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SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E DESEMPENHO DO CATALISADOR Ni/Al2O3 NA OBTENÇÃO DE HIDROGÊNIO POR REFORMA A VAPOR DE GLICEROL E ETANOL

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Revista Tecnológica Maringá, v. 26, p. 71-82, 2017.

http://dx.doi.org/10.4025/revtecnol.v26i1.31573

SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO E DESEMPENHO DO CATALISADOR

Ni/Al2O3 NA OBTENÇÃO DE HIDROGÊNIO POR REFORMA A VAPOR DE

GLICEROL E ETANOL

SYNTHESIS, CHARACTERIZATION AND PERFORMANCE OF THE Ni/Al2O3

CATALYST IN THE OBTAINATION OF HYDROGEN BY VAPOR REFORM OF

GLYCEROL AND ETHANOL

Rodolfo de Andrade Schaffner1

Nadia Regina Camargo Fernandes-Machado2

Fernando Alves Silva3

Daniel Gabriel Lopes4

Ennio Peres da Silva5

Mabel Arrantes Alves6

Helton José Alves7

Resumo: A reforma a vapor do etanol e glicerol é uma rota interessante para a produção de H2, para isso se torna necessário a síntese de catalisadores com boa atividade e viáveis economicamente. Neste cenário, catalisadores de níquel suportados em alumina (Al2O3) vêm sendo muito estudados no processo de reforma. Neste trabalho, foi sintetizado um catalisador com 30% de níquel suportado em alumina peletizada (30%Ni/Al2O3), pelo método de impregnação úmida, e caracterizado pelas técnicas de absorção atômica em chama (teor metálico), fisissorção de N2, RTP, DRX e DTP-NH3. Para os testes catalíticos, foi utilizado um reator tubular de aço inox de leito fixo, temperaturas de 450, 550 e 650 °C, velocidade espacial (WHSV) de 100 L h-1 g

cat-1 e etanol ou glicerol. Nas reações o aumento da temperatura levou a uma maior produção de H2, sendo que os maiores percentuais observados foram em 650 °C. Na ausência do catalisador ou em baixas temperaturas, foi observada uma maior produção de compostos indesejáveis como metano, eteno e etano.

Palavras-chave: Catálise heterogênea. Níquel. Alumina. Biocombustível.

Abstract: The steam reforming as ethanol and glycerol is an interesting route for the H2 production, which makes necessary the catalysts synthesis with good activity and economically viable. In this sense, nickel catalysts supported on alumina (Al2O3) have been extensively studied in the reform of process. In work, was synthesized a catalyst with 30% nickel supported on pelletised alumina (30%Ni/Al2O3), by the wet impregnation method, and characterized by flame atomic absorption techniques (metal content), N2 physisorption, TPR, XRD and TPD-NH3. For the catalytic tests was used a tubular reactor stainless steel fixed bed, with temperatures of 450, 550 and 650 °C, space velocity (WHSV) of 100 L h-1 g

cat-1 and ethanol or glycerol. In the reactions, the temperatures of increses led to higher H2 production, being the largest percentages were observed at 650 °C. In the absence of the catalyst or at low temperatures, a greater production of undesirable compounds such as methane, ethene and ethane was observed.

Keywords: heterogeneous catalysis. nickel. alumina. biofuel.

1 Mestrando, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, rodolfoschaffner@gmail.com.

2

Professora Associada, Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Química, nadia@deq.uem.br.

3

Universidade Estadual de Maringá, fernando.aseq@hotmail.com.

4 Indústria Comércio e Assessoria Tecnológica em Energia e Gases Industriais Ltda., daniel.hytron@gmail.com.

5

Professor, Universidade Estadual de Campinas, lh2ennio@isi.unicamp.br.

6

Universidade Federal do Paraná, belkarina@yahoo.com.br.

7

(2)

INTRODUÇÃO

O contínuo crescimento da demanda energética mundial associado à maior consciência a respeito dos problemas ambientais, têm resultado no maior interesse pelo desenvolvimento

de rotas alternativas de energia. Neste cenário o hidrogênio (H2) terá um papel de destaque no

futuro da economia mundial, por ser um combustível limpo, renovável e sua conversão em energia é cerca de 2 a 3 vezes mais eficiente que motores convencionais, quando usado em células a combustível (Linardi, 2008). Uma rota interessante que vem se mostrando promissora

na produção de H2 é a reforma a vapor de hidrocarbonetos ou da biomassa, sendo que este

processo ocorre em elevadas temperaturas e a baixas pressões, na presença de um catalisador. Nestes processos, os catalisadores a base de metais nobres (Rh, Ru, Pd, Ir e Pt) apresentam uma alta eficiência e boas conversões, porém são caros (Mitran et al, 2016, Maia et al, 2007). Neste sentido, catalisadores que utilizam níquel (Ni) como espécie ativa dispersa em diversos suportes estão sendo bastante estudados, principalmente pelo baixo custo, elevada atividade catalítica e seletividade apresentada (Maia et al, 2007).

Para que o hidrogênio se torne realmente sustentável, deve-se promover a sua produção a partir de recursos renováveis como a biomassa, no entanto, a maior parte do hidrogênio produzido atualmente provém de fontes não renováveis, baseados em combustíveis fósseis como o gás natural (Linardi, 2008).

A produção de biodiesel a partir da transesterificação de óleos vegetais gera glicerol como coproduto. A produção de uma tonelada de biodiesel resulta em cerca de 110 kg de glicerol bruto ou 100 kg de glicerol puro (Adhikari et al, 2008). Desta forma, uma grande

quantidade de glicerol está sendo gerada anualmente, e a produção de H2 por reforma a vapor

do glicerol (Equação 1) é uma alternativa interessante para agregar valor a este coproduto, que atualmente possui baixo valor de mercado pela grande disponibilidade, além de ser considerado um passivo ambiental (Schwengber et al, 2016).

A reforma a vapor do etanol (Equação 2) também é uma rota promissora para se obter hidrogênio renovável, uma vez que o etanol pode ser produzido diretamente via fermentação da biomassa, sendo interessante para os países da América Latina, em particular o Brasil, por ser um dos grandes produtores mundiais de cana-de-açúcar, e consequentemente deste álcool (Maia et al, 2007). C3H8O3 + 3 H2O ⇌ 3CO2 + 7H2 (ΔH°298k = 128,0kJ/mol) (1) C2H5OH + 3 H2O ⇌ 2CO2 + 6H2 (ΔH°298k = 207,7 kJ/mol) (2) H2 + CO ⇌ C + H2O (ΔH°298k = -131,26 kJ/mol) (3) CH4 ⇌ C + 2H2 (ΔH°298k = 74,85 kJ/mol) (4) 2CO ⇌ C + CO2 (ΔH°298k = -172 kJ/mol) (5)

Outro fator que estimula o uso do glicerol e do etanol neste tipo de reforma, é a

estequiometria favorecida na produção de H2, já que podem ser gerados 6 ou 7 mols de H2 para

cada mol de etanol ou glicerol, respectivamente.

Para ambos os casos apresentados podem ocorrer reações paralelas indesejáveis (Equações 3, 4 e 5) de formação de carbono (coque), sendo que o seu acúmulo pode levar à desativação do catalisador. Neste caso, dentre outras variáveis importantes, a acidez do catalisador pode ser determinante para o favorecimento destas reações paralelas, o que pode ser influenciado diretamente pelo percentual da espécie ativa dispersa na superfície, bem como, pela acidez do suporte utilizado (Alipour et al, 2014, Eltejaei et al, 2012).

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Revista Tecnológica Maringá, v. 26, p. 71-82, 2017.

O objetivo do presente trabalho foi sintetizar e caracterizar o catalisador Ni/Al2O3

avaliando o seu desempenho nas reações de reforma a vapor do glicerol e do etanol, para

produção de H2.

1. MATERIAIS E MÉTODOS 1.1. PREPARO DO CATALISADOR

Pellets de alumina (Al2O3) comercial não calcinados (7 mm x 1 mm) foram inicialmente

secos em estufa a 110 °C por 24 h, sendo em seguida adicionados 50 mL de uma solução 0,851

mol L-1 de Ni(NO

3)2 (Sigma-Aldrich, 97%) para cada 10 g de pellets, buscando obter um

catalisador com cerca de 30% de Ni. A agitação foi feita manualmente a cada 30 min durante 3 h para garantir a impregnação do Ni na superfície da alumina e evitar a destruição do pellet nesta etapa. Em seguida, os pellets de alumina impregnados com Ni foram secos em estufa a 110 °C por 24 h, sendo submetidos na sequência a uma calcinação sob a seguinte programação:

taxa de aquecimento de 3,0 °C min-1 até 200 °C, permanecendo por 60 min; 3,0 °C min-1 até

500 °C, permanecendo por 60 min; e 5 °C min-1 até 800 °C, permanecendo por 4 horas. Após

a calcinação, o catalisador Ni/Al2O3 foi transferido para um dessecador.

1.2. CARACTERIZAÇÃO DO CATALISADOR

Para determinar a real concentração de metal presente nos catalisadores após a calcinação foi utilizado o procedimento que inclui: digestão ácida (abertura das amostras), quantificação por absorção atômica em chama e comparação com padrão de níquel.

A abertura das amostras, consistiu-se em adicionar 0,5 mL de água régia (HNO3 e HCl

na proporção 1:3 (v/v)) e 3 mL de ácido fluorídrico a um recipiente de teflon contendo 0,200 g de amostra e levar a uma chapa de aquecimento. Após o volume reduzir significativamente e a amostra se solubilizar, a mesma foi removida da chapa de aquecimento para ser resfriada

completamente. Adicionou-se então 10 mL de água deionizada, 5 mL de H3BO3 (4%) e 1 mL

de HCl concentrado (fumegante) e levou-se novamente para a chapa de aquecimento até apresentar um aspecto límpido. A solução foi resfriada e transferida para um balão de 100 mL, completando o volume. As concentrações (porcentagem) dos íons metálicos foram então determinadas nestas soluções das amostras solubilizadas por absorção atômica em chama (Spectra AA, Modelo 50B Varian).

Para determinar a estrutura porosa e o volume de poros das amostras, foram obtidas isotermas de adsorção/dessorção na temperatura do nitrogênio líquido, usando um Analisador

de Área Superficial NOVA 2000e da Quantachrome Instruments (método de fisissorção de N2

– BET). As amostras analisadas foram tratadas sob vácuo à 200 °C por 6 h e a área superficial

específica foi estimada pela equação BET, usando P/Po ≤ 0,3. O volume e o diâmetro médio

dos poros foram determinados pelo método BJH (Brunauer et al, 1938).

A dessorção por temperatura programada de amônia (DTP-NH3) foi realizada em uma

unidade multipropósito CHEMBET 3000 da QuantaChrome Instruments com detector de condutividade térmica, onde cerca de 100 mg de amostra foram submetidas a um pré-tratamento

a temperatura de 300 °C, com fluxo de N2, a uma vazão de 30 mL min-1, por 60 min. Em

seguida, realizou-se a redução do catalisador in situ e na sequência, adsorção de amônia a 100

°C. Após a adsorção foi realizada a dessorção numa taxa de 10 °C min-1 até 700 °C. A

quantificação da amônia total dessorvida foi realizada com padrão interno.

A análise qualitativa das fases cristalinas presentes no suporte e no catalisador foi realizada por difratometria de raios X. Os difratogramas foram obtidos em um Difratômetro

(4)

Shimadzu, modelo XRD-6000, utilizando as amostras na forma de pó e as leituras efetuadas no

intervalo de 2θ entre 5° e 70°, com radiação Cu Kα (λ = 1,5406 Å), operando-se a 40 kV e 30

mA e varredura contínua a 1,5° min-1. A identificação das fases cristalinas foi realizada por

comparação fichas cristalográficas do JCPDS (Joint Comission of Powder Diffraction File Sets).

Para analisar o grau de redução e a interação metal-suporte o catalisador foi submetido ao ensaio de redução em temperatura programada (RTP). Para a análise foi utilizado um equipamento construído no DEQ/UEM. A amostra correspondente a no mínimo 5 mg da fase

ativa foi pesada em um reator de quartzo e submetida a fluxo de mistura Ar-H2 com taxa de

aquecimento 10 oC min-1, até 1200 °C.

1.3. TESTES CATALÍTICOS

Os teste catalíticos foram realizados em um reator vertical tubular de aço inox de leito fixo (Figura 1), no qual os reagentes (1) são injetados com o auxílio de uma bomba peristáltica (2) com controle digital de vazão, sofrendo pré-aquecimento ao passarem por uma serpentina de aço inox em fluxo descendente em torno do reator (3). O reator é revestido por um tubo de alumina aquecido por resistências elétricas. Neste reator os reagentes são misturados em sua base já no estado gasoso, atravessando o leito catalítico (4) (cesto de aço inox de 5 cm de comprimento por 3 cm de diâmetro) situado na região central do mesmo em fluxo ascendente.

Figura 1. Reator de reforma a vapor.

Os produtos gasosos gerados ao atingirem o topo do reator são conduzidos para um condensador de vidro (5) para liquefazer as espécies de ponto de ebulição mais elevado (excesso de água, etanol ou glicerol que não reagiram, produtos secundários, etc), o qual foi mantido a 10 °C por um banho termostatizado. A temperatura do forno foi controlada e monitorada digitalmente por termopares do tipo K (7). Um sistema de vidro graduado (6) foi interligado na

(5)

Revista Tecnológica Maringá, v. 26, p. 71-82, 2017. saída do condensador para monitorar o fluxo de gases produzidos, e também, permitir a coleta em ampolas gasométricas para posterior análise cromatográfica.

Para avaliar o desempenho do catalisador foram realizados testes com etanol (SYNTH, 99,5 %) e glicerol (VETEC 99,5 %). As reações foram conduzidas com variação de temperatura

entre 450 e 650 °C, velocidade espacial horária mássica (WHSV) de 100 L h-1 g

cat-1 e a razão

molar água/etanol de 5:1 e água/glicerol de 9:1, sendo que o aumento da quantidade de água no último caso se deve por causa da maior viscosidade do glicerol, visando desta forma evitar entupimentos no reator. Foram realizados também dois testes brancos, para cada reagente, um deles apenas com o suporte peletizado de alumina e o outro sem catalisador (leito catalítico

vazio), ambos a 550 °C, razão molar e WHSV igual a 100 L h-1 g

cat-1 (Maia et al, 2007). A

massa de catalisador e a vazão da bomba peristáltica podem ser observador na Tabela 1. Tabela 1. Massa de catalisador e vazão de entrada dos ensaios catalíticos

Ensaios com Etanol

Massa de

Catalisador (g)

Vazão de entrada

(mL min

-1

)

450 °C *

17,56

10,90

550 °C *

17,80

10,92

650 °C *

15,63

7,61

C/Alumina **

14,08

7,69

S/Catalisador **

8,00

Ensaios com Glicerol

450 °C *

14,02

9,77

550 °C *

15,02

9,19

650 °C *

16,03

9,81

C/Alumina **

15,44

9,45

S/Catalisador **

8,00

* na presença do catalisador 30% Ni/Al2O3. ** ensaio realizado à 550 oC.

As coletas de gases foram realizadas após 3 h de reação, o produto gasoso foi avaliado em um cromatógrafo gasoso Agilent 7890A (colunas HP-PLOT/U e HP Mol. sieve 30 m x

0,530 mm x 20,00 μm, split a 100 mL min-1, 3,9 mL min-1 de Ar na fase móvel, volume de

injeção na coluna de 0,01 μL, utilizando detector TCD). 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.1. PROPRIEDADES TEXTURAIS

A análise por absorção atômica do teor metálico para o catalisador Ni/Al2O3 calcinado

a 800 ºC resultou em um teor de 31,17% de fase ativa.

Os resultados de análise textural do catalisador 30% Ni/Al2O3 e do suporte Al2O3 não

calcinado podem ser visualizados na Tabela 2 e nas Figuras 2 e 3.

Percebe-se uma redução na área e no volume de poros do catalisador 30% Ni/Al2O3 em

relação ao suporte Al2O3, sendo esta redução atribuída à impregnação do metal na superfície e

(6)

Tabela 2. Resultados texturais do catalisador e do suporte.

Amostra

S BET (m

2

g

-1

)**

Vp (cm

3

g

-1

)***

Øp (nm)****

Al2O3 peletizada*

232,1

0,781

6,73

30% Ni/Al2O3 800 ºC

118,8

0,450

7,64

* não calcinado ** S = área superficial específica *** Vp = volume de poros **** Øp = diâmetro médio de poros

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 0 5 10 15 20 25 30 35 40

30% Ni/Al

2

O

3

Al

2

O

3

V

o

lume @

STP

(c

m³)

Pressao Relativa (P/Po)

Ads

Des

Figura 2. Isotermas obtidas por fisissorção de N2 da Al2O3 peletizada e do catalisador 30%

Ni/Al2O3 calcinado a 800ºC.

As isotermas do catalisador 30% Ni/Al2O3 e do suporte Al2O3 peletizada são do tipo IV,

de acordo com a classificação da IUPAC (International Union of Pure and Applied Chemistry), sendo características de sólidos mesoporosos (2 nm < Ø poroso ≤ 50 nm). As isotermas das duas amostras apresentaram histerese referente a materiais com poros regulares de formato cilíndrico e/ou poliédrico com as extremidades abertas. Evidenciando que o catalisador é constituído de mesoporos de variados tamanhos (IUPAC, 1972).

Como pode ser notado na Figura 3 as distribuições de diâmetros de poros são monomodais, com valores de dimensões de poros concentrados numa faixa entre 20 e 300 Å.

(7)

Revista Tecnológica Maringá, v. 26, p. 71-82, 2017. 0 200 400 600 800 1000 1200 0 1 2 3 4 5 6 dV(log D)( c m 3 g -1 ) Diâmetro de Poros [Å] Al 2O3 30% Ni/Al2O3

Figura 3. Gráfico da distribuição de volume de poros na dessorção (dV(logD)cm3 g-1) da

Al2O3 e do 30% Ni/Al2O3.

A Figura 4 representa os perfis de dessorção a temperatura programada de amônia

(TPD-NH3), do catalisador e do suporte. Na análise de TPD-NH3, o suporte alumina apresentou

dois picos de dessorção, sendo o primeiro pico a 206 °C que é atribuído a sítios ácidos fracos e o segundo pico a 459 °C que é atribuído a sítios ácidos de maior força.

100 200 300 400 500 600 700 800 Intensi dade (u.a) Temperatura oC Al2O3 30% Ni/Al2O3

Figura 4. Perfil de dessorção de amônia do suporte Al2O3 peletizado e do catalisador 30%

(8)

A incorporação de níquel na alumina levou a formação de um pico de dessorção de amônia que se estende de 200 °C até aproximadamente 500 °C com a temperatura máxima de dessorção de 336 °C (Figura 4). A quantidade de amônia dessorvida para a alumina foi de 0,074

mmolNH3 g-1 e para o catalisador foi de 0,038 mmolNH3 g-1, com uma redução de 51,35% da

acidez quando comparado com a acidez do suporte. A redução da acidez é favorável a estabilidade do catalisador, reduzindo a deposição de carbono (coque) e evitando sua desativação (Alipour et al, 2014).

2.2. DIFRAÇÃO DE RAIOS X

Na Figura 5 estão apresentados os difratogramas do suporte Al2O3 e do catalisador 30%

Ni/Al2O3. 0 10 20 30 40 50 60 70

+

Al

2

O

3

*

NiAl

2

O

4

+

+

+

*

*

*

*

*

*

Al

2

O

3

Inten

sidad

e (

u.a)

Graus (2

)

30% Ni/Al

2

O

3

Figura 5. Difratogramas do suporte Al2O3 peletizada e do catalisador 30% Ni/Al2O3

Como pode ser observado nos difratogramas o suporte Al2O3 apresenta picos de difração

em 38°, 46° e 67°, característicos da γ-alumina (JCPDS 82-1468) (Alipour et al, 2014).Estes picos de difração seguem para o catalisador calcinado, porém com uma intensidade maior, o que pode ser explicado devido à maior cristalinidade obtida após a calcinação, mas

principalmente, pela formação do aluminato de níquel (NiAl2O4) (Xu et al, 2001). Esta fase que

resulta da combinação entre o níquel e a alumina é confirmada pela análise de RTP (Figura 6), que indica forte interação entre estas espécies. No catalisador calcinado percebem-se picos de

difração a 19° e 60° também correspondentes à fase NiAl2O4 (JCPDS 10-0339). Não foram

observados picos de difração referentes ao NiO, indicando que possivelmente este se encontra

(9)

Revista Tecnológica Maringá, v. 26, p. 71-82, 2017. 2.3. REDUÇÃO EM TEMPERATURA PROGRAMADA (RTP)

A Figura 6 apresenta o perfil de redução do catalisador 30% Ni/Al2O3.

0 200 400 600 800 1000 1200

Int

e

nsida

de (

u.a)

Temperatura (

o

C)

Figura 6. Perfil de redução do catalisador Ni/Al2O3 calcinado a 800ºC, determinado por RTP.

No resultado do RTP (Figura 6) foram detectados dois picos de consumo de H2. O

primeiro a 759 °C pode ser atribuído a estrutura de aluminatos de níquel não estequiométricos

(NiO-Al2O3), e o segundo pico a 940 °C, pode caracterizar a redução do níquel presente no

NiAl2O4 com forte interação com o suporte (Chen e Lin, 2011, Maia et al, 2007, Rynkowski et

al, 1993). A redução metálica total foi de 48%.

2.4. RESULTADOS DOS TESTES CATALÍTICOS

As Figuras 7 e 8 apresentam os resultados obtidos nos testes catalíticos com glicerol e etanol, respectivamente.

(10)

CO2 C2H4 C2H6 H2 CH4 CO C2H40 0 10 20 30 40 50 60 70 F ra çao mola r (% mol) Composto 450 °C* 550 °C* 650 °C* Alumina** Sem catalisador**

Figura 7. Fração molar dos compostos produzidos na reforma a vapor do glicerol. * na

presença do catalisador 30% Ni/Al2O3. ** ensaio realizado à 550 oC.

CO2 C2H4 C2H6 H2 CH4 CO C2H40 0 10 20 30 40 50 60 70 F raçao mo la r (% mol) Composto 450 °C* 550 °C* 650 °C* Alumina** Sem catalisador**

Figura 8. Fração molar dos compostos produzidos na reforma a vapor do etanol. * na

(11)

Revista Tecnológica Maringá, v. 26, p. 71-82, 2017. É possível perceber pelas Figuras 7 e 8 que na presença do catalisador (550 °C) a

produção de H2 é maior, 65% e 68% para glicerol e etanol respectivamente, e o aumento da

temperatura também melhora a produção, 60% e 33% (450 °C) e 68% e 70% (650 °C) para glicerol e etanol, respectivamente. Percebe-se também que não ocorre diferença muito

expressiva na produção de hidrogênio, entre as temperaturas de 550 e 650 oC.

No caso das reações sem o catalisador percebe-se uma produção considerável de H2 que

pode ser resultado da decomposição térmica dos reagentes, um vez que estes sofrem elevado aquecimento antes de entrar na zona do catalisador (Mezalira et al, 2011). Observa-se ainda a formação de compostos indesejáveis, como metano, eteno e etano, em quantidades superiores a reação de 550 °C com catalisador, constatando assim que o catalisador apresenta uma boa

seletividade para a produção de H2 e ameniza reações paralelas indesejáveis.

Nas reações conduzidas na presença de catalisador, à baixas temperaturas (450 oC) foi

observado um elevado percentual de eteno, principalmente na reforma do etanol (55,61%),

porém em 650 oC o valor caiu para 1,06%. Já no caso do metano, com o aumento da temperatura

seu percentual aumenta na reforma do etanol, e diminui na reforma do glicerol, mas à 650 oC,

possuem valores muito parecidos (entre 12,16 e 13,61%).

Embora o efeito do catalisador não tenha sido tão pronunciado em relação aos experimentos sem catalisador, ou somente com o suporte alumina, vale destacar o aumento dos

teores de H2 e CO2, confirmam que o catalisador contribuiu para uma maior seletividade na

formação dos produtos, favorecendo a reação principal. Por apresentar um bom desempenho inicial o catalisador pode ser considerado promissor tanto para a reação de reforma do etanol quanto para a do glicerol. Vale destacar que somente em uma das reações conduzidas o CO foi produzido e ainda em pequena quantidade. Isso possivelmente está relacionado ao

favorecimento da reação entre o CO e o H2 produzindo carbono (coque) e água (Equação 3).

CONCLUSÕES

Conclui-se com os resultados obtidos que o catalisador 30% Ni/Al2O3 apresentou

propriedades adequadas, e se mostrou um catalisador com boa atividade na reforma a vapor do

etanol e do glicerol, resultando em um produto gasoso composto por até 70% de H2.

Percebe-se ainda que outros fatores como a temperatura, influenciam de forma considerável a composição dos gases produzidos e devem ser considerados no controle da reação, sendo que a temperatura de 650 °C foi a que levou aos melhores resultados.

Os resultados apresentados correspondem ao uso do suporte Al2O3 sem calcinação

prévia antes da impregnação do Ni, e do catalisador 30% Ni/Al2O3 sem ativação com H2 no

leito. Acredita-se que estas duas ações contribuirão para o aumento do percentual de H2

produzido, bem como, para uma maior seletividade do catalisador e resistência ao coque, o que poderá viabilizar o emprego deste catalisador de baixo custo em reações de reforma a vapor. REFERÊNCIAS

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