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ESTATUTO DO DESARMAMENTO Lei nº /03

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Direito Administrativo – De

na Súmula!!!

ESTATUTO DO

DESARMAMENTO

Lei nº 10.826/03

Ed. 2020

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Direito Administrativo – De

na Súmula!!!

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Estatuto do Desarmamento – Lei nº 10.826/03

ESTATUTO DO DESARMAMENTO

Lei nº 10.826/03

Prezado aluno, passaremos nesse momento ao estudo sobre o Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03). O presente material tem por objetivo reunir todas as informações que o candidato precisa para resolver questões dos certames públicos. Dessa forma, nosso material trouxe uma abordagem doutrinária sobre o tema objeto de estudo, a legislação (lei seca), questões já cobradas em concurso público pelas diversas bancas, e, por fim, os informativos.

O Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/03) foi recentemente alterado pelo Pacote Anticrime. Desse modo, reforçamos ao leitor a importância do estudo atencioso sobre essas novidades legislativas. Os arts. 16, 17, 18, 20 e 34-A do Estatuto do Desarmamento foram objeto de modificações com o advento da Lei n. 13.964/2009, entre elas podemos apontar:

• Previsão de nova forma qualificada para o crime do art. 16;

• Alteração do quantum da pena do art. 17, além da criação de uma figura equiparada; • Alteração do quantum da pena do art. 18, além da criação de uma figura equiparada; • Previsão de nova causa de aumento de pena ao teor do art. 20, antes inexistente.

• E por fim, consagra novo dispositivo legal – o art. 34-A (Criação do banco nacional de perfis balísticos).

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1. Evolução histórica

Atualmente, as condutas de porte ilegal, posse irregular, comércio ilegal e o tráfico internacional de arma estão regulamentadas pelo Estatuto do Desarmamento, a Lei de nº 10.826/2006. Contudo, a tipificação dessas condutas nem sempre estiverem presentes na referida legislação.

Nesse sentido, faz-se necessário uma análise breve da evolução legislativa.

a) Lei das Contravenções Penais

O primeiro diploma legal a tratar da matéria foi a LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS em seu art. 19, tipificando o Porte Ilegal de Armas. O referido diploma legal foi parcialmente revogado em relação as armas de fogo, contudo, aplica-se para as chamadas “armas brancas”.

O art. 19, §2º, letra C, da Lei das Contravenções Penais ainda continua em vigor somente em relação às armas brancas e as de arremesso ou munição e em relação ao inexperiente que se apodera da arma.

à O porte ilegal de arma de fogo foi, por muito tempo, considerado somente contravenção penal, prevista no art. 19 da Lei das Contravenções Penais.

b) Lei das Armas de Fogo (Lei nº 9.437/1997)

Em sequência em 1997, temos a Lei de Armas de Fogo. Com a referida legislação o porte ilegal de arma de fogo deixou de ser contravenção penal e passou a configurar crime.

Desse modo, temos que até 1997, as condutas envolvendo armas de fogo eram apenas contravenção penal previstas na lei das contravenções penais (DL 3688). Em 1997, por sua vez, surgiu a Lei nº 9.437. Essa lei foi denominada de lei das armas de fogo.

àAssim, as condutas envolvendo armas de fogo deixaram de ser contravenção e passaram a ser crime. Todos os crimes estavam concentrados no art. 10 dessa lei.

c) Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003)

Em sequência surge a Lei de nº 10.826/2003, o nosso atual Estatuto do Desarmamento.

àEssa lei também manteve as condutas envolvendo armas de fogo como crimes, além de prever várias outras providências, como a restrição à venda, registro e autorização para o porte de arma de fogo, a tipificação dos crimes de posse e porte de munição, tráfico internacional de armas de fogo, dentre outras.

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As condutas consideras crimes encontram-se concentradas entre os arts. 12 a 18 da legislação ora em estudo.

Vamos Esquematizar?

Lei das Contravenções Lei das Armas de Fogo Estatuto do Desarmamento

O porte ilegal de arma de fogo era considerado somente contravenção penal, prevista no art. 19 da Lei das Contravenções Penais.

As condutas envolvendo armas de fogo deixaram de ser contravenção e passaram a ser crime. Todos os crimes estavam concentrados no art. 10 dessa lei.

Manteve as condutas envolvendo armas de fogo como crimes, além de prever várias outras providências, como a restrição à venda, registro e autorização para o porte de arma de fogo, a tipificação dos crimes de posse e porte de munição, tráfico internacional de armas de fogo, dentre outras.

Desse modo, temos que até 1997 o porte ilegal de arma de fogo era mera contravenção penal, (Art. 19 da Lei de Contravenção Penal), enquanto a posse ilegal de arma de fogo era fato atípico.

• Até 1997: Porte ilegal de arma de fogo: mera contravenção; • Até 1997: Posse ilegal de arma de fogo: era fato atípico.

Com o aumento alargado da criminalidade no país, entra em vigor a Lei 9.437/97, Lei das Armas de Fogo, e além desta houve a tipificação do porte ilegal de arma de fogo agora considerado crime, bem como a posse ilegal que era fato atípico também foi criminalizada.

• Lei 9.437/97: Porte ilegal de arma de fogo deixa de ser contravenção penal e passa a ser considerada crime.

• Lei 9.437/97: Posse ilegal deixa de ser fato atípico e se torna crime.

2. Decretos Regulamentadores

Os Decretos 3.665/00 e 5.123/04 que regulamentavam questões acerca do Estatuto do Desarmamento, ambos foram revogados e atualmente entram em vigor o Decreto nº 10.030/19, 9.845/19 e 9.847/19.

Destaca-se aqui que no Decreto 9.845/19 foram estabelecidos novos parâmetros para os conceitos de arma de fogo de uso permitido e uso proibido, a força cinética do projetil ao sair do cano da arma se tornou fundamental para tal classificação, portanto, a arma de fogo será considerada de uso permitido se o projetil tiver força cinética menor que 1620 Joules, enquanto que de uso proibido se maior que 1620 Joules. Vejamos:

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Art. 2º Para fins do disposto neste Decreto, considera-se:

I - arma de fogo de uso permitido - as armas de fogo semiautomáticas ou de repetição que sejam: a) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas líbras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;

b) portáteis de alma lisa; ou

c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, não atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas líbras-pé ou mil seiscentos e vinte joules;

II - arma de fogo de uso restrito - as armas de fogo automáticas, semiautomáticas ou de repetição que sejam:

a) não portáteis;

b) de porte, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saída do cano de prova, energia cinética superior a mil e duzentas líbras-pé ou mil seiscentos e vinte joules; ou

c) portáteis de alma raiada, cujo calibre nominal, com a utilização de munição comum, atinja, na saí da do cano de prova, energia ciné tica superior a mil e duzentas líbras-pé ou mil seiscentos e vinte joules.

Praticamente todas as armas de longas, irão ser de calibre restrito, tendo em vista que possivelmente terão mais de mil seiscentos e vinte Joules de energia cinética, em virtude do tamanho de seu cano, ou seja, quanto maior, mais força ganhará o projétil nesse percurso.

A Portaria do Comando do Exército 1.222 de 12/08/2019 se encarrega de trazer os calibres permitidos e restritos.

3. Natureza dos Delitos

De acordo com jurisprudências do STJ e STF, todos os crimes do estatuto do desarmamento são crimes de perigo abstrato ou presumido.

Candidato, o que se entende Crime de Perigo Presumido ou Abstrato?

Excelência, é aquele em que o perigo já é considerado pela lei (de maneira presumida) pela simples prática da conduta típica, o tipo penal se limita a descrever a conduta, sem qualquer referência a resultado naturalístico, ou seja, há um crime mesmo que não haja perigo concreto ou perigo real.

Exemplo. Indivíduo portando caixa de munição sem arma no carro, é crime? Sim! Embora aquela munição não esteja causando situação real de perigo, tendo em vista que esta desacompanhada da arma.

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A doutrina moderna (Luiz Flávio Gomes, Damásio, Bittencourt), mencionam que esses crimes de perigo abstrato são inconstitucionais. No entanto os crimes de perigo abstrato são constitucionais desde que, estejam tipificando comportamentos comprovadamente perigosos de acordo com as regras de experiência.

Exemplo. Dirigir automóvel embriagado e portar arma de fogo sem registro, sem autorização. Ambos são comportamentos comprovadamente perigosos, colocando em risco segurança e saúde das pessoas.

O STJ E STF afirmam que se o comportamento é comprovadamente perigoso, o legislador tem a discricionariedade política de antecipar a tutela penal e punir a simples conduta perigosa antes que ela se transforme em dano. Assim o legislador tem a discricionariedade de punir o simples fato de as pessoas estarem dirigindo alcoolizadas antes que elas cometam um homicídio de trânsito.

Diante do exposto, temos que prevalece no STF e no STJ que os crimes do Estatuto do Desarmamento são crimes de perigo abstrato. Ou seja, a lesão ao bem jurídico já está presumida na lei. Não é necessário comprovar que a conduta gerou algum perigo real, concreto, porque o perigo já está presumido na lei.

4. Bem jurídico protegido

Em geral, a doutrina considera que o Estatuto do Desarmamento busca a proteção da incolumidade pública, como bem jurídico.

Contudo, para o prof. Damásio, a objetividade jurídica dos delitos previstos no Estatuto do Desarmamento é múltipla, havendo pois um objeto jurídico principal e imediato, que é a incolumidade pública, mas também, a objetividade jurídica mediata e secundária, que busca a proteção da vida, a incolumidade física e a saúde dos cidadãos.

Por fim, Nucci considera que teríamos a proteção de dois bem jurídicos: segurança pública e saúde pública.

E qual o entendimento do STF e/ou STJ?

Imediato/ Principal - Incolumidade Pública, Segurança Pública.

STF/ STJ

Mediatos/ Secundários Patrimônio – Liberdade, Vida, Integridade Física, etc.

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Os Tribunais Superiores – STF E STJ reconhecem que o bem jurídico principal é a incolumidade pública, mas o estatuto do desarmamento protege também reflexivamente os outros bens jurídicos.

Diante do exposto, temos que o objeto jurídico tutelado é a segurança pública e a incolumidade pública, que são interesses vinculados a um corpo social, tendo a coletividade como titular, e, não, a uma pessoa isolada ou grupo isolado de pessoas. Portanto, é CRIME VAGO (aquele em que o sujeito passivo é uma coletividade sem personalidade jurídica, ou seja, uma comunidade inteira e não apenas uma pessoa).

5. Conceito técnico de Arma de fogo, Acessório e Munição

a) Arma de Fogo: arma que arremessa projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil.

Obs.1: Se o artefato não é apto a produzir o referido efeito, não será considerada arma de fogo.

b) Acessório: artefato que, acoplado a uma arma, possibilita a melhoria do desempenho do atirador, a modificação de um efeito secundário do tiro ou a modificação do aspecto visual da arma. (Ex. silenciador altera o efeito secundário do tipo – altera o som/ bandoleira de arma).

c) Munição: artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma, cujo efeito desejado pode ser: destruição, iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo; outros efeitos especiais.

6. Registro e Porte de Arma de Fogo a) Aquisição da Arma

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Trata-se do ato da compra da arma. Uma vez interessado (a) em adquirir a arma, qual o

procedimento a ser feito? A pessoa interessada na aquisição da arma de fogo deve ser maior de 25 anos de

idade (art. 28, Estatuto do Desarmamento), SALVO nas hipóteses indicadas nos incs. I, II, II, V, VI, VII e X do art. 6º.

Regra Exceção (não precisa ter mais de 25 anos de idade). Deve ser mais

de 25 anos.

I – os integrantes das Forças Armadas;

II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da Constituição Federal;

III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes;

ATENÇÃO: para as capitais de Estados não importa a quantidade de habitantes, mas, para os Municípios, é necessário número de habitantes previamente descrito em lei.

V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;

VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias;

X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário.

Além da idade mínima, para adquirir a arma de fogo é preciso atender a determinados requisitos estipulados no Estatuto do Desarmamento, tais como:

• Comprovação da idoneidade; • Ocupação lícita e residência;

• Capacidade para manuseio da arma, art. Vejamos o teor do art. 4º do Estatuto:

Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade,

atender os seguintes requisitos:

I – comprovação de idoneidade, com apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Miliar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos;

II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;

III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.

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Se presentes os requisitos legais, o SINARM emitirá autorização para compra da arma de fogo, em nome do postulante e exclusivamente para a arma indicada. Por sua vez, a compra de munição somente poderá ser feita no calibre correspondente à arma adquirida (art. 4°, § 2°).

Requerimento ao SINARM →Autoriza →Adquiri →realiza o REGISRO.

b) Registro da arma de fogo

Após o ato de aquisição da arma de fogo, o interessado deverá proceder com o registro. Nesse contexto, indaga-se: qual será o órgão competente para realizar o registro? DEPENDE. Vejamos:

a) arma de fogo de uso permitido: será registrada na Polícia Federal, após a anuência do SINARM, com validade em todo o território nacional;

b) arma de fogo de uso restrito: será registrada no Comando do Exército (art. 27 do Estatuto do Desarmamento).

O registro autorizará o proprietário a manter a arma de fogo no interior de sua residência ou dependência desta, exclusivamente, ou ainda em seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou responsável legal do estabelecimento ou empresa.

O registro da arma legítima o individuo a possuir a arma, mas não a portar. Dessa forma, possuindo apenas o registro o sujeito não poderá sair pelas ruas com a arma.

Deverá:

• manter no interior de sua residência ou dependência desta;

• manter em seu local de trabalho, desde que seja o titular ou responsável.

c) Autorização para o Porte

Conforme estudado acima, percebemos que apenas o registro não autoriza o porte. Nessa linha, para trazer consigo a arma de fogo em via pública ou locais distintos, será necessária a autorização para o porte (artigo 6° e seguintes).

Nesse contexto indaga-se, qual o procedimento para conseguir esse porte?

No Ordenamento Jurídico Brasileiro, em regra, é vedado (proibido) em todo o território nacional (art. 6°). Contudo, excepcionalmente, a legislação a autorização para o porte poderá ser concedida em algumas hipóteses, seja em caso da função do sujeito (art. 6°), seja em decorrência da obtenção de

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autorização junto à Polícia Federal, após a anuência do SINARM, desde que preenchidos os requisitos legais (art. 10).

Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria (...).

Desse modo, temos que a autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido, em todo território nacional, é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm (Renato Brasileiro de Lima, Legislação Criminal Especial Comentada, 2020).

Porte Funcional x Servidor Aposentado

Candidato, o servidor aposentado tem direito ao porte funcional?

O porte de arma de fogo a que têm direito os policiais civis não se estende aos policiais aposentados. Isso porque, de acordo com o art. 33 do Decreto 5.123/2004, que regulamentou o art. 6º da Lei 10.826/2003, o porte de arma de fogo está condicionado ao efetivo exercício das funções institucionais por parte dos policiais, motivo pelo qual não se estende aos aposentados.

STJ. 5ª Turma. HC 267058-SP, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 4/12/2014 (Info 554).

ATENÇÃO: o tema acima mudou com a edição do novo regulamento do Estatuto do Desarmamento. O Decreto nº 9.847/2019 permite que os integrantes das policiais, guardas municipais, ABIN etc. continuem a ter o porte de arma mesmo depois de aposentados.

Deve-se fazer, contudo, uma explicação.

O policial, guarda municipal etc, quando se aposenta, perde direito ao porte de arma que tinha quando era da ativa. Isso porque o porte como policial da ativa está condicionado ao efetivo exercício das funções institucionais. Logo, a se aposentar ele perde automaticamente o porte e terá que devolver a arma da corporação.

No entanto, o art. 30 do Decreto nº 9.847/2019 permite que o aposentado conserve a autorização de porte de porte de arma de fogo de sua propriedade (arma de fogo particular — a funcional deve ser devolvida), desde que cumpridos alguns requisitos, como se submeter a testes de avaliação psicológica, realizados de 10 em 10 anos.

Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Policiais civis aposentados não têm porte de arma. Buscador Dizer o Direito,

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<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/be53ee61104935234b174e62a07e53cf>. Acesso em: 14/05/2020.

d) Ausência do registro ou autorização para o porte e adequação típica

Candidato, qual é a consequência jurídica da ausência do registro ou autorização? Aquele que não tem registro pratica crime? E aquele que não tem a autorização pratica fato típico?

A falta do registro de uma arma de uso permitido leva ao crime do art. 12 (Posse ilegal de arma de fogo). Por outro lado, quando a arma é de uso permitido, mas o agente não tem a autorização para o porte, ele comete o crime de porte ilegal de arma de fogo (art. 14).

Por fim, quando a arma de fogo é de uso restrito, mas o agente não tem a autorização para o porte ou o registro, ele comete o crime do artigo 16 do Estatuto.

Vamos Esquematizar?

Arma permitida – ausência do registro

Caracteriza o crime de Posse ilegal de arma de fogo - art. 12 do Estatuto do Desarmamento.

Arma permitida –

ausência de autorização para o porte

Caracteriza o crime de Porte ilegal de arma de fogo – art. 14 do Estatuto do Desarmamento.

Arma de uso restrito –

registro ou porte Caracteriza o crime do art. 16 do Estatuto do Desarmamento.

STJ: “É típica e antijurídica a conduta de policial civil que, mesmo autorizado a portar ou possuir arma de fogo, não observa as imposições legais previstas no Estatuto do Desarmamento, que impõem registro das armas no órgão competente” (STJ: RHC 70.141/RJ, rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 07.02.2017, noticiado no Informativo 587).

Lei 13.870/2019: a autorização para posse de arma de fogo abrange toda a extensão do imóvel rural (e não apenas a sede da propriedade)

A lei nº 13.870/2019 altera a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, para determinar que, em área rural, para fins de posse de arma de fogo, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel.

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LEI Nº 13.870, DE 17 DE SETEMBRO DE 2019

Altera a Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, para determinar que, em área rural, para fins de posse de arma de fogo, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte

Lei:

Art. 1o O art. 5º da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003, passa a vigorar acrescido do seguinte § 5º:

“Art. 5º ... ...

§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural.” (NR)

Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 17 de setembro de 2019; 198o da Independência e 131o da República.

Vamos compreender o que mudou com a alteração proposta pela Lei n° 13.870/2019.

• Requisitos para aquisição de arma de fogo

O Estatuto do Desarmamento (Lei nº 10.826/2003) prevê, em seu art. 4º, uma série de requisitos para que a pessoa possa adquirir uma arma de fogo de uso permitido:

Art. 4º Para adquirir arma de fogo de uso permitido o interessado deverá, além de declarar a efetiva necessidade, atender aos seguintes requisitos:

I - comprovação de idoneidade, com a apresentação de certidões negativas de antecedentes criminais fornecidas pela Justiça Federal, Estadual, Militar e Eleitoral e de não estar respondendo a inquérito policial ou a processo criminal, que poderão ser fornecidas por meios eletrônicos;

II – apresentação de documento comprobatório de ocupação lícita e de residência certa;

III – comprovação de capacidade técnica e de aptidão psicológica para o manuseio de arma de fogo, atestadas na forma disposta no regulamento desta Lei.

• Certificado de Registro de Arma de Fogo

Depois de cumpridos os requisitos legais e expedida a autorização de compra de arma de fogo pelo SINARM, o interessado deverá requerer da Polícia Federal o certificado de registro de arma de fogo.

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Esse certificado conferirá ao titular da arma de fogo o direito de possuí-la no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento. Veja o que diz o caput do art. 5º:

Art. 5º O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.

§ 1º O certificado de registro de arma de fogo será expedido pela Polícia Federal e será precedido de autorização do Sinarm.

(...)

• Posse x porte de arma de fogo

Vale aqui relembrar a diferença entre posse e porte de arma de fogo.

POSSE PORTE

Se o indivíduo tem direito à posse, significa que ele está autorizado a manter a arma de fogo exclusivamente no

• interior de sua residência ou domicílio; ou

• no seu local de trabalho (desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa).

Se o indivíduo tem direito ao porte, significa que ele está autorizado a carregar consigo a arma de fogo mesmo em outros ambientes que não sejam a sua residência ou trabalho.

A autorização para posse é concedida por meio de certificado expedido pela Polícia Federal, precedido de cadastro no Sinarm.

A autorização para o porte de arma de fogo de uso permitido é de competência da Polícia Federal e somente será concedida após autorização do Sinarm.

É necessário que o interessado cumpra os requisitos previstos no art. 4º da Lei nº 10.826/2003.

É necessário que o interessado cumpra os requisitos previstos no art. 10, § 1º, da Lei nº 10.826/2003.

O titular deste direito recebe um documento chamado “certificado de registro de arma de fogo”.

O titular deste direito recebe um documento chamado “porte de arma de fogo”.

O indivíduo que possui ou mantém arma de fogo, acessório ou munição (de uso permitido) em sua residência ou trabalho, sem que tivesse autorização para isso (sem que tivesse certificado da Polícia Federal), comete o crime de posse irregular de arma de fogo (art. 12 da Lei nº 10.826/2003).

O indivíduo que é encontrado com arma de fogo, acessório ou munição (de uso permitido) fora de sua residência ou local de trabalho sem que tivesse autorização para isso (sem que tivesse porte de arma), comete o crime de porte ilegal de arma de fogo (art. 14 da Lei nº 10.826/2003).

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É comum que a Polícia Federal conceda certificado de registro de arma de fogo para pessoas que moram em zona rural, tendo em vista que geralmente atendem aos requisitos do art. 4º da Lei nº 10.826/2003. Assim, essas pessoas ficam autorizadas a possuir arma de fogo em suas residências ou locais de trabalho.

Ocorre que a estrutura do imóvel rural é diferente dos imóveis urbanos. Isso porque no imóvel rural é comum haver um local onde a família efetivamente mora, ou seja, onde dorme, faz as refeições, onde é o banheiro etc. Esse local é a casa, que é conhecida como “sede da propriedade”/ “sede da fazenda”. No entanto, essa casa (sede da propriedade) é o menor local do terreno, existindo uma vasta área ao redor, onde os ocupantes do imóvel desenvolvem as atividades rurais, como plantações, criação de gado, de porcos, aves etc.

Assim, a estrutura do imóvel rural é composta pela sede da fazenda e pelo terreno, sendo este último a maior extensão territorial.

O art. 5º da Lei nº 10.826/2003 afirma que o titular do certificado de Registro de Arma de Fogo tem o direito de manter a sua arma de fogo “exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou

dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa.”

Para mim, não havia dúvidas de que uma interpretação teleológica permitia que concluíssemos que a autorização conferida pelo art. 5º abrangia tanto a sede da fazenda como o restante do terreno. No entanto, o legislador entendeu que seria mais adequado e seguro que essa interpretação ficasse expressamente consignada na Lei e, portanto, inseriu um parágrafo ao art. 5º com essa informação.

Confira:

Art. 5º (...)

§ 5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870/2019)

Ex: João possui uma fazenda de 2 mil hectares onde cria 10 mil cabeças de gado. Ele possui um certificado de registro de arma de fogo. Isso significa que ele pode ficar com sua espingarda dentro da casa onde mora com a família (sede da fazenda) e também pode andar com ela por toda a extensão dos 2 mil hectares de sua fazenda.

Fonte: https://www.dizerodireito.com.br/2019/09/lei-138702019-autorizacao-para-posse-de.html | Comentado por Márcio André Lopes (Dizer o Direito).

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Antecipação da Tutela Penal – “crimes de obstáculo”

O Estatuto do Desarmamento prevê tipos penais preventivos. Tipos preventivos são aqueles que criam os chamados crimes obstáculo, ou seja, aqueles em que o legislador antecipa a tutela penal, incriminado um ato preparatório de forma autônoma.

HABEAS CORPUS. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO COM NUMERAÇÃO RASPADA. ARMA DESMUNICIADA. CRIME DE PERIGO ABSTRATO. REGIME INICIAL DE CUMPRIMENTO DA PENA. FIXAÇÃO DO REGIME MAIS GRAVOSO UNICAMENTE EM RAZÃO DA GRAVIDADE ABSTRATA DO DELITO. REINCIDÊNCIA. SÚMULAS 269 E 440/STJ E 718 E 719/STF. PARECER ACOLHIDO. 1. É irrelevante aferir a eficácia da arma para a configuração do tipo penal estabelecido no art. 16, parágrafo único, IV, da Lei n. 10.826/2003, pois a lei visa proteger a incolumidade pública, transcendendo a mera proteção à incolumidade pessoal. Para tanto, basta a probabilidade de dano, e não a sua efetiva ocorrência. Trata-se de delito de perigo abstrato, que tem como objeto jurídico imediato a segurança pública e a paz social, assim, para a configuração do crime, é suficiente o simples porte de arma desmuniciada. Precedente da Sexta Turma.

2. De acordo com as Súmulas 440/STJ e 718 e 719/STF, a imposição de regime prisional mais severo do que o quantum da pena autoriza requer motivação idônea.

3. É admissível a adoção do regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados à pena igual ou inferior a 4 anos se favoráveis, como no caso, as circunstâncias judiciais (Súmula 269/STJ).

4. Ordem concedida em parte, para fixar o regime inicial semiaberto.(HC 211.823/SP, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 22/03/2012, DJe 11/04/2012).

Registro de arma de fogo e Lei Maria da Penha: Aplicação de Medida protetiva de Urgência – Suspensão da Posse ou Restrição do Porte

A Lei Maria da Penha prevê a suspensão da posse ou restrição do porte de armas no caso de violência doméstica ou familiar contra a mulher. Se o sujeito permanecer com a arma de fogo, ele cometerá o crime previsto no artigo 12 ou no art. 16 do Estatuto do desarmamento, a depender da espécie da arma de fogo.

Vejamos.

Lei Maria da Penha, Art. 22. Constatada a prática de violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de urgência, entre outras:

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I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, com comunicação ao órgão competente.

7. Crimes em Espécie

Os crimes previstos no Estatuto do Desarmamento são crimes são dolosos, exceto pelo crime de omissão de cautela do art. 13, caput, que prevê uma conduta culposa.

a. Posse irregular de arma de fogo de uso permitido.

Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa: Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa

A conduta do art. 12 do Estatuto sanciona a falta de registro.Trata-se de crime de médio potencial ofensivo, pois possui pena mínima de um a três anos, e multa. Admite a suspensão condicional do processo (art. 89, da Lei nº 9.099/95).

O artigo faz questão de mencionar a expressão “no interior de sua residência ou dependência desta”. A doutrina afirma que este termo significa a dependência “intramuros”, ou seja, não só os cômodos da casa, mas uma churrasqueira, área da piscina, o quintal. Se você está com a arma na cintura, mas ainda se desloca por dentro de seus muros, você prática o crime de posse, diferentemente do porte, que seria a dependência “extramuros”, do muro para fora.

No final do artigo trata-se ainda acerca da posse no local de trabalho, não bastando apenas o trabalhador estar neste lugar, sendo um requisito essencial ser titular ou responsável legal do estabelecimento ou empresa. Portanto temos um crime próprio para o segundo trecho do artigo, pois a Lei trata de uma qualidade especial do autor.

Observação.¹ Caso do caminhoneiro e taxista. Ambos com arma de fogo em seus veículos justificando que são residência ou seu local de trabalho. Para o STJ não são considerados residência (caso do caminhoneiro que dorme na boleia), tendo em vista que não exerce essa residência com animus definitivo. Bem como local de trabalho, tendo em vista que se tratam apenas de objeto de trabalho, instrumento. O local de trabalho de ambos é a rua. Ambos, portanto, praticam porte (art.14 da 10.826/03) e não posse (art.12 da 10.826/03) nessas situações.

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Observação.² Posse na casa de terceiro. Manter arma na casa de outra pessoa não é posse, tendo em vista não ser sua residência, portanto, caracteriza o crime de porte.

Observação.³ Simulacro de arma de fogo. Fato atípico, simulacro não é arma, é um produto de circulação controlada/proibida, art. 26 do Estatuto do Desarmamento. A importação irregular deste configura crime de contrabando e não é aplicável princípio da insignificância. REsp 1.727.222/PR, vejamos;

RECURSO ESPECIAL. CONTRABANDO. IMPORTAÇÃO DE SIMULACRO DE ARMA DE FOGO. TIPICIDADE. ARTIGO 26 DA LEI N. 10.826/2003. BEM JURÍDICO TUTELADO. SEGURANÇA E INCOLUMIDADE PÚBLICAS. NÃO INCIDÊNCIA DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA. 1. Nos termos do artigo 26 da Lei n. 10.826/2003, são vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir. 2. A importação de arma de brinquedo capaz de ser confundida com verdadeira configura o delito de contrabando, diante da proibição contida no artigo 26 da Lei n. 10.826/2003, considerando os riscos à segurança e incolumidade públicas. 3. No crime de contrabando a tutela jurídica volta-se não apenas ao interesse estatal patrimonial, mas também à segurança e à incolumidade pública, de modo a afastar a incidência do princípio da insignificância. Precedentes. 4. Recurso provido.

Observação. ⁴ Vale ressaltar uma mudança no Art.5 §5 do Estatuto do Desarmamento. Vejamos:

Art. 5o O certificado de Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza

o seu proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência ou domicílio, ou dependência desses, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular ou o responsável legal pelo estabelecimento ou empresa. (Redação dada pela Lei nº 10.884, de 2004).

5º Aos residentes em área rural, para os fins do disposto no caput deste artigo, considera-se residência ou domicílio toda a extensão do respectivo imóvel rural. (Incluído pela Lei nº 13.870, de 20191).

Desta feita, não importa se a terra tem mil hectares e a casa que está nessa propriedade seja de 50m², TODA a extensão do respectivo imóvel será considerada residência, os mil hectares.

a.1) Objetividade Jurídica

Como dito anteriormente o bem principal é a Incolumidade Pública e os Bens Reflexamente Protegidos são o patrimônio, a vida, etc.

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O bem jurídico protegido é a incolumidade pública (segurança pública), bem como o controle sobre a propriedade das armas de fogo.

a.2) Condutas

Candidato, nas condutas possuir e manter sob a guarda há alguma diferença?

Para FERNANDO CAPEZ, possuir significa guardar a própria arma, enquanto manter sob a guarda, significa guardar a arma para terceiro. SILVIO MACIEL destaca que esse entendimento não é o mais acertado, tendo em vista que se o indivíduo está guardando a arma, ele comete o crime de porte previsto no Art. 14. Deve-se preferir, portanto, o entendimento esboçado por NUCCI, para quem possuir e manter sob a guarda significa a mesma coisa, ou seja, estar na posse de uma arma.

OBSERVAÇÃO, Se o concurso abordar a diferença na conduta de possuir e guardar, possuir significa guardar a própria arma e manter sob a guarda, significa guardar a arma para terceiro, PROVAVELMENTE está será a certa, tendo em vista que o examinador pode seguir a doutrina do CAPEZ ou de outros apoiadores desta tese.

ATENÇÃO. Vale ressaltar que não é necessário o contato físico entre o infrator e a arma para configuração do crime. O indivíduo pode estar trabalhando e a arma ilegal em casa, inclusive em situação de flagrante. Esse entendimento é pacificado.

a.3) Objeto Material

Os objetos materiais do crime são: arma de fogo; munição e acessório.

Objeto Material Arma de fogo – Munição – Acessório (Todos de USO PERMITIDO)

a.4) Elemento Normativo do Tipo ou Elemento Espacial do Tipo

O elemento está na expressão “no interior de sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa “contida no Art. 12.

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POSSE PORTE

Ocorre na residência do infrator ou na dependência da residência (intramuros).

Em qualquer outro local.

Local de trabalho do infrator, desde que o infrator seja o proprietário do local de trabalho ou o seu responsável legal.

Exemplo 1. Indivíduo guarda uma arma no quarto, nessa situação, teremos o crime de posse. Se ele pega a arma e caminha pela rua com ela, há porte.

Exemplo 2. O gerente do posto e o frentista ambos então trabalhando armados, o gerente comete posse ilegal, mas o frentista comete o porte ilegal de arma de fogo, tendo em vista que o frentista não é proprietário ou responsável legal do posto.

a.5) Elemento Normativo do Tipo

Outro elemento normativo do tipo está na expressão “Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: “contida no Art. 14º.

POSSE LEGAL POSSE ILEGAL

Fato atípico Fato típico

É a posse da arma com registro. É a posse da arma sem registro.

Desde que entrou em vigor, o Estatuto do Desarmamento de 23.12.03 até 23.10.05, o Governo Federal foi editando Medidas Provisórias que foram posteriormente convertidas em Leis, concedendo sucessivos prazos para regularização de armas, diante disso o STF e STJ entenderam que nesse período não houve crime, acontece, portanto, uma abolitio criminis temporária ou atipicidade momentânea, vacatio legis indireta. Portanto a posse de arma permitida e proibida não configurou crime.

Do dia 24.10.05 até 31.12.09, o Governo Federal continuou editando Medidas Provisórias, concedendo mais prazo para que as pessoas pudessem regularizar a posse de arma permitida. Neste período continuou não sendo crime, enquanto que a posse de arma proibida passou a ser crime. De 01.01.10 até hoje, a posse de arma permitida ou proibida passou a ser crime, mas a entrega espontânea da arma é causa extintiva da punibilidade.

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A abolitio criminis temporária, só se aplicou para posse, o porte de arma desde 23 de dezembro de 2003 é crime, isto é, desde o primeiro dia de vigência do Estatuto.

Súmula 513 do STJ - A 'abolitio criminis' temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.(Súmula 513, TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 11/06/2014, DJe 16/06/2014).

Se a pessoa entrega de livre espontânea vontade a arma, está extinta a punibilidade, mas se em um caso hipotético a polícia entra na casa do indivíduo e encontra a arma, obviamente configura crime e a punibilidade não estará extinta.

Art. 31. Os possuidores e proprietários de armas de fogo adquiridas regularmente poderão, a qualquer tempo, entregá-las à Polícia Federal, mediante recibo e indenização, nos termos do regulamento desta Lei.

Art. 32. Os possuidores e proprietários de arma de fogo poderão entregá-la, espontaneamente, mediante recibo, e, presumindo-se de boa-fé, serão indenizados, na forma do regulamento, ficando extinta a punibilidade de eventual posse irregular da referida arma. (Redação dada pela Lei nº 11.706, de 2008) Parágrafo único. O procedimento de entrega de arma de fogo de que trata o caput será definido em regulamento. (Incluído pela Medida Provisória nº 417, de 2008) (Revogado pela Lei nº 11.706, de 2008)

Curiosamente houve um caso em que o indivíduo foi entregar a arma e acabou sendo preso por porte ilegal de arma de fogo. O ato de ir até a delegacia com a arma no carro configurou o crime de porte ilegal segundo o Delegado de Polícia. Chegando até o STJ, a Corte decidiu que falta a esta ação, antinormatividade, teoria da tipicidade conglobante, vejamos;

PENAL. DISPARO DE ARMA DE FOGO. ART. 10, DA LEI Nº 9.437/97. PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO. REGISTRO. OBRIGATORIEDADE. PRINCÍPIO DA CONSUNÇÃO. UM SÓ CONTEXTO FÁTICO. IMPOSSIBILIDADE DE CONFIGURAÇÃO DE DELITOS AUTÔNOMOS. ENTREGA DE ARMAS PARA A POLÍCIA. CONDUTA PERMITIDA. I - Esta Corte vem entendendo que a absorção do delito de porte de arma pelo de disparo não é automática, dependendo, assim, do contexto fático do caso concreto. Por conseguinte, em se tratando de contextos fáticos distintos, há a possibilidade de configuração de delitos autônomos. II – In casu, não há imputação de eventual fato delituoso pré-existente ao contexto fático narrado na prefacial acusatória (contexto do disparo de arma de fogo). Vale dizer, a denúncia não descreve fato anterior que esteja inserido em outro contexto fático, de modo a possibilitar a configuração de delitos autônomos. Assim sendo, considerando a narração contida na denúncia, que descreve um único contexto fático, deve o delito tipificado no art. 14 da Lei nº 10.826/03 (porte ilegal de arma de fogo) ser absorvido pelo disparo de arma de fogo (art. 15 do mesmo diploma legal). III - De outro lado, a conduta de

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quem se dirige até delegacia de polícia para entregar arma de fogo de uso permitido não pode ser equiparada ao delito de porte ilegal de arma de fogo e ser, por conseguinte, tida como típica e ilícita, uma vez que este comportamento é autorizado pelo Estado (artigos 30, 31 e 32, da Lei nº 10.826/2003). Falta, portanto, a esta ação, antinormatividade. Ordem concedida.

(STJ - HC: 94673 MS 2007/0270829-7, Relator: Ministro FELIX FISCHER, Data de Julgamento: 27/03/2008, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publicação: --> DJe 18/08/2008, --> DJe 18/08/2008)

Abolitio Criminis Temporária

Art. 30. Os possuidores e proprietários de arma de fogo de uso permitido ainda não registrada deverão solicitar seu registro até o dia 31 de dezembro de 2008, mediante apresentação de documento de identificação pessoal e comprovante de residência fixa, acompanhados de nota fiscal de compra ou comprovação da origem lícita da posse, pelos meios de prova admitidos em direito, ou declaração firmada na qual constem as características da arma e a sua condição de proprietário, ficando este dispensado do pagamento de taxas e do cumprimento das demais exigências constantes dos incisos I a III do caput do art. 4o desta Lei.

*Art. 20. Ficam prorrogados para 31 de dezembro de 2009 os prazos de que tratam o § 3o do art. 5º e o art. 30, ambos da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003.

Súmula 513-STJ: A abolitio criminis temporária prevista na Lei n. 10.826/2003 aplica-se ao crime de posse de arma de fogo de uso permitido com numeração, marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado, praticado somente até 23/10/2005.

- Retroatividade da abolitio temporária

STJ: Com base no art. 5º, inciso XL, da Constituição Federal e no art. 2º, do Código Penal, a abolitio criminis temporária DEVE RETROAGIR para beneficiar o réu apenado pelo crime de posse de arma de fogo seja de um permitido ou restrito com ou sem numeração suprimida, perpetrado na vigência da Lei nº 9.473/97. STF: No caso dos autos, é atípica a conduta atribuída ao Paciente, uma vez que a busca efetuada em sua residência ocorreu em 08/04/1997, ou seja, antes do período de abrangência para o armamento, qual seja, 23 de Dezembro de 2003 a 23 de Outubro de 2005, motivo pelo qual se encontra abarcada pela excepcional vocatio legis indireta nos arts. 30 e 32 da Lei nº 10.826/03. (HC 164.321/SP. Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, Dje 28;06/2012).

a.6) Sujeitos do Crime

O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa por se tratar de um crime comum. O sujeito passivo será a coletividade, por se tratar de um crime vago (aquele que tem como sujeito passivo entidade sem personalidade jurídica, que não possui uma vítima determinada, como a sociedade e a família, por exemplo).

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a) Sujeito ativo: pode ser qualquer pessoa, trata-se de crime comum ou geral (não se exige qualidade especial do agente), inclusive o proprietário da arma que a possuir sem o devido registro.

b) Sujeito passivo: a coletividade. Trata-se de crime vago. Crime vago é aquele que tem como sujeito passivo um ente destituído de personalidade jurídica.

a.7) Elemento Subjetivo

Será o dolo, sendo desnecessária qualquer finalidade especifica. STJ; Para existir o crime basta o dolo de possuir ou manter sob a guarda uma arma ilegalmente, pouco importando a finalidade especifica.

a.8) Consumação e Tentativa

O crime do art. 12 consuma-se no exato momento em que o agente entrar na posse da armam do acessório ou da munição, de uso permitido, se dentro de sua residência ou local de trabalho (Renato Brasileiro, 2020).

O crime de Posse Irregular de Arma de Fogo é um crime permanente, pois a sua consumação se prolonga no tempo pela vontade do agente, enquanto o sujeito possuir ou mantiver sob sua guarda a arma sem o registro este estará ocorrendo, admitindo-se a prisão em flagrante (CPP, art. 303).

Nesse sentido, vejamos o entendimento do STJ.

STJ: “Não é ilegal a prisão realizada por agentes públicos que não tenham competência para a realização do ato quando o preso foi encontrado em estado de flagrância. Os tipos penais previstos nos arts. 12 e 16 da Lei n. 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento) são crimes permanentes e, de acordo com o art. 303 do CPP, o estado de flagrância nesse tipo de crime persiste enquanto não cessada a permanência” (HC 244.016/ES, rel. Min. Jorge Mussi, 5ª Turma, j. 16.10.2012, noticiado no Informativo 506).

Trata-se de crime de perigo abstrato (ou de perigo presumido), o que significa que o crime se consuma com a mera exposição do perigo ao bem jurídico, não reclama lesão efetiva ao bem jurídico, sendo suficiente a exposição do bem jurídico a uma probabilidade de dano. A lei presume de forma absoluta a situação de perigo (não cabendo prova em sentido contrário).

Trata-se de crime de mera conduta (ou simples atividade), o tipo penal se limita a descrever uma conduta ilícita, não há resultado naturalístico. O crime se consuma com a mera posse ilegal de arma de fogo.

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É crime plurissubsistente – admite tentativa. Nesse sentido, Renato Brasileiro (2020) “por se tratar de crime plurissubsistentem admite-se a tentativa, pelo menos em tese”.

Guarda de Arma de Fogo com Registro Vencido

Candidato, o fato de o agente possuir arma de fogo com registro vencido configura crime?

Excelência, a resposta é negativa. NÃO. Não configura o crime de posse ilegal de arma de fogo (art. 12 da Lei nº 10.826/2003) a conduta do agente que mantém sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido com registro vencido. Se o agente já procedeu ao registro da arma, a expiração do prazo é mera irregularidade administrativa que autoriza a apreensão do artefato e aplicação de multa. A conduta, no entanto, não caracteriza ilícito penal.

Assim, temos que a consequência jurídica será a irregularidade administrativa.

STJ: “Manter sob guarda, no interior de sua residência, arma de fogo de uso permitido com registro vencido não configura o crime do art. 12 da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento). O art. 12 do Estatuto do Desarmamento afirma que é objetivamente típico possuir ou manter sob guarda arma de fogo de uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de residência. Entretanto, relativamente ao elemento subjetivo, não há dolo do agente que procede ao registro e, depois de expirado prazo, é apanhado com a arma nessa circunstância. Trata-se de uma irregularidade administrativa” (APn 686/AP, rel. Min. João Otávio de Noronha, Corte Especial, j. 21.10.2015, noticiado no Informativo 572). Em sentido contrário: RHC 60.611/DF, rel. Min. Rogério Schietti Cruz, 6ª Turma, j. 15.09.2015, noticiado no Informativo 570.

b. Omissão de cautela

Art. 13. Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 (dezoito) anos ou

pessoa portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que seja de sua propriedade:

Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa.

Trata-se de infração penal de menor potencial ofensivo, pois tem pena máxima não superior a dois anos.

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O crime de omissão de cautela é um crime próprio, só quem é possuidor ou proprietário da arma pode praticar, também é um crime na modalidade culposa, “deixar de observar as cautelas necessárias” (único crime culposo do Estatuto do Desarmamento), se doloso, isto é, a entrega de arma de fogo para menor de idade dolosamente, constituirá o crime do Art. 16 do mesmo dispositivo.

Quanto a omissão de cautela de acessório ou munição, temos uma contravenção penal do Art. 19, §2º, “c”, do Decreto 3.688/41. Exemplo. Se temos uma situação em que uma criança acha munições e começa a brincar, o indivíduo responsável é enquadrado nesta contravenção.

Cuidado. Em relação a venda ou fornecimento de arma branca para menor, temos o Art. 242 do ECA;

Art. 242. Vender, fornecer ainda que gratuitamente ou entregar, de qualquer forma, a criança ou adolescente arma, munição ou explosivo:

Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.764, de 12.11.2003).

Note que o referido artigo trata da palavra “arma”, sendo assim, por interpretação extensiva entende-se enquadrada a arma branca.

Ainda no Art. 13, parágrafo único, é tratada da omissão de cautela do proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores, vejamos;

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

Nesta última expressão a doutrina defende o posicionamento de que seja 24 horas a partir do conhecimento do fato, e não de ocorrido o fato. Temos aqui um crime próprio e omissivo próprio, tendo em vista que o responsável legal deixa de observar essas duas obrigações, não admitindo modalidade culposa.

b.1) Objetividade Jurídica

O bem jurídico protegido é a segurança pública, e, mediatamente, a integridade física do menor de 18 anos de idade ou doente mental.

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a) Sujeito Ativo: pode ser qualquer pessoa, trata-se de crime comum ou geral.

b) Sujeito Passivo: coletividade, pois é crime contra a segurança pública e também o menor e portador de doença mental.

b.3) Elemento Subjetivo

O elemento subjetivo é a culpa, que consiste em deixar de observar as cautelas necessárias é negligência (modalidade de culpa).

Trata-se do único crime culposo previsto no Estatuto do Desarmamento.

b.4) Consumação e Tentativa

Trata-se de crime material, depende da produção de um resultado naturalístico. Assim, não é suficiente que o agente seja negligente, deixando de tomar as cautelas necessárias, é preciso ainda que o menor ou doente mental se apodere da arma.

Trata-se de crime de perigo abstrato. Não admite tentativa.

b.5) Figura Equiparada

Art. 13. Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

Assim, temos que nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores que:

• Deixarem de registrar ocorrência policial;

• De comunicar à Policia Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato.

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Dessa forma, temos que o Estatuto estabelece também a obrigatoriedade de seu proprietário ou diretor comunicar a subtração, perda ou qualquer outra forma de extravio a ela referentes. Assim, se não for efetuado o registro da ocorrência e não houver comunicação à Polícia Federal, em um prazo de vinte e quatro horas a contar do fato, haverá crime.

b.5.1) Objetividade Jurídica

O tipo penal protege a veracidade dos cadastros das armas de fogo perante o SINARM, bem como o registro perante os órgãos competentes.

b.5.2) Sujeitos do Delito

Sujeito ativo: trata-se de crime próprio ou especial, pois somente pode ser praticado pelo proprietário ou pelo diretor responsável pela empresa de segurança ou ou diretor responsável de empresa de segurança e transporte de valores.

Assim, comtemplamos que o sujeito ativo só pode ser o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança ou de empresa de transporte de valores. Portanto, trata-se de crime próprio, pois exige uma qualidade especial do sujeito ativo.

Sujeito passivo: coletividade.

O sujeito passivo é a coletividade (crime vago).

Observações Pontuais

• As armas de fogo utilizadas pelas empresas de segurança e de transporte de valores deverão pertencer a elas, ficando também sob sua guarda e responsabilidade;

• O registro e a autorização para o porte, expedidos pela Polícia Federal, deverão ser elaborados em seu nome (art. 7°, caput).

• A empresa deve apresentar ao SINARM, semestralmente, a relação dos empregados habilitados que poderão portar as armas. Esse porte restringe-se ao serviço.

Se um funcionário da empresa for surpreendido portando a arma fora do horário de serviço, ele responderá pelo crime de porte ilegal de arma de fogo.

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Trata-se de crime a prazo, nessa situação o tipo penal condiciona a consumação ao transcurso de determinado tempo, in casu, 24 horas. O crime só restará consumado quando já tiver ultrapassado esse período de 24 horas sem que tenha ocorrido a comunicação.

à O dispositivo menciona “nas primeiras 24 (vinte quatro) horas depois de ocorrido o fato”. Portanto, o crime só se consuma após 24h da ocorrência do fato. Antes disso não há crime ainda. Esses crimes que só se consumam após determinado prazo são chamados de CRIME A PRAZO.

Esse crime não admite tentativa (crime omissivo próprio).

c. Porte ilegal de arma de fogo de uso permitido

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma de fogo estiver registrada em nome do agente.

Trata-se de crime de elevado potencial ofensivo, sendo incompatível com os institutos despenalizadores da Lei do Juizado Especial Criminal.

O entendimento do Supremo é no sentido de que serão considerados inafiançáveis apenas aqueles crimes que a Constituição Federal considera como tais. A lei não pode impedir a fiança com base a gravidade em abstrato.

O parágrafo único foi declarado inconstitucional pelo STF na ADIN 3.112-1. O entendimento atual é de que crimes inafiançáveis são apenas aqueles em que a Constituição Federal declara como tais, ou seja, a lei não pode, em abstrato, rotular um delito como inafiançável. Mas, cuidado, no caso concreto o juiz pode negá-la.

Observação: Apesar da previsão legal, o Supremo Tribunal Federal decretou a inconstitucionalidade deste parágrafo único (ADI 3112-1/07), constituindo crime afiançável, com fundamento na Individualização da Pena.

O referido artigo traz a presença de inúmeros verbos, o que não significa dizer que se o indivíduo praticar mais de uma dessas ações responderá por mais de um crime, estamos diante de um tipo misto alternativo, ou seja, constitui apenas a prática de um único crime independentemente da quantidade de ações. A quantidade de ações será determinante apenas para a dosimetria da pena.

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Tipo Misto Alternativo

Embora a denominação legal do delito seja “porte ilegal de arma de fogo de uso permitido”, o tipo possui abrangência muito maior, já que existem inúmeras outras condutas típicas. As ações nucleares, além de portar, são: deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar. Trata-se, portanto, de crime de ação múltipla, também chamado de tipo misto alternativo, em que a realização de mais de uma conduta típica, em relação ao mesmo objeto material, constitui crime único.

O art. 14 constitui-se em tipo misto alternativo (crime de ação múltipla ou de conteúdo variado). Existem dois ou mais núcleos, e se o agente praticar duas ou mais condutas contra o mesmo objeto material responderá por um único delito.

c.1) Objeto Material

Objeto Material Arma de fogo – Munição – Acessório (Todos de USO PERMITIDO)

c.2) Sujeitos do Crime

O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa por se tratar de um crime comum. O sujeito passivo será a coletividade, por se tratar de um crime vago (aquele que tem como sujeito passivo entidade sem personalidade jurídica, que não possui uma vítima determinada, como a sociedade e a família, por exemplo).

c.3) Elemento Subjetivo

Será o dolo, sendo desnecessária qualquer finalidade especifica. STJ; Para existir o crime basta o dolo de possuir ou manter sob a guarda uma arma ilegalmente, pouco importando a finalidade especifica.

c.4) Consumação e Tentativa

O crime é de mera conduta, portanto consuma-se pela simples posse da arma, ainda que não ocorra nenhuma situação real de perigo.

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c.5) Questões abertas

Candidato, se a arma de fogo estiver quebrada, o crime estará configurado? “Não está caracterizado o crime de porte ilegal de arma de fogo quando o instrumento apreendido sequer pode ser enquadrado no conceito técnico de arma de fogo, por estar quebrado e, de acordo com laudo pericial, totalmente inapto para realizar disparos” (AgRg no AREsp 397.473/DF, rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, 5ª Turma, j. 19.08.2014, noticiado no Informativo 544). Em igual sentido - STJ: REsp 1.451.397/MG, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, j. 15.09.2015, noticiado no Informativo 570.

Candidato, arma de brinquedo configura crime? Não. Trata-se um ilícito administrativo, podendo ser apreendida e confiscada, mas não configura crime. Destaca-se que a lei de armas de fogo (9.437/97) previa, em seu Art. 10, §1º, II, que a utilização de arma de brinquedo para o fim de cometer crimes era crime. O simples porte de arma de brinquedo não foi incriminado pelo Estatuto do Desarmamento. Entretanto, a Lei 10.826/2003 veda a fabricação, a venda, a comercialização, a importação de réplicas e simulacros de armas de fogo. Vejamos:

Art. 26. São vedadas a fabricação, a venda, a comercialização e a importação de brinquedos, réplicas e simulacros de armas de fogo, que com estas se possam confundir. Parágrafo único. Excetuam-se da proibição as réplicas e os simulacros destinados à instrução, ao adestramento, ou à coleção de usuário autorizado, nas condições fixadas pelo Comando do Exército.

Candidato, a arma sem munição, configura crime? A arma sem munição configura crime, pois se trata de delito de perigo abstrato/presumido.Mesmo que a arma não esteja gerando risco naquele momento. Para o STF, há crime quando o sujeito porta ilegalmente uma arma de fogo desmuniciada. Vejamos:

“Asseverou-se que o tipo penal do art. 14 da Lei 10.826/2003 contemplaria crime de mera conduta, sendo suficiente a ação de portar ilegalmente a arma de fogo, ainda que desmuniciada” (HC 95.073/MS, rel. orig. Min. Ellen Gracie, red. p/ o acórdão Min. Teori Zavascki, 2ª Turma, j. 19.03.2013, noticiado no Informativo 699).

Candidato, se o agente tem a posse ou o porte de arma para a prática do crime de roubo ou homicídio, este responderá por ambos os delitos? Se a posse ou porte ocorreu exclusivamente para o cometimento do roubo fica absorvido como crime meio. Mas se o indivíduo possui ou porta ilegalmente uma arma de fogo e eventualmente comete um homicídio ou roubo, haverá concurso dos dois crimes. Não á bis

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ilegal em sua casa há um ano e um dia decide sair com a arma para roubar, ele responderá pelo crime de posse ilegal de arma de fogo em concurso com o crime de roubo, com a causa de aumento de pena da arma de fogo. Não há bis in idem neste caso, pois a posse ilegal tutela a segurança pública e o roubo tutela o patrimônio, ou seja, cada um protege um bem jurídico diferente.

Candidato, o porte simultâneo de duas ou mais armas de fogo constitui quantos crimes? Excelência, prevalece o entendimento de que há um único crime de porte ilegal de arma de fogo. A pluralidade de armas influi na dosimetria da pena.

“O crime de manter sob a guarda munição de uso permitido e de uso proibido caracteriza- se como crime único, quando houver unicidade de contexto, porque há uma única ação, com lesão de um único bem jurídico, a segurança coletiva, e não concurso formal” (HC 148.349/SP, rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, 6ª Turma, j. 22.11.2011, noticiado no Informativo 488).

ATENÇÃO: Há decisão recente do STJ na qual o indivíduo estava portando uma arma permitida e outra proibida e, como uma era proibida, o STJ entendeu pela presença de concurso formal de crimes.

d. Disparo de arma de fogo

Art.15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime: Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável

Só pratica esse crime quem dispara a arma ou aciona munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a elas. Destaca-se que não é necessário ter pessoas no local, basta ser habitado. Portanto o disparo em local ermo e inabitado ou se o disparo for acidental, estes configuram fato atípico, tendo em vista que o tipo penal só traz conduta dolosa.

A conduta prevista ainda neste artigo não pode ter finalidade a prática de outro crime, pois existe uma subsidiariedade expressa, isto é, o indivíduo deve apenas querer disparar ou acionar a munição naquele local, se ele tinha intenção de matar outra pessoa por exemplo, mas erra todos os tiros, este não será processado pelo crime de disparo de arma de fogo, mas sim por tentativa de homicídio. Caso o indivíduo não tivesse

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autorização para portar ou possuir a arma de fogo (Art. 12 e 14), estes crimes serão absorvidos, tendo em vista que se enquadram no mesmo contexto fático, salvo se a posse ou o porte for de uso restrito, neste caso não será absorvido devido a maior pena.

d.1) Condutas

Disparar arma de fogo ou acionar munição. Embora contenha o verbo disparar, pode haver o crime sem o disparo, apenas com o mero acionamento da munição, ou seja, se atirar e a munição falhar por exemplo já é suficiente para configurar o crime.

d.2) Objeto Material

Apenas munição, pouco importando se é permitida ou proibida.

d.3) Sujeitos do Crime

Sujeito Ativo: Trata-se de crime comum ou geral. Pode ser praticado por qualquer pessoa. Sujeito Passivo: É a incolumidade pública, em específico, a segurança pública.

d.4) Elemento Subjetivo

É o dolo genérico de disparar, sendo desnecessária qualquer finalidade especifica. STJ: não é necessária nenhuma finalidade específica no delito de disparo.

d.5) Elemento Espacial do Tipo

Está na Expressão do Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de outro crime.

Se o disparo acontecer em lugar ermo, não habitado, não há crime. Fato atípico. O STJ afirmou que também é um crime abstrato, ou seja, há crime embora não haja risco concreto para ninguém.

Referências

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