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CIBERBULLYING: UMA VIOLÊNCIA A SER EXPLORADA (2012) 1

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CIBERBULLYING: UMA VIOLÊNCIA A SER EXPLORADA (2012)

1 DELLA FLORA, Francieli Lorenzi Fracari2; DANI, Lúcia Salete Celich3

1

Trabalho de Conclusão de Curso - UFSM

2

Mestrado em Educação, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil

3

Mestrado em Educação, Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: francielifracari@yahoo.com.br

RESUMO

O presente artigo objetivou compreender de que forma o ciberbullying pode comprometer as relações interpessoais na escola entre crianças que utilizam a rede social Orkut. O procedimento metodológico consistiu nas abordagens qualitativa e quantitativa. A realização de um questionário foi selecionada como instrumento para a coleta de dados. Após o levantamento dos dados e análise das informações coletadas foram criadas categorias, a fim de melhor organizar os resultados obtidos. Neste sentido, a partir da análise dos dados, pode-se concluir que a ocorrência do ciberbullying na referida pesquisa não comprometeu as relações interpessoais entre os alunos, mesmo havendo tal violência. Ressalta-se que o ciberbullying é um termo já conhecido por grande parte desRessalta-ses alunos. Sendo assim, verificou-se a importância da realização de pesquisas que contemplem tal temática, uma vez que é de extrema relevância para a contemporaneidade.

Palavras-chave: Bullying; Ciberbullying; Violência.

1. INTRODUÇÃO

Diante dos inúmeros acontecimentos que a mídia expõe a respeito das violências, destaca-se o bullying e o ciberbullying. Tais violências estão sendo cada vez mais reincidentes nos contextos escolar e virtual entre os pares: crianças e adolescentes.

Neste sentido, cabe destacar o conceito de violência, o qual conforme Souza (2005), nos dias de hoje não há mais lugar seguro, pois a violência invade todos os espaços, sejam eles públicos ou privados. Neste contexto, a autora coloca que na medida em que isso ocorre, “transforma-se numa forma de ser e também numa forma de domínio, “se não é possível combatê-la, eu a assimilo, transformo-me nela”. Mata-se ou maltrata-se quem estiver à frente” (SOUZA, 2005, p.14). Assim, no presente trabalho foi contemplada apenas a violência física e/ou psicológica exercida no bullying e a física e/ou psicológica realizada no ciberbullying, ou seja, no ambiente virtual.

A forma como são estabelecidas as relações entre os pares na escola, muitas vezes podem resultar em atos de violência, sejam eles físicos e/ou psicológicos. Dentro dessas

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situações enquadra-se o bullying, o qual é definido por Tognetta e Bozza (2010) como “uma forma de maltrato em que o aluno, longe dos olhos do adulto, promove uma ação violenta com a intenção de magoar, ofender, intimidar, ameaçar outro aluno” (p.3).

No entanto, o ciberbullying, ou bullying virtual é definido por Shariff (2011) como sendo: “[...] o termo utilizado para referir o bullying ou o assédio pelo uso de instrumentos eletrônicos por meios como o e-mail, as mensagens instantâneas, mensagens de texto, blogs, telefones celulares, pagers e sites [...]” (p.60). O ciberbullying como exposto por vários autores é ainda mais preocupante, pois a forma e a rapidez pela qual a violência é difundida no meio virtual alcançam um público ainda maior do que o existente no bullying, que neste trabalho será restrito apenas no âmbito escolar.

No referido trabalho, será contemplada a questão das relações interpessoais ocorridas no ambiente escolar. Para tanto, deve-se partir do princípio de que as relações interpessoais desenvolvem-se em decorrência do processo de interação, ou seja, isso só será possível a partir do contato entre duas ou mais pessoas (MOSCOVICI, 2011).

A partir destas breves considerações, este trabalho apresentará um recorte de uma pesquisa maior realizada durante a produção do Trabalho de Conclusão de Curso no ano de 2011, em uma escola municipal de Santa Maria. Desta forma, objetivou-se compreender de que forma o ciberbullying pode comprometer as relações interpessoais na escola entre crianças que utilizam a rede social Orkut. Ainda, alem dos resultados obtidos, será exposto apenas o último capítulo, o qual intitula-se Ciberbullying. Neste capítulo, é realizado uma busca histórica da Internet, bem como das violências em questão.

2. DESENVOLVIMENTO

Com o avanço da tecnologia, mais precisamente com a utilização da Internet e celular, novas formas de bullying surgiram. Citamos o ciberbullying, violência que, infelizmente, é realizada de maneira insensata no ciberespaço. Conforme definição de

Lemos (2006, p.4) o ciberespaço é considerado “um espaço mágico, uma rede de

inteligências coletivas, [...] o conjunto de redes de telecomunicações criadas com o processo digital das informações”.

Tognetta e Bozza (2010) caracterizam o ciberbullying como agressões, insultos, difamações, maus tratos intencionais, contra um indivíduo ou mais, que usa para isso meios tecnológicos. Referente a forma como esta violência é praticada, implica questões

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agravantes em relação ao bullying. Devido à exposição no ciberespaço, o alcance da informação é maior por se tratar de um meio tecnológico onde todos têm livre acesso, inclusive a vítima, que em sua maioria não denuncia por medo ou por sofrer represálias.

A poucos anos foram criados os sites de relacionamentos sociais, tendo por objetivo proporcionar interatividade entre seus membros (BARROS, 2008). A autora afirma que, a maioria desses sites possibilita a exposição de fotos por parte de seus integrantes, bem como, a criação de comunidades, nas quais são verificados pontos em comum. No entanto, ao invés de proporcionar a interatividade através da exposição de fotos, mensagens, vídeos, dentre outros mecanismos encontrados na rede social Orkut, o usuário pode se deparar com alguns problemas como, perfis falsos, mensagens difamatórias, ter suas fotos manipuladas, dentre outros, a fim de prejudicar sua imagem e reputação.

Neste sentido, as redes de relacionamento virtual, apesar de exigirem a faixa etária de 18 (dezoito) anos para o usuário navegá-la, é comum que não preenchida a idade exigida, basta que o usuário considere uma data fictícia e a inclua no momento do cadastro para satisfazer o requisito. Por esse motivo, crianças e adolescentes vêm tendo acesso livre em redes sociais que permitem a conexão com pessoas de diversos locais e idades. Além disso, permitem a divulgação de fotos e informações de todos os tipos, o que proporciona o controle universal de suas vidas por terceiros, mesmo que desconhecidos.

Sobre quem participa dessa violência no ambiente virtual, Silva (2010) expõe que:

Os praticantes do ciberbullying se utilizam de todas as possibilidades que os recursos da moderna tecnologia lhes oferecem: e-mails, blogs, fotoblogs, MSN, Orkut, YouTube, Skype, Twitter, MySpace, Facebook, fotoshop, torpedos... Valendo-se do anonimato, os bullies virtuais inventam mentiras, espalham boatos [...] (SILVA, 2010, p.127).

Diante disto, Faustino e Oliveira (2008), expõem que as consequências do ciberbullying são as mesmas que as do bullying. Para as autoras, evidencia-se prejuízos nas vítimas quanto a sua socialização, visto que tendem a se isolar como forma de proteção a novos ataques. Outro fator que fica comprometido refere-se à aprendizagem, pois há uma queda na atenção da criança e, quando há o ciberbullying entre os colegas da escola, a vítima tende a faltar às aulas (FAUSTINO; OLIVEIRA, 2008).

Sobre a exposição virtual, Shariff (2011) coloca que a vítima continua a sofrer, devido à permanência das mensagens publicadas online e a dificuldade de remover o material

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difamatório. Essa afirmação é corroborada por Tognetta e Bozza (2010), ao exporem que o ciberbullying apresenta particularidades que o diferem das agressões ocorridas no real, tornando-o um fenômeno mais cruel.

Esclarecidos os conceitos, verifica-se a extrema importância deste tema, uma vez que assim como a Internet e consequentemente as redes sociais de relacionamentos encontram-se em pleno crescimento, os riscos e vulnerabilidades neste meio também aumentam.

3. METODOLOGIA

Nesta pesquisa qualitativa (CHIZZOTTI, 2006) em consonância com a pesquisa quantitativa (OLIVEIRA, 2007) participaram duas turmas de 5º ano, totalizando 40 alunos, com idades entre 9 e 14 anos, suas respectivas professoras (2) e equipe diretiva (7) . A perspectiva escolhida de pesquisa qualitativa para a investigação foi o estudo de caso, Lüdke e André (1986), pois este possibilita um maior detalhamento das relações ocorridas nas instituições, neste caso, a escola.

O contexto no qual a pesquisa realizou-se foi uma escola municipal de Ensino Fundamental do Município de Santa Maria-RS. Os dados foram coletados através de questionários. Conforme Severino (2007), o questionário é um conjunto de questões, sistematicamente articuladas, que se destinam a levantar informações escritas por parte dos sujeitos pesquisados, com vistas a conhecer a opinião dos mesmos sobre o assunto.

Após a coleta das informações dos questionários, foi realizada uma leitura dos mesmos a fim de agrupar as respostas que correspondessem às questões de pesquisa. Em seguida, foram elencadas categorias para serem discutidas e fundamentadas com o referencial teórico.

Em relação às considerações éticas, apresentou-se um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para as professoras e a equipe diretiva. Ainda, foi enviado aos pais dos alunos participantes, um Termo de Consentimento Livre solicitando a autorização para a participação de seu/(sua) filho(a) na realização do questionário, informando, ainda, que o nome de seus filhos e da escola seriam ocultados.

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Os resultados obtidos foram realizados através de um questionário, o qual foi divido por sexo e idade. Evidenciou-se que nas referidas turmas a violência do ciberbullying ocorreu de forma sutil, uma vez que dos quarenta alunos que responderam às perguntas, com apenas um dos deles ocorrera tal violência e mais três crianças relataram ter ocorrido com amigo ou conhecido. A forma como ocorreram as agressões foi unânime ao responderem que foi através de xingamentos e palavrões pela página de recados do Orkut.

Pode-se ilustrar tal afirmativa conforme exposto: “filho da p., veado, rejeitado pela própria mãe”. Este aluno ainda descreveu que o agressor era um amigo seu e que os fatos ocorreram pela rede de relacionamentos social Orkut. O aluno prosegue: “era um amigo meu, me xingou no Orkut; falou palavrão”. Ante o exposto, pode-se analisar que neste caso o agressor não se preocupou em manter o anonimato, expondo assim, sua identificação visível aos demais, principalmente à vitima.

Este caso foi um tanto incomum, pois geralmete, o agressor protege sua identidade através do anonimato o que de certa forma prejudica as vítimas, pois infelizmente não tem como saber quem o faz. No entanto, as delegacias responsáveis por crimes cibernéticos atuam na identificação do agressor virtual, bem como na prevenção de casos como este.

Ainda, destacou-se que a partir da pouca incidência de casos de ciberbullying se comparados ao bullying, na referida pesquisa grande parte dos alunos quando perguntados se já haviam ouvido falar sobre o termo ciberbullying ou bullying virtual dos quarenta alunos, vinte e um responderam afirmativamente.

Dessa forma, percebe-se que apesar da amostra ser pequena, a pesquisa realizada apenas em duas turmas, já ocorrera casos de ciberbullying, um diretamente e três ocorridos com conhecidos. Mesmo o resultado não sendo tão significativo, possibilitou a evidência de tal violência.

5. CONCLUSÃO

O ciberbullying apesar de ser uma violência ainda muito recente em nossa sociedade se comparado ao bullying, só começou a ser praticado após o advento da Internet. A utização dos meios das redes sociais de relacionamento, envio de e-mails ou vídeos no YouTube, proporciona a propagação das ofensas e a rapidez com que as informações são postadas. Da mesma forma, as informações acessadas, visualizadas e comentadas pelo

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público gera na vítima um sentimento de impotência, uma vez que seus conteúdos podem provocar efeitos nocivos à vítima ou vítimas.

O agressor utiliza-se do anonimato para denegrir a imagem da vítima através do envio ou postagem de conteúdos caluniosos. O objetivo de explicitar conteúdos desse teor é com o intuito de prejudicar a imagem da pessoa em questão.

O notável crescimento desta violência se dá principalmente no público infantil e adolescente usuários das redes sociais, motivo pelo qual encontram-se mais vulneráveis, seja pela inocência, seja pela forma diferente de pensar, rebeldia, dentre outros. Nesse sentido, torna-se relevante a produção de trabalhos envolvendo temáticas como estas, pois cada vez mais cedo crianças e jovens encontram-se em situações de vulnerabilidades. No entanto, as práticas do bullying e do ciberbullying são reflexos de uma parte da sociedade que não aceita as diferenças, sejam elas físicas, na forma de pensar, se vestir. Respeitar a diversidade, os diferentes modos de pensar e existir, as singularidades de cada sujeito, oportunizando a produção de espaços de convivência mais saudáveis entre as pessoas, respeitando-se o outro em sua diferença.

Dessa forma, pensa-se construir espaços de discussão a respeito da temática para a formulação de questionamentos que auxiliem profissionais, pais, pesquisadores e demais interessados a compreender a temática e, assim, encontrar caminhos para ressignificações a respeito do ciberbullying.

REFERÊNCIAS

BARROS, J. M. F. Dano moral no site de relacionamento pessoal Orkut. 2007. Disponível em: <http://www.pucrs.br/direito/graduacao/tc/tccII/trabalhos2007_1/janine_barros.pdf>.

Acesso em: 5 mar. 2011.

CHIZZOTTI. A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. São Paulo: Cortez, 2006.

FAUSTINO, R; OLIVEIRA, T. M. O ciberbullying no Orkut: a agressão pela linguagem. 2008. Disponível em: http://www.iel.unicamp.br/revista/index.php/lle/article/viewFile/124/105 Acesso em 09 abr. 2010.

LEMOS, A. As estruturas Antropológicas do Ciberespaço. 2006. Disponível em: <http://www.facom.ufba.br/pesq/cyber/lemos/estrcy1.html> Acesso em: 7 set. 2011.

LÜDKE, M; ANDRÉ, M. E. D. A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986.

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MOSCOVICI, F. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. 20.ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2011.

OLIVEIRA, M. M. de. Como fazer pesquisa qualitativa. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 23.ed. São Paulo: Cortez, 2007.

SHARIFF, S. Ciberbullying: questões e soluções para a escola, a sala de aula e a família. (J. E. COSTA, Trad.). Porto Alegre: Artmed, 2011.

SILVA, A. B. B. Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.

SOUZA, M. L. R. de. Violência. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. (coleção clínica psicanalítica). TOGNETTA, L. R; BOZZA, T. L. Cyberbullying: quando a violência é virtual- Um estudo sobre a incidência e sua relação com as representações de si em adolescentes. 2010. Disponível em: <http://www.mp.sp.gov.br/portal/page/portal/Educacao/Doutrina/Cyberbullying.doc> Acesso em 20 mar de 2011.

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