE (Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas), no Rio de Janeiro, foi a primeira instituição não-governamental ativa na Intemet no Brasil, oferecendo acesso geral a partir da ECO-92, em 1992.

1 0 Exemplar de setembro de 1997, v. 40, n. 9, p. 10.

11 Mais informações sobre o GTBV estão disponíveis na WWW: URL

http://www.cg.org.br/gtlgtbv/

1 2 Documento disponível na WWW: URL http://www.cg.org.br/gtlgtbv/objetvos.htm

126 BIBLOS, Aio Grande, 11: 119·131, 1999.

No Brasil existem diversos serviços que estão sendo realizados pelas bibliotecas, as quais disponibilizam desde catálogos de bibliotecas, tais como da UNICAMp1 3

e da USP1 4

; catálogos de coleções específicas como,

por exemplo, o Banco de Teses e Dissertações na área de Educação Física1 5 defendidas nos cursos de pós-graduação existentes no Brasil,

fornecendo cópias mediante solicitação interativa via WWW (existe também uma versão impressa deste banco de dados); formulários de indicação de obras para aquisição1 6 ; e mais recentemente a compilação de indicadores

de fontes selecionadas de referência17• Este exemplo trata da compilação

seletiva e atualizada de fontes de informações de referênciaBA(abstracts, atlas, bases de dados, bibliotecas, censos, comutação bibliográfica, dicionários, editoras, enciclopédias, eventos, ferramentas de pesquisa para Internet, guias, instituições de ensino, de fomento à pesquisa e de normatização, legislação brasileira, livros on-line, mapas on-line, patentes, periódicos eletrônicos, referência bibliográfica, etc.) realizada pelas bibliotecárias do setor de referência da Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina.

As mudanças nos tipos de serviços propostos pelas diferentes bibliotecas ultrapassam a barreira tradicional das quatro paredes e ganham dimensões da globalização na era da virtualização (desterritorialização e tempo). Atualmente os custos destes serviços estão sendo contornados pela criação de consórcios de bibliotecas", que têm como programas: a cooperação no desenvolvimento e gerenciamento da coleção; bases de dados comuns de informação bibliotecária; redes de computadores e de telecomunicação; sistemas de entrega de documentos e informação; armazenamento à distância; e serviços de preservação e restauração. Um exemplo destes serviços é o LlGDOC - Interligação de Bibliotecas para a troca de documentos eletrônicos, resultado do consórcio entre a Universidade do Novo México (EUA) e as Universidades Ibero-Americanas. No Brasil, fazem parte deste consórcio a BAE/UNICAMP, a Biblioteca da Escola de Engenharia de São Carlos, a Biblioteca da PUC do Rio Grande do Sul, a Biblioteca da PUC de São Paulo e a Biblioteca Central da Universidade Federal de Santa Catarina.

Inúmeros projetos ocorrem, desde a compilação bibliográfica de bases de dados ou mesmo seleção de sites na Internet. Mas vale lembrar o que diz Goldhor (1997, p. 2) sobre o que acontece na maioria dos casos: os cientistas perdem o interesse em manter atualizados os vários protocolos e também na melhora das ferramentas de acesso para seus arquivos, e

13Acesso para a Biblioteca da UNICAMP URL http://www.unicamp.br/bc/

1 4Acesso para a Biblioteca da USP URL http://www.usp.br/sibi/sibi.html

1 5Acesso ao Banco de Dados de Teses e Dissertações URL: http://www.cev.org.br 1 6Acesso para a Biblioteca da UFSC URL: http://www.bu.ufsc.br

1 7 Documento disponível na WWW: URL http://www.ced.ufsc.br/-ursula/susana.html 1 8 Outro exemplo de consórcio de bibliotecas disponível na WWW URL:

http://www.wrlc.org

BIBLOS, Aio Grande, 11: 119·131, 1999.

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usualmente preferem deixar aos cuidados dos bibliotecários para a produção do que eles necessitam.

No caso brasileiro, projetos como o da Escola Futura19 da Universidade de São Paulo, cujo objetivo visa disponibilizar informações bibliográficas aos interessados na biblioteca do futuro, seja ela eletrônica, digital, virtual, sem paredes, biônica ou qualquer outra denominação existente na literatura, são medidas que concentram esforços e facilitam a recuperação da informação.

Em áreas científicas, publicações tradicionais no formato em papel passam a ser disponibilizadas na íntegra, também, como hipertexto na WWW, proporcionando maior abrangência e diminuição exponencialmente dos custos destas obras. Por exemplo, a Revista Trans-in-tormação'", da PUCCAMP (Pontifícia Universidade Católica de Campinas). Outra tentativa existente é da revista Ciência da Informação". do IBICT (Instituto Brasileiro de Informação Científica e Tecnológica), mas apresenta dificuldades de acesso'", pois os artigos estão em arquivos que necessitam, após serem salvos noBAdisco local (rígido ou flexível), vê-Ios separadamente. Isto dificulta o acesso público, por exemplo na biblioteca, pois a falta de equipamentos ainda é uma constante na realidade brasileira.

REFLEXÕES

Das organizações virtuais da informação espera-se um maior grau de informações organizadas para facilitar o desenvolvimento cultural, científico e tecnológico. O planejamento constante do uso das tecnologias da informação, da capacitação do profissional (idioma, estratégias de recuperação, trabalho interdisciplinar e global) e do conhecimento das necessidades dos usuários é condição fundamental para melhoria da qualidade de serviços nas bibliotecas.

Refletindo sobre as características apresentadas por Rodrigues (1996) para que as bibliotecas digitais estejam acessíveis aos seus potenciais utilizadores a qualquer hora e de qualquer lugar, surge a necessidade de serem criados mais sites sobre informação de acordo com as necessidades dos usuários. Também é necessária a elaboração de sites relacionando obras da literatura brasileira, lazer, formação profissional e artística de acordo com as características culturais e sociais existentes.

Existe uma necessidade básica de treinamento do profissional da

DCBA

1 9 WWW: URL:

informação com o suporte do documento eletrônico (desde o manejo das conhecidas bases de dados eletrônicas e/ou on-line, passando pelas listas de discussões até as páginas de hipermídia WWW), estruturas de busca e recuperação e atendimento aos usuários da informação eletrônica, onde a solicitação vai do ambiente interativo das páginas WWW ao simples uso do E-mail.

Cabe pensar como ocorrem mudanças na relação do usuário da informação com o suporte ao conteúdo da informação. Que as bibliotecas virtuais invistam no treinamento do usuário, tanto no uso das ferramentas disponíveis na Web, como os robôs de busca, quanto em estratégias de busca com vistas à obtenção da informação precisa e rápida.

Também é necessária a criação de serviços que possam ser vistos cada vez mais como algo natural no ciberespaço da informação, onde, lamentavelmente, um dos maiores entraves ainda está na utilização dos hardwares e softwares.

Intensificar e facilitar o envio de cópias de artigos recebidos via comutação bibliográfica ao usuário através das tecnologias de telemática existentes, para que o usuário economize tempo e agilize o acesso às cópias dos documentos por via eletrônica, evitando cópias em papel (redução de espaço e custos).

Prestar serviços de referência, tais como: responder questões, tirar dúvidas, agendar horários para utilização das Bases de Dados em CD-ROM, ler e responder e-mails, etc.

Criar uma cultura organizacional sobre como agregar valor à informação e, principalmente, sobre o trabalho em equipe, tornando uma biblioteca mais flexível e dinâmica, evitando ao máximo o trâmite da burocracia operacional.

Sem dúvida, quanto mais se pensa sobre a realidade existente nas bibliotecas, verifica-se que inúmeros dos problemas existentes podem ser solucionados através de ações relativamente simples, mas que somente a cultura organizacional gradativamente poderá adaptar-se às realidades em constante mutação.

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Base de dados Futura acessível

ttp://www.eca.usp.br/eca/nucleos/biblial/futura/index.htm

2 0 Disponível na WWW URL: http://www.puccamp.br/-biblio/ 2 1 Disponível na WWW URL: http://www.ibict.br/cionline/

2 2 Elementos básicos para estilo de páginas Web são destacados pelo documento US

EPA Region 2: Nine Elements of Web Style, 1996. Disponível na WWW URL: http://bluehighways.com/style .htm

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