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farrajota

consultoria jurídica empresarial

Rua Cubatão n.º 436 – Conj. 11 CEP 04013-001 São Paulo – SP Tel/Fax: 55 11 3887 7221 www.farrajota.com.br

O Estrangeiro e a Legislação de Trânsito

Paula dos Santos Farrajota

Advogada em São Paulo

A obtenção por estrangeiro de autorização para conduzir veículo automotor em território nacional é questão polêmica pela falta de regulamentação procedimental unívoca, em território nacional, sobre a matéria.

Justamente tendo em vista a necessidade de uma melhor uniformização operacional acerca do condutor estrangeiro, a partir de discussões da Câmara Técnica de Formação e Habilitação de Condutores, chegou-se ao texto da Resolução CONTRAN n.º 193, de 26 de maio de 2006, publicado no Diário Oficial da União – Seção 1, de 05 de junho de 2006, p. 33, que dispõe sobre a regulamentação do candidato ou condutor estrangeiro.

I. DA HABILITAÇÃO PARA CANDIDATO OU CONDUTOR ESTRANGEIRO

Nesse diapasão, a Resolução em exame trata, em seus Artigos 1.º, 2.º e 4.º, das seguintes hipóteses:

(i) de estrangeiro portador de habilitação para conduzir, em seu país de origem, que seja signatário da Convenção sobre Trânsito Viário ( “Convenção” )1, celebrada em Viena em 08 de novembro de 1968, ratificado e aprovado pela República Federativa do Brasil, por meio do Decreto Legislativo n.º 33, de 13 de maio de 1980, e pelo Decreto n.º 86.714, de 10 de dezembro de 1981, ou que adote o princípio da reciprocidade com o Brasil;

(ii) de estrangeiro portador de habilitação para conduzir, em seu país de origem, que não seja signatário da Convenção ou que não adote o princípio da reciprocidade com o Brasil;

(iii) de estrangeiro não habilitado para conduzir em seu país de origem. Passemos ao exame detido das hipóteses acima referidas.

1 Os países signatários da Convenção de Trânsito Viário ou que adotam tratamento de reciprocidade são os seguintes:

África do Sul, Albânia, Alemanha, Angola, Argélia, Argentina, Austrália, Áustria, Azerbaidjão, Bahamas, Barein, Belarus, Bélgica, Bolívia, Bósnia-Herzegóvina, Bulgária, Cabo Verde, Cazaquistão, Chile, Cingapura, Colômbia, Coréia do Sul, Costa do Marfim, Costa Rica, Croácia, Cuba, Dinamarca, El Salvador, Equador, Eslováquia, Eslovênia, Estados Unidos, Estônia, Federação Russa, Filipinas, Finlândia, França, Gabão, Gana, Guiné-Bissau, Haiti, Holanda, Honduras, Hungria, Indonésia, Irã, Israel, Itália, Kuweit, Letônia, Líbia, Lituânia, Luxemburgo, Macedônia, Marrocos, México, Modávia, Mônaco, Mongólia, Namíbia, Nicarágua, Níger, Noruega, Nova Zelândia, Panamá, Paquistão, Paraguai, Peru, Polônia, Portugal, Reino Unido (Inglaterra, Irlanda do Norte, Escócia e País de Gales), República Centro-Africana, República Democrática do Congo, República Dominicana, República Checa, Romênia, San Marino, São Tomé e Príncipe, Seichelles, Senegal, Sérvia e Montenegro, Suécia, Tadjiquistão, Tunísia, Turcomenistão, Ucrânia, Uruguai, Uzbequistão, Venezuela e Zimbábue.

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Estrangeiro habilitado em País signatário da Convenção ou que adote o princípio da reciprocidade com o Brasil

O Artigo 1.º da Resolução estabelece que o condutor de veículo automotor, natural de

país estrangeiro ou nele habilitado, desde que penalmente imputável no Brasil, poderá dirigir no Território Nacional quando amparado por convenções ou acordos internacionais, ratificados e aprovados pela República Federativa do Brasil e, igualmente, pela adoção do Princípio da Reciprocidade, no prazo máximo de 180 (cento e oitenta) dias, respeitada a validade da

habilitação de origem.

O início da contagem do prazo de 180 (cento e oitenta) dias deve ser considerado da data de entrada do estrangeiro no âmbito territorial brasileiro (cf. disposição do §1.º do Artigo 1.º da Resolução).

O § 3.º do Artigo 1.º da Resolução trata da documentação e procedimento para reconhecimento da carteira de habilitação estrangeira. O condutor deverá portar a carteira de habilitação estrangeira, dentro do prazo de validade, acompanhada da respectiva tradução juramentada e do seu documento de identificação, devidamente reconhecida mediante registro junto ao órgão ou entidade executivo de trânsito dos Estados ou do Distrito Federal.

Ao atribuir aos órgãos ou entidades executivos de trânsito dos Estados (DETRANs) ou do Distrito Federal a competência para “reconhecer” a carteira de habilitação estrangeira, a Resolução perdeu a oportunidade de unificar um procedimento em território nacional para que o reconhecimento ocorra, mantendo a critério dos executivos de trânsito estaduais e do Distrito Federal a definição de tal procedimento.

Cumpre esclarecer que, caso o estrangeiro, com estada regular no Brasil, pretenda permanecer por mais de 180 (cento e oitenta) dias, deverá, ainda no período inicial de 180 (cento e oitenta) dias, dar início ao procedimento para obtenção da CNH ( Carteira Nacional de Habilitação ), submetendo-se aos Exames de Aptidão Física e Mental e Avaliação Psicológica (cf. disposto no §4.ºdo Artigo 1.º da Resolução).

Estrangeiro habilitado em País não signatário da Convenção ou que não adote o princípio da reciprocidade com o Brasil

O Artigo 2.º da Resolução inova ao permitir que estrangeiro habilitado em País não signatário da Convenção ou que não adote o princípio da reciprocidade com o Brasil, possa dirigir em território nacional mediante a troca de sua habilitação original pela equivalente brasileira e aprovação nos exames de Aptidão Física e Mental, Avaliação Psicológica e Direção Veicular, respeitada a sua categoria.

Nesse sentido, o Brasil ratifica prática adotada internacionalmente, adotando soluções conciliatórias no âmbito de suas relações extraterritoriais.

Estrangeiro não habilitado em seu País de origem

O Artigo 4.º da Resolução trata da possibilidade de estrangeiro, com estada regular no Brasil, não habilitado em seu País de origem, obter a CNH, desde que satisfeitas todas as exigências previstas na legislação de trânsito brasileira em vigor.

Observe-se que o Artigo 4.º não estabeleceu diferenciação quanto a estrangeiro não habilitado, proveniente de País signatário ou não da Convenção, ou que adote ou não o princípio da reciprocidade com o Brasil.

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Entendemos que a interpretação do Artigo 4.º deverá ser restritiva, ou seja, aplicável somente a estrangeiros não habilitados, provenientes de País signatário da Convenção, ou que adote o princípio da reciprocidade com o Brasil. Caso contrário, a inovação carreada pelo Artigo 2.º perderia efeito, vez que a hipótese ali mencionada estaria subsumida na regra insculpida no Artigo 4.º.

Em síntese, com exceção das situação do estrangeiro habilitado, proveniente de País signatário da Convenção, ou que adote o princípio da reciprocidade com o Brasil, nos 180 (cento e oitenta) dias de sua estada inicial, durante o qual poderá valer-se de sua habilitação estrangeira, desde que devidamente reconhecida pelos executivos de trânsito estaduais ou do Distrito Federal, conforme o caso, nos demais casos, o estrangeiro deverá obter a CNH.

Assim, em caso de: a) prorrogação da estada do estrangeiro habilitado em País signatário da Convenção ou que adote o princípio da reciprocidade com o Brasil ( “prorrogação” ), por mais de 180 (cento e oitenta) dias; b) troca da habilitação estrangeira pela equivalente nacional por estrangeiro habilitado, proveniente de País não signatário da Convenção, ou que não adote o princípio da reciprocidade com o Brasil ( “troca” ); ou ainda

c) estrangeiro não habilitado em seu País de origem ( “estrangeiro não habilitado” ), o

estrangeiro deverá dar início ao procedimento para obtenção da CNH ( Carteira Nacional de Habilitação ), submetendo-se aos Exames de Aptidão Física e Mental e Avaliação Psicológica (no caso da “prorrogação”), e ainda de Direção Veicular, respeitada a sua categoria (no caso da “troca”), e aos exames escrito, sobre legislação de trânsito e de noções de primeiros socorros, conforme regulamentação do CONTRAN, nos termos do Artigo 147 da Lei n.º 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro.

Hipóteses em que o estrangeiro deverá obter a CNH ( Quadro Comparativo ):

Estrangeiro habilitado em País signatário da Convenção ou que adote o princípio da reciprocidade com o Brasil ( Prorrogação por mais de 180 dias )

Estrangeiro habilitado em País não signatário da Convenção ou que não adote o princípio da reciprocidade com o Brasil ( Troca )

Estrangeiro não habilitado em seu País de origem

□ Exames de Aptidão Física e Mental e Avaliação Psicológica. □ Exames de Aptidão Física e Mental e Avaliação Psicológica; □ Exame de Direção Veicular, respeitada a sua categoria. □ Exames de Aptidão Física e Mental e Avaliação Psicológica; □ Exame de Direção Veicular, respeitada a sua categoria;

□ Exames escrito, sobre legislação de trânsito e de noções de primeiros socorros.

II. DA CARTEIRA INTERNACIONAL DE HABILITAÇÃO

Outra questão a ser tratada é a da Carteira Internacional de Habilitação ou Habilitação Internacional para Dirigir. Curiosamente, a Resolução n.º 193, de 26 de maio de 2006, que dispõe sobre a regulamentação de candidato ou condutor “estrangeiro”, em seu Artigo 6.º,

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transcrevendo a prescrição do Artigo 32 da Resolução CONTRAN n.º 168, de 14 de dezembro de 2004 (revogado), trata de Habilitação Internacional para Dirigir, expedida no Brasil, não tratando da hipótese de reconhecimento de Habilitação Internacional para Dirigir, expedida no exterior.

Não cuidou a Resolução n.º 193 de buscar uniformizar o procedimento de validação das Carteiras de Habilitação Internacionais, expedidas no exterior, que, via de regra, são analisadas pelos Departamentos Estaduais de Trânsito, que normalmente carimbam o documento, validando-o por um ano a contar da data de sua emissão.

A falta de um procedimento de validação nacional da Habilitação Internacional para Dirigir, expedida no exterior, gera uma série de inconvenientes ao seu portador, que a pretenda fazer valer em território brasileiro, vez que terá de validá-la em cada Estado da Federação (para os Estados que adotam o critério da validação) onde pretenda dirigir (vez que a validação por um Estado não gera, automaticamente o seu reconhecimento por outro), seja pela falta de um procedimento uniforme, a nível estadual, quanto à própria forma de validação.

Mais uma vez, perdeu-se, também aqui, a oportunidade de se criar um procedimento de validação a nível nacional, da Carteira de Habilitação Internacional, expedida no exterior.

III. DAS INFRAÇÕES DE TRÂNSITO, DA IMPOSIÇÃO DE PENALIDADES E DO SISTEMA DE

PONTUAÇÃO

Outra importante questão a ser abordada refere-se às infrações de trânsito cometidas por estrangeiros, a imposição de penalidades e o sistema de pontuação.

Em tese, aplicam-se aos estrangeiros as mesmas regras aplicáveis aos nacionais. As infrações de trânsito, dependendo de sua natureza, são puníveis com as seguintes penalidades, aplicáveis pelas autoridades de trânsito, na esfera de suas respectivas competências, e dentro de sua circunscrição:

I) advertência por escrito; II) multa;

III) suspensão do direito de dirigir; IV) apreensão do veículo;

V) cassação da Carteira Nacional de Habilitação; VI) cassação da Permissão para Dirigir;

VII) freqüência obrigatória em curso de reciclagem.

Vale ressaltar que a aplicação das penalidades previstas no Código de Trânsito Brasileiro não elide as punições originárias de ilícitos penais decorrentes de crimes de trânsito, conforme disposições de lei (cf. §1.º do Artigo 256 do CTB).

Dentre as penalidades previstas, em especial as infrações punidas com multa classificam-se, de acordo com sua gravidade, em quatro categorias:

I) infração de natureza gravíssima, punida com multa de valor correspondente a 180 (cento e oitenta) UFIR, correspondente a R$ 191,54 (cento e noventa e um reais e cinqüenta e quatro centavos) (Resolução CONTRAN n.º 136, de 02 de abril de 2002);

II) infração de natureza grave, punida com multa de valor correspondente a 120 (cento e vinte) UFIR, correspondente a R$ 127,69 (cento e vinte e sete reais e

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sessenta e nove centavos) (Resolução CONTRAN n.º 136, de 02 de abril de 2002);

III) infração de natureza média, punida com multa de valor correspondente a 80 (oitenta) UFIR, correspondente a R$ 85,13 (oitenta e cinco reais e treze centavos) (Resolução CONTRAN n.º 136, de 02 de abril de 2002);

IV) infração de natureza leve, punida com multa de valor correspondente a 50 (cinqüenta) UFIR, R$ 53,20 (cinqüenta e três reais e vinte centavos). (Resolução CONTRAN n.º 136, de 02 de abril de 2002).

Como funciona o sistema de pontuação negativa?

Fonte:http://www.denatran.gov.br/multa.htm

As infrações são classificadas de acordo com a sua gravidade, em quatro categorias: Gravíssima - 7 (sete) pontos

Grave - 5 (cinco) pontos Média - 4 (quatro) pontos Leve - 3 (três pontos)

Quando o motorista atingir 20 pontos ou mais, ele será submetido a processo administrativo, que decidirá sobre a suspensão do seu direito de dirigir. Para isso, o condutor será notificado e terá prazo de 15 (quinze) dias, a partir da data do recebimento da notificação, para procurar o DETRAN e apresentar sua defesa. Se não o fizer dentro do prazo, seu processo será julgado à revelia. No caso de o motorista impetrar recurso e este ser indeferido, ainda há a possibilidade de mais um recurso, junto ao Conselho Estadual de Trânsito (CETRAN). O período de suspensão do direito de dirigir pode variar de um mês a um ano. Além de aguardar o término da penalidade imposta, para obter de volta o direito de dirigir o condutor deverá participar do Curso de Reciclagem de Motorista Infrator, oferecido pela Coordenadoria de Educação do Detran. O curso é de 20 horas/aula.

Caso o aluno seja reprovado, terá de refazer o curso. Só a aprovação garantirá a obtenção do direito de dirigir novamente.

Os pontos são acumulados num período de 12 (doze) meses. Se um ano após a primeira infração cometida o motorista não tiver atingido 20 ou mais pontos, os pontos relativos àquela primeira infração serão retirados da CNH. E assim sucessivamente.

IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Não obstante, no que tange ao reconhecimento da habilitação de estrangeiro proveniente de País signatário da Convenção sobre Trânsito Viário ou que adote o princípio da reciprocidade com o Brasil, alguns Estados (como Paraná e Bahia) já venham aplicando o texto da Resolução, na medida em que entendem que a carteira de habilitação estrangeira, dentro do prazo de validade, acompanhada da respectiva tradução juramentada, já é o documento válido, nos 180 (cento e oitenta) dias, contados da entrada no estrangeiro, ainda restam muitas dúvidas quanto ao procedimento a ser adotado na prorrogação por mais de 180 (cento e oitenta) dias, e nas outras hipóteses que a Resolução menciona.

Também até hoje não se solucionou a questão da aplicação dos exames para estrangeiro, com estada regular no Brasil, que pretenda obter sua Carteira Nacional de Habilitação, vez que tais exames são aplicados na língua portuguesa, o que constitui outro óbice para a obtenção da CNH.

Referências

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