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Conhecer os Místicos

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Academic year: 2021

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Texto

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Do Catálogo da EDitorial a.o.: o Santo Padre Pio (5.ª ed.)

Arni Decorte

inácio de loiola, Nunca Só José María Rodríguez Olaizola a Mãe de Calcutá – Madre Teresa Roberto Allegri

oscar romero

Roberto Morozzo della Rocca

Um Papa que não morre – A Herança de João Paulo II Gian Franco Svidercoschi

Edith Stein – Pedagoga e Mística António José Gomes Machado

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Conhecer os Místicos

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título original:

Introducing the Mystics

Textos originalmente publicados em

The Sacred Heart Messenger | Ireland (2013-2015)

tradução e organização Elias Couto

Capa

Francisca Cardoso Girão Paginação Editorial A. O. impressão e acabamentos Sersilito – Empresa Gráfica, Lda.

Depósito legal nº ????????????

iSBN 978-972-39-0901-2

Maio de 2020

Com todas as licenças necessárias ©

SECrEtariaDo NaCioNal Do aPoStolaDo Da oraÇÃo Rua S. Barnabé, 32 – 4710-309 BRAGA | Tel.: 253 689 443

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introdução

1.ª Parte

«O cristão de amanhã será um místico, alguém que experimentou algo, ou não será de todo [cristão]».

(Karl Rahner) Tive recentemente o privilégio de dar uma série de confe-rências, em Belfast, sobre alguns místicos cristãos. Fiquei pro-fundamente consolado e agradavelmente surpreendido pelo nível de interesse e participação nestas conferências por parte de cristãos de denominações diferentes. Quando nos dispomos a partilhar a nossa rica herança de oração e busca do Senhor, parece que certas diferenças e ênfases na doutrina ou na tra-dição tendem a cair no esquecimento e podemos reconhecer humildemente a nossa sede comum pelo Deus de Jesus Cristo. Podemos escutar as histórias de mulheres e homens que, ao longo dos séculos, tentaram saciar a mesma sede e percorrer o mesmo caminho de discipulado cristão que nós próprios. Uma das grandes tragédias do Cristianismo ocidental é que a imensamente rica tradição mística foi, há muito, pratica-mente enterrada nos arquivos. Foram muitas as razões para esta negligência. Durante os meus estudos para o sacerdócio, tive a grande e boa sorte de ter um excelente professor, o fale-cido padre carmelita Paul Lennon. Trinta anos depois, ainda tenho os apontamentos feitos durante as aulas de Paul, tais eram os tesouros que ele colocava diante de nós! Paul tinha um excelente sentido de humor e, um dia, aludindo ao tópico

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Conhecer os Místicos

do misticismo, afirmou: «Habitualmente, começa em misti e acaba em cisma!». Como veremos em alguns capítulos, há um pequeno grão de verdade na afirmação bem humorada de Paul. Paul, no entanto, sendo o excelente carmelita que era, se-ria o último a sugerir que não havia também um maravilhoso tesouro a extrair dos escritos dos místicos cristãos.

Felizmente, os cristãos de hoje começam a descobrir estes tesouros escondidos e a alimentar a sua fé cristã com comi-da sólicomi-da, rica, por vezes poética. Ouve-se com frequência dizer que a linguagem da fé no mundo ocidental é cansativa, cerebral, sexista nas suas imagens – ao ponto de nos pergun-tarmos se esta linguagem toca realmente os nossos corações, o «fundo do nosso ser», como os místicos frequentemente diriam. A linguagem dos místicos cristãos, por outro lado, é sempre nova, ricamente poética, frequentemente paradoxal, altamente imaginativa, por vezes feminina, refletindo e sen-tindo pensamentos talvez «frequentemente pensados mas nunca muito bem expressos». O discurso dos místicos cris-tãos parece, por vezes, quebrar as barreiras da linguagem, e os próprios místicos dirão que não conseguem articular plenamente as suas experiências espirituais – eles têm plena consciência de que as suas palavras não conseguem capturar as suas experiências. Esta aparente inabilidade para exprimir o que experimentaram não os impede de serem um grupo singularmente falador!

O meu objetivo é que este pequeno texto sirva como breve introdução ao conceito de misticismo. Nos dois textos poste-riores, escreverei sobre o pano de fundo bíblico do misticismo e prosseguirei partilhando convosco as vidas, pensamentos e es-critos de alguns dos grandes místicos, homens e mulheres, dos nossos dois mil anos de tradição espiritual do Ocidente cristão.

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Introdução | 1.ª Parte

Historicamente, a palavra «misticismo» está associada às religiões gregas dos mistérios, da era pré-cristã e dos primeiros séculos da era cristã. Estas religiões dos mistérios adoravam os deuses Zeus, Apolo, Afrodite, Dionísio (o deus romano Baco), entre outros. Havia também seitas da religião dos mis-térios que adoravam o deus Mitra (o deus persa do sol) e o deus Osíris (o deus egípcio da água e da fertilidade). Os «mís-ticos», em grego, hoi mystoi, eram aqueles que tinham sido iniciados nos ritos secretos (ta mystika) das religiões e cultos dos mistérios. A estes «místicos» exigia-se que mantivessem secretos os rituais em que tinham sido iniciados. A palavra «místico», portanto, referia-se originalmente aos cultos ou ri-tuais secretos revelados apenas aos iniciados, os místicos. O verbo grego myo significa fechar os olhos, e alguns filó-sofos neoplatónicos (o filósofo Plotino [c. 205-270] e os seus seguidores) urgiam um deliberado fechar dos olhos a toda a realidade externa para se obter os segredos do conhecimento místico, impulsionado pela contemplação introvertida. Por outras palavras, acreditavam que, retirando-se de tudo quanto é externo, era possível ao sujeito entrar plenamente em si mes-mo e receber no seu interior a iluminação divina.

O neoplatonismo, como veremos mais tarde, viria a ter uma influência profunda nos primeiros místicos cristãos, como Cle-mente de Alexandria (c. 150-c. 215), Orígenes (c. 185-c. 254) e Santo Agostinho (354-430), entre muitos outros.

A palavra «místico», contudo, entrou definitivamente no vocabulário cristão por influência dos escritos de um monge do século VI com um nome estranho: Dionísio Areopagita. Este monge desconhecido adotou o pseudónimo Dionísio por se tratar do nome de um convertido por S. Paulo em Atenas, mencionado de modo muito breve em Atos 17, 34. Devido a

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este nome fictício, os escritos do Pseudo-Dionísio foram acei-tes como tendo maior autoridade, dada a sua suposta ligação a S. Paulo. Por exemplo, o grande teólogo medieval S. To-más de Aquino refere-se frequentemente, nas suas obras, ao Pseudo-Dionísio como uma autoridade. Entre as obras do Pseudo-Dionísio há uma, intitulada Mystica Theologica, que ensina um modo de contemplação capaz de levar a pessoa a «conhecer» Deus seguindo um caminho de não-conhecimento! Por outras palavras, Deus não pode nunca ser conhecido pela mente humana, mas Deus pode ser experimentado de modos misteriosos, difíceis de colocar em palavras.

Tudo isto pode parecer estranho e não admira que quando digo aos adolescentes que ensino mística cristã a reação seja, por vezes, algo do género: «Uau! Fixe! É sobre o oculto, tarot, cartas e espíritos?». Bem, garanto-vos que não é! Os adolescentes, po-rém, ficam com frequência desiludidos com a minha resposta. Quem ou o quê são os místicos cristãos, nesse caso? Para res-ponder a esta questão, não consigo fazer melhor do que citar a maravilhosa e poética resposta do falecido jesuíta, professor de Teologia na Universidade de Creighton, em Omaha, Nebraska, Padre William Harmless: «Os místicos são pioneiros que explo-ram as fronteiras e limites do que é ser humano (...). Eles são exploradores da interioridade e mostram-nos o possível. Como os místicos experimentam interiormente e conhecem demasia-do bem a nossa muito humana tendência para a autoilusão, eles elaboram mapas dos emaranhamentos e perigos que se escon-dem no coração humano. Os místicos, vigilantes, lembram-nos dessa escuridão demasiado humana. Mas insistem que a escu-ridão não é a última palavra (...). Os místicos, com a sua visão noturna (...) aprenderam a espreitar a escuridão divina de modo suficientemente longo e árduo para verem um mundo

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Introdução | 1.ª Parte

cado de Deus, vertiginoso na sua beleza. Eles lembram-nos que também temos olhos para ver essas frágeis, efémeras belezas nas quais gotas de orvalho brilham como safiras por alguns momen-tos fugidios à luz quebrada do amanhecer, quando a maior parte de nós dorme rotineiramente»1.

Introduzi esta série de textos citando Karl Rahner. Con-cluo com uma talvez mais concreta e mais deliberadamente mundana definição de um místico cristão dada pelo mesmo Karl Rahner: «Alguém que vive uma vida de fé, esperança e amor é um místico...». Muitos de nós somos místicos repri-midos! Talvez ser um místico cristão não seja algo assim tão misterioso, afinal!

1 William Harmless – Mystics, Oxford University Press, 2008, págs.

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Índice

Introdução | 1.ª Parte ... 7

Introdução | 2.ª Parte ... 13

Introdução | 3.ª Parte – Jesus como místico ... 17

Clemente de Alexandria (c. 150-c. 215) ... 23 Orígenes (c. 185-c. 254) ... 27 Evágrio do Ponto (345-399) ... 33 Agostinho de Hipona (354-430) ... 39 João Cassiano (c. 365-435) ... 45 Dionísio Areopagita (c. 500) ... 49 Bernardo de Claraval (1090-1153) ... 53 Richard Rolle (c. 1300-1349) ... 59 Walter Hilton (c. 1340-c. 1394) ... 63 Juliana de Norwich (1342-c. 1413) ... 69 Catarina de Sena (1347-1380) ... 75 Margery Kempe (c. 1373-1433) ... 81 A Nuvem do Não-Saber ... 87 Teresa de Ávila (1515-1582) ... 93 João da Cruz (1542-1591) ... 99 Francisco de Sales (1567-1622) ... 103

Joana Francisca de Chantal (1572-1641) ... 109

Teresa de Lisieux (1873-1897) ... 115

Edith Stein (1891-1942) ... 119

Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955) ... 123

Dorothy Day (1897-1980) ... 129

Referências

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