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Modelos Dinâmicos Estocásticos de Equilíbrio Geral (DSGE) com Choques Heterocedásticos

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Academic year: 2021

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Modelos Dinˆ

amicos Estoc´

asticos de

Equil´ıbrio Geral com Choques

Heteroced´

asticos

Tese de Doutorado

por

Cristian Andres Cruz Torres

DME - IM - UFRJ

2015

(2)

Modelos Dinˆ

amicos Estoc´

asticos de

Equil´ıbrio Geral com Choques

Heteroced´

asticos

Cristian Andres Cruz Torres

Tese de Doutorado submetida ao Corpo Docente do Instituto de Matem´atica - De-partamento de M´etodos Estat´ısticos da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necess´arios `a obten¸c˜ao do grau de Doutor em Estat´ıstica.

Aprovada por:

Prof. Helio S. Migon, Ph.D., IM-UFRJ - Orientador.

Profa. Tha´ıs C. Fonseca, Ph.D., IM-UFRJ - Co-orientadora.

Prof. Dani Gamerman, Ph.D., IM-UFRJ.

Prof. Ralph dos Santos Silva, Ph.D., IM-UFRJ.

Prof. Hedibert Freitas Lopes, Ph.D., Insper.

Prof. Fl´avio Ziegelmann, Ph.D., PPGE-UFRGS.

Rio de Janeiro, RJ - Brasil 2015

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CIP - Catalogação na Publicação

Elaborado pelo Sistema de Geração Automática da UFRJ com os dados fornecidos pelo(a) autor(a).

C955m

Cruz Torres, Cristian Andres

Modelos Dinâmicos Estocásticos de Equilíbrio Geral com Choques Heterocedásticos / Cristian Andres Cruz Torres. -- Rio de Janeiro, 2015. 121 f.

Orientador: Helio dos Santos Migon. Coorientadora: Thaís Fonseca.

Tese (doutorado) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Matemática, Programa de Pós-Graduação em Estatística, 2015.

1. Modelos DSGE. 2. Distribuição t-Student. 3. Volatilidade Estocástica. I. Migon, Helio dos Santos, orient. II. Fonseca, Thaís, coorient. III. Título.

(4)
(5)

Agradecimentos

A Deus, pela vida, sa´ude e por iluminar meus caminhos. Aos meus pais Andres Cruz e Candida Torres, por serem minha fortaleza `a distˆancia, por seu apoio constante e por seus ensinamentos de vida. `A minha irm˜a Melissa Cruz por me apoiar nesta travessia longe de casa.

Ao meu orientador Helio Migon por me ensinar, por responder `as minhas perguntas e por me dirigir em todo o doutorado. `A minha co-orientadora a professora Tha´ıs Fonseca por sempre disposta a tirar minhas d´uvidas. Ao professor Ralph por me atender quando precisei de sua ajuda, assim como todos os outros professores do Programa de P´ os-gradua¸c˜ao em Estat´ıstica da UFRJ por todo o conhecimento transmitido. Aos meus professores do mestrado do IMPA e aos meus professores da gradua¸c˜ao em Matem´atica da UNAH por estabelecer todas as minhas bases de conhecimento.

A todos os companheiros de P´os-gradua¸c˜ao com os quais tive o prazer de conviver por estes anos, especialmente Pamela, Mariana, Aniel, William, Teresa, Kelly, Leonel, Jonathan, Larissa, Felipe e Carlos.

(6)

Resumo

Modelos DSGE (Dynamic Stochastic General Equilibrium) s˜ao modelos frequente-mente usados em macroeconomia cujo objetivo ´e tentar explicar fenˆomenos econˆomicos agregados, como o crescimento econˆomico ou os ciclos econˆomicos. Estes modelos se caracterizam pelo fato de que o valor de suas vari´aveis presentes est˜ao ligadas a seu valor futuro; al´em disso, essas vari´aveis incluem fontes de incerteza em sua formula¸c˜ao. Estes modelos s˜ao altamente n˜ao lineares, o que dificulta encontrar sua solu¸c˜ao anal´ıtica. Tra-dicionalmente, se recorre a m´etodos de log-lineariza¸c˜ao para poder resolver estes modelos, onde pode ser demonstrado que o modelo pode ser reescrito como um modelo de espa¸co de estados.

Nesse contexto, se ´e assumida normalidade nos choques, o filtro de Kalman pode ser aplicado. Neste trabalho, exploraremos estes modelos log-linearizados quando relaxamos a hip´otese de normalidade nos choques. Numa dire¸c˜ao, introduzimos choques t-Student correlacionados e generalizamos a t-Student para poder incorporar diferentes graus de liberdade para diferentes componentes. Em outra dire¸c˜ao, exploramos os DSGE impondo uma estrutura na variˆancia dos choques, construindo um modelo normal com volatilidade estoc´astica e um modelo t-Student com volatilidade estoc´astica.

Neste trabalho, foi feito um estudo de simula¸c˜ao e um exemplo simulado. Al´em disso, apresenta-se uma aplica¸c˜ao de uma economia real para ambas abordagens, a compara¸c˜ao dos modelos sendo feita por um crit´erio de ajuste. Finalmente, s˜ao apresentadas as conclus˜oes e os trabalhos futuros.

(7)

Abstract

DSGE (Dynamic Stochastic General Equilibrium) models are very famous models. They are used in macroeconometrics with the goal of attempting to explain aggregated economic phenomena, such as economic growth or business cycles. These models are characterized by the fact that the values of their present variables are linked to its future values; also, in their formulation sources of uncertainty are included. Another feature of these models is that they are highly nonlinear, which makes it difficult to find a analytical solution. Traditionally, in order to solve these models, it is useful to use methods of log-linearization where it can be shown that the model can be written in state space.

If Gaussian shocks are assumed, the Kalman filter can be used. In this work, these log-linearized models will be explored when we relax the hypothesis of normality in these shocks. On the one hand, it is introduced correlated Student-t shocks and the Student-t distribution is generalized to be able to incorporate several degrees of freedom. On the other hand, the DSGE models are explored imposing a structure on the variance of the shocks, building a normal model with stochastic volatility and a Student-t model with stochastic volatility.

In this work, a simulation study and a simulated example are made, as well as an application of a real economy for both approaches. A comparison is established between models by a fit criterion. Finally, this work is finished with the conclusions and future works.

(8)

Sum´

ario

1 Introdu¸c˜ao 1 1.1 Revis˜ao da literatura . . . 1 1.2 Organiza¸c˜ao da tese . . . 5 2 Modelos DSGE 6 2.1 O problema do consumidor . . . 7

2.1.1 Vari´aveis de estado e de controle . . . 8

2.2 Equa¸c˜oes de equil´ıbrio . . . 10

2.2.1 Estado est´avel das vari´aveis . . . 11

2.3 Log-lineariza¸c˜ao . . . 12

2.4 M´etodos de solu¸c˜ao para um sistema log-linearizado . . . 14

2.4.1 M´etodo de Blanchard-Kahn . . . 15

2.4.2 M´etodo de Klein . . . 18

2.4.3 M´etodo dos coeficientes indeterminados . . . 19

2.5 Representa¸c˜ao em espa¸co de estado . . . 22

2.6 Estima¸c˜ao dos parˆametros do modelo . . . 23

2.7 Considera¸c˜oes finais . . . 25

3 DSGE com variˆancia n˜ao estruturada 26 3.1 Modelo DSGE com distribui¸c˜ao t-Student . . . 27

3.1.1 Modelo t-Student multivariado . . . 27

3.1.2 Modelo t-Student generalizado . . . 28

(9)

3.2.1 Amostrando os parˆametros θ . . . 31

3.2.2 Amostrando os estados S1:n . . . 32

3.2.3 Amostrando as vari´aveis de mistura λ1:n . . . 32

3.2.4 Calculo da verossimilhan¸ca marginal . . . 33

3.3 Estudo de simula¸c˜ao . . . 36

3.3.1 Cen´ario 1: Amostras geradas do modelo t-Student multivariado . 38 3.3.2 Cen´ario 2: Amostras geradas do modelo t-Student generalizado . 41 3.4 Aplica¸c˜ao . . . 44

3.4.1 A fam´ılia representativa . . . 44

3.4.2 A firma representativa . . . 45

3.4.3 As firmas intermedi´arias . . . 46

3.4.4 Equil´ıbrio sim´etrico . . . 47

3.4.5 Choques eficientes e ineficientes . . . 48

3.4.6 O sistema estacion´ario . . . 49

3.4.7 O estado est´avel . . . 51

3.4.8 O sistema linearizado . . . 51

3.4.9 Condi¸c˜oes de equil´ıbrio . . . 52

3.4.10 Especifica¸c˜ao das distribui¸c˜oes a priori . . . 54

3.4.11 Resultados . . . 55

3.5 Conclus˜oes . . . 65

4 DSGE com variˆancia estruturada 68 4.1 Modelo de volatilidade estoc´astica . . . 69

4.2 DSGE com estrutura de volatilidade estoc´astica . . . 72

4.2.1 DSGE-t-Student com volatilidade estoc´astica . . . 72

4.3 Estima¸c˜ao dos parˆametros . . . 73

4.3.1 Amostrando os parˆametros θ . . . 75

4.3.2 Amostrando os estados S1:n . . . 76

4.3.3 Amostrando as vari´aveis de mistura λ1:n . . . 76

(10)

4.3.5 Calculo da verossimilhan¸ca marginal . . . 77

4.4 Exemplo . . . 79

4.4.1 Um modelo DSGE simples em espa¸co de estado . . . 80

4.5 Aplica¸c˜ao . . . 83

4.5.1 Resultados . . . 86

4.6 Conclus˜oes . . . 92

5 Conclus˜oes e trabalhos futuros 94 5.1 Trabalhos futuros . . . 95

A O problema do consumidor em detalhe 99 A.1 Estabelecendo a existˆencia e outras propriedades b´asicas da solu¸c˜ao . . . 100

A.2 M´etodos de solu¸c˜ao: Programa¸c˜ao dinˆamica . . . 102

A.2.1 M´etodos recursivos . . . 103

A.2.2 Equa¸c˜ao de Euler . . . 104

B M´etodo de Klein aplicado ao modelo de Ireland 107

(11)

Lista de Figuras

3.1 Dados trimestrais do Crescimento do Produto, Infla¸c˜ao e Taxa de Juros Nominal a curto prazo de U.S. no per´ıodo de 1980:I at´e 2003:I. . . 54 3.2 Distribui¸c˜ao a priori e posteriori para os parˆametros estruturais estimados

com o modelo t-Student generalizado . . . 59 3.3 Histograma das distribui¸c˜oes a posteriori das correla¸c˜oes estimadas com o

modelo t-Student generalizado . . . 60 3.4 Compara¸c˜ao entre a verossimilhan¸ca e posteriori para alguns pares de

parˆametros do modelo de Ireland . . . 61 3.5 M´edias a posteriori e intervalos de credibilidade do 95% das vari´aveis de

mistura λjt do modelo t-Student generalizado. . . 63 3.6 Fun¸c˜ao de resposta ao impulso para o modelo t-Student generalizado

(m´edia e intervalo de credibilidade do 95%). Respostas do crescimento do produto, infla¸c˜ao e taxa de juros aos impulso de choques nas preferˆencias, custos de produ¸c˜ao, tecnologia e taxa de juros . . . 67

4.1 Log-verossimilhan¸ca para uma grade de valores dos parˆametros da matriz de estado mantendo os outros parˆametros fixos em seus valores verdadeiros para um modelo DSGE simples em espa¸co de estado. . . 81 4.2 Distribui¸c˜ao a priori e posteriori para os parˆametros estruturais estimados

com o modelo t-Student com volatilidade estoc´astica . . . 88 4.3 Histograma das distribui¸c˜oes a posteriori das correla¸c˜oes estimadas com o

(12)

4.4 Volatilidade estoc´astica estimada e intervalo de credibilidade do 95% para os choques de preferˆencia e custos de produ¸c˜ao do modelo DSGE de Ireland 89 4.5 M´edias a posteriori e intervalos de credibilidade do 95% das vari´aveis de

mistura λjt do modelo t-Student com volatilidade estoc´astica. . . 90 4.6 Fun¸c˜ao de resposta ao impulso para o modelo t-Student com volatilidade

estoc´astica (m´edia e intervalo de credibilidade do 95%). Respostas do crescimento do produto, infla¸c˜ao e taxa de juros aos impulso de choques nas preferˆencias, custos de produ¸c˜ao, tecnologia e taxa de juros . . . 93

(13)

Lista de Tabelas

3.1 Propriedades frequentistas para 500 replica¸c˜oes geradas de um modelo t-Student multivariado com uma ´unica correla¸c˜ao e sendo estimados com o modelo t-Student multivariado com uma ´unica correla¸c˜ao . . . 39 3.2 Propriedades frequentistas para 500 replica¸c˜oes geradas de um modelo

t-Student multivariado com uma ´unica correla¸c˜ao e sendo estimados com o modelo t-Student multivariado . . . 39 3.3 Propriedades frequentistas para 500 replica¸c˜oes geradas de um modelo

t-Student multivariado com uma ´unica correla¸c˜ao e sendo estimados com o modelo t-Student generalizado . . . 40 3.4 Propor¸c˜oes de decis˜oes corretas no estudo de simula¸c˜ao para dados

ge-rados de um modelo t-Student multivariado e estimados com os modelos t-Student multivariado com uma ´unica correla¸c˜ao, t-Student multivariado e t-Student generalizado . . . 41 3.5 Propriedades frequentistas para 500 replica¸c˜oes geradas do modelo t-Student

generalizado, sendo estimado com o modelo t-Student multivariado com uma ´unica correla¸c˜ao . . . 42 3.6 Propriedades frequentistas para 500 replica¸c˜oes geradas do modelo t-Student

generalizado, sendo estimado com o modelo t-Student multivariado . . . 42 3.7 Propriedades frequentistas para 500 replica¸c˜oes geradas do modelo t-Student

(14)

3.8 Propor¸c˜oes de decis˜oes corretas no estudo de simula¸c˜ao para dados ge-rados de um modelo t-Student generalizado e estimados com os modelos t-Student multivariado com uma ´unica correla¸c˜ao, t-Student multivariado e t-Student generalizado . . . 43 3.9 Distribui¸c˜oes a priori dos parˆametros estruturais no modelo de Ireland . . 55 3.10 M´edia a posteriori e intervalo de credibilidade de 95% para os parˆametros

estruturais no modelo de Ireland, estimado com os cinco modelos propos-tos: Modelo Gaussiano, Modelo t-Student diagonal com ν fixo, Modelo t-Student multivariado com ν fixo, Modelo t-Student multivariado com ν estimado e Modelo t-Student generalizado . . . 57 3.11 M´edia a posteriori e intervalo de credibilidade de 95% dos parˆametros

t-Student e correla¸c˜ao estimados com os cinco modelos propostos: Modelo gaussiano, Modelo t-Student diagonal com ν fixo, Modelo t-Student mul-tivariado com ν fixo, Modelo t-Student mulmul-tivariado com ν estimado e Modelo t-Student generalizado . . . 58 3.12 Log-verossimilhan¸ca marginal para os cinco modelos propostos: Modelo

Gaussiano, Modelo t-Student diagonal com ν fixo, Modelo t-Student mul-tivariado com ν fixo, Modelo t-Student mulmul-tivariado com ν estimado e Modelo t-Student generalizado, aplicados no modelo de Ireland . . . 62

4.1 M´edia a posteriori e intervalo de credibilidade do 95% para o modelo DSGE simples em espa¸co de estado com choques t-Student com volatilidade es-toc´astica. . . 82 4.2 Log-verossimilhan¸ca marginal para os modelos propostos (Normal e

t-Student com volatilidade estoc´astica) aplicado aos dados gerados do mo-delo DSGE simples (4.17). . . 82 4.3 Prioris usadas para os parˆametros do modelo de Ireland . . . 85 4.4 Prioris usadas para os parˆametros que pertencem ao modelo de volatilidade

(15)

4.5 M´edia a posteriori e intervalos de credibilidade do 95% estimados com modelo normal e t-Student, ambos supondo volatilidade estoc´astica . . . 87 4.6 Log-verossimilhan¸ca marginal para os quatro modelos propostos:

Mo-delo normal diagonal, MoMo-delo t-Student diagonal, MoMo-delo normal corre-lacionado e Modelo t-Student correcorre-lacionado, todos com volatilidade es-toc´astica, aplicados no modelo de Ireland . . . 91

(16)

Cap´ıtulo 1

Introdu¸

ao

Modelos Dinˆamicos Estoc´astiscos de Equil´ıbrio Geral (do inglˆes, Dynamic Stochastic General Equilibrium - DSGE) s˜ao modelos macroeconˆomicos que visam explicar o com-portamento dos ciclos econˆomicos. A principal caracter´ıstica que os distingue ´e que sua teoria ´e derivada de fundamentos microeconˆomicos. Estes modelos geralmente assumem que os agentes otimizam suas escolhas, o que gera expectativas racionais em suas decis˜oes. Al´em disso, cada agente maximiza uma fun¸c˜ao de utilidade, que est´a sujeita a algumas restri¸c˜oes pr´oprias de cada agente.

Estes modelos geralmente assumem uma fam´ılia representativa e um conjunto de firmas. As fam´ılias consomem bens, ofertam trabalho e acumulam capital afim de ma-ximizar sua fun¸c˜ao de utilidade sujeito a v´arias restri¸c˜oes (por exemplo, restri¸c˜ao de or¸camento, restri¸c˜ao de demanda de trabalho, lei de movimento de capital, etc.). As fir-mas, por outro lado, produzem bens, contratam trabalho e maximizam seu lucro sujeito a suas respectivas restri¸c˜oes (por exemplo, restri¸c˜ao de demanda). Os modelos DSGE s˜ao, ent˜ao, complementados por uma fun¸c˜ao rea¸c˜ao de uma autoridade monet´aria.

1.1

Revis˜

ao da literatura

O artigo de Kydland e Prescott (1982) ´e considerado um marco na literatura macro-econom´etrica. Pela primeira vez os macroeconomistas tinham um modelo coerente da economia, constru´ıdo com base na modelagem dos agentes envolvidos, esperan¸cas

(17)

racio-nais e compensa¸c˜ao de mercado, sendo capazes de reproduzir dados que se assemelhavam com as vari´aveis observ´aveis e que n˜ao tivessem alta especifica¸c˜ao nos modelos.

Subsequentemente, muitos autores vˆem desenvolvendo abordagens econom´etricas, que formalizam aspectos de calibra¸c˜ao para evitar a falta de especifica¸c˜ao nos modelos. Ao mesmo tempo, macroeconomistas tˆem desenvolvido modelos estruturais e relaxando mui-tas das restri¸c˜oes de m´a especifica¸c˜ao da primeira gera¸c˜ao de modelos DSGE. Como consequˆencia, t´ecnicas econom´etricas mais tradicionais s˜ao aplic´aveis.

Os modelos DSGE originalmente tentam explicar fenˆomenos econˆomicos agregados, como o crescimento econˆomico ou os ciclos econˆomicos, assim como os efeitos macroe-conˆomicos das pol´ıticas monet´aria e fiscal. Talvez a caracter´ıstica diferencial dos modelos DSGE seja o fato que s˜ao dinˆamicos, isto ´e, o valor das vari´aveis presentes est˜ao liga-das a seu valor futuro. Al´em disto, os modelos DSGE s˜ao estoc´asticos porque na sua formula¸c˜ao incluem fontes de incerteza tais como: varia¸c˜oes na produtividade total dos fatores, o efeito de cˆambio nas exporta¸c˜oes e importa¸c˜oes de um pa´ıs ou, erros na tomada das decis˜oes das pol´ıticas econˆomicas que n˜ao s˜ao antecipadas. Isto ´e o que o diferencia dos modelos de equil´ıbrio geral Walrasianos (Walras, 1954)1.

Existe uma variedade de modelos atualmente usados em macroeconomia. A maior parte deles s˜ao baseado em dois cen´arios (Canova, 2007): uma estrutura competitiva, onde as aloca¸c˜oes s˜ao, em geral Pareto ´otimas2 e uma estrutura competitiva mono-pol´ıstica, onde um dos agentes pode fixar o pre¸co dos bens e, portanto, a aloca¸c˜ao ´e sub-´otima. Tipicamente, uma express˜ao para as vari´aveis de interesse em fun¸c˜ao de for¸cas ex´ogenas e de estado ´e encontrada. Quando as aloca¸c˜oes competitivas s˜ao Pareto ´

otimas, os princ´ıpios de programa¸c˜ao dinˆamica (Stokey e Lucas, 1989) s˜ao tipicamente usados e itera¸c˜oes da equa¸c˜ao de Bellman s˜ao empregadas para calcular a fun¸c˜ao valor e pol´ıticas monet´aria e fiscal, levando em conta sua existˆencia e unicidade (ver, por exem-plo, McCandless (2008)). Calcular a fun¸c˜ao valor ´e uma tarefa complicada, exceto para

1Equil´ıbrio Walrasiano se refere ao equil´ıbrio no qual h´a igualdade entre oferta agregada e demanda

agregada nos mercados de bens e fatores.

2Uma situa¸ao econˆomica ´e ´otima no sentido de Pareto se n˜ao for poss´ıvel melhorar a situa¸ao, ou,

mais genericamente, a utilidade de um agente, sem degradar a situa¸c˜ao ou utilidade de qualquer outro

(18)

casos simples e muitas vezes irreais economicamente. Para especifica¸c˜oes gerais das pre-ferˆencias e tecnologia, aproxima¸c˜oes quadr´aticas da fun¸c˜ao da utilidade e discretiza¸c˜ao do problema de programa¸c˜ao dinˆamica s˜ao geralmente aplicadas.

Quando a aloca¸c˜ao de equil´ıbrio ´e realocada, isto ´e, quando existe um poder de mer-cado como um mon´opolio, se deve alterar a formula¸c˜ao do problema de programa¸c˜ao dinˆamica. Neste caso, a equa¸c˜ao de Bellman n˜ao tem uma cobertura padr˜ao na metodo-logia de multiplicadores de Lagrange estoc´astico, onde se usam as condi¸c˜oes de primeira ordem, restri¸c˜oes e condi¸c˜ao de transversalidade para encontrar a solu¸c˜ao. As solu¸c˜oes s˜ao dif´ıcies de encontrar mesmo com o Lagrangiano, dado que o problema ´e n˜ao linear e envolve esperan¸cas de vari´aveis futuras. M´etodos de equa¸c˜ao de Euler que aproximam as condi¸c˜oes de primeira ordem, equa¸c˜oes com esperan¸cas ou fun¸c˜oes de pol´ıtica podem ser usadas.

O equil´ıbrio n˜ao tem solu¸c˜ao anal´ıtica de forma fechada. Isto significa que s´o podemos estudar uma aproxima¸c˜ao dela. A falta de uma forma anal´ıtica fechada da solu¸c˜ao do modelo complica a tarefa de encontrar a verossimilhan¸ca. O procedimento padr˜ao para resolver estes modelos ´e a log-lineariza¸c˜ao. Isto pode ser feito diretamente nas condi¸c˜oes que descrevem o equil´ıbrio (condi¸c˜oes de primeiro ordem, restri¸c˜oes, etc), ou gerando uma aproxima¸c˜ao quadr´atica da fun¸c˜ao de utilidade dos agentes. Ambas abordagens implicam que a decis˜ao ´otima ´e linear com respeito aos estados na economia. O sistema linear resultante de equa¸c˜oes em diferen¸ca pode ser resolvido por m´etodos padr˜ao de esperan¸cas racionais (ver Blanchard e Kahn (1980), Klein (2000) e Uhlig (1999)). O sistema resultante tem uma representa¸c˜ao linear em espa¸co de estado. Se tamb´em assu-mirmos que os choques ex´ogenos s˜ao normais, o filtro de Kalman pode ser usado para resolver o modelo.

Nos ´ultimos anos, algumas extens˜oes foram feitas nos modelos DSGE. Por exemplo: quando temos um modelo log-linearizado, alguns autores assumem choques ex´ogenos t-Student independentes (ver Chib e Ramamurthy (2014) e Curdia et al. (2014)). Outros autores assumen choques normais com estrutura de volatilidade estoc´astica independente no modelo linearizado, como por exemplo em Justiniano e Primiceri (2008) e Fernandez-Villaverde et al. (2015). O artigo de Curdia et al. (2014) faz uma modelagem conjunta

(19)

dos DSGE incluindo choques independentes t-Student com estrutura de volatilidade es-toc´astica. Al´em disso, o artigo de Grabek et al. (2011) introduz um modelo DSGE linearizado com choques normais assim´etricos na estrutura.

Existem outras tentativas de resolver os modelos DSGE sem passar pelo processo de lineariza¸c˜ao. Por exemplo, Schmitt-Grohe e Uribe (2004) fazem uso de aproxima¸c˜oes de segunda ordem nas equa¸c˜oes de equil´ıbrio para, ao final, poder escrever um modelo em espa¸co de estado de potˆencia quadr´atica. No artigo de Chen et al. (2010) fazem uso desta aproxima¸c˜ao quadr´atica para logo poder aproximar a verossimilhan¸ca por filtro de part´ıculas e estimar sequencialmente os parˆametros fixos do modelo. Por outro lado, alguns autores trabalham diretamente com as equa¸c˜oes de equil´ıbrio, que se caracterizam por serem n˜ao lineares e terem esperan¸cas de vari´aveis futuras. Alguns autores prop˜oem resolver estas esperan¸cas por m´etodos de proje¸c˜ao ou elementos finitos, como em Judd (1992) e Aruoba et al. (2006). Uma vez que o sistema ´e reescrito como espa¸co de estado n˜ao linear, o artigo de Fernandez-Villaverde e Rubio-Ramirez (2005) prop˜oe fazer uma mistura de algoritmos: eles aplicam o filtro de part´ıculas para aproximar a verossimi-lhan¸ca do modelo e usam MCMC (do inglˆes, Markov Chain Monte Carlo) para estimar os parˆametros, aplicando esta abordagem para resolver um modelo DSGE de uma economia simples.

Na Europa, estes modelos DSGE s˜ao usados pelos bancos centrais de certos pa´ıses para descrever suas economias. Esses modelos est˜ao baseados no modelo proposto por Smets e Wouters (2003). No Brasil, tem se desenvolvido o modelo SAMBA (do inglˆes, Stochastic Analytical Model with a Bayesian Approach), que consiste basicamente em um modelo DSGE feito para a economia brasileira. O modelo foi desenvolvido por pesquisa-dores do pr´oprio Banco Central e contempla caracter´ısticas comuns aos modelos DSGE, incluindo tamb´em caracter´ısticas espec´ıficas do Brasil, buscando, ent˜ao, descrever da melhor maneira poss´ıvel a economia brasileira.

A contribui¸c˜ao desta tese visa considerar modelos DSGE log-linearizado escritos em espa¸co de estado, mas considerando choques heteroced´asticos. Numa primeira dire¸c˜ao, consideramos choques com variˆancia n˜ao estruturada, exploramos modelos t-Student mul-tivariado e a introdu¸c˜ao da distribui¸c˜ao t-Student generalizada. Como segunda

(20)

contri-bui¸c˜ao, considera-se uma estrutura na variˆancia dos choques, especificamente uma estru-tura de volatilidade estoc´astica nos choques, tanto para distribui¸c˜oes normais como para t-Student.

1.2

Organiza¸

ao da tese

Esta tese est´a organizada da seguinte forma: no Cap´ıtulo 2, explicamos os fundamen-tos dos modelos DSGE, o procedimento padr˜ao que ´e usado para resolvˆe-los quando a suposi¸c˜ao de normalidade dos choques ´e suposta. No Cap´ıtulo 3, apresentamos nossa pri-meira contribui¸c˜ao: resolvemos os modelos DSGE linearizados com variˆancia n˜ao estru-turada, ou seja, supondo choques com distribui¸c˜ao t-Student multivariado e a introdu¸c˜ao da distribui¸c˜ao t-Student generalizada. No Cap´ıtulo 4, apressentamos nossa segunda contribui¸c˜ao, que consiste em introduzir uma estrutura de volatilidade estoc´astica com choques correlacionados. Finalmente, no Cap´ıtulo 5 apresentamos conclus˜oes e propostas de trabalhos futuros.

Cabe mencionar que todas as implement¸c˜oes computacionais feitas nesta tese foram programadas no programa R (Team, 2011). Tais implementa¸c˜oes foram feitas com o objetivo de ilustrar os algoritmos propostos. Logo, apesar do esfor¸co em programar da maneira mais eficiente poss´ıvel, as rotinas n˜ao foram programadas de forma ´otima, n˜ao permitindo compara¸c˜oes precisas entre tempos computacionais dos algoritmos.

(21)

Cap´ıtulo 2

Modelos DSGE

Um modelo DSGE ´e composto dos seguintes agentes: uma firma que produz um bem final, um n´umero cont´ınuo de bens intermedi´arios produzidos por outras firmas que atuam como monopolistas, uma fam´ılia representativa e o governo que faz o papel de autoridade fiscal e monet´aria.

Para descrever o modelo ´e necess´ario especificar explicitamente o ambiente: pre-ferˆencias, tecnologia, recursos e informa¸c˜ao. Al´em disto, precisamos estabelecer o objeto de estudo. Diferentes alternativas est˜ao dispon´ıveis:

1. O problema do planejador social. ´E quando supomos que temos um s´o agente que toma as decis˜oes numa economia. Temos como exemplo o problema do consumidor, ou o problema da firma.

2. O equil´ıbrio competitivo. ´E quando supomos que todos os agentes participam no mercado para definir um equil´ıbrio, isto ´e, as fam´ılias, firmas e o governo.

3. A teoria de jogos. Quando olhamos a economia como um jogo e os agentes como jogadores.

Uma vez definido o objeto de estudo, precisamos resolver o modelo. Estes modelos DSGE tipicamente incluem trˆes componentes: a caracteriza¸c˜ao do ambiente onde o to-mador de decis˜oes est´a, o conjunto de regras de decis˜oes que ditam seu comportamento e a caracteriza¸c˜ao da incerteza na qual se tem que enfrentar na tomada de decis˜oes.

(22)

Coletivamente, estes componentes tomam a forma de um sistema n˜ao linear de equa¸c˜oes a diferen¸ca envolvendo esperan¸cas. Tais sistemas n˜ao tˆem solu¸c˜ao anal´ıtica fechada em an´alises emp´ıricas, mas podem ser convertidos num sistema implement´avel atrav´es da finaliza¸c˜ao de um processo geral de passos, que ser´a detalhado neste cap´ıtulo.

O primeiro passo consiste na constru¸c˜ao de uma aproxima¸c˜ao linear do modelo. As equa¸c˜oes n˜ao lineares do modelo podem ser aproximadas linearmente via expans˜oes em s´erie de Taylor, ficando em fun¸c˜ao das equa¸c˜oes a diferen¸ca envolvendo esperan¸cas. O segundo passo consiste em resolver o sistema resultante de aproxima¸c˜oes lineares. A solu¸c˜ao ´e escrita em termos das vari´aveis expressas como desvios de seus valores em estado est´avel, pronto para ser implementado. O ´ultimo passo consiste no processo de estima¸c˜ao. Neste ponto, o sistema pode ser escrito como modelo em espa¸co de estado: se assumirmos que os choques que afetam o sistema tˆem distribui¸c˜ao normal, a verossimilhan¸ca do modelo pode ser encontrada por filtro de Kalman e os parˆametros do sistema podem ser estimados.

Nas se¸c˜oes seguintes, para poder exemplificar a metodologia, nos concentraremos no problema do planejador social, especificamente no problema do consumidor, e ilustrare-mos as ferramentas necess´arias para reescrever o problema como um modelo de espa¸co de estado, para logo depois estimar os parˆametros do modelo.

2.1

O problema do consumidor

Para ilustrar a metodologia usada para resolver os modelos DSGE, considere o seguinte problema que representa o modelo de crescimento neocl´assico estoc´astico. Suponha que existe um agente representativo na economia, cujo objetivo ´e maximizar em {ct, kt+1}∞t=1 sua fun¸c˜ao de utilidade esperada e descontada:

m´ax E0 ∞ X

t=1

βtu(ct), (2.1)

onde ct´e seu consumo, kt o capital, E0 = E[.|I0] ´e o operador de esperan¸ca, condicional sob a informa¸c˜ao dispon´ıvel no tempo 0, I0; β ∈ (0, 1) ´e o fator de desconto. A fun¸c˜ao de utilidade u ´e uma fun¸c˜ao limitada, duas vezes diferenci´avel, estritamente crescente e

(23)

estritamente cˆoncava em todos os seus argumentos. A maximiza¸c˜ao de (2.1) est´a sujeita as seguintes restri¸c˜oes:

i. fun¸c˜ao de produ¸c˜ao: yt = eztf (kt);

ii. capital: kt+1 = it+ (1 − δ)ktonde it´e o investimento e δ ´e a deprecia¸c˜ao do capital;

iii. choque tecnol´ogico: zt= ρzt−1+ t com t ∼ N (0, σ2), onde ρ ∈ (0, 1); e

iv. al´em disto, a economia satisfaz a restri¸c˜ao de compensa¸c˜ao do mercado: ct+it = yt.

onde f deve ser uma fun¸c˜ao cont´ınua duas vezes diferenci´avel, estritamente crescente e cˆoncava em kt. Suponhamos os valores iniciais k0 e z0 como dados no tempo 0 e denotaremos o vetor de parˆametros por θ que consiste de todas aquelas vari´aveis que n˜ao dependem do tempo: θ = (β, δ, ρ, σ)0.

2.1.1

Vari´

aveis de estado e de controle

Pode ser de grande ajuda separar o conjunto de vari´aveis que dependem do tempo. Elas s˜ao separadas em dois conjuntos: vari´aveis de estado e vari´aveis de controle. Num per´ıodo t, as vari´aveis de estado s˜ao aquelas cujos valores s˜ao determinados por nossas a¸c˜oes no passado ou por algum outro processo, tal como a natureza. As vari´aveis de controle s˜ao aquelas vari´aveis cujos valores s˜ao escolhidos explicitamente com o objetivo de maximizar alguma fun¸c˜ao objetivo. Frequentemente, o agente tem a liberdade de decidir quais vari´aveis ser˜ao de estado e quais de controle.

Em nosso exemplo (2.1), o capital kt ´e uma vari´avel de estado predeterminada e conhecida. Note tamb´em que zt ´e uma vari´avel de estado, representando um choque externo que n˜ao pode ser controlado pelo agente. Usualmente kt ´e chamada de vari´avel end´ogena ou predeterminada e zt ´e chamada de vari´avel ex´ogena.

Existem muitas maneiras de escolher a vari´avel de controle. Por exemplo, o consumo ct pode ser a vari´avel de controle. Uma vez escolhida no per´ıodo t, a quarta restri¸c˜ao determina o investimento it, pois yt ´e uma vari´avel observ´avel, e a segunda restri¸c˜ao determina o capital no tempo t + 1, kt+1.

(24)

Outra alternativa seria escolher a quantidade de capital que estar´a dispon´ıvel no tempo t + 1, kt+1 como vari´avel de controle. Neste caso, combinando com a primeira, segunda e quarta restri¸c˜ao o consumo pode ser escrito como:

ct = eztf (kt) + (1 − δ)kt− kt+1. Substituindo na fun¸c˜ao objetivo obtemos a utilidade esperada

m´ax E0 ∞ X t=1 βtu(eztf (k t) + (1 − δ)kt− kt+1).

Neste caso, kt+1´e nossa vari´avel de controle no tempo t. Outra forma seria escolher ct e kt+1 como vari´aveis de controle: neste caso ter´ıamos um vetor de controle, portanto, o problema ficaria formulado da mesma forma como foi dado em (2.1). Levando em conta que temos duas vari´aveis de estado [kt, zt]0 e duas vari´aveis de controle [ct, kt+1]0, esta ser´a a abordagem usada nas proximas se¸c˜oes.

Em resumo, em nosso exemplo (2.1), temos duas var´aveis de estado: kt, zt; duas vari´aveis de controle: ct, kt+1; uma vari´avel observ´avel: yt; e um conjunto de parˆametros: θ = (β, δ, ρ, σ), onde este conjunto θ pode aumentar conforme tornamos o modelo (2.1) mais complexo, por exemplo: se definimos f (kt) = kαt, α ∈ (0, 1), ent˜ao α passa a ser um parˆametro.

Uma vez definidas as vari´aveis de estado e controle, o procedimento para resolver o problema do consumidor, ´e o seguinte:

1. Encontrar as equa¸c˜oes que caracterizam o equil´ıbrio, isto ´e, restri¸c˜oes, condi¸c˜oes de primeiro ordem, etc;

2. Encontrar o estado est´avel das vari´aveis de estado e controle;

3. Log-linearizar as equa¸c˜oes que caracterizam o equil´ıbrio do sistema para fazer as equa¸c˜oes aproximadamente lineares com respeito aos log-desvios do estado est´avel;

4. Resolver recursivamente as equa¸c˜oes de equil´ıbrio e restri¸c˜oes com algum m´etodo de esperan¸cas racionais;

(25)

6. Finalmente, implementar algum algoritmo de estima¸c˜ao para os parˆametros θ.

Nas se¸c˜oes seguintes explicaremos com mais detalhes cada um dos passos descritos acima.

2.2

Equa¸

oes de equil´ıbrio

Para encontrar as equa¸c˜oes que caracterizam o equil´ıbrio, precisamos encontrar as equa¸c˜oes de primeira ordem. ´E preciso utilizar t´ecnicas de programa¸c˜ao dinˆamica para encontrar a solu¸c˜ao (para um tratamento mais profundo ver o Apˆendice A, ou, se preferir uma an´alise mais rigorosa ainda, ver o livro de Stokey e Lucas (1989)). Temos que formular o La-grangiano L e calcular as condi¸c˜oes necess´arias de otimalidade com respeito as vari´aveis de controle ct, kt+1 e os multiplicadores de Lagrange λt para cada tempo t, portanto, o problema consiste em maximizar em {ct, kt+1, λt}∞t=1 o Lagrangiano;

m´ax E0 ∞ X

t=1

βt[u(ct) − λt(ct+ kt+1− eztf (kt) − (1 − δ)kt)]. (2.2) Notemos que maximizar o valor esperado no tempo presente de uma vari´avel futura ´e equivalente a uma maximiza¸c˜ao sequencial (Soyer e Tanyeri, 2006), assim, se L(.) ´e nossa fun¸c˜ao de utilidade, ent˜ao:

m´ax E0[L(ct)] = m´ax E0[m´ax E1[. . . m´ax Et[L(ct)] . . .]],

onde Et denota o valor esperado condicional a informa¸c˜ao no tempo t, It, i.´e., Et[.] = E[.|It] com It = {yt, It−1}.

Em nosso exemplo, derivando o Lagrangiano com respeito a λt e as vari´aveis de controle, ct e kt+1 para cada tempo t e igualando a zero, obtemos:

∂L ∂λt : ct+ kt+1− eztf (kt) − (1 − δ)kt = 0, ∂L ∂ct : u0(ct) − λt= 0, ∂L ∂kt+1 : −λt+ βEt[λt+1(ezt+1f0(kt+1) + 1 − δ)] = 0. (2.3)

(26)

A equa¸c˜ao (2.3) ´e menos evidente e merece ser detalhada. Para obter o resultado basta notar que o Lagrangiano em termos dos tempos t e t + 1, se reduz a:

. . . +Etβt[u(ct) − λt(ct+ kt+1− eztf (kt) − (1 − δ)kt)]

. . . +Etβt+1[u(ct+1) − λt+1(ct+1+ kt+2− ezt+1f (kt+1) − (1 − δ)kt+1)] . . . + . . .

Diferenciando com respeito a kt+1 e igualando a zero obtemos (2.3). A esperan¸ca Et permanece, porque a informa¸c˜ao no tempo t+1 n˜ao ´e ainda conhecida no tempo t quando escolhemos kt+1. As condi¸c˜oes de primeira ordem geralmente tamb´em s˜ao conhecidas como as Equa¸c˜oes de Euler. Este sistema pode ser simplificando para obter as equa¸c˜oes de equil´ıbrio: 1 = βEt " u0(ct+1) u0(c t) (ezt+1f0(k t+1) + 1 − δ) # , (2.4) ct+ kt+1 = eztf (kt) + (1 − δ)kt, (2.5) zt = ρzt−1+ t. (2.6)

Excelentes referˆencias sobre como encontrar as equa¸c˜oes de equil´ıbrio para diferentes exemplos de modelos DSGE s˜ao os livros de Canova (2007), DeJong e Dave (2011), McCandless (2008) e o artigo seminal de Uhlig (1999).

2.2.1

Estado est´

avel das vari´

aveis

A economia no estado est´avel ´e um conceito totalmente f´ısico, sendo os componentes f´ısicos restringidos e endogenamente dados. Uma economia pode chegar a um estado est´avel ap´os grandes per´ıodos de expans˜ao ou ap´os per´ıodos de recess˜ao. O objetivo ´e estabelecer isto em uma escala sustent´avel que n˜ao exceda os limites ecol´ogicos. Sup˜oe-se que a economia se estabiliza depois de um tempo muito grande, o que representa que j´a n˜ao se tem mais incerteza nas vari´aveis envolvidas, ou seja, que as vari´aveis depois de um tempo viram constante. Para poder encontrar o estado est´avel das vari´aveis envolvidas no sistema, deve-se supor que o sistema n˜ao tem choques aleat´orios e deve-se encontrar os valores limite das vari´aveis.

(27)

Calculando o estado est´avel das vari´aveis envolvidas no nosso exemplo, suponha σ = 0. Ent˜ao zt = ρzt−1= ρtz0, ∀t, j´a que |ρ| < 1. Tomando limite em t, vemos que zt→ 0 quando t → ∞, o que implica que ezt → 1. Portanto, substituindo nas outras restri¸c˜oes

e equa¸c˜oes de equil´ıbrio, tomando limite, chegamos as express˜oes:

ys = lim t→∞yt = limt→∞e ztf (k t) = f (ks), cs+ ks = f (ks) + (1 − δ)ks. Logo obtemos: cs= f (ks) − δks. E, finalmente, substituindo em (2.4) 1 = βEt " u0(cs) u0(c s) (f0(ks) + 1 − δ)) # .

Que, simplificando, fornece

1 = β(f0(ks) + 1 − δ).

Notemos que a quantidade que est´a dentro de Et n˜ao depende de t.

2.3

Log-lineariza¸

ao

Tratar de resolver modelos com substancial n˜ao linearidade ´e muitas vezes dif´ıcil. As equa¸c˜oes de equil´ıbrio (2.4)-(2.6) s˜ao n˜ao lineares e, muitas vezes, encontrar uma solu¸c˜ao anal´ıtica ´e imposs´ıvel; portanto, aproxima¸c˜oes da solu¸c˜ao s˜ao necess´arias.

Modelos linearizados s˜ao muitas vezes f´aceis de resolver e existem m´etodos muito bem desenvolvidos para resolvˆe-los. O problema ´e converter um modelo n˜ao linear em uma aproxima¸c˜ao linear adequada tal que as solu¸c˜oes da aproxima¸c˜ao linear sejam ´uteis para entender o comportamento do sistema n˜ao linear. Um m´etodo padr˜ao para aproxima¸c˜oes lineares ´e a log-lineariza¸c˜ao do modelo em torno de seu estado est´avel. Esta suposi¸c˜ao vem de que, se o modelo n˜ao est´a t˜ao longe de seu estado est´avel, a vers˜ao linear que resulta se aproxima ao modelo original.

(28)

O princ´ıpio consiste em fazer uso da aproxima¸c˜ao em s´eries de Taylor em torno do estado est´avel das vari´aveis para logo substituir todas as equa¸c˜oes de equil´ıbrio por estas aproxima¸c˜oes, que s˜ao lineares em fun¸c˜ao dos desvios logar´ıtmicos.

Formalmente, seja at a vari´avel de interesse e, as seu estado est´avel, defina ˆat = log at− log as, ou, equivalentemente at = aseˆat. Uma vez feita as sustitui¸c˜oes, faremos uso das seguintes aproxima¸c˜oes (Uhlig, 1999):

eˆat+rˆbt ≈ 1 + ˆa

t+ rˆbt,

ˆ

atˆbt≈ 0.

Estas s˜ao usadas para qualquer vari´avel ˆat e ˆbt log-linearizada. A primeira aproxima¸c˜ao corresponde a uma aproxima¸c˜ao em s´erie de Taylor de primeira ordem da fun¸c˜ao expo-nencial e a segunda aproxima¸c˜ao, partindo do fato de que cada vari´avel com chap´eu ´e uma quantidade perto de zero, portanto o produto delas ´e aproximadamente zero.

Para ilustrar esta t´ecnica, considere a equa¸c˜ao de equil´ıbrio (2.5): ct+kt+1 = eztf (kt)+ (1 − δ)kt. Suponha que a fun¸c˜ao de produ¸c˜ao ´e uma Cobb-Gouglas dependendo s´o do capital, isto ´e: f (kt) = kαt.

Substituindo e fazendo as aproxima¸c˜oes nas vari´aveis log-linearizadas at = aseaˆt ≈ as(1 + ˆat) obtemos para cada vari´avel de interesse:

cseˆct + kse ˆ kt+1 = eztkα se αˆkt+ (1 − δ)k se ˆ kt, cs(1 + ˆct) + ks(1 + ˆkt+1) = ksα(1 + zt+ αˆkt) + (1 − δ)ks(1 + ˆkt).

Da equa¸c˜ao do estado est´avel temos: cs+ ks = ksα + (1 − δ)ks = f (ks) + (1 − δ)ks. Logo, simplificando:

csˆct+ kskˆt+1 = ksα(zt+ αˆkt) + (1 − δ)ksˆkt,

cscˆt+ ksˆkt+1− (αksα+ (1 − δ)ks)ˆkt− kαszt = 0,

onde esta ´ultima equa¸c˜ao ´e linear com respeito as vari´aveis em desvios logar´ıtmicos. Equivalentemente, o mesmo pode ser feito com a outra equa¸c˜ao de equil´ıbrio (2.4). Uma vez que todas as equa¸c˜oes est˜ao log-linearizadas, o seguinte passo ´e resolver as esperan¸cas que possam aparecer no sistema, como ´e descrito na se¸c˜ao seguinte.

(29)

2.4

etodos de solu¸

ao para um sistema log-linearizado

Geralmente, uma vez que o sistema est´a log-linearizado, equa¸c˜oes com esperan¸cas de vari´aveis futuras podem aparecer no sistema; isto ´e, o modelo ´e um sistema de equa¸c˜oes a diferen¸cas lineares envolvendo esperan¸cas. Portanto, precisamos resolver estas esperan¸cas antes de escrever o modelo como uma aproxima¸c˜ao linear do modelo original.

A seguir, mostraremos os m´etodos em sua forma geral. Definiremos ˆxt como o vetor n × 1 composto pelas vari´aveis de estado end´ogenas log-linearizadas no tempo t e as vari´aveis de estado ex´ogenas zt que seguem um processo autorregressivo. Definiremos, tamb´em, por ˆyt o vetor m × 1 composto das vari´aveis de controle log-linearizadas no tempo t e vtvetor nv× 1 dos choques. Pode ser demostrado que, ap´os a log-lineariza¸c˜ao, fazendo-se das aproxima¸c˜oes e simplifica¸c˜oes, o sistema de equa¸c˜oes de equil´ıbrio log-linearizadas pode ser escrito como:

A    ˆ xt+1 Etyˆt+1   = B    ˆ xt ˆ yt   + Cvt+1, (2.7)

onde as matrizes A, B e C s˜ao fun¸c˜oes dos parˆametros θ envolvidos no problema de maximiza¸c˜ao.

De maneira ilustrativa, considere o conjunto de equa¸c˜oes de equil´ıbrio (2.4)-(2.6). Defina a fun¸c˜ao de produ¸c˜ao por f (kt) = ktα e a fun¸c˜ao de utilidade como u(ct) = c1−τt /(1 − τ ), τ ∈ (0, 1), onde τ denota o coeficiente de avers˜ao ao risco. Portanto, se definirmos ˆxt= (ˆkt−1, ˆkt, zt)0, ˆyt = ˆct, vt = t e A =           1 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 α2           , B =           0 1 0 0 0 1 0 0 0 0 ρ 0 0 −α1α3/ks α4 τ + α1cs/ks           , C =           0 0 1 0           com α1 = −βα(α − 1)ksα−1, α2 = βτ (αksα−1 + 1 − δ), α3 = αkαs + ks(1 − δ) e α4 = α1ksα−1 + βαρkα−1s . Conclu´ımos que as equa¸c˜oes de equil´ıbrio (2.4)-(2.6) est˜ao escritas como um sistema log-linearizado da forma (2.7).

(30)

Notemos que o sistema log-linearizado (2.7) possui uma esperan¸ca condicional de uma vari´avel futura e, para escrever o sistema em espa¸co de estado, precisamos resolver esta esperan¸ca. Os m´etodos que resolvem estas esperan¸cas em um sistema log-linearizado s˜ao conhecidos como m´etodos das esperan¸cas racionais.

A seguir, explicaremos trˆes m´etodos para resolver esperan¸cas racionais. Os m´etodos s˜ao: M´etodo de Blanchard-Kahn (Blanchard e Kahn, 1980), M´etodo de Klein (Klein, 2000) e M´etodo dos coeficientes indeterminados (Uhlig, 1999).

2.4.1

etodo de Blanchard-Kahn

Considere o sistema log-linearizado (2.7). Dado que o vetor ˆxtcont´em vari´aveis end´ogenas e ex´ogenas, n = ns+ nv e ˆyt ´e de dimens˜ao m × 1. O total de equa¸c˜oes ´e n + m. A e B s˜ao matrizes de (n + m) × (n + m). C ´e uma matriz de (n + m) × nv. Et ´e o operador de esperan¸ca condicional com informa¸c˜ao at´e o per´ıodo t.

Para resolver o sistema, supondo que A ´e n˜ao singular, multiplicamos na esquerda por A−1. No caso que a matriz A seja singular, outros m´etodos ser˜ao discutidos posteri-ormente. Assuma que A ´e n˜ao singular. Depois de multiplicar por A−1, obtemos:

   ˆ xt+1 Etyˆt+1   = A −1 B    ˆ xt ˆ yt   + A −1 Cvt+1. (2.8)

Para simplificar nota¸c˜ao redefinamos as matrizes:

   ˆ xt+1 Etyˆt+1   = F    ˆ xt ˆ yt   + Gvt+1. (2.9)

F ´e uma matriz de (n + m) × (n + m) e G ´e uma matriz de (n + m) × nv.

Aplicando a decomposi¸c˜ao espectral (decomposi¸c˜ao de Jordan) para a matriz F ob-temos: F = HJ H−1 = [d1 d2 . . . dn+m]           λ1 0 0 0 0 λ2 0 0 0 0 . .. 0 0 0 0 λn+m           [d1 d2 . . . dn+m]−1, (2.10)

(31)

onde {λi}n+mi=1 s˜ao os autovalores e os vetores colunas {di}n+mi=1 s˜ao os autovetores associ-ados a F . {λi}n+mi=1 s˜ao ordenados tal que:

|λ1| < |λ2| < . . . < |λn+m|.

Seja h o n´umero de autovalores fora do c´ırculo unit´ario. Ent˜ao pode-se estabelecer a condi¸c˜ao de Blanchard-Kahn.

Condi¸c˜ao de Blanchard-Kahn

(i) Se h = m, a solu¸c˜ao do sistema ´e ´unica. (ii) Se h > m, ent˜ao n˜ao existe solu¸c˜ao do sistema. (iii) Se h < m, existem infinitas solu¸c˜oes.

Assuma que temos uma ´unica solu¸c˜ao do sistema (h = m). Seja a parti¸c˜ao da matriz J tal que a parte superior esquerda contenha somente os autovalores que pertencem ao circulo unit´ario, seja G tamb´em particionado de acorde. Portanto, obtemos:

   ˆ xt+1 Etyˆt+1   = H    J1 0 0 J2   H −1    ˆ xt ˆ yt   +    G1 G2   vt+1. (2.11)

Multiplicando a esquerda, por H−1 temos:

H−1    ˆ xt+1 Etyˆt+1   =    J1 0 0 J2   H −1    ˆ xt ˆ yt   + H −1    G1 G2   vt+1. (2.12)

Particionamos as matrizes H e H−1 como segue:

H =    H11 H12 H21 H22   , H −1 =    ˆ H11 Hˆ12 ˆ H21 Hˆ22   .

Para simplificar nota¸c˜ao, defina:

   ˜ xt ˜ yt   = H −1    ˆ xt ˆ yt    e    ˜ G1 ˜ G2   = H −1    G1 G2   .

Usando a nova nota¸c˜ao, (2.12) fica:

   ˜ xt+1 Ety˜t+1   =    J1 0 0 J2       ˜ xt ˜ yt   +    ˜ G1 ˜ G2   vt+1. (2.13)

Notemos duas coisas: primeiro, que como J ´e matriz diagonal, podemos separar a parte de cima e de baixo; segundo, dado que reordenamos os autovetores, as equa¸c˜oes associadas

(32)

com as primeiras n linhas s˜ao est´aveis (correspondente aos autovalores que est˜ao no c´ırculo unit´ario) e as demais equa¸c˜oes correspondem a solu¸c˜oes n˜ao est´aveis. Olhando a parte n˜ao est´avel do sistema:

Ety˜t+1 = J2y˜t+ ˜G2vt+1. (2.14)

Resolvendo para ˜yt temos:

˜

yt= J2−1Ety˜t+1− J2−1G˜2vt+1. (2.15) A mesma equa¸c˜ao um per´ıodo na frente:

˜

yt+1= J2−1Ety˜t+2− J2−1G˜2vt+2. (2.16) Substituindo na equa¸c˜ao (2.14), onde J2−2 = (J2−1)2, segue:

˜

yt= J2−2Ety˜t+2− J2−2EtG˜2vt+2− J2−1G˜2vt+1. (2.17) Mantendo estas itera¸c˜oes sucessivamente obtemos:

˜

yt= −J2−1G˜2vt+1− J2−2EtG˜2vt+2− J2−3EtG˜2vt+3− . . . (2.18) Em muitos casos temos, Et[vt+1] = Et[vt+2] = . . . = 0. Portanto, a ´ultima equa¸c˜ao pode ser simplificada como:

˜

yt = −J2−1G˜2vt+1. (2.19)

Substituindo na f´ormula para ˜yt obtemos:

ˆ

H21xˆt+ ˆH22yˆt= −J2−1[ ˆH21G1 + ˆH22G2]vt+1. (2.20)

Que resulta em:

ˆ

yt= − ˆH22−1Hˆ21xˆt− ˆH22−1J −1

2 [ ˆH21G1+ ˆH22G2]vt+1. (2.21) Esta equa¸c˜ao (2.21) fornece uma regra de decis˜ao ´otima (mapeia de ˆxt e vt+1 em ˆyt). Uma vez que temos uma fun¸c˜ao de ˆxt e vt+1 em ˆyt, podemos usar a lei de movimento de ˆ

xt+1:

ˆ

xt+1 = F11xˆt+ F12yˆt+ Gvt+1, (2.22)

para obter ˆxt+1 de ˆxt, vt+1 e ˆyt. Se queremos obter a lei de movimento de ˆxt+1 como um mapeamento de ˆxt e vt+1, podemos substituir:

ˆ

xt+1 = [F11− F12Hˆ22−1Hˆ21]ˆxt+ [G − ˆH22−1J −1

(33)

2.4.2

etodo de Klein

Considere novamente o sistema definido em (2.7):

A    ˆ xt+1 Etyˆt+1   = B    ˆ xt ˆ yt   + Cvt+1.

O m´etodo de Klein (Klein, 2000) faz uso da decomposi¸c˜ao complexa generalizada de Schur. Notemos que A pode ser matriz singular, o que identifica matrizes unit´arias Q e Z tal que:

QAZ = S, QBZ = T.

Ambas S e T s˜ao matrizes triangulares superiores, onde os autovalores generalizados de A e B podem ser recuperados a partir dos elementos da diagonal de S e T :

λ(A, B) = {tii/sii|i = 1, 2, . . . , n + m}.

As matrizes Q, Z, S e T podem ser sempre arranjadas tal que os autovalores generalizados fiquem em ordem ascendente. Se o n´umero de vari´aveis predeterminadas ou de estado coincide com o n´umero de autovalores que pertencem ao circulo unit´ario, significa que o sistema tem solu¸c˜ao ´unica (condi¸c˜ao de Blanchard-Kahn). Assuma que se cumpre esta condi¸c˜ao, particionemos as matrizes Q, Z, S e T , tal que:

Q =    Q1 Q2   , Z =    Z11 Z12 Z21 Z22   , S =    S11 S12 0 S22   , T =    T11 T12 0 T22   . Defina:    ˜ xt ˜ yt   = Z 0    ˆ xt ˆ yt   .

Dado que Z ´e unit´aria, Z0Z = I ou Z0 = Z−1 e portanto:

   ˆ xt ˆ yt   = Z    ˜ xt ˜ yt   .

Usando este fato podemos reescrever (2.7) como:

AZ    ˜ xt+1 Ety˜t+1   = BZ    ˜ xt ˜ yt   + Cvt+1.

(34)

Pr´e-multiplicando por Q obtemos: S    ˜ xt+1 Ety˜t+1   = T    ˜ xt ˜ yt   + QCvt+1,

ou, em termos da parti¸c˜ao matricial:

S11x˜t+1+ S12Ety˜t+1 = T11x˜t+ T12y˜t+ Q1Cvt+1, (2.24)

e

S22Ety˜t+1= T22y˜t+ Q2Cvt+1. (2.25)

Notemos que a equa¸c˜ao (2.25) tem a mesma forma que a equa¸c˜ao (2.14), portanto, a partir daqui, se pode proceder a resolver o sistema da mesma forma como foi apresentado no m´etodo de Blanchard-Kahn.

2.4.3

etodo dos coeficientes indeterminados

Para poder encontrar a solu¸c˜ao geral usando o m´etodo dos coeficientes indeterminados (Uhlig, 1999), precisamos que nosso sistema linearizado tenha a seguinte representa¸c˜ao matricial:

0 = Aˆkt+1+ Bˆkt+ C ˆyt+ Dzt, (2.26)

0 = Et[F ˆkt+2+ Gˆkt+1+ H ˆkt+ J ˆyt+1+ K ˆyt+ Lzt+1+ M zt], (2.27)

zt+1 = N zt+ vt+1, Et(vt+1) = 0, (2.28)

ˆ

kt ´e o vetor de vari´aveis de estado end´ogenas (ns × 1), ˆyt ´e um vetor de vari´aveis de controle (m × 1) e zt ´e um vetor de vari´aveis de estado ex´ogenas (nv × 1). vt+1 ´e um vetor de choques (nv × 1). C ´e de tamanho ns× ns. F ´e de tamanho m × ns e N tem s´o autovalores est´aveis. Pode ser demostrado que o sistema (2.7) pode ser escrito como o conjunto de equa¸c˜oes acima, fazendo v´arias manipula¸c˜oes alg´ebricas e rearranjando termos onde v´arios dos coeficientes podem ser identicamente a matriz zero. Portanto, pode ser detalhado o caso geral.

A regra de decis˜ao ´otima pode ser expressada como segue:

ˆ

kt+1 = P ˆkt+ Qzt, (2.29)

ˆ

(35)

Substituimos (2.29) e (2.30) nas equa¸c˜oes (2.26) e (2.27):

0 = A(P ˆkt+ Qzt) + Bˆkt+ C(Rˆkt+ Szt) + Dzt,

0 = Et[F (P (P ˆkt+ Qzt) + Q(N zt+ vt+1)) + G(P ˆkt+ Qzt) + H ˆkt

+J (R(P ˆkt+ Qzt) + S(N zt+ vt+1)) + K(Rˆkt+ Szt) + L(N zt+ vt+1) + M zt].

Usando o fato que Et[vt+1] = 0:

0 = (AP + B + CR)ˆkt+ (AQ + CS + D)zt,

0 = (F P2+ GP + H + J RP + KR)ˆkt

+(F P Q + F QN + GQ + J RQ + J SN + KS + LN + M )zt.

Dado que as duas equa¸c˜oes tˆem que se satisfazer para qualquer ˆkt e zt, implica que:

0 = AP + B + CR, (2.31)

0 = AQ + CS + D, (2.32)

0 = F P2+ GP + H + J RP + KR, (2.33)

0 = F P Q + F QN + GQ + J RQ + J SN + KS + LN + M. (2.34)

Note que (2.31) e (2.33) contˆem s´o P e R. Resolvendo (2.31) para R e substituindo em (2.33) obtemos:

F P2+ GP + H + J (−C−1AP − C−1B)P + K(−C−1AP − C−1B) = 0.

Reescrevendo:

(F − J C−1A)P2− (JC−1B + KC−1A − G)P − (KC−1B − H) = 0. (2.35) Para simplificar nota¸c˜ao, expressemos (2.35) como segue:

ΨP2− ΓP − Θ = 0. (2.36)

onde Ψ = F − J C−1A, Γ = J C−1B + KC−1A − G e Θ = KC−1B − H.

Esta ´e uma equa¸c˜ao matricial quadr´atica para P . Para resolver esta equa¸c˜ao ser´a usado o m´etodo do problema do autovalor generalizado (decomposi¸c˜ao QZ). Um atrativo deste m´etodo ´e que n˜ao requer a invertibilidade de Ψ.

(36)

Em geral, suponha que temos duas matrizes do mesmo tamanho X e Y . O pro-blema do autovalor generalizado consiste em encontrar os autovalores λi e autovetores generalizados di que satisfazem:

Xdi = λiY di.

Quando Y = I, voltamos ao problema padr˜ao de autovalores. Definamos as matrizes:

Ξ =    Γ Θ Ins 0ns   , ∆ =    Ψ 0ns 0ns Ins   ,

onde Ins representa a matriz identidade ns× ns e 0ns representa a matriz de zeros ns× ns,

dado que Γ e Ψ s˜ao matrizes ns× ns, Ξ e ∆ s˜ao matrizes 2ns× 2ns. Aplicando o problema do autovalor generalizado para o par de matrizes.

   Γ Θ Ins 0ns       di,1 di,2   = λi    Ψ 0ns 0ns Ins       di,1 di,2   .

Se separamos a parte de cima e de baixo da equa¸c˜ao obtemos:

Γdi,1+ Θdi,2 = λiΨdi,1,

di,1 = λidi,2.

A segunda equa¸c˜ao pode ser substitu´ıda na primeira em di,1. Agora temos s´o uma equa¸c˜ao (redefina di = di,2)

Γλidi+ Θdi = λiΨλidi. (2.37)

Suponha que podemos encontrar ns autovalores correspondente a ns autovetores linear-mente independentes. Teremos, ent˜ao, a contraparte da condi¸c˜ao de Blanchard-Kahn (Uhlig, 1999).

Proposi¸c˜ao: Se todos os ns autovalores pertencem ao circulo unit´ario, a solu¸c˜ao ´e est´avel.

Supondo que a condi¸c˜ao ´e satisfeita. Combinamos (2.37) para todos os i como segue:

(37)

onde Ω ´e uma matriz de ns× ns que cont´em todos os autovetores em cada coluna e Λ ´

e uma matriz diagonal de ns× ns com ns autovalores. Multiplicando (2.38) por Ω−1 na direita, obtemos:

ΨΩΛ2Ω−1− ΓΩΛΩ−1− Θ = 0. (2.39)

Comparando (2.39) com (2.36), a equa¸c˜ao (2.39) implica que P = ΩΛΩ−1. Portanto, uma vez que implementamos a decomposi¸c˜ao generalizada dos autovalores com respeito a Ξ e ∆, obtemos P .

Uma vez P obtida, podemos obter R como:

R = −C−1(AP + B). (2.40)

Da mesma maneira resolvendo para S:

S = −C−1(AQ + D). (2.41)

Substituindo em (2.34):

(F P +G+J R−KC−1A)Q+(F −J C−1A)QN −J C−1DN −KC−1D+LN +M = 0. (2.42)

Esta equa¸c˜ao contem s´o Q como desconhecida, mas n˜ao ´e trivial, j´a que Q est´a embutida em alguns termos. Neste caso, pode ser usada a vetoriza¸c˜ao.

vec(AXB) = (B0⊗ A)vec(X). Aplicando a vetoriza¸c˜ao a (2.42) obtemos:

vec(Q) = (I ⊗ (F P + G + J R − KC−1A) + (N0⊗ (F − JC−1A)))−1

∗ vec(J C−1DN + KC−1D − LN − M ). (2.43)

Uma vez que Q ´e obtida, podemos calcular S. Portanto o sistema (2.29) pode ser resol-vido.

2.5

Representa¸

ao em espa¸

co de estado

Uma vez que ´e aplicado qualquer um dos trˆes m´etodos descritos anteriormente, o sistema pode ser escrito como um modelo em espa¸co de estados. Lembremos que o vetor ˆxt

(38)

esta composto de vari´aveis end´ogenas ˆkt e ex´ogenas zt, i.e. ˆxt = (ˆkt, zt) e ˆyt ´e o vetor de vari´aveis de controle, defina o vetor St = (ˆyt−1, ˆkt, zt), portanto podemos escrever o sistema como:

St+1 = GSt+ F vt+1,

onde as matrizes G e F est˜ao compostas pelas matrizes definidas nos m´etodos anteriores que dependem dos parˆametros. As matrizes G e F geralmente tem a seguinte forma:

G =        0 Gyk Gyz 0 Gkk Gkz 0 0 N        e F =        0 0 I        ,

onde as matrizes Gij, i, j = y, k, z, s˜ao fun¸c˜oes dos parˆametros. Certas vari´aveis contidas em St s˜ao observ´aveis e outras n˜ao. Seja Yt = (Y1t, . . . , Yrt) o conjunto de vari´aveis observ´aveis num per´ıodo t. Portanto, o modelo em espa¸co de estado tem a forma:

Yt = a + HSt, (2.44)

St+1 = GSt+ F vt+1, (2.45)

onde a e H s˜ao matrizes de constantes conhecidas ou fun¸c˜oes dos parˆametros. Notemos a ausˆencia de erros nas medidas, dado que zt, o vetor de estado St, ´e parcialmente determin´ıstico.

Note que a evolu¸c˜ao do processo para as inova¸c˜oes zt permanece isolado na equa¸c˜ao (2.45), j´a que ele foi definido como um processo VAR (do inglˆes, Vector Autoregressive) estacion´ario

zt+1 = N zt+ vt+1,

onde, por simplicidade, N foi assumido matriz diagonal e vt+1 ∼ N (0, Σ) uma distribui¸c˜ao normal multivariada com matriz de dispers˜ao diagonal Σ = diag(σ21, . . . , σ2nv).

2.6

Estima¸

ao dos parˆ

ametros do modelo

Dado que o sistema acima est´a escrito em espa¸co de estado e s˜ao assumidos choques nor-mais na equa¸c˜ao (2.45), podemos usar o filtro de Kalman para avaliar a verossimilhan¸ca

(39)

condicionada aos parˆametros θ. Para maior detalhe de como ´e feita a aproxima¸c˜ao da verossimilhan¸ca, ver Apˆendice C ou Fernandez-Villaverde e Rubio-Ramirez (2005). Logo depois, estamos prontos para incorporar esta verossimilhan¸ca que denotamos por pF K(Y1, . . . , Yn|θ) num processo de estima¸c˜ao.

Em uma abordagem bayesiana, a principal ferramenta de inferˆencia ´e a distribui¸c˜ao a posteriori dos parˆametros condicionada nas observa¸c˜oes, p(θ|Y1, . . . , Yn). A densidade a posteriori ´e proporcional ao produto da verossimilhan¸ca e uma distribui¸c˜ao a priori. Portanto, precisamos especificar a priori dos parˆametros, p(θ), e avaliar a fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca.

Em muitos casos, a distribui¸c˜ao a posteriori dos parˆametros n˜ao tem a forma de uma distribui¸c˜ao conhecida, portanto, m´etodos de simula¸c˜ao estoc´astica s˜ao usados. O algoritmo de Metropolis-Hastings ´e o mais utilizado. O algoritmo para simular cadeias {θi}Mi=1 de p(θ|Y1, . . . , Yn) ´e o seguinte:

Passo 0, Inicializa¸c˜ao: Seja i = 0 e um valor inicial θi. Avalie o modelo em espa¸co de estados por algum m´etodo de esperan¸cas racionais e avalie p(θi) e pF K(Y1, . . . , Yn|θi). Coloque i = i + 1.

Passo 1, Amostrar uma proposta: Obtenha uma proposta θip = θi−1 + i, onde i ∼ N (0, Σp).

Passo 2, Resolvendo o modelo: Resolva o modelo para θip, i.´e., avaliar o modelo em espa¸co de estados por algum m´etodo de esperan¸cas racionais.

Passo 3, Avaliando a proposta: Avalie p(θip) e pF K(Y1, . . . , Yn|θpi). Passo 4, Aceita¸c˜ao/Rejei¸c˜ao: Amostre χi ∼ U (0, 1). Se χi ≤

p(θpi)pF K(Y1,...,Yn|θip)

p(θi−1)pF K(Y1,...,Yn|θi−1)

ent˜ao fa¸ca θi = θip em caso contr´ario, fa¸ca θi = θi−1. Se i < M , ent˜ao fa¸ca i = i + 1 e v´a pra o passo 1. Do contr´ario, termine.

Cabe notar que no passo 2, quando resolvemos o modelo para a proposta θip, este ´e resolvido por um m´etodo de esperan¸cas racionais, como os que foram descritos na se¸c˜ao 2.4, e no Apˆendice B ´e descrito detalhadamente o m´etodo de Klein para uma aplica¸c˜ao real que ser´a dada no cap´ıtulo 3.

(40)

Uma vez obtido {θi}Mi=1, qualquer momento pode ser calculado atrav´es de p(θ|Y1, . . . , Yn). Para ver a convergˆencia do algoritmo ´e preciso o uso de diagn´osticos de convergˆencia. Na pr´atica, ´e extremamente importante ajustar a variˆancia das inova¸c˜oes da densidade proposta para obter uma taxa de aceita¸c˜ao apropriada. Se a taxa ´e baixa demais, a ca-deia pode n˜ao visitar regi˜oes da distribui¸c˜ao a posteriori. Se a taxa de aceita¸c˜ao ´e alta, a cadeia n˜ao permanece o tempo suficiente nas regi˜oes de alta probabilidade. Na literatura ´

e sugerido uma taxa de aceita¸c˜ao entre o 20% e 40% para obter uma boa convergˆencia.

2.7

Considera¸

oes finais

Neste cap´ıtulo foi detalhado como ´e resolvido um modelo DSGE desde a formula¸c˜ao como um problema de maximiza¸c˜ao da utilidade esperada at´e a estima¸c˜ao dos parˆametros en-volvidos. Notemos que em todo o processo de resolu¸c˜ao foi suposto normalidade nos choques. Nos cap´ıtulos seguintes, exploraremos outras alternativas para a distribui¸c˜ao dos choques; por exemplo, Chib e Ramamurthy (2014) consideram erros t-Student inde-pendentes e Fernandez-Villaverde et al. (2015) analisam modelos DSGE com estrutura de volatilidade estoc´astica independente.

Nos cap´ıtulos subsequentes pretendemos generalizar estas abordagens. No cap´ıtulo 3, estudamos modelos DSGE log-linearizados escritos em espa¸co de estado com estru-turas t-Student multivariadas e correlacionadas e introduzimos a distribui¸c˜ao t-Student generalizada. E, no cap´ıtulo 4, estendemos estes modelos para introduzir volatilidade estoc´astica dependente entre os choques.

(41)

Cap´ıtulo 3

DSGE com variˆ

ancia n˜

ao

estruturada

No Cap´ıtulo 2 foi discutido como todo modelo DSGE, quando ´e formulado como um problema de maximiza¸c˜ao da utilidade esperada, pode ser escrito como equa¸c˜oes de espa¸co de estados. Para isso, ´e necess´ario encontrar as equa¸c˜oes de equil´ıbrio, estado est´avel, log-lineariza¸c˜ao e resolu¸c˜ao das esperan¸cas racionais. Ap´os obter as equa¸c˜oes de espa¸co de estados, pode-se aplicar o filtro de Kalman e aproximar a verossimilhan¸ca condicionada aos parˆametros para finalmente estimar os parˆametros.

Em todo esse processo geralmente sup˜oe-se normalidade entre os choques envolvi-dos, e, portanto, o filtro de Kalman pode ser aplicado quando escreve-se o sistema como espa¸co de estado. No entanto, uma pergunta natural surge: por que n˜ao supor que os cho-ques seguem alguma outra distribui¸c˜ao, como sugerem alguns artigos que estudam esta quest˜ao, Chib e Ramamurthy (2014) e Curdia et al. (2014), que consideram distribui¸c˜oes t-Student independentes para os choques?

O prop´osito deste cap´ıtulo ´e estender o modelo, considerando uma distribui¸c˜ao t-Student multivariada com correla¸c˜ao entre os choques e, tamb´em, a distribui¸c˜ao t-Student generalizada entre os choques.

(42)

3.1

Modelo DSGE com distribui¸

ao t-Student

No cap´ıtulo 2 foi mostrado que todo modelo DSGE pode ser representado em espa¸co de estado (2.44)-(2.45) como:

Yt = a + HSt, t ≤ n, (3.1)

St+1 = GSt+ F vt+1, t ≤ n, (3.2)

onde Yt ´e o vetor de observa¸c˜oes e St ´e o vetor de estado definido como St= (ˆyt−1, ˆkt, zt), onde ˆkt representa as vari´aveis end´ogenas, zt as vari´aveis ex´ogenas e ˆyt as vari´aveis de controle. As vari´aveis ex´ogenas zt: q×1 s´ao definidas como um processo VAR estacion´ario com matriz diagonal N :

zt= N zt−1+ vt.

Muitos autores consideram vt ∼ N (0, Σ) uma distribui¸c˜ao normal multivariada com matriz de dispers˜ao diagonal Σ = diag(σ2

1, . . . , σq2). O artigo de Chib e Ramamurthy (2014) assume uma distribui¸c˜ao t-Student para vt, tal que Σ, uma matriz diagonal, cada elemento vjt de vt est´a definido como uma mistura de normais introduzindo as vari´aveis λjt, de forma que:

vjt = λ −1/2

jt j, λjt ∼ Ga(νj/2, νj/2), j ≤ q, t ≤ n,

onde j ∼ N (0, σ2j). Quando integramos λjt obtemos a distribui¸c˜ao t-Student, dado que Σ ´e diagonal e os componentes s˜ao n˜ao correlacionados. Note que, dadas as vari´aveis de mistura, λjt; zjt|zjt−1, λjt ´e gaussiano.

3.1.1

Modelo t-Student multivariado

Em algumas aplica¸c˜oes, a matriz de covariˆancias diagonal nos choques n˜ao ´e suficiente para explicar o comportamento das vari´aveis j´a que a dependˆencia entre choques n˜ao est´a sendo capturada. Portanto, nossa abordagem consiste em usar uma distribui¸c˜ao t-Student para vt, assumindo Σ n˜ao diagonal e considerando a mistura normal-gama (Bernardo e Smith, 1994).

(43)

Note que num contexto bayesiano ´e preciso especificar uma distribui¸c˜ao a priori para Σ. Nesta tese usaremos a decomposi¸c˜ao proposta por Barnard et al. (2000), considerando a matriz de covariˆancia como:

Σ = diag(S) R diag(S),

onde R ´e a matriz de correla¸c˜ao e diag(S) representa uma matriz diagonal cujos elementos s˜ao o vetor de desvios padr˜ao de Σ. ´E razo´avel considerar uma priori independente para S e R, isto ´e:

p(S, R) = p(S)p(R).

Esta decomposi¸c˜ao nos permite tratar o desvio padr˜ao e a correla¸c˜ao separadamente, ao inv´es de usar diretamente uma priori para a matriz de covariˆancias Σ. A priori que ser´a usada para R tem distribui¸c˜ao uniforme, isto ´e, p(R) ∝ 1. Note que esta priori conjunta n˜ao implica necessariamente em uma priori uniforme marginal para cada componente de R, devido `a restri¸c˜ao de que R tem que ser positiva definida. Para o vetor de desvios padr˜ao S = (σ1, . . . , σq)0 atribu´ımos uma priori Gama Inversa para cada σj, j ≤ q dada por:

σj ∼ GI(0, 001 ; 0, 001), j = 1, . . . , q.

Se consideramos os graus de liberdade como desconhecidos, daremos uma priori indepen-dente para ν proposta por Fonseca et al. (2008):

p(ν) ∝  ν ν + 3 1/2( ϑ0(ν/2) − ϑ0((ν + 1)/2) − 2(ν + 3) ν(ν + 1) )1/2 , (3.3)

onde ϑ(a) = d logΓ(a)/da e ϑ0(a) = d{ϑ(a)}/da s˜ao as fun¸c˜oes digama e trigama, respectivamente.

3.1.2

Modelo t-Student generalizado

Ao inv´es de usar uma ´unica vari´avel misturadora no modelo, nos propomos a usar mais de uma vari´avel misturadora, uma para cada elemento da diagonal na matriz de covariˆancia Σ. Considere a mistura para vt como:

vt ∼ N (0, Λ 1/2 t ΣΛ 1/2 t ), Λt = diag(λ−11t , . . . , λ −1 qt ), (3.4) λjt ∼ Ga(νj/2, νj/2), j ≤ q, t ≤ n.

(44)

Notemos que Λ1/2t ΣΛ1/2t produz a mesma matriz de correla¸c˜ao que Σ, mas a mistura de vari´aveis por componente pode ser ´util para detectar quebras estruturais na equa¸c˜ao de estado. Al´em disso, note que, quando Σ ´e diagonal, o modelo geral ´e reduzido a distribui¸c˜oes t-Student independentes univariadas com diferentes graus de liberdade.

A seguir formulamos um lema que diz como esta transforma¸c˜ao preserva a correla¸c˜ao entre as vari´aveis.

Lema: Seja X ∼ N (0, Σ) e Y = Λ1/2X com Λ1/2 = diag(λ−1/21 , . . . , λ−1/2q ). Portanto, a matriz de correla¸c˜ao de Y ´e a mesma que a matriz de correla¸c˜ao de X.

Prova: ´E s´o notar que:

var(Y ) = Λ1/2 var(X) Λ1/2= Λ1/2diag(S) R diag(S)Λ1/2 = diag(S) R diag(S)

onde S∗ = (λ−1/21 σ1, . . . , λ−1/2q σq), o que implica que a matriz de correla¸c˜ao R coincide para ambas vari´aveis.

3.2

Estima¸

ao dos parˆ

ametros

Suponha o modelo escrito em espa¸co de estado da forma que foi dada em (3.1)-(3.2), onde Yt denota as observa¸c˜oes, St os estados, vt o vetor de choques e as matrizes H, G e F dependem dos parˆametros θ. Seja p(θ) a distribui¸c˜ao a priori dos parˆametros, e p(Y1:n|θ) a distribui¸c˜ao amostral dos dados condicionado a θ. Nosso interesse est´a na distribui¸c˜ao a posteriori:

p(θ|Y1:n) ∝ p(Y1:n|θ)p(θ). (3.5)

O objetivo, portanto, ´e sumarizar numericamente a posteriori nos baseando nas amos-tras {θi}N

i=1. A seguir, descrevemos o algoritmo MCMC a ser usado. Note que p(Y1:n|θ) n˜ao ´e f´acil de calcular, ele requer uso de um m´etodo de aproxima¸c˜ao, como ser o filtro de part´ıculas. Mas, condicionada a λt = {λjt}qj=1, p(Y1:n|θ, λ1:n) est´a dispon´ıvel pelo filtro de Kalman. Portanto, a posteriori condicional p(θ|Y1:n, λ1:n) ser´a amostrada por passeio aleat´orio num Metropolis-Hastings. Dada a estrutura gaussiana condicional do sistema, S1:n|λ1:n, θ e λ1:n|S1:n, θ pode ser amostrada diretamente.

(45)

caso t-Student, e vt ∼ N (0, Λ1/2t ΣΛ 1/2 t ), Λt = diag(λ−11t , . . . , λ −1 qt ) λjt ∼ Ga(νj/2, νj/2), j ≤ q, t ≤ n,

no caso da t-Student generalizada.

A distribui¸c˜ao conjunta dos dados e as vari´aveis n˜ao observ´aveis (parˆametros e vari´aveis latentes) est´a dada por:

p(Y1:n|S1:n, θ)p(S1:n|v1:n, θ)p(v1:n|λ1:n, θ)p(λ1:n|ν1:q)p(ν1:q)p(θ), (3.6) onde p(Y1:n|S1:n, θ) e p(S1:n|v1:n, θ) s˜ao obtidas das equa¸c˜oes (3.1)-(3.2), e p(v1:n|λ1:n, θ) se obt´em segundo o caso considerado, no caso da se¸c˜ao 3.1.1 (t-Student multivariada):

p(v1:n|λ1:n, θ) ∝ n Y t=1  λ1/2t |Σ|−1/2exp[− n X t=1 1 2λtv 0 tΣ −1 vt]. (3.7)

No caso da se¸c˜ao 3.1.2 (t-Student generalizada), se obtˆem como:

p(v1:n|λ1:n, θ) ∝ n Y t=1  |Λ1/2t ΣΛ1/2t |−1/2 exp[− n X t=1 1 2v 0 t(Λ 1/2 t ΣΛ 1/2 t )−1vt]. (3.8)

O algoritmo a usar ´e o seguinte:

1. Seja i = 1 e inicialize θ0 e λ0 1:n;

2. Para cada i, escreva o modelo em espa¸co de estado usando algum m´etodo das esperan¸cas racionais;

3. Amostrar θi|Y

1:n, λi−11:n por passeio aleat´orio num Metropolis-Hastings;

4. Amostrar Si

t de St|Yt, θi, λi−1t , para t ≤ n usando o esquema FFBS;

5. Amostrar λit de λjt|Yt, θi, Sti, j ≤ q, t ≤ n segundo o caso da se¸c˜ao 3.1.1 ou da se¸c˜ao 3.1.2;

6. Incrementar i para i + 1 e vai pra o passo 2;

7. Retornar a amostra {θi}M i=1.

(46)

3.2.1

Amostrando os parˆ

ametros θ

Notemos que amostrar de θ pode ser um pouco complicado, j´a que θ est´a composto daqueles parˆametros que aparecem como fun¸c˜ao das matrizes no modelo escrito em espa¸co de estado (3.1)-(3.2), das correla¸c˜oes e os graus de liberdade νj, j ≤ q. Portanto, para poder calcular p(Y1:n|λ1:n, θ) para um valor de θ dado, primeiro precisamos resolver o modelo por algum m´etodo de esperan¸cas racionais (para ver um algoritmo detalhado, no Apˆendice B ´e apresentado o m´etodo de Klein para uma aplica¸c˜ao). A fun¸c˜ao de verossimilhan¸ca ´e complicada para este tipo de modelos (inclusive os de pequena escala), e uma fun¸c˜ao aproximada dela tem que ser calculada. No Apˆendice C ´e dado um algoritmo geral para aproximar a verossimilhan¸ca para um modelo em espa¸co de estado com choques normais usando o filtro de Kalman. Este algoritmo ser´a usado para nosso modelo t-Student, j´a que o modelo em espa¸co de estado condicionado aos parˆametros de mistura tem distribui¸c˜ao normal. Com suas devidas modifica¸c˜oes, o algoritmo do Apˆendice C pode ser aplicado.

Para usar o amostrador de Gibbs com passos de Metropolis, precisamos calcular a condicional completa de θ, dada por:

p(θ|Y1:n, λ1:n) ∝ p(Y1:n|λ1:n, θ)p(λ1:n|θ)p(θ), onde p(Y1:n|λ1:n, θ) = Z p(Y1:n|S1:n, θ)p(S1:n|v1:n, θ)p(v1:n|λ1:n, θ)d(S1:n, v1:n), ´

e calculado usando o filtro de Kalman no modelo em espa¸co de estado (3.1)-(3.2). A amostra ´e obtida de um passeio aleat´orio num passo de Metropolis-Hasting. O algoritmo para simular uma amostra θi, para cada i = 1, . . . , M de p(θ|Y1:n, λ1:n) est´a dado por:

Passo 0, Inicializa¸c˜ao: Para o valor de θi−1, avalie o modelo em espa¸co de esta-dos (3.1)-(3.2) pelo m´etodo de Klein (Apˆendice B) e avalie p(θi−1), p(Y1:n|λi−11:n, θi−1) e p(λi−11:n|θi−1).

Passo 1, Amostrar uma proposta: Obtenha uma proposta θip = θi−1 + i, onde i ∼ N (0, Σp), com Σp matriz diagonal.

Referências

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