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P.º C.P. 39/2012 SJC-CT - ADITAMENTO - Alterações introduzidas pelo Decreto- Lei n.º 209/2012 de 19 de setembro. PARECER

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P.º C.P. 39/2012 SJC-CT - ADITAMENTO - Alterações introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 209/2012 de 19 de setembro.

PARECER

A propósito do entendimento firmado no parecer proferido n.º CP 39/2012 SJC-CT e homologado por despacho de 01/10/2012, veio o helpedesk do BHDP suscitar um conjunto de considerações, de que se destacam, para resposta, as seguintes passagens:

“Possibilidade de realizar Habilitação de Herdeiros (sem registos) por óbito de marido e mulher (dois autores da herança) num único Título e Processo […]

Entende […] o Helpdesk que, com a entrada em vigor das alterações ao RERN introduzidas pelo D.L. nº 209/2012 de 19 de setembro, a prática do BHDP, apoiada no seu Ponto I,8., a) do Manual, passou a ter apoio legal expresso, designadamente quanto à possibilidade de efetuar as duas Habilitações de marido e mulher num único Título/Processo, ou, pelo menos, pensa-se que foi essa a intenção do legislador ao introduzir o emolumento previsto no artigo 18º nº 6.10.5.2. (disposição que não existia anteriormente).

De facto, o referido artigo 18º 6.10.5.2, remete para o artigo 18º nº 6.10.1 – Habilitação de Herdeiros simples (sem registos) - acrescendo ao emolumento base de 150,00 euros o valor de 50,00 “quando o procedimento titule as habilitações de marido e mulher”.

Pelo exposto solicita-se esclarecimento confirmando se a doutrina constante do Parecer quanto a esta matéria ficou prejudicada face à alteração do RERN (o mesmo foi aprovado em 27/09/2012, mas verifica-se que já havia conhecimento da nova tabela (cfr. nota de rodapé 10.)”.

Pronúncia

1. Começamos por notar, com o consulente, que o parecer sobre que se suscita o esclarecimento foi efetivamente aprovado em 27 de setembro de 2012, e que o Conselho Técnico que o aprovou conhecia já o Decreto-Lei n.º 209/2012, de 19 de setembro, como

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mostra a nota de rodapé (10) e como, aliás, seria sua obrigação, atentas as funções que exerce.

1.1. A publicação das leis destina-se a isso mesmo: a tornar possível o conhecimento por todos, para que todos possam pautar por ela a sua conduta (artigo 6.º do Código Civil). 1.2. Todavia, como se sabe, a consideração e aplicabilidade da lei depende da sua entrada em vigor, podendo até acontecer que, antes disso, o seu texto seja retificado. 1.3. Logo, no momento em que o parecer em referência foi emitido não havia que contar senão com a lei antiga, portanto, com o RERN na redação anterior ao Decreto-Lei n.º 209/2012.

2. Não obstante e se bem compreendemos, o que agora se encontra expresso no artigo 18.º/6.10.5.2 do RERN é que o procedimento que contenha as habilitações de herdeiros ou partilhas das heranças de marido e mulher beneficia de um tratamento emolumentar mais favorável do que aquele que resultaria de uma normal cumulação de atos/procedimentos simplificados1.

2.1. Não se definem, nem caberá a um regulamento emolumentar fazê-lo, o âmbito material da cumulação de atos (limitando-a aos casos em que figurem como sujeitos passivos marido e mulher) ou os requisitos e condições exigíveis para o efeito; quando muito, põe-se expressamente em letra de lei a referência a uma situação normativa, para alguns, duvidosa, respondendo-se afirmativamente à cumulação de atos de habilitação de herdeiros ou de partilha em que figurem como autores da sucessão marido e mulher.

2.2. Dito de outra forma, embora o foco da disposição regulamentar seja o de estabelecer uma certa retribuição emolumentar pelo procedimento com este conteúdo, e não o de interpretar as disposições contidas no CRC, não deixa de resultar do texto do artigo 18.º/6.10.5.2 do RERN um reforço interpretativo quanto à admissibilidade da cumulação de atos do mesmo tipo no procedimento simplificado de sucessão hereditária.

1 É certo que o elemento literal da norma continua a sugerir que o objeto da tributação emolumentar é o

procedimento e não cada um dos atos envolvidos, contudo, ao fixar para a cumulação de habilitações de herdeiros ou de partilhas das heranças de marido e mulher um tratamento emolumentar específico, como que enuncia também que na ponderação do custo efetivo, portanto, na racionalidade da norma, o que realmente pesa é cada um dos atos (habilitação de herdeiros com ou sem registos/partilha com registos) ou conjunto de atos (habilitações de herdeiros com ou sem registos/ partilhas com registo) envolvidos ou cumulados no

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3. Sendo este o sentido e alcance que se atribui ao novo texto legal, vejamos que novo critério ou elemento substanciador podemos eliciar do tratamento emolumentar agora concedido, e que deva acrescer ou subsumir-se ao que dissemos no parecer em tabela. 3.1. Diz o consulente que “atendendo ao disposto (essencialmente) no Ponto 2.5.4. e nota de rodapé 5, a doutrina fixada no Parecer vai no sentido de não permitir a cumulação de duas habilitações referentes a marido e mulher – apesar de ser a prática habitual no BHDP – com o fundamento de que tal cumulação só fará sentido se tiver como “objetivo permitir o registo simultâneo (…) ou subsequente (…) e atualizado dos bens comuns do casal”.

3.2. Ora, como claramente resulta do pontos 2.3. e 2.4. da pronúncia, o problema que nos ocupou foi o de saber se, à luz da legislação em vigor, tal possibilidade de cumulação de atos também existe para outros atos de habilitação de herdeiros nos quais se detete alguma relação, seja através dos sujeitos ou da titularidade de algum ou alguns dos bens sujeitos a registo envolvidos, posto que só nesses casos, em princípio, se revelará útil a aludida cumulação.

3.3. Quanto à admissibilidade da cumulação de habilitações de herdeiros referentes a marido e mulher, o que se fez foi alertar desde logo para a interpretação contida no ponto I.8 do manual anexo ao despacho n.º 61/2010, designadamente nas alíneas a) e b), que concretamente dispõem sobre o ponto (ponto 2.3. da pronúncia).

3.4. Sabendo-se, contudo, que a prática no BHDP e o manual que a orienta hão de ter (só podem ter) como pressuposto uma certa interpretação da lei, procurámos localizar nas proposições integradas do manual aprovado por despacho superior um conteúdo de pensamento racional e coerente que permitisse compreender o tratamento diferenciado fixado nas alíneas a) e b) do aludido ponto I.8. (designadamente por confronto com o entendimento posto na alínea c) seguinte) e reconhecer o critério subjacente.

4. Muito simplesmente, o que se intentou dizer foi isto:

- Considerando que o ponto de partida da interpretação da lei tem de estar no seu texto, o que do conjunto de normas relativas aos procedimentos simplificados de sucessão hereditária (concretamente, dos artigos 210.º-A/5 e 210.º-F do CRC) se extrai é um princípio de admissibilidade da cumulação de certos atos no âmbito de um único procedimento segundo um critério de interconexão entre os factos respetivos;

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- Fora dos casos expressamente previstos, uma tarefa de interligação e valoração do texto legal (conjunto das normas atinentes aos procedimentos simplificados de sucessão hereditária) com outros elementos de esclarecimento, como é o preâmbulo do Decreto-Lei n.º 324/2007, de 28 de setembro, permite determinar um sentido favorável à cumulação de atos (ou de procedimentos), quando desta se destaquem os objetivos de agilização, desburocratização, simplificação e economia de esforço e de meios que estão na base da criação dos procedimentos e que justificam este meio alternativo e especial de prestação de serviço.

-O critério que se desprende da lei assenta pois na utilidade da cumulação, tendo em conta o fim visado pelo interessado e a prossecução dos objetivos de simplificação e de economia de esforços, que, afinal, orientam todo o normativo atinente aos procedimentos simplificados previstos e regulados no Código do Registo Civil (cfr., entre outros, ponto 2.6.1. da pronúncia).

- À luz do motivo-fim que determinou a criação do balcão único e na falta de um tratamento emolumentar mais favorável, a cumulação de habilitação de herdeiros em procedimento único só logrará utilidade ou razão de ser quando se destine a assegurar um registo tão atualizado quanto possível, a coberto de uma única apresentação e de um impulso processual unitário, dos bens que compõem o acervo hereditário (pontos 2.5.2. e 2.5.3. da pronúncia).

- Em princípio e na falta deste propósito, o que a cumulação de habilitação de herdeiros produz é apenas sobrecarga processual, atenta a necessidade de conciliar em procedimento único o cumprimento de obrigações tributárias, formalidades prévias, pedidos complementares e diligências subsequentes (artigos 210.º-C, 210.º-E, 210.º-I e 210.º-J do CRC) relativos a dois ou mais fenómenos sucessórios.

- Assim se afigurou dever ser em geral, independentemente do vínculo familiar existente entre os «sujeitos passivos» dos atos.

- Não sendo imediatamente apreensível a razão por que no manual se admitiu a cumulação das “habilitações de herdeiros” de marido e mulher, negando-a nos demais casos, e se considerou a existência de um só ato/procedimento para efeitos de tributação emolumentar, não deixámos, ainda assim, de procurar um critério racional, a partir do texto escrito, que justamente permitisse preservar a estabilidade da atuação no BHDP e ressalvar, na medida do possível, o modus operandi instalado.

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- Tendo em conta os limites negativos que ressaltam da lei e que se analisam nos aludidos objetivos de simplificação, agilização, desburocratização e economia de esforços e de meios, acabámos por entender que na base da orientação ínsita no manual só poderia estar a existência de um património comum do casal e a intenção de obter a inscrição da aquisição do património do casal no registo, através do procedimento de habilitação de herdeiros com registos ou do procedimento de habilitação de herdeiros sem registos, seguido de partilha ou registo de aquisição daquele património (ponto 2.5.4. da pronúncia e nota de rodapé n.º 5).

- O elemento de conexão entre os atos (habilitações de herdeiros) assentaria no vínculo conjugal existente entre os sujeitos passivos, e a utilidade da cumulação radicaria na existência de um património comum, deslocando-se o objeto fundamental (do procedimento) da herança (de sujeito passivo único) para o património conjugal a que os herdeiros de cada um dos cônjuges são chamados2, ou, dito de outra forma, do indivíduo

(autor da sucessão) para o coletivo (casal), tendo em vista definir os novos titulares das meações a separar.

- Foi esta a “leitura integrada” que se nos ofereceu fazer dos pontos I/8/a) e I/8/b) do referido manual, desde logo em face da epígrafe escolhida: “Partilha do Património Hereditário do Casal”; e da certeza de que, para haver “património do casal”, é mister que o casamento dissolvido tenha sido regido por um regime de comunhão e ou que existam bens comuns a partilhar.

- Fora desse enquadramento, não lográmos descortinar um critério de utilidade para a cumulação de atos3 ou para o tratamento emolumentar preconizado, nem uma razão para distinguir o procedimento de habilitação de herdeiros de marido e mulher, por exemplo, do procedimento de habilitação de herdeiros de pais e filhos ou de irmãos. 5. Em suma, concluiu-se que:

- Os objetivos que presidiram à criação do balcão único autorizam a cumulação de habilitações de herdeiros no mesmo procedimento quando se pretenda obter um registo atualizado da situação jurídica dos bens que compõem a herança;

2 Em face dos ensinamentos da teoria geral do direito civil, temos de sublinhar que, para nós, o «património

hereditário do casal» a que se referem as várias passagens do ponto I/8 do manual só pode ser o património comum do casal.

3 Que é de cumulação de atos, e não de ato único, que efetivamente se trata, posto que, obviamente, não se

concebe a existência de uma herança tendo por sujeitos passivos ambos os cônjuges (património hereditário do casal).

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- Do ponto de vista emolumentar, deve ser considerado cada um dos procedimentos integrados por via da cumulação.

- No entanto, as habilitações de herdeiros de marido e mulher são tratadas no ponto I.8 do manual anexo ao despacho n.º 61/2010 como um ato único, para efeitos procedimentais e emolumentares, quando haja um património comum dos cônjuges, podendo, assim, constar de procedimento simplificado de habilitação de herdeiros com registo simultâneo e atualizado dos bens do casal, ou de procedimento simplificado de habilitação de herdeiros sem registos, tendo em vista a partilha (dentro ou fora do procedimento simplificado) ou a aquisição daquele património comum.

6. Posto isto, pergunta-se: em que é que o, agora, preceituado no artigo 18.º/6.10.5.2 do RERN - “aos emolumentos previstos nos n.os 6.10.1 a 6.10.4, acresce € 50 quando o procedimento titule as habilitações de herdeiros de marido e mulher, ou a partilha das respetivas heranças” - altera o que então dissemos?

6.1. Para além de vincar um princípio de admissibilidade da cumulação de atos ou de procedimentos do mesmo tipo, cremos que alguma coisa muda, posto que se pôs em letra de lei um novo dado substanciador do critério de utilidade que julgamos dever guiar a cumulação de atos e que se subsume aos objetivos da reforma: a diminuição do custo associado aos atos e formalidades relacionados com as sucessões hereditárias de marido e mulher4.

6.2. Na perspetiva do utente, a cumulação de habilitações de herdeiros que respeite a marido e mulher revelar-se-á útil em qualquer caso, porquanto se traduz em benefício emolumentar (redução de custos), haja ou não património comum a partilhar.

7. Ponto é, em qualquer caso, que se cumpra a regra de legitimidade fixada no artigo 210.º-B do CRC.

Encerramento

4 Note-se que só “ficcionando” as habilitações de herdeiros de marido e mulher como ato único se compreende

o tratamento emolumentar proposto no manual, donde a nova disposição regulamentar, embora pondere o custo efetivo do segundo ato tendo em conta o nexo existente entre os sujeitos passivos, não deixa de

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É o que, em linhas gerais, se nos oferece dizer em aditamento ao parecer proferido no P.º C.P. 39/2012 SJC-CT, cujos termos e fundamentos, reportados ao quadro legal ao tempo em vigor, aqui damos por inteiramente reproduzidos.

Parecer aprovado em sessão do Conselho Consultivo de 24 de janeiro de 2013. Maria Madalena Rodrigues Teixeira, relatora, Isabel Ferreira Quelhas Geraldes, António Manuel Fernandes Lopes, Luís Manuel Nunes Martins, Maria de Lurdes Barata Pires de Mendes Serrano, Laura Maria Martins Vaz Ramires Vieira da Silva, Maria Filomena Fialho Rocha Pereira, António José dos Santos Mendes.

Referências

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