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REPUBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL CONSTlTUCIONAL. Ac6RD.AO N. 396/2016

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REPUBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL CONSTlTUCIONAL

Ac6RD.AO N.° 396/2016

PROCESSO N.o 498-C/2016

Recurso Extraordimirio de Inconstitucionalidade

Em nome do Povo, acordam, em Conferencia, no Plemirio do Tribunal Constitucional:

1-RELAT6RIO

Incicio Manuel da Silva veio interpor recurso extraordinario de inconstitucionalidade contra 0 Ac6rdao do Tribunal Supremo que negou

provimento ao pedido de habeas corpus que interp6s na sequencia da prisao preventiva contra si decretada por indicios de pratica do crime de burla por

defrauda~ao, p.p. pelas disposi~6es conjugadas dos artigos 451.° e 421.°, n.o 5

do C6digo Penal, no ambito do Processo n.O 643/15-C da l a Sec~ao da Sala dos Crimes Comuns doTribunal Provincial de Luanda.

Na sua decisao, 0 Tribunal Supremo reconheceu verificar-se excesso de

prisao preventiva de mais de cinco meses, tendo como parametro 0 tempo

que mediou entre a data de deten~ao, ocorrida a 7 de Maio de 2015, e a data

de notifica~ao do despacho de acusa~ao, que teve lugar a 25 de Outubro do

ana aqui em causa. Porem, com fundamento no pressuposto de que os prazos da prisao preventiva devem ser apreciados em fun~ao da fase em que se encontra 0 processo, 0 Tribunal Supremo considerou que, com a abertura

da nova fase processual, iniciada com a notifica~ao da acusa~ao, nao se ,­ havia esgotado ainda 0 prazo da prisao preventiva em instru~ao preparat6ria, ~..I\..J":;,

em decorrencia do previsto no artigo 308.°, § 2°, n.O 1 do C6digo do Processo

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Penal, CPP, pelo que devia manter-se a situa~ao carcerana do aqui J

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Recorrente. _ __ ~_~ ~ .

Em sede do presente recurso, 0 Recorrente considera, contrariamente, que a "

rejei~ao do pedido de habeas corpus deve ser julgada inconstitucional, por ~a

violar os artigos 57.°, 64.°, 66°, 67.° e 68.° da Constitui~ao da Republica de

y

Angola, CRA, bern como 0 artigo 315° do C6digo do CPP e tambem os . ~o

.

artigos 25.° e 26.° da Lei n° 18-A/92, de 17 de Junho -1 Lei da Prisao {9Y'

(2)

Preventiva em Instru<;ao Prep aratoria, actualmente revogada pel a Lei n° 25/15, de 18 de Setembro - Lei das Medidas Cautelares em Processo Penal. Nesta conformidade e para sustentar a sua pretensao, vern alegar,

essencialmente, 0 que se segue:

Que, aquando da notifica<;ao do despacho de acusa<;ao, a 28 de Outubro de 2015, ja se encontrava preso preventivamente ha 173 dias, com urn excesso

de prisao de 38 dias, se considerado globalmente 0 prazo, mas sem consentir,

o prazo maximo de prisao preventiva em instru<;ao preparat6ria, nos termos

da lei vigente

a

data dos factos (Lei n.o 18-A/92).

Que, se tido em conta 0 facto de que tambem nao foi notificado de qualquer

despacho fundamentado sobre a prorroga<;ao da prisao preventiva, tal como

o seu mandatario, 0 excesso de prisao preventiva,

a

data da notifica<;ao da

acusa<;ao, era ja de 128 dias, 0 que justificava, num caso ou noutro, 0

provimento do habeas corpus, por estar ultrapassado 0 prazo limite legal em

fase da instru<;ao preparat6ria aquando da propositura da providencia de

habeas corpus.

Que 0 Tribunal Supremo nao retirou do reconhecimento do excesso de

prisao preventiva as respectivas consequencias juridicas, como seja a liberta<;ao do arguido mediante cau<;ao (ex. vi do n.O 1 do artigo 26.° da Lei

n.O 18-A/92, lei vigente

a

data dos factos e corpo do artigo 309.° do CPP),

sendo que a produ<;ao deste efeito juridico representa urn dever juridico para a entidade incumbida de apreciar a legalidade da prisao preventiva, como decorre do elemento literal do n.o 1 do artigo 26.° aqui citado e tambem da jurisprudencia firmada pelo Tribunal Constitucional, em conformidade com a qual a prisao preventiva e uma medida de coac<;ao processuallimitada no tempo.

Que, a notifica<;ao do despacho de acusa<;ao, ocorrida depois de 0 Tribunal

Supremo ter solicitado informa<;6es ao Magistrado do Ministerio Publico

junto da 1 a Sec<;ao da Sala dos Crimes Comuns relativas

a

situa<;ao do ora .

V

Recorrente, nao sana a ilegalidade da prisao e representa mesmo fraude

a

lei, \

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se se entender que a notifica<;ao foi feita apenas para evitar ou impedir a

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l ,

liberta<;ao do arguido e sanar a ilegalidade da deten<;ao.

Que, as autoridades judiciais s6 podem tomar decisoes que limitem direitos fundamentais com fundamento enos casos expressamente previstos par lei,

sob pena de cair no arbitrio judicial contrario

a

ideia de Estado Democratico ~

de Direito, sendo que os direitos, liberdades e garantias fundamentais so

podem ser restringidos para salvaguardar outros direitos ou interesses ~

constitucionalmente protegidos, devendo limitar-se ao estritamente

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necessario, proporcional e razoavel, numa sociedade livre e democratica (ex 7~

vi n.Ol do artigo 57.° da CRA) ,r--~

Que, fora dos marcos da lei, a priva<;ao, manuten<;ao e prorroga<;ao da priva<;ao preventiva da liberdade de qualquer pessoa configura urn abuso de poder nos termos do artigo 68.° da Constitui<;ao da Republica de Angola,

(3)

preventiva do Recorrente manter-se para alem dos prazos mencionados no C6digo do Processo Penal.

IT - COMPETENCIA DO TRIBUNAL

o

Tribunal Constitucional tern competencia para julgar os recursos interpostos das sentenc;:as que violem principios, direitos fundamentais, garantias e liberdades dos cidadaos, nos termos da alinea a) do artigo 49.° da Lei n.O 3/08, de 17 de Junho, Lei do Processo Constitucional, com a alterac;:ao resultante da Lei n.o 25/10, de 3 de Dezembro, faculdade igualmente estabelecida na alinea m) do artigo 16° da Lei n° 2/08, de 17 de Junho, Lei Organica do Tribunal Constitucional, LaTC, com a alterac;:ao que resulta da Lei n.o 24110, de 3 de Dezembro.

ill - LEGITIMIDADE

a Recorrente tern legitimidade para recorrer, pois a alinea a) do artigo 50.° da Lei n.O 3/08, de 17 de Junho, confere legitimidade para interpor recurso extraordinario de inconstitucionalidade ao Ministmo Publico e as pessoas que, de acordo com a lei reguladora do processo em que a sentenfa foi proferida, tenham legitimidade para dela interpor recurso ordinario.

IV -OBJECTO DO RECURSO

Constitui objecto deste recurso verificar a constitucionalidade do Ac6rdao recorrido que negou provimento ao pedido de habeas corpus com fundamento na nao verificac;:ao de excesso de prisao preventiva.

a processo foi

a

vista do Ministerio Publico.

Colhidos os vistos legais, cumpre, agora, apreciar para decidir.

V-APRECIANDO

a excesso de prisao preventiva constitui fundamento bastante para legitimar

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a interposic;:ao, nos termos da lei, da providencia de habeas corpus e, se for 0

caso, do recurso extraordimirio de inconstitucionalidade, sendo ja relevante a

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jurisprudencia do Tribunal Constitucional sobre esta materia. )

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Tern, assim, entendido este Tribunal que a prisao preventiva, enquanto / medida de restric;:ao do direito

a

liberdade, constitucionalmente permitida,

-deve ser aplicada nos estritos marcos da lei, nao s6 em face dos objectivos de natureza processual que the estao subjacentes, mas igualmente porque sobre os destinatarios desta medida de coac;:ao processual recai urn juizo de

(4)

presunc;ao de inocencia, s6 eventualmente afastado com 0 trans ito em

julgado de uma sentenc;a condenat6ria.

Alicerc;ado nos artigos 25.° e 26.° da hoje revogada Lei n.O 18-A/92, lei aplicavel a data dos factos, considerava este Tribunal que a ilegalidade da detenc;ao, por excesso da prisao preventiva, deveria ser aferida em func;ao da fase em que processo se encontrava, distinguindo-se, consequentemente, a aplicac;ao desta medida antes e depois da culpa formada. N a primeira situac;ao e tal como refere 0 Recorrente, 0 prazo de detenc;ao nao deveria

exceder urn maximo de 135 dias e, no segundo caso, urn total de 120 dias, contados da data de notificac;ao da acusac;ao a prolac;ao do despacho de pronuncia. Fora das excepc;oes legais (vg. prorrogac;ao fundamentada da prisao preventiva), sempre foi entendimento do Tribunal Constitucional serem estes os unicos prazos legais admitidos para a prisao preventiva (veja­ se, por exemplo, 0 Ac6rdao n.o 12112010), 0 que igualmente resulta de uma

interpretac;ao mais conforme com as disposic;oes constitucionais referentes as restric;oes ao dire ito a liberdade, plasmadas nos artigos 64.° e 66.°, n.o 1 da CRA, estabelecendo este ultimo preceito que "niio pode haver penas nem medidas de seguranra privativas ou restritivas da liberdade com canicter perpetuo ou de durariio ilimitada"

No caso sub judice, a decisao recorrida reconhece 0 excesso de prisao

preventiva, mas considera sanada a ilegalidade da detenc;ao em decorrencia da nova fase processual iniciada com a notificac;ao da acusac;ao, sendo certo, porem, que quando tal procedimento tern lugar ja 0 aqui Recorrente havia

lanc;ado mao do seu dire ito a providencia de habeas corpus.

A Lei n.o 25/15, de 18 de Setembro, Lei das Medidas Cautelares em Processo Penal, vern estabelecer urn limite maximo de durac;ao da prisao preventiva, cujo prazo e contado a partir do momenta da detenc;ao ate a condenac;ao em prime ira instancia, sem, por conseguinte, diferenciar as fases processuais.

Dispoe 0 artigo 40.° desta lei que a prisao preventiva deve cessar quando,

desde 0 seu inicio, decorrerem: a) quatro meses sem acusac;ao do arguido, b)

seis meses sem pronuncia do arguido e c) doze meses sem condenac;ao em prime ira instancia.

Entretanto, corria ja a fase de julgamento do presente recurso quando 0

Tribunal Constitucional tomou conhecimento de que, por sentenc;a proferida a 26 de Abril do ana em curso, 0 aqui Recorrente foi julgado e condenado na

pena de 6 anos de prisao maior, pela pratica de seis crimes de burla por defraudac;ao, 0 que toma desnecessario urn pronunciamento sobre a

sindicancia pedida a este Tribunal, ante a inutilidade superveniente ~~ ,~ !ide, conforme previsto na alinea e) do artigo 287.° do CPC, aplicado

subsidiariamente ao processo constitucional.

(5)

Tudo visto e ponderado, acordam os Juizes Conselheiros do Tribunal

Constitucional em:

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Sem custas (artigo 15.0 da Lei n.O 3/08, de 17 de Junho).

Notifique.

Tribunal Constitucional, em Luanda aos 28 de Junho de 2016.

OS JUizES CONSELHEIROS

Dr. Rui Constantino da Cruz Ferreira ~~'-I+-OJ..+----II""""'-'~~~'"'"=-

...,..,.--Dr. Carlos Magalhaes ---=.:-..-:::.~--_+__J--=='-l.r_I~~--­

Dr Guilhermina Contreiras da Costa Prata ---H---'--"-~"'F-..:.:....3I!...l.\"I~-­

Dr Luzia Bebiana de Almeida Sebastiao - +---1.­ --rt"'--t=---,.-"--++--'---?;--"

Dr. Onofre Martins dos Santos -/-.LL~~~~~*-~==~

----Dr Teresinha Lopes _ _~b=o~""5IIIi====-"""'-=--'--=-_ _ _ _ _ _ _ _ __

Referências

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