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Relatório AUTOPEÇAS. Acompanhamento. Setorial VOLUME IV. Dezembro de 2009

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Relatório

de

Acompanhamento

AUTOPEÇAS

Dezembro de 2009

Setorial

VOLUME IV

(2)

RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO SETORIAL

AUTOPEÇAS

Volume IV

Equipe:

Fernando Sarti

Pesquisadores e bolsistas do NEIT/IE/UNICAMP

Rogério Dias de Araújo (ABDI)

Carlos Henrique Mello (ABDI)

Jorge Luís Ferreira Boeira (ABDI)

Dezembro de 2009

Esta publicação é um trabalho em parceria desenvolvido pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI e o Núcleo de Economia Industrial e da Tecnologia do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas – Unicamp

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1. Introdução... 1

2. Conjuntura recente do setor automotivo... 2

3. Desempenho recente da indústria brasileira de autopeças... 6

3.1. Evolução da produção automotiva... 6

3.2. Evolução do comércio exterior... 9

3.3. Evolução do emprego... 13

4. Comentários finais... 14

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1. Introdução

Após a forte retração da demanda na indústria automobilística em final de 2008, decorrente da crise mundial e da abrupta contração do crédito, observou-se sinais de retomada do crescimento, sustentada no desempenho do mercado doméstico. Paulatinamente, o ritmo de produção e emprego no setor volta a aumentar, puxado pela demanda interna incentivada pelas políticas públicas anticíclicas. Já foi notado em relatórios precedentes a capacidade de reação da indústria automobilística brasileira, mesmo diante do cenário internacional desfavorável. Disso ressalta-se o fato de a indústria registrar a partir do início de 2009 uma recuperação das vendas superior à verificada pela maior parte dos países.

A prorrogação do prazo de vigência das alíquotas reduzidas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para veículos no Brasil contribuiu para o excelente desempenho das vendas domésticas de veículos registradas nos últimos meses. Apesar de ainda não apresentarem recuperação em intensidade semelhante, a produção e o emprego apontam também para melhorias no período. O mercado interno aquecido e os estoques baixos devem contribuir para isso. Como resultado, muitas empresas retomaram planos de investimento que, em decorrência da crise, estavam suspensos.

Nessas condições, no entanto, coloca-se o risco, para a indústria nacional, da taxa de câmbio sobrevalorizada. Com a tendência de valorização cambial, as importações de componentes e veículos devem seguir aumentando, sem a contrapartida das exportações, cujo ritmo de crescimento tem sido muito inferior, devido à ainda incipiente recuperação das vendas nos principais mercados de exportação.

O setor de autopeças, embora indique recuperação em sua trajetória de produção e emprego, ainda encontra-se em níveis inferiores aos observados no período pré-crise (leia-se até meados de 2008) e aos registrados pelas montadoras. No comércio internacional, houve uma sensível deterioração da balança comercial. Essa tendência já era observada antes mesmo da crise internacional, com um aumento mais que proporcional das importações em relação às exportações ao longo de todo o ano de 2008. Após a crise, houve uma forte desaceleração das exportações e, em menor medida, também das importações, o que contribuiu para a manutenção do déficit comercial no quarto trimestre de 2008 e nos dois primeiros trimestres de 2009. No terceiro trimestre de 2009, como será analisado mais adiante, observou-se uma recuperação tanto das vendas quanto das compras externas, embora a recuperação das importações tenha sido muito mais intensa. O aprofundamento do déficit comercial no setor de autopeças em um quadro de expansão da demanda por veículos e componentes e de forte valorização cambial acendou o sinal vermelho com relação aos impactos sobre o desempenho futuro do setor, sobretudo com relação à retomada dos investimentos.

Este quarto relatório setorial discute, com base nos dados de produção, de comércio exterior e de emprego disponíveis até o terceiro trimestre de 2009 (em alguns casos, até outubro de 2009), a conjuntura atual do segmento brasileiro de autopeças. A fim de complementar a análise, são utilizadas também informações divulgadas por periódicos especializados.

O relatório está dividido em duas seções, além desta introdução e dos comentários finais. Na primeira seção, é estudada a evolução recente do setor automobilístico, com destaque para o Brasil e os dados de produção e vendas das montadoras, que impactam diretamente o segmento de autopeças. Na segunda seção,

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são analisados os dados de produção, comércio exterior e emprego, concernentes, em especial, às autopeças. No atinente à produção, destacam-se sua recuperação paulatina ao longo de 2009 e a continuidade do hiato entre a evolução da produção de veículos acabados e a de seus fornecedores. No que se refere ao comércio exterior, ênfase para a recuperação tanto das exportações (menor) quanto das importações (maior) de autopeças, mas em intensidades diferentes, acentuando a tendência de déficit comercial já observada em 2008 e no primeiro semestre de 2009. Em relação ao mercado de trabalho, observa-se uma retomada ainda tímida tanto do volume de emprego como da massa salarial, apesar da criação de novos postos formais de trabalho. Seguem os comentários finais, em que são sintetizadas as principais tendências observadas e esperadas do setor, sobretudo de autopeças, no Brasil.

2. Conjuntura recente do setor automotivo

O cenário para a indústria automobilística nos próximos meses, especialmente no Brasil, já não parece tão sombrio quanto o verificado logo após o agravamento da crise financeira e econômica internacional em setembro de 2008. Pelo menos, é o que indica o panorama setorial, baseado nos últimos dados disponíveis de vendas e produção domésticas e nas notícias em periódicos especializados, sinalizando, inclusive, para uma tímida ampliação de capacidade produtiva. Todavia, vale ressaltar, por um lado, que as condições internacionais ainda não são tão favoráveis, se comparadas aos níveis anteriores à eclosão da crise, e, por outro, que esse processo não parece homogêneo, isto é, a recuperação das montadoras parece mais acentuada do que das empresas de autopeças.

No plano nacional, observa-se a expansão das vendas de autoveículos ao longo de 2009. Em setembro deste ano, elas ultrapassaram 308 mil veículos, superando o volume de produção doméstica (ver Gráfico 1). Em 2008, a produção se manteve em patamares bastante superiores aos de vendas, ainda que estas estivessem crescendo até meados do ano, devido ao bom desempenho das vendas externas e da formação de um estoque significativo. Com a crise, arrefeceram-se as vendas e originou-se um excesso de capacidade produtiva. Porém, não tardou para que medidas de sustentação ou reativação da demanda surgissem por parte do Estado. A de maior impacto foi, indubitavelmente, a redução das alíquotas do IPI para as diversas modalidades de veículos. Aliás, a prorrogação dessa medida1

1 Sobre os carros flex de até 1.000 cilindradas incidirá a alíquota de 3% até 31 de março de 2010. Após

essa data, a alíquota deve passar para 7%, valor vigente para os carros a gasolina de até 1.000 cilindradas a partir de janeiro de 2010. Para os carros flex de 1.000 a 2.000 cilindradas, a alíquota de IPI incidente será de 7,5% até 31 de março de 2010, passando depois a 11%. Veículos desse porte, mas a gasolina, terão IPI de 13% a partir de janeiro de 2010. Os caminhões e ônibus permanecerão com alíquotas zeradas até junho de 2010 (Valor Econômico, 25/11/2009).

deverá contribuir para a continuidade de níveis elevados de vendas. Soma-se a isso, a própria retomada do crescimento econômico do país.

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Gráfico 1 – Produção e Licenciamentos Mensais de Autoveículos Novos no Brasil (Jan.-08 a Out.-09) 0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 350.000 J an F ev Ma r Ab r Ma i J un Jul Ag o Se t O ut N ov D ez Jan F ev Ma r Ab r Ma i J un Jul Ag o Se t O ut 2008 2009 Produção Licenciamentos

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da ANFAVEA.

Deve-se salientar nesse processo que o aumento das vendas internas de veículos foi acompanhado por uma participação crescente de veículos importados. Em setembro de 2009, estes representavam mais de 18% do total de veículos vendidos no país (Gráfico 2). Esse desempenho pode ser explicado pelas estratégias das montadoras. Ao notarem uma expansão do mercado brasileiro acima da verificada em outros países em que produzem, estão direcionando parte de sua produção ou mesmo estoque existente para essa região. Há também estratégias agressivas de marketing e busca por elevação da participação de mercado por algumas empresas, notadamente as coreanas. Em novembro de 2009, o valor total da importação de carros da Coréia do Sul se elevou 820%, em relação ao mesmo mês do ano passado. Em termos de volume, o aumento foi de quase 1.180%. A desvalorização do dólar tem contribuído para a adoção dessas estratégias2

2 (Valor Econômico, 02/12/2009).

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Gráfico 2 – Participação de Nacionais e Importados nas Vendas de Autoveículos no Atacado no Brasil, em % (Jan.-08 a Out.-09)

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% J an F ev Ma r Ab r Ma i J un Jul Ag o Se t O ut N ov D ez J an F ev Ma r Ab r Ma i J un Jul Ag o Se t O ut 2008 2009 % nacionais % importados

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da ANFAVEA.

Conforme mencionado, o grau de utilização da capacidade instalada do setor automobilístico se reduziu drasticamente com a crise. Na maior parte de 2008, esteve em torno de 90%. Apesar da queda nos últimos dois meses daquele ano, atingindo quase 75% em dezembro, a utilização da capacidade voltou a crescer, impulsionada pela retomada das vendas e redução dos estoques. Contudo, permanece ainda abaixo dos níveis observados anteriormente. Em setembro de 2009, registrou 85% (ver Gráfico 3). Apesar disso, as expectativas das montadoras são favoráveis a um ritmo sustentado de crescimento da demanda, o que é reforçado pelo fato de muitas delas terem divulgado planos de investimento no período recente. Em julho de 2009, a General Motors anunciou investimento de US$ 1 bilhão, destinado, sobretudo, à ampliação da capacidade produtiva de sua fábrica em Gravataí/RS (Valor Econômico, 16/07/2009 e 11/08/2009). A Fiat pretende investir R$ 5 bilhões no país entre 2008 e 2010 (Valor Econômico, 01/10/2009). O investimento planejado pela Ford soma R$ 4 bilhões e deve ser executado entre 2011 e 2015, ampliando a capacidade de suas fábricas no Brasil (Valor Econômico, 20/11/2009). Já a Volkswagen aplicará R$ 6,2 bilhões no país nos próximos cinco anos, sendo 60% dos investimentos destinados ao lançamento de novos veículos e os 40% restantes vinculados à ampliação da produção em suas fábricas no Estado de São Paulo3

É importante destacar que cerca de um ano após o período mais grave da crise tenham sido anunciados planos de investimento pelas quatro maiores montadoras instaladas no país. Esses indicadores sugerem que, no âmbito da intensa reestruturação produtiva (modernização, fechamento e deslocamento de plantas) e patrimonial (aquisições e (Valor Econômico, 26/11/2009). A retomada não apenas das vendas e da produção, mas também dos investimentos é essencial para sustentar o dinamismo do setor.

3 Vale enfatizar que a matriz da Volkswagen na Alemanha anunciou, poucos dias antes, um plano de

investimento de aproximadamente € 25,8 bilhões em suas unidades da divisão de automóveis em todo o mundo (Valor Econômico, 20/11/2009).

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fusões de empresas) vivenciada pelo setor automobilístico global, o Brasil tem tido um papel mais ativo e protagonista, que deverá reforçar o padrão de inserção das filiais aqui instaladas nas suas corporações.

Gráfico 3 – Grau de Utilização da Capacidade Instalada: Veículos Automotores, Brasil, 2008-2009 (%)

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da CNI.

O mês de outubro de 2009 indica um incremento de produção das montadoras, acompanhando o movimento das vendas, sobretudo com a prorrogação do IPI reduzido. Naquele mês, atingiram-se 320.000 unidades produzidas, volume equivalente ao de julho de 2008, quando a indústria estava muito aquecida e com grau de utilização da capacidade bastante elevado (Gráfico 4). Após um ano registrando nível mensal de produção inferior ao mesmo mês do ano anterior, em outubro de 2009 a indústria automobilística conseguiu reerguer a produção. Aumentou 6,8% em relação a outubro de 20084. Embora essa taxa de crescimento seja menor do que as verificadas até setembro de 2008, ela representa um forte sinal de recuperação, haja vista o comportamento nos meses anteriores (ver Gráfico 5). Esse é o resultado de expansão das vendas combinada com um nível baixo de estoques. Com isso, muitas montadoras ainda não haviam decidido se parariam ou por quanto tempo parariam sua produção no final do ano, o que é um elemento importante de decisão para as empresas de autopeças5.

4

Em novembro de 2009, foram produzidas 292.000 unidades, 8% a menos do que em outubro do mesmo ano e 48% a mais perante novembro de 2008, quando a produção já havia se contraído significativamente sob os efeitos da crise (Valor Econômico, 04/12/2009).

5 Valor Econômico, 10/11/2009. 50 55 60 65 70 75 80 85 90 95 100 jan 08 fev ma r abr ma i ju n jul

ago set out nov dez

jan 09 fev ma r abr ma i ju n jul ago set

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Gráfico 4 – Produção Mensal de Autoveículos Novos no Brasil (Jun.-08 a Out.-09) 3,1 3,2 3,1 3,0 3,0 2,0 1,0 1,9 2,0 2,7 2,5 2,7 2,8 2,8 3,0 2,7 3,2 J un Jul A go Set O ut No v De z J an F ev M ar A br M ai J un Jul A go Set O ut 2008 2009 P ro d u ç ã o , e m c e m m il u n id a d e s

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da ANFAVEA.

Gráfico 5 – Produção de Autoveículos no Brasil (Jun.-08 a Out.-09)

(variação em relação ao mesmo mês do ano anterior, %)

25,2 19,1 11,5 18,7 -27,9 -56,5 -27,2 -19,1 -2,9 -15,7 -8,1 -8,0 -11,4 -5,5 -9,2 6,8 -0,2 J un 07-08 J ul 07-08 A go 07-08 S et 07-08 O ut 07-08 N ov 07-08 D ez 07-08 J an 08-09 F ev 08-09 M ar 08-09 A br 08-09 M ai 08-09 J un 08-09 J ul 08-09 A go 08-09 S et 08-09 O ut 08-09

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da ANFAVEA.

Esse aumento da intensidade da produção, no entanto, refere-se mais às condições do mercado interno do que externo. Alíquotas reduzidas de IPI e retomada da oferta de crédito a taxas e prazos mais atraentes ao consumidor têm gerado um desempenho das vendas ainda pouco observado na média dos demais países. O Gráfico 6 evidencia que as exportações de autoveículos ainda não reagiram no mesmo ritmo da produção. As expectativas de curto prazo do setor estão direcionadas à continuidade de

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um mercado interno aquecido. Portanto, não é desprezível, especialmente com a trajetória de valorização cambial (retomada e acentuada alguns meses após a eclosão da crise), o fato de as importações de veículos terem crescido fortemente.

Gráfico 6 – Produção e Exportação Mensais de Autoveículos no Brasil (Jan.-08 a Out.-09) 0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 350.000 J an F ev Ma r Ab r Ma i J un Jul Ag o Se t O ut N ov D ez J an F ev Ma r Ab r Ma i J un Jul Ag o Se t O ut 2008 2009 Produção Exportação

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da ANFAVEA.

3. Desempenho recente da indústria brasileira de autopeças

3.1. Evolução da Produção Automotiva

As tendências discutidas na seção anterior parecem impactar o segmento de autopeças em dois sentidos. Por um lado, a expansão das vendas e, consequentemente, da produção de veículos pelas montadoras deve puxar o segmento de autopeças, incentivando o incremento de sua produção, que ainda apresenta sinais de uma recuperação lenta. Os investimentos anunciados pelas montadoras também podem contribuir para um cenário futuro mais favorável. Por outro lado, o comportamento da taxa de câmbio representa uma ameaça ao segmento, não apenas por causa do aumento de veículos importados, produzidos no exterior sem componentes nacionais, mas também pela possível estratégia das multinacionais com filiais instaladas no Brasil de elevar a importação de peças6

6

Algumas dessas empresas, como Delphi e Bosch, sinalizaram, ao contrário, para a elevação do índice de nacionalização dos componentes produzidos no país. O objetivo da Delphi é aumentar o conteúdo local de seus produtos em 5% ao ano. Atitude semelhante foi tomada pela Bosch, na tentativa de nacionalizar itens que atualmente compra no exterior (Valor Econômico, 25/11/2009). Já a Mahle Metal Leve, multinacional que adquiriu em 1996 a Metal Leve, em 1997 a Cofap e em 2007 a argentina Edival, aposta em uma gestão mais conservadora e com possíveis aquisições para 2010. Preocupada com o caixa e diante da ameaça da concorrência externa favorecida pelo câmbio apreciado, está disposta a importar componentes produzidos em outras fábricas do grupo, de modo que possam competir em condições de

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déficit comercial, registrado mesmo antes da crise internacional. A evolução recente do comércio exterior do segmento de autopeças é analisada na subseção seguinte.

No que concerne à produção, três comentários devem ser feitos. Em primeiro lugar, deve-se atentar para a evolução distinta da produção física, em 2008 e 2009, de veículos automotores e de peças e acessórios. Apesar de em ambos os períodos ser verificado um descolamento da produção de veículos automotores em relação à de autopeças, nota-se uma diferença importante. Em 2008 a produção física de veículos automotores registrou taxas crescentes não acompanhadas na mesma medida pela produção de peças e acessórios, que oscilou em um patamar menor. Já em 2009 a produção de autopeças cresceu praticamente em todo o período, ainda que: a) não tenha retornado ao nível pré-crise, o que foi alcançado pelas montadoras; e, b) tenha se acentuado o hiato entre a produção dos dois segmentos, principalmente no primeiro trimestre de 2009, em meio à crise, e em outubro de 2009, com a ampliação das importações de autopeças (Gráfico 7).

Gráfico 7 – Produção Industrial Mensal dos Subsetores Automotivos (Jan.-06 a Out.-09) 50 70 90 110 130 150 170 190 210 230 jan/ 06 abr /06 ju l/0 6 out /06 jan/ 07 abr /07 ju l/0 7 out /07 jan/ 08 abr /08 ju l/0 8 out /08 jan/ 09 abr /09 ju l/0 9 out /09 Ín d ice B ase F ixa M en sal : N ú m er o n d ice; M éd ia d e 2002= 100

Automóveis, camionetas e utilitários, incl. motores Peças e acessórios p/ veícs. automotores

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da PIM-PF/IBGE.

Em segundo lugar, apesar da capacidade de reação importante do segmento de autopeças, esta não foi suficiente para evitar o descolamento constatado entre a produção dos dois segmentos. Ademais, notou-se uma resposta mais lenta de aumento da produção por parte das empresas de autopeças, afetadas pelo câmbio valorizado. Ao longo de 2009, a variação negativa da produção trimestral de autopeças (confrontada com a produção do mesmo trimestre no ano anterior) se reduziu. A produção no terceiro trimestre de 2009 foi 20% menor do que no terceiro trimestre de 2008 (Gráfico 8). No entanto, conforme mostra o Gráfico 9, na análise mês a mês, a variação da produção em outubro de 2009 de automóveis e utilitários, em comparação com o mesmo mês do ano precedente, já era positiva (10,6%), enquanto a de peças e acessórios se mantinha negativa, ainda que diminuindo (-9,1%).

igualdade com os produtos comprados pelas montadoras diretamente no exterior (Valor Econômico, 02/12/2009).

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Em terceiro lugar, contribui também para explicar esse movimento no segmento de autopeças a resposta tímida da produção de caminhões e ônibus (Gráficos 8 e 9). A análise trimestre a trimestre não fornece indícios de recuperação. Apenas a observação mês a mês aponta uma melhora, ainda mais lenta que no setor de autopeças, da produção a partir de agosto de 2009. A despeito disso, as empresas de autopeças retomaram as contratações, tendo em vista o mercado interno aquecido, sobretudo de automóveis.

Gráfico 8 – Produção Industrial Trimestral dos Subsetores Automotivos (variação em relação ao mesmo trimestre do ano anterior)

-50% -40% -30% -20% -10% 0% 10% 20% 30% 40% I/ 2007 II /2007 III/2 0 0 7 IV /2007 I/2008 II/2008 III/2 0 0 8 IV /2008 I/2009 II/2009 III/2 0 0 9

Automóveis, camionetas e utilitários, incl. motores Caminhões e ônibus, incl. motores

Peças e acessórios p/ veícs. automotores

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados da PIM-PF/IBGE.

Gráfico 9 – Produção Industrial Mensal dos Subsetores Automotivos (variação em relação ao mesmo mês do ano anterior, %)

-70 -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 out /08 nov /08 dez /08 jan/ 09 fev /09 m ar /09 abr /09 m ai /09 jun/ 09 ju l/0 9 ago/ 09 s et /09 out /09

Automóveis, camionetas e utilitários, incl. motores Caminhões e ônibus, incl. motores

Peças e acessórios p/ veícs. automotores

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3.2 . Evolução do Comércio Exterior

Conforme analisado no relatório anterior, o comércio exterior de autopeças apresentou resultados bastante negativos no primeiro semestre de 2009, refletindo os impactos da crise internacional, com as exportações reduzindo-se muito mais que as importações, o que contribuiu para ampliar o déficit comercial no período. Importante destacar que a tendência de déficit comercial no setor de autopeças já havia sido observada em 2008, período de forte crescimento da produção e das vendas de veículos e autopeças, revertendo a trajetória de sistemáticos superávits comerciais no período 2003-2007.

No terceiro trimestre de 2009, houve uma recuperação tanto das vendas quanto das compras externas, depois de quatro trimestres de quedas sucessivas, iniciadas no quarto trimestre de 2008, a partir dos desdobramentos da crise externa. Com relação ao segundo trimestre de 2009, as exportações cresceram 16,6% e as importações 27,3%, o que contribuiu para manter um elevado déficit comercial no segmento (tabela 3). Somente no terceiro trimestre de 2009, o saldo comercial negativo no segmento de autopeças foi de US$ 813 milhões contra US$ 500 milhões no trimestre anterior. Se somados os três trimestres de 2009, o saldo negativo atingiu o patamar de US$ 1,9 bilhão, o mesmo patamar atingido no período em 2008.

A recuperação dos fluxos externos no terceiro trimestre frente ao segundo trimestre não foi suficiente para aproximar os resultados do segmento verificados em igual período em 2008. As exportações no terceiro trimestre totalizaram US$ 1,94 bilhão contra US$ 3,3 bilhões em igual período em 2008 (US$ 2,8 bilhões em 2007). Já as importações totalizaram US$ 2,8 bilhões, o que equivale ao patamar de 2007, mas ainda muito distante do patamar de 2008 de US$ 4,3 bilhões. O déficit comercial no terceiro trimestre de 2009 foi ligeiramente inferior ao verificado em igual período em 2008: US$ 957 milhões.

Ainda assim, a melhoria no desempenho exportador do segmento de autopeças brasileiro parece sugerir que os fortes impactos negativos da desaceleração na produção e na demanda mundial de veículos de passageiros e comerciais estariam arrefecendo. O que segue preocupante é o comportamento da taxa de câmbio. As medidas protecionistas implícitas adotadas por alguns importantes parceiros comerciais também seguem afetando o desempenho das exportações.

Tabela 1 – Exportações Trimestrais do Setor de Autopeças (US$ milhões)

I/08 II/08 III/08 IV/08 I/09 II/09 III/09

Setor de Autopeças 2.704 3.138 3.315 2.587 1.616 1.668 1.946

Cabines e Carrocerias 2.088 2.449 2.607 1.875 1.214 1.285 1.520

Peças e Acessórios 308 364 379 457 200 184 194

Rec. e Rec. Motores 308 326 329 255 202 200 232

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Tabela 2 – Importações Trimestrais do Setor de Autopeças (US$ milhões)

I/08 II/08 III/08 IV/08 I/09 II/09 III/09

Setor de Autopeças 3.189 3.576 4.272 3.489 2.204 2.167 2.759

Cabines e Carrocerias 3.032 3.372 4.050 3.289 2.047 2.040 2.614

Peças e Acessórios 15 8 11 7 7 11 15

Rec. e Rec. de Motores 142 196 210 193 150 116 131

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir dos dados da SECEX.

Tabela 3 – Saldo Comercial Trimestral do Setor de Autopeças (US$ milhões)

I/08 II/08 III/08 IV/08 I/09 II/09 III/09

Setor de Autopeças -485,5 -437,7 -957,2 -902,5 -588,3 -498,7 -813,5

Cabines e Carrocerias -944,3 -923,4 -1443,7 -1413,7 -833,3 -754,9 -1093,8

Peças e Acessórios 293,6 356,1 367,9 449,5 192,7 173,1 179,1

Rec. e Rec. de Motores 165,1 129,6 118,6 61,7 52,3 83,1 101,2

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP a partir dos dados da SECEX.

No terceiro trimestre de 2008, as exportações de autopeças para os principais mercados de destino cresceram, inclusive para os EUA, sinalizando para uma recuperação relativamente generalizada e diversificada das vendas externas. Para a Argentina, principal mercado de destino das exportações brasileiras de autopeças, foram exportados US$ 693 milhões, patamar superior ao do trimestre anterior de US$ 541 milhões, mas ainda bastante inferior ao patamar de US$ 990 milhões em igual período em 2008.

Com relação aos EUA, segundo maior mercado de destino das exportações de autopeças, a taxa de crescimento das exportações no terceiro trimestre foi inferior à verificada para a Argentina (28%), mas acima da média geral (25% contra 17%). O valor exportado foi de US$ 250 milhões contra US$ 199 milhões no trimestre anterior, mas ainda 50% abaixo do patamar de igual período em 2008 (US$ 515 milhões).

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Gráfico xx. Brasil: Evolução das Exportações de Autopeças para Países Selecionados no Terceiro Trimestre de 2009 e 2008 e Segundo Trimestre de 2009

(em US$ milhões)

694 250 141 128 86 63 53 46 990 516 251 147 248 103 66 98 541 199 105 113 81 56 87 54 0 200 400 600 800 1.000 1.200 Argentina Estados Unidos

México Venezuela Alemanha Chile Países Baixos

África do Sul 3tri/2009 3tri/2008 2tri/2009

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base nos dados da SECEX.

O mesmo ocorreu com as exportações para o México, terceiro mercado em importância das exportações e com quem o Brasil tem um acordo de livre comércio no setor de autopeças. As exportações cresceram 34% no terceiro trimestre se comparado ao trimestre anterior (US$ 141 milhões contra US$ 105 milhões), mas ainda bastante inferior ao patamar de US$ 251 milhões no mesmo período em 2008.

As exportações para a Alemanha apresentaram menor dinamismo, com taxa de crescimento de apenas 5,4% no terceiro trimestre em relação ao trimestre anterior. O patamar de vendas de US$ 85 milhões representa um valor 2/3 menor que o atingido em igual período em 2008 (US$ 248 milhões). Com relação aos Países Baixos e à França, o desempenho exportador foi ainda mais decepcionante, com retração nas exportações no terceiro trimestre de 2009 em relação ao trimestre anterior.

Com relação à origem das compras externas, Europa (Alemanha, França, Itália e Espanha) e Ásia (Japão, China, Tailândia e Coréia do Sul) seguem como os principais mercados fornecedores de autopeças para o Brasil, seguidos pelo mercado norte-americano (incluídos Canadá e México) e pelo mercado sul-norte-americano.

As taxas de crescimento das importações no terceiro trimestre foram significativas e superiores às das exportações (27% contra 17%). Além disso, o desempenho foi bastante assimétrico entre regiões e países. Esses desempenhos devem ser explicados não somente pelo comportamento do câmbio e dos diferenciais da demanda e da produção no Brasil vis-à-vis os parceiros comerciais, mas também pela estratégia das filiais de empresas estrangeiras, sobretudo das grandes sistemistas, que utilizam sua posição privilegiada global para realocar seus fluxos financeiros, produtivos e comerciais.

(16)

Gráfico xx. Brasil: Evolução das Importações de Autopeças de Países Selecionados no Terceiro Trimestre de 2009 e 2008 e Segundo Trimestre de 2009

(em US$ milhões)

410 346 291 283 277 172 148 133 120 519 746 387 386 468 254 250 133 191 304 318 254 188 248 144 105 77 104 0 100 200 300 400 500 600 700 800

Japão Alemanha Argentina China Estados Unidos França Itália Tailândia Coréia do Sul

3tri/2009 3tri/2008 2tri/2009

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base nos dados da SECEX.

O Japão superou a Alemanha como maior mercado fornecedor de autopeças no terceiro trimestre de 2009 e também no acumulado do ano. As importações provenientes do Japão cresceram 34,9% no terceiro trimestre e atingiram o patamar de US$ 410 milhões (contra US$ 303 milhões no trimestre anterior). No acumulado do ano, as importações superaram US$ 1,1 bilhão.

Já as compras da Alemanha cresceram 8,9% no terceiro trimestre, saltando de um patamar de US$ 254 milhões para US$ 345 milhões. Ainda assim, foram bastante inferiores as compras no mesmo período em 2008: US$ 745 milhões. No acumulado do ano, as compras da Alemanha totalizaram US$ 860 milhões, contra 1,9 bilhão em igual período em 2008.

No total acumulado no ano, os EUA seguem como terceiro mercado em importância: US$ 840 milhões em compras. No terceiro trimestre, as importações cresceram 12%, saindo de um patamar de US$ 247 milhões para US$ 277 milhões. Com relação aos três mercados anteriores (Japão, Alemanha e EUA) o Brasil foi deficitário no acumulado do ano. No caso dos EUA, esse comportamento representa uma mudança de tendência observada em 2008 e demais anos.

A Argentina foi o terceiro maior mercado fornecedor no terceiro trimestre, com vendas de US$ 291 milhões, com crescimento de 14,4% em relação ao trimestre anterior. No acumulado do ano, as compras atingiram US$ 746 milhões, o que é um patamar ainda bastante inferior (-23,4%) ao de igual período em 2008. Com isso, a Argentina acumula um déficit comercial com o Brasil no segmento de autopeças de US$ 841 milhões nos três primeiros trimestres de 2009. Embora elevado, no mesmo período em 2008, o déficit comercial foi de US$ 1,5 bilhão.

(17)

Cabe ainda destacar o desempenho das importações provenientes da China, que cresceram 50,4% no terceiro trimestre de 2009 e totalizaram US$ 283 milhões, superando inclusive as compras oriundas dos EUA (US$ 277 milhões). No acumulado do ano, as exportações chinesas de autopeças para o Brasil atingiram o patamar de US$ 698 milhões, o que torna a China o quinto maior fornecedor, contra US$ 974 milhões no mesmo período em 2008 (queda de 22%). Embora a tendência de crescimento das importações provenientes da China seja preocupante, até porque as exportações para esse mercado são bem inferiores e não apresentam o mesmo dinamismo, a forte expansão na produção de veículos na China, que deverá superar o patamar de 10 milhões de unidades produzidas ainda em 2009, tenderá a absorver parcela crescente da produção de autopeças e assim reduzir sua capacidade exportadora, e ao mesmo tempo abrir oportunidade para maiores exportações de autopeças do Brasil.

3.3. Evolução do Emprego

Motivado pela recuperação paulatina da produção, o emprego no segmento de autopeças também voltou a crescer com algum ímpeto, principalmente, no terceiro trimestre de 2009. De maneira semelhante à tendência observada na produção, o emprego no setor de fornecimento tem se recuperado mais lentamente do que no setor montador.

Ademais, tal como salientado na análise da produção, não se verifica ainda a retomada do emprego nos patamares pré-crise. Diferentemente dos três trimestres anteriores, registrou-se no terceiro trimestre de 2009 a criação de quase 6 mil novos postos formais de trabalho no setor de autopeças. Apesar de inferior aos cerca de 10 mil postos de trabalho criados trimestralmente de janeiro a setembro de 2008, esse resultado já corrobora a hipótese de recuperação gradual do setor. As novas vagas geradas foram quase que totalmente absorvidas pelo subsetor de peças e acessórios, no qual o número de admitidos cresceu 32,5% no terceiro trimestre de 2009, em relação ao trimestre precedente, e o número de desligados reduziu-se em aproximadamente 16% no mesmo período (ver Tabela 4).

Tabela 4 – Evolução Recente da Criação de Emprego Formal no Setor de Autopeças (I/2008-III/2009) (em número de vagas por trimestre)

Admitidos

I/2008 II/2008 III/2008 IV/2008 I/2009 II/2009 III/2009

Setor de Autopeças 31.787 33.139 34.495 14.485 12.698 18.757 24.639

Cabines e Carrocerias 5.801 6.017 5.883 2.762 2.549 2.745 3.530

Peças e Acessórios 25.209 26.446 27.774 11.142 9.455 15.384 20.384

Recond. e Recup. de Motores 777 676 838 581 694 628 725

Desligados

I/2008 II/2008 III/2008 IV/2008 I/2009 II/2009 III/2009

Setor de Autopeças 21.044 22.805 24.755 18.769 35.019 22.346 18.671

Cabines e Carrocerias 3.801 3.822 4.253 4.876 4.784 4.175 3.243

Peças e Acessórios 16.577 18.284 19.817 13.337 29.577 17.445 14.671

Recond. e Recup. de Motores 666 699 685 556 658 726 757

Criação de Vagas

(18)

Setor de Autopeças 10.743 10.334 9.740 -4.284 -22.321 -3.589 5.968

Cabines e Carrocerias 2.000 2.195 1.630 -2.114 -2.235 -1.430 287

Peças e Acessórios 8.632 8.162 7.957 -2.195 -20.122 -2.061 5.713

Recond. e Recup. de Motores 111 -23 153 25 36 -98 -32

Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados do CAGED/MTE.

A massa real de salários dos trabalhadores admitidos no setor, que havia sofrido uma brusca redução com a crise no último trimestre de 2008, esboçou reação ao longo de 2009. Uma vez mais, ainda encontra-se abaixo dos níveis pré-crise. Um detalhe importante a se destacar consiste no fato de que, na média, a massa real de salários dos desligados do setor de autopeças no terceiro trimestre de 2009 permanece levemente superior à dos admitidos (R$ 24,5 milhões contra R$ 23,8 milhões). Isso se deve ao subsetor de cabines e carrocerias, único em que a massa real de salários dos desligados continua maior à dos admitidos. Faz-se mister também analisar, dada a retomada no processo de contratação, o salário admissional médio. Para o setor de autopeças como um todo, este tem-se reduzido nos últimos trimestres e está em patamares inferiores ao pré-crise. O mesmo se observa no subsetor de peças e acessórios, justamente o que mais criou novas vagas de emprego no terceiro trimestre de 2009 (Tabela 5).

Embora as condições do emprego e, principalmente, dos salários ainda não tenham se recuperado – talvez, até menos que o ritmo de produção –, é possível delinear um cenário de retomada mais intensa. Por um lado, as vendas aquecidas de automóveis no mercado interno e a necessidade de aumento da produção devem impactar positivamente o processo de criação de vagas. Por outro lado, é de se esperar alguma reação da demanda no segmento de caminhões e ônibus nos próximos meses, o que também ajudaria na reativação do emprego no setor de autopeças. Todavia, permanece presente o risco da valorização cambial e das importações crescentes.

Tabela 5 – Evolução Recente da Massa de Salários e dos Salários Médios Reais do Setor de Autopeças – admissão e desligamento (I/2008-III/2009)

Massa de salário dos admitidos (R$ milhões)

I/2008 II/2008 III/2008 IV/2008 I/2009 II/2009 III/2009

Setor de Autopeças 31,0 33,0 34,1 16,1 13,0 18,1 23,8

Cabines e Carrocerias 4,4 4,6 4,6 2,3 2,1 2,3 2,8

Peças e Acessórios 26,0 27,9 28,7 13,4 10,4 15,4 20,4

Recond. e Recup. de Motores 0,6 0,5 0,7 0,4 0,5 0,5 0,6

Massa de salário dos desligados (R$ milhões)

I/2008 II/2008 III/2008 IV/2008 I/2009 II/2009 III/2009

Setor de Autopeças 26,8 28,6 30,7 48,2 53,0 32,2 24,5

Cabines e Carrocerias 3,6 3,5 4,2 4,6 5,1 4,4 3,4

Peças e Acessórios 22,7 24,5 26,0 43,1 47,4 27,1 20,4

Recond. e Recup. de Motores 0,5 0,6 0,6 0,4 0,5 0,6 0,6

Salário admissional médio (R$)

I/2008 II/2008 III/2008 IV/2008 I/2009 II/2009 III/2009

Setor de Autopeças 974,1 995,7 987,2 1.181,5 1.042,2 965,6 963,3

Cabines e Carrocerias 756,6 766,4 789,5 855,0 844,0 822,2 791,1

Peças e Acessórios 1.031,4 1.054,4 1.034,3 1.286,2 1.119,9 998,2 999,8

Recond. e Recup. de Motores 732,0 739,0 818,7 756,1 770,3 794,4 778,3

Nota: Dados deflacionados pelo IPCA, com base nos preços de dezembro de 2008. Fonte: Elaboração NEIT/IE/UNICAMP com base em dados do CAGED/MTE.

(19)

4. Comentários Finais

Os dados de produção, comércio exterior, emprego e salário até o terceiro trimestre de 2009 apontam para uma recuperação gradual do setor automotivo. Após o declínio generalizado das vendas de autoveículos decorrente da crise financeira e econômica mundial, verificou-se a retomada das vendas domésticas, especialmente de automóveis, estimuladas, em grande medida, pelas alíquotas reduzidas do IPI e pelo retorno das condições mais favoráveis de crédito.

Não apenas a reativação das vendas caracterizou a evolução recente das montadoras. Isso foi acompanhado pelo aumento da produção nacional e de veículos importados, dentro da lógica de valorização cambial e das estratégias das grandes corporações do setor automobilístico em realocar suas compras e vendas no interior de suas redes globais. Vale ressaltar que as expectativas quanto à evolução da demanda doméstica são positivas. Inclusive, planos de investimento, até então suspensos pelas montadoras por causa da crise, foram anunciados.

O setor de autopeças pode se beneficiar desse processo, embora a recuperação observada desse segmento, em termos de produção, tenha sido mais lenta do que a das montadoras. Permanece um descolamento significativo da produção desses setores, em parte resultante do câmbio valorizado. Este é um dos principais desafios colocados ao segmento de autopeças no país, uma vez que tais empresas podem não se favorecer completamente da expansão das montadoras, tendo em vista a concorrência externa.

Isso já se reflete no comportamento do comércio exterior de autopeças. Se no período que se seguiu à crise, a queda nas importações foi bem inferior à verificada nas exportações, no período de retomada da produção, sobretudo no terceiro trimestre de 2009, o que se observou foi um aumento mais que proporcional das importações vis-à-vis as exportações, gerando um expressivo déficit comercial no segmento de autopeças.

Em termos de emprego e renda, há sinais de recuperação paulatina. Criaram-se novas vagas no setor de autopeças no terceiro trimestre de 2009, sobretudo no subsetor de peças e acessórios, e esboçou-se uma reação, ainda contida, da massa real de salários.

Em linhas gerais, os dois segmentos – montadoras e autopeças – devem ampliar sua dependência do mercado doméstico, uma vez que no curto prazo as expectativas de uma recuperação generalizada da demanda mundial são baixas. A prorrogação do prazo de vigência das medidas de IPI reduzido para veículos e a própria retomada do crescimento econômico brasileiro devem atuar no sentido de manter o nível de vendas elevado, com consequências positivas sobre a produção das montadoras e das autopeças, bem como sobre o emprego. No entanto, essas condições favoráveis podem ser ameaçadas, em especial no caso do segmento de autopeças, pela manutenção de uma taxa de câmbio valorizada.

Referências Bibliográficas

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Sarti, F. (coord.) (2009). Relatório de Acompanhamento Setorial (Volumes I, II e

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Referências

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