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Florística e etnobotânica de Leguminosae Adans. na Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, BrasilFloristics and ethnobotany of Leguminosae Adans. at Serra do Brigadeiro, Minas Gerais state, Brazil

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LÍVIA CONSTANCIO DE SIQUEIRA

FLORÍSTICA E ETNOBOTÂNICA DE LEGUMINOSAE ADANS. NA

SERRA DO BRIGADEIRO, MINAS GERAIS, BRASIL

Tese apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Botânica, para obtenção do título de Doctor Scientiae.

VIÇOSA

MINAS GERAIS- BRASIL 2015

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Ficha catalográfica preparada pela Biblioteca Central da Universidade Federal de Viçosa - Câmpus Viçosa T

Siqueira, Lívia Constancio de, 1982-S618f

2015 Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, Brasil / Lívia ConstancioFlorística e etnobotânica de Leguminosae Adans. na de Siqueira. - Viçosa, MG, 2015.

xv, 155f. : il. ; 29 cm. Inclui apêndices.

Orientador : Flávia Cristina Pinto Garcia.

Tese (doutorado) - Universidade Federal de Viçosa. Inclui bibliografia.

1. Fabaceae. 2. Biodiversidade. 3. Mata Atlântica. I. Universidade Federal de Viçosa. Departamento de Biologia Vegetal. Programa de Pós-graduação em Botânica. II. Título.

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LÍVIA CONSTANCIO DE SIQUEIRA

FLORÍSTICA E ETNOBOTÂNICA DE LEGUMINOSAE ADANS. NA

SERRA DO BRIGADEIRO, MINAS GERAIS, BRASIL

Tese apresentada à Universidade Federal de Viçosa, como parte das exigências do Programa de Pós-Graduação em Botânica, para obtenção do título de Doctor Scientiae.

APROVADA: 23 de fevereiro de 2015.

______________________________ _______________________________ France Maria Gontijo Coelho João Paulo Viana Leite

______________________________ _______________________________ Valquíria Ferreira Dutra Irene Maria Cardoso

(Coorientadora)

______________________________ Flávia Cristina Pinto Garcia

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ii

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Viçosa pela infraestrutura e por minha capacitação profissional.

Ao Departamento de Graduação em Biologia Vegetal e ao Programa de Pós-Graduação em Botânica pela oportunidade da realização deste curso e obtenção do título de doutora.

Ao CNPq, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pela conceção da bolsa de doutorado através do projeto “Padrões de Diversidade de Leguminosas nos Biomas Brasileiros: ligando taxonomia e moléculas para o entendimento da evolução da biota do Brasil” por meio do Edital MCT/CNPq/MEC/CAPES/FNDCT, Ação Transversal/FAPs Nº 47/2010, Sistema Nacional de Pesquisa em Biodiversidade (SISBIOTA BRASIL), sob a coordenação do professor Luciano Paganucci de Queiroz, da Universidade Estadual de Feira de Santana.

À professora Flávia Cristina P. Garcia pela orientação e ensinamentos durante a minha formação como pesquisadora.

Às professoras, coorientadoras, Irene Maria Cardoso e Maria Christina de Mello Amorozo por confiarem em mim e pela colaboração na realização deste trabalho.

À banca examinadora pelas correções e sugestões para a finalização desse trabalho. Ao Instituto Estadual de Florestas (IEF) pela concessão da licença de campo.

Ao gerente do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), José Roberto Mendes de Oliveira e toda a sua equipe por todo apoio durante os trabalhos de campo.

Ao Sr. Jair Ferreira Daloz que esteve presente durante todo o trabalho etnobotânico. Por me ensinar sobre a vida, sobre as plantas, sobre o entorno, sobre os caminhos e os atalhos para se chegar a cada residência, cachoeiras e montanhas do PESB. Um grande motorista e um grande amigo!

Aos informantes da pesquisa etnobotânica e todos os moradores do entorno do PESB por compartilhar comigo informações, conhecimentos, momentos, cafés, almoços e caronas.

Aos meus estagiários, Lucas, Arthur, Cecília, Laura e Jordana que me acompanharam durante os trabalhos de campo e processaram o material vegetal no Herbário VIC.

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iv

Aos colegas da Pós-Graduação por todos os momentos que compartilhamos na salinha da pós. Ronaldo, Cristielle, Daniele, Alaísma, Evandro, Marcelo, Prímula e Nayarinha, muito obrigada!

Ao Adriano Valentin por toda a ajuda durante o processo de formatação da tese e principalmente pelo ombro amigo e palavras de apoio. Valentin, grande amigo!

Aos leguminólogos, José Martins Fernandes e Vanessa Terra por me mostrarem através do profissionalismo e dedicação o quanto a “nossa família” é fantástica.

Ao curador do Herbário Guido Pabst, Lúcio S. Leoni, pelo auxílio no trabalho de identificação botânica.

Aos funcionários do Herbário VIC, Ecologia e secretária da Pós-Graduação em Botânica pelo apoio e auxílio nos momentos em que precisei. Em especial ao Celso Antônio pelos ensinamentos diários e pelos conselhos de um pai.

Aos amigos do grupo Vips, Baiana, Gutierres, Marta, Marina, Bruno, Renata, Alisson, Gilsão, Júnior Caiafa, João Paulo, Doce, Nana e família pelos momentos de descontração e alegria. Foram os melhores momentos!

Às amigas, Sol e Keila por torcerem sempre por mim. Obrigada pelas orações, meninas! À minha querida amiga e professora, Beatriz Brasileiro, pelos conselhos e incentivo. Á Glaucinha pela amizade e por ser uma grande parceira em qualquer situação.

Às minhas queridas amigas da república “As marmotas” por compartilharem comigo momentos do dia-a-dia. Fomos uma família muito “marmota”!

Ao Ely pelo apoio e por tornar a reta final desse trabalho bem mais leve. Foi bem mais fácil com a sua presença!

Á minha família que sempre me apoiou e incentivou aos estudos. Por todo amor dedicado a mim.

À Deus por me amparar nos momentos difíceis e me dar força interior para superar as dificuldades.

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v

BIOGRAFIA

Lívia Constancio de Siqueira, filha de Paulo Constancio de Siqueira e Miriam Reinoso Nogueira Constancio, nasceu em Mantena, Minas Gerais.

Ingressou no curso de Ciências Biológicas Bacharelado na Universidade do Vale do Rio Doce (UNIVALE), Governador Valadares, Minas Gerais, graduando-se em 2004.

Em 2005, concluiu o curso de Ciências Biológicas Licenciatura na mesma instituição.

No ano de 2006, ingressou no Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Federal de Viçosa (UFV), defendendo a dissertação em abril de 2008.

Em 2008, foi professora de ecologia na Escola Técnica de Viçosa (ETEV), Minas Gerais.

Em 2009, foi professora de Etnobotânica, Evolução e Legislação Ambiental para o curso de Ciências Biológicas Licenciatura na Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG), Campus Carangola, Minas Gerais.

Em 2010, ingressou no mesmo programa de Pós-Graduação, defendendo a tese de doutorado em 2015.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ... 1

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 4

CAPÍTULO I: LEGUMINOSAE ADANS. NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO BRIGADEIRO, ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS, BRASIL... 7 RESUMO ... 8 ABSTRACT ... 8 1 INTRODUÇÃO ... 9 2 MATERIAL E MÉTODOS ... 10 1.2.1 Área de estudo ... 10 1.2.2 Estudo Florístico ... 12 1.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 13

1.3.1 Chave para identificação das subfamílias de Leguminosae do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro... 19

1.3.2 Tratamento Taxonômico... 19

1.3.2.1 Caesalpinioideae ... 19

1.3.2.1.1 Chave para identificação dos gêneros de Caesalpinioideae no PESB... 19

I Cassia L. ... 20

I.1 Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC. ... 20

II Chamaecrista Moench. ... 21

II.1 Chamaecrista desvauxii var. latistipula (Benth.) G.P. Lewis ... 21

II.2 Chamaecrista nictitans subsp. disadena (Steud.) H.S.Irwin & Barneby ... 22

II.3 Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene var. rotundifolia. Mem. …………... 23

III Senna Mill. ……….. 24

III.1 Senna cernua (Balb.) H.S. Irwin & Barneby ………. 25

III.2 Senna hirsuta (L.) H.S. Irwin & Barneby ………... 26

III.3 Senna macranthera var. micans (Nees) H.S. Irwin & Barneby ……… 26

III.4 Senna macranthera var. nervosa (Vogel) H.S. Irwin & Barneby ... 27

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III.6 Senna multijuga subsp. lindleyana (Gardner) H.S. Irwin & Barneby ………... 28

III.7 Senna obtusifolia (L.) H.S. Irwin & Barneby …………..……….. 29

III.8 Senna pendula var. glabrata (Vogel) H.S.Irwin & Barneby ……….………... 32

III.9 Senna quinquangulata (Rich.) H.S. Irwin & Barneby ………..………. 32

IV Tachigali Aubl. ... 33

IV.1 Tachigali paratyensis (Vell.) H.C. Lima ... 34

1.3.2.2 Mimosoideae ... 35

1.3.2.2.1 Chave para identificação dos gêneros de Mimosoideae no PESB... 35

1.3.2.2.2. Gêneros e espécies de Mimosoideae encontrados no PESB ... 36

I Abarema Pittier ... 36

I.1 Abarema langsdorffii (Benth.) Barneby & J.W. Grimes ... 36

II Albizia Durazz ... 37

II.1 Albizia polycephala (Benth.) Killip ex Record. ……… 37

III Calliandra Benth. ……….. 38

III.1 Calliandra brevipes Benth. ……….. 38

III.2 Calliandra parviflora (Hook. & Arn.) Speg. ………... 39

IV Inga Mill. ... 39

IV.1 Inga edulis Mart. ... 41

IV.2 Inga marginata Willd. ... 42

IV.3 Inga platyptera Benth. ... 42

IV.4 Inga schinifolia Benth. ... 43

IV.5 Inga sessilis (Vell.) Mart. ... 43

IV.6 Inga striata Benth. ... 44

IV.7 Inga subnuda subsp. luschnathiana (Benth.) T.D.Penn. ... 45

IV.8 Inga vulpina Mart. ex Benth. ... 45

V Leucaena Benth. ... 48

V.1 Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit. ... 48

VI Mimosa L. ... 48

VI.1 Mimosa debilis Humb. & Bonpl. ex Willd. ... 49

VI.2 Mimosa diplotricha C.Wright ex Sauvalle ... 49

VI.3 Mimosa pigra L. ... 50

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viii

VII Piptadenia Benth. ... 51

VII.1 Piptadenia adiantoides (Spreng.) J.F. Macbr. ... 52

VII.2 Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. ... 53

VII.3 Piptadenia micracantha Benth. ... 53

VII.4 Piptadenia paniculata Benth. ... 54

VIII Pseudopiptadenia Rauschert. ... 54

V.1 Pseudopiptadenia contorta (DC.) G.P. Lewis & M.P.Lima ... 55

IX Senegalia Raf. ... 55

IX.1 Senegalia grandistipula (Benth.) Seigler & Ebinger ... 56

IX.2 Senegalia martiusiana (Steud.) Seigler & Ebinger ... 56

IX.3 Senegalia tenuifolia (L.) Britton & Rose …………..……… 57

X Stryphnodendron Mart. ... 58

X.1 Stryphnodendron polyphyllum Mart. ... 58

1.3.2.3 Papilionoideae ... 60

1.3.2.3.1 Chave para identificação de Papilionoideae no PESB... 60

1.3.2.3.2. Gêneros e espécies de Papilionoideae encontrados no PESB... 61

I Aeschynomene L. ... 61

I.1 Aeschynomene falcata (Poir.) DC. ... 61

II Ateleia (Moc. & Sessé ex DC.) Benth. ... 62

II.1 Ateleia glazioveana Baill. ... 62

III Bionia Mart. ex Benth. ... 62

III.1 Bionia bella Mart. ex Benth. ………... 63

IV Cajanus Adans. ... 63

IV.1 Cajanus cajan (L.) Huth. ... 64

V Calopogonium Desv. ... 64

V.1 Calopogonium mucunoides Desv. ... 65

V.2 Calopogonium sp. ... 65

VI Cleobulia Mart. ex Benth. ... 66

VI.1 Cleobulia multiflora Mart. ex Benth. ... 66

VII Clitoria L. ... 67

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VIII Crotalaria L. ... 67

VIII.1 Crotalaria breviflora DC. ... 68

VIII.2 Crotalaria incana L. ... 69

VIII.3 Crotalaria micans Link. ... 69

VIII.4 Crotalaria spectabilis Röth. ... 70

IX Dalbergia L.f. ... 70

IX.1 Dalbergia brasiliensis Vogel ... 71

IX.2 Dalbergia foliolosa Benth. ... 71

IX.3 Dalbergia frutescens (Vell.) Britton var. frutescens ... 72

IX.4 Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth. ... 72

X Desmodium Desv. ... 75

X.1 Desmodium adscendens (Sw.) DC. ... 75

X.2 Desmodium affine Schltdl. ... 76

X.3 Desmodium incanum DC. ... 76

X.4 Desmodium leiocarpum (Spreng.) G.Don. ... 77

X.5 Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. ... 77

XI Erythrina L. ... 78

XI.1 Erythrina falcata Benth. ... 78

XI.2 Erythrina speciosa Andrews ... 79

XII Indigofera L. ... 79

XII.1 Indigofera suffruticosa Mill. ... 79

XIII Lablab Adans. ... 80

XIII.1 Lablab purpureus (L.) Sweet. ………. 80

XIV Machaerium Pers. ... 81

XIV.1 Machaerium acutifolium Vogel ... 81

XIV.2 Machaerium brasiliense Vogel ... 82

XIV.3 Machaerium nyctitans (Vell.) Benth. ... 83

XIV.4 Machaerium stipitatum Vogel ……… 84

XIV.5 Machaerium uncinatum (Vell.) Benth. ………...……… 84

(12)

x

XV Ormosia Jacks. ……… 85

XV.1 Ormosia arborea (Vell.) Harms. ……….……… 85

XVI Stylosanthes Sw. ………...……… 86

XVI.1 Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. ……….. 86

XVI.2 Stylosanthes sp. ………...……… 87

XVII Swartzia Schreb. ………...………... 89

XVII.1 Swartzia pilulifera Benth. ……….……… 89

XVIII Vigna Savi ……….. 90

XVIII.1 Vigna adenantha (G.Mey.) Maréchal ... 90

XVIII.2 Vigna speciosa (Kunth) Verdc. ... 91

XIX Zornia J.F.Gmel. ... 91

XIX.1 Zornia curvata Mohlenbr. ... 92

XIX.2 Zornia latifolia Sm. ... 92

CONCLUSÕES. ... 93

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 94

CAPÍTULO II: ETNOBOTÂNICA DE LEGUMINOSAE ADANS. NA SERRA DO BRIGADEIRO, ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS, BRASIL ... 100

RESUMO ... 101

ABSTRACT ... 102

INTRODUÇÃO ... 103

MATERIAL E MÉTODOS ... 105

1. Área de Estudo ... 105

2. História e caracterização do município de Araponga ... 107

3. História e caracterização do município de Fervedouro ... 108

4. Coleta de dados ... 109

RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 112

1. Perfil do Informante ... 112

2. Aspectos Econômicos ... 113

3. Delimitação das Categorias de Uso ... 114

4. Estudo Etnobotânico de Leguminosae Adans. ... 117

(13)

xi

5.1 Alimento para o Homem ... 121

5.2 Alimento para animais ... 123

5.3 Cerca ... 124 5.4 Cerca viva ... 124 5.5 Construção ... 125 5.6 Grudar ... 126 5.7 Lenha ... 126 5.8 Medicinal ... 129 5.9 Místico ... 130 5.10 Mobiliário ... 131 5.11 Ornamental ... 132 5.12 Outros Usos ... 133 5.13 Sem Uso ... 135 5.14 Tecnologia ... 136

6. Importância Relativa das Espécies ... 137

CONCLUSÕES ... 139

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 140

APÊNDICES ... 148

A: Levantamento bibliográfico sobre o uso de Leguminosae ... 149

B: Ficha de cadastro dos entrevistados ... 151

C: Ficha de levantamento das espécies ... 152

D: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ... 153

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RESUMO

SIQUEIRA, Lívia Constâncio, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, fevereiro de 2015. Florística e etnobotânica de Leguminosae Adans. na Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, Brasil. Orientadora: Flávia Cristina Pinto Garcia. Coorientadoras: Irene Maria Cardoso e Maria Christina de Mello Amorozo.

Leguminosae Adans. é a terceira maior família entre as angiospermas, apresenta distribuição cosmopolita, com centro de diversidade nos trópicos. Conta com aproximadamente 19.325 espécies e está subdividida em três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae. No Brasil, ocorrem 2.753 espécies, destas, 964 ocorrem na Floresta Atlântica, sendo 11 endêmicas deste domínio e 528 em Minas Gerais. A família é de grande importância econômica sendo utilizada como alimentação, madeira, sombra, ornamental, lenha, medicinal e adubo, além de outros usos. O trabalho consiste no levantamento florístico e etnobotânico das espécies de Leguminosae ocorrentes no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB). O Parque está localizado na Zona da Mata Mineira, nas latitudes 21° e 20°21’S e longitudes 42°20’ e 42°40’W, e detém grandes áreas dos remanescentes da Floresta Atlântica. Este estudo está apresentado em dois capítulos. No primeiro objetivou-se conhecer a composição florística das Leguminosae ocorrentes nas diferentes fitofisionomias do PESB, bem como, a elaboração de chave para identificação, ilustrações botânicas, comentários com caracteres diagnósticos, de distribuição geográfica, hábito, períodos de floração e frutificação das espécies. No segundofoi realizado o levantamento etnobotânico das espécies de Leguminosae utilizadas por comunidades rurais localizadas próximas às portarias da Sede do Parque, nos municípios de Araponga e Fervedouro, entorno do PESB, identificando as categorias de uso estabelecidas pelos informantes e analisando a importância relativa dessas espécies. No primeiro capítulo foram realizadas coletas mensais de material botânico no período de junho de 2011 a março de 2014. Para cada indivíduo amostrado, foram coletados ramos férteis submetidos à herborização de acordo com técnicas em botânica e depositados no acervo do Herbário VIC. A identificação taxonômica foi realizada com base na análise dos caracteres morfológicos, consultas à literatura especializada, comparação com material de herbário e envio a especialistas quando necessário. Foram identificadas 79 espécies, distribuídas em 33 gêneros e 12 tribos. Papilionoideae foi à subfamília mais representativa, com 39 táxons específicos e infra-específicos, seguida por Mimosoideae (26 táxons) e Caesalpinioideae (14 táxons). Os táxons arbóreos predominaram no PESB representando 41% das espécies,

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xiii

seguido das lianas e trepadeiras (21%), subarbustos (15%), arbustos (11,5%) e ervas (10%). Das espécies levantadas no estudo taxonômico, 34 foram mencionadas no estudo etnobotânico (Capítulo II) para algum tipo de utilidade pelas comunidades do entorno do PESB. As informações etnobotânicas foram obtidas através de 23 entrevistas semi-estruturadas e abertas nas quais os informantes foram escolhidos através do método bola de neve. As entrevistas ocorreram sob a forma de turnê guiada. Os dados foram analisados de forma qualitativa e quantitativa. No total foram citadas 56 espécies de Leguminosae agrupadas em 14 categorias de usos. Papilionoideae foi a mais citada com 27 espécies úteis (12 gêneros), seguida de Mimosoideae com 17 espécies (9 gêneros) e Caesalpinioideae com 10 espécies (7 gêneros). Foram estabelecidas 14 categorias de uso, das quais oito são êmicas (alimento para o homem, alimento para animais, lenha, cerca, móveis para casa, cerca viva, grudar e medicinal) e seis éticas (sem uso, construção, místico, tecnologia, ornamental e outros usos). “Alimento para o homem” e “Construção” foram as categorias que mais se destacaram em relação às outras, com 16 espécies citadas para cada. No total, “alimento para o homem” se destacou com 78 citações. Foram citadas 11 espécies de Leguminosae com maior importância de uso, destacando-se Mimosoideae com cinco espécies, Papilionoideae com quatro espécies e Caesalpinioideae com apenas duas espécies. Jacaré (Piptadenia gonoacantha (Mart.) J. F. Macbr.) foi à espécie com maior concordância de uso (71,4%), sendo a mais reconhecida pelos informantes com um total de 21 citações. Devido à diversidade de Leguminosae utilizadas por comunidades rurais de Araponga e Fervedouro, pode-se concluir que a preservação dessas espécies é de grande importância para a manutenção das atividades diárias destes povos e para a conservação da biodiversidade da flora do PESB e seu entorno, bem como a valorização do conhecimento tradicional a respeito do uso das plantas. Leguminosae mostrou-se importante nas mais diversas categorias de uso e os informantes envolvidos no estudo possuem conhecimento sobre a vegetação, contribuindo para o saber tradicional.

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xiv ABSTRACT

SIQUEIRA, Lívia Constâncio, D.Sc., Universidade Federal de Viçosa, February 2015. Floristics and ethnobotany of Leguminosae Adans. at Serra do Brigadeiro, Minas Gerais state, Brazil. Adviser: Flávia Cristina Pinto Garcia. Co-advisers: Irene Maria Cardoso and Maria Christina de Mello Amorozo.

Leguminosae Adans. is the third largest angiosperm family. It has a cosmopolitan distribution, its center of diversity being located in the tropics. It has ca. 19,325 species and is subdivided in three subfamilies: Caesalpinioideae, Mimosoideae and Papilionoideae. In Brazil, there are 2,741 species, 957 of which occur in the Atlantic Rainforest, 11 of them being endemic to this domain, and 528 in Minas Gerais. The family has a high economic importance, being used as food, wood, shade, ornamental, firewood, medicinal and fertilizer, among others. This work consists of the florist and ethnobotanical study of the Leguminosae species occurring at Serra do Brigadeiro State Park (SBSP). The park is located at the Zona da Mata Mineira (Forest Region of Minas Gerais state), between latitudes 21° and 20°21’S and longitudes 42°20’ and 42°40’W, and encompasses large areas of Atlantic Rainforest remnants. This study is divided into two chapters. The first one aimed to assess the floristic composition of the Leguminosae occurring across the SBSP phytophysiognomies, as well as to elaborate an identification key, botanical illustrations, and comments with diagnostic characters, geographical distribution, habit, and flowering and fructification periods of the species. The second chapter aimed to perform the ethnobotanical study of the Leguminosae species used by rural communities located near the park entrance, at Araponga and Fervedouro municipalities, on the SBSP surroundings, identifying the categories of use reported by the informants and analyzing the relative importance of these species. For the study reported in the first chapter, collections of botanical material were made on a monthly basis from June 2011 through March 2014. From each sampled individual, fertile branches were collected and herborized according to usual botanical techniques and deposited in the VIC Herbarium collection. Taxonomic identification was made based on the analysis of morphological characters, review of specialized literature, comparison with herbaria material and assistance of specialists, whenever necessary. A total of 79 species were identified, distributed among 33 genera and 12 tribes. The Papilionoideae was the most representative subfamily, with 39 specific and infra-specific taxons, followed by Mimosoideae (26 taxons) and Caesalpinioideae (14 taxons). The tree taxons were predominant at SBSP, representing

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xv

41% of the species, followed by lianas and vines (21%), subshrubs (15%), shrubs (11.5%) and herbs (10%). Thirty-four species sampled in the taxonomic study were mentioned in the ethnobotanical one (Chapter II). The ethnobotanical data were obtained through 23 open semi-structured interviews, the informants of which were chosen through the snowball method. The interviews were made in the form of guided tours. Data was analyzed both quantitatively and qualitatively. Overall, 56 Leguminosae species were reported, which were grouped in 14 categories of use. The Papilionoideae was the most cited subfamily, with 27 useful species (12 genera), followed by the Mimosoideae, with 17 species (9 genera) and the Caesalpinioideae, with 10 species (7 genera). Fourteen categories of use were established, eight of which are emic (human food, animal food, firewood, fence, furniture, hedge, binding and medicinal) and six of which are ethical (no use, construction, mystical, technology, ornamental and other uses). “Human food” and “construction” were the largest categories, with 16 species reported to each. Overall, the former had 78 citations. Eleven Leguminosae species with the highest importance of use were cited: five Mimosoideae, four Papilionoideae and two Caesalpinioideae. “Jacaré” (Piptadenia gonoacantha (Mart.) J. F. Macbr.) was the species with the highest concordance of use (71.4%), being the most reported one by the informants, with a total of 21 citations. In view of the diversity of the Leguminosae used by rural communities from Araponga and Fervedouro municipalities, the preservation of these species is greatly important to the maintenance of the daily activities of these peoples and to the conservation of the flora biodiversity on SBSP and its surroundings, as well as to the valorization of traditional knowledge regarding plant use. Leguminosae was revealed to be important in several categories of use. The informants involved in the study have knowledge on the local vegetation that contributes to their traditional knowledge.

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1

INTRODUÇÃO GERAL

Leguminosae Adans. é a terceira maior família entre as angiospermas, conta com aproximadamente 19.325 espécies, reunidas em 730 gêneros e está, tradicionalmente, subdividida em três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae (Lewis et al. 2005). A família apresenta distribuição cosmopolita, com centro de diversidade nos trópicos, sendo considerada uma das principais famílias em número de espécies, se destacando entre os diferentes tipos de vegetação (Polhill et al. 1981).

No Brasil, existem 2.727 espécies reunidas em 212 gêneros (Lima et al. 2014). No Domínio Atlântico é a segunda família mais diversa, onde ocorrem 961 espécies reunidas em 153 gêneros. Na Floresta Atlântica do estado de Minas Gerais foram reportadas 528 espécies e 122 gêneros, sendo 11 espécies endêmicas para o estado e para esse domínio fitogeográfico (Lima et al. 2014).

Morfologicamente, Leguminosae é caracterizada por apresentar folhas compostas, alternas, com pulvinos, presença de uma pétala adaxial diferenciada, ovário monocarpelar (Chappill 1995), e fruto do tipo legume com suas variações nucóide, samaróide e bacóide (Barroso et al. 1999).

A Serra do Brigadeiro está localizada na Zona da Mata Mineira, nas latitudes 21° e 20°21’S e longitudes 42°20’ e 42°40’W (IEF 2007). Faz parte do complexo da Mantiqueira que, juntamente com a Serra do Mar, detêm grandes áreas de remanescentes da Floresta Atlântica (Couto & Dietz 1980; Lagos & Muller 2007). Considerado uma das reservas naturais mais importantes do estado de Minas Gerais, possui espécies raras, algumas em extinção e muitas ainda não catalogadas (Drummond et al. 2005). Sua área é caracterizada por apresentar Floresta Ombrófila Densa (Montana & Altomontana) e Campos de Altitude (IEF 2007).

O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB) desempenha um importante papel no que se refere à conservação in situ de espécies vegetais e animais da Floresta Atlântica (Bonfim et al. 2003; Leoni & Tinte 2004) e devido ao seu elevado número de espécies, é considerado de alto valor biológico (Drummond et al. 2005).

Estudos taxonômicos e florísticos realizados no PESB e seu entorno, mostram uma alta diversidade de espécies para Leguminosae. Ribeiro (2003) amostrou cinco espécies de

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Leguminosae em Floresta Ombrófila Densa Altomontana no interior do parque; Soares et al. (2006) em Floresta Estacional Semidecidual Montana, no entorno do PESB, obteve 11 espécies de Leguminosae sendo uma das famílias mais representativas na área estudada; Saporetti-Junior (2005) amostrou 14 espécies em um trecho de Floresta Atlântica de Altitude no entorno do Parque, foi a família que apresentou maior riqueza de espécies; Silva et al. (2006) amostraram seis espécies de Leguminosae, duas identificadas apenas em nível de gênero, em Floresta Ombrófila Densa Montana; 48 espécies de Leguminosae, sendo 21 arbustivas, subarbustivas e trepadeiras foram amostradas em dois fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual localizados no entorno do PESB (Fernandes & Garcia 2008; Fernandes et al. 2011). O que mostra maior riqueza de espécies de Leguminosae para trabalhos que avaliaram apenas a família.

Algumas áreas do entorno do PESB são consideradas como Áreas de Proteção Ambiental (APA), nas quais os moradores podem cultivar e utilizar os recursos naturais de forma manejada e sustentável, através do conhecimento adquirido no campo, associado ao uso de tecnologias diferenciadas, como a utilização de sistemas agroflorestais, no intuito de minimizar os danos aos recursos ali disponíveis (Engevix 1995; IEF 2007).

Amorozo (1996) define a etnobotânica como sendo o estudo do conhecimento e das conceituações desenvolvidas por qualquer sociedade a respeito do mundo vegetal, englobando tanto a maneira como o grupo social classifica as plantas, como os usos que dá a elas. Para Hamilton et al. (2003) a etnobotânica constitui uma ponte entre o saber popular e o científico estimulando o resgate do conhecimento tradicional, a conservação dos recursos vegetais e o desenvolvimento sustentável.

São poucos os trabalhos sobre etnobotânica realizados no PESB e seu entorno. Siqueira (2008) realizou o estudo de árvores em Fragmentos Florestais e Sistemas Agroflorestais (SAFs) do entorno, porém não levantou dados sobre Leguminosae. Leite e colaboradores (2008) em um estudo sobre plantas medicinais em comunidades de Araponga e Fervedouro, entorno do Parque, amostrou 69 espécies, destas, apenas quatro são Leguminosae, sendo duas nativas do Brasil. O trabalho mais representativo sobre etnobotânica de Leguminosae na região foi o de Fernandes et al. (2014) que identificou 37 espécies em Fragmentos Florestais e 38 em SAFs, totalizando 59 espécies. Neste mesmo

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trabalho os autores estabeleceram 12 categorias de usos para as Leguminosae utilizadas por agricultores agroecológicos de Araponga, MG.

Além da diversidade de espécies, Leguminosae apresenta grande importância econômica, pois suas espécies são utilizadas principalmente na alimentação do homem e animais por serem ricas em proteína (Lewis & Owen 1989). São utilizadas também no forrageamento, como madeira, sombra, ornamental, lenha, medicinal, pesticida, corante, goma e óleo essencial (Guarim-Neto & Morais 2003; Fonseca-Kruel & Peixoto 2004; Pinto et al. 2006; Florentino et al. 2007; Monteles & Pinheiro 2007). Em Sistemas Agroflorestais, Leguminosae, além de outras categorias de uso, foi citada como adubo, cobertura do solo, melífera e tecnologia (Fernandes et al. 2014).

As comunidades podem ser bons modelos, sobre os quais o saber científico, historicamente construído, pode se basear (Albuquerque & Andrade 2002). A investigação etnobotânica pode desempenhar funções de grande importância como reunir informações acerca de todos os possíveis usos de plantas (Caballero 1983) e contribuir para o reconhecimento da diversidade da flora.

A realização desse estudo originou-se da necessidade de se conhecer a diversidade de Leguminosae no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, uma vez que, não há nenhum outro levantamento florístico específico da família, incluindo informações sobre habitats preferenciais e formações vegetacionais das espécies ocorrentes em todo o território do parque. São poucos os trabalhos que abordam Leguminosae, visto que, a região do PESB apresenta grande extensão territorial de Floresta Atlântica.

Nas áreas do entorno do parque habitam moradores que utilizam recursos da vegetação local em suas atividades diárias, assim, faz-se necessário o resgate do conhecimento popular a respeito do uso de plantas por moradores do entorno do PESB, pois só se pode preservar o que é conhecido e proveitoso.

Este estudo poderá contribuir para a atualização do plano de manejo do PESB e para a conscientização da importância biológica e cultural de seu entorno, além de fornecer informações taxonômicas, ecológicas, período de floração e frutificação das espécies de Leguminosae.

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CAPÍTULO I

LIVIA CONSTANCIO DE SIQUEIRA & FLÁVIA CRISTINA PINTO GARCIA

LEGUMINOSAE ADANS. NO PARQUE ESTADUAL DA SERRA DO BRIGADEIRO, ZONA DA MATA DE MINAS GERAIS, BRASIL

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Leguminosae Adans. no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Zona da

Mata de Minas Gerais, Brasil ¹

Leguminosae Adans. in the Parque Estadual the Serra of Brigadeiro, Zona the Mata of Minas Gerais, Brazil

Lívia Constâncio de Siqueira²,³ & Flávia Cristina Pinto Garcia²

1

Parte da tese de Doutorado da primeira autora, Universidade Federal de Viçosa

2

Programa de Pós-Graduação em Botânica da Universidade Federal de Viçosa, Campus Viçosa. Departamento de Biologia Vegetal, Av. P.H. Rolfs s.n., 36570-000, Viçosa, MG, Brasil 3

Autor para correspondência: Lívia Constâncio de Siqueira, liviaconstancio@hotmail.com Resumo

Leguminosae Adans. é a terceira maior família entre as angiospermas. Apresenta distribuição cosmopolita, com centro de diversidade nos trópicos. Conta com aproximadamente 19.325 espécies no mundo, 2.753 espécies no Brasil, 964 na Floresta Atlântica e 528 em Minas Gerais, sendo 11 endêmicas para o Estado. Este trabalho teve como objetivo realizar o estudo florístico das espécies de Leguminosae ocorrentes no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), localizado na Zona da Mata Mineira, nas latitudes 21° e 20°21’S e longitudes 42°20’ e 42°40’W. Foram realizadas coletas entre junho/2011 a março/2014. As Leguminosae foram representadas por 33 gêneros e 79 espécies. Papilionoideae apresentou maior número de gêneros e espécies (19 e 39, respectivamente), seguida de Mimosoideae (10 gêneros e 26 espécies) e Caesalpinioideae (4 gêneros e 14 espécies). Entre as espécies estudadas na área, 41% são árvores, seguido de lianas e trepadeiras (21%), subarbustos (15%), arbustos (11,5%) e ervas (10%). Os gêneros com maior diversidade de espécies no PESB foram: Senna Mill. (9), Inga Mill. (8), Machaerium Pers. (6), Desmodium Desv. (5), Mimosa L., Piptadenia Benth., Crotalaria L. e Dalbergia L.f. (4 cada). Senna macranthera var. micans (Nees) H.S. Irwin & Barneby, Senna quinquangulata (Rich.) H.S. Irwin & Barneby, Stryphnodendron

polyphyllum Mart. e Ateleia glazioveana Baill. representam novas ocorrências para o estado de Minas Gerais.

Palavras-chave: diversidade, florística, Fabaceae Floresta Atlântica e Floresta Estacional.

Abstract

Leguminosae Adans. is the third largest angiosperm family. It has a cosmopolitan distribution, its center of diversity being located in the tropics. It has ca. 19,325 species distributed around the world, 2,753 species in Brazil, 964 in the Atlantic Rainforest and 528 in Minas Gerais, 11 of them being endemic to this state. This work aimed to perform the floristic study of the Leguminosae species occurring at Serra do Brigadeiro State Park (SBSP), located at the Zona da Mata Mineira (Forest Region of Minas Gerais state), between latitudes 21° and 20°21’S and longitudes 42°20’ and 42°40’W. Collections were made from June 2011 through March 2014. The Leguminosae was represented by 33 genera and 79 species. Papilionoideae showed the highest number of genera and species (19 and 39, respectively), followed by Mimosoideae (10 genera and 26 species) and Caesalpinioideae (4 genera and 14 species). Among the studied species, 41% are trees, followed by lianas and vines (21%), subshrubs (15%), shrubs (11.5%) and herbs (10%). The genera with the highest specific diversity at SBSP were: Senna Mill. (9), Inga Mill. (8), Machaerium Pers. (6), Desmodium Desv. (5), Mimosa L., Piptadenia Benth., Crotalaria L. and Dalbergia L.f. (4, each). Senna macranthera var. micans (Nees) H.S. Irwin & Barneby, Senna quinquangulata (Rich.) H.S. Irwin & Barneby, Stryphnodendron polyphyllum Mart. and Ateleia glazioveana Baill. represent new occurrences to Minas Gerais state.

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1.1 Introdução

Leguminosae Adans. é a terceira maior família entre as angiospermas, conta com aproximadamente 19.325 espécies, reunidas em 730 gêneros e, embora Caesalpinioideae seja parafilética com Mimosoideae, está subdividida em três subfamílias: Caesalpinioideae, Mimosoideae e Papilionoideae (Lewis et al. 2005). Suas espécies podem ser reconhecidas, morfologicamente, por apresentar folhas compostas, alternas, com pulvinos, presença de uma pétala adaxial diferenciada, ovário monocarpelar (Chappill 1995), e fruto do tipo legume com suas variações nucóide, samaróide e bacóide (Barroso et al. 1999).

A família apresenta distribuição cosmopolita, com centro de diversidade nos trópicos, sendo considerada uma das principais famílias em número de espécies, se destacando entre os diferentes tipos de vegetação (Polhill et al. 1981).

No Brasil, existem 2.753 espécies reunidas em 213 gêneros (Lima et al. 2014). No Domínio Atlântico é a segunda família mais diversa, onde ocorrem 964 espécies reunidas em 153 gêneros. Para o estado de Minas Gerais, 528 espécies e 122 gêneros ocorrem na Floresta Atlântica, sendo que 11 espécies são endêmicas para o estado e para esse domínio fitogeográfico (Lima et al. 2014).

A Serra do Brigadeiro está localizada na Zona da Mata Mineira, nas latitudes 21° e 20°21’S e longitudes 42°20’ e 42°40’W (IEF 2007). Faz parte do complexo da Mantiqueira que, juntamente com a Serra do Mar, detêm grandes áreas dos remanescentes da Mata Atlântica (Couto & Dietz 1980; Lagos & Muller 2007). Considerado uma das reservas naturais mais importantes do estado de Minas Gerais, possui espécies raras, algumas em extinção e muitas ainda não catalogadas (Drummond et al. 2005). Sua área é caracterizada por apresentar Floresta Ombrófila Densa (Montana e Altomontana) e Campos de Altitude (IEF 2007).

O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB) desempenha um importante papel no que se refere à conservação in situ de espécies vegetais e animais da Floresta Atlântica (Bonfim et al. 2003; Leoni & Tinte 2004) e devido ao seu elevado número de espécies, é considerado de alto valor biológico (Drummond et al. 2005).

Estudos taxonômicos e florísticos realizados no PESB e seu entorno, mostraram uma grande diversidade de espécies para Leguminosae, sendo que, até o momento, foram

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amostradas 77 espécies, destas, nove não apresentam material testemunho depositado. Ribeiro (2003) amostrou cinco espécies de Leguminosae em Floresta Ombrófila Densa Altomontana no interior do parque; Soares et al. (2006) em Floresta Estacional Semidecidual Montana, no entorno do PESB, inventariaram 11 espécies de Leguminosae, sendo uma das famílias mais representativas na área estudada; Saporetti-Junior (2005) amostrou 14 espécies de Leguminosae em um trecho de Floresta Atlântica de Altitude no entorno do Parque, e foi a família com maior riqueza específica; Silva et al. (2006) amostraram seis espécies de Leguminosae, duas identificadas apenas em nível de gênero, em Floresta Ombrófila Densa Montana, em dois fragmentos de Floresta Estacional Semidecidual do entorno foram amostradas 48 espécies de Leguminosae sendo 21 para os hábitos arbustivos, subarbustivos e trepadeiras (Fernandes & Garcia 2008; Fernandes et al. 2011).

O presente trabalho fornece uma lista das espécies, bem como chaves para identificação, comentários sobre caracteres diagnósticos e ilustrações que auxiliam na identificação das espécies ocorrentes no PESB. São apresentados ainda dados sobre a distribuição geográfica, preferência por hábitat e período de floração e frutificação destas espécies.

1.2 Material e Métodos 1.2.1 Área de estudo

O Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB) é uma das reservas naturais mais importantes do estado de Minas Gerais. Abrange um território de 14.984 hectares e ocupa parte dos municípios de Araponga, Divino, Ervália, Fervedouro, Miradouro, Muriaé, Pedra Bonita e Sericita (Figura 1). O Parque encontra-se inserido na Zona da Mata Mineira, nas latitudes 21° e 20°21’S e longitudes 42°20’ e 42°40’W, ocupando o extremo norte da Serra da Mantiqueira, que, juntamente com a Serra do Mar, detém grandes remanescentes da Mata Atlântica (Engevix 1995; Dean 1996; IEF 2007).

A vegetação existente no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro é composta por Floresta Ombrófila Densa Montana, Floresta Ombrófila Densa Altomontana e por Complexos de Campos de Altitude (IEF 2007). Estas fitofisionomias estão sob o Domínio da Floresta Atlântica (Veloso et al. 1991; Rizzini 1997).

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Figura 1: Localização do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, Brasil. (http://www.redeambiente.org.br/planodemanejo)

Quanto ao grau de conservação das florestas, cerca de 80% apresentam-se em estádio secundário, sendo que os 20% em estádio primário localizam-se em áreas de difícil acesso, acima de 1.500 m de altitude (Paula 1998; IEF 2007). Segundo Heidegger (2000), as áreas de florestas são, em sua grande maioria secundárias, provenientes da regeneração posterior ao grande desmatamento promovido nos anos 70.

Na classificação de Köppen, o clima da região é caracterizado como de Cwb a Cwa (mesotérmico) caracterizado por verões brandos a quentes e úmidos (Ribeiro 2003; IEF 2007). A temperatura média anual é de 18°C, no inverno em média de 10°C, e no verão 23°C (Engevix 1995; Rolim & Ribeiro 2001; IEF 2007).

A altitude exerce importante influência nas características climáticas do Parque, diminuindo as temperaturas e criando um microclima tipicamente serrano nas regiões mais elevadas, onde se pode notar a presença, em quase todo o ano, de neblinas cobrindo a serra (IEF 2007).

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A precipitação anual varia de 1.200 a 1.800 mm (Golfari 1975; Rolim & Ribeiro 2001; IEF 2007), com período chuvoso, durante os meses de novembro a março, que é o mais quente, e por um período seco, de abril a outubro (IEF 2007).

O relevo é montanhoso com declividade variando de 20 a 45% nas encostas, com altitude média de 1.000 metros. A classe predominante de solo é o Latossolo: são solos profundos, bem drenados, ácidos e com baixa disponibilidade de nutrientes, em especial fósforo (Golfari 1975; IEF 2007).

1.2.2 Estudo Florístico

O estudo florístico consistiu de coletas mensais, da identificação científica do material coletado, da observação no campo do hábito, da elaboração de comentários sobre os caracteres diagnósticos das espécies, do levantamento na literatura sobre a distribuição geográfica, preferência por hábitat e períodos de floração e frutificação das espécies, ilustrações e elaboração de chaves para identificação das mesmas.

Foram realizadas 83 expedições para coleta de amostras de Leguminosae no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, durante o período de junho de 2011 a março de 2014. As coletas foram realizadas ao longo de trilhas e estradas pré-estabelecidas abrangendo toda a variação fitofisionômica encontrada nas formações vegetais existentes no Parque. As trilhas percorridas foram: Pico do Grama, Trilha da Lajinha, Trilha do Encontro, Trilha do Muriqui, Trilha do Moinho, Pedra do Pato, Serra das Cabeças, Trilha do Carvão, Trilha Pico do Boné, Pico do Cruzeiro, Careço, Região da Sede do Parque, Região da Fazenda do Brigadeiro, Estrada Portaria Araponga e Estrada Portaria Fervedouro.

As amostras coletadas foram compostas por cinco ramos férteis (presença de folhas, flores e/ou frutos) de cada indivíduo. No momento da coleta foram realizadas observações quanto à floração, frutificação, reconhecimento dos hábitos e das fitofisionomias em que as espécies ocorrem, bem como a sua documentação fotográfica. Os materiais coletados foram herborizados de acordo com as técnicas usuais em botânica (Bridson & Forman 1999).

A identificação a nível de espécie das amostras coletadas foi realizada com base na análise detalhada dos caracteres morfológicos, vegetativos e reprodutivos, com auxílio de estereomicroscópio, através de chaves analíticas para identificação, comparação com

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diagnoses, descrições, ilustrações presentes na literatura taxonômica dos gêneros amostrados, consulta às coleções depositadas no Herbário VIC, da Universidade Federal de Viçosa, e Herbário Guido Pabst, da Faculdade Redentor do Rio de Janeiro, e confirmada por especialistas.

A classificação adotada para família, subfamílias, tribos e gêneros está de acordo com a proposta por Lewis et al. (2005). Após a identificação e confecção das exsicatas, o material foi registrado e depositado no acervo do Herbário VIC.

Foram fornecidos nomes populares para as espécies, obtidos no Capítulo II e na literatura.

As diagnoses dos gêneros e espécies foram elaborados com base na análise morfológica das amostras observadas e nas revisões taxonômicas dos gêneros estudados. A terminologia adotada foi baseada em Radford et al. (1974) e, os termos específicos foram obtidos nas revisões taxonômicas dos gêneros, exceto para o tipo de hábito, que foi caracterizado seguindo a classificação de Guedes-Bruni et al. (2002) e para os tipos de frutos, onde foi utilizada a classificação de Barroso et al. (1999).

Os dados sobre a distribuição geográfica dos táxons foram obtidos nas revisões taxonômicas e/ou estudos florísticos, informações contidas nas etiquetas das exsicatas das coleções consultadas e na Lista de Espécies da Flora do Brasil (2014).

As ilustrações dos caracteres diagnósticos das espécies foram realizadas com o auxílio de uma câmara clara acoplada a estereomicroscópio Olympus SZ2-ILST, utilizando material reidratado e conservado em álcool 70%.

As chaves para identificação dos gêneros e espécies amostradas no PESB foram elaboradas com base em caracteres morfológicos, vegetativos e reprodutivos, observados nos materiais examinados e informações de revisões taxonômicas.

1.3 Resultados e Discussão

No Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (PESB), Leguminosae está representada por 79 espécies, reunidas em 33 gêneros (Tabela 1) e 12 tribos (Tabela 2). Papilionoideae foi a subfamília que apresentou maior riqueza de gêneros e espécies (19 e 39, respectivamente), seguida por Mimosoideae (10 gêneros e 26 espécies) e Caesalpinioideae (4 gêneros e 14

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espécies). Phaseoleae foi à tribo mais diversa em número de gêneros (8), seguida de Dalbergieae e Mimoseae (5) (Tabela 2). Os gêneros mais diversos em espécies no PESB foram: Senna (7 spp.), Inga (8 spp.), Machaerium (6 spp.), Desmodium (5 spp.), Mimosa, Piptadenia, Crotalaria e Dalbergia (4 spp. cada).

Tabela 1: Leguminosae no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Zona da Mata, MG, Brasil. H = hábito*: ar = arbóreo, ab = arbustivo, sb = subarbustivo, li = liana, tp = trepador, er = erva; O = Origem**: nt = nativa, nz = naturalizada; End = endemismo no Brasil: e = endêmica, n = não endêmica; Uso: C = espécie citada no Capítulo II, Nc = espécie não citada no Capítulo II.

Subfamílias/Espécies H O End Uso

Caesalpinioideae

Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC. ar nt n C

Chamaecrista desvauxii var. latistipula (Benth.) G.P. Lewis sb nt e Nc Chamaecrista nictitans subsp. disadena (Steud.) H.S.Irwin &

Barneby

sb nt n Nc

Chamaecrista rotundifolia (Pers.) Greene var. rotundifolia. Mem er nt n Nc

Senna cernua (Balb.) H.S. Irwin & Barneby sb nt n C

Senna hirsuta (L.) H.S. Irwin & Barneby sb nt n Nc

Senna macranthera var. micans (Nees) H.S. Irwin & Barneby*** ar nt e Nc Senna macranthera var. nervosa (Vogel) H.S. Irwin & Barneby ar nt e C Senna multijuga (Rich.) H.S. Irwin & Barneby subsp. multijuga ar nt n C Senna multijuga subsp. lindleyana (Gardner) H.S. Irwin & Barneby ab nt n Nc Senna obtusifolia (L.) H.S. Irwin & Barneby sb nt n Nc Senna pendula var. glabrata (Vogel) H.S.Irwin & Barneby ab nt n C Senna quinquangulata (Rich.) H.S. Irwin & Barneby*** li nt n Nc

Tachigali paratyensis (Vell.) H.C. Lima ar nt e Nc

Mimosoideae

Abarema langsdorffii (Benth.) Barneby & J.W. Grimes ar nt e Nc Albizia polycephala (Benth.) Killip ex Record. ar nt e Nc

Calliandra brevipes Benth ab nt n C

Calliandra parviflora (Hook. & Arn.) Speg. ar nt n Nc

Inga edulis Mart. ar nt n C

Inga marginata Willd. ar nt n C

(32)

15

Subfamílias/Espécies H O End Uso

Inga schinifolia Benth. ab nt e Nc

Inga sessilis (Vell.) Mart. ar nt e C

Inga striata Benth. ar nt n C

Inga subnuda subsp. luschnathiana (Benth.) T.D.Penn. ar nt e Nc

Inga vulpina Mart. ex Benth. ar nt e C

Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit ar nz n C

Mimosa debilis Humb. & Bonpl. ex Willd. er nt n Nc

Mimosa diplotricha C.Wright ex Sauvalle er nt n C

Mimosa pigra L. ab nt n Nc

Mimosa velloziana Mart. ab nt n C

Piptadenia adiantoides (Spreng.) J.F. Macbr. li nt e Nc

Piptadenia gonoacantha (Mart.) J.F. Macbr. ar nt n C

Piptadenia micracantha Benth li nt e Nc

Piptadenia paniculata Benth ar nt e Nc

Pseudopiptadenia contorta (DC.) G.P. Lewis & M.P.Lima ar nt e C Senegalia grandistipula (Benth.) Seigler & Ebinger li nt e C Senegalia martiusiana (Steud.) Seigler & Ebinger li nt e C

Senegalia tenuifolia (L.) Britton & Rose li nt e Nc

Stryphnodendronpolyphyllum Mart. ar nt e C

Papilionoideae

Aeschynomene falcata (Poir.) DC. sb nt n Nc

Ateleia glazioveana Baill.*** ar nt n Nc

Bionia bella Mart. ex Benth. li nt e Nc

Cajanus cajan (L.) Huth ab nz n C

Calopogonium mucunoides Desv. tp nt n Nc

Calopogonium sp. tp - - -

Cleobulia multiflora Mart. ex Benth. li nt e Nc

Clitoria falcata Lam. tp nt n Nc

Crotalaria breviflora DC. sb nt e C

Crotalaria incana L. sb nt n Nc

Crotalaria micans Link ab nt n C

Crotalaria spectabilis Röth sb nz n C

Dalbergia brasiliensis Vogel ar nt e Nc

(33)

16

Subfamílias/Espécies H O End Uso

Dalbergia frutescens (Vell.) Britton var. frutescens li nt n C

Dalbergia nigra (Vell.) Allemão ex Benth. ar nt e C

Desmodium adscendens (Sw.) DC. er nz n C

Desmodium affine Schltdl. sb nt n C

Desmodium incanum DC. sb nz n C

Desmodium leiocarpum (Spreng.) G.Don sb nt n Nc

Desmodium uncinatum (Jacq.) DC. sb nt n Nc

Erythrina falcata Benth. ar nt n C

Erythrina speciosa Andrews ar nt e C

Indigofera suffruticosa Mill. ab nt n C

Lablab purpureus (L.) Sweet li nz n C

Machaerium acutifolium Vogel ar nt n Nc

Machaerium brasiliense Vogel ar nt n Nc

Machaerium nyctitans (Vell.) Benth. ar nt n C

Machaerium villosum Vogel ar nt n Nc

Machaerium stipitatum Vogel ar nt n Nc

Machaerium uncinatum (Vell.) Benth. li nt e Nc

Ormosia arborea (Vell.) Harms. ar nt e Nc

Stylosanthes guianensis (Aubl.) Sw. er nt n Nc

Stylosanthes sp. er - - -

Swartzia pilulifera Benth. ar nt e Nc

Vigna adenantha (G. Mey.) Maréchal li nt e Nc

Vigna speciosa (Kunth) Verdc. li nt n Nc

Zornia curvata Mohlenbr. er nt n Nc

Zornia latifolia Sm er nt n Nc

*Classificação de Guedes-Bruni et al. (2002). **Fonte: Sprent (2001).

(34)

17

Tabela 2: Classificação dos gêneros de Leguminosae do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais, em tribos de acordo com Lewis et al. (2005) exceto para a tribo Acacieae, conforme Orchard & Maslin 2003. Números entre parênteses correspondem ao número de táxons amostrados para gênero.

1. CAESALPINIOIDEAE 3. PAPILIONOIDEAE

Tribo Caesalpinieae Tribo Crotalarieae

Tachigali (1) Crotalaria (4) Tribo Cassieae Cassia (1) Tribo Dalbergieae Aeschynomene (1) Chamaecrista (3) Dalbergia (4) Senna (9) Machaerium (6) 2. MIMOSOIDEAE Stylosanthes (2)

Tribo Acacieae Zornia (2)

Senegalia (3) Tribo Desmodieae

Tribo Ingeae Desmodium (5)

Abarema (1) Tribo Indigofereae

Albizia (1) Indigofera (1)

Calliandra (2) Tribo Phaseoleae

Inga (8) Bionia (1)

Cajanus (1)

Tribo Mimoseae Calopogonium (2)

Leucaena (1) Cleobulia (1) Mimosa (4) Clitoria (1) Piptadenia (4) Erythrina (2) Pseudopiptadenia (1) Lablab (1) Stryphnodendron (1) Vigna (2) Tribo Sophoreae Ormosia (1) Tribo Swartzieae Ateleia (1) Swartzia (1)

Os táxons arbóreos predominaram no PESB (Tabela 1) representando 41% das espécies, seguido das lianas e trepadeiras (21%), subarbustos (15%), arbustos (11,5%) e ervas (10%). Na listagem florística deste estudo (Tabela 1) foram identificadas seis espécies

(35)

18

introduzidas e naturalizadas no Brasil: Leucaena leucocephala (Lam.) de Wit, Cajanus cajan (L.) Huth, Crotalaria spectabilis Röth, Desmodium adscendens (Sw.) DC., Desmodium incanum DC. e Lablab purpureus (L.) Sweet. Duas espécies foram identificadas apenas em nível de gênero: Calopogonium (1sp.) e Stylosanthes (1 sp.) por falta de material vegetal completo (flor e fruto).

Das 79 espécies levantadas durante o trabalho taxonômico, 34 foram mencionadas no estudo etnobotânico (Capítulo II) para algum tipo de utilidade pelas comunidades do entorno do PESB (Tabela 1).

O presente estudo demonstrou uma maior riqueza de espécies (79 spp.) de Leguminosae quando comparado com outros trabalhos florísticos e taxonômicos realizados no PESB e seu entorno (Tabela 3). Esta elevada riqueza pode ser o resultado de um grande esforço amostral em campo, uma vez que foram realizadas 83 expedições botânicas na qual o foco do trabalho foi exclusivamente a família Leguminosae, enquanto a maioria dos trabalhos referidos na Tabela 3 é sobre levantamentos fitossociológicos que contemplam apenas o estrato arbóreo.

Tabela 3: Riqueza de espécies de Leguminosae em diferentes formações vegetacionais no Parque Estadual da Serra do Brigadeiro, Minas Gerais. C = Caesalpinioideae; M = Mimosoideae; P = Papilionoideae; T = Total.

Referências Vegetação C M P T

Este estudo (2014)* Fl. Ombrófila e Campos de Altitude 14 26 39 79

Caiafa & Silva (2002) Campo de Altitude 0 0 0 0

Ribeiro (2003) Floresta Atlântica de Altitude 2 2 1 5

Leoni & Tinte (2004) Fl. Ombrófila e Campos de Altitude 5 7 13 25 Saporetti-Júnior (2005) Floresta Estacional Semidecidual 2 6 6 14 Soares et al., (2006) Floresta Estacional Semidecidual 2 6 3 11 Plano de manejo PESB (2007) Fl. Ombrófila e Campos de Altitude 0 3 3 6 Fernandes (2007)* Floresta Estacional Semidecidual 11 11 26 48

*Exclusivo para Leguminosae

A área amostral do levantamento florístico deste trabalho foi o parque como um todo, com 15 mil hectares, o que abrange as três fitofisionomias: Campos de Altitude,

(36)

19

Floresta Ombrófila Densa Montana e Altomontana, o que favoreceu a amostragem em tipos vegetacionnais diferentes, possibilitando uma amostragem mais diversa, além do tabalho incluir o registro de espécimes de hábitos variados.

Em geral, a flora de Leguminosae resultante dos demais trabalhos botânicos realizados no PESB e seu entorno somam 77 espécies, destas 11 não foram amostradas neste trabalho. Estas espécies foram listadas nos trabalhos de Ribeiro (2003), Saporetti-Júnior (2005) e Soares et al. (2006) que não apresentam material testemunho depositado em Herbários, por isso, não foi possível checar as identificações para verificar se realmente são outras espécies ou engano na identificação.

1.3.1 Chave para identificação das subfamílias de Leguminosae do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro (Adaptada de Polhill & Raven 1981)

1 Flores zigomorfas e sementes sem pleurograma.

2 Cinco pétalas livres, sépalas geralmente livres entre si...Caesalpinioideae 2’ Cinco pétalas, sendo as duas abaxiais parcialmente fundidas em forma de quilha, cálice

gamossépalo...Papilionoideae 1’ Flores actinomorfas e sementes com pleurograma em forma de “U”...Mimosoideae 1.3.2 Tratamento Taxonômico

1.3.2.1 Caesalpinioideae

1.3.2.1.1 Chave para identificação dos gêneros de Caesalpinioideae no PESB 1 Nectário foliar sempre ausente.

2 Estaminódios presentes; frutos legume... Cassia 2’ Estaminódios ausentes; frutos criptossâmara... Tachigali 1’ Nectário foliar presente.

3 Pedicelo com duas bractéolas; androceu actinomorfo; as vezes estaminódios presentes; legumes elasticamente deiscente... Chamaecrista 3’ Pedicelo sem bractéolas; androceu zigomorfo; legumes indeiscentes ou quando

(37)

20

1.3.2.1.2. Gêneros e espécies de Caesalpinioideae encontrados no PESB

I Cassia L., Sp. Pl. 1: 376. 1753.

Árvore; nectário foliar ausente; presença de duas brácteas no pedicelo; flor 3 estames abaxiais, filete sigmoide, curvo; fruto legume, indeiscente.

Apresenta cerca de 30 espécies distribuídas através dos trópicos e 12-13 espécies nativas das Américas (Lewis et al. 2005). O Brasil possui cerca de 11 espécies e seis variedades (Souza & Bortoluzzi 2014).

O gênero está distribuído por quase todo o território brasileiro exceto Piauí, Rio Grande do Norte e Espírito Santo. Encontra-se sob os domínios fitogeográficos da Amazônia, Caatinga, Cerrado, Floresta Atlântica e Pantanal (Souza & Bortoluzzi 2014).

Os principais centros de diversidade são a Floresta Ombrófila Densa Amazônica e a Floresta Ombrófila Densa Atlântica, sendo encontrada também em áreas de Florestas Estacionais, Savana Estépica e Savana (Lima & Mansano 2011).

No PESB foi encontrada uma única espécie.

I. 1. Cassia ferruginea (Schrad.) Schrad. ex DC., Prodr. 2: 489. 1825.

Nome popular: pira-coiana, canafrista (Lorenzi 2000a), marimari (Silva et al. 2004), chuva-de-ouro (Rando et al. 2013), canafista (Capítulo II).

Figura: 2 A-B.

Árvore; folíolos 14-46, oblongos; inflorescência racemosa, axilar, pendente; excessivamente aromática; fruto lomento drupáceo.

Ocorre nos estados de Tocantins, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná (Souza & Bortoluzzi 2014). Encontra-se sob os domínios fitogeográficos da Caatinga, Cerrado e Floresta Atlântica (Irwin & Barneby 1982; Souza & Bortoluzzi 2014).

No PESB ocorreu em áreas de Floresta Ombrófila Densa Montana e Altomontana em altitudes que variam de 800 a 1.000 m. Ocorre tanto no interior da floresta quanto na borda, sendo também encontrada ao longo das estradas. Floresceu e frutificou em outubro.

Material examinado:: PESB, 21-X-2012, fl. e fr, L. C. Siqueira & F. Marcolino 757 (VIC); Material adicional: BRASIL. Minas Gerais, Araponga, Fragmento da Lurdinha, 28-X-2006, fl., J.M. Fernandes 390 (VIC).

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